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OS TIPOS DE JUNTAS DE DILATAÇÃO MAIS APLICADOS NA REDE RODOVIÁRIA PORTUGUESA E A SUA PRINCIPAL PATOLOGIA

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OS TIPOS DE JUNTAS DE DILATAÇÃO MAIS APLICADOS NA REDE

RODOVIÁRIA PORTUGUESA E A SUA PRINCIPAL PATOLOGIA

A. J. Marques Lima Eng.º Civil Mestre em Construção Brisa Engenharia e Gestão S.A. Loures Jorge de Brito Professor Associado com Agregação I.S.T. Lisboa SUMÁRIO

Esta comunicação tem como objectivo apresentar alguns dos resultados e conclusões mais significativos obtidos a partir de uma campanha de inspecção a 150 juntas de dilatação instala-das em obras de arte da rede Brisa. Os seus maiores enfoques são os tipos de juntas de dila-tação instalados e as principais anomalias que lhes estão associadas. Acrescenta-se que a campanha de inspecção referida serviu para a validação de um sistema de gestão de juntas de dilatação desenvolvido pelo primeiro autor no âmbito de uma dissertação de mestrado.

Palavras-chave: juntas de dilatação, pontes, obras de arte, manutenção, conservação, reabili-tação, sistema de gestão.

1. INTRODUÇÃO

As juntas de dilatação são hoje em dia um equipamento corrente com diversas tipologias e dezenas de fabricantes espalhados pelo mundo. No entanto, nem sempre foi assim. Até há bem pouco tempo, cerca da década de 70 e início da década de 80, a grande maioria das jun-tas de dilatação era fabricada sob encomenda especial para cada obra de acordo com o espe-cificado nas peças desenhadas do projecto de execução.

Até essa altura, as juntas de dilatação resumiam-se a um pequeno número de tipos. Vulgar-mente, para pequenos movimentos, as juntas eram do tipo ocultas sob o pavimento contínuo. Para maiores movimentos, a solução mais comum era a de juntas metálicas, do tipo placas

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deslizantes, sem dentes ou com dentes, consoante a menor ou maior amplitude de movimen-tos necessária. A Figura 1 ilustra uma dessas juntas, no caso, uma desenvolvida por Armando Rito para o Viaduto sobre a Ribeira do Fontão, projecto de 1983.

Figura 1: Junta metálica de dentes (Rito, 1983)

Apesar de os elastómeros nas juntas de dilatação surgirem pela primeira vez em 1954, numa junta sob o pavimento (para pequenos deslocamentos) desenvolvida por Leonhardt e que foi designada de junta de borracha, o grande “boom” da utilização dos elastómeros surge na dé-cada de 70 com o desenvolvimento das juntas pré-fabridé-cadas de elastómero armado (na altura designadas como tipo Transflex). Este tipo de juntas, com origem nos Estados Unidos, era constituído por chapas de aço situadas umas sobre as outras, desfasadas horizontalmente, vulcanizadas numa chapa de neoprene (Leonhardt, 1979). A partir de recortes, dispostos alter-nadamente em baixo e em cima, atingia amplitudes já significativas na ordem dos 300 mm (Fi-gura 2). Este tipo de juntas teve sucesso praticamente imediato, particularmente nos países nórdicos onde as juntas tinham uma vida útil bastante reduzida em virtude do uso de sal des-congelante nas estradas com neve e gelo, que acelerava irremediavelmente a corrosão das suas partes metálicas. O seu menor custo associado a um bom desempenho e a à sua imper-meabilidade terão sido outros factores determinantes.

Figura 2: Junta de elastómero armado tipo Transflex (Freyssinet / SBT, catálogo)

Desde então, o mercado das juntas pré-fabricadas cresceu exponencialmente e com ele a mul-tiplicidade de soluções, gerando a necessidade de se uniformizar os tipos de juntas indepen-dentemente dos seus fabricantes.

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2. TIPOS DE JUNTAS DE DILATAÇÃO

A classificação das juntas de dilatação pode ser efectuada segundo vários critérios, qualitativos ou quantitativos, mais simples ou mais elaborados. Apontam-se em seguida alguns dos crité-rios mais comummente utilizados:

− quanto ao modo de execução: as juntas podem ser moldadas in-situ, usualmente em ma-teriais betuminosos, ou resultar do assentamento de peças pré-fabricadas, usualmente em elastómero e aço;

− quanto à sua localização: as juntas podem ser subsuperficiais (mais habitualmente desig-nadas como ocultas ou não aparentes), ou ficarem situadas ao nível do pavimento; − quanto aos materiais: as juntas podem ser em material consideravelmente elástico do tipo

mistura betuminosa ou silicone, metálicas, em elastómero ou em soluções mistas;

− quanto ao funcionamento estrutural: topo a topo (juntas de nariz), apoiadas ou em consola; − quanto aos movimentos permitidos: estabelecendo-se grupos função de intervalos de

valo-res para as amplitudes permitidas.

Apesar da existência de diversas classificações a nível global, foi desenvolvida, pelo primeiro autor, uma em particular, no âmbito de um sistema criado para a gestão destes equipamentos. Essa classificação, mais adequada à realidade das juntas instaladas no país, considera 12 ti-pos de juntas de dilatação ordenados segundo amplitudes de movimentos tendencialmente crescentes. As designações adoptadas para as diversas tipologias foram escolhidas essenci-almente a partir dos materiais utilizados e da sua morfologia. O objectivo foi o de separar cla-ramente juntas com características e campos de aplicação distintos independentemente de algumas características comuns.Na Figura 3, apresenta-se um esquema indicativo de cada tipo de junta proposto.

3. CAMPANHA DE INSPECÇÃO

O primeiro autor desenvolveu, no âmbito de uma dissertação de mestrado, um sistema de ges-tão de juntas de dilatação. Para a sua validação, elaborou-se um plano de inspecção a partir de cuja implementação se pode, de uma forma paralela a essa mesma validação, retirar ilações relevantes e interessantes para os técnicos envolvidos no projecto, construção ou manutenção de obras de arte.

Esse plano de inspecção teve como base a rede de auto-estradas concessionadas à Brisa – Auto-Estradas de Portugal e um universo de 150 juntas de dilatação distribuídas por 71 obras de arte. Convém, no entanto, sublinhar que este universo pode não ser totalmente representa-tivo da realidade nacional até porque a Brisa foi a primeira empresa em Portugal, do ramo das infra-estruturas rodoviárias, a investir num sistema de gestão de obras de arte (Santiago, 2000). Por essa razão, o seu serviço de conservação tem, nesta altura, uma maturidade apre-ciável que dá garantias de segurança aos seus utentes e que torna pouco provável a existência de anomalias graves nas juntas de dilatação das suas obras de arte.

A escolha das obras de arte inspeccionadas obedeceu a vários critérios: localização geográfi-ca, idade e tipologia das obras de arte e volume de tráfego. Refira-se ainda que as inspecções feitas incluíram apenas análise visual e auditiva das juntas não tendo sido aplicada qualquer outra técnica de inspecção e diagnóstico in-situ ou realizado qualquer ensaio em laboratório.

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Tipo 1 – Juntas abertas Tipo 2 – Juntas ocultas sob pavimento contínuo

Tipo 3 – Juntas de betume modificado Tipo 4 – Juntas seladas com material elástico

Tipo 5 – Juntas em perfil de elastómero comprimido Tipo 6 – Bandas flexíveis de elastómero

Tipo 7 – Placas metálicas deslizantes Tipo 8 – Juntas de elastómero armado

Tipo 9 – Pentes metálicos em consola Tipo 10 – Juntas de elastómero armado compostas

Tipo 11 – Placas metálicas com roletes Tipo 12 – Juntas de perfis de elastómero múltiplos Figura 3: Tipos de juntas: esquemas tipo

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4. RESULTADOS OBTIDOS NA CAMPANHA DE INSPECÇÃO

Apresenta-se em seguida alguns dos resultados mais significativos que foram obtidos com a campanha de inspecção realizada, mormente no que concerne aos tipos de juntas e às anoma-lias encontradas.

4.1 Tipos de juntas de dilatação

Dos 12 tipos de juntas preconizados no sistema, foram identificados 10 na amostra (Figura 4). Não foram registadas juntas dos tipos 11 e 12, respectivamente, placas metálicas com roletes e juntas de perfis de elastómero múltiplos. As razões para essa ausência são, no entanto, per-ceptíveis. Estes tipos de juntas, para amplitudes muito elevadas, têm aplicação usual em pon-tes extensas que são raras e que não se encontraram na amostra. São, no entanto, juntas que se fabricam, as placas metálicas com roletes há várias décadas (Leonhardt referia, em 1979, que havia juntas deste tipo a funcionarem há quarenta anos) e as juntas de perfis de elastóme-ro múltiplos há menos tempo mas com cada vez maior utilização.

Figura 4: Frequência absoluta e relativa dos tipos de juntas de dilatação na amostra

A Figura 4 mostra ainda que os tipos de junta mais identificados na amostra foram, por ordem decrescente, o 8 – Juntas de elastómero armado (com 51% das ocorrências), o 6 – Bandas flexíveis de elastómero (com 22% das ocorrências) e o 3 – Juntas de betume modificado (com 9% das ocorrências). No conjunto, estes três tipos de juntas perfizeram 82% da amostra, per-centagem que é extremamente significativa.

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Relativamente às juntas de betume modificado, justifica-se afirmar o seguinte. Para pequenos movimentos são juntas bastante aplicadas, particularmente em casos de substituição de juntas em obras antigas, onde os encurtamentos do tabuleiro, por retracção e fluência, já se deram na sua quase totalidade. Admite-se, por esta razão, que, se a amostra incluísse obras de arte de maior idade, a percentagem de juntas deste tipo seria superior à que foi obtida. Esta conclusão resulta também da análise do Quadro 1, onde são apresentados os tipos de juntas mais identi-ficados por idade da obra de arte. Para a elaboração desse quadro, as obras de arte foram divididas em três grandes grupos: as com idade menor ou igual a 10 anos, as com idade com-preendida entre 10 e 25 anos e as com idade maior do que 25 anos.

Quadro 1: Tipos de juntas mais identificados por idade das obras de arte

Universo (n. de juntas) Ordenamento por

quantidade Tipo de junta

Percentagem de

ocorrências Tipo de junta

Percentagem de

ocorrências Tipo de junta

Percentagem de ocorrências 1º J E A 66% J E A 37% J B M 28% 2º B F E 22% B F E 29% J A; P M D 22% 3º J E A C 5% J B M 21% 4º P M C 4% J P E C 8% J O P C 11% 5º J P E C 2% J O P C 5% J S M E; J E A 6% 94 38 18

Idade das obras de arte

≤ 10 anos > 10 anos mas ≤ 25 anos > 25 anos

Da análise conjunta do Quadro 1 e da Figura 5 onde se apresenta, para a amostra observada, a média de idades das obras de arte por tipo de junta, e atendendo a que a média de idades das obras de arte inspeccionadas foi de 12,5 anos, sai reforçada a ideia de que alguns tipos de junta serão hoje em dia já pouco utilizados. É o caso de diversos tipos de juntas para pequenos movimentos como as juntas abertas, as juntas seladas com material elástico e as próprias jun-tas oculjun-tas sob pavimento contínuo e, dentro das junjun-tas para movimentos médios, as placas metálicas deslizantes. As juntas de betume modificado serão um caso de excepção uma vez que, conforme foi observado na campanha efectuada, a maior idade das obras de arte em que são aplicadas não tem correspondência com a idade das juntas, que é normalmente pequena.

É ainda inequívoco que a tendência actual é para a instalação de juntas de elastómero, particu-larmente sob a forma de bandas flexíveis ou de juntas de elastómero armado, simples ou com-postas. Acrescem, a estes tipos de junta, os pentes metálicos em consola que continuam a demonstrar ser uma boa solução em termos qualitativos apesar do seu maior custo inicial quando comparados com juntas à base de elastómeros.

Outro aspecto interessante, que importa realçar, prende-se com as juntas do tipo bandas flexí-veis de elastómero. De facto, apesar de este tipo de juntas compreender dois subtipos, conso-ante a fixação da banda seja efectuada com o recurso a blocos de elastómero ou a perfis metá-licos, na amostra apenas foi identificado o primeiro subtipo. Sendo o número destas juntas na amostra significativo (33), justifica-se assim afirmar que, em Portugal e nos tempos mais recen-tes, não é comum a instalação de bandas flexíveis de elastómero entre perfis metálicos.

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27 19 21 27 13 11 27 10 10 4 0 5 10 15 20 25 30 Id ad e m éd ia d as o b ras d e ar te ( an o s) J A J O P C J B M J S M E J P E C B F E P M D J E A P M C J E A C

Tipos de juntas de dilatação

Figura 5: Idade média das obras de arte da amostra por tipo de junta

4.2 Anomalias mais comuns

A verificação das anomalias, na campanha de inspecção, foi efectuada de acordo com uma lista, previamente definida e posteriormente validada, que compreende 28 anomalias distribuí-das por 7 categorias. Essa lista, apresentada no Quadro 2, pretende sistematizar os tipos de anomalias que se podem detectar em juntas de dilatação ou na zona que as envolve.

Na campanha de inspecção, constatou-se que, do universo de 28 anomalias que compõem a lista classificativa, foram identificadas 22. Um resumo dos resultados obtidos é apresentado na Figura 6 que é constituída por dois gráficos. O primeiro reflecte a frequência absoluta da ocor-rência de cada anomalia enquanto que o segundo o faz relativamente à frequência relativa. Para a determinação desta frequência relativa, foi dividido o número de registos de cada ano-malia pelo número total de juntas inspeccionadas.

Os mesmos dados utilizados para a elaboração da Figura 6, mas agora tratados de uma forma diferente, em função da categoria de cada anomalia, permitiu a construção da Figura 7.

Da análise das duas figuras, é possível tirar algumas conclusões. Como se pode verificar, as anomalias da categoria A-A. Pavimento / transição para o pavimento são as mais observadas, em particular a A-A1 – Deterioração da banda de transição (Figura 8) e a A-A3 – Descolamento na transição (Figura 9). Ambas as anomalias se verificam em cerca de 1/3 das juntas.

As categorias A-D. Fixação à estrutura e A-E. Junta / material da junta têm também um peso importante na deterioração das juntas, com percentagens, respectivamente, de 21 e 20% na

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globalidade das anomalias. Destaca-se, na categoria A-D., a anomalia A-D1 – Deterioração / ausência da selagem de alvéolos de fixação (Figura 10) que se verificou em cerca de 45% das juntas inspeccionadas.

Quadro 2: Lista de anomalias

A-A1 Deterioração da banda de transição A-A2 Dano em guarda-cantos

A-A3 Descolamento na transição

A-A4 Existência de material betuminoso do pavimento sobre a junta A-A5 Arrastamento de material betuminoso da junta para o pavimento A-A6 Deterioração do pavimento

A-B1 Desnivelamento (acção de choque sob tráfego)

A-B2 Irregularidade geométrica na junta / funcionamento da junta no plano do tabuleiro

A-C1 Movimento da junta impedido

A-C2 Junta / espaço de junta excessivamente aberta(o) A-C3 Junta / espaço de junta excessivamente fechada(o)

A-D1 Deterioração / ausência da selagem de alvéolos de fixação A-D2 Pernos de fixação altos

A-D3 Elementos de fixação soltos ou ausentes

A-D4 Deterioração do leito de assentamento / zona de fixação

A-E1 Deformação da junta / material da junta A-E2 Fissuração / corte da junta / material da junta A-E3 Destaque de material da junta

A-E4 Desgaste por abrasão de material da junta A-E5 Oxidação de elementos metálicos

A-E6 Dano em elementos sub-superficiais do sistema da junta A-E7 Desagregação entre elementos da junta

A-E8 Colapso / ausência de junta ou de módulos / partes significativas de junta

A-F1 Infiltração de águas

A-F2 Humidade / água estagnada no pavimento A-F3 Deficiência no sistema de evacuação de águas

A-G1 Falta de aderência

A-G2 Emissão de ruído excessivo

A-G. Conforto de utilização

A-A. Transição para o pavimento / pavimento

A-D. Fixação à estrutura A-B. Geometria

A-C. Movimentação

A - Anomalias

A-E. Junta / material da junta

A-F. Impermeabilidade / drenagem

Face ao exposto, surge como uma das conclusões desta validação, que quer as bandas de transição quer os alvéolos de fixação devem ser objecto de manutenção corrente.

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Figura 6: Frequências absoluta e relativa das anomalias identificadas na amostra

Em termos da distribuição das anomalias por categoria e por tipo de junta de dilatação, a Figu-ra 11 é elucidativa.

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35% 7% 7% 21% 20% 9% 0%

A-A. Pavimento / transição para o pavimento A-B. Geometria

A-C. Movimentação A-D. Fixação à estrutura A-E. Junta / material da junta A-F. Impermeabilidade / drenagem A-G. Conforto de utilização

Figura 7: Distribuição por categorias das anomalias observadas na amostra

Figura 8: Exemplo da anomalia A-A1 – Deterioração da banda de transição

Torna-se importante salientar o facto de as juntas de betume modificado (tipo 3) serem particu-larmente afectadas ao nível do seu material, razão pela qual se deverá ter atenção à sua ade-quação ao uso e à sua vida útil que não é muito elevada (aproximadamente 5 anos).

Verifica-se também que as juntas abertas (tipo 1), as juntas ocultas sob pavimento contínuo (tipo 2) e as juntas em perfil de elastómero comprimido (tipo 5) são fundamentalmente afecta-das ao nível do pavimento e da transição (categoria A-A.).

Conforme seria de esperar, as anomalias da categoria A-D. Fixação à estrutura, foram verifica-das apenas em juntas pré-fabricaverifica-das como as banverifica-das flexíveis de elastómero (tipo 6), as pla-cas metálipla-cas deslizantes (tipo 7) e as juntas de elastómero armado (tipo 8).

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Figura 9: Exemplo da anomalia A-A3 – Descolamento na transição

Figura 10: Exemplo da anomalia A-D1 – Deterioração da selagem de alvéolos de fixação

Um dado interessante, que resulta desta análise, é o facto de as juntas de elastómero armado compostas (tipo 10) que foram objecto de inspecção não terem revelado anomalias ao nível das suas fixações. Tal poderá dever-se a uma menor rigidez deste tipo de juntas particularmen-te quando comparadas com as juntas de elastómero armado simples.

Quanto às juntas do tipo 9 – Pentes metálicos em consola – não foi possível tirar qualquer ila-ção já que as juntas inspeccionadas deste tipo não apresentaram qualquer anomalia.

Com base nos resultados da campanha efectuada, foi ainda possível construir um gráfico com o número médio de anomalias verificado por tipo de junta. Apesar de a leitura ser condicionada por particularidades diversas da amostra, a Figura 12 constitui um indicador interessante e da qual se retiram algumas ilações relevantes. Os tipos de juntas 11 e 12, não identificados na amostra, foram naturalmente excluídos desta análise.

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0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% J A J O P C J B M J S M E J P E C B F E P M D J E A P M C J E A C A-A A-B A-C A-D A-E A-F A-G

Figura 11: Distribuição das anomalias por categoria e por tipo de junta

1,4 0,0 2,2 4,3 3,4 3,2 5,0 1,8 2,0 3,5 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 J A J O P C J B M J S M E J P E C B F E P M D J E A P M C J E A C

N. de anomalias / tipo de junta

Figura 12: Número médio de anomalias verificado por tipo de junta

Os tipos 4 – Juntas seladas com material elástico e 7 – Placas metálicas deslizantes foram os que apresentaram maior número médio de anomalias. Este facto é, no entanto, justificável pela maior idade das obras onde se identificaram essas juntas (A2 – sublanço Fogueteiro / Coina com 27 anos). Ainda assim, as juntas seladas com material elástico indiciaram, pelo nível de degradação apresentado, ter uma vida útil relativamente curta.

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Entre os tipos de juntas mais identificados na amostra, para os quais a confiança é naturalmen-te superior, o tipo 6 – Bandas flexíveis de elastómero apresenta maior naturalmen-tendência para anomali-as do que o tipo 8 – Juntanomali-as de elanomali-astómero armado. As juntanomali-as de elanomali-astómero armado parecem assim justificar a sua elevada taxa de aplicação uma vez que o seu número médio de anomali-as é dos mais baixos da amostra.

Refira-se que a inexistência de anomalias verificada para o tipo 9 – Pentes metálicos em con-sola é, em grande parte, motivada por apenas terem sido inspeccionadas 4 juntas deste tipo e estas terem sido montadas muito recentemente (início do ano de 2005). Ainda assim, e dado que diversas anomalias surgem logo nos primeiros tempos de serviço, o não se ter verificado qualquer anomalia não deixa de constituir um bom sinal para a fiabilidade deste tipo de juntas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo levado a cabo permitiu verificar que as juntas de dilatação são, efectivamente, equi-pamentos com tendência para apresentar anomalias. A sua vida útil, já de si bastante inferior à das estruturas que servem, é muitas vezes penalizada por erros de instalação e por falhas de manutenção. Neste particular, as juntas pré-fabricadas são ainda mais penalizadas na medida em que os materiais complementares que lhes estão associados – na transição para o pavi-mento e na fixação à estrutura – são muitas vezes de qualidade duvidosa exigindo, por isso, intervenções recorrentes.

Nomeadamente a partir da campanha de inspecção efectuada no parque de obras de arte da Brisa – Auto-Estradas de Portugal, foi ainda possível retirar algumas conclusões de interesse. Admite-se a sua extrapolação para o país ainda que considerando que a rede Brisa é maiorita-riamente jovem e que o seu nível de conservação será, em princípio, superior ao da restante rede nacional de estradas.

São destacadas as seguintes conclusões:

- as juntas de elastómero armado são as mais aplicadas hoje em dia em obras de arte rodo-viárias; seguem-se as bandas flexíveis de elastómero e as juntas de betume modificado; estes três tipos de juntas são responsáveis por cerca de 80% das juntas instaladas; - no caso das juntas de betume modificado, elas são particularmente aplicadas na

substitui-ção de juntas em obras de arte com mais de 10 anos, onde os fenómenos de retracsubstitui-ção e fluência do betão são já desprezáveis e assim os movimentos dos tabuleiros já enquadrá-veis neste tipo de juntas para pequenas amplitudes;

- relativamente às bandas flexíveis de elastómero, verifica-se que a grande maioria das ins-taladas corresponde a bandas formando com blocos de elastómero um conjunto integral; o outro subtipo, bandas fixas a perfis metálicos, é muito pouco utilizado;

- existem tipos de juntas, outrora muito utilizados, que parecem tender a desaparecer; as juntas abertas, as juntas ocultas sob pavimento contínuo e as juntas seladas com material elástico existem já em muito pequena quantidade no parque de obras da Brisa e o mesmo deverá suceder, nos tempos mais próximos, na restante rede rodoviária portuguesa;

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- os pentes metálicos em consola, apesar de não serem uma solução recente, continuam a demonstrar ser uma solução fiável e particularmente durável quer pela simplicidade do seu funcionamento quer pela melhoria das propriedades anti-corrosivas dos materiais utiliza-dos; o principal óbice a uma maior utilização destas juntas é o seu elevado custo inicial; - nas juntas pré-fabricadas, existem dois tipos de anomalias bastante frequentes: a

degra-dação das bandas de transição para o pavimento e a falta de selagem nos alvéolos de fi-xação; as taxas de incidência são próximas de uma em cada três juntas e de uma em cada duas juntas, respectivamente; em particular relativamente à selagem dos alvéolos, urge estudar novos materiais ou tampões rígidos que obviem ao seu desgaste e destaque; - a existência, também comum, de infiltrações de águas nas juntas, associada muitas vezes

a deficiências no sistema de drenagem, denota alguma falta de cuidado no momento da instalação da junta; neste aspecto, deve-se exigir dos construtores as soluções mais ade-quadas e das fiscalizações em obra uma maior atenção para este problema;

- as anomalias mais graves em juntas, ou seja, as com maior repercussão na sua vida útil ou no conforto e segurança do tráfego, representam normalmente o fim de mecanismos de degradação que se prolongam no tempo; uma boa manutenção das juntas pode não obvi-ar na totalidade ao apobvi-arecimento de anomalias mas impede a sua evolução e, consequen-temente, a ocorrência de outras bastante mais graves.

6. AGRADECIMENTOS

À Brisa, pelas facilidades concedidas e ao Eng.º Armando Rito, pela boa vontade manifestada na transmissão de bibliografia e de elementos técnicos de sua propriedade.

7. REFERÊNCIAS

[1] Lee, David J.; Bridge bearings and expansion joints. Second Edition. E & FN Spon, 1994; [2] Lee, David J.; The theory and practice of bearings and expansion joints for bridges.

Ce-ment and Concrete Association, 1971;

[3] Leonhardt, Fritz; Construções de Concreto Vol. 6 – Princípios básicos da construção de pontes de concreto. Editora Interciência Lda., 1979;

[4] Lima, A. J. Marques; Juntas de dilatação em pontes rodoviárias – Desenvolvimento de um sistema de gestão. Dissertação de Mestrado em Construção, I.S.T., Lisboa, 2006;

[5] Rito, Armando; Viaduto sobre a Ribeira do Fontão – Projecto de Execução. Arquivo da Brisa – DCC-Gestão de Obras de Arte, 1983;

[6] Santiago, Sónia; Sistema de gestão de obras de arte. Módulo de apoio à inspecção. Dis-sertação de Mestrado em Engenharia de Estruturas. IST, Lisboa, 2000;

[7] Ramberger, Gunter; Structural bearings and expansion joints for bridges. IABSE (Interna-tional Association for Bridge and Structural Engineering) – AIPC (Association Internatio-nale des Ponts et Charpentes) – IVBH (InternatioInternatio-nale Vereinigung für Brückenbau und Hochbau), 2002;

[8] SETRA/CTOA - Service d´Études Techniques des Routes et Autoroutes. Ministère de l’Equipement du Logement de l’Aménagement du Territoire et des Transports – Direction des Routes. Joints de chaussée des ponts routes. Eléments de choix. Méthodes de pose. Entretien et réparation. SETRA, Bagneux, 1987.

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