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Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso de Magistério

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Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso

Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso

Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso

Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso

Conhecimentos acerca de Saúde Bucal de Estudantes de um Curso

de Magistério

de Magistério

de Magistério

de Magistério

de Magistério

Miguel MORANO JÚNIORI Cristiane Maria da Costa SILVAII

Fábio Luiz MIALHEI Yara Janaina Viana Lima LIDOIII

IProfessores do Departamento de Odontologia Social, Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), Piracicaba/SP, Brasil. IIEspecialista em Odontologia em Saúde Coletiva, Piracicaba/SP, Brasil.

IIIMestranda em Odontologia em Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), Piracicaba/SP, Brasil.

ABSTRACT RESUMO

DESCRIPTORS DESCRITORES

Professores; Educação em saúde bucal; Saúde escolar. Teacher; Oral health education; School health.

Knowledge of Oral Health of Students from Professorship Courses

Objetivo: Avaliar conhecimentos e percepções em saúde bucal

de alunos de cursos de magistério de escolas localizadas em um município no interior do estado de São Paulo.

Método: A amostra foi constituída por 559 alunos de dois cursos

de magistério do município de Avaré/SP e o instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-estruturado, composto por 08 questões. Todas as respostas foram tabuladas no programa SPSS (versão 10.0) e analisadas por meio de estatística descritiva, a partir de suas freqüências absolutas e relativas.

Resultados: A grande maioria (98,0%) dos entrevistados

respondeu já ter recebido informações em saúde bucal, sendo que 73,4% afirmaram que a escola foi a principal responsável por estas informações (45,4%), seguido do cirurgião-dentista (16,1%) e da televisão (15,4%). Apesar de 64,2% dos respondentes terem estudado em escolas com atendimento odontológico, apenas 58,7% afirmaram haver alguma intervenção de educação em saúde bucal na escola que estudou, sendo a palestra o modo de transmissão de informações mais utilizado nessas atividades. A maioria dos respondentes (76,9%) respondeu que saberiam dizer qual a importância do flúor para a dentição, entretanto apenas 4,1% souberam claramente sua importância. No caso da avulsão dentária, 57,2% dos entrevistados responderam corretamente sobre como agir no caso de uma avulsão dentária. Observou-se que 99,1% acham importante que os alunos de magistério recebam informações sobre prevenção em saúde bucal.

Conclusão: Há necessidade de uma maior articulação entre

profissionais da área da educação e saúde a fim de melhorar os conhecimentos e práticas em saúde bucal dos futuros educadores.

Purpose: To evaluate the knowledge and perceptions in oral health

of students attending Professorship Courses at schools located in the São Paulo state, Brazil.

Method: The sample was composed by 559 students from two

Professorship Courses located in the city of Avaré (São Paulo state), and the data collection instrument was a semi-structured questionnaire with 8 questions. All responses were tabulated using the SPSS software (version 10.0) and analyzed by descriptive statistics from their absolute and relative frequencies.

Results: Most (98.0%) interviewees affirmed to have received

some kind of information on oral health, and 73.4% of these reported that the school was the main source of this type of information (45.4%), followed by the dentist (16.1%) and television (15.4%). Although 64.2% of the respondents informed to have studied in schools with dental assistance, only 58.7% had access to some kind of intervention on oral health education at the school they attended. In those cases, lectures were the most frequently used instrument during the activities. Most respondents (76.9%) reported to know the importance of fluoride to the teeth, but only 4.1% clearly described its importance. Regarding dental avulsion, 57.2% of the interviewees answered correctly on how to manage these cases. As much as 99.1% of the participants affirmed that it is important that students from Professorship Courses receive information on prevention in oral health.

Conclusion: There should be greater interaction between health

and education professionals in order to improve oral health knowledge and practice of future educators.

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INTRODUÇÃO

METODOLOGIA O magistério é um curso profissionalizante de

segundo grau que habilita professores para atuarem na educação infantil e ensino fundamental (BRASIL, 1996). Como a infância é uma época decisiva na construção de condutas (FREEMAN, 1999; BRASIL, 2001), estes profissionais assumem um papel destacado devido à sua função social e à sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo com a população infantil.

Através de ações intersetoriais, a saúde encontra no professor e outros profissionais ligados à educação, aliados para a promoção da saúde bucal. O professor, quando bem embasado e capacitado, pode se tornar agente multiplicador de saúde, pelo fato de seu constante convívio com escolares favorecer o desenvolvimento de atitudes favoráveis à manutenção da saúde bucal (ZARAGOURY, 2003; FRANCHIN et al., 2005; FERREIRA et al., 2005).

Porém, um dos problemas enfrentados em relação a esta estratégia é a falta de preparo dos professores para executar tal tarefa, fato este que se inicia nos cursos de formação (VASCONCELOS, 2001; VASCONCELOS et al., 2002; SANTOS; RODRIGUES; GARCIA, 2003; MEDEIROS et al, 2004; FERNANDES; ROCHA; SOUZA, 2005; ANTUNES et al., 2006).

Gousand, Paiva e Vasconcelos (2004), num estudo com alunos de cursos de pedagogia de diferentes instituições de Belo Horizonte, MG, verificaram haver diferenças estatisticamente significante na quantidade de informações sobre saúde bucal recebidas durante sua formação e também no interesse dos alunos para que este tema fosse incluso nos currículos deste curso, dependendo da faculdade a qual estavam cursando.

Ferreira et al. (2005) pesquisando sobre o conhecimento em saúde bucal de concluintes do curso de pedagogia da UFPB verificaram que 47% dos entrevistados definiam a placa bacteriana como uma placa amarela, enquanto que 77% achavam que a mesma deveria ser removida por raspagem pelo dentista, demonstrando falta de conhecimentos mais aprofundados e fidedignos sobre o assunto.

Leonello e L´Abbate (2006) avaliando o modo como a Educação em Saúde tem sido abordada no currículo de graduação em pedagogia observaram que 65% dos respondentes não perceberiam esta abordagem no seu currículo, apesar de 85% considerar indispensável a atuação do pedagogo para o desenvolvimento do tema no ambiente escolar.

Desta forma, é importante que haja uma

ação integradora entre a Escola e a Odontologia, para que os futuros profissionais da educação infantil tenham conhecimentos e atitudes que favoreçam sua própria saúde e a dos escolares, sendo estes preparados para aceitar a educação em saúde como parte integrante de suas atividades, atuando como promotores de saúde na sua comunidade (ROCHA; MARCELO; PEREIRA, 2002). Visto os poucos estudos foram realizados até o presente momento avaliando o grau de conhecimento dos futuros educadores provenientes dos cursos de magistério sobre cuidados em saúde bucal, a presente pesquisa teve o propósito de investigar este aspecto em uma amostra de alunos destes cursos em unidades de formação no município de Avaré/SP no ano de 2000.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FOP/Unicamp sob o protoloco nº 163/2006. Os dados da presente pesquisa foram coletados durante uma oficina pedagógica, realizada pela área de educação para a saúde da FOP/Unicamp na EEPSG Coronel João Cruz e no Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAM), ambos localizados no município de Avaré/SP. A amostra foi por conveniência, ou seja, composta pelos alunos que aceitaram em participar da pesquisa. Participaram da pesquisa 139 alunos da primeira instituição e 420 do curso de magistério da segunda instituição, ou seja, 75% e 87%, respectivamente, do total de alunos matriculados nas escolas trabalhadas.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-estruturado, composto por 08 questões, apresentadas no Quadro 1.

Previamente à aplicação do questionário, foi realizada uma fase piloto com 8 alunos de cada instituição, selecionados de forma aleatória, para se averiguar a eficácia e problemas de interpretação do mesmo.

Todas as respostas foram tabuladas no programa SPSS (versão 10.0) e analisadas por meio de estatística descritiva, a partir de suas freqüências absolutas e relativas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O papel do atendimento odontológico tradicional na melhoria das condições de saúde bucal da população vem sedo questionado. De acordo com o último

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levantamento epidemiológico realizado no Brasil (BRASIL, 2003), mesmo o país sendo rico em números de dentistas, a estratégia de saúde bucal oferecida à população permitiu que o país tenha cumprido apenas uma das cinco metas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para controle da cárie dentária para o ano 2000 (FRANCHIN et al., 2005). Diante do exposto, repensar sobre o papel da educação em saúde como agente de promoção de saúde bucal tornou-se uma necessidade no presente.

Apesar de muito questionada sobre os efeitos na melhoria das condições de saúde bucal da população (KAY; LOCKER, 1996, 1998), a educação em saúde vem se mostrando uma forte aliada na busca de alternativas para que essas melhorias se concretizem. Novos campos do conhecimento estão se aderindo à Odontologia, entre eles as ciências sociais e a pedagogia, fazendo com que filosofias preventivistas e ineficazes a nível coletivo fossem abandonadas na busca de parcerias com diferentes segmentos da sociedade, superando a fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais, para produzir efeitos mais significativos na saúde bucal da população. Para tanto, torna-se importante uma abordagem integrada e multiprofissional, que inclua além dos profissionais de saúde em geral, o pessoal não odontológico, inserindo-se aí professores, especialmente os da educação infantil e ensino fundamental, podendo representar uma alternativa à ineficiência do atendimento odontológico clássico para a manutenção da saúde bucal (FRANCHIN et al., 2005).

Os ambientes da educação infantil, como creches, se organizados adequadamente, representam um espaço educacional complementar ao da família, que favorece o desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo da criança, propiciando também a aquisição de comportamentos saudáveis, ajudando-a a estabelecer bons padrões de hábitos na vida adulta (MOYSÉS; RODRIGUES, 2004). Assim, a Odontologia deve buscar diagnosticar e propor soluções para seus problemas, de maneira mais ampla, não se fechando em setores, como o da saúde, da educação, da segurança, da habitação, do meio ambiente, mas sim de maneira intersetorial (ROCHA; MARCELO; PEREIRA, 2002), ou seja, usando outros setores e espaços sociais como agentes de promoção de saúde bucal, entre eles as creches e escolas.

Quando os alunos do magistério foram questionados se eles já tinham ouvido falar sobre saúde bucal, a grande maioria (98,0%) respondeu já ter recebido informações a respeito. A escola demonstrou ser uma

forte aliada na multiplicação de informações sobre saúde bucal, pois 45,4% dos entrevistados receberam estas informações através dela. De fato, a escola é considerada um ambiente favorável à educação em saúde bucal de longo prazo, pois elas oferecem a oportunidade de contato com os alunos por muitos anos (HILBERT; ABEEG, 2002).

Já uma baixa porcentagem dos entrevistados mencionou o dentista (16,1%) como agente multiplicador de informações em saúde bucal, o que pode ser um indicativo de que a odontologia ainda trabalha mais com a doença do que com a saúde ou a sua promoção, fragmentando a boca e desvinculando-a do ser. Os mesmos resultados não foram encontrados por outras pesquisas, como Ferreira et al. (2005), onde o cirurgião-dentista foi citado por 64% dos participantes. A Tabela 1 apresenta a distribuição das freqüências das respostas referente aos locais onde os entrevistados ouviram falar sobre saúde bucal.

Freqüência Você ouviu falar em saúde bucal?

Onde? (n) (%) Escola 254 45,4 Dentista 90 16,1 TV 86 15,4 Casa 68 12,2 Palestras 38 6,8 Outras 13 2,3 Cartazes 5 0,9 Não relatado 5 0,9 Total 559 100,0

Tabela 1. Distribuição das freqüências de respostas dos alunos de magistério referentes aos locais onde se ouviu falar em saúde bucal. Avaré, SP, 2000.

Quando questionados sobre a presença do atendimento odontológico na escola onde estudaram, 64,2% responderam que estudaram em escolas que tinham atendimento odontológico. Entretanto, 58,7% responderam que já houve alguma intervenção de educação em saúde bucal na escola, enquanto que 41,3% não tiveram nenhum tipo de educação em saúde enquanto estudavam. Este fato é reflexo de que muitos programas e, sobretudo dos cirurgiões dentistas encarregados de implementá-los, vêm limitando-se, muitas vezes, a reproduzir mecânica e acriticamente, nas atividades dirigidas a grupos populacionais, o modelo

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utilizado no setor privado ao produzir serviços destinados a consumidores individuais (NARVAI, 2002). Pode-se dizer que este modelo decorre de uma concepção centrada na assistência individual, realizada pelo dentista no restrito ambiente clínico e, até o momento, incapaz de melhorar o quadro de saúde bucal coletiva no Brasil. Quanto à forma com que as atividades de educação em saúde bucal foram desenvolvidas, nota-se o predomínio das palestras, como observado na Tabela 2. Ao se fazer uma análise crítica da educação em saúde durante as últimas décadas, detecta-se um desenvolvimento surpreendente e uma reorientação crescente de reflexões teóricas neste campo de estudo (GAZZINELI et al., 2005). Entretanto essas reflexões nem sempre são traduzidas em intervenções educativas práticas, acarretando num hiato entre teoria e prática. O conhecimento gerado pelas palestras, tradicionalmente a metodologia de educação em saúde mais utilizada pela Odontologia, apresenta-se muitas vezes desligado da realidade das pessoas e por isso mesmo desperta pouco interesse nos alunos. A exposição arbitrária de conteúdos por parte do educador jamais permitirá que os alunos usem seus ensinamentos como instrumento do conhecer, fazer, viver e principalmente ser (ANTUNES, 2001). Além disto, intervenções educativas esporádicas não são tidas como capazes de capacitar a equipe de educação para atuarem como multiplicadores de saúde bucal, o que é confirmado por Melo, Freire e Bastos (2005) que verificou a necessidade de transformar o processo de capacitação dos professores numa formação continuada.

Outros métodos citados foram os slides, filmes e folhetos. Talvez uma alternativa para o uso desses métodos de educação em saúde seja o envolvimento das crianças na construção desses materiais, como vídeos artesanais, folhetos e cartazes, onde o educar e o aprender possam se tornar atividades lúdicas, não desvinculados da sua realidade.

Segundo Vasconcelos (1999), o desenvolvimento de técnicas de comunicação em massa diminuiu as possibilidades de influência da comunicação individual e grupal, tratando o receptor de suas mensagens como objetos. Ainda assim são importantes veículos de informação em saúde, pois a mídia exerce forte influência nos comportamentos das pessoas. Quando questionados sobre a freqüência com que costumam ir ao dentista, 52,0% dos entrevistados responderam que vão ao dentista regularmente, pelo menos a cada seis meses. Talvez este seja o reflexo do modelo hegemônico na prática profissional e de estratégias geralmente ditas coletivas, como a comunicação de massa que, verticalmente, preconiza a adoção de comportamentos, como visitar o dentista regularmente para ter dentes e gengivas saudáveis.

Já em relação às questões relacionadas ao conhecimento dos alunos de magistério sobre saúde bucal, foram focados dois pontos: o uso do flúor como agente preventivo da doença cárie e procedimentos de urgência relacionados aos traumatismos dentais.

Neste estudo, 76,9% dos entrevistados responderam que saberiam dizer qual a importância do flúor para a dentição, entretanto apenas 4,1% responderam corretamente sobre sua importância, como observado pela Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição das freqüências de respostas dos alunos de magistério referente à importância do flúor para a dentição. Avaré, SP, 2000.

Freqüência Qual a importância do flúor para a

dentição (Respostas)? (n) (%) Correta 11 4,1 Parcialmente correta 148 55,6 Errada 99 37,3 Não respondeu 8 3,0 Total 266 100,0

Há tempos o flúor tem sido destacado como um elemento fundamental no controle e na prevenção da cárie, sendo que inicialmente esse efeito estava relacionado à sua administração sistêmica. Gradativamente esse conceito foi sendo mudado e hoje há um consenso entre os profissionais de que o flúor importante na prevenção da cárie é o presente constantemente e em pequenas concentrações na cavidade bucal. Porém, o planejamento de ações coletivas em saúde deve considerar não somente a eficácia da intervenção, mas, sobretudo as percepções que os grupos populacionais têm da sua realidade. Neste

Tabela 2. Forma com que as atividades de educação em saúde bucal foram desenvolvidas. Avaré,SP, 2000.

Em caso afirmativo, qual o meio utilizado? Palestras Slides Vídeos Folhetos Não respondeu Total Freqüência n % 115 50,0 59 25,6 42 18,3 8 3,5 6 2,6 230 100,0

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CONCLUSÃO estudo, o pouco conhecimento sobre a importância do

flúor para a dentição reflete o que há muito já vem sendo discutido no meio científico: a popularização do saber científico, ou seja, embora os benefícios do flúor para a dentição já seja conhecido pelo cirurgião-dentista, informações sobre saúde bucal ainda são poucos divulgadas entre a população em geral (FERREIRA et al., 2005).

Quanto ao traumatismo dentário, este deve ser considerado um problema importante não somente pelo fato de que sua prevalência ter se tornado expressiva (TRAEBERT et al., 2004), principalmente com a maior participação de crianças em atividades esportivas, mas também devido ao seu impacto na qualidade de vida das crianças em termos de desconforto físico e psicológico, com alto potencial de interferência negativa nas relações sociais. O sucesso dos reimplantes dependem, de maneira geral, de fatores extra-consultório, sobre os quais os cirurgiões-dentistas não têm controle, como o tempo que se leva para se realizar o tratamento, o meio de conservação e o manejo do elemento dentário.

Os profissionais da educação podem ser os primeiros a tomarem essas atitudes, pelo fato de passarem longos períodos com as crianças. Observou-se nesta pesquisa que 57,23% dos entrevistados responderam corretamente sobre como agir no caso de uma avulsão dentária (Tabela 4). Os materiais impressos como folhetos e cartazes, podem se tornar importantes coadjuvantes na comunicação em saúde também para os casos de urgências, pois além de serem auto-explicativos, passam a mensagem mesmo na ausência de um interlocutor. Strangler, Echer e Vanni (2002) verificaram a importância de fornecer material impresso às escolas para sua correta aplicação quando necessário.

Quando questionados sobre a importância dos alunos de magistério receber informações sobre prevenção e saúde bucal, a maioria (99,1%) dos entrevistados respondeu que acham importante essa capacitação do professor. Esses resultados corroboram com os encontrados por Vasconcelos et al. (2001) quando observaram que os professores de sua amostra demonstraram interesse na realização de projetos pedagógicos integrados com profissionais da saúde bucal. No entanto, nota-se na prática certa dificuldade na implementação de ações intersetoriais de educação em saúde bucal, tanto por parte dos professores, como revelado por Franchin et al. (2005), como falta de tempo, acúmulo de reponsabilidades e falta de capacitação/ informação sobre o assunto, quanto por parte da equipe de saúde bucal, que não é formada para realizar ações que extrapolem o atendimento individual.

No Brasil, a reorientação e ampliação da Atenção Básica, através do Programa Saúde da Família, vêm criando oportunidades para abordagens preventivas e de promoção de saúde, possibilitando intervenções em espaços coletivos, inclusive as creches, através de parceiras e ações intersetoriais. Essas ações encontram respaldo no SUS (Sistema Único de Saúde), que tem na Saúde da Família a estratégia prioritária da reorientação da Atenção Básica, com desenvolvimento de ações intersetoriais, integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde (BRASIL, 2006). Também a educação proporciona o fortalecimento de tais ações, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 93/94/96) que permite aos estabelecimentos de ensino a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica com progressivos graus de autonomia pedagógica (BRASIL, 1996), além dos Parâmetros Curriculares Nacionais, com a inserção da Saúde como um tema transversal no ensino fundamental (BRASIL, 2001).

Embora os alunos tenham interesse pelo conteúdo de saúde bucal, o nível de conhecimento dos mesmos pode ser considerado limitado para que as questões de saúde bucal se tornem parte integrante de suas atividades como educadores. Esse resultado aponta a necessidade de uma maior aproximação entre a educação e a odontologia, para que futuros profissionais da educação sejam capacitados a atuarem como agentes multiplicadores de saúde bucal junto à comunidade escolar.

Tabela 4. Respostas dos alunos do magistério referentes aos procedimentos em casos de traumatismos dentários com avulsão.

Q u a n d o u m a c r i a n ç a s o f r e u m acidente, uma queda, e seu dente “pula para fora”, deve-se:

Freqüência

n %

Limpar o dente enrolá-lo num lenço com cuidado e ir ao dentista imediatamente. Lavar apenas o dente recolocá-lo no local ou conserva-lo em meio úmido e procurar um dentista imediatamente.

Deixar o dente de lado e procurar o dentista, pois o caso já está perdido. Não sabe. Não respondeu Total 29 8,4 198 57,2 16 4,6 99 28,6 4 1,2 346 100,0

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REFERÊNCIAS

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Quadro 1. Questionário utilizado para entrevista com alunos de magistério. Avaré/SP.

1. Você já ouviu falar em saúde bucal? ( ) sim ( ) não Onde?

2. Na escola onde estudou, havia atendimento odontológico? ( ) sim ( ) não 3. Na escola, teve alguma noção sobre como cuidar dos dentes? ( ) sim ( ) não

4. Alguma vez, houve palestras, projeções, vídeos sobre saúde bucal em sua escola? ( )sim ( )não – Em caso afirmativo, qual o meio utilizado?.

5. Com que freqüência costuma ir ao dentista?

6. Você saberia dizer qual a importância do flúor para a dentição? ( ) sim ( ) não Qual? 7. Quando uma criança sofre um acidente, um queda, e seu dente “pula para fora”, deve-se: a) limpar o dente enrolá-lo num lenço com cuidado e ir ao dentista imediatamente.

b) lavar apenas o dente recolocá-lo no local ou conserva-lo em meio úmido e procurar um dentista imediatamente. c) deixar o dente de lado e procurar o dentista, pois o caso já está perdido.

d) não sei.

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Recebido em: 29/11/06

Enviado para Reformulação: 25/04/07 Aceito para Publicação:22/05/07

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Correspondência:

Fábio Luiz Mialhe

Faculdade de Odontologia de Piracicaba Departamento de Odontologia Social Avenida Limeira, 901 – Bairro Areião Piracicaba-SP CEP:13414-903 E-mail: mialhe@fop.unicamp.br

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Referências

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