Introdução
Diversosdocumentosrelacionados comoensinoeaprendizagemda matemáticadestacam,actualmente, aimportânciadosalunosseenvolve-rememactividadesdeargumentação matemáticaenquantoexperiências particularesdeaprendizagemem queafundamentaçãoderaciocínios, adescobertadoporquêdedeter-minadosresultadosousituações,a resoluçãodedesacordosatravésde explicaçõesejustiicaçõesconvin-centeseválidasdeumpontodevista matemático,aformulaçãoeavaliação deconjecturasearefutaçãoouprova dessasconjecturasassumemum papelpreponderante.
Aemergênciadeumaproblemáticada argumentaçãonoâmbitodaeducação matemáticalocaliza-senaconvergên-ciadoreconhecimentoeinteresse porváriasideias,algumasdasquais situadasnointeriordestecampoe outrasrelacionadas,maisdirecta-mente,comáreasdeconhecimento comqueelesearticula.Entreessas ideiasdestacam-se,emparticular,(a) aperspectiva—veiculadaporactuais tendênciasnailosoiaesociologiada ciência—dequeaproduçãocientíica éumaactividadehumana,desen-volvidaaumnívelsimultaneamente individualesocial,ondearesolução deproblemaseosprocessosde
argumentaçãoocupamumlugarde destaque,(b)oequacionamentodos fenómenosdeaprendizagemdamate- máticaemquadrosteóricosquevalo-rizamainteracção,(c)avalorização daslinguagensnaturaisconsideradas ummeiofundamentaleprivilegiado depromoverefacilitaracomunicação entreosindivíduos,(d)diiculdades encontradasnoensinoeaprendiza-gemdaprovamatemáticaeaprocura decaminhosquefacilitemestaapren-dizagem,(e)aimportânciaatribuídaa objectivoscurricularesquevalorizam oraciocíniomatemático,considerado nassuasmúltiplasvertentese(f)a necessidadedossistemaseducativos proporcionarem,atodososalunos, possibilidadesdedesenvolvimento decertascompetênciastransversais, entreasquaisacompetênciaargu-mentativa,fundamentaisaoexercício deumacidadaniaresponsávelnuma sociedadequesequerdemocrática. Apesardoreconhecimentodeque aargumentaçãomatemáticaéuma componentedoraciocíniomatemático indispensávelàconstruçãodeobjec- tosmatemáticosedeumaracionali-dadematemática,estaactividadeé, muitasvezes,inexistenteemdiversas salasdeaula.Poroutrolado,vários estudostêmmostradoquenãoéfácil criarambientesdeensinofacilitadores dodesenvolvimento,pelosalunos, decompetênciasargumentativas.Na
Argumentaçãonaauladematemática
Olharessobreumprojectodeinvestigaçãocolaborativa
AnaMariaBoavida,AnabelaGomes
eSílviaMachado
verdade,estessãoprocessosmuito complexosqueserevestemdesérias diiculdadesparaosalunoseque colocamváriosproblemasedilemas aoprofessor.Conhece-sepouco sobreosprocessosargumentativos, sobreotrabalhodoprofessoraeles associado,sobreoqueopodefacili-tarouodiiculta.
Énestecontextoquesurgeaideiade desenvolverumprojectodeinvestiga-çãocolaborativafocadonadinâmica daauladematemáticaquandoos alunosseenvolvememactividades deargumentaçãomatemática,com especialincidêncianaanálisedopapel doprofessor.Esteartigoapresenta algunsaspectosrelacionadoscomo desenvolvimentodesteprojecto.
Umprojectodeinvestigação
colaborativa:Intervenientese
etapas
asturmasdo8ºanoemqueopro-jectosedesenvolveu,mantendoestas turmas,agorano9ºano,em2002/ 2003.
Seguindodiversosautores,perspec-tivou-seainvestigaçãocolaborativa comoumainvestigaçãoqueéfeita compessoasenãosobrepessoas. Aadesãoaestaideiaorientaaforma comoseconcebeaorganizaçãoe naturezadotrabalhoadesenvolver conjuntamente.Assim,aolongode todoopercursodetrabalhoemcola- boraçãojáexperienciadoprivilegiou-seaconstruçãoderelaçõespessoais nãohierárquicasebaseadasna coniança,respeitoecompromisso. Considerou-sequeexistiamentreos elementosdogrupodiferençascom- plementaresdecompetências,for-mações,experiênciaseperspectivas queconstituíamumrecursoparao
trabalhocolaborativo.Oqueimportaé tirarpartidodestacomplementaridade paraqueosseusbenefíciosgover-nemoprocessodecolaboração.Esta ideiaabriuaportaàpossibilidadede existirempapéisdiferenciadosentre osmembrosdogrupo.Procurou-se queestespapéis,asresponsabilida-deseanaturezadoenvolvimentode cadaumadenósnasváriastarefasa realizarfossemcuidadosamentenego- ciadossendoasdecisõesconjunta-mentetomadas,tendoemcontaas necessidades,expectativasedesejos detodas.Privilegiou-seanecessi-dadeevontadedeumacomunicação efectivanogrupo,valorizando-sea participaçãodecadapessoaeenca-rando-seadiversidadedepontosde vista,nãocomoalgoaevitar,mas comoumfactorenriquecedordodiá-logoproissional.Destemodo,todas nós,aopartilharmos,comliberdade, interpretaçõesesigniicados,enrique-cemosanossacompreensãosobreo temadoprojectoecontribuímospara opensamentocriativoqueéparteda investigação.
Oprojectodesenrola-seemduas fases,aprimeirarelativaaoanolec- tivode2001/2002easegundacor-respondentea2002/2003.Ésobre partedotrabalhorealizadonaprimeira fasequeincideesteartigo.
Em2001/2002aequipadoprojecto reuniu-sesemanalmenteeotrabalho quedesenvolveuorganizou-seem tornodequatroetapas,queembora interligadas,visaram,prioritariamente, objectivosdiferentes.
• Aprimeiraetapafocou-senanego- ciaçãoinicialdoprojectodecolabo-ração.
• Asegundacentrou-sequernaaná-lisedeepisódiosdesaladeaula eoutrosdocumentosdecarácter teóricorelacionadoscomotemada argumentaçãomatemática,querna discussãoerelexãosobretarefas potencialmentedesencadeadoras deactividadesdeargumentaçãona auladematemática.Duroucerca dedoismesesetevecomoobjec-tivosprioritáriosoconhecimento recíprocoeaconstruçãodeuma linguagemereferencialcomuns. Aexistênciadestaetapafacilitou todootrabalhoposteriormente realizado.Defacto,emboraestes
doisobjectivostivessemestado presentesemtodoopercursode desenvolvimentodoprojecto,ela permitiu-nos,desdeoinício,não sócomeçarapartilhareenriquecer perspectivassobreaargumentação naauladematemáticademodo acomunicarmosdeumamaneira maisefectiva,mastambémainiciar odesenvolvimento,entrenós,de umarelaçãodeconiançaecuidado quesereveloufundamentalnas etapasseguintes.
relexãoglobalsobretodootraba-lhodesenvolvidoatéaomomento, àidentiicaçãodecamposdeinves-timentofuturoeàpreparaçãoda divulgaçãodotrabalhorealizado, objectivoprevistodesdeoiníciodo projecto1.
Emboraestasetapasfossem,em certamedida,sequenciais,foram tambéminterdependentes.Porexem-plo,àmedidaqueíamospartilhando dúvidas,riscosevulnerabilidades inerentes,nomeadamente,aopróprio processodeanálisedeepisódiosde aulasgravadasedepreparaçãocon- juntadeumasessãopúblicadedivul- gaçãodotrabalhoconjuntamenterea-lizado,íamostambémdesenvolvendo ainidades,aprofundandooconhe-cimentorecíprocoemelhorandoa nossarelaçãodeconiançaecuidado, objectivosconsideradosprioritários nasegundaetapa.Eemboratenha havidomomentosemquesededicou umaatençãoespecialànegociação doplanodetrabalhoconjunto,houve aolongodetodooprocessoumare-negociaçãoconstantedoscaminhosa prosseguirdemodoaqueotrabalho arealizartivesseemcontaasnecessi- dades,objectivos,interessesedese-josdecadaelementodogrupo.
Trabalhorealizadonoâmbito
doprojecto:Algunsaspectos
Umadasprimeirasnecessidades comquenosdeparámosnoiníciodo projectofoiadeconstruirmosuma perspectivacomumsobreosignii- cadoaatribuiraargumentaçãomate-mática.Simultaneamente,eàmedida queíamosrelectindosobretextos teóricos,analisandoepisódiosde saladeaula,recolhidosemdiversos contextos,ediscutindopotenciali-dadeseducativasdedeterminadas tarefasmatemáticas,iaganhando forçaaideiadequeoenvolvimento dosalunosemactividadesdeargu-mentaçãomatemáticapoderiaser facilitadotantopelaexistência,nasala deaula,decertaspráticasnormativas, comopelapropostadetarefascom determinadascaracterísticas,embora, emrelaçãoaesteúltimoaspecto,se tivesseconsciênciadequeastarefas, emsimesmas,nãocontêmconceitos eideiasmatemáticasoqueorigina quenãodeterminem,porsisó,as aprendizagenspretendidasouascom-petênciasvisadas.
Aanálisedostrabalhosdealguns autoresajudaramatomardecisões quantoaosigniicadoaatribuir,no âmbitodoprojecto,aargumentação matemática,aseleccionartarefas potencialmentedesencadeadoras deactividadesdeargumentaçãoe aidentiicarnormasreguladorasda actividadematemáticacujodesenvol-vimentonasaladeaulaseconsiderou desejável.
Argumentaçãomatemática:
Quesigniicado?
Aoestudaremaargumentaçãonaaula deMatemática,Yackel&Cobb(1994) delimitamesteconceitofocando-se nasinteracçõesqueestãorelaciona-dascomexplicaçõesoujustiicações intencionaisdoraciocíniodosalunos duranteouapóstentativasdereso-luçãodeproblemas.Nesteâmbito distinguemváriasfunçõesparaos argumentos:informaroutrosdeinter-pretaçõesdoproblema;re-descrever oqueoutrosdisseram;explicarméto-dosderesoluçãoerespostas;tentar convenceroutrossobreavalidade ounãovalidadedeumarespostaou métododeresolução;anunciaruma
descobertamatemáticaougenera-lização.Wood(1999),porseulado, consideraaargumentaçãocomoum processointeractivodesabercomoe quandoparticiparnumargumento,ou seja,numatrocadiscursivaentrepes- soascomoobjectivodeconvence-remoutrosatravésdecertosmodos depensamento.Astrocasdiscursivas analisadasporestaautora,noâmbito deumprojectoconduzidoemaulas dematemáticadealunosdo2ºano deescolaridade,tiveramporbaseum desaiodeinidocomoaexpressãode umdesacordoacercadeumaexplica-çãoapresentada.
devistamatemático;(b)participam naanáliseeresoluçãodedesacor-dos,relativamenteaairmaçõesou questõesmatemáticas,nãoatravés dorecursoaumaautoridadeexterior —sejaeladoprofessoroudomanual —masantesatravésdaapresenta-çãodeargumentosconvincentese matematicamenteconsistentes;(c) formulamconjecturas,investigama suaplausibilidadeetentamrefutá-las ouvalidá-lasatravésdaprocurade contra-exemplosoudaconstruçãoe/ ouavaliaçãodeprovasmatemáticas.
Tarefasmatemáticas:Que
opções?
Umavezquepretendíamosqueos alunosseenvolvessememactivida-desdeargumentaçãomatemática, procurámosseleccionartarefasnão rotineirasqueosdesaiassemairpara ládameramanipulaçãomecânicade símbolosecujarespostanãopudesse serencontradaatravésdasimples aplicaçãodirectadeprocedimentos jáseusconhecidos.Pretendíamos tarefasque,potencialmente,originas-semboasdiscussõesmatemáticas, queproporcionassemoconfrontode ideiaseresoluçõesequedesaias-semosalunosaenvolverem-sena procura,defesaejustiicaçãodeposi-ções,processosesoluções.Neste âmbito,optámosporproblemase tarefasdecarácterinvestigativo.Em qualquerdoscasososalunosdes-conheciamoprocessoderesolução. Noentanto,astarefasdecarácter investigativodistinguiam-sedos problemaspelosprocessosmatemá-ticosquelhesestavamassociados. Nomeadamente,pretendia-sequeos alunosexplorassemsituaçõesapartir daanálisedecasosparticulares,for-mulassemquestões,identiicassem regularidades,descobrissemrelações, formulassemconjecturas,testassem estasconjecturaseasreformulassem nocasodeserevelaremincorrec-tasequetentassemvalidarasque resistiamatentativasderefutação apresentandoargumentosconvincen-tesparasipróprioseparaaturma, incluindoaquioprofessor(Brocardo, 2001).Pretendia-se,alémdisso,que osalunosganhassemalgumacom-preensãosobreaorigemeprocesso deformulaçãodasconjecturasem
matemática,aprendessemadistinguir conjecturadeairmaçãoprovada,se apropriassemdaideiadequemuitos exemplosnãochegamparagarantir avalidadedeumaconjecturaeque experienciassemaprovamatemática comouminstrumentoquepodemusar paraexplorarecompreenderoporquê davalidadedeconjecturasformula-dasenãoapenascomoummeiode garantirestavalidade.
Contextosparaaargumentação
matemática:Quecaminhos?
Umdosdilemascomqueoprofessor dematemáticaseconfrontaquando, nasaladeaula,pretendeenvolveros alunosemactividadesdeargumen-taçãomatemáticaderivadofactode, porumlado,procurarqueasideias queestesapresentamsejamasbases dasjustiicaçõesediscussõesque ocorreme,poroutrolado,terquese assegurardequeastrocasdiscursi-vassãomatematicamenteprodutivas. Ouseja,oprofessortemque,simulta-neamente,promoveroenvolvimento dosalunosnaapresentaçãoedefesa deargumentosque,dopontodevista destesalunos,validamasideiasque enunciameassegurar-sedocarácter matemáticodetaispráticasargumen-tativas.Estesdoisobjectivosnem sempresãofáceisdecompatibilizar. AsideiasdeFormanetal.(1998), relativamenteaosmeiosatravésdos quaisosprofessoressocializama argumentaçãoatravésdaorques-traçãodediscussõesnasaladeaula, eosconceitosdenormassociaise normassócio-matemáticas,utilizados, nomeadamente,porCobbeYackel (1998),revelaram-se,noâmbitodo
projecto,instrumentosúteispara lidarcomestedilema.Todosestes autoresdefendemqueaargumenta-çãonaauladematemáticadepende dosmembrosdestacomunidade partilharemumaperspectivacomum tantosobreosobjectosemdiscussão comosobreosmeiospelosquaisa discussãopodeocorrer.Estapers-pectivadepende,porseulado,das expectativasdosdiferentesmembros queconstituemestacomunidade.Por exemplo,sealgunsalunospensarem queavelocidadeeaexactidãosão maisimportantesdoqueacompre-ensão,poderãoterdiiculdadesem aceitarotempo,porvezeslongo, necessárioàexploraçãodesituações eoriscoinerenteaoprocessodefor-mulaçãodeconjecturas.Estacrença poderáentraremconlitocomexpec-tativasdeumprofessorquevalorizeo modocomoosalunosexploremtare-fasquelhesãopropostasediscutem criticamenteprocessosderesolução destastarefas.
aoredizerodiscursodosalunos, paraládeotornarmaisvisívelpara todaaturmaoquepoderáfacilitar asuaavaliação,situa-osemrelação aoconteúdo,confere-lhesumposi-cionamentoemrelaçãoaotópicoem discussão,posicionamentoestede queosalunospoderãoapenasestar vagamenteconscientes,eclariicaos pólosdodebatemostrando,através desteprocesso,queesperaqueos alunosseresponsabilizempeladefesa dasideiasqueapresentam.
CobbeYackelrecorremaoscon-ceitosdenormassociaisenormas sócio-matemáticasparaanalisaremo processopeloqualprofessores,par-ticipantesnumprojectodeinovação, lidaramcomconlitosentreassuas expectativaseasdosalunos,relacio-nadascomaparticipaçãodestesnas discussõescomtodaaturma.Para estesautores,culturasdesalade aulacaracterizadaspelaexplicação, justiicaçãoeargumentaçãosão,em geral,reguladasesustentadaspor normasquevalorizamaexplicaçãoe justiicaçãodesoluções,astentativas deencontrarsentidoemexplicações dadasporoutros,aindicaçãode acordooudesacordoeadiscussão dealternativasconlituaisrelativasa interpretaçõesesoluções.
Contrariamenteàsnormassociais, cujanegociaçãopodeserfeitano âmbitodoensinoeaprendizagem dequalquerconteúdodisciplinar,as normassócio-matemáticasfocam-se “emaspectosnormativosdasdis-cussõesmatemáticasespecíicosda actividadematemáticadosalunos” (Yackel&Cobb,1996,p.461).Um exemplodeumanormasócio-mate-máticaéoqueconta,nasaladeaula, comoumaexplicaçãoejustiicação matemáticaaceitável.
Querasnormassociaisquerassócio- matemáticasnãosãocritériospré-determinados,introduzidosnasala deaulaapartirdoexterior,nemasua negociaçãoécompletamenteanteci- padaeprevistapeloprofessor.Ori- ginam-seesãocontinuamentemodi-icadasnodecursodasinteracções quesegeramnasaladeaulaquando professorealunosfalamacercada matemática.Ouseja,emboradesde oinício,oprofessor,queconstituina
saladeaulaorepresentantedacomu-nidadematemática,possaterideias clarassobreasnormasquepretende desenvolver,fundamentaléomodo comocapitalizaacontecimentosnão antecipadoseosperspectivacomo situaçõesparadigmáticasparadiscutir comosalunosoqueesperadeles. Tendoporreferênciaasideiasante-riormenteapresentadas,queforam objectoderelexãonalgumasdas sessõesdetrabalhodoprojecto, considerámosimportantededicaruma atençãoespecialeconscienteàcons-tituição,nasaulas,deumconjunto denormaspartilhadasentrecada professoraeosalunosdecadauma dasturmasenvolvidasnoprojecto, reguladorasdaactividadematemática adesenvolverconjuntamente,que nospareciampoderfacilitaroenvolvi-mentodosalunosemactividadesde argumentaçãomatemática.Procurava- secriarnasaladeaulaumaatmos-ferademútuorespeitoeconiança quelevasseosalunosasentirem-se confortáveis,queraexpressareme fundamentaremosseuspontosde vista,semrecearemoserrosque poderiamcometer,queraanalisarem criticamenteasideiasapresentadas poroutros,atentaremencontrarsen-tidonestasideiaseamanifestaremo seuacordooudesacordoemrelação aelas.Assim,aolongodetodooano lectivode2001/2002,aSílviaea Anabela,queratravésdeintervenções maisexplícitas,querimplicitamente, através,porexemplo,daformacomo geriamasinteracçõesnasaladeaula oulidavamcomacontecimentosnão previstos,foramprocurandoqueos alunosseapropriassemdaideiade que,naauladematemática,seespe-ravaqueapresentassemexplicações ejustiicaçõesparaasairmaçõesque faziam,queassumissemedefendes- semassuasposições,queexpres-sassemopiniõesdiferentesquando existiam,queseresponsabilizassem pelafundamentaçãodosseuspontos devista,queescutassematenta-menteetentassemcompreenderas ideiasapresentadasporoutros,que expressassemassuasprópriasideias deformaaudívelparatodosenãose dirigindoapenasaelaspróprias,e queparticipassemactivamentenos processosderesoluçãodedesacor-dosqueemergiamdemodoa,em conjunto,encontraremconsensos
signiicativosparatodos.Frequente-mentehouvenecessidadededaruma maiorvisibilidadeaestesdesacordos bemcomoaargumentosapresenta-dosafavordeumaououtraposição, oquefoifeitopelaAnabelaeSílvia que,recorrendoànoçãodere-dizer dequefalamFormanetal.,alinharam osalunoscomumaououtraposição, garantiramqueexplicaçõesapre-sentadasporunseramclaraspara todose,alémdisso,actuaramcomo moderadoras,enãoavaliadoras,na suaresolução.Aolongodetodoeste processoforam,simultaneamente, procurandovalorizaraideiadequea fundamentaçãodeopiniõesedefesa depontosdevistasedeveriaapoiar emargumentosmatematicamente válidos,ousejaargumentosdotipo “éassimporqueamaioriadizqueé assim,ouporqueomelhoralunoo disseouporqueaprofessoraoensi-nou”nãoforamconsideradosválidos nasaulasdematemática.
Episódiosdesaladeaula:
Algunsexemplos
Osdoisprimeirosepisódiosrelectem tentativasfeitasnumadasturmaspara osalunosseapropriaremdenormas reguladorasdaactividadematemática adesenvolvernasaladeaula.Oepi-sódiotrêspassa-senumaoutraturma ereveladiiculdadesrelacionadascom aaprendizagemdoprocessodeprova matemática.
Episódio1
razãodesemelhançadestestriângu- los.Aprofessorapretendequeava-liemasconjecturasformuladaseque fundamentemasuaavaliação. 1.Alunos:Éoquadrado. 2.Aluno:Éodobro.
3.Professora:Orabem,orabem,ora bem.Tenhoaquiduasopiniões. Umaqueéodobroeoutraqueéo quadrado.
4.Alunos:Éoquadrado. (…)
5.Professora:Eaindaháumaterceira opinião.Háalguémqueachaque sãoasduascoisas(risos).Por-tanto,agoraconvençam-se…
Episódio2
Anteriormenteàocorrênciadeste episódio,osalunostinhamformu-ladováriasconjecturas,utilizando oGeometerSketchpad,sobreo polígonoobtidoapartirdauniãodos pontosmédiosdeladosconsecuti-vosdeumquadriláteroqualquer.No momentoemquesurgeodiálogo,um dosalunosenunciouumadasconjec-turasformuladapeloseugrupo.Na sequência,aprofessoralançaàturma odesaiodecomentaremoenunciado apresentado,tendoaintençãode,em conjunto,otornaremmaispreciso. 1.Aluno:[enunciaaconjectura] 2.Professora:Dizmaisalto,de
maneiraqueseouça,paratodaa genteouvir,comumavozquese perceba[dirigindo-seaoaluno]. Ouçamagora…[dirigindo-seà turma]
(Oalunorepeteeaprofessora registanoquadrooqueoaluno dita)
3.Professora:Oqueéqueorestoda
turmatemadizer? 4.Aluna:Estáincompleto 5.Professora:Estáincompleto,
porquê? (…)
6.Professora:Vocêsconvençam-se unsaosoutros.Vejamsesehabi-tuamafalarunscomosoutrose nãosócomigo…Válá… 7.Alunosvários:Têmqueseros
pontosmédiosdeladosconsecuti-vos.
8.Professora:Estãotodosafalarao mesmotempo,eunãoouçoagora. Digamlá,vá…Conseguemresol-vervocês…
9.Aluna:Põe-seconsecutivos,mas elealiemcimanãotem.
10.Professora:Eentão?
11.Aluna:Seagentenãodiznada podemosunircadapontoaos outrostrês.
Osepisódios1e2surgememaulas leccionadasemduassemanascon-secutivas.Anteriormente,arelexão feita,querindividualmentepelaprofes-soradaturma,quercolectivamentena equipadoprojecto,tinhaevidenciado que,apesardosesforçosfeitosem sentidocontrário,nestemomento haviaaindadiversosalunosquepare-ciamvalorizarapenasoqueeladizia, queviamasuaautoridadecomoa únicaformadegarantiravalidadede umaairmaçãoequequandosolici-tadosaexplicaremoujustiicarem assuasideiasofaziamdirigindo-se apenasaelae,nalgunscasos,emvoz tãobaixaqueamaiorpartedoscole- gasnãoconseguiamentender.Nopri-meiroepisódioaprofessoracomeça porredizerasfalasdosalunos, atravésdorelato(linha3),como objectivodeoslevaraavançaremna explicaçãodoraciocínio.Aofazê-lo, dáumamaiorvisibilidadeàexistência deposiçõesdivergentesfaceàtarefa (“tenhoaquiduasopiniões”;“eainda háumaterceiraopinião”)e,simultane-amente,tornalegítimaestaexistência destacando,assim,queesperaque osalunosnãosóobservemessas diferençascomojustiiquem,deuma formaconvincente,asposiçõesque adoptarem(“agora,convençam-se”). Aimportânciadosalunosfundamen-taremassuasairmaçõesdemodo aresolveremdesacordos,aparece
tambémnosegundoepisódio(“vocês convençam-seunsaosoutros”).Este ilustra,alémdisso,omodocomoa professoratentacapitalizaraconte-cimentosdasaladeaulaparaajudar osalunosainteriorizaremnormas que,doseupontodevista,caracte-rizamculturasdesaladeaulaondea argumentaçãoévalorizada.Asinter-vençõesdaslinhas2e6revelama importânciadosalunosfalaremese ouviremunsaosoutros:porumlado quememiteumaasserçãodevefazê-lodeformasuicientementeaudível paraquetodos,enãoapenasapro-fessora,possamavaliaroqueédito; poroutrolado,aprofessoraaodizer “ouçamagora”,“vejamsesehabi-tuamafalarunscomosoutrosenão sócomigo”mostraqueesperaqueos alunosescutematentamenteasideias dosseusparesenãoapenasaquilo queelaprópriadiz,passofundamental parapoderemencontrarsentidonas explicaçõesdoscolegas.Aoregistar noquadroaconjecturaapresentada peloalunoeaointerpelaraturma atravésdapergunta“oqueéqueo restodaturmatemadizer”,abreum espaçoparaoquestionamentodeair-maçõesquandoosalunosdiscordam delas.Simultaneamente,aonãocorri-girarespostadoaluno,queregistano quadrotalcomolheéditada,mostra queoseupapeléodemoderaradis-cussãoenãoodeavaliaroqueédito. Alémdisso,aoairmar“conseguem resolvervocês…”destacaaimpor-tânciadaobtenção,pelosalunos,de consensossobreasrespostasque apresentam.Porúltimo,opedido explícitodejustiicaçãofeitoauma aluna,nasequênciadeumaresposta queestaapresenta,(linha5)eareac-ção“eentão”àfaladeoutra(linha 10)indicamqueesperaqueosalunos justiiquemassuasinterpretaçõese posições.
Episódio3
terpedidoaosalunosqueenuncias-semtodasasconjecturasformuladas, deterdesaiadoaturmaaanalisá-las ediscuti-las,deterpropostoquese tentasseprovarumadasconjecturas nãorefutadasedaturmaterescolhido a“conjecturadoparalelogramo”.É nestecontextoqueasinteracções entreaprofessoraeosalunoscon-duzemàproduçãodeumaprovapara estaconjecturatendoporreferência umquadriláterodesenhadonoquadro. Oaluno1,queparticipouadequada eactivamentenestasinteracções, parece,noentanto,nãotericado satisfeitocomotrabalhorealizado. 1.Aluno1:Porqueéqueseprova, comumquadrilátero,queforma sempreumparalelogramolá dentro,sôtora?
2.Professora:Entãovamosláver. Eunãomepreocupei...Dizlá[diri-gindo-seàaluna2quemanifestava vontadederesponder].
3.Aluna2:Estáaliumexemplo… 4.Aluno1:Estáaliumexemplo?!…
Sôtora,mascomumexemplonão seprovanada…provamosécom conjecturas.
5.Aluno3:Não!Aconjecturavemde umexemplo.
6.Professora:Sóumbocadinho.Diz lá[dirigindo-seaoaluno3].
7.Aluno3:Umaconjectura…Forma-seumaconjecturaapartirdeum exemplo.
8.Professora:Apartirdeexemplos. Depoisparaprovaresaconjectura …
9.Aluno3:Temquesercomum contra-exemplo.
10.Professora:Umcontra-exemploé paraquê?Éparaprovaroupara… 11.Aluno3:Paraprovarquenãoé. 12.Professora:Paraprovarquenão
é…
13.Aluno3:Seagenteconseguir verque…nãoconseguimosprovar comumcontra…pronto…isso (sorriso).
14.Professora:Senãoconseguirmos arranjarumcontra-exemplo,éisso quequeresdizer?
15.Aluno3:Sim.Senãoconseguir-mosarranjarumcontra-exemploé porqueéverdadeira.
16.Professora:Éporqueéverdadeira …
17.Aluno1:Esehouveralguémque
consigaarranjar?Tunãoconsegues masháalguémqueconsegue… 18.Aluno3:Jánãoé.
19.Aluno1:Aaaah!…(…)Entãomas assimnãodáparaprovarnada! Estamosafalarqueaquiloéum paralelogramo!!!…
20.Aluno3:Olhalá,contenta-tecom oqueasôtoraensina,pá… 21.Professora:Não,não,não,
[falandoparaoaluno3]…(…) Àprimeiravistapoder-se-iacolocar ahipótesedaprimeiraintervenção doaluno1estarrelacionadacomo questionamentodanecessidadeda prova.Defacto,nestaaltura,todos osalunosdaturma,apartirdasvárias exploraçõesquetinhamfeitocomo GeometerSketchpad,tinhamconsta-tadoquenãoconseguiamencontrar umcontra-exemploquerefutasse a“conjecturadoparalelogramo”. Emboranaalturaemquesurge esteepisódioosalunostivessemjá experienciadooutrassituaçõesde formulaçãoeprovadeconjecturase daprofessoraterprocurado,através dediversosmeios,queosalunosse apropriassemdaideiadequemuitos exemplosnãobastamparagarantira validadedeumaconjectura,estacon-cepçãocontinuavaaprevalecerem váriosdosalunos.Estenãoparecia ser,noentanto,oproblemadoaluno1. Aanálisedeváriasintervençõesque foifazendoaolongodaaularevela queoqueopareciaperturbarera ofactodaprovaseterbaseadono quadriláterodesenhadonoquadroque eleinterpretavacomosendoumcaso particular(“umexemplo”)enãocomo umaiguraquepodiarepresentar umquadriláteroqualquer.Estealuno estavaconscientedeque“comum exemplonãoseprovanada”edaía suarelutânciaemaceitarumaprova que,doseupontodevista,sebase-avanumexemplo.
Esteepisódio,ilustra,poroutrolado, atentativadosalunos1e3encontra-remsentidonarelaçãoentreprovas econjecturas.Aairmaçãodoaluno 1“provamosécomconjecturas” parecerevelarquenãocompreende aindamuitobemqualafunçãodas conjecturasnoprocessodeprova. Oaluno3começaporquestionar estaairmaçãoacrescentando,em
Consideraçõesinais
Passadocercadeumanodesdeo iníciodoprojectoreforça-se,emnós, aideiadequeoenvolvimentodos alunosemactividadesdeargumenta- çãomatemáticanoâmbitodocurrí-culoexistente,éumatarefamorosa masentusiasmanteque,doponto devistadoprofessorpassa,neces-sariamente,poruminvestimento simultâneonumaredecomplexade relaçõestecidasentre(a)astarefas matemáticasqueseseleccionam,(b) asnormasreguladorasdaactividade matemáticaadesenvolvernasalade aulaquesenegoceiame(c)ospapéis efunçõesqueseescolhemparao professor.Oinvestimentoapenas numdestespólosparece-nosconde-nadoaofracasso.
Emboraconsiderandoimportante investiremcompetênciasmatemá-ticastransversaisaosváriostemas curricularesdosprogramasdo8ºano deescolaridade,entreasquaispen- samosestaracompetênciaargumen-tativacujodesenvolvimentoémuito exigenteemtermosdetempo,nãose queriamdeixardeladoestestemas curriculares.Aolongodoprojecto nemsemprefoifácilcompatibilizar estasduasdimensões.Procurámos queastarefasaproporaosalunos surgissem,aosseusolhos,como naturalmentearticuladascomos temasquetrabalhavamouiriamtraba- lharemdeterminadomomento,ten-tando,assim,evitarqueaexperiência matemáticaporelesvividanasaulas emqueaAnaestavapresentefosse consideradamarginalrelativamente aodesenvolvimentodoseutrabalho nasrestantesaulas.Estapareceter sidoumaboaopção.Alémdisso, se,porumlado,otrabalhorealizado temmostradoqueosproblemase astarefasdeinvestigaçãosãomeios privilegiadosparaproporcionarboas discussõesmatemáticas,temtambém reveladoquemaisimportantedoque escolhertarefascomestaouaquela característicassãoasestratégiase recursosusadospeloprofessorpara orquestrarestasdiscussõesdemodo aestimularefacilitaraapresentação deexplicaçõesejustiicaçõespelos alunos.
Anegociaçãodenormassociaise sócio-matemáticasfacilitadorasdo
envolvimentodosalunosemacti-vidadesdeargumentaçãonaaula dematemáticatem-sereveladoum processolentoenãomuitofácil,mas quecontinuaafazersentidoparatoda aequipadoprojectoconstituindoum doscamposemqueconsideramos queéfundamentalcontinuarainvestir. Anegociaçãodoquecontacomouma justiicaçãomatemáticaaceitáveltem-semostradoproblemáticanoscasos emqueestajustiicaçãoassumea formadeumaprovamatemáticade conjecturasdequeosalunosestão convencidosdavalidade,relativa- menteàsquaisnãoépossívelapre-sentarcontra-exemplos,eemquea questãodoporquêdestavalidadenão lhesdespertacuriosidade.Quantoao processodenegociaçãodenormas sociaisháumexemploquepodeper-mitiriluminaraspectosrelativosao desenvolvimentodesteprocesso.Na primeiraauladoanolectivode2002/ 2003,osalunosdeumadasturmas, apedidodaprofessora,foramcapa-zesdeindicarquaisospapéisque eraesperadoquedesempenhassem naauladematemática.Entreestes estavaoexprimirem-sedeformaa quetodosouvissem,anecessidade dejustiicaremraciocínios,aimportân-ciadetentaremcompreenderpontos devistadoscolegas,onãofalarem apenasparaaprofessora,etc.No
entanto,passadoscercadequinze dias,numafasedediscussãocom todaaturmadasconclusõesaque tinhamchegadoapropósitodeuma tarefaquelhestinhasidoproposta, muitosdelesnãoconseguirammobi-lizaresteconhecimentoemsituação demodoaparticiparemdaformaque elesprópriostinhamconsiderado adequada.Estaconstataçãoleva-nos areforçaraideiadeque,embora semmenosprezarapossibilidadee atévantagemde,emdeterminados momentos,existiremconversascom osalunosemqueoprofessoraborda, explicitamente,oqueesperadeles, arenegociaçãodenormasparece, sobretudo,ocorrerporviasmais implícitas,nomeadamenteatravés domodocomooprofessorcapitaliza acontecimentosdesaladeaulaem quehátransgressõesàsnormascon-sideradasdesejáveis.
MateriaisparaaauladeMatemática
Númerosemcírculos
EstatarefaadaptadadeumapropostadetrabalhoapresentadaporBoavida,A &Guimarães,F,(1998),Patterns,alfebraicthinkingandclassroominteractions, ProceedingsoftheCIEAEM49:EscolaSuperiordeEducaçãodeSetúbal,foi realizadapelosalunosdasduasturmasdo8ºanodoprojectodeinvestigação colaborativaaqueserefereoArtigopublicadonestarevistaintituladoArgu-mentaçãonaauladematemática:Olharessobreumprojectodeinvestigação colaborativa.
Numadasturmasemquefoiutilizadaestatarefa,aexploraçãodopadrãoconti- nuouatravésdodesaio,colocadoaosalunos,parainvestigaremoqueaconte-ciaquandonosvárioscírculossecolocavammúltiplosconsecutivosde2,de3, de4...,den,....
quechegaram,háqueajudarestes alunosaultrapassaremoreceiodese exporemaosolhosdosseuspares eassumirem,comnaturalidade,as possibilidadesdeerro,háquedar visibilidadeadeterminadasposições eargumentos,procurandominimizar oriscodestaatitudeserconsiderada comomanifestaçãodepreferênciapor determinadosalunos,háquecolocar questõesepediresclarecimento, mostrando,simultaneamente,quese esperaqueosprópriosalunosassu-mamtambémestespapéis.
Obviamentequeestatarefanãoéfácil emesmoquandoseinvestenagloba-lidadedasrelaçõesatrásreferidaso professordebate-secomproblemas edilemasdeváriaordemaque,fre- quentemente,emcimadoaconteci-mentoprecisadedarresposta.Neste âmbitoháquestõesquepermanecem emabertoesobreasquaisnos pareceimportantecontinuararelectir. Porexemplo,comoajudarosalunosa valorizaremasintervençõesdoscole-gaseatentaremencontrarsentido nelas?Comoaproveitaroentusiasmo frequentementeproporcionadopela exploraçãodesituaçõesedescoberta deconjecturasparamotivar,nos alunos,odesejodeexploraremcami-nhosquepossammostraravalidade dasqueresistiramatentativasde falsiicaçãoecompreenderoporquê dessavalidade?Comolidarcoma diversidade,porvezesnumerosa,de conjecturasquesurgemnasfases deexploraçãodeumatarefaquando sãofortesosconstrangimentos resultantesdocurrículooicialehá queinterromperessetrabalhoefazer escolhasparahajatempo,nasala deaula,dosalunoseprofessorse envolveremnoprocessodeprovade, pelomenos,algumasdelas?Como ajudarosalunosacompreenderem queumageneralizaçãoquefazema partirdaconstataçãoderegularidades emváriosexemplosnãoconstitui umaprovaemmatemáticaquandoem situaçõesdodiaadiaumagenerali-zaçãoseimpõecommuitaforçae, frequentemente,comumestatutode certeza,quandoapropósitodelase evocamdiversosexemplosdamesma natureza?
Aestasquestõesmuitasoutrasse
poderãoacrescentar.Estamoscon-victasquearelexãosobreelasbem comosobreosproblemasedilemas queoprofessorenfrentaquando pretendeenvolverosseusalunosem actividadesdeargumentaçãomatemá-tica,poderáajudaraencontrarpistas quenospermitamresponderaodesa-iodifícil,maspossível,deconseguir quetodososalunosparticipem,com prazer,nestasactividadeseassintam comorelevanteseessenciaisàsua aprendizagemdamatemática.
Nota
1 A equipa do projecto dinamizou no
ProfMat 2002 um grupo de discussão intitulado Relectindo sobre a prática: A argumentação matemática na sala de aula.Algumasdasideiasincluídasneste artigoforamsistematizadasnoâmbitodo trabalhodepreparaçãodestasessão.
Referênciasbibliográicas
Brocardo,J.(2001).Asinvestigaçõesnaaula dematemática:Umprojectocurricularno 8ºano.,TesedeDoutoramento.Universi-dadedeLisboa,Lisboa.
Cobb, P., & Yackel, E. (1998). A constructi-vist perspectives of the mathematics classroom.EmF.Seeger&J.Voigt&U. Wascheschio (Eds.),The culture of the mathematics classroom (pp. 158-190). Cambridge:CambridgeUniversityPress. Forman, E. et. al. (1998). “You’re going to
wanttoindoutwhichandproveit”:Col-lective argumentation in a mathematics classroom.Learning and Instruction, 8, 527-548.
Krummheuer, G. (1995). The ethnography of argumentation.EmP.Cobb&H.Bauer-sfeld. (Eds.),The emergence of mathe-maticalmeaning:Interactioninclassroom cultures. (pp. 229-269). Hillsdale, NY: Erlbaum.
Lampert,M.(1990).Whentheproblemisnot thequestionandthesolutionisnotthe answer: Mathematical knowing and tea-ching.American Educational Research Journal(27),29-63.
Yackel, E., & Cobb, P. (1994).The develop-ment of young children’s understanding mathematicalargumentation.Apresenta-çãofeitaemAERA1994.
Yackel, E., & Cobb, P. (1996). Socioma-thematical norms, argumentation, and autonomy in mathematics.Journal for Research in Mathematics Education, 27(4),458-477.
Wood, T. (1999). Creating a context for argument in a mathematics classroom. Journal for Research in Mathematics Education,30(2),171-191.
AnaMariaBoavida ESEdeSetúbal
AnabelaGomes EB2,3D.LuísdeMendonçaFurtado