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PARECER ÚNICO Nº /2014 (SIAM) INDEXADO AO PROCESSO: PA COPAM: SITUAÇÃO: PROCESSOS VINCULADOS CONCLUÍDOS: PA COPAM: SITUAÇÃO:

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PARECER ÚNICO Nº 1151297/2014 (SIAM)

INDEXADO AO PROCESSO: PA COPAM: SITUAÇÃO:

Licenciamento Ambiental 01276/2007/007/2014 Sugestão pelo Indeferimento

FASE DO LICENCIAMENTO: Licença de Operação Corretiva VALIDADE DA LICENÇA: ----

PROCESSOS VINCULADOS CONCLUÍDOS: PA COPAM: SITUAÇÃO:

EMPREENDEDOR: Vital Engenharia Ambiental CNPJ: 02.536.066/0001-26

EMPREENDIMENTO: Central de Tratamento de Resíduos da

Zona da Mata CNPJ: 02.536.066/0001-26

MUNICÍPIO: Juiz de Fora ZONA: Rural

COORDENADAS GEOGRÁFICA

(DATUM): córrego alegre LAT/Y 7.608.000 LONG/X 662.000

LOCALIZADO EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO:

INTEGRAL ZONA DE AMORTECIMENTO USO SUSTENTÁVEL X NÃO

NOME:

BACIA FEDERAL: Rio Paraíba do Sul BACIA ESTADUAL: Rio Paraibuna

UPGRH: PS1 SUB-BACIA: Córrego Barbeiro

CÓDIGO: ATIVIDADE OBJETO DO LICENCIAMENTO (DN COPAM 74/04): CLASSE

E-03-07-7 Tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos urbanos 5 F-05-12-6 Aterro para resíduos não perigosos – classe II, de origem industrial 6

RESPONSÁVEL TÉCNICO: REGISTRO:

Alberto Baeta Nunes CREA MG nº 26.701/D

RELATÓRIO DE VISTORIA: 114/2014 DATA: 14/11/2014

EQUIPE INTERDISCIPLINAR MATRÍCULA ASSINATURA

Julia Abrantes Felicíssimo– Analista Ambiental (Gestora) 1.148.369-0 Sandra Aparecida Moreira Scheffer – Analista Ambiental 1.184.000-6 Marcus Vinícius Maciel Chehuen – Analista Ambiental de Formação

Jurídica 1.215.992-7

De acordo: Gláucio Cristiano Cabral de Barros Nogueira

Diretor Regional de Apoio Técnico 1.197.093-6 De acordo: Wander José Torres de Azevedo

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1. INTRODUÇÃO

Em 27/10/2008 a Central de Tratamento de Resíduos de Juiz de Fora – CTR JF, empreendimento pertencente à Vital Engenharia Ambiental recebeu, no âmbito do PA nº 01276/2007/001/2007, a Licença Prévia nº 262/2008 ZM, com validade até 11/04/2010.

Em novembro de 2008 a Vital Engenharia S/A, formalizou junto a SUPRAM-ZM o PA Nº 01276/2007/002/2008 referente à Licença de Instalação da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos de Juiz de Fora. A referida LI foi concedida ao empreendedor em 27/07/2009, conforme Certificado LI Nº 350/2009, com validade até 27/07/2013.

Em 05/02/2010 foi formalizado junto a SUPRAM – Zona da Mata o processo de Licença de Operação da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos de Juiz de Fora, sendo emitido em 30/06/2010 o certificado LO Nº 0428 ZM com validade até 30/06/2014.

A licença ambiental emitida contemplou as seguintes unidades de recebimento e disposição final de resíduos:

Aterro Sanitário para recebimento de Resíduos Sólidos Domiciliares Classe II A – não inertes, conforme NBR 10.004/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e Resíduos de Serviços de Saúde pertencentes aos grupos A, B, D e E, conforme o disposto na Resolução CONAMA nº 358/2005;

Aterro de Inertes para recebimento de resíduos sólidos Classe II B – inertes, conforme NBR 10.004/2004 da ABNT;

Unidade de compostagem de resíduos orgânicos.

A licença ambiental emitida contemplou uma capacidade operada de final de plano da ordem de 400 toneladas de resíduos/dia, o que corresponderia a uma vida útil de 20 anos. Essa demanda volumétrica foi calculada com base na geração de RSU por parte do município de Juiz de Fora.

Contudo, sendo o aterro sanitário da CTR-JF o único empreendimento da região licenciado ambientalmente para o recebimento e destinação de tais resíduos, e tendo em vista se tratar de uma atividade de utilidade pública, o empreendimento passou a receber também resíduos gerados por outros municípios da região.

Segundo o empreendedor, se previa que esta demanda superior seria temporária e não alteraria a escala do empreendimento. Porém, em junho 2011 com o recebimento dos resíduos do município de Barbacena e a confirmação do interesse permanente de outros municípios, passou-se a operar com valores médios diários acima de 500 toneladas por dia.

Porém, o recebimento de volumes diários de RSU acima do que foi licenciado não é a única irregularidade constatada ao longo da operação do empreendimento, o qual também vem realizando o recebimento e destinação final de resíduos industriais, os quais são co-dispostos com os RSU no aterro sanitário da CTR-JF.

Em razão das irregularidades constatadas referentes à operação do empreendimento, foi lavrado em 15/02/2013, às 09h e 45min, o Auto de Infração n.º 45815/2013.

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O empreendedor assinou o Auto de Infração na data de 22/02/2013, na própria SUPRAM-ZM, ocasião em que também foi firmado o Termo de Compromisso Ambiental – TCA/TAC, com a finalidade de fazer cessar ou corrigir os efeitos negativos da sua atividade sobre o meio ambiente.

Após o prazo de validade do TAC a SUPRAM-ZM passou à análise acerca do seu efetivo cumprimento, conforme discussão apresentada no PARECER ÚNICO 0908638/2014, datado de outubro/2014. Nesta ocasião, a equipe da SUPRAM-ZM concluiu que o empreendedor não cumpriu satisfatoriamente com os itens estipulados no TAC, sendo, portanto, o mesmo considerado como NÃO ATENDIDO.

Ainda assim, o empreendedor formalizou em 28/03/2014 (fora do prazo do TAC) a Licença de Operação Corretiva, processo nº 01276/2007/007/2014.

Em 14/11/2014 a equipe da SUPRAM-ZM realizou vistoria técnica às instalações do empreendimento, para fins de subsidiar a análise do processo de Licença de Operação Corretiva pleiteado, sendo emitido a Auto de Fiscalização nº 114/2014.

2. DA LICENÇA AMBIENTAL EMITIDA

A Central de Tratamento de resíduos de Juiz de Fora, passou por todas as etapas do licenciamento ambiental para análise e avaliação dos aspectos relacionados à viabilidade locacional (Licença Prévia); sistemas de tratamento e controle ambiental (Licença de Instalação) e procedimentos operacionais e de monitoramento ambiental (Licença de Operação).

A concessão da Licença Prévia nº 262/2008 ZM, ocorrida em 27/10/2008, constatando pela viabilidade locacional, sob o ponto de vista ambiental, para a instalação do empreendimento na gleba selecionada pelo empreendedor, qual seja, Fazenda Barbeiro, só foi possível pelo fato de o objeto do licenciamento – destinação de resíduos sólidos urbanos – ser considerado, legalmente, como de UTILIDADE PÚBLICA.

Isto se deve, porque para a instalação do empreendimento foram necessárias intervenções ambientais para a supressão de uma área de 1,2 ha de vegetação característica de Floresta Estacional Semidecidual, típica do bioma Mata Atlântica, em estágio médio a avançado de regeneração; e Intervenção em uma área de 7,6 ha com supressão de vegetação nativa e pastagens no entorno de três nascentes e as margens dos cursos de água derivados das mesmas, portanto em área caracterizada como de preservação permanente.

Tais intervenções foram necessárias tanto para a instalação do aterro sanitário para destinação de Resíduos Sólidos Urbanos e Resíduos dos Serviços de Saúde (não perigosos), quanto para o Aterro de Resíduos Inertes provenientes da Construção Civil.

Assim, após a análise da viabilidade locacional e diante da possibilidade legal da instalação e operação do empreendimento na gleba pleiteada, foi emitido em 30/06/2010 o certificado LO Nº 0428 ZM, para a disposição final de 400 toneladas/dia (em final de plano) de RSU em aterro sanitário construído segundo os critérios da NBR 13.896 – Aterro de Resíduos Não Perigosos, juntamente com os resíduos de serviços de saúde, classificados como não perigosos, e um Aterro de Inertes, com área de 04 (quatro) ha para disposição dos resíduos inertes provenientes das atividades de construção civil realizadas pelo município.

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A CTR de Juiz de Fora é um empreendimento privado, pertencente à empresa Vital Engenharia Ambiental, e está requerendo, junto ao órgão ambiental, a Licença de Operação Corretiva para as seguintes atividades:

 Tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos urbanos (E-03-07-7);

 Aterro e/ou área de reciclagem de resíduos - Classe A, da construção civil (E-03-09-3);  Aterro para resíduos não-perigosos - Classe II, de origem industrial (F-05-12-6).

Além dos aterros de resíduos a CTR de Juiz de Fora possui as seguintes estruturas:

 Unidade de Compostagem (em implantação);

 Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos Percolados;

 Posto de Abastecimento e Oficina de Manutenção de Máquinas e Veículos;

 Instalações físicas de apoio constituídas por escritório, vestiários, sanitários, balança, guarita, refeitório e Centro de Educação Ambiental.

3.1. Do Aterro de Resíduos Não Perigosos – NBR 13.896

3.1.1. Recebimento e Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos e Resíduos de Saúde (não perigosos)

A Licença de Operação emitida refere-se a um volume diário de recebimento e disposição final de 400 toneladas de RSU, em final de plano, em aterro sanitário (NBR 13.896 – Aterro de Resíduos Não Perigosos). Contudo, após a obtenção da referida LO o empreendedor passou a operar em desacordo com a mesma, tendo em vista que, ainda no 1º ano da operação, já estava operando com a capacidade de 400 t/dia, correspondente a capacidade aprovada em final de plano, devido ao recebimento de RSU gerados por outros municípios da região, além de Juiz de Fora.

A partir do 2º ano de operação, tendo em vista o contrato firmado com o município de Barbacena, o empreendimento passou a operar com um volume de resíduos superior a 500 t/dia, sendo que atualmente, o aterro sanitário da CTR JF está recebendo um volume diário de resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos inertes provenientes da construção civil e os resíduos de serviços de saúde – não perigosos) da ordem de 800 t/dia. Este montante representa os resíduos gerados por 18 municípios da Zona da Mata, representando cerca de 70% em massa dos RSU gerados nos 142 municípios da região, com população estimada em cerca de 2.150.000 habitantes.

Segundo o informado, no período compreendido entre abril/2010 (data da emissão da LO) e dezembro/2013, a CTR de Juiz de Fora recebeu um total de 742.651 toneladas de resíduos sólidos não perigosos de origem urbana para a destinação final.

 Vida útil do empreendimento

Quando da emissão da LI à CTR de Juiz de Fora, o cálculo da demanda volumétrica do empreendimento foi estimado em função da geração de resíduos sólidos calculada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DEMLURB, publicada em Edital Público para a concessão dos serviços de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos de Juiz de Fora. Assim, foram estimadas demandas volumétricas de 3.800.000 m³ de resíduos sólidos urbanos e resíduos dos serviços de saúde (não perigosos) a serem destinadas para o Aterro

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Sanitário - Casse IIA. Na época do EIA, foi calculada uma capacidade volumétrica de 3.900.000 m³ na área da CTR de Juiz de Fora, o que, se comparado com a demanda estimada de 3.800.000 m³, corresponderia a uma vida útil superior a 20 (vinte) anos.

O projeto geométrico do Aterro Sanitário licenciado conforme Certificado LI Nº 350/2009, emitido em 27/07/2009, previa a disposição dos resíduos em 08 (oito) plataformas sucessivas, com 05 (cinco) metros de altura cada, localizadas entre as cotas 715 e 755 m, o que resultaria em um maciço de resíduos com altura máxima de 40 metros. O projeto contemplou ainda a instalação/operação do aterro em três fases distintas:

 Fase 1: capacidade volumétrica de 1.097.877 m³ e vida útil de 6 anos;  Fase 2: capacidade volumétrica de 1.498.126 m³ e vida útil de 8 anos;  Fase 3: capacidade volumétrica de 1.204.505 m³ e vida útil de 6 anos.

Contudo, o empreendedor não foi fiel à licença ambiental recebida, conforme informações apresentadas no EIA formalizado no âmbito do processo de LOC:

O Aterro Sanitário FASE 1 foi executado com plataformas de disposição de resíduos construídas entre as cotas 715 metros e 765 metros;

A FASE 1 conforme foi executada apresenta um volume estimado de 1.424.539 m³; Até dezembro de 2013 já haviam sido utilizados 861.513,91 m³ do volume disponível;

Resta disponível um volume de aproximadamente 563.025 m³, correspondente a uma vida útil estimada de 28 meses, contados a partir de janeiro/2014, totalizando uma vida útil de 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses para a FASE 1.

De acordo com o EIA, apesar do recebimento de quantidades de resíduos acima do aprovado na Licença de Operação, a FASE 1 do aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora atenderá ao objetivo do empreendimento sem comprometimento da vida útil total.

 Discussão:

No que se refere à capacidade instalada, pode-se concluir que a capacidade de 1.273.560 m³ licenciada para a FASE 1 do aterro sanitário foi ampliada, sem a aprovação do órgão ambiental, para 1.424.539 m³. Esta ampliação foi obtida com a construção de plataformas de recebimento de resíduos até a cota 765 metros, apesar de a licença ambiental ter contemplado a instalação da última plataforma na cota 755 metros. Esta modificação de projeto resultou tanto no aumento da altura final do maciço de resíduos (de 40 para 50 metros), quanto no aumento do volume de material de corte retirado, o que corresponde, de acordo com os dados do EIA, a 12% da capacidade volumétrica prevista e aprovada para a FASE 1 do aterro sanitário no âmbito das Licenças de Instalação e Operação da CTR de Juiz de Fora.

Em relação à vida útil da FASE 1, pode-se concluir que apesar das modificações de projeto executadas pelo empreendedor, ocorreu a sua redução em 01 (um) ano e 03 (três) meses, tendo em vista que a licença ambiental contemplou uma vida útil de 06 (seis) anos para a FASE 1.

O EIA apresentado no âmbito do processo de LOC contempla ainda um novo arranjo geométrico para a FASE 2. Assim, a capacidade volumétrica anteriormente licenciada de 1.498.126 m³ aumentaria para 1.789.850 m³. Esta ampliação corresponde a 273.298 m³ de

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resíduos ou 18% da capacidade já licenciada. Contudo, ainda assim ocorrerá uma redução de 06 (seis) meses na vida útil FASE 2, antes prevista para oito anos. Ainda segundo o EIA, serão adotadas as mesmas premissas para a maximização da capacidade volumétrica da FASE 3.

É importante observar que, apesar de o empreendedor informar que vem realizando, desde o início da licença de operação, a co-disposição de resíduos industriais Classe II no aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora, as informações apresentadas, referente ao calculo atualizado da vida útil do aterro, foi baseado apenas no volume de resíduos sólidos urbanos recebidos, não tendo sido contemplado o volume de resíduos industriais co-dispostos no aterro até o momento, conforme discutido a seguir.

3.1.2. Recebimento e Disposição de Resíduos Industriais Classe II – Não perigosos (co-disposição com os RSU e RSS não perigosos)

Conforme já mencionado, após a obtenção da Licença de Operação da CTR de Juiz de Fora o empreendedor passou a operar em desacordo com a mesma, tendo em vista o recebimento, ainda no 1º ano de operação, de volumes de resíduos sólidos urbanos superiores ao licenciado. Contudo, esta não foi a irregularidade mais grave constatada ao longo da operação do empreendimento. Assim como ocorreu com os RSU, ainda no 1º ano de operação a CTR de Juiz de Fora iniciou a atividade de recebimento e disposição final de resíduos industriais Classe II – não perigosos.

Desta forma, ao longo de toda a licença de operação, o empreendedor vem realizando a co-disposição de resíduos industriais no aterro sanitário do empreendimento, juntamente com os resíduos sólidos urbanos e resíduos de serviços de saúde (não perigosos) sem a obtenção das devidas licenças ambientais.

No período compreendido entre abril/2010 e dezembro/2013 o aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora recebeu uma média diária de 186 toneladas e uma média mensal de 5.580 toneladas de resíduos industriais – não perigosos, totalizando, segundo o informado, um volume de 251.081 toneladas de resíduos. Deste montante, cerca de 234.018 toneladas correspondem a resíduos industriais Classe IIA (não inertes), sendo o restante constituído por resíduos industriais Classe IIB – inertes.

Segundo os dados do EIA, caso o empreendimento obtenha a licença ambiental para o recebimento dos resíduos de natureza industrial, estima-se que diariamente poderão ser destinados em média 300 toneladas de resíduos industriais para o aterro de resíduos da CTR de Juiz de Fora.

 Controle da Operação do Aterro de Resíduos Industriais – Não Perigosos

Segundo o EIA, a atividade de disposição de resíduos industriais não perigosos é realizada de maneira análoga ao aterramento de RSU hoje em operação, sendo os resíduos industriais codispostos com os RSU tanto no maciço atual quanto no maciço da ampliação.

O monitoramento dos quantitativos de resíduos de origem industrial será agregado ao Programa de Monitoramento de todo o empreendimento, registrando origem, descrição, classificação, quantidade e destinação. Ainda de acordo com o EIA, o empreendedor admite como premissa para o recebimento de resíduos industriais a apresentação de Laudo de Classificação conforme a NBR 10.004:2004, realizado por laboratório credenciado, que conclua que são resíduos não perigosos.

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 Discussão:

A partir da análise das informações fornecidas pelo empreendedor referente ao recebimento e disposição de resíduos industriais Classe II – não perigosos juntamente com os RSU e RSS (não perigosos) no aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora, podemos tecer algumas considerações, conforme apresentadas a seguir.

Os dados atualizados referentes à vida útil do aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora apresentados tanto no EIA, quanto do PCA da Licença de Operação Corretiva não contemplaram o volume de resíduos industriais já co-dispostos no aterro sanitário. Embora estes resíduos estejam sendo co-dispostos no aterro sanitário, desde o início da sua operação (no ano de 2010), em momento algum os estudos apresentados mencionaram as consequências da disposição dos resíduos industriais sobre a vida útil da FASE 1, bem como das futuras fases do empreendimento. Os cálculos atualizados referentes a vida útil foram baseados apenas no aumento do volume de resíduos sólidos urbanos recebidos no empreendimento. Dito isto, restam dúvidas acerca das conclusões apresentadas pelo empreendedor no que se refere à manutenção da vida útil do aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora, apesar do recebimento de resíduos industriais Classe II (não previsto na licença ambiental) e de um volume maior de resíduos sólidos urbanos.

De acordo com o EIA, o empreendimento já recebeu até o momento cerca de 234.018 toneladas de resíduos industriais Classe IIA (não inertes) e 17.063 toneladas de resíduos industriais Classe IIB (inertes). Contudo, os estudos ambientais não deixaram claro se os resíduos industriais Classe IIB (inertes) estão sendo dispostos no aterro sanitário ou no aterro de inertes licenciado na unidade. A esse respeito é importante informar que o aterro de inertes foi licenciado exclusivamente para o recebimento de resíduos inertes provenientes da construção civil.

Apesar das informações contidas nos estudos ambientais referentes aos cuidados a serem adotados quando do recebimento dos resíduos industriais, inclusive “admitindo como premissa para o recebimento de resíduos industriais a apresentação de Laudo de Classificação conforme NBR 10.004:2004, realizado por laboratório credenciado, que conclua que são resíduos não perigosos”, até o momento o empreendimento não apresentou ao órgão ambiental os laudos que comprovem tal afirmação. Apesar de atuar desde 2004 no recebimento e destinação de tais resíduos, o estudo apresentado não contemplou, em momento algum, a apresentação de documentos (tais como manifestos de cargas e laudos de classificação, propriamente ditos), que comprovem a adoção dos cuidados mínimos necessários ao efetivo controle do recebimento e destinação de resíduos dessa natureza desde o início do seu recebimento.

Tendo em vista a ausência de um controle efetivo e comprovado, acerca da exigência dos laudos de classificação dos resíduos industriais antes do seu recebimento e disposição no aterro sanitário, é impossível para o empreendedor garantir que o empreendimento está recebendo apenas resíduos industriais Classe II – não perigosos.

3.1.3. Aterro de Resíduos Inertes - Classe A

Conforme mencionado no item 2 do presente Parecer Único, o empreendedor também está pleiteando o licenciamento ambiental corretivo para a atividade de Disposição de Resíduos Classe A da construção civil.

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Quando da concessão da Licença de Operação Nº 0428 ZM à CTR de Juiz de Fora, foi contemplado, além do aterro sanitário, um Aterro de Resíduos Inertes - Classe II B, licenciado com a finalidade de promover um local adequado para o recebimento de resíduos inertes - Classe IIB (ABNT NBR 10.004:2004), provenientes da construção civil.

Conforme definição apresentada na ABNT NBR 10.004:2004, que trata dos critérios de classificação dos resíduos sólidos, os Resíduos Classe IIB – Inertes são: “Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto cor, turbidez, dureza e sabor”.

O aterro de inertes licenciado possui área de 04 ha, com capacidade volumétrica estimada de 207.000 m³. O Aterro é do tipo de superfície (área) e rampa, implantado ao longo da construção de 05 plataformas com 6 metros de altura cada. Todo o aterro é totalmente encaixado no fundo do vale. A inclinação final da frente do maciço será de 1:2,3 (V:H), formado por taludes intercalados a cada desnível de 6 metros e por bermas correspondentes a cada camada aterrada. As bermas têm 4,0 m de largura e são inclinadas de 1% em direção ao pé do talude de montante, onde foram instaladas canaletas que irão proteger os taludes de uma possível erosão.

Em virtude da existência de uma nascente no local da instalação do aterro de resíduos inertes foi concebido um sistema de drenagem de base (drenagem envelopada), para as águas de fundação em “espinha de peixe”, composto por drenos de brita, manta geotêxtil e tubos perfurados, semelhante ao que foi implantado na área do Aterro Sanitário. A saída desses drenos ocorre à jusante do aterro de inertes, tendo sido implantada uma bacia de contenção de sedimentos, no sentido da drenagem natural do terreno, com o objetivo de evitar o carreamento de sólidos para o sistema de drenagem local.

A intervenção acima mencionada, só foi possível em função de o empreendimento ter sido considerado como de utilidade pública, conforme já relatado anteriormente.

Contudo, conforme o informado pelo empreendedor, ao longo da operação do empreendimento o Aterro de Inertes deixou de ser demandado pela prefeitura de Juiz de Fora ou por outros geradores, passando então a ser utilizado como Aterro de Resíduos Classe A provenientes da construção civil e demolição. Atualmente, este aterro recebe cerca de 1.226 toneladas de resíduos por mês, o que corresponde a uma média de 150 toneladas/dia.

Usualmente os resíduos da construção civil são enquadrados na Classe IIB (NBR 10.004:2004), contudo, tais resíduos podem ter sua classificação alterada para classe I ou classe IIA, em função da presença de produtos como: tintas, solventes, óleos e outros derivados utilizados no setor da construção civil.

Assim, visando uma classificação mais adequada destes resíduos, foi publicada uma resolução específica – Resolução CONAMA nº 307/2002 para tratar o assunto. Esta Resolução definiu claramente quais são os resíduos da construção civil, estabeleceu a sua divisão em 4 classes (A, B, C e D) conforme as características do resíduos e dispôs sobre a sua adequada gestão.

Desta forma, os resíduos Classe A (atualmente dispostos no aterro de inertes licenciado) correspondem àqueles resíduos que podem ser recicláveis ou reutilizáveis como agregados, tais como:

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Resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

Resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto; Resíduos de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.

 Discussão

A emissão da licença ambiental para o aterro de inertes da CTR de Juiz de Fora teve como finalidade promover um local adequado, sob o ponto de vista ambiental, para o recebimento e disposição final de resíduos inertes (entulhos) provenientes das atividades de construção civil do município de Juiz de Fora. Assim, quando da emissão das licenças ambientais, o empreendimento como um todo foi considerado como de utilidade pública. Este fator é fundamental no âmbito deste processo, tendo em vista que, assim como na área do aterro sanitário, foi necessário se promover o isolamento de uma nascente localizada sob a área do aterro de inertes, o que caracteriza uma intervenção em área de preservação permanente.

Tendo em vista a ausência de líquidos percolados provenientes da decomposição dos resíduos dispostos no aterro de inertes, os sistemas de controle exigidos para o mesmo são bem mais simples do que aqueles exigidos para os aterros de resíduos Classe IIA (não-inertes). Assim, quando da sua instalação, foram realizadas as atividades de remoção da vegetação, conformação do terreno, instalação de um sistema de drenagem de base, em “espinha de peixe” para drenagem das águas da nascente existente no local, composto por drenos de brita, manta geotêxtil e tubos perfurados, semelhante ao que foi implantado na área do Aterro Sanitário. A saída desses drenos ocorre à jusante do aterro de inertes, tendo sido implantada uma bacia de contenção de sedimentos, no sentido da drenagem natural do terreno, com o objetivo de evitar o carreamento de sólidos para o sistema de drenagem local.

É importante observar que o aterro de inertes não conta com sistema de impermeabilização de base, constituído pela instalação de mantas de PEAD. Da mesma forma, não existem sistema de drenagem de líquidos percolados (interligados à estação de tratamento de efluentes) ou drenagem de gases, pelo simples motivo de eles não serem exigidos legalmente, tendo em vista as características dos resíduos inertes.

Contudo, devido às menores exigências em termos de sistemas de controle ambiental, os cuidados com o recebimento e operação destes aterros devem ser redobrados. Isso se deve porque, conforme já comentado, os resíduos inertes podem facilmente se tornarem resíduos Classe IIA – não inertes ou até mesmo resíduos Classe I – perigosos, se entrarem em contato com contaminantes como óleos, solventes, tintas, resinas, dentre outros, amplamente utilizados nas atividades de construção civil.

A partir do momento que um resíduo deixa de ser inerte, ele se torna sujeito à geração de líquidos percolados, os quais possuem amplo poder de alteração da qualidade ambiental, em especial no que se refere às coleções hídricas superficiais e subterrâneas.

No caso do aterro de inertes da CTR de Juiz de Fora, esta suscetibilidade é ainda maior, tendo em vista a existência de uma nascente drenada no fundo do aterro. Esta nascente é consequência da pouca profundidade do lençol nesta área, resultando no afloramento das

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águas subterrâneas naquele ponto. Logicamente, quanto mais próxima da superfície maior a suscetibilidade de coleções hídricas subterrâneas sofrerem contaminação pela infiltração/percolação de efluentes.

Assim, ao iniciar o recebimento de resíduos - Classe A provenientes das atividades de construção civil executadas por diversas empresas do setor, o empreendedor aumentou, e muito, os riscos do recebimento de resíduos inertes contaminados e, portanto, destituídos da sua característica fundamental. Neste sentido, cabe ainda informar que as informações apresentadas referentes a esta atividade se limitaram em uma lista de nomes de empresas atendidas, não sendo informado a sua localização (município) ou apresentada qualquer documentação que comprove o recebimento estritamente de resíduos – Classe A da construção civil, como por exemplo, os manifestos de carga. Da mesma forma, os estudos apresentados não fizeram qualquer menção quanto às medidas de controle adotadas pelo empreendimento quando do recebimento destes resíduos.

Outra questão que não ficou clara no EIA é referente ao volume total de resíduos já dispostos no aterro de inertes. Conforme já comentado, no item que trata dos resíduos de origem industrial, o empreendedor informa que já foram recebidas 17.063 toneladas de resíduos industriais Classe IIB (inertes). Posteriormente, no item referente ao aterro de inertes, o empreendedor informa que está recebendo uma média diária de 150 toneladas de resíduos Classe A provenientes da construção civil. Contudo, não ficou claro no estudo apresentado se os resíduos Classe IIB (inertes) de origem industrial estão sendo dispostos no aterro de inertes ou no aterro sanitário. Da mesma forma, não constam informações quanto ao volume total de resíduos já dispostos no aterro de inertes, bem como a sua vida útil prevista.

Dito isto, a equipe da SUPRAM – Zona da Mata conclui que, a operação do aterro de inertes, da forma como vem sendo realizada, representa um grande risco ao meio ambiente, em especial, às coleções hídricas locais, tendo em vista as características da hidrografia local e o fato de a micro-bacia do córrego Barbeiro ser enquadrada na Classe 1 (DN COPAM nº 16 de 24 de setembro de 1996).

Também deve ser observado o fato de que o empreendimento não contemplou, no âmbito dos estudos apresentados, nenhuma campanha de monitoramento da qualidade das águas da nascente drenada sob o aterro de inertes. Desta forma, o órgão ambiental não possui dados suficientes para concluir se houve alterações nas características químicas das águas desta nascente. Contudo, no que se refere aos aspectos físicos do curso d’água associado a esta nascente (tributário localizado na margem direita do córrego Barbeiro), ficou comprovado, tanto pelos estudos referentes à ictiofauna (conforme discussão a ser apresentada neste Parecer) quanto pelas constatações “in loco” no momento da vistoria realizada pelos Analistas Ambientais da SUPRAM-ZM, que a operação do aterro de inertes resultou em grandes impactos, correspondente a um intenso assoreamento deste tributário.

Outra questão fundamental refere-se ao fato de a CTR de Juiz de Fora ter sido licenciada como um empreendimento considerado como de utilidade pública, uma vez que teve como finalidade, solucionar o problema da destinação dos resíduos sólidos urbanos gerados no município de Juiz de Fora, inclusive aqueles provenientes das atividades de construção civil e serviços de saúde (apenas resíduos não perigosos). Contudo, o recebimento de resíduos provenientes de empresas particulares, da forma como vem sendo realizado, não se enquadra nos critérios de utilidade pública, conforme definidos em lei. Assim, fica clara a impossibilidade legal de se conceder o licenciamento corretivo para a atividade de aterro de resíduos Classe A gerados por empresas particulares.

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3.1.4. Estação de Tratamento de Líquidos Percolados

No que se refere à Estação de Tratamento de Líquidos Percolados, a concepção proposta no âmbito da LI e LO da CTR de Juiz de Fora foi baseada em um sistema que compreende processos físico-químicos e biológicos por lodos ativados de aeração prolongada de fluxo contínuo e utilização de lagoas de maturação e de Wetland como polimento final. O Projeto Executivo para o Tratamento de Percolados foi desenvolvido sob a responsabilidade técnica da Eng. Ana Paula Santos da Silva, CREA-RS 128.711, conforme ART anexada ao processo de licença de instalação.

A Estação de Tratamento de Líquidos Percolados – ETLP licenciada é composta das seguintes estruturas: Lagoa de Chorume (volume útil de 224 m³), Tanque de Equalização, Tanque de Mistura, Reservatório de Gases, Misturador Hidráulico, Flocodecantador, Adensador de Lodo, Tanque de Mistura, Divisor de Vazão, Reator Anaeróbio (02 unidades), Decantador, Calha Parshall, Lagoa de Maturação e Lagoa de Wetland (02 unidades).

Segundo o informado nos estudos ambientais, o projeto implantado foi modificado do anteriormente proposto, de modo a também tratar os efluentes constituídos pelos líquidos percolados dos resíduos industriais, os quais são caracterizados por uma pequena concentração de carga orgânica, mas por grande diferenciação de materiais.

O novo processo de tratamento, segundo o informado, possibilitou o incremento na capacidade de tratamento do líquido percolado do aterro sanitário/industrial, contemplando uma capacidade de recebimento de até 240 m³/dia.

Segundo o estudo, o tratamento será do tipo físico-químico aplicando a tecnologia do biopolímero, atuando como fracionador de sólidos orgânicos e inorgânicos em suspensão, floculador e inversor molecular; e por oxiredução em aeração intensa de fluxo contínuo. O lançamento do efluente líquido tratado ocorre em lagoas revestidas com geomembrana, sendo depois lançado sobre a área do aterro sanitário (recirculação). A fração de sólidos resultante da desidratação do lodo gerado na ETLP é disposta no próprio Aterro Sanitário da CTR.

 Discussão

O estudo ambiental apresentado, referente à Estação de Tratamento de Líquidos Percolados, não deixou claro se as modificações/adequações de projeto mencionadas já haviam sido instaladas ou se ainda seriam executadas. Contudo, durante a vistoria realizada em 14/11/2014 às instalações do empreendimento, foi constatado que o sistema de tratamento instalado corresponde ao originalmente aprovado quando da emissão da licença ambiental, projetado apenas para o tratamento de percolados resultantes de resíduos sólidos urbanos.

A esse respeito, nos foi informado durante a vistoria, que, embora o empreendimento tenha promovido a instalação do sistema de tratamento proposto no âmbito do licenciamento ambiental, o mesmo não se mostrou eficiente ao longo da sua operação. Tal ineficiência foi atribuída, evidentemente, às características dos percolados gerados no aterro, em consequência da co-disposição dos resíduos industriais com os resíduos sólidos urbanos.

Assim, o empreendedor passou a apenas promover a etapa inicial do tratamento (lodos ativados e aeração prolongada) e posterior armazenamento do percolado em lagoas de

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estabilização, fato este só revelado no momento da vistoria. Segundo o informado, o efluente acumulado nestas lagoas está recebendo duas destinações:

1ª) Aspersão sobre a área do maciço de resíduos (apenas durante os períodos de estiagem); 2ª) Transporte até a ETE municipal de Barbosa Lage para tratamento junto com os efluentes sanitários do município e posterior lançamento no rio Paraibuna.

A respeito da aspersão do efluente sobre o maciço de resíduos, a equipe da SUPRAM-ZM informa que o empreendedor apresentou junto ao órgão ambiental o estudo referente à viabilidade de se realizar esse procedimento, sendo o mesmo aprovado pelo órgão ambiental. Contudo, o estudo apresentado contemplou a aspersão dos líquidos percolados provenientes do aterro sanitário de Resíduos Sólidos Urbanos, após passarem pelo processo de tratamento. Em momento algum este estudo mencionou que o empreendimento estava realizando o recebimento de resíduos industriais, e tão pouco mencionou o fato de que estava sendo realizada apenas a 1ª etapa do tratamento aprovado na licença ambiental.

Quanto ao armazenamento dos líquidos percolados nas lagoas de estabilização, e o seu posterior encaminhamento para tratamento na ETE Barbosa Lage, esta informação só veio a conhecimento do órgão ambiental no momento da última vistoria no empreendimento. Nesta ocasião foi constatado que o empreendimento conta com um total de 07 (sete) lagoas de armazenamento, sendo que as duas lagoas de Wetland construídas para dar o “polimento final” no efluente tratado foram transformadas em lagoas de armazenamento de líquido percolado.

Foi informado ainda que são destinados por dia apenas quatro caminhões de efluentes para tratamento na ETE Barbosa Lage, totalizando um volume de cerca de 60.000 litros de efluentes. Este envio reduzido se deve ao fato de que a ETE municipal também é destinada ao tratamento de resíduos com carga orgânica elevada, constituídos pelos esgotos sanitários, e não para o tratamento de resíduos com as características do percolado gerado na CTR-JF. Assim, o encaminhamento de um volume maior de percolados para a referida ETE municipal poderia acarretar na morte das bactérias utilizadas para o referido tratamento e o comprometimento do referido sistema. Nesse sentido, é fundamental informar que a licença ambiental emitida jamais considerou o envio de tais efluentes para tratamento na referida ETE municipal, mas tão somente, o seu descarte, após passar pelo tratamento, no emissário da ETE Barbosa Lage, tendo em vista a impossibilidade do seu lançamento no curso d’água que drena a área do empreendimento.

A equipe da SUPRAM-ZM constatou ainda, no momento da vistoria, que TODAS as lagoas de acumulação de percolados encontram-se completamente cheias, ocorrendo, inclusive, o transbordamento de efluentes em alguns pontos. Esta questão é bastante preocupante, tendo em vista que o volume de líquidos percolados gerados no aterro é muito superior ao volume de efluentes transferidos diariamente para a ETE Barbosa Lage. Aliado a isto, temos o fato de que estamos em pleno período chuvoso, sendo o município de Juiz de Fora caracterizado por elevadas médias pluviométricas.

Nesse sentido, o empreendedor informou que já adquiriu os equipamentos referentes a complementação do sistema de tratamento de líquidos percolados, sendo a sua instalação prevista para ocorrer ainda no mês de novembro. Contudo, a eficiência do tratamento só é atingida após 90 (noventa) dias do início da sua operação, o que significa que o empreendedor terá que adotar outra medida, mais imediata, para a solução deste problema.

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4.0. Da Ocorrência de Impactos Ambientais 4.1. Qualidade das Águas Subterrâneas

4.1.1. Campanha de monitoramento realizada em 2007

Em 2007 foi realizado um estudo hidroquímico com o objetivo de conhecer as características físico-químicas das águas subterrâneas da área da CTR-JF e seu entorno, antes da construção dos maciços de resíduos, e com isso estabelecer parâmetros comparativos para o monitoramento das águas após a sua instalação e durante sua operação.

De acordo com os estudos apresentados no âmbito do processo de LP, o sentido de fluxo das águas subterrâneas na área do empreendimento tende a ser na direção dos cursos de água superficiais, caracterizando tais drenagens naturais como efluentes das águas subterrâneas. O modelo adotado considerou a circulação das águas subterrâneas restrita às bacias hidrográficas superficiais, ou seja, não existe transposição de águas entre bacias.

A rede de monitoramento executada foi constituída por três pontos de monitoramento, denominados P11, P13 e P14, sendo este último correspondente à nascente canalizada sob a área do aterro sanitário.

A campanha realizada em 2007 (antes da instalação do empreendimento) utilizou como referência, para fins de avaliação da qualidade das águas subterrâneas, os parâmetros de potabilidade da água estabelecidos na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, à época vigente (Tabela 1).

As características físico-químicas das águas subterrâneas analisadas demonstraram uma baixa salinização e mineralização para todos os elementos determinados, à exceção do ferro total, que se demonstrou acima dos limites de potabilidade para consumo humano.

De acordo com o estudo, os valores elevados de Ferro total são naturais da área, e refletem a mineralogia constituinte dos solos em processo de laterização. Mesmo acima do padrão, os valores encontrados, da ordem de 2,8 mg/L, não são preocupantes, pois deve apenas alterar as propriedades organolépticas da água.

Os teores de metais pesados se apresentaram abaixo dos limites de potabilidade estabelecidos;

Os valores de condutividade elétrica, que é um indicador qualitativo do teor de sais dissolvidos, indicam águas com baixa mineralização, condizente para águas de circulação em rochas cristalinas;

Os teores de nitrato e nitrito, indicadores de poluição biológica, apresentaram valores abaixo do limite de detecção (Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater).

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Tabela 1: Dados do monitoramento realizado em 2007.

4.1.2. Campanhas de monitoramento realizadas ao longo da LO

A rede de monitoramento da qualidade da água subterrânea executada ao longo da operação do empreendimento, no período entre os anos de 2010 a 2013, é constituída por 04 poços de monitoramento, sendo dois localizados a montante (PM-01 e PM-02) e dois a jusante (PJ-01 e PJ-02) do maciço de resíduos. É importante informar que nenhum dos pontos amostrados corresponde à nascente canalizada sob a área do aterro sanitário (ponto P14 monitoramento 2007).

 Campanha de monitoramento 2010

A campanha realizada em 2010 foi realizada pelo laboratório ACQUALAB MONITORAMENTO AMBIENTAL LTDA, sendo as coletas realizadas nos dias 18 de novembro e 08 de dezembro (Tabela 2).

Conforme pode ser observado na tabela abaixo os valores encontrados em 2010 para Chumbo total estão muito superiores aos limites legais nos 4 pontos monitorados. Observa-se que os valores alterados já são acusados nos pontos de montante PM 01 e PM 02, contudo, os maiores valores são observados nos pontos de jusante PJ 01 e PJ 02, que apresentaram 7,0 e 7,2 mg/L respectivamente.

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MONITORAMENTO ÁGUA SUBTERRÂNEA 2010

Parâmetro

Un. de

medida

Ponto

PJ 01

Ponto

PJ 02

Ponto

PM 01

Ponto

PM 02

MS (Port.

518/2004)

pH

UpH

6,9

6,8

7,9

7,1

6,0 - 9,0

Condutividade µS/cm

19

17

19

22

-

Cloretos

mg/L

56,8

56,8

63,9

63,9

250

Nitrogênio

amonical

mg/L

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

-

Chumbo total

mg/L

7,0

7,2

4,9

5,7

0,01

Cobre solúvel

mg/L

<0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 2,0

Cadmio total

mg/L

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

0,005

Cromo total

mg/L

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

0,05

Zinco total

mg/L

15,2

17,0

9,0

10,5

5,0

Nitratos

mg/L

0,4

0,8

<0,3

<0,3

10

E-Colli

NMP/100ml <1

<1

<1

<1

-

Tabela 2: Dados do monitoramento 2010 (parâmetros mais relevantes)

O mesmo pode ser observado para os valores de Zinco total, ou seja, apesar dos valores já superiores nos pontos de montante, houve um significativo aumento nos pontos de jusante PJ 01 e PJ 02, com concentrações de 15,2 e 17,0 mg/L respectivamente.

Os valores obtidos no monitoramento realizado em 2010 demonstram, claramente, que a operação do empreendimento causou contaminação das águas subterrâneas e, consequentemente, a alteração da sua qualidade.

 Campanha de monitoramento 2011

Assim como em 2010, a campanha de monitoramento da água subterrânea referente ao ano de 2011 foi realizada pelo laboratório ACQUALAB MONITORAMENTO AMBIENTAL LTDA, sendo as coletas realizadas no dia 10 de agosto de 2011 (Tabela 3).

Os valores de pH obtidos nos dois pontos de montante apresentaram-se acima dos limites legais, indicando uma maior alcalinidade das águas subterrâneas. Contudo, em PJ 01 e PJ 02 os valores encontrados encontram-se dentro dos limites legais estabelecidos.

O Chumbo total e Zinco total tiveram comportamento semelhante ao observado em 2010, ou seja, valores já alterados nos pontos de montante com aumento nos pontos de jusante. Nesta campanha, os valores destes elementos foram ainda maiores do que os observados na campanha de 2010.

Cádmio total e Cromo total também se apresentaram alterados.

A campanha de 2011 demonstrou que a qualidade das águas subterrâneas está comprometida, apresentando valores ainda mais preocupantes do que os observados na campanha de 2010.

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MONITORAMENTO 2011 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 518/2004) pH UpH 6,64 6,61 10,84 7,09 6,0 - 9,0 Condutividade µS/cm 95 17 155 19 - Cloretos mg/L 28,40 42,60 49,70 49,70 250 Nitrogênio amoniacal mg/L <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 - Chumbo total mg/L 7,5 7,7 5,3 5,9 0,01 Cobre solúvel mg/L <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 2,0 Cádmio total mg/L <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,005 Cromo total mg/L <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,05 Zinco total mg/L 17,1 17,9 10,0 10,7 5,0 Nitratos mg/L 0,45 1,6 <0,3 <0,3 10 E-Colli NMP/100ml <1 <1 <1 <1 -

Tabela 3: Dados do monitoramento 2011 (parâmetros mais relevantes)

 Campanha de monitoramento 2012

A campanha 2012 de monitoramento da água subterrânea, assim como nos anos de 2010 e 2011, foi realizada pelo laboratório ACQUALAB MONITORAMENTO AMBIENTAL LTDA, sendo a coleta realizada no dia 8 de agosto de 2012 (Tabela 4).

Obs: Publicação da portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde (Padrões de Potabilidade) em substituição à Portaria MS 518/2004). MONITORAMENTO AGOSTO DE 2012 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 2914/2011) pH UpH 7,1 7,2 10,5 7,2 6,0 – 9,0 Condutividade µS/cm 92 14 58 34 - Cloretos mg/L 1,9 2,4 1,5 1,5 250 Nitrogênio amoniacal mg/L <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 - Chumbo total mg/L < 6 < 6 < 6 < 6 0,01 Cobre solúvel mg/L < 30 < 30 < 30 < 30 2,0 Cadmio total mg/L < 2 < 2 < 2 < 2 0,005 Cromo total mg/L <10 <10 <10 <10 0,05 Zinco total mg/L 22 < 14 < 14 38 5,0 Nitratos mg/L 1.031,61 1,010,33 1.244,38 1.669,91 10 E-Colli NMP/100ml 15 6 2,5 2,5 -

Tabela 4: Monitoramento de 2012 (parâmetros mais relevantes)

Os valores de ph encontrados no ponto de montante PM1 estão bastante alterados.

Os valores de Chumbo total se apresentaram menores do que os encontrados nas campanhas de 2010 e 2011. Contudo, permanecem muito acima dos padrões de referência adotados.

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Apesar da pequena redução observada nas concentrações de Chumbo total podemos constatar que para as demais substâncias químicas que representam riscos à saúde - Cobre solúvel, Cadmio total e Cromo total – os valores obtidos estão muito superiores àqueles encontrados nas campanhas anteriores.

O mesmo comportamento foi observado para as substâncias Zinco total e Nitratos, que também apresentaram as maiores concentrações já registradas até o momento.

A partir dos dados obtidos no monitoramento 2012 é possível constatar que houve uma significativa piora da qualidade das águas subterrâneas, se comparado aos demais monitoramentos realizados após o início da operação do empreendimento.

 Campanha de monitoramento 2013

Os monitoramentos realizados no ano de 2013 foram executados pelo laboratório Engequisa.

Até o ano de 2013 o empreendedor vinha realizando uma campanha de monitoramento por ano. Contudo, ao longo do ano de 2013 foram realizadas quatro campanhas de monitoramento das águas superficiais (abril, julho, setembro e dezembro), conforme os dados apresentados abaixo.

Monitoramento mês de abril MONITORAMENTO ABRIL DE 2013 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 2914/2011) pH UpH 9,9 6,2 6,8 6,7 6,0 – 9,0 Condutividade µS/cm 62,46 38,30 41,2 28,51 - Cloretos mg/L < 0,1 1,4 0,94 < 0,1 250 Nitrogênio amoniacal mg/L <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 - Chumbo total mg/L 0,1 0,1 0,1 0,1 0,01 Cobre solúvel mg/L 0 0 < 0,004 0 2,0 Cadmio total mg/L < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 0,005 Cromo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,05 Zinco total mg/L 0,04 0,04 < 0,25 0,03 5,0 Nitratos mg/L 0,5 0,7 1,1 0,5 10 E-Colli NMP/100ml < 1 < 1 <1 < 1 -

Tabela 5: Monitoramentos de abril de 2013 (principais parâmetros)

Na campanha realizada em abril de 2013 foram observados valores de pH no ponto de jusante PJ01 acima dos limites legais.

Os valores de Chumbo total, embora ainda acima dos limites estabelecidos, apresentaram uma inacreditável redução em relação ao último monitoramento, datado de agosto/2012 tendo em vista a sua redução de cerca de 6 mg/L para 0,1 mg/L.

O Cobre solúvel, que na última campanha apresentou valores próximos a 30 mg/L, agora está praticamente ausente em todos os pontos monitorados.

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O Cadmio total, ainda que acima dos limites estabelecidos, apresentou valores < 0,03 mg/L contra 2 mg/L obtidos na campanha anterior.

O Cromo total, antes com valores próximos a 10 mg/L agora apresenta concentrações < 0,05 mg/L em todos os pontos amostrados, portanto dentro dos limites estabelecidos.

O Zinco total, cujos valores variaram entre 14 e 38 mg/L na última campanha agora se apresenta dentro dos limites estabelecidos em todos os pontos amostrados.

Os Nitratos cujos valores obtidos na última campanha variaram entre 1.000 e 1.670 mg/L, nesta campanha apresentaram-se abaixo dos valores máximos em todos os pontos monitorados.

Assim, observa-se que no período compreendido entre os meses de agosto/2012 e abril/2013 houve uma redução extraordinária das concentrações da grande maioria dos parâmetros avaliados, em especial dos metais pesados. Contudo, tendo em vista que o estudo referente a qualidade das águas subterrâneas não apresentou qualquer discussão acerca dessa questão, apesar da sua relevância, a mesma permanece sendo um mistério para a equipe da SUPRAM-ZM. Monitoramento mês de julho MONITORAMENTO JULHO DE 2013 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 2914/2011) pH UpH 10,3 6,0 6,8 5,6 6,0 – 9,0 Condutividade µS/cm 94 45 88 34 - Cloretos mg/L < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 250 Nitrogênio amoniacal mg/L < 0,05 <0,05 <0,05 < 0,05 - Chumbo total mg/L < 0,1 < 0,1 < 0,03 < 0,1 0,01 Cobre solúvel mg/L < 0,003 < 0,003 < 0,003 < 0,003 2,0 Cadmio total mg/L < 0,03 < 0,03 < 0,03 < 0,03 0,005 Cromo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,05 Zinco total mg/L 0,02 0,05 0,04 0,06 5,0 Nitratos mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 10 E-Colli NMP/100ml < 1 < 1 <1 < 1 -

Tabela 6: Monitoramento mês de julho (principais parâmetros)

Os valores de pH do ponto de jusante PJ 01 permaneceram em desacordo com os parâmetros legais vigentes.

Chumbo total e Cádmio total mantiveram os mesmos valores registrados em abril/2013, e permanece ligeiramente acima dos limites estabelecidos.

Os demais parâmetros monitorados atenderam aos padrões vigentes. Mais uma vez, o estudo não contemplou qualquer análise acerca da drástica melhora observada sobre a qualidade das águas subterrâneas.

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MONITORAMENTO SETEMBRO DE 2013 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 2914/2011) pH UpH 7,6 7,7 7,8 7,7 6,0 – 9,0 Condutividade µS/cm 57 38 93 24 - Cloretos mg/L < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 250 Nitrogênio amoniacal mg/L < 0,05 <0,05 <0,05 < 0,05 - Chumbo total mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 Cobre solúvel mg/L < 0,003 < 0,003 < 0,003 < 0,003 2,0 Cadmio total mg/L < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,005 Cromo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,05 Zinco total mg/L < 0,01 0,014 0,014 0,014 5,0 Nitratos mg/L 0,5 0,3 < 0,01 0,7 10 E-Colli NMP/100ml < 1 < 1 <1 < 1 -

Tabela 7: Dados do monitoramento de setembro (principais parâmetros)

O monitoramento de setembro/2013 apresentou todos os parâmetros em conformidade com os padrões vigentes, exceto para Cadmio total, que apesar de ter reduzido em relação ao monitoramento anterior, permanece ligeiramente acima dos limites vigentes.

Monitoramento mês de dezembro MONITORAMENTO DEZEMBRO DE 2013 Parâmetro Unidade de medida Ponto PJ 01 Ponto PJ 02 Ponto PM 01 Ponto PM 02 MS (Port. 2914/2011) pH UpH 8,3 7,3 6,8 6,9 6,0 – 9,0 Condutividade µS/cm 50 56 105 32 - Cloretos mg/L 0,97 0,48 < 0,1 < 0,1 250 Nitr. Amoniac. mg/L < 0,05 <0,05 <0,05 < 0,05 - Chumbo total mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,01 Cobre solúvel mg/L < 0,003 < 0,003 < 0,003 < 0,003 2,0 Cadmio total mg/L < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,005 Cromo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,05 Zinco total mg/L 0,024 0,053 0,057 0,017 5,0 Nitratos mg/L 2,07 1,6 3,7 8,2 10 E-Colli NMP/100ml 1 600 10 < 1 -

Tabela 8: Dados do monitoramento de dezembro (principais parâmetros)

No monitoramento de dezembro/2013, assim como no anterior, apenas Cadmio total permaneceu ligeiramente acima dos limites legais vigentes.

 Discussão

A partir da análise dos dados obtidos nas campanhas de monitoramento da qualidade das águas subterrâneas foi constatado, que no período compreendido entre os anos de 2010 a 2012, a operação da CTR de Juiz de Fora causou sérios impactos sobre a qualidade das águas subterrâneas. Estes impactos estão relacionados aos elevadíssimos valores de substâncias

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nocivas a saúde, tais como Chumbo, Cadmio, Cromo, Zinco, Cobre e Nitratos, detectadas nas campanhas realizadas no referido período.

Como é de amplo conhecimento, os resíduos sólidos urbanos apresentam, em sua grande maioria (cerca de 70%), características estritamente orgânicas, motivo pelo qual, o sistema de tratamento de efluentes concebido e aprovado no âmbito da licença ambiental do empreendimento é constituído por processos biológicos. Dito isto, é possível inferir que os elevados valores de metais pesados e nitratos detectados nos monitoramentos realizados no período de 2010 – 2012 ocorreram em consequência da disposição de resíduos industriais no aterro sanitário da CTR de Juiz de Fora. Nesse sentido, surge ainda outra questão bastante preocupante, relacionada à classificação dos resíduos industriais co-dispostos no aterro sanitário, já que substâncias dessa natureza, também não deveriam estar presentes nos percolados resultantes de resíduos industriais Classe II – NÃO PERIGOSOS.

A este respeito, cumpre relembrar, que os poucos laudos de classificação de resíduos apresentados pelo empreendedor não são suficientes para comprovar a afirmação contida nos estudos ambientais de que o empreendimento só recebe resíduos industriais mediante a apresentação da referida documentação.

Os dados dos monitoramentos indicam ainda que está ocorrendo infiltração de substâncias contaminantes na área da CTR-JF, e permitindo que as mesmas atinjam as águas subterrâneas. Contudo, o estudo apresentado não contemplou qualquer análise acerca das possíveis causas desta contaminação. Da mesma forma, não foram proposta medidas para a mitigação deste impacto, além é claro, da continuidade do programa de monitoramento.

Em relação aos dados obtidos nas campanhas realizadas ao longo do ano de 2013, podemos observar uma grande discrepância em relação aos dados dos monitoramentos anteriores, especialmente em relação ao ano de 2012, onde foram registradas as maiores concentrações de substâncias nocivas à saúde. Neste sentido, tendo em vista todas as irregularidades já constatadas, em especial referentes ao recebimento de resíduos industriais e à ineficiência do sistema de tratamento de líquidos percolados, a equipe da SUPRAM-ZM tende a acreditar que os dados dos monitoramentos mais recentes são questionáveis.

Os monitoramentos de 2013 demonstraram uma melhoria contínua da qualidade das águas subterrâneas, demonstrando no último monitoramento a cessão, quase que completa, das fontes de contaminação. Contudo, essa melhora repentina da qualidade da água subterrânea permanece sem explicação para a equipe da SUPRAM-ZM, tendo em vista que os estudos apresentados não contemplaram qualquer discussão acerca deste fato.

A contaminação de águas subterrâneas ocorre normalmente em consequência da infiltração e percolação de substâncias nocivas através do solo, até atingirem o nível freático, especialmente em áreas onde o mesmo encontra-se próximo a superfície, como é o caso da área da CTR de Juiz de Fora.

Contudo, o estudo apresentado, não fez qualquer menção acerca das possíveis fontes de contaminação das águas subterrâneas e, tão pouco, contemplou qualquer medida adotada no empreendimento capaz de fazer cessar a contaminação destas águas.

Dito isto, a extraordinária recuperação da qualidade das águas subterrâneas da área do empreendimento demonstrada nos monitoramentos do ano de 2013, permanecem um completo mistério para a equipe da SUPRAM-ZM e, aparentemente, para o próprio empreendedor.

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Importante ainda mencionar que o empreendedor não promoveu, ao longo da operação do empreendimento, o monitoramento da qualidade das águas das nascentes canalizadas sob o aterro sanitário (correspondente ao ponto P14 da campanha 2007) e sob o aterro de inertes. Tal fato é bastante estranho, tendo em vista que no PCA apresentado à época do licenciamento foi informado que este dreno iria servir de “testemunho” do desempenho do sistema de impermeabilização de base executado.

4.2. Qualidade das Águas Superficiais

4.2.1. Monitoramento realizado em 2007

O monitoramento da qualidade das águas superficiais realizado em 2007 foi executado pelo laboratório “Visão Ambiental Ltda”, cujos procedimentos se baseiam na NBR 9898, no Guia de Coleta e Amostragem da CETESB, 1ª edição, 1988, e no “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”, 20ª edição, 1998, que dispõem sobre a preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores.

Abaixo são apresentados os resultados dos laudos das análises realizadas nos cinco pontos de monitoramento da qualidade da água superficial. Importante observar que a legislação ambiental em vigor no ano de 2007, quando da realização da 1ª campanha de monitoramento da água superficial era a DN COPAM 010/86.

MONITORAMENTO ÁGUA SUPERFICIAL 2007

Parâmetro Un. medida V-01 V- 02* V-03 V-04* V-05 DN 10/86

pH - 6,36 6,18 6,41 6,15 6,46 6,0 - 9,0 Cond. elétrica µS/cm 31,8 61,9 29,8 35,1 29,2 - DBO Mg O2/L 1,2 1,8 1,2 1,0 0,6 < 5,0 DQO Mg O2/L < 5 < 5 < 5 < 5 < 5 - Ferro solúvel mg/L 0,16 0,40 0,21 0,98 0,31 < 0,30 Fósforo total mg/L < 0,01 < 0,01 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,10 Manganês tot. mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,10 Nitratos mg/L 0,5 0,5 0,3 0,4 0,3 10

Óleos e graxas mg/L 2,2 <0,1 1,5 <0,1 0,9 ausentes

OD mg/L 5,82 6,18 6,03 5,79 6,04 >5

Sólidos tot dis mg/L 18 42 16 21 16 < 500

Turbidez U.N.T. 26 14 15 9 19 <100

Coliformes fec NMP/ 100 mL 130 230 170 300 1300 <1000 Coliformes tot NMP/ 100 mL 16000 2400 16000 16000 16000 < 5000

*V-02 corresponde a nascente sob o aterro de inertes e V-04 a nascente sob o aterro sanitário.

Tabela 9: Dados do monitoramento de 2007 (principais parâmetros)

Os dados do monitoramento 2007 demonstram que as águas superficiais da área diretamente afetada pelo empreendimento apresentavam-se, de um modo geral, dentro dos padrões de qualidade exigidos para águas Classe 1 (DN COPAM 10/1986).

Os valores ligeiramente elevados de Ferro solúvel ocorrem exatamente nos pontos V-02 e V-04, os quais correspondem às nascentes canalizadas sob o maciço do aterro sanitário e do aterro de inertes. A exemplo do que foi observado nas análises das águas subterrâneas, estes valores

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refletem a mineralogia constituinte dos solos em processo de laterização, tendo em vista que na área do empreendimento as águas superficiais são efluentes das águas subterrâneas. Mesmo acima do padrão, os valores encontrados, da ordem de 1,0 mg/L, não são preocupantes, pois deve apenas alterar as propriedades organolépticas da água.

Da mesma forma, os valores de Óleos e graxas encontrados, embora estejam ligeiramente acima dos limites legais, são considerados baixos, provenientes de óleos vegetais das áreas brejosas existentes na ADA, não sendo considerados uma inconformidade.

Foram observados valores de Coliformes fecais acima do padrão apenas no ponto V-05, devido à presença de fezes do gado que utiliza suas águas para a dessedentação. Os Coliformes totais apresentaram valores acima do padrão em todos os pontos monitorados, exceto V-04, indicando que estas águas sofrem contaminação por descarga de efluentes sanitários e atividades agropecuárias.

Dentre os cinco pontos amostrados em 2007, o ponto V-02 (correspondente à nascente canalizada sob o aterro de inertes) foi o que apresentou melhor qualidade. Na época esta característica foi atribuída pela sua localização mais reservada e a ausência da interferência de brejos, tendo em vista sua localização na porção mais elevada do terreno.

4.2.2. Monitoramentos da Fase de Operação

As campanhas de monitoramento realizadas a partir do ano de 2010, a longo da operação do empreendimento, utilizaram uma rede de amostragem diferente da executada na campanha de 2007, sendo composta por 06 (seis) pontos de monitoramento P1 – P6. Contudo, existem dois pontos de monitoramento que foram contemplados na campanha de 2007 e nas campanhas atuais. São eles:

 Ponto V1 (2007) / P3 (2013): Este é o ponto de monitoramento a montante da área de disposição de resíduos, localizado na direção do prédio administrativo.

 Ponto V5 (2007) / P6 (2013): Este é o ponto de monitoramento localizado a jusante da área do aterro sanitário.

É muito importante mencionar que os pontos V-02 e V-04 monitorados em 2007, correspondentes as nascentes canalizadas sob o aterro de inertes e aterro sanitário, não fazem parte da rede executada a partir de 2010. Isto significa que a qualidade das águas das duas nascentes canalizadas sob os maciços de resíduos não está sendo monitorada.

Para fins de avaliação da qualidade das águas superficiais a partir dos dados de monitoramento gerados entre os anos de 2010 a 2013, foi utilizada a DN CONJUNTA COPAM/CERH Nº 01/2008, que define os parâmetros para as águas de cursos d’água Classe 1.

 Campanha de monitoramento de 2010

Esta campanha foi realizada pelo laboratório ACQUALAB MONITORAMENTO AMBIENTAL LTDA, sendo a coleta das amostras realizadas nos dias 18 de novembro e 08 de dezembro de 2010 (Tabela 10).

Referências

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