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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº200870510075321/PR RELATOR : Juiz José Antonio Savaris

RECORRENTES : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E NELSON BICHERI

RECORRIDOS : OS MESMOS

VOTO

Trata-se de recursos contra sentença que julgou parcialmente procedente o requerimento de averbação de tempo de serviço rural de 01.01.74 a 26.07.92 e indeferiu o reconhecimento de conversão de tempo especial de 01.03.99 a 31.12.2007 e de 01.01.2008 a 17.06.2008, nos quais exerceu a função de motorista. Além disso, condenou o INSS a conceder aposentadoria proporcional por tempo de serviço e a pagar as verbas vencidas.

O INSS recorre alegando que os documentos aptos a serem admitidos como início de prova material devem estar em nome do segurado e serem contemporâneos aos fatos. Argumenta que a prova exclusivamente testemunhal não basta para fins de comprovação da atividade rural. Afirma, também, que o período posterior a julho de 1991 só pode ser considerado para fins de tempo de serviço ou como carência mínima mediante o recolhimento de contribuições previdenciárias. Por fim, destacou que o lapso de 25.07.91 a 26.07.92 já foi homologado como tempo de serviço rural (fl.23 do PA).

A parte autora recorre para que seja averbado o período rural de 02.01.62 a 31.12.73 em razão das provas materiais apresentadas. Aduz, ainda, que faz jus à conversão de tempo especial dos períodos de 01.03.99 a 31.12.07 e de 01.01.08 a 17.06.08, nos quais trabalhou como motorista de ônibus.

1. TEMPO RURAL

Assiste parcial razão aos recorrentes.

Para fins de comprovação do período rural do autor, nascido em 14.04.1945, de 1962 (quando contava com mais de 16 anos) a 26.07.92, apresentou os seguintes documentos, já descritos em sentença:

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REF. ANO DOCUMENTO PROFISSÃO EVENTO 01

A 1962 e 1970

Certidão de Registro de Imóveis (Segundo Ofício da Cidade de Maringá)

Em nome de Pedro Bicheri (pai do autor), o qual consta como lavrador

ESCRITURA 11/12

B 1965 Certificado de Isenção do Serviço Militar em nome do autor

O autor consta como lavrador p. 14 do PROCADM1 – evento 22 C 1974 Certidão de Registro de Imóveis do Segundo Ofício Abrão Nacles

Em nome do autor, que

consta como agricultor ESCRITURA13/14 D 1975 Certidão de casamento do

autor

O autor consta como lavrador

CERTCAS15 E 1975/1976 Nota fiscal da Cafeeira

Santo Antonio e da Máquina Santo Antonio

Em nome de Osvaldo

Bicheri, irmão do autor p. PROCADM1 35/36 do – evento 22

F 1977 Certidão de nascimento do filho doautor

O autor consta como agricultor

CERTNASC18 G 1979 Certidão de Registro de

Imóveis do Segundo Ofício de uma área rural

O autor consta como

agricultor ESCRITURA19

H 1980 Certidão de nascimento do filho do autor

O autor consta como lavrador

CERTNASC22 I 1982/1983 Nota fiscal Em nome de Osvaldo

Bicheri, irmão do autor NFISCAL23/24

J 1984 a

1987 Requerimento matrícula do filho do de

autor -

Escola Rural da Japurá

O autor consta como

lavrador OUT25

K 1985 Nota fiscal Em nome de Osvaldo Bicheri, irmão do autor

NFISCAL27 L 1986 a 1989 Requerimento de matrícula do filho do autor

O autor consta como lavrador

OUT28

M 1989 e

1991/1992

Nota fiscal Em nome do autor NFISCAL31/33/34

No caso em exame, a sentença reconheceu o labor rural apenas no período de 01.01.1974 a 26.07.1992, sob os seguintes fundamentos:

“A testemunha ouvida foi idônea e convincente de que a parte autora trabalhou na roça em parte do período postulado, pois ninguém presenciou o suposto labor rural do autor em Floresta, antes de 1974. A única testemunha

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favorável ao segurado, considero que a escritura de imóvel lavrada em 1974 e a certidão de casamento em 1975 e outros indícios materiais de 1974 a 1992 demonstram que o autor efetivamente laborava na roça desde 1974 a julho de 1992.

Contudo, penso que não restou demonstrado o labor rural antes de 1974, tanto pela ausência de testemunhas, quanto pela precariedade do início de prova apresentado, o qual não constitui prova plena”. (grifo nosso)

Em que pese o entendimento do juízo monocrático, tenho que os documentos “A” e “B” supra indicados constituem prova material suficiente a proporcionar a presunção do fato constitutivo do direito do autor no tocante ao reconhecimento de seu labor rural no período de 02.01.62 a 31.12.73 (data imediatamente anterior ao reconhecido em sentença). Como tal presunção não foi infirmada por qualquer outro elemento de prova, é possível o reconhecimento do trabalho rural, de modo excepcional, mediante essa robusta prova material.

Cumpre anotar, nesse sentido, que a prova material foi devidamente corroborada pelo depoimento do próprio recorrente (evento 24):

“trabalhei na roça desde os quatorze (sic) até 1992, na propriedade de minha família, em Floresta, onde trabalhava com meu pai. A propriedade tinha 6 alqueires. Lá permaneci até 1973, sem empregados, cultivando soja. (...) Morávamos eu, meu pai e meu irmão, e trabalhávamos sem equipamentos. Fazia colheita com a trilhadeira manual. Vendia a produção de soja para o armazém de Floresta”.

Portanto, considerando o princípio da continuidade, é de se admitir que o autor desde tenra idade tenha exercido labor rural em regime de economia familiar até porque não há qualquer indício que não tenha permanecido no meio rural, mesmo que as testemunhas o tenham conhecido posteriormente. Para reforçar tal conclusão, anoto que não houve qualquer registro no CNIS para o referido período.

Ainda, muito embora o INSS alegue em recurso que reconheceu o período rural de 25.07.91 a 26.07.92, verifico que tal período não consta nas contagens administrativas (PROCADM2 – evento 22).

De outro lado, conforme dispõe o art.55, §2º, da Lei 8.213/91 e o art. 60, X, do Decreto 3.048/99, consigno que apenas o período de 01.01.80 até outubro de 1991 é que pode ser computado para o efeito de aposentadoria por tempo de contribuição, já que o lapso posterior necessita ser indenizado (Lei 8.213/91, art. 96, IV).

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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A 2. TEMPO ESPECIAL

A parte autora recorre para que seja reconhecida a especialidade do labor exercido nos períodos de 01.03.99 a 31.12.07 (motorista na empresa Bethoven Ind. Com. Acessórios para cães) e de 01.01.08 a 17.06.08 (motorista na Lea Thergel Ind. Com. de Produtos Pet Shop Ltda). Sustenta que a atividade de motorista de ônibus é considerada insalubre, nos termos do código 2.4.4 do anexo ao Decreto n. 53.831/64.

Conforme esclarecido (PET31 – evento 18): “na data de 10 de fevereiro

de 1999, constituiu-se a EMPRESA NUNES &MARTINS LTDA, porém na data de 31 de maio de 1999, a empresa passou a denominar BETHOVEN INDUSTRIA E COMERCIO DE ACESSORIOS P/ CAES LTDA e posteriormente LEATHERGEL INDUSTRIA ECOMERCIO DE PRODUTOS DE PET SHOP LTDA”.

Por sua vez, da análise dos documentos juntados ( perfis profissiográfico profissional - p. 10 e 12 – PROCADM2 – evento 22), verifico que o autor estava exposto a ruído de 68-69dB ao conduzir veículo da empresa e levando funcionários por diversas localidades.

Assim, deve ser mantida a sentença que não concedeu a conversão de tempo especial postulado, uma vez que a exposição a ruído foi aquém do limite de tolerância (LAU7 – evento 18), bem como foi intermitente (LAU5 – evento 18).

Saliento, por oportuno, que não é permitida a conversão de tempo especial em comum após 28.04.1995 apenas com base na categoria profissional do segurado.

- Conclusão:

Em relação à contagem de tempo de serviço do autor constante em sentença, deve ser retificada, para que seja averbado o tempo de serviço rural de 02.01.62 a 31.12.73.

Ante o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS RECURSOS.

Os valores atrasados deverão ser acrescidos de correção monetária, incidente a partir do vencimento de cada parcela devida, a ser calculada pelos índices oficiais e aceitos pela jurisprudência, quais sejam: IGP-DI (05-1996 a 03-2006, artigo 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o artigo 20, §§ 5º e 6.º, da Lei n.º 8.880/94) e INPC (04-2006 a 06-2009, conforme o artigo 31 da Lei n.º 10.741/03, combinado com

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a Lei n.º 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11-08-2006, que acrescentou o artigo 41-A à Lei n.º 8.213/91, e REsp. n.º 1.103.122/PR). Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75 deste Tribunal.

A contar de 01.07.2009, data em que passou a viger a Lei n.º 11.960, de 29.06.2009, publicada em 30.06.2009, que alterou o artigo 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.

Sem honorários. Curitiba, (data do ato).

Assinado digitalmente, nos termos do art. 9º do Provimento nº 1/2004, do Exmo. Juiz Coordenador dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região.

JOSÉ ANTONIO SAVARIS Juiz Federal Relator

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