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DeROSE ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

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Academic year: 2021

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(1)

DeR

OSE

ORIGENS DO

YÔGA

ANTIGO

UMA LUZ SOBRE OS EVENTOS HISTÓRICOS QUE INFLUENCIARAM AS METAMORFOSES DO YÔGA, ABORDANDO: ÁSANA YÔGA, RÁJA

YÔGA, BHAKTI YÔGA, KARMA YÔGA, JÑÁNA YÔGA, LAYÁ YÔGA,

MANTRA YÔGA TANTRA YÔGA, KUNDALINÍ YÔGA, ASHTÁNGA

YÔGA E OUTROS.

U

NIVERSIDADE DE

Y

ÔGA

registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício

www.uni-yoga.org.br

Al. Jaú, 2000 − Tel.(005511) 3081-9821 − Brasil Endereços nas demais cidades encontram-se no final do livro.

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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

2

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

ELABORADO PELO AUTOR

DeRose, L.S.A., 1944 –

Origens do Yôga Antigo/ DeRose. – São Paulo : Nobel.

Inclui bibliografia.

1. Yôga 2. DeRose 3. Yôga na literatura 4. Mestres de Yôga. I. Título CDD– 181.45

ISBN

Senhor Livreiro.

Este livro não é de auto-ajuda, nem terapias e, muito menos, esoterismo. Não tem nada a ver com Educação Física nem com esportes. O tema YÔGA merece, por si só, uma classificação à parte.

Assim, esta obra deve ser catalogada como YÔGA e ser exposta na

estante de YÔGA.

Grato,

O Autor.

(3)

DeR

OSE

DeRose é o fundador da Universidade de Yôga. Com quase 50 anos de magistério, mais de 20 livros escritos e 24 anos de viagens à Índia, recebeu o reconhecimento do título de Mestre em Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber pela FATEA – Faculdades Integradas Teresa d’Ávila (SP), pela Universidade do Porto (Portugal), pela Universidade Lusófona, Lisboa (Portugal), pela Universidade Estácio de Sá (MG) e pela UniCruz (RS). Possui título de Comendador e Notório Saber em Yôga pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração; e de Comendador pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História. Foi fundador do Conselho Federal de Yôga e do Sindicato Nacional dos Profissionais de Yôga. Fundador da primeira Confederação Nacional de Yôga do Brasil. Introdutor do Curso de Formação de Instrutores de Yôga nas Universidades Federais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte etc.; Universidades Estaduais do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia etc.; PUCs – Pontifícias Universidades Católicas do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e outras. Em Portugal, foi introdutor do Curso de Formação de Instrutores de Yôga na Universidade Lusófona, de Lisboa, e na Universidade do Porto. Na Argentina foi introdutor do Curso de Formação de Instrutores de Yôga na Universidade Nacional de Lomas de Zamora. É aclamado como o principal articulador da Regulamentação dos Profissionais de Yôga cujo primeiro projeto de lei elaborou em 1978. Por lei estadual, em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a data do aniversário de DeRose foi instituída como o Dia do Yôga em todo o Estado.

ORIGENS DO

YÔGA

ANTIGO

U

NIVERSIDADE DE

Y

ÔGA

registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício

www.uni-yoga.org.br

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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

4

Al. Jaú, 2000 − Tel.(005511) 3081-9821 − Brasil Endereços nas demais cidades encontram-se no final do livro.

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MESTRE DeROSE 5

 Copyright 2.002: DeRose, L.S.A. 1ª edição em papel, 2.004.

Execução da capa:

Produção gráfica:

Editora Uni-Yôga,

órgão de divulgação cultural da

Primeira

Universidade de

Yôga do Brasil,

registrada nos termos dos artigos 18 e 19 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício,

divisão da

U

NIÃO

I

NTERNACIONAL DE

Y

ÔGA

www.uni-yoga.org.br

Al. Jaú, 2.000 − São Paulo − Brasil − Tel.:(11) 3081-9821

Permitem-se as citações de trechos deste livro em outros livros e órgãos de Imprensa, desde que mencionem a fonte e que tenham a autorização expressa do autor.

Proíbe-se qualquer outra utilização, cópia ou reprodução do texto, ilustrações e/ou da obra em geral ou em parte, por qualquer meio ou sistema, sem o consentimento prévio do autor.

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À A

TENÇÃO DO

L

EITOR

Como a maioria dos leitores costuma só travar contato com um ou dois livros de cada autor, até por não dar tempo de ler tudo o que gostaria, adotamos o procedimento editorial de reproduzir alguns dos principais textos da nossa obra global em mais de um livro. Portanto, sempre que você localizar um desses trechos, não o salte. Releia-o com atenção. A repetição terá sido intencional por tratar-se de assunto de suma importância.

Esta obra foi adotada como livro-texto dos cursos de Formação de Instrutores de Yôga das Universidades Federais, Estaduais e Católicas, e é recomendado pela Confederação Internacional de Yôga.

(8)
(9)

S

UMÁRIO

Definição de Yôga Demonstração de que a palavra Yôga tem acento

Como ler este livro

Introdução A proposta dos livros da Universidade de Yôga

A História do Yôga no Brasil

Prefácio Que confusão!

A confusão gerada pelos livros A confusão gerada por desinformação A confusão gerada pelo mercado

A estrutura do Hinduísmo

Vamos localizar o fio da meada

Shruti Upanishad Smriti Itihasas Puránas Ágamas Shaiva (Shivaísmo) Vaishna (Vishnuísmo) Shakta (Shaktismo) Darshanas Yôga Sámkhya Vêdánta Purva Mimansa Nyáya Vaishêshika

Quadro sinótico do Hinduísmo

O que é o Yôga

A palavra Yôga A definição do Yôga Como se classifica

Uma viagem no tempo e no espaço A opção do Yôga Pré-Clássico Qual é o Yôga mais autêntico

A cronologia histórica do Yôga

A principal diferença entre o Yôga Antigo e o Yôga Moderno São, portanto, correntes antagônicas

O Yôga original não era místico

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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

10

Os quatro troncos do Yôga

O Yôga mais antigo não é o Yôga Clássico O criador do Yôga era drávida

A origem das castas para segmentação étnica O Yôga Clássico formaliza a arianização Yôga Medieval: começa a vedantização do Yôga O Hatha Yôga é tântrico

O Yôga Contemporâneo é Tantra-Vêdánta As escrituras antigas:

Upanishadas (mais de 1.000 a.C.) Yôga Sútra (cerca do século III a.C.) Vivêkachudamani (século VIII d.C.) Hatha Yôga Pradípika (século XI d.C.)

Mestres contemporâneos Trash books

O Yôga Pré-Clássico é Tantra-Sámkhya Correntes incompatíveis

Exercício de revisão de matéria

Resumo histórico dos eventos que influenciaram o Yôga

Vamos entender os quatro troncos do Yôga

O Yôga não tem teoria, logo, não pode doutrinar

Como se processou a transformação de um tronco no outro Associemos cada tronco a um período histórico

Como identificar cada tronco Os verbos das raízes:

Yôga – poder; Sámkhya – saber; Vêdánta – crer; Tantra – sentir; Brahmáchárya - dominar

Yôga, Sámkhya e Tantra

As raízes, o tronco e os ramos

As raízes O tronco Os ramos

O que são os diversos tipos de Yôga Descrição de várias modalidades de Yôga

O Yôga Clássico yama niyama ásana pránáyáma pratyáhára dháraná dhyána samádhi O tronco Pré-Clássico

SwáSthya Yôga, o tronco Pré-Clássico

Definição SwáSthya, o Yôga Antigo

I Características II Prática ortodoxa III Prática heterodoxa

Diferenças entre o SwáSthya e o Hatha Yôga

Ashtánga yantra O que é uma codificação

A Mecânica do Método DeRose

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MESTRE DeROSE 11 1 Bio-Ex 2. ashtánga sádhana mudrá pújá mantra pránáyáma kriyá ásana yôganidrá samyama 3. bhúta shuddhi 4. maithuna 5. kundaliní 6. samádhi Recursos suplementares Sat sanga Sat chakra

Nyása (Shiva Natarája nyása, Satguru nyása sádhana)

O ego e o SwáSthya Yôga

ANEXO:Esta divisão destina-se à divulgação cultural do SwáSthya Yôga

Relação de material didático

Endereços de Instrutores Credenciados

(12)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

12

SUMÁRIO DAS ILUSTRAÇÕES E QUADROS SINÓTICOS

Quadro sinótico do hinduísmo

Cronologia Histórica do Yôga

As 4 linhas do Yôga Como se processou a transformação de um tronco no outro

A transformação de um tronco no outro, em processo cíclico (2D) O mesmo quadro anterior em gráfico espiral (3D)

Associemos cada tronco a um período histórico

A árvore do Yôga SwáSthya Yôga ortodoxo e heterodoxo

Diferenças entre o SwáSthya Yôga e o Hatha Yôga Quadro da progressão no Yôga Antigo

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MESTRE DeROSE 13

S

UMÁRIO DO

L

EITOR

Este sumário é para ser utilizado pelo leitor, anotando as passagens que precisarão ser localizadas rapidamente para referências posteriores.

ASSUNTOS QUE MAIS INTERESSARAM PÁGINAS

Ao ler, sublinhe os trechos mais importantes para recordar ou que suscitem dúvidas, a fim de localizá-los com facilidade numa releitura.

(14)

D

EFINIÇÕES

Yôga

1

é qualquer metodologia estritamente prática que

conduza ao samádhi.

Samádhi é o estado de hiperconsciência e autoconhecimento que só o Yôga proporciona.

SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo, Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo.

As características principais do SwáSthya Yôga (ashtánga guna) são: 1. sua prática extremamente completa, integrada por oito

modalidades de técnicas;

2. a codificação das regras gerais;

3. resgate do conceito arcaico de seqüências encadeadas sem repetição;

4. direcionamento a pessoas especiais, que nasceram para o SwáSthya Yôga;

5. valorização do sentimento gregário; 6. seriedade superlativa;

7. alegria sincera;

8. lealdade inquebrantável.

1 O acento indica apenas onde está a sílaba longa, mas ocorre que, muitas vezes, a tônica está noutro lugar. Por exemplo: Pátañjali pronuncia-se “Patânjali”; e kundaliní pronuncia-se “kúndaliní”. O efeito fonético aproxima-se mais de “kún-daliníí” (jamais pronuncie “kundalíni”). Para sinalizar isso aos nossos leitores, vamos sublinhar a sílaba tônica de cada palavra. Se o leitor desejar esclarecimentos sobre os termos sânscritos, recomendamos que consulte o Glossário, do livro Faça Yôga antes que você precise. Sobre a pronúncia, ouça o CD Sânscrito - Treinamento de Pronúncia, gravado na Índia. Para mais conhecimentos, o ideal é estudar os vídeos do Curso Básico de Yôga.

(15)

D

EMONSTRAÇÃO

DE QUE A PALAVRA YÔGA TEM ACENTO

NO SEU ORIGINAL EM ALFABETO DÊVANÁGARÍ: Extraído do livro Faça Yôga antes que você precise, deste autor.

= YA (curta).

= YAA ∴ YÁ (longa).

= YOO* ∴ YÔ (longa).

= YÔGA C.Q.D.

* Embora grafemos didaticamente acima YOO, este artifício é utilizado apenas para o melhor entendimento do leitor leigo em sânscrito. Devemos esclarecer que o fonema ô é resultante da fusão do a com o u e, por isso, é sempre longo, pois contém duas letras. Nesta convenção, o acento agudo é aplicado sobre as letras longas quando ocorre crase ou fusão de letras iguais (á, í, ú). O acento circunflexo é aplicado quando ocorre crase ou fusão de letras diferentes (a + i = ê; a + u = ô), por exemplo, em sa+íshwara=sêshwara e AUM, que se pronuncia ÔM. Daí grafarmos Vêdánta. O acento circunflexo não é usado para fechar a pronúncia do ô ou do ê, já que esses fonemas são sempre fechados. Não existe, portanto, a pronúncia “véda” nem “yóga”.

BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA ESPANHOL:

Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.

BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA INGLÊS:

Pátañjali Aphorisms of Yôga, de Srí Purôhit Swámi, Faber and Faber,

Londres.

BIBLIOGRAFIA PARA O IDIOMA PORTUGUÊS:

Poema do Senhor, de Vyasa, Editora Relógio d’Água, Lisboa.

Se alguém, supostamente entendido em sânscrito, declarar que a palavra Yôga não tem acento, peça-lhe para mostrar como se escreve o ô-ki-matra. Depois peça-lhe para indicar onde o ô-ki-matra aparece na palavra Yôga (ele aparece logo depois da letra y). Em seguida pergunte-lhe o que significa cada uma das três partes do termo ô-ki-matra. Ele deverá responder que ô é a letra o; ki significa de; e matra traduz-se como

acento. Logo, ô-ki-matra traduz-se como “acento do o”. Então, mais uma vez, provado está que a palavra

Yôga tem acento.

(16)
(17)

C

OMO LER ESTE LIVRO

Jamais pegue um livro didático para ler se não tiver papel e caneta com que possa fazer anotações. Caso contrário, você pensa que aprendeu e esquece tudo mais tarde.

Sublinhe e faça anotações também no próprio livro. Organize um sumário dos assuntos que mais lhe interessaram, com as respectivas páginas, e anote isso na página de abertura do livro estudado para ter tais dados sempre à mão.

No final de cada capítulo pare e releia-o, observando as anotações feitas.

Releia sempre os bons livros antigos, já anotados.

(18)
(19)

I

NTRODUÇÃO

Alguns livros de DeRose são obras de fôlego, com 400 a 700 páginas. Por esse motivo, em atenção ao leitor interessado num tema específico, decidimos lançar uma coleção de livros menores, em que cada volume aborde um tema em particular, pertinente ao Curso de Formação de Instrutores, que o Mestre ministra desde a década de 70 nas Universidades Federais, Estaduais e Católicas de vários estados do Brasil, bem como em Universidades da Europa. Isso nos permitirá editar livros mais acessíveis, que possibilitarão ao público travar contato com o Yôga Antigo mais facilmente.

Este opúsculo tratará de mais um tema que desperta muito interesse e que as pessoas, geralmente, interpretam de uma forma um tanto limitada, deixando que suas crenças ou sua cultura regional interfiram na visão mais clara do assunto. Como sempre, o DeRose abordará a matéria sob um prisma diferente, novo e mais abrangente.

Comissão Editorial

(20)
(21)

A

PROPOSTA DOS LIVROS

DA

U

NIVERSIDADE DE

Y

ÔGA

A proposta desta coleção é proporcionar aos estudiosos o resultado de uma pesquisa desenvolvida durante mais de 40 anos, sendo 24 anos de viagens à Índia. É o resgate da imagem de um Yôga Ancestral que, fora da nossa linhagem, já não se encontra em parte alguma.

Muito se escreveu e escreve-se sobre o Yôga Moderno, mas quase nada há escrito sobre o Yôga Antigo, que é muito mais fascinante. O Yôga Pré-Clássico é uma peça viva de arqueologia cultural, considerada extinta na própria Índia, seu país de origem há mais de 5.000 anos. O que é raro é mais valioso, mas, independentemente desse valor como raridade, o Yôga Pré-Clássico é extremamente completo e diferente de tudo o que você possa estereotipar com o

cliché “Yôga”. Além disso, ao estudar essa modalidade, temos ainda a

satisfação incontida de estar dedicando-nos ao Yôga original, logo, o mais autêntico de todos. Não obstante, como estudar o Yôga mais antigo se não há quase nenhuma bibliografia disponível?

No início não existia a escrita e o conhecimento era passado por transmissão oral. Depois, na fase do Yôga Clássico, por volta do século III a.C., não existia a imprensa, os livros tinham de ser escritos a mão e reproduzidos um a um pelos copistas, o que tornava o produto literário muito caro e as edições bem restritas. Por essa época havia uma quantidade irrisória de obras e uma tiragem de sucesso teria algo como uma centena de exemplares. Dessa forma, foi relativamente fácil perderem-se obras inteiras, por incêndios, terremotos, enchentes,

(22)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

22

guerras ou, simplesmente, por perseguições ideológicas. Não nos restou quase nada.

Por outro lado, do Yôga Moderno praticamente tudo foi preservado. Primeiro, devido ao menor decurso de tempo que transcorreu entre a época da publicação e o momento presente. Depois, com o barateamento dos livros, graças ao advento da tipografia, muito mais obras foram escritas e suas tiragens alcançaram a cifra dos milhares de cópias. Assim, sempre haveria uns quantos exemplares em outro local quando ocorressem os incêndios, os terremotos, as enchentes, as guerras ou as perseguições.

O resultado disso é que hoje quase todos os livros, escolas e instrutores de Yôga são de linha Medieval2 ou fortemente influenciados por ela. O Yôga Contemporâneo ainda não teve tempo suficiente para uma produção editorial relevante. Pior: a maior parte está contaminada pelos paradigmas da fase anterior e confunde-se com o Medieval, até pelos próprios jargões utilizados e pela distorção do significado dos termos técnicos aplicados.

Assim sendo, sem dispor de vias já trilhadas de acesso ao Yôga mais antigo, para chegar aonde cheguei foi necessário ir revolvendo, polegada por polegada, o entulho dos séculos. Primeiramente analisei o Yôga Contemporâneo. Depois, voltando para o passado mais próximo, esquadrinhei a vertente do período anterior, o Yôga Medieval. Passados uns bons 15 anos de estudos, tendo esgotado a literatura disponível, estava na hora de viajar à Índia para pesquisar in

loco. Em Bombaim enfurnei-me no Yôga Clássico e nos Himalayas

em tradições, talvez, mais antigas. Um belo dia, descortinei uma modalidade que ficara perdida durante séculos, o Yôga Pré-Clássico. Mais 20 anos se passaram, durante os quais, indo e vindo da Índia, tratei de aprofundar minha pesquisa nos Shástras, na meditação e nos debates com swámis e saddhus de várias Escolas. O resultado foi impactante e pode mudar a História do Yôga.

2 Numa história de 5.000 anos, Medieval é considerado Moderno. Estude o quadro da Cronologia Histórica, que é explicado em detalhe no livro Origens do Yôga.

(23)

MESTRE DeROSE 23 É esse resultado que vou expor no texto desta coleção de mais de vinte livros publicados sob a chancela da Universidade de Yôga.

COLEÇÃO UNI-YÔGA 1. DeRose, Tudo o que você nunca quis saber sobre Yôga, L&PM. 2. DeRose, Yôga, Mitos e Verdades, Nobel.

3. DeRose, Programa do Curso Básico de Yôga, Uni-Yôga. 4. DeRose, Faça Yôga antes que você precise, Nobel. 5. DeRose, Eu me lembro..., Nobel.

6. DeRose, Encontro com o Mestre, Matrix.

7. DeRose, Sútras – máximas de lucidez e êxtase, Nobel. 8. DeRose, Alimentação vegetariana: chega de abobrinha!, Nobel. 9. DeRose, Tantra, a sexualidade sacralizada, Nobel.

10. DeRose, Alternativas de relacionamento afetivo, Afrontamento. 11. DeRose, A regulamentação dos profissionais de Yôga, Uni-Yôga. 12. DeRose, Boas Maneiras no Yôga, Nobel.

13. DeRose, Mensagens do Yôga, Nobel. 14. DeRose, Origens do Yôga Antigo, Nobel.

15. DeRose, Karma e dharma – transforme a sua vida, Nobel. 16. DeRose, Chakras e kundaliní, Nobel.

17. DeRose, Corpos do Homem e Planos do Universo, Nobel. 18. DeRose, Meditação e autoconhecimento, Nobel.

19. DeRose, ÔM – o mais poderoso dos mantras, Nobel. 20. DeRose, Yôga Sútra de Pátañjali, Nobel.

21. DeRose, Guia do Instrutor de Yôga, Uni-Yôga (esgotado). 22. DeRose, Prontuário de Yôga Antigo, (esgotado).

23. Santos, Sérgio, Yôga, Sámkhya e Tantra, Nobel. 24. Santos, Sérgio, Escala Evolutiva, Uni-Yôga.

25. Flores, Anahí, Coreografias do Swásthya Yôga, Nobel. 26. Marengo, Joris, 50 Aulas práticas de Swásthya Yôga, Nobel.

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(25)

A H

ISTÓRIA DO

Y

ÔGA NO

B

RASIL

Texto escrito na década de 70 pela Comissão Editorial do Prontuário de Yôga Antigo, atualizado com os eventos que ocorreram posteriormente.

Há muita estória mal contada, muita afirmação reticente sobre este tema polêmico. Os verdadeiros introdutores do Yôga no nosso país estão mortos e há muito pouca gente disposta a defendê-los publicamente.

Afinal, quem foi o primeiro a ensinar Yôga no Brasil? De quem foi o primeiro livro de Yôga de autor brasileiro? Quem lançou a campanha para a regulamentação da profissão? Quem introduziu o Curso de Extensão Uni-versitária para a Formação de Instrutores de Yôga nas Universidades Fede-rais, Estaduais e Católicas? Quem fundou a Primeira Universidade de Yôga do Brasil? Já está na hora de divulgarmos esses fatos.

QUEM INTRODUZIU O YÔGA NO BRASIL

Quem inaugurou oficialmente a existência do Yôga no Brasil foi Sêvánanda Swámi, um francês cujo nome verdadeiro era Léo Costet de Mascheville. Ele colocava o termo swámi no final do nome, o que era uma declaração de que não se tratava de um swámi (monge hindu), mas que usava essa palavra como sobrenome, e isso confundia os leigos. Muitos desses leigos se referiam a ele como “Swámi” Sêvánanda, pois um dos mais relevantes Mestres de Yôga da Índia, que viveu na época, chamava-se Swámi Si-vánanda.

Sêvánanda viajou por várias cidades fazendo conferências, fundou um grupo em Lages (SC) e um mosteiro em Resende (RJ). Ele era um líder natural e sua voz era suficiente para arrebatar corações e mentes. Com Sêvánanda aprenderam Yôga todos os instrutores da velha guarda. E quando dizemos velha guarda, estamos nos referindo aos que lecionavam na década de 60, cuja maioria já partiu para os planos invisíveis.

Sêvánanda enfrentou muitos obstáculos e incompreensões durante sua árdua caminhada. Enfim, esse é o preço que se paga pelo pioneirismo. Todos os precursores pagaram esse pesado tributo.

(26)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

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Ao considerar sua obra bem alicerçada e concluída, o Mestre Sêvánanda recolheu-se para viver em paz seus últimos anos. Todos quantos o conhe-ceram de perto guardam-lhe uma grande admiração e afeto, independen-temente dos defeitos que pudesse ter tido ou dos erros que houvesse co-metido, afinal, errar, erramos todos.

QUEM ESCREVEU O PRIMEIRO LIVRO DE YÔGA

Sêvánanda introduzira o Yôga sob uma conotação pesadamente mística e em clima de monastério. Quem iniciou o Yôga como trabalho profissional no Brasil, foi o grande Caio Miranda. Dele foi o primeiro livro de Yôga de autor brasileiro. Escreveu vários livros, fundou perto de vinte institutos de Yôga em diversas cidades e formou os primeiros instrutores de Yôga. Assim como Sêvánanda, Caio Miranda tinha forte carisma que não deixava ninguém ficar indiferente: ou o amavam e seguiam, ou o odiavam e perse-guiam.

Na década de sessenta, desgostoso pelas incompreensões que sofrera, morreu com a enfermidade que ceifa todos aqueles que não utilizam pújá em suas aulas, pois essa técnica contribui para com a proteção do instrutor e os que não a aplicam ficam mais vulneráveis.

A partir da morte do Mestre Caio Miranda ocorreu um cisma. Antes, haviam-se unido todos contra ele, já que sozinhos não poderiam fazer frente ao haviam-seu conhecimento e ao seu carisma. Isso mantinha um equilíbrio de forças. De um lado, um forte e do outro, vários fracos...

Mas a partir do momento em que estava vago o trono, dividiram-se todos. Por essa razão, os nomes desses profissionais serão omitidos, pois não merecem ser citados nem lembrados. Pessoas que vivem falando de Deus e de tolerância, mas por trás semeiam a discórdia no seio do Yôga não merecem ser mencionadas. São exemplos de incoerência.

QUEM REALIZOU A OBRA MAIS EXPRESSIVA

Em 1960 surgiu o mais jovem professor de Yôga do Brasil. Era DeRose, então com 16 anos de idade, que começara a lecionar numa conhecida sociedade filosófica. Em 1964 fundou o Instituto Brasileiro de Yôga. Em 1969 publicou o primeiro livro (Prontuário de Yôga Antigo), que foi elogi-ado pelo próprio Ravi Shankar, pela Mestra Chiang Sing e por outras auto-ridades. Em 1975, já consagrado como um Mestre sincero, encontrou o apoio para fundar a União Nacional de Yôga, a primeira entidade a congre-gar instrutores e escolas de todas as modalidades de Yôga sem discrimina-ção. Foi a União Nacional de Yôga que desencadeou o movimento de união, ética e respeito mútuo entre os profissionais dessa área de ensino. Desde então, a União cresceu muito e conta hoje com centenas de Nú-cleos, praticamente no Brasil todo, e ainda em outros países da América Latina e Europa.

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MESTRE DeROSE 27 Em 1978 DeRose liderou a campanha pela criação e divulgação do

Primeiro Projeto de Lei visando à Regulamentação da Profissão de Professor de Yôga, o qual despertou viva movimentação e acalorados

debates de Norte a Sul do país. A partir da década de setenta introduziu

os Cursos de Extensão Universitária para a Formação de Instrutores de Yôga em praticamente todas as Universidades Federais, Estaduais e

Católicas. Em 1980 começou a ministrar cursos na própria Índia e a lecionar para instrutores de Yôga na Europa. Em 1982 realizou o Primeiro

Congresso Brasileiro de Yôga. Ainda em 82 lançou o primeiro livro

voltado especialmente para a orientação de instrutores, o Guia do Instrutor

de Yôga; e a primeira tradução do Yôga Sútra de Pátañjali, a mais

importante obra do Yôga Clássico, já feita por professor de Yôga brasileiro. Desafortunadamente, quanto mais sobressaía, mais tornava-se alvo de uma perseguição impiedosa movida pelos concorrentes menos honestos que sentiam-se prejudicados com a campanha de esclarecimento movida por DeRose, a qual dificultava as falcatruas dos vigaristas3. Em 1994, completando 20 anos de viagens à Índia, fundou a Primeira Universidade

de Yôga do Brasil e a Universidade Internacional de Yôga em Portugal e

na Argentina. Em 1997 DeRose lançou os alicerces do Conselho Federal

de Yôga e do Sindicato Nacional de Yôga. Comemorando 40 anos de

magistério no ano 2.000, recebeu em 2.001 e 2.002 o reconhecimento do título de Mestre em Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber em Yôga pela FATEA – Faculdades Integradas Teresa d’Ávila (SP), pela Universidade Lusófona, de Lisboa (Portugal), pela Universidade do Porto (Portugal), pela Universidade de Cruz Alta (RS), pela Universidade Estácio de Sá (MG), pela Câmara Municipal de Curitiba (PR) e pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração, a qual também lhe conferiu uma Comenda. Em 2.003 recebeu outro título de Comendador, agora pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História. Em 2004 recebeu o grau de Cavaleiro, pela Ordem dos Nobres Cavaleiros de São Paulo, reconhecida pelo Comando do Regimento de Cavalaria Nove de Julho, da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Por lei estadual, em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a data do aniversário de DeRose, 18 de fevereiro, foi decretada como o Dia do Yôga em todo o Estado.

Todas essas coisas foram precedentes históricos. Isso fez de DeRose o mais discutido e, sem dúvida, o mais importante Mestre de Yôga do Brasil, pela energia incansável com que tem divulgado o Yôga nos últimos 40 anos em livros, jornais, revistas, rádio, televisão, conferências, cursos, viagens e

3 A esse respeito, leia as denúncias publicadas nos livros Encontro com o Mestre e A regulamentação dos Profissionais de Yôga, os dois de autoria do Mestre DeRose. Denúncias essas, jamais contestadas.

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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

28

formação de novos instrutores. Formou mais de 5.000 bons instrutores e ajudou a fundar milhares de centros de Yôga, associações profissionais e Federações, Confederações e Sindicatos de Yôga, no Brasil e noutros países. Sempre exigiu muita disciplina e correção daqueles que trabalham com o seu método de Yôga Antigo, o Swásthya Yôga, o que lhe valeu a reputação de perfeccionista, bem como muita oposição dos que iam sendo reprovados nas avaliações das Federações lideradas por ele.

Defende categoricamente o Yôga Antigo, pré-clássico, pré-vêdico, denomi-nado Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, o qual sistematizou e denominou Swásthya Yôga, o Yôga Ultra-Integral.

Exemplo de seriedade, tornou-se célebre pela corajosa autocrítica com que sempre denunciou as falhas do métier, sem todavia faltar com a ética pro-fissional e jamais atacando outros professores. Isso despertou um novo espírito, combativo e elegante, em todos aqueles que são de fato seus dis-cípulos.

O PRATICANTE DEVE TER OPINIÃO PRÓPRIA

Quem pratica Yôga ou filosofias correlatas, tem que ter opinião própria e não deixar-se influenciar por especulações sem fundamento.

Dois dos Mestres aqui mencionados já são falecidos e foram cruelmente incompreendidos enquanto estavam vivos. Será que teremos de esperar que morram todos para então lamentarmos a sua falta? Será que vamos continuar, como sempre, sujeitando os precursores à incompreensão, injus-tiça e desapoio para louvá-los e reconhecer seu mérito só depois de mor-tos?

(29)

MESTRE DeROSE 29

Documentação do título de Mestre

reconhecido por diversas entidades

(30)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

(31)

Q

UE CONFUSÃO

!

A

CONFUSÃO GERADA PELOS LIVROS

Para o leitor leigo, muitos livros de Yôga mais fazem confusão do que esclarecem. Esperemos que este não contribua para piorar a babel, mas, ao contrário, possa desfazer essa barafunda.

O motivo dos livros em geral embaraçarem a compreensão é que a maior parte foi escrita por leigos e o panorama não está claro nem para eles próprios que os escreveram. Ao tentar explicar, confundem. Há uma parcela de autores que conhecem o assunto, no entanto esses pecam por achar que todo o mundo tem algum conhecimento e falam indiscriminadamente de Vêdas, Puránas, Upanishads, Bhagavad Gítá, Yôga Sútra, Mahá Bhárata, com bastante intimidade, atabalhoando tudo, sem esclarecer o que é cada um desses textos e onde se localiza em relação aos demais. Este livro vai organizar essa miscelânea.

A

CONFUSÃO GERADA POR DESINFORMAÇÃO

No Ocidente, quando falamos de Yôga, sempre surge alguém com alguma pergunta ou declaração que o associe ao Budismo. Ora, para começar, Budismo é religião e o Yôga é filosofia. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para piorar a gafe, na Índia, menos de 1% da população é budista. Finalmente, para desespero de quem faz esse tipo

(32)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

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de embrulhada, o Yôga faz parte do Hinduísmo4, enquanto que o Budismo é uma heresia5 do Hinduísmo!

No entanto, o leitor poderá argumentar que encontrou várias referências em livros, que estabeleciam associações entre Yôga e Budismo. De fato, isso existe. Na maior parte das vezes ocorre pelas razões expostas nos primeiros parágrafos deste capítulo. Ademais, o Hinduísmo é tão antigo, tão vasto e tão multifacetado que poderemos, eventualmente, encontrar situações insólitas e contraditórias. Registre-se, porém, que isso não é a regra: é a exceção.

Existe um Yôga Budista? Sabendo-se que Budismo é uma religião, falar de um Yôga Budista é o mesmo que mencionar um Yôga Católico, um Yôga Luterano, um Yôga Adventista. Seria algo como afirmar a existência de um Golfe Católico, um Futebol Luterano, um Vôlei Adventista, diferentes dos seus homônimos praticados por outras religiões. Não que o Yôga seja esporte. Poderíamos fazer a mesma comparação com outras áreas. Imagine se seria possível uma Informática Judia, uma Física Nuclear Evangélica ou uma Engenharia Umbandista, diferentes da Informática, da Física Nuclear ou da Engenharia praticadas por outras religiões!

Contudo, às vezes encontra-se no Ocidente propaganda oferecendo “Yôga Cristão” como se isso fosse alguma especialidade. O que o prestador de serviços quer dizer, nesse caso, é que os cristãos podem

4 Vale a pena esclarecer que o Hinduísmo não é uma religião, mas uma cultura. É como o Cristianismo. Cristianismo também não é uma religião, mas uma cultura que contém várias religiões. Alguns livros aplicam uma referência imprecisa como “a religião hindu” ou “a religião cristã”, induzindo a confusão quem não estiver familiarizado com o contexto.

5 Ocorre uma diferença crucial entre o conceito de heresia do Cristianismo e o do Hinduísmo. No Cristianismo, através da História, o herege é perseguido, torturado e morto. A simples pecha de herege já embute um sentido pejorativo. Entretanto, no Hinduísmo o conceito de heresia é entendido no sentido universal: heresia é quando uma religião ou seita discorda e se afasta da doutrina-mãe, que constitui tronco principal. O Budismo teve suas origens no Hinduísmo e constituiu uma contestação a ele, portanto, é uma heresia em relação ao Hinduísmo. Acontece que o Hinduísmo concede uma tolerância incomensurável às divergências e as absorve quase todas, fazendo-as constituir correntes do próprio Hinduísmo. No caso do Budismo as divergências eram muito relevantes e não foi possível absorvê-lo. Por outro lado, numa demonstração chocante de tolerância, o templo hindu Lakshmí-Narayan (Birla Temple) de Delhi, possui uma alameda que conduz a um templo budista, construído ao lado pelo mesmo mecenas, o Sr. Birla. Os devotos visitam o santuário hindu e, muitas vezes, estendem sua visita ao templo budista – e vice-versa.

(33)

MESTRE DeROSE 33 praticar suas aulas sem nenhum conflito com a religião, o que, afinal, é verdade. Mas Yôga Cristão não é um ramo de Yôga.

A

CONFUSÃO GERADA PELO MERCADO

Tão incoerente quanto barafundar o Yôga com religiões é misturá-lo com nacionalidades. É comum encontrarmos oferta de Yôga Tibetano, Yôga Egípcio, Yôga Israelense. Ora, Tibet, Egito, Israel, são países. “Yôga Tibetano” faz tanto sentido quanto “Yôga Brasileiro”, “Yôga Argentino”, “Yôga Português”. Se existe Yôga no Tibet ele tem que ser identificado pelo seu nome verdadeiro: Rája Yôga, Hatha Yôga, Karma Yôga, Bhakti Yôga, etc.

Também ouve-se falar de Yôga Desportivo, Yôga Artístico, Yôga Fitness, Power Yôga, etc. Trata-se de táticas modernas para tentar atingir o consumidor onde ele é mais vulnerável: no apelo da novidade. Yôga Desportivo será Hatha Yôga? Yôga Artístico não será Hatha Yôga também? Power Yôga e Yôga Fitness não serão igualmente Hatha Yôga? Mas Hatha Yôga está gasto, ultrapassado,

demodé. Ninguém mais quer praticar Hatha Yôga no Ocidente. Então,

(34)
(35)

A

ESTRUTURA DO

H

INDUÍSMO

V

AMOS LOCALIZAR O FIO DA MEADA

Para desfazer o imbróglio, vamos estudar a estrutura do Hinduísmo. Talvez assim compreendamos que ao expressar nossos pontos de vista, estaremos sendo ortodoxos, sim, mas intolerantes jamais.

Primeiramente, para facilitar a compreensão, vamos dividir o estudo do Hinduísmo em dois grupos de escrituras: Shruti e Smriti.

I. S

HRUTI

Shruti é a parte mais antiga, cujas raízes localizam-se há mais de mil anos antes da nossa Era.

Shruti significa “aquilo que é ouvido”. Pode estar se referindo à tradição oral, em que o ensinamento era transmitido de boca a ouvido, ou então ao fato de que essas escrituras foram recebidas através de revelação, por meio da qual os rishis “ouviram” os textos.

O Shruti é formado pelos quatro Vêdas – Rig Vêda, Sama Vêda, Yajur Vêda e Atharva Vêda. Os Vêdas, por sua vez, compõem-se das divisões denominadas Mantras, Brahmanas, Aranyakas e Upanishads. Destas, as Upanishads são as que mais nos interessam por apresentar as mais arcaicas referências hindus sobre o Yôga.

UPANISHAD

(36)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

36

Upanishad significa literalmente sentar-se junto, mas normalmente é traduzido como comentário. É que as Upanishads são os comentários dos Vêdas e, por isso, estão situadas no final deles6.

As Upanishads servem para fundamentar filosofias como o Vêdánta e o Yôga. Há Upanishads especializadas em diferentes temas, como filosofia, medicina, religião, astronomia, etc. Em seu livro

Yôgakundaliní Upanishad, Sivánanda declara que existem 108

Upanishads. Em uma das minhas viagens à Índia, encontrei nos Himalayas uma cópia antiga da Rudráksha Upanishad, que explana sobre a semente de Rudráksha (Lágrima de Shiva), à qual atribuem-se propriedades medicinais. Interessamo-nos especialmente pelas, assim chamadas, Yôga Upanishads: Maitrí Up., Yôgatattwa Up., Yôgashára Up., Yôgakundaliní Up., Dhyánabindu Up., Nádabindu Up., Ksurika Up, Kathaka Up., etc., pois tratam do Yôga.

UPANISHADS (COMENTÁRIOS) DOS RESPECTIVOS VÊDAS RIG VÊDA (10 Upanishads)

PRINCIPAL UPANISHAD: Aitarêya.

VÊDÁNTA UPANISHADS: Atmabôdha, Kaushítakí, Mugdala.

SAMNYÁSA UPANISHADS: Nirvána.

YÔGA UPANISHAD: Nádabindu.

VAISHNAVA UPANISHADS: Não há.

SHAIVA UPANISHADS: Akshamálá.

SHAKTA UPANISHADS: Tripurá, Bahvrichá, Saubhágyalakshmí.

YAJUR VÊDA (51 Upanishads) PRINCIPAL UPANISHAD: Katha, Taittiríya,Ísávásya, Brhadáranyaka.

VÊDÁNTA UPANISHADS: Akshi, Êkáshara, Garbha, Pránágnihôtra, Swêtásvatara, Sháriraka, Sukarahasya, Skanda, Sarvasára, Adhyátma, Nirálamba, Paingala, Mántrika, Muktika, Subála.

SAMNYÁSA UPANISHADS: Avádhúta, Katharudra, Brahma, Jábála, Turíyátíta, Paramhamsa, Bhikshuka, Yájnavalkya, Sátyáyaní.

YÔGA UPANISHAD: Amrtanáda, Amrtabindu, Kshurika, Tejôbindu, Dhyánabindu, Brahmavidyá,

Yôgakundaliní, Yôgatattwa, Yôgashikhá, Varáha, Advayatáraka, Trishikhibráhmana, Mandalabráhmana, Hamsa.

VAISHNAVA UPANISHADS: Kalishántarana, Náráyana, Tárasára.

SHAIVA UPANISHADS: Kálágnirudra, Kaivalya, Dakshinámúrti, Panchabrahma, Rudrahrdaya.

6 Daí deriva o nome da filosofia Vêdánta, termo que significa literalmente o final dos Vêdas, já que o Vêdánta é baseado nas Upanishads.

(37)

MESTRE DeROSE 37

SHAKTA UPANISHADS: Saraswatírahasya.

SÁMA VÊDA (16 Upanishads) PRINCIPAL UPANISHAD: Kêna, Chándôgya.

VÊDÁNTA UPANISHADS: Mahat, Maitráyaní, Vajrasúchí, Sávitrí.

SAMNYÁSA UPANISHADS: Árunêya, Kundika, Maitrêyí, Samnyása

YÔGA UPANISHAD: Jábáladarshana, Yôgachúdámani,

VAISHNAVA UPANISHADS: Avyakta, Vásudêva.

SHAIVA UPANISHADS: Jábálí, Rudrákshajábála.

SHAKTA UPANISHADS:

ATHARVA VÊDA (31 Upanishads) PRINCIPAL UPANISHAD: Prasna, Mándúkya, Mundaka.

VÊDÁNTA UPANISHADS: Átmá, Súrya.

SAMNYÁSA UPANISHADS: Náradaparivrájaka, Parabrahma, Paramhamsaparivrájaka.

YÔGA UPANISHAD: Páshupatabrahma. Mahávákya, Sándilya.

VAISHNAVA UPANISHADS: Krishna. Gáruda, Gopálatápaní, Tripádvibhútimahánáráyana, Dattátrêya,

Nrsimhatápaní, Rámatápaní, Rámarahasya, Hayagríva.

SHAIVA UPANISHADS: Atharvashikhá, Athavashira, Ganapati, Brhajjábála, Bhasmajábála, Sarabha.

SHAKTA UPANISHADS: Annapúrna, Tripurátápaní, Dêví, Bhávaná, Sítá.

TOTAL POR TIPO DE UPANISHAD

PRINCIPAIS UPANISHADS: 10 VÊDÁNTA UPANISHADS: 24 SAMNYÁSA UPANISHADS: 17 YÔGA UPANISHAD: 20 VAISHNAVA UPANISHADS: 14 SHAIVA UPANISHADS: 14 SHAKTA UPANISHADS: 9 TOTAL: 108

II. S

MRITI

Smriti é divisão mais nova. A maior parte dos textos deste grupo tem pouco mais de 2.000 anos. Smriti significa memória, referindo-se provavelmente às recordações posteriores daquilo que o Shruti ensinara no passado remoto.

Fazem parte do Smriti as divisões: Smriti, Itihasas, Puránas, Ágamas e Darshanas.

(38)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

38

Os Itihasas são os épicos Mahá Bhárata (Grande Índia) e Rámáyana (o caminho, ou a vida de Ráma). Onde fica o Bhagavad Gítá? Ele é um capítulo do Mahá Bhárata. O Mahá Bhárata é a descrição de uma guerra. O Bhagavad Gítá (a canção do Sublime) é a descrição de uma batalha daquela guerra. Relata fatos reais, redigidos de forma poética, com ensinamentos filosóficos e éticos.

b) PURÁNAS

Purána significa antigo, antiguidade. São textos, mais acessíveis, que permitem ao indiano médio compreender os ensinamentos antigos sob uma redação mais simples. Contêm muitos contos, fábulas e outras formas populares para transmissão do conhecimento. Estes são alguns Puránas:

Shiva Purána, Vishnú Purána, Brahma Purána, Brahmanda Purána, Skanda Purána, Linga Purána, Agni Purána, Naradiya Purána, Padma Purána, Gáruda Purána, Varaha Purána, Bhagavata Purána, Brahmavaivarta Purána, Markandêya Purána, Bhavishyat Purána, Vamana Purána, Kúrma Purána, Matysa Purána, etc.

c) ÁGAMAS

Os Ágamas são manuais do culto vêdico, textos que ensinam ao devoto como oficiar o culto pessoal e doméstico às suas divindades eleitas. Podemos também entender os Ágamas como tendências devocionais.

Certa vez, estávamos diante do Gandhi Memorial, em Delhi, e um distinto senhor, muito solícito como em geral os indianos são, explicou-nos que, segundo alguns estudiosos, contam-se 330 milhões de deuses no hinduísmo. Ainda que esse número seja bastante exagerado, não teríamos espaço nem justificativa para descrever aqui centenas de tendências devocionais. Portanto, vamos ater-nos às três principais, aquelas que abarcam a maciça maioria da população. São elas:

(39)

MESTRE DeROSE 39 Consta que Shiva foi um bailarino que viveu na civilização Harappiana ou Dravídica. Atribui-se a Shiva a criação do Yôga. Shiva tem mais de mil nomes e atributos. Natarája é o Shiva bailarino. Shankar é o Shiva saddhu, meditante. Rudra é o Shiva irado. Pashupati é o Shiva senhor dos animais. Representa o Aspecto Renovador do Absoluto. Talvez por isso seja o patrono do Yôga, arte de renovação biológica e mental por excelência. 2- Vaishna (Vishnuísmo)

Vishnú é o Aspecto Conservador do Absoluto. É o equivalente ao Espírito Santo do Cristianismo. Vishnú se manifesta no mundo através de seus Avatares, que são as encarnações divinas. O hinduísmo é tão tolerante que reconhece Buddha como um Avatar de Vishnú, apesar de Sidharta ter renegado o hinduísmo! Krishna foi outra dessas encarnações. O Krishnaísmo constitui uma seita do Vishnuísmo. Assim, os Harê Krishnas pertencem a este Ágama.

3- Shakta (Shaktismo)

Shaktismo é o herdeiro do Tantrismo. Digamos que seja uma interpretação tântrica do Hinduísmo, ou uma forma aceita pela sociedade ariana (hindu) de praticar os preceitos tântricos. Shakta é o adorador da Shaktí. Shaktí significa energia e designa a mulher que, além de ser parceira, é cultuada como deusa viva. Notemos que das três tendências devocionais mais expressivas da Índia, duas delas estão alicerçadas na cultura ariana, pré-vêdica.

d) DARSHANAS

Darshana significa ponto de vista. O Hinduísmo compreende seis darshanas, ou seja, seis pontos de vista segundo os quais ele pode ser professado. Independentemente das religiões e seitas, o Hinduísmo possui uma profusão de filosofias. Estas seis detêm o status do reconhecimento formal e acadêmico. Agrupam-se duas a duas, em função de suas afinidades.

(40)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO 40 1-Yôga 2- Sámkhya; Segundo par: 3- Vêdánta 4- Purva Mimansa; Terceiro par: 5- Nyáya 6-Vaishêshika.

Podemos constatar que o Yôga é casado com o Sámkhya e não com o Vêdánta, como muitos livros e instrutores insistem em ensinar.

Neste livro tratamos de Yôga. Comentamos um pouco sobre Sámkhya, já que o Yôga tem mais afinidade com o Sámkhya. Costumo ensinar aos meus futuros instrutores de Yôga: nosso foco deve ser o Yôga, portanto, invista 99% do seu tempo a ele. Nosso Yôga é de raízes Sámkhyas, portanto, dedique 0,9% do seu tempo a ele. A literatura moderna de Yôga é muito influenciada pelo Vêdánta, portanto, aplique 0,1% do seu tempo a ele.

Não estudaremos Mimansa, Nyáya, nem Vaishêshika, porquanto entendemos que o Yôga não tem praticamente nenhuma relação com esses outros três darshanas.

Agora, que compreendemos a estrutura do Hinduísmo, recordemo-nos de que o Yôga surgiu séculos antes do advento do Shruti, numa civilização que foi extinta justamente quando os arianos ocuparam o seu território. O Vêdismo, que depois foi denominado Brahmanismo, e, finalmente, Hinduísmo, contém muitos elementos da cultura dravídica, mas diversos autores costumam negar isso.

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Shruti Vêdas Rig Vêda Sama Vêda Yajur Vêda Atharva Vêda Mantras Brahmanas Aranyakas Upanishads (Yôga Upanishads: Maitrí Up., Yôgatattwa Up., Yôgashára Up., Yôgakundaliní Up., Dhyánabindu Up., Nádabindu Up., Ksurika Up, Kathaka Up.)

Smriti Dharma shástras

Itihasas Mahá Bhárata (do qual faz parte o Bhagavad Gítá) Rámáyana

Puránas Shiva Purána, Vishnú Purána, Brahma Purána, Brahmanda Purána, Skanda Purána, Linga Purána, Agni Purána, Naradiya Purána, Padma Purána, Gáruda Purána, Varaha Purána, Bhagavata Purána, Brahmavaivarta Purána, Markandêya Purána, Bhavishyat Purána, Vamana Purána, Kúrma Purána, Matysa Purána, etc.

Ágamas Vaishnas (vishnuístas) Shaivas (shivaístas) Shaktas (shaktistas) Yôga e Sámkhya Vêdánta e Mimansa HINDUÍSMO Smriti Darshanas Nyáya e Vaishêshika Notas do quadro:

1 O Yôga Pré-Clássico é mencionado nas Yôga Upanishads.

2 O Yôga que consta do Smriti é o Yôga Darshana ou Yôga Clássico, que surgiu cerca de 3.000 anos depois do Yôga Pré-Clássico.

(42)
(43)

yaeg

O

QUE É O

Y

ÔGA

?

A

PALAVRA

Y

ÔGA

O termo Yôga7 é masculino, deve-se escrever com Y e com acento no

ô. O acento pode variar, dependendo da convenção utilizada

(circunflexo, macro, etc.). Contudo, seja qual for o acento, a palavra sempre deve ser pronunciada com ô longo e fechado. O vocábulo Yôga significa união, no sentido de integração ou integridade.

A

DEFINIÇÃO DO

Y

ÔGA

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao

samádhi8. Esta é a definição mais abrangente e que serve para todas

as modalidades.

C

OMO SE CLASSIFICA

7 O acento indica apenas onde está a sílaba longa, mas ocorre que, muitas vezes, a tônica está noutro lugar. Por exemplo: pújá pronuncia-se “púdja”; e yôganidrá pronuncia-se “yôganídra”. Para sinalizar isso aos nossos leitores, vamos sublinhar a sílaba tônica de cada palavra. Consulte o CD Sânscrito - Treinamento de Pronúncia para aprender a pronunciar melhor. [A repetição do texto é intencional e foi admitida como concessão didática.]

8 Samádhi é o estado de hiperconsciência e autoconhecimento que só o Yôga proporciona. Não tem nada a ver com o satori do Zen, nem com o nirvana do Budismo. Essas confusões são perpetradas pelos teóricos, que leram muito e tendem a embaralhar os sistemas no afã de encontrar um ponto em comum ou para exibir sapiência.

(44)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

44

Em termos de classificação, Yôga é uma filosofia. Filosofia de vida. Filosofia prática. Há 4 troncos e 108 ramos de Yôga, todos diferentes e muitos deles incompatíveis entre si. Por isso, quem se dedica a uma vertente não deve mesclá-la com outra. No desenrolar deste capítulo compreenderemos a razão. Para tanto, é preciso conhecer a história do Yôga.

U

MA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO

O estudo do Yôga e da sua história é cativante por tratar-se de uma aventura no tempo e no espaço. Primeiramente, transportamo-nos ao Oriente, à Índia, região para nós misteriosa, transbordante de magia, divindades, poderes, fenômenos, montanhas e rios sagrados, templos e monges.

Além dessa viagem ao Oriente, precisamos realizar uma expedição no tempo, recuando mil, dois mil, três, quatro, cinco mil anos! Como seria o povo que viveu naquela época? Quais seriam seus valores e estrutura comportamental9? Para termos uma idéia mais precisa do que significa isso, se retornarmos no tempo dois mil anos, estaremos próximos do ano zero da Era Cristã. Se voltarmos mais dois mil, ainda faltarão mil anos para chegarmos ao palco temporal em que tudo começou.

A

OPÇÃO DO

Y

ÔGA

P

-C

LÁSSICO

Muita gente pergunta-nos a razão pela qual elegemos para ensinar especialmente o Yôga Pré-Clássico. Não seria mais confortável trabalhar com o Clássico ou algum mais moderno, dos quais encontra-se bibliografia às mancheias? Por qual motivo dedicar-nos a uma modalidade que é considerada extinta na própria Índia e de tão difícil investigação? A resposta é: o Yôga mais antigo é o melhor, o mais autêntico, o mais completo, o mais forte e o mais lindo. Ainda que ele não o fosse, constituiria uma experiência fascinante pesquisar o Yôga Primitivo por tratar-se de um dos mais arcaicos patrimônios culturais

(45)

MESTRE DeROSE 45 da Humanidade, uma verdadeira escavação de arqueologia filosófica. É deslumbrante resgatar esse tesouro quase perdido.

Um tesouro quase perdido, uma vez que ninguém mais se dedica a ensinar o Yôga Original. No dias atuais, virtualmente todos preferem ensinar o Yôga Moderno, que é utilitarista. O Yôga Moderno acena o tempo todo com benefícios, como se a coisa em si nada valesse e fosse necessário prometer alguma vantagem em troca da dedicação do aluno. O que pensaríamos de um professor de violino que, ao invés de focar pura e simplesmente a procura do público na arte de ser violinista, preferisse apelar para os benefícios terapêuticos da música? Sairia dali algum Yehudi Menuhin, alguma Vanessa Mae? O Yôga Antigo, além de ser uma filosofia, é uma arte. Devemos praticá-lo se já há algo dentro de nós que nos impele a ele, tal como impele o artista a pintar.

Q

UAL É O

Y

ÔGA MAIS AUTÊNTICO

Não há dúvida de que o Yôga mais autêntico é o original. Todos concordam com essa premissa. O primeiro a surgir é o mais legítimo. As outras variedades modificaram a proposta e a estrutura inicial, conseqüentemente, passaram a oferecer versões menos genuínas. É aí que muita gente se melindra com a verdade, pois ela poderia estar afirmando que o Yôga professado por este ou por aquele não é tão fidedigno. E isso é difícil de se aceitar. Requer muita humildade e pouco ego.

Contudo, a verdadeira proposta do Yôga original é relativamente fácil de se demonstrar pelo estudo da Cronologia Histórica do Yôga.

(46)
(47)

A C

RONOLOGIA

H

ISTÓRICA

DO

Y

ÔGA

O Yôga teve sua origem na Índia, ou melhor, no território hoje ocupado por ela. De fato, essa nação ainda não existia. No tempo, situa-se há 5.000 anos. Culturalmente, localiza-se na civilização harappiana ou dravídica, que expandiu-se a partir do Vale do Rio Indo10. Ao longo de cinco milênios, o Yôga sofreu inúmeras mutações. Vamos estudá-las.

Convidamos o leitor a ir construindo conosco o quadro da Cronologia Histórica do Yôga.

Primeiramente, dividimos o Yôga em dois grandes períodos: o Yôga Antigo e o Yôga Moderno. O primeiro ocupa um espaço de 4.000 anos. O segundo, ocupa apenas os últimos mil anos. Portanto, a primeira divisão deveria ser quatro vezes maior do que a segunda.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO

Duração 4.000 ANOS 1.000 ANOS

No entanto, há muito mais registros dos períodos mais recentes. Dessa forma, a divisão do Yôga Moderno acabou ocupando mais espaço no nosso quadro sinótico.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO

Duração 4.000 ANOS 1.000 ANOS

10 Consulte os livros O Vale do Indo, de Sir Mortimer Wheeler, Editora Verbo, Lisboa; e Índia Antiga, da Time-Life, São Paulo.

(48)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

48

A

PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE O

Y

ÔGA

A

NTIGO E O

Y

ÔGA

M

ODERNO

A diferença mais marcante entre os dois grandes grupos é o fato de que o Yôga Antigo é de tendência predominantemente Sámkhya, enquanto que o Yôga Moderno é de tendência predominantemente Vêdánta.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO Tendência Sámkhya Vêdánta

S

ÃO

,

PORTANTO

,

CORRENTES ANTAGÔNICAS

O Sámkhya11, é naturalista (não-espiritualista) e interpreta os fenômenos desencadeados pelo Yôga como ocorrências que obedecem às leis da Natureza e não são devidos a nenhuma graça divina nem mérito espiritual do praticante. Naturalismo é a filosofia que atribui causas naturais a todos os efeitos.

O Vêdánta, é espiritualista, não raro, místico, quase religioso, e atribui os fenômenos produzidos pela prática do Yôga à graça divina e ao mérito espiritual do praticante. Espiritualismo é a filosofia que atribui causas sobrenaturais a todos os efeitos.

O Y

ÔGA ORIGINAL NÃO ERA MÍSTICO

Note que, contrariamente ao que se imagina, o Yôga Antigo não é místico e nem mesmo espiritualista. Esse é o Yôga Moderno. Sempre achamos que os antigos fossem mais supersticiosos e místicos. É que quando nos referimos aos antigos, estamos nos reportando a 200 anos atrás, 500 anos, 1.000 anos. O Yôga Antigo data de 5.000 anos, um período denominado proto-histórico, pois nem mesmo histórico ele

11 O hinduísmo é constituído por seis filosofias denominadas darshanas, ou pontos de vista. Os seis são Yôga, Sámkhya, Vêdánta, Mimansa, Nyáya, Vaishêshika. São organizados em três grupos de afinidades: o Yôga tem afinidade de origem com o Sámkhya; o Vêdánta tem afinidade, não com o Yôga, mas com o Mimansa; e o Nyáya, com o Vaishêshika.

As repetições ao transmitir o ensinamento são intencionais para facilitar a memorização dos termos sânscritos e dos conceitos por parte do estudante.

(49)

MESTRE DeROSE 49 chegava a ser, já que não foram encontrados textos que registrassem a história. A questão é que não conseguimos sequer imaginar como era aquela civilização. Uma coisa parece certa: não eram religiosos. Nas escavações levadas a efeito desde o século XIX até o século XXI “não foram encontradas ruínas de templos, nem esculturas de divindades, nem de devotos em atitude de oração”12.

O espiritualismo e o misticismo foram se instalando na Índia em tempos posteriores e tiveram o seu apogeu na Idade Média.

O

S QUATRO TRONCOS DO

Y

ÔGA

O Yôga Antigo é dividido em Pré-Clássico e Clássico. Mesmo o Sámkhya que fundamenta esses dois períodos é diferente. O Pré-Clássico é fundamentado pelo Niríshwara Sámkhya, ou “Sámkhya sem-Senhor”, e o Clássico, pelo Sêshwara Sámkhya, ou “Sámkhya com-Senhor”. Este último é discretamente teísta, mas ainda não é espiritualista nem místico.

O Yôga Moderno é dividido em Medieval e Contemporâneo, ambos regidos pelo Vêdánta.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO Tendência Sámkhya Vêdánta

Período Yôga Pré-Clássico Yôga Clássico Yôga Medieval Yôga Contemporâneo

O

Y

ÔGA MAIS ANTIGO NÃO É O

C

LÁSSICO

Neste ponto, detectamos um erro gravíssimo cometido pela maior parte dos autores de livros e pelos professores de Yôga. Declaram eles com freqüência que o Yôga mais antigo é o Yôga Clássico, do qual ter-se-iam originado todos os demais. É muito fácil provar que estão sofrendo de cegueira paradigmática. Primeiramente, nada nasce já clássico. A música não surgiu como música clássica. Primeiramente surgiu a música primitiva, que precisou evoluir milhares de anos até que conquistasse o status de música clássica (tanto faz se música

(50)

ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

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clássica européia ou música clássica hindu). A dança é outro exemplo eloqüente. Primeiro surgiu a dança primitiva, que precisou evoluir milhares de anos até chegar a ser considerada dança clássica (seja ela Ballet Clássico ou Bhárata Natya). Nada nasce já clássico. E assim foi com o Yôga. Primeiramente, nasceu o Yôga Primitivo, Pré-Clássico, Pré-Ariano, Pré-Vêdico, Proto-Histórico. Ele precisou se transformar durante milhares de anos para chegar a ser considerado Yôga Clássico. Provado está que o Yôga Clássico não é o mais antigo, conseqüentemente, não nasceram dele todos os demais – o Pré-Clássico, por exemplo, não nasceu dele.

Além dessa demonstração, nas escavações em diversos sítios arqueológicos foram encontradas evidências de posições de Yôga muito anteriores ao período clássico e textos que precederam essa época já citavam o Yôga.

Mas como doutos escritores e Mestres honestos cometeram um erro tão primário?

Acontece que a Índia foi ocupada pelos áryas, cujas últimas vagas de ocupação ocorreram em cerca de 1.500 a.C. Isso foi o golpe de misericórdia na Civilização Harappiana, de etnia dravídica. Conforme registraram muitos historiadores, os áryas eram na época um povo nômade guerreiro sub-bárbaro. Precisou evoluir mil e quinhentos anos para ascender à categoria de bárbaro durante o Império Romano. A Índia foi o único país que, depois de haver conquistado a arte da arquitetura, após a ocupação ariana passou séculos sem arquitetura alguma, pois seus dominadores sabiam destruir, mas não sabiam construir, já que eram nômades e viviam em tendas de peles de animais.

Como sempre, “ai dos vencidos”. Os arianos aclamaram-se raça superior (isto lembra-nos algum evento mais recente envolvendo os mesmos arianos?) promoveram uma “limpeza étnica” e destruíram todas as evidências da civilização anterior. Essa eliminação de evidências foi tão eficiente que ninguém na Índia e no mundo inteiro sabia da existência da Civilização Harappiana, até o final do século dezenove, quando o arqueólogo inglês Alexander Cunningham começou a investigar umas ruínas em 1873. Por isso, as Escrituras

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MESTRE DeROSE 51 hindus ignoram o Yôga Primitivo e começam a História no meio do caminho, quando o Yôga já havia sido arianizado.

Tudo o que fosse dravídico era considerado inferior, assim como o fizeram nossos antepassados europeus ao dizimar os aborígines das Américas e usurpar suas terras. O que era da cultura indígena passou a ser considerado selvagem, inferior, primitivo, indigno e, até mesmo, pecaminoso e sacrílego. Faz pouco mais de 500 anos que a cultura européia destruiu as Civilizações Pré-Colombianas e as aldeias de aborígines, e já quase não há vestígio das línguas (a maioria foi extinta), assim como da sua medicina, das suas crenças e da sua engenharia que construiu Machu Picchu, as pirâmides, os templos e as fortalezas, cortando a rocha com tanta perfeição sem o conhecimento do ferro e movendo-as sem o conhecimento da roda.

Da mesma forma, na Índia, após mil e tantos anos de dominação ariana, não restara vestígio algum da extinta Civilização Dravídica. O Yôga mais antigo? Só podia ser ariano! Descoberto o erro histórico há mais de duzentos anos, já era hora de os autores de livros sobre o assunto pararem de simplesmente repetir o que outros escreveram antes dessa descoberta e admitirem que existira, sim, um Yôga arcaico, Pré-Clássico, Pré-Vêdico, Pré-Ariano, que era muito mais completo, mais forte e mais autêntico, justamente por ser o original.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO Tendência Sámkhya Vêdánta

Período Yôga Pré-Clássico Yôga Clássico Yôga Medieval Yôga Contemporâneo

Época Mais de 5.000 anos séc. III a.C. séc. VIII d.C. séc. XI d.C. séculos XIX e XX

O

CRIADOR DO

Y

ÔGA ERA DRÁVIDA

A tradição, as lendas e mesmo as Escrituras declaram que o Yôga foi criado por Shiva. Só não confessam que Shiva era drávida. No entanto, chama-nos a atenção um pormenor artístico. Em todas as pinturas, Shiva é representado com a pele mais escura que os demais. As pessoas que aparecem naquelas representações pictóricas têm a tez clara, porém o criador do Yôga é retratado com a cor violácea. Isso é bastante revelador, uma vez que os drávidas eram bem morenos,

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ORIGENS DO YÔGA ANTIGO

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tinham olhos negros e cabelos negros, enquanto que os arianos eram originalmente louros, de pele e olhos claros. Depois, com 3.500 anos de cruzamentos raciais, deixaram de sê-lo. Hoje podemos encontrar saddhus nas montanhas, que cobrem com cinzas sua pele escura e ficam com a mesma cor violácea atribuída ao criador do Yôga.

A

ORIGEM DAS CASTAS PARA SEGMENTAÇÃO ÉTNICA

Foi justamente o conflito étnico que gerou a divisão da sociedade indiana em castas. O termo varna, usado para designar casta, pode ser traduzido literalmente como cor. É que os arianos “puros”, encontrados atualmente entre os germânicos são, geneticamente, uma etnia muito frágil, de genes recessivos. Tanto que se miscigenarem-se com qualquer outra etnia, a descendência trará preponderantemente os traços dessa outra, cujos genes serão dominantes. Algo precisava ser feito urgentemente para que os guerreiros sub-bárbaros não se caldeassem com os conquistados. Essa medida foi o advento do sistema de castas que dividia a sociedade ariana por patamares de pureza racial para efeito hierárquico, bem como de heranças e de poder. Nas Américas não foi diferente. Índios, negros e mestiços não tiveram a aceitação dos europeus e seus descendentes. Tantos séculos depois, ainda não contam com uma perfeita integração cultural, social e econômica dos países em que vivem e aos quais emprestam sua contribuição. No entanto, impedir que os senhores cruzassem com suas escravas era uma empreitada inglória. Por isso, hoje, mesmo os de descendência e tradição ariana, ostentam os traços dos drávidas: pele escura, olhos negros, cabelos negros.

Ocorrera uma ironia do destino. Os áryas venceram pela espada e extinguiram quase todos os drávidas. Entretanto, os poucos drávidas sobreviventes venceram pelo sexo e extinguiram todos os arianos!

O Y

ÔGA

C

LÁSSICO FORMALIZA A ARIANIZAÇÃO

Cerca de 1.200 anos depois de instaurada a sociedade ariana na extensão de terra que passa a ser chamada Bhárata (os ocidentais chamam-na de Índia), nasce Pátañjali, que codifica o Yôga Clássico, formalizando sua arianização. Novo erro crasso por parte dos

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MESTRE DeROSE 53 escritores de livros sobre o tema: Pátañjali é constantemente denominado “o pai do Yôga”. Perguntamos nós: como pode alguém ser pai de algo que já existia milhares de anos antes do seu próprio nascimento?

Y

ÔGA

M

EDIEVAL

:

COMEÇA A VEDANTIZAÇÃO DO

Y

ÔGA

No século VIII d.C. Shankaráchárya viaja incansavelmente pela terra dos Bháratas, para divulgar a filosofia Vêdánta, convertendo, ao longo dos anos, grande parte da população hindu. A partir de então, as pessoas convertidas, ao praticar Yôga estariam professando obviamente um Yôga vêdantizado. Surge a fronteira ideológica que passará a dividir o Yôga em Antigo e Moderno.

O H

ATHA

Y

ÔGA É TÂNTRICO

No século XI d.C. Matsyêndranatha funda a Escola Kaula, do tantrismo (Kaulachara Tantra). Praticamente tudo o que existe de literatura tântrica no Ocidente é originário dessa Escola. Seu discípulo13 Gôrakshanatha funda o Hatha Yôga.

O Y

ÔGA

C

ONTEMPORÂNEO É

T

ANTRA

-V

ÊDÁNTA

No século XIX começa a surgir um movimento de recuperação do Tantra Branco, Dakshinachara Tantra (bem mais antigo que o Kaulachara) e tem início o Yôga Contemporâneo.

CRONOLOGIA HISTÓRICA DO YÔGA

Divisão YÔGA ANTIGO YÔGA MODERNO Tendência Sámkhya Vêdánta

Período Yôga Pré-Clássico Yôga Clássico Yôga Medieval Yôga Contemporâneo

Época Mais de 5.000 anos séc. III a.C. séc. VIII d.C. séc. XI d.C. séculos XIX e XX

Mestre Shiva Pátañjali Shankara Gôrakshanatha Aurobindo

U

PANISHADAS

13 Se era discípulo de Matsyêndra, seguia a mesma linha. Um discípulo hindu jamais questionaria ou contestaria seu Mestre, pois a liberdade de escolha é do discípulo. É ele que escolhe o Mestre e escolhe-o por concordar com suas idéias e com a sua maneira de ensinar. A partir daí, aceita tudo o que vier dele.

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No que tange à literatura de cada período, Shiva, ao que nos consta, não escreveu nada. Talvez a escrita nem mesmo existisse. Mas fazemos constar na primeira coluna o tipo de Escritura denominada Upanishad, pois é onde se encontram as mais antigas referências ao Yôga14.

Y

ÔGA

S

ÚTRA

No século III a.C., o grande mérito de Pátañjali foi o de perenizar o Yôga mediante sua tese Yôga Sútra15. O grande demérito foi que oficializou-se como Yôga algo que propunha uma postura comportamental contrária à proposta original. Deixa de ser tântrica para tornar-se brahmáchárya, seu oposto diametral.

Sútra pode significar cordão ou aforismo. Aforismos são ensinamentos cifrados em resumidíssimas palavras, somente inteligíveis para os iniciados naquela linha específica.

V

IVÊKA CHUDAMANI

No século VIII d.C., Shankara escreve sua obra Vivêkachudamani, publicada no Brasil, na década de 1960 pela FEEU (Fundação Editorial Educacional Universalista). Trata, obviamente, de Vêdánta.

H

ATHA

Y

ÔGA

P

RADÍPIKA

No século XI d.C., Gôraksha escreve seu livro Hatha Yôga, modalidade que logo passa a ser perseguida por tratar-se de vertente tântrica numa época de vigência brahmáchárya. Todos os exemplares são destruídos e os seguidores desse ramo são torturados. Por medo do martírio, instala-se o censurável costume, que perdura até os nossos dias, dos praticantes desse ramo de Yôga tântrico, o Hatha, declararem-se contra o Tantra! O livro proibido de Gôraksha Natha, por sua vez, é reescrito de memória por um discípulo, décadas mais tarde, quando as coisas se acalmam. A obra passa a denominar-se

14 Yôgashára Up., Yôgatattwa Up., Yôgakundaliní Up., Swetaswatara Up., Maitrí Up., Katha Up., etc.

Referências

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