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ANÁLISE DA VARIABILIDADE DO ÍNDICE PADRONIZADO DE PRECIPITAÇÃO (SPI) PARA O SISTEMA JAGUARIBE METROPOLITANO

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA VARIABILIDADE DO ÍNDICE PADRONIZADO DE

PRECIPITAÇÃO (SPI) PARA O SISTEMA JAGUARIBE

METROPOLITANO

Livya Wana Duarte de Souza Nascimento 1* ; Cleiton da Silva Silveira 2;Antonio Duarte Marcos Júnior 1 & Antonio Robsson de Sousa Teixeira filho1

Resumo – O estado do Ceará criou uma grande rede de reservatórios espalhada por todo território na

busca por garantir o abastecimento da indústria, irrigação e consumo humano, todavia a baixa recarga dos reservatórios dificulta tal tarefa. Diante dessa temática esse trabalho tem por objetivo analisar a variabilidade do SPI (Índice Padronizado de Precipitação) do sistema Jaguaribe-Metropolitano, principal responsável pelo abastecimento de água do Ceará. O SPI é um índice de seca que baseia-se na distribuição de probabilidade da precipitação e pode ser calculado em diferentes escalas de tempo. Por ser um índice normalizado, permite adequada comparação entre diferentes locais e climas. Conclui-se o monitoramento das secas, por meio de índices climáticos e hidrológicos, como o SPI, são ferramentas que devem ser usadas operacionalmente como parte de sistemas de gerenciamento do risco na escala estadual.

Palavras-Chave – SPI, Jaguaribe-Metropolitano.

ANALYSIS OF THE VARIABILITY OF THE STANDARDIZED

PRECIPITATION INDEX (SPI) FOR THE METROPOLITAN JAGUARIBE

SYSTEM

Abstract – The state of Ceará has created a large network of reservoirs scattered throughout the territory in search of guaranteeing the supply of industry, irrigation and human consumption, however the low recharge of reservoirs makes this task difficult. In view of this theme, this work has the objective of analyzing the variability of the SPI (Standardized Index of Precipitation) of the Jaguaribe-Metropolitano system, main responsible for the water supply of Ceará. SPI is a drought index that is based on the probability distribution of propagation and can be calculated at different time scales. Because it is a normalized index, according to the differences between different locations and climates. Drought monitoring, through climatic and hydrological indexes, such as the SPI, are tools that should be used as part of state-wide risk management systems.

Keywords – SPI, Jaguaribe-Metropolitan.

1 Graduando em Engenharias de Energias pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira ,Email: liviawana@gmail.com;duarte.jr105@gmail.com;robssonset@gmail.com

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INTRODUÇÃO

A precipitação no Ceará possui grande variabilidade sazonal, onde 75% dos totais das chuvas ocorrem em quatro meses (fevereiro, março, abril e maio) e uma quase total ausência de precipitação no segundo semestre. Esta característica é governada em grande parte pela migração norte/sul da zona de convergência intertropical (ZCIT) ao longo do ano. Devido à sazonalidade e variabilidade interanual, o estado do Ceará criou uma grande rede de reservatórios espalhada por todo território (CAMPOS e STUDART, 2003). Nos períodos de estiagem, o armazenamento da água em reservatórios possibilita a disponibilidade de água para os períodos de seca. Em virtude desse controle de volume de água, o Ceará adota como instrumento de gestão a outorga pelo uso da água e alocação negociada. Em períodos de escassez hídrica, medidas de gestão devem ser adotadas afim de não comprometer o abastecimento das cidades.

Nesse sentido, instrumentos ou gatilhos que sinalizem quando as medidas de racionamento deverão ser adotadas são necessários para os gestores, estes podem estar ligados a grandezas ou índices meteorológicos e hidrológicos.

Índices de seca são normalmente utilizados no monitoramento e identificação das secas em várias escalas temporais. Alguns mais utilizados são o índice de Palmer, PDSI (Palmer Drought Severity Index) e o índice normalizado de precipitação, SPI (Standardized Precipitation Index), associado a esse último tem-se o SRI (Standardized Runoff Index). O SPI teve grande divulgação e baseia-se na distribuição de probabilidade da precipitação e pode ser calculado em diferentes escalas de tempo. Por ser um índice normalizado, permite adequada comparação entre diferentes locais e climas. O SRI e o SPI são semelhantes quando se baseiam em um longo período de acumulação, mas o SRI incorpora processos hidrológicos que determinam defasagens sazonais na influência de clima na vazão. Como resultado, em escalas de tempo mensal para sazonal, o SRI é um complemento útil do SPI para retratar os aspectos hidrológicos de seca (Shukla e Wood, 2008).

Este trabalho tem por objetivo analisar a variabilidade do SPI do sistema Jaguaribe-Metropolitano, principal sistema de reservatório do Ceará.

METODOLOGIA

Região de Estudo : Sistema Jaguaribe-Metropolitana

O sistema Jaguaribe-Metropolitano é o principal sistema de reservatórios do Estado, segundo Ribeiro (2011). Por ser localizada no semiárido do nordeste brasileiro é uma região pobre em volume de escoamento de água dos rios. Essa situação pode ser explicada pela alta evaporação, pela

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onde há predominância de solos rasos baseados sobre rochas cristalinas e, consequentemente, baixas trocas de água entre o rio e o solo adjacente. O resultado é a existência de uma densa rede de rios intermitentes.

O sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) é formado por cinco reservatórios: Pacoti, Riachão e Acarape do Meio na Bacia do Rio Pacoti; Pacajus na bacia do rio Choró e Gavião na bacia do rio Cocó, sendo esses reservatórios interligados por canais e adutoras.

A demanda de água da bacia do Jaguaribe é destinada 80% para irrigação e 20% para consumo urbano, e a demanda de água das Bacias Metropolitanas é predominantemente para uso urbano e industrial. Por conseguinte, são distribuídas relativamente uniformes as demandas na bacia Metropolitana durante o ano, enquanto na bacia de Jaguaribe se concentram no período de agosto a novembro com uso pela irrigação.

O presente trabalho considera os cinco principais açudes do Sistema Jaguaribe Metropolitano: Orós, Banabuiú, Castanhão, Pacoti/Riachão e Gavião. Conforme mostra a Figura 1. Sendo Pacoti/Riachão considerado apenas uma bacia.

Figura 1- Reservatórios do Ceará por Região Hidrográfica.

Dados Utilizados

Os dados de precipitação utilizados são para o período de 1975 a 2016, foram obtidos através da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos(FUNCEME). Em seguida foi estimado o valor médio na bacia pelo Thiessen, considerando os postos com dados validos para o mês.

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Após a cálculo do SPI foi possível verificar a classificação da seca de acordo com os valores obtidos. Na tabela 1 essa classificação e a categoria da seca são demonstrados.

Tabela 1. Classificação SPI

RESULTADOS

A região possui uma sazonalidade bem definida, as precipitações ocorrem em maior volume no primeiro semestre, já no segundo semestre verifica uma quase total ausência de chuvas e, consequentemente, pouca recarga nos reservatórios.

Figura 2 – Precipitação de cada reservatório – (A) Pacujus (B) Orós (C) Banabuiú (D) Castanhão (E) Riachão-Pacoti-Gavião

SPI Classificação Categoria

0 a -0,99 D0 Seca Ligeira -1,00 a -1,49 D1 Seca Moderada -1,50 a -1,99 D2 Seca Severa =<-2,00 D3 Seca Extrema (A) (B) (C) (D) (E)

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os valores. Ao verificar os últimos anos de estudo, 2015 e 2016, verifica-se a presença de seca severa e seca moderada, com isso as medidas de controle do abastecimento de água deveriam ser revistas, pois por mais que ocorresse um bom aporte de água em 2017, a situação ainda seria crítica.

O SPI ilustra modos de variação em diferentes escalas temporais. Há uma variação interanual das com SPI -3 e 2, ou seja, existe uma fator multiplicativo maior que 2 entre o mínimo e o máximo das precipitações. Este modo de variação é chamado de variabilidade interanual e superpõe-se a uma pronunciada variabilidade sazonal onde em alguns meses as precipitações neste posto são mais do que 400mm maior do que outros meses.

Além da significativa variabilidade interanual, as séries sinalizam significativa variabilidade hidrológica decadal, com períodos de cerca de 5 anos SPI negativo, enquanto em outros intervalos a média dos SPI são positivas. Essa característica mostra um possível modo de variação de baixa frequência, já que esse comportamento é recorrente ao longo da série histórica. Essa variabilidade pode introduzir nos sistemas hídricos a alternância de anos consecutivos úmidos e secos. No caso de anos consecutivos com seca, possivelmente as políticas de racionamento de água e a redução da concessão de permissão para o uso da água devem ser intensificadas.

Os modos de variabilidade de mais baixa frequência modulam o clima em escala global (WANG et al., 2012). Esses modos de variabilidade ocorrem no Pacífico e no Atlântico, superpostos e influenciados por modos interanuais, como o El Niño – Oscilação Sul (ENSO), podendo alterar o efeito deste em algumas regiões do globo, inclusive na América do Sul.

Especialmente sobre a região Nordeste do Brasil (NEB) o principal fenômeno responsável pelas chuvas é a Zona de convergência Intertropical (ZCIT), está faz uma migração do norte para o sul ao longo do ano, naturalmente quanto mais próximo a região litorânea do NEB maiores são as precipitações, e consequentemente, as vazões. Logo, quando AMO apresenta-se na fase fria há uma tendência que as águas do atlântico norte encontrem-se mais frias do que as do atlântico sul, o que indica que a uma maior possibilidade de precipitações na região, sendo a reciproca também aceita.

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A literatura também menciona que na fase quente da PDO os El Ninos costumam ser mais intenso e as La Niñas de menor magnitude, considerando ainda que estes fenômenos alteram os padrões de circulação geral, em anos em que o pacífico no nino 3.4 encontra-se mais quente há indícios de menores valores precipitados no NEB. Logo, na fase quente da PDO espera-se redução nos valores médios de vazões no NEB.

Figura 3– Resultado do SPI – (A)Castanhão (B)Riachão-Pacoti-Gavião(C)Pacajus (D)Orós (E)Banabuiú

CONCLUSÃO

A análise das series temporais deste trabalho apontam que apesar da variabilidade decadal responsável em grande parte pela seca do NEB, tem-se uma tendência de redução das precipitações na região nordeste.

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padrão pode estar associado a oscilações da temperatura da superfície do mar do pacífico e atlântico. Sobretudo os modos de baixa e média frequência são relacionados a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) e a Oscilação Atlântica Multidecadal(AMO) e afetam significativamente o regime de precipitações no Ceará, a análise mostrada neste trabalho indica que há mudanças de patamares nas vazões coincidentes com mudanças de patamares do índice ODP, havendo, portanto, correlação entre o índice ODP e as mudanças de patamares no SPI, na maioria dos postos analisados. Devido a isso a hipótese da estacionariedade das séries de vazões e precipitações pode ser descartada.

O monitoramento das secas, por meio de índices climáticos e hidrológicos, como o SPI, são ferramentas que devem ser usadas operacionalmente como parte de sistemas de gerenciamento do risco na escala estadual. O aumento dos eventos extremos de secas excepcionais com longas durações na região demonstra que medidas de gestão e adaptação precisam ser realizadas na bacia a fim de minimizar os impactos e reduzir a vulnerabilidade da mesma.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, J. N. B.; STUDART, T. M. de C. Aplicação Do Método Das Matrizes De Transição Na Avaliação Das Relações Entre Volume De Conservação E De Proteção Contra As Cheias. In Anais do 7º Simpósio De Hidráulica E Recursos Hídricos Dos Países De Lingua Oficial Português, 2005, Evora. SILUSBA. 2005

SHUKLA, S.; WOOD, A. W. (2008). Use of a standardized runoff index for characterizing hydrologic drought. Geophysical Research Letters, 35, L02405, doi:10.1029/2007GL032487

SILVA, G. A. M., DRUMOND, A., AMBRIZZI, T. The impact of El Niño on South American summer climate during different phases of the Pacific Decadal Oscillation. Theoretical and applied

climatology, 106(3-4), 307-319. 2011.

SOUZA FILHO, F. A.; LALL, U.; PORTO, R. L. L. Role of price and enforcement in water allocation: Insights from Game Theory. Water Resources Research, v. 44, p. 400-420, 2008. TORRENCE C., COMPO, G. P., 1998. A Practical Guide to Wavelet Analysis. Bull. Amer. Meteor. Soc., 79, 61–78.

WANG, HUI, ARUN KUMAR, WANQIU WANG, AND YAN XUE, Influence of ENSO on Pacific Decadal Variability: An Analysis Based on the NCEP Climate Forecast System. J. Climate, 25, 6136– 6151. 2012.

ZHANG, Y.; WALLACE, J. M.; BATTISTI, D. (1997) .ENSO-like interdecadal variability: 1900-93.. Journal of Climate, v. 10, p. 1004-1020.

Zhang, R., and T. L. Delworth (2006), Impact of Atlantic multidecadal oscillations on India/Sahel

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Referências

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