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Formação do profissional de educação: necessidades sociais e princípio básico

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-

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-FORMACAO DO PROFISSIONAL DE EDUCACAO:

, ,

necessidades sociais e princípio básico

1

Maria Estrêla Araújo Fernandes - UFC

A questão da formação de educadores

apre-senta-se como fundamental na análise da

proble-mática educacional brasileira. Há várias tendências que tentam centralizar ou reduzir toda a análise da

nossa educação nesta questão, partindo de uma

vi-são puramente técnico-metodológica. Outras

ten-dências, porém, descobriram que a formação de

educadores é apenas um dos elementos de um todo

social, complexo e contraditório, onde recebe influ-ência mas também o influencia. A partir deste pres-suposto, entende que a educação é uma prática social estritamente vinculada ao processo histórico da ati-vidade social e produtiva dos homens.

Partindo desse último grupo de tendências,

análise dos problemas da educação brasileira, mais

especialmente no nosso caso, da formação do

edu-cador, terá que ser contextualizada e historicizada. A redução em analisar a questão educacional somen-te sob o prisma da formação do educador, cairia

ine-vitavelmente num pedagogismo ingênuo e idealista.

Numa tentativa de superar isto, necessário se faz

partir de uma concepção crítico-dialética que tem

como característica fundamental a compreensão da

realidade social como totalidade.

O meu ponto de partida teórico é o

entendi-mento de que a educação é uma prática social,

construída historicamente e ligada diretamente quer às condições materiais de existência quer à realida-de subjetiva, ou seja, o modo de pensar as concep-ções de mundo do grupo social onde ela se realiza.

A educação, portanto, é uma prática que trabalha

diretamente com idéias (superestrutura), mas que

se vincula intrinsicamente às condições de

existên-1 Tema apresentado no I Seminário sobre "Projeto

Político-Pedagógico do Curso de Pedagogia: uma construção

coleti-va", promovido pela FAED - Faculdade Estadual de Educação

- Fundação Educacional do Estado do Pará, realizado em

Be lém, nos dias 7 e 8 de outubro de 1993.

5 8 E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o 1 6 · o !27a28·p ,58· 70·ja n . / d e z . 1 9 9 4

cia (estrutura) que constitui o ceme da sociedade: a

produção, reprodução e a transformação social. Por

essas razões, utilizo na minha análise, um referencial

teórico sobre o Papel da Educação e a Formação do

Educador, tendo como pano de fundo as relações de

produção da sociedade brasileira, capitalista, depen-dente.

Quando abordamos um tema como este, que

se refere às necessidades e princípios básicos no

campo da formação do profissional de educação é

uma abordagem difícil pois implica olhar para a

história da educação no Brasil, o estado atual e

fa-zer projeções. E todos nós sabemos as

dificulda-des de se fazer projeções no quadro nacional em

que vivemos. As dificuldades advêrn, primeiro, da

necessidade de compreendermos o que está

acon-tecendo ao próprio país; como as lutas sociais e o

movimento do próprio capitalismo brasileiro estão

acontecendo, para que possamos entender também'

as possíveis tendências. Aceito, portanto, analisar

o assunto como um desafio, baseada em minhas

reflexões e prática pedagógicas de vários anos, mas

tenho consciência de minhas limitações e que o

tema deverá ser aprofundado, inclusive à luz de

outras ciências como a sociologia e economia.

Es-tou, entretanto convicta de que, para entendermos

melhor os problemas da escola, da formação do

profissional de educação, no nosso caso, é preciso

sairmos da escola e olharmos para fora dela,

ten-tando entender alguns movimentos que se deram

e estão se dando no plano nacional e internacional

e, no momento seguinte, voltarmos para dentro da

escola, para sentir como essa realidade afetou-a e

poderá afetá-Ia.

A história da formação dos profissionais de

(2)

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1. O modelo da formação do educador

pre-dominante até a década de 60 (de 1880 a 1964): a

formação do educador-generalista advindo das

Es-colas-Normais e das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e Letras;

2. Os Cursos de Formação de Educadores no

Contexto do Regime Militar (de 1964 à década de

70: formação do Especialista em Educação;

3. A formação do Educador numa perspectiva crítica, desenvolvida no Brasil a partir da década de 80: a formação crítica e globalista do profissional de educação)'

4. Confronto entre a formação globalista e a

formação tecnológica do profissional de educação

(década de 90).

10

MOMENTO

-A FORM-AÇÃO DO

EDUCADOR - GENERALISTA. SEGUNDO O

MODELO DAS ESCOLAS NORMAIS E DAS

FA-CULDADES DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E

LETRAS.

O 10

momento versa sobre a Formação do Edu-cador-Generalista que seguiu, em sua essência, o mo-delo das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, depois da influência das Escolas Normais. Esse mo-delo iniciou por volta de 1880 e permaneceu

predo-minante até a Reforma Universitária de 1968.

Historicamente, a Sociedade Brasileira "idea-lizava" um educador competente na arte de ensinar,

que fosse capaz de transmitir o conhecimento geral

e básico de que os alunos necessitavam, com muita

fundamentação teórica e de cultura geral histórica, filosófica, psicológica e biológica. Não se exigia uma postura política dos educadores principalmente por-que o "papel da escola era ensinar".

Durante esse período aconteceram dois fatos

de extrema importância na educação brasileira: o mo-mento da Escola-Nova (início da década de 20) e os

Movimentos de Cultura Popular (início da década

de 60) - todos dois influenciando diretamente a for-mação dos educadores.

Teoricamente, a formação do pensamento do

educador, nesse período, sofre uma influência do

humanismo moderno (fundamento da Escola Nova,

com forte conotação do pragmatismo de Dewey); do

cognitivismo da Gestalt e do behaviorismo, da

Psi-cologia Experimental. Como vemos, a influência

psicológica é predominante. Na sociologia,

predo-mina a visão de sociedade e educação de Durkheim; na filosofia há uma grande penetração do pensamento

5 9 I E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o16·n ~ 2 7 a 2 8 -p.5 8 · 7 0 · ja n . / d e z . 1994

8 ~

)

de Teillard Chardin, e um pouco de influência

filosofia tomista pela dominação dos religiosos nes-sa área; e na pedagogia, os autores mais lidos são o

da Escola Nova: Anísio Teixeira, Lourenço Filho e

ainda Kilpatrick. .

Os Movimentos populares dos primeiros

anos da década de 60 foram teoricamente

influen-ciados pelo "personalismo" de ]. MARITAIN e

MOUNIER e pela Pedagogia da Cultura. Em

gru-pos mais avançados já se lia HEGEL, recebendo

influência da "dialética idealista" e em grupos bem

menores sentia-se o inicio das teorias

crítico-reprodutivistas e do materialismo dialético. Ao

ní-vel de educação formal, entretanto, o predomínio

continuava da convivência entre a pedagogia

tra-dicional e pedagogia nova, nas suas duas

tendên-cias de "renovada-progressivista" e "renovada não-diretiva". Predominou, nesse período, a visão

harmônica da sociedade, chegando-se ao máximo

na concepção de cultura e de sociedade em

mu-danças. Essa mudança tinha uma conotação de

ino-vação e modernização. Havia o predomínio do

individual e da relação indivíduo-sociedade (idéia

de ascensão social ou mobilidade social pelo

es-forço individual). A desigualdade social é

justificada pelo psicologismo "natural", com uma

mensagem ideológica de igualdade.

A educação era concebida ingenuamente pelo

"otimismo pedagógico" como condição para a de-mocracia (diga-se burguesa).

O educador deveria ter uma cultura geral, com

boa postura relacional, devendo atuar como

trans-missor (na pedagogia tradicional) ou como

incen-tivador (na pedagogia nova). A sua competência

técnica era testada pelos conhecimentos de

biolo-gia e psicolobiolo-gia e pela capacidade de entender as

necessidades do educando.

A consciência política, camuflada pelo

psicologismo "aparentemente neutro", atendia aos interesses da democracia burguesa liberal, com pre-domínio da visão individualista e reformista da

soci-edade. Havia uma total inconsciência em relação às

lutas de classes sociais.

As contradições desse "modelo" eram perce-bidas e questionadas ao nível de sociedade civil,

prin-cipalmente pelo movimento dos educadores e dos

estudantes, em seus dois momentos de maior pique

da história da educação no Brasil: no princípio da

década de 30 e da década de 60.

Essas teorias penetraram em realidade

(3)

Escolas Normais e as Faculdades de Filosofia, Ci-ências e Letras.

O surgimento e a expansão das escolas de

for-mação de professores - Escolas Normais - deram-se

em decorrência de fatores políticos, econômicos e

sociais e em articulação com a escola primária.

As escolas normais, criadas desde o século

passado no Brasil, só conseguiram se afirmar a par-tir de 1930. Tomando por base a sua história,

pode-mos sentir o ritmo inconstante desses cursos

trazendo sérias implicações para a formação dos pro-fessores.

Num primeiro momento, até 1930, os cursos

não passaram de experiências esparsas, sem efeitos significativos para o ensino primário. De 1930 a 1971

foi um período caracterizado como o apogeu do

En-sino Normal; e a partir de 1971 até hoje foi o

mo-mento onde se deu a descaracterização do curso como formação do educador.

A formação do magistério em nível superior é

conquista recente na história educacional brasileira pós-jesuítica.

A reforma Francisco Campos (1931) previu a

criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e

Le-tras, oriunda de um projeto de 1930, que visava

pre-parar regularmente os professores de ensino

secundário em um estabelecimento que se

chama-ria, ora Escola Normal Superior, ora Faculdade de

Educação, Ciências e Letras.

Na discussão desse projeto e tentando

ven-cer a secular tradição brasileira de cursos

rigoro-samente especializados, a cargo de faculdade

isoladas partiu-se para a organização da "idéia de

Universidade" que de há muito se acalentava. A

sua base estrutural seria a Faculdade de

Filoso-fia, Ciência e Letras, em torno da qual iria

"gravitar a constelação dos institutos de caráter profissional", atraídos pela "solida preparação cul-tural e científica ... que ela deveria ministrar". Foi

nessa estrutu~a. que se criou a Faculdade de

Fi-losofia, Ciências e Letras da Universidade de São

Paulo, em 1934.

Nessa, como na Universidade do Distrito

Fe-deral, surgida em 1935 sob a inspiração de Anísio

Teixeira, os estudos propriamente pedagógicos por

já serem especializados, ficaram a cargo de unidades também especializadas: o "Instituto de Educação" na primeira e a "Escola de Educação" na segunda. Tal solução, de certo a mais compatível com a estru-tura traçada, teve ainda assim vida efêmera. A partir

de 1939, em cumprimento ao que na época FemandoVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

6 0 E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o 1 6 · n ~27a28·p .58-70 -ja n . / d e z . 1 9 9 4

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- -

--de Azevedo chamou "um decreto injusto" 2 , essas

unidades já não puderam ser mantidas exatamente

quando a Faculdade de Filosofia perdia a sua

fun-ção integradora no contexto universitário e, em

consequência, se organizava como um

estabeleci-mento a mais no ensino profissional. Foi, segundo

este modelo tradicional, como uma escola normal

superior quase sempre isolada, que ocorreu daí por diante a sua expansão.

Com a reforma universitária de 1968, a

Facul-dade (Centro ou Departamento, conforme o caso)

de Educação resultou da obrigatória fragmentação

da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras: o

de-creto 53/66, que abriu caminho para a reforma nas

Universidade Federais, determinava que existisse

uma unidade especializada na formação de

profes-sores para o ensino de 2° grau e especialistas em edu-cação.

Luís Antonio Cunha (04-CUNHA, 1989, pp.

52-53) comenta que a segregação institucional da pe-dagogia, da FFCL, antes de ser uma valorização, teve efeitos negativos enormes pois perdeu a integração com outras áreas, levando, em muitos casos, ao

iso-lamento e auto-suficiência acadêmica da área de

educação. Isto reforçou o rebaixamento da qualida-de qualida-de ensino e da pesquisa nessa área.

Concluindo, podemos dizer que o educador

formado pelas Faculdades de Filosofia, Ciências

e Letras era um generalista, possuidor de cultura

geral advindo de um currículo amplo e pouco

es-pecífico em sua área de conhecimento. Os

oriun-dos do Curso de Pedagogia, também com essas

características, deveriam atuar no magistério do

curso normal e como administrador pedagógico das

escolas. Também por conta de uma concessão

le-gal, poderiam ensinar uma das disciplinas do cur- .

so secundário, conforme registro na Secretaria de

Educação.

Estes dados confirmaram o perfil do educador deste primeiro momento: o do educador-generalista. Mesmo quando se fala em especialistas, ele tem uma conotação generalista.

2 O Decreto-Lei n° 1.190 de 04 de abril de 1939 organizou a

Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e

institui o "padrão federal" ao qual tiveram que ser adaptar os currículos básico dos respectivos cursos oferecidos por outras instituições de ensino superior no Brasil. (vide a respeito A

FORMACÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA A ÁREA

DA EDUCACÃO. Documento II, CEAE, pp. 22-24; sobre o

"padrão federal" vide Florestan Fernandes, EDUCACÃO E

(4)

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DE

2° MOMENTO

-

A FORMAÇÃO DO

ES-PECIALISTA EM EDUCAÇÃO.

Não foi por acaso que a educação brasileira

tomou os rumos da racionalidade, da eficiência e

da produtividade, a partir do golpe militar, como

também não foi por acaso que a Reforma

Univer-sitária foi promulgada em 1968, coincidindo como

o período de maior efervescência na história dos

movimentos estudantis, não apenas no Brasil,

como no resto do mundo. A utilização da pretensa

"neutralidade técnica" como uma farsa que

bus-cava camut1ar, com a racionalidade das decisões

técnicas, o fortalecimento de uma determinada

estrutura de poder tentava substituir a participa-ção social pela decisão de poucos.

A questão básica desse "modelo educacional"

encontra-se nos próprios fundamentos da sociedade

capi talista que possui "sua lógica" para explicar a divisão social do trabalho.

Internamente a escola passa por um processo

de divisão e é aí que se situam as especialidades téc-nicas da educação. Esta realidade é justificada por uma visão dicotôrnica que concebe a teoria e a prática como

componente isolados e mesmo opostos. De acordo

com esta ótica, a teoria se basta nela mesma, podendo pensar, elaborar e teorizar, A prática, concebida num sentido puramente utilitário pelo pragmatismo peda-gógico, se contrapõe á teoria, cabendo-lhe executar, agir, fazer as coisas. Assim, a teoria atrapalha a prática e esta dificulta o trabalho teórico. Como consequência, como diz Maria Nobre Damasceno, temos ....

"uma prática esvaziava dos

ingredien-tes teóricos e uma teoria

descom-prometida com as mudanças que só

podem se efetuar através da prática"

(05-DAMASCENO, 1987, p. 37).

cola e para o Estado Capitalista. Essa gestão do pro-cesso de produção escolar, embora seja feita num concepção legalista, nada mais é do que a administra-ção da luta ideológica das classes no interior da orga-nização escolar. É por isso que a Rásia conclui:

"Assim, a gestão da escola, apesar de

exercida por pedagogos, não tem nada

ou quase nada de pedagógico; é uma

atividade essencialmente política". (11-RÁSIA, 1986, p. 23).

A autonomia do Professor ainda é mais

redu-zida com o desenvolvimento da tecnologia

educacio-nal que burocrático as técnicas e os conteúdos e

transforma o conheci mente científico em

conheci-mento normativo, perdendo o professor ainda mais

seu espaço político.

No funcionamento interno da escola há ainda

uma certa hierarquia entre o próprio pessoal "técni-co". É outra divisão, agora dentro do trabalho inte-lectual, que coloca a direção numa posição superior aos outros técnicos e os técnicos em relação aos pro-fessores. Para abafar os conflitos dessa situação, a "administração" ora utiliza-se de instrumentos au-toritários, ora de "soluções ideologizantes" de "diá-logo", buscando soluções ao nível pedagógico, no lugar de buscá-Ias ao nível político. Assim se neutra-lizam os conflitos e a luta ideológica no interior da escola numa perspectiva crítica. Com essas atitudes há um fortalecimento do "modelo despótico" da gestão capitalista para a escola.

Podemos dizer que a divisão do trabalho é ine-vitável diante da democratização quantitativa da

es-cola (a massificação da escola é um caminho sem

volta), mas ela não pode perder de vista o projeto político que a direciona, podendo estar a serviço de uma fragmentação do conhecimento e de uma "apa-rente neutralidade científica" do projeto burguês. ou ela pode ser voltada para o projeto da classe tra-balhadora e que, por isso mesmo, tem que ter uma visão globalizante da relação educação-sociedade de-correndo daí uma dinâmica articulação entre teoria e prática. É este o grande desafio!".

Os Cursos de Formação de Educadores, vés da formação de especialistas, foram buscar

fundamentação teórica no tecnicismo sk:inneri

na teoria dos sistemas e no estruturalismo

A influência da linha, entretanto, não se ceu ele forma pura, dado ao grande enfoque da Escola ~o

e fenomelogia que fundamentavam a p

muitos professores desses cursos. A divisão social do trabalho na escola,

compara-da por Rásia com a divisão do trabalho na fábrica (ver 11) tem também origem no acúmulo de conhecimen-tos a serem transmitidos e na fragmentação que esse conhecimento sofre no âmbito da sociedade. A divisão então, se processa entre o pensar e o fazer, entre teoria e a prática, com a existência de especialistas e profes-sores; e em segundo plano, a fragmentação do próprio ato de ensinar através da separação das disciplinas e da burocracia do planejamento (são os executores).

Essa relação é uma relação de poder que limita a autonomia do professor à sua sala de aula. O contro-le dessa autonomia é vital para a administração da

(5)

Em nível porém, de sistema, a influência foi marcante, principalmente no seu aspecto legal.

As escolas normais foram regulamentadas pela

lei 5692/71. passando a ser uma habilitação entre as dezenas de cursos profissionalizantes, (ver parecer 45/72). A implantação da legislação foi de forma au-toritária.

EM 1969, em decorrência da Reforma

Uni-versitãria instituída pela Lei 5540/68, o Conselho

Federal de Educação aprovou nova regulamentação

para o Curso de Pedagogia, através do parecer 252,

que institui as habitações Educacionais: Supervisão, Orientação, Administração e Inspeção Escolar.

Sintetizando, o 2° Momento da Formação do

Educador no Brasil, que caracterizou como a

For-mação do Especialista em Educação, tem sua base

de sustentação teórica na Psicologia Behaviorista, na

Engenharia Comportamental, na informática, na

Ci-bernética, todas com inspiração filosófica neoposi-tivista utilizando o método funcionalista. À teoria

pedagógico corresponde um processo de

organiza-ção das escolas, burocrático, no detalhamento do

planejamento educacional que leva à fragmentação

do ato pedagógico. Seu interesse imediato é o de

produzir "indivíduos competentes'? para o merca-do de trabalho, transmitinmerca-do, eficientemente

infor-mações precisas, objetivas e rápidas. Prioriza a

formação do especialista que deve desenvolver uma

determinada tarefa. A globalidade, o subjetivismo, a crítica são excluídas do processo educacional.

Para se ensinar, portanto, não se exige tanto

um bom preparo intelectual, sendo suficiente uma

formação rápida e precária, preocupada principal-mente com o ensino dos métodos e das técnicas" e

3 Chauí resume a noção de competência no seguinte Refrão:

"não é qualquer um que pode dizer alguma coisa a qualquer lugar e sob qualquer circunstância". (02-CHAUf, 1986, p. 58). Isto significa que a ciência responsável pela competência

pos-sui regras precisas de exclusão e inclusão determinadas, em

última análise, pela divisão de classes sociais, sendo,

portan-to, um poderosos instrumento de deminação ou fonte de

inti-midação. O sentimento de incompetência é determinado pela

ação dos especialistas, os "iluminados pela técnica".

4 "A grande ênfase nos métodos e nas técnicas não é de modo

algum inocente, não decorre de um conhecimento

suposta-mente objetivo, neutro e desinteressado, não é "natural" e "racional". Pelo co ntrário , é uma forma sutil de escamotear as

relações concretamente existentes entre a educação e classe

social, educação e poder, deixando aparecer apenas os proble-mas metodológicos e técnicos-administrativos, logo

universa-lizando como problemas da escola". (03-ILDEU COELHO,

1986, p.36).

62VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAE d u c a ç ã o e m D e b a te - F o r ta le z a - A n o 1 6 · n ! 2 7 a 2 8 -p.5 8 · 7 0 - ja n ./d e z . 1 9 9 4

com a definição dos objetivos a serem atingidos. Seu

produto será evidentemente um profissional

inte-lectualmente desqualificado, com poucas

possibili-dade de vir a ser profissional que questione a

realidade, que pergunta pelo sentido de sua prática, ou que assuma uma atitude reflexiva diante da edu-cação e da sociedade. Será contudo, e isso é funda-mental para a reprodução do Capital, um profissional submisso aos donos das escolas e ao Estado.

Apesar da penetração do tecnicismo em

edu-cação, Gadotri afirma que a Pedagogia ainda está,

até hoje, voltada para a erudição fundamentalmente humanista idealista.

Interessante que nesta, o humanismo se une

ao tecnicismo, formando o humanismo tecnológico.

Aparentemente é um contra-senso por suas

diver-gências, mas a sua convivência é possível porque

ambos são críticos, portanto, se fundamentam nas

idéias e não no real. Por isso é que Gadotti chamou

de idealistas, pois não levam em consideração os

condicionamentos sociais.

Enfim, podemos concluir que neste segundo

momento, nos Cursos de Formação de Educadores a

visão de sociedade continua harmônica e estruturada sendo os conflitos vistos como anomalias e controla-dos pelo Estado Militar que tem função ditatorial. A

educação é regida pela Lei da Segurança Nacional e

o educador deverá ser um especialista a serviço do

"projeto político e econômico do Estado Militar", um portanto, "fazedor de educação". A competência exigida para esse educador é "saber utilizar técnicas de manipulação de aula ou do serviço especializado" e a consciência política se red uz à visão de "patriotis-mo militar", ingênua e com a conotação de

neutrali-dade política, em relação às classes sociais. As

contradições e este modelo aconteceram

principal-mente pela ação corajosa do Movimento Estudantil.

MOMENTO -

A FORMAÇÃO

CRÍTI-CA E GLOBALISTA DO PROFISSIONAL DE

EDUCAÇÃOs

A partir da década de 70, provavelmente em

consequência do movimento estudantil de 68, a

edu-5 O termo "Profissional de Educação", substituindo "Educa-dor", é aqui empregado para dar uma conotação mais profissio-asl, no sentido de abranger todas as pessoas que trabalham em

educação, na categoria de uabalhadores. Esse enfoque exclui

os educadores que atuam na educação informal, tais como pais, religiosos dentre outros, pois estes não necessitam de uma for-mação profissional específica para serem educadores.

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(6)

cação no mundo inteiro tem sido concretamente

questionado. Onde existiam certezas em relação à

necessidade, à importância e aos benefícios da

educação, começaram a surgir muitas dúvidas. A

crença ingênua de que a educação poderia ser

"re-dentora da humanidade" foi sendo substituída

pela crítica onde uns viam a educação como um

poderoso instrumento de manipulação e outros

como um aparelho de reprodução da sociedade,

sem contar aqueles que, em vista disso, pregavam,

como IVAN ILLICH, a desescolarização da

socie-dade.

No Brasil a crítica ideológica à educação

tam-bém tem ocupado grande espaço, sobretudo no

fi-nal da década de 70. Nos últimos anos, entretanto,

constata-se que o movimento de educadores,

conscientizados da situação e dos problemas da edu-cação brasileira, ultrapassam a fase da crítica à

edu-cação e o movimento entra gradativamente numa

fase mais orgânica, onde, ao longo de um

fortaleci-mento enquanto categoria de profissionais, surgem

propostas de mudança, de reformulação ou de

redefinição da educação em geral. Foram as

circuns-tâncias que educaram o educador, a própria

socie-dade como dizia Maria Nilde Macelani no I

Seminário de Educação Brasileira, realizado em

Campinas em novembro de 1978 sobre "formação

do ed ucador" .

"Em confronto com a realidade, o edu-cador tenta situar-se, organizar-se,

de-cidir os destinos da educação. A

preocupação com o social e o político

o leva a refletir sobre seu papel na

so-ciedade". (09-GADOTTI, 1983, pp.

139-140).

Essa posição filosófica não se enquadra numa pedagogia que aceite o estado de coisas existentes, mas por uma "pedagogia associada a uma atividade social que transforme o estado de coisas que tenda a criar ao homem condições tais que a sua existência se possa tornar fonte e matéria-prima da sua essên-cia", como diz Suchdolski. (14).

Essas idéias de busca de uma nova pedago-gia, tendo como base o modo de produção da socie-dade, foram iniciadas com as chamadas "teorias crítico-reprodutivistas" que surgiram no Brasil no

final da década de 70 e postulam que o papel da

escola é de reprodução da sociedade de classe e de reforço ao modo de produção capitalista. As que

ti-veram maior repercussão foram:VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

6 3 E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o16 • ~2 7 a 2 8 · p . 5 8 - 7 0 . :

a) "Teoria do sistema de ensino enquanto vi-olência simbólica" de Bordieu e Passeron (1975)6.

b) "Teoria da Escola Dualista" - de Baudelot e Establet.

c) "Teoria da Escola enquanto Aparelho Ide-ológico do Estado", de Althusser.

A influência das teorias crítico-reprodutivistas na América Latina se deu através de uma razoável

quantidade de estudos feitos sobre o sistema de

ensino. Tais estudos levaram os educadores a se

conscientizarem sobre a evidência do

comprometi-mento da educação com os interesses da classe

do-minante, superando a ingenuidade das "teorias

não-críticas". Mas, ao mesmo tempo, pelo caráter reprodutivista de suas análises, elas foram

responsá-veis pelo clima de pessimismo e desânimo que se

espalhou entre educadores, tomando ainda mais

re-mota a possibilidade de superação dos problemas

educacionais.

A teoria crítica, surgida no Brasil na década de 80, tenta superar esta visão unilateral e limitada das

teorias crítico-reprodutivistas e dá à educação um

enfoque de iterrelação recíproca entre educação e

sociedade. Tendo como fundamento teórico o

ma-terialismo dialético, ela abre espaço para a ação

transformadora da escola em inteira ligação com a

transformação do sistema social de produção. Assim,

a educação não perde sua base materialista (ela é

consequência do sistema social em que está inserida), mas não fecha a possibilidade dela participar de um processo transformador da sociedade, não como "re-den~ora" como na visão liberal, mas como p rep a- . radora do novo intelectual - "o intelectual orgânico' - que lutará, em âmbito da sociedade civil, pela trans-formação dessa mesma sociedade.

Tal tarefa toma-se um desafio para a

educa-ção, pois ela é dificultada pela conjuntura histórica atual, inspirada que é por uma longa tradição de di -curso e práticas sociais de cunho essencialmente neo-liberal.

O primeiro educador brasileiro que

sistemati-zou uma tendência pedagógica baseada n Teoria

Crítica da Educação foi Paulo Freire. ch

"ten-dência crítico-libertadora".

Desde a década de 60, Paulo Freire ~

pro-duzindo uma pedagogia que te or a

(7)

tem acompanhado a evolução do pensamento

radi-cal da educação, sendo, ainda hoje, um dos

educa-dores que maior contribuição teórica tem dado para

o entendimento do papel da educação numa

pers-pectiva crítico-dialética.

Paulo Freire tenta refletir, em seus livros, a partir da "Pedagogia do Oprimido", a essência polí-tica da educação.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ a luta por uma pedagogia

políti-ca. Sua tese central é justamente esta: nenhuma

pedagogia é neutra; toda pedagogia é política. Há

uma pedagogia que reforça o "silencio" em que se

acha as massas oprimida e uma pedagogia que

ten-ta dar-lhes a palavra. Daí a impossibilidade de

neu-tralidade da prática educativa e da teoria dessa

prática.

E sas idéias desencadearam um grande

deba-te deba-teórico entre os educadores, através de um

con-fronto entre a competência técnica (tão propagada pelo tecnicismo) e a consciência política. Saviani

analisa muito bem as duas questões numa

perspec-tiva crítica (ver 13-SAVIANI, 1983. pp.111-142) e

conclui:

Sem a competência técnico-política não

é possível sair da fase romântica".

A questão do papel dos "especialistas" na es-cola pública tem sido uma das questões mais discu-tidas no últimos anos entre os educadores, levados

pela própria fundamentação teórica globalizante da

teoria crítica e pelo processo de redemocratização do país e a consequente reorganização da sociedade

ci-vil. Esta problemática tem permitido

posicio-namentos diferentes entre os educadores: há uma

corrente que é radicalmente contra a presença dos

especialistas nas escolas, criticando as formas autori-tárias de sua atuação chegando a ser prejudiciais às classes populares atendidas pela escola pública. Essa

corrente é geralmente formada pelos educadores

mais esclarecidos que atuam em órgãos centrais das

secretarias estaduais e municipais de educação. O outro grupo, representado mais pelas

enti-dades de classe, propõe a manutenção desses

pro-fissionais, a partir de uma revisão de suas funções.

Reduz, assim, o problema a uma questão

burocráti-ca e pedagógiburocráti-ca.

Entendemos que este debate deve decorrer

de um revisão crítica da histórica da política educa-cional brasileira e de uma definição clara sobre o tipo de escola pública que desejamos.

A formação dos "especialistas em educação" tem, em decorrência, sido motivo de muitos

questio-64 Educação emD e b a t e Fortaleza- Ano1 6 ·n~27 a 28 - p. 58-70 - jan./dez.1 9 9 4

namentos. Em tomo dela, os que lutam pela

manu-tenção dos especialistas e sua "revisão de funções" ,

defendem que a formação continue ao nível de

gra-duação ou seja transferida para a pós-graduação. Os que lutam por uma nova estrutura na esco-la, através de uma dinâmica de suas funções,

acredi-tam que o educador deve ser formado de forma

globalizada, com uma sólida fundamentação teórica

e uma prática de todas as funções da escola, a fim de

que possa se engajar em qualquer uma delas em

sis-tema de rodízio e por indicações da comunidade

es-colar.

"Isto põe evidência que, ao invés de

es-pecialista em determinada habilitação

restrita, aquilo que realmente estamos

necessitando é de educadores com uma

sólida fundamentação teórica desenvol-vida a partir e em função das exigências da ação educativa nas condições brasi-leiras. Este será o profissional com ha-bilitação polivalente capaz de enfrentar os desafios da nossa realidade educaci-onal. A formação desse tipo de

profissi-onal é a tarefa urgente acometida aos

cursos superiores de educação, seja eles

denominados pedagogia ou não"

(12-SAVIANI, 1980, p.62).

MOMENTO -

CONFRONTO E TRE

A FORMAÇÃO GLOBALISTA E A FORMAÇÃO

TECNOLÓGICA DO PROFISSIONAL DE

EDUCAÇÃO (década de 90).

A perda de hegemonia norte-americana está

sendo substituída gradativamente pelas potências

emergentes tais como Japão e Alemanha gerando um

clima internacional difícil. Os economistas dizem

que, no período pós-guerra, o Japão cresceu 40

ve-zes, a Alemanha 10 vezes e os EEUU apenas 4

ve-zes. Isto afeta diretamente o Brasil, como país

capitalista dependente. Há sinais de aparecimento

de uma nova ordem mundial e consequentemente,

uma nova política para o mundo ocidental.

Essa crise do capitalismo é analisada também pelo esgotamento do "modelo Taylorista e Fordista"

de organização social do trabalho. O modelo ainda

usado envolve um padrão predatório de utilização

de mão-de-obra, com alta rotabilidade, baseado na

fragmentação e simplificação do trabalho. Esse

(8)

simplifica-damente - não consegue dar conta das novas exigên-cias da acumulação. Surgem, estão os novos proces-sos de produção capitalista, baseado principalmente na introdução de novas tecnologias. Daí o grande in-teresse pelas técnicas de produção japonesa. Isto re-percute diretamente em toda a organização social, na composição da classe trabalhadora, na organização da educação nacional e aí na formação dos profissionais

de educação. Há todo um movimento de

reaco-modação. O Taylorismo que procura mecanizar o tra-balhador e torná-lo uma espécie de gorila domesticado perde o espaço para o novo padrão de prod ução que

emerge a partir da III Revolução Industrial: A

INFORMÁTICA. Este novo padrão necessita de

profissionais com qualificação mais complexa e

ten-de a um elitismo do mundo do trabalho pois

dis-pensa um grande número de trabalhadores que

possam a ser substituídos por máquinas com alto

nível de sofisticação. Os novos modelos de

pro-dução surgem no mundo capitalista: o taylorismo

no Japão, o modelo sueco implantado no norte da

Itália.

Como diz Acácia Kuenzer:

lhador assume várias funções, e mudanças na estru-tura hierárquica.

Quando se fala em profissional qualificado, supõe-se a existência do profissional

não-qualifica-do. O capitalismo pós-moderno é também

exclu-dente pois necessita apenas de um pequeno número de profissionais qualificados. Portanto, a previsão é

que o número de desempregados, nesse modelo, seja

muito maior que o atual. Ramom Pena Castro, da

Universidade Federal de São Carlos nos alerta:

"Hoje o grande problema é ter trabalho e não a

forma de trabalho, o que é mais sério e provoca

maiores formas de exploração". Outro ponto

im-portante, é que toda essa qualificação prática e inte-lectual do trabalhador não significa que ele tenha o controle do processo produtivo. No Japão, por exem-plo, uma ou duas horas por semana, os

trabalhado-res param para pensar a produtividade da empresa,

mas não discutem greve, controle social da

produ-ção, o que produzir, para que produzir.

Todo esse modelo de produção está subsidia-do na filosofia neoliberal que tem como característi-cas:

"As transformações estão na forma, mas

o conteúdo da relação no trabalho

con-tinua o mesmo.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ uma nova forma de vestir a divisão social e técnica do

traba-lho, adequada ao estágio da informática (micro-eletrônica) do capitalismo. Essas "transformações" não superam as con-tradições do capitalismo".

Que tipo de profissional é necessário para esse mundo de trabalho?

Neste novo padrão o grau de instrução não é um fator secundário. Novas habilidades, e mais com-plexas, estão sendo requeri das, como a capacidade de trabalhar em equipes integradas, maior capacida-de para comunicação lateral com os colegas, mais ini-ciativa e cooperação na operação da maquinária. Estas

habilidades não podem ser desenvolvidas em

cursi-nhos rápidos no interior das fábricas ou a partir do próprio exercício no posto de trabalho. São habilida-des típicas de serem habilida-desenvolvidas pela escola pelo ensino regular.

O termo qualificação, que era entendido como

destreza, hoje vem atender as inovações técnicas atra-vés de: presença mais significativa do elemento

in-telectual no trabalho; conhecimento da matéria

prima; relação do trabalhador com o objeto; o

traba-lhador deve entender a lógica da máquina; o

traba-- um estado forte com responsabilidades

mí-mmas;

-livre iniciativa;

- novas formas de gerência e interferência do Estado;

- todos os tipos de atividades são vistos como mercadorias;

- insuficiência das instituições quando se

afas-tam da ação disciplinadora do mercado. Como se

pode vê, essas características atendem às novas exi-gências do capital.

Educadores como Gaudêncio Frigotto e Acácia

Kuenzer fazem crítica a esse modelo, situando as

seguintes questões:

- "O novo trabalhador do ano 2000 precisa ler literatura, ciência, arte e ter uma visão geral do mun-do, pois todos são trabalhadores intelectuais".

- "Os homens de negócio continuam subordi-nando o trabalhador à lógica do capital".

- "Todo avanço do capitalismo gerou tempo de maior alienação, exclusão e não tempo de liber-dade" .

- "O novo modelo passa a exigir do trabalhador conhecimento de ciência e tecnologia, mais

autono-mia, mais responsabilidade, mais comprometimento

com o auto-desenvolvimento".

- "O discurso da qualidade total e da

fle-xibilidade não abre um milímetro para o

(9)

dor. A qualidade total repassa para o trabalhador a responsabilidade da qualificação do produto".

- "O sistema participativo considera o homem como objeto do trabalho"? .

Que impHcafões aávêm áesse contexto para a

lor-mafõo áo pro6ssíonal áe eáucafõo?

Neste contexto, o sistema capitalista passa a interessar-se mais pela escola, como fornecedora de mão-de-obra mais qualificada, como fornecedora de

um novo trabalhador. Reacende-se a contradição

entre explorar versus educar.

Não é portanto, sem razão que, de repente, as

elites brasileiras tenham alardeado pelos meios de

comunicação a péssima qualidade do ensino

públi-co - públi-como se não fossem elas mesmas responsáveis

por este estado calamitoso.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ que agora essa quali-dade de ensino ameaça interferir em seus planos de acumulação de riqueza.

Neste quadro, abrem-se duas sendas para o

processo de qualificação profissional que

generica-mente percebemos como a necessidade de

flexibili-zação, integração e integralização do saber e da

condição de exercício de novas atividades grupais,

novas responsabilidades, criatividade, etc. Os cami-nhos: a polivalência e a politecnia.

Entendemos por polivalência a possibilidade do trabalhador circular por vários postos da produ-ção através da pluralidade de saberes operacionais.

Essa é a proposta do Capital. Continua a

predomi-nar a fragmentação da divisão técnica do trabalho,

com uma aparente postura de flexibilização - o cen-tro da atividade profissional é o saber prático. Em

educação é o perfil do educador eclético, mais

generalista.

A politecnia, superando o conceito de

polivalência, incorpora não apenas o saber prático,

como o conhecimento intelectual dos processos de

trabalho, de suas relações e de suas bases científicas

e tecnológicas. Pressupõe o desenvolvimento

inte-gral humano no horizonte da omnilateralidade, pela

dinamização de todas as suas potencialidades

(téc-nicas, humanas e políticas) e reintegrando

antropo-logicamente o pensar e o fazer pela superação da

divisão entre trabalho intelectual (planejar, criar,

diri-í Afirmação apresentadas em Sessão Especial da 16" Reunião

Anual da ANFOPE, tendo como tema: "Desafios dos novos

paradigmas: centralidade do trabalho, mudanças tecnológicas e Educação". Caxambu, 1993.

6 6 E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o 1 6 · n22 7 a 2 8 · p . 5 8 · 7 0 · ja n . / d e z . 1 9 9 4

gir) e, trabalho braçal (executar). O educador, nesse enfoque, é o globalista que se direciona através de um projeto político-pedagógico.

A formação e valorização do educador encon-tra-se na "ordem do dia" para o Estado com a finali-dade de produzir um "novo professor" dentro dos

parâmetros da acomodação do capital.

e

preciso ter

cuidado porque o discurso se identifica em determi-nados momentos, como o "novo-professor" que a formação crítica idealizada.

É preciso ficar claro que, no âmbito do capita-lismo, as especializações estão em declínio. A uni-versidade vai ter que especializar menos e trabalhar

mais integradamente, por uma questão até de

so-brevivência.

É dentro deste contexto que o papel do

pedagogo tem que ser recuperado como profissional

cuja atividade está determinada, principalmente,

pela responsabilidade social.

Concluindo, vimos que os anos 80 foram

mar-cados por questionamentos e tomadas de posição

claras ultrapassando as "posturas camufladas" tão pre-sentes nas décadas passadas. As idéias levantadas, as teorias sugeridas, as práticas experimentadas fo-: ram o começo da busca de uma nova pedagogia que

ainda se encontra em fase embrionária. Mas a

déca-da de 90, está permeadéca-da de uma correlação de forças entre a libertação do trabalhador e a acomodação do

capital. Os cursos de formação de educadores estão

sendo atingidos em cheio por esse grande

questio-namento sobre a educação brasileira. Surgem as

reformulações curriculares, agora com uma

preocu-pação maio com a fundamentação teórica e com uma

definição clara de sua linha filosófica básica. As

cor-rentes teóricas estudadas no curso vão desde o

positivismo até o materialismo histórico.

Está havendo toda uma articulação nacional

em torno da formação do profissional de educação,

liderada pela ANFOPE ( Associação Nacional pela

Formação dos Profissionais da Educação), desde

1990. Essa associação defende os princípios

histori-camente construídos pelo Movimento

Pró-Forma-ção do Educador, representado até 1990 pela

Comissão Nacional de Formação do Educador, e

ex-pressos nos Documentos Finais dos cinco encontros

nacionais realizados entre 1983 e 1990.

Os princípios gerais estabelecidos pela

ANFOPE, em 1992, para a formação dos

profissio-nais de educação são:

01. A questão da formação do educador deve

(10)

esse

; de

na problemática mais ampla das condições sócio-po-lítica e econômicas do país.

02. A transformação do sistema educacional

exige e supõe sua articulação com a mudança

estru-tural da sociedade em busca de condições de vida

justas, democráticas e igualitárias para as classes po-pulares.

03.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ dever do Estado atribuir recursos finan-ceiros adequados para o ensino público a fim de ga-ran tir o direito dos cidadãos à qualidade e gratuidade do ensino em todos os níveis.

04. A valorização dos profissionais da educa-ção, decorrência da valorização social da educação, é

fator extremamente importante para o compromisso

com a qualidade do ensino.

05. No movimento de luta pela

democratiza-ção da sociedade brasileira está inserida a

necessida-de da gestão necessida-democrática da escola e da educação,

em todos os níveis e esferas.

06. A autonomia dos cursos de formação de

educadores implica numa liberdade para propor e

desenvolver experiências pedagógicas a partir de

uma base comum nacional.

07. A base comum dos cursos de formação dos

educadores significa que todos são professores. A

docência constitui a base de identidade profissional de todo educador.

08. A teoria e a prática devem ser

considera-das o núcleo integrador da formação do educador.

09. Os cursos de formação de educador

deve-rão ser estruturados de forma a propiciar o trabalho interdisciplinar e a iniciação à pesquisa educacional.

A ANFOPE ainda refletiu e introduziu uma

base comum nacional que pudesse articular as três

instâncias de formação dos educadores: as Escolas

Normais, as Licenciaturas Específicas e a

Licencia-tura em Pedagogia. Definiu como profissional de

educação "aquele" que conduz o trabalho pedagó-gico e que foi formado para tal e traçou os grandes

eixos norteadores dessa formação que poderão ser

resumidos em :

01. A questão da Relação Teoria e Prática

na formação do futuro educador que supere a

dicotomia existente entre elas, assumindo que a

te-oria e prática são indispensáveis e que devem

per-passar todo o currículo de formação de educador.

Prática e Teoria, portanto, deixam de ser momento

isolados dentro do currículo e acontecem, imbricadas, em todo processo pedagógico. Assim, toda discipli-na é teórico-prática, pois estão produzindo

conheci-mento que parte e explica uma realidade. Esta

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abordagem implica numa preocupação em discutir a

formação do profissional de educação analisando o con-ceito de produção de conhecimento ao nível da orga-nização curricular. A consequência será a formação de

um profissional de educação que relacione seus

co-nhecimentos àprática social, principalmente à práti-ca da vida quotidiana dos alunos, no trabalho, na vida familiar, para que possa melhorar essa prática.

02. A Formação Teórica do Profissional

de Educação, superando a formação fragmentada

que utiliza pinceladas de teorias. O Currículo deve

proporcionar uma formação teórica de boa

qualida-de, que permita ao educador ir além das aparências da realidade e ultrapasse as "receitas" e possa recri-ar a cada passo uma tecnologia adaptada àrealidade sócio-econômica dos alunos. A leitura e intervenção

nessa realidade dependem da qualidade da

funda-mentação teórica.

03.

O

Entendimento Sobre a Questão

De-mocrática e a preparação para a sua vivência. Se nós

não soubermos o que é gestão democrática vamos ter

dois problemas: ou não vamos exigi-Ia ou não vamos saber participar dela. Portanto, a formação do profis-sional de educação tem que passar pelo debate e pela aprendizagem do que é gestão democrática. O

conhe-cimento do sistema nacional de educação e de sua

gestão deve ser básico para todo e qualquer profissio-nal de educação inclusive para se advertir sobre o uso neoliberal dessa proposição e saber distinguir o que é democracia para o projeto popular e o que ela signifi-ca para o projeto burguês. Por isso, ao discutirmos a gestão será necessário debatermos, junto, o projeto

político que subsidia a gestão democrática com seu

alunos e que colabore na gestão coletiva da escola,

participando das diversas ações que surgirem

consequentes da organização coletiva.

04. Compromisso Social que passa pela

acei-tação de uma concepção de educador

sócio-históri-ca, que não entende a educação como neutra ou

perene e limita aos moldes como ela está dada hoje,

mas que entende a educação como expressão das

necessidades da base material de uma determinada

sociedade e que, portanto, entende que os conteú-dos, a organização e os próprios métodos da

educa-ção mudam à medida que os períodos históricos ou

as formações sociais também vão mudando. Isto

im-plica num direcionamento político dos conteúdos

estudados e na compreensão da necessidade de

arti-culação da escola com os movimentos sociais e da

(11)

o s .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBATrabalho Coletivo e Interdisciplinar

no interior dos cursos de formação do

profissio-nal de educação, superando a individualização e

desarticulação do currículo. O trabalho coletivo

e a interdisciplinaridade exigem que haja um

acompanhamento programado do trabalho

docen-te pelas coordenações de curso e uma estrutura

curricular flexível que facilite essa integração.

Exige, também, uma postura de abertura ao

de-bate, à troca de experiência e ao trabalho coletivo

por parte dos professores. É uma postura

teórico-metodológica conjunta que terá que ser debatida e

definida como elemento essencial para a identifica-ção do curso. O profissional formado nesse enfoque faz uma relação entre as diversas disciplinas, na aná-lise dos fatos sociais e educacionais e na construção dos conteúdos curriculares.

REFLEXÕES CONCLUSIVAS

Iniciei este trabalho situando duas abordagens para a análise educacional e mais especialmente, no nosso caso, para a formação do educador. A primeira de caráter positivista, atende aos interesses do capi-tal. A segunda, crítica, faz uma análise dialética do

fenômeno educativo e do papel do educador e sua

prática político-social em função de um projeto para a classe trabalhadora.

Percorrendo a história da formação do educa-dor, situamos a década de 90 como um momento de confronto entre uma formação tecnológica e uma luta pela formação do educador "omnilateral" que en-tenda o movimento social e situe a escola no projeto de criação de uma sociedade mais humana e iguali-tária para todos os homens.

Vimos que o capital através dos empresários estão tomando posições mais agressivas em relação à

educação, como forma de influenciar na preparação

do trabalhador para a nova fase do capitalismo. Exem-plo disto é o documento dos empresários (Relatório

da Fundação Herbert Lewy e Bradesco, 1993) que

analisa as deficiências da escola colocando como cau-sas: a incapacidade discente, a má-qualidade na

for-mação dos professores, a incompetência do poder

político, a má administração da escola, ou ainda o

desleixo da família. No mesmo documento

apresen-tam como mecanismos de superação dessas

defici-ências.

6 8 E d u c a ç ã o e m D e b a t e - F o r t a le z a - A n o 1 6 · n227a28·p.58· 70·ja n . / d e z . 1 9 9 4

01. Intervir para se ter uma escola altamente qualificada ("discurso da qualidade total").

02. Priorizar de 8 a 10 séries como as mais im-portantes para a formação do trabalhador e investir nelas.

03. Exigir do Governo Federal: Financiamen-to e qualidade nas escolas.

04. Controle de qualidade das escola deve

haver a participação do empresariado através da

com-paração do desempenho das escolas, averiguação dos

objetivos acadêmicos desenvolvidos em cada

esco-la.

OS. Acionar medidas de melhoria de

qualida-de do ensino.

06. Aquilatar se os jovens que entram no

mer-cado de trabalho possuem competência básicas para

o nível tecnológico das Empresas.

Quais os problemas que podemos antever des-sa proposta?

- O sujeito, o ator social está para além de nós,

professores e alunos;

- A qualidade de que eles falam é a técnica, mecânica, embora com maior domínio do processo total.

- Há um atrofiamento político, crítico, na for-mação do profissional.

- Continuam sendo incutidos os valores

bási-cos do capitalismo: individualismo, competitividade,

consumismo. O trabalho em equipe se limita à

pro-dução.

- O Planejamento e avaliação educacional são

externos aos educadores.

Enfim, a escola deve servir ao novo modelo de produção, à nova relação de trabalho capitalista. Esta é a ótica dos empresários.

E qual o papel da Universidade, diante de todo esse quadro?

A Universidade, como parte de uma realidade

concreta, deve pensar suas funções e trabalhá-Ias le-vando em conta as exigências da sociedade nascidas

de suas próprias transformações em um mundo em

constantes mutações e crises. Esta colocação

eviden-cia, de modo mais ou menos evidente, o problema

das relações entre universidade e sociedade.

Uma das formas da Universidade

desenvol-ver bem o ensino e a pesquisa é através da formação de cidadãos aptos a exercer funções em todas as

áre-as do conhecimento. E essa formação de cidadãos

deve caracterizar-se como a preparação de homens

pensantes. que buscam continuamente novos

(12)

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-tomaticamente os mesmos movimentos. Portanto, a

universidade, além de ser uma instância de

produ-ção de conhecimento, de cultura e tecnologia, é

tam-bém a instituição onde se devem formar pessoas,

cidadãos e profissionais conscientes, críticos.

Sirvo-me da fala do professor Ildeu Coelho,

da Universidade Federal de Goiás, para esclarecer

bem a relação entre Universidade e Mercado de

Tra-balho: "Ora, a expansão do ensino superior não pode estar atrelado ao mercado de trabalho, principalmente

numa economia na qual há sempre uma dose de

imprevisibilidade e de anarquia, nem a melhoria de

sua qualidade pode ter como padrão de referência e

produtividade atual ou futura dos indivíduos no

mercado. O que importa, acima de tudo, não é fazer

indivíduos produtivos para o sistema, o que nos co-locaria a reboque da economia e, portanto, presos a critérios que escapam no âmbito do saber, do ensino

e da pesquisa. A lógica da academia, de acordo com

a natureza mesma da instituição, é outra e leva em

conta seu compromisso fundamental com a

verda-de, a busca de uma compreensão mais profunda e

rigorosa do mundo físico e social, bem como a luta

pela produção de novas formas da existência

soei-aI". E continua Ildeu, "Na verdade, cursos e

currí-culos preocupados apenas ou principalmente com a

formação de profissionais para o mercado já perde-ram apenas sua força instituínte, seu poder de

pro-duzir o novo. Poderão até implicar em novidades,

incorporar novas tecnologias no processo de

forma-ção, encartar os alunos e o público com as

maravi-lhas do mundo tecnológico, mas não são capazes de

se colocar no plano do pensamento, da busca do sen-tido e da gênese, das possibilidades e limites de todo isso?".

A formação do Educador não pode se abstrair

desse movimento social que acabamos de delinear,

embora de forma simplificada. Ela está inserida nesse processo, é influenciada por ele e por vez, também

influencia para um direcionamento da educação em

favor ou não da classe trabalhadora.

Percebo nesse movimento, três caminhos para

a prática educativa: um mais tradicional,

explicita-mente fragmentado e que atende à divisão social do

trabalho do capitalismo moderno baseando-se no

modelo Taylorista e Fordista das relações de traba-lho. É a formação e prática dos especialistas em

edu-cação já tão criticadas pelos estudiosos e tão

defasa-das em sua prática. É modelo ultrapassado que não

é mais justificado nem pelo próprio capitalismo.

O outro caminho, que aparece com uma

rou-pagem de renovação, de melhoria de qualidade, é

a formação do educador eclético, com conotação

"generalista", polivalente e que atendem às

exi-gências neo-liberais da pós-modernidade de um

profissional mais criativo, mais autônomo e mais

qualificado para o domínio da produção. A visão de

totalidade é limitada ao sistema de produção, uma

visão, portanto, sistêmica, e que é muito influenci-ado, por palavras mágicas como: "qualidade total", "integração", "competência total". O ed ucador

for-mado nesse modelo é mais solto, mais criativo,

me-nos mecânico, mas não consegue entender a

dinâmica social e as relações além de seu local de

trabalho. Não consegue sair da visão também

har-mônica da sociedade que a teoria sistêmica lhe

im-põe, porque absorve as idéias de um grupo social

dominante que está por trás de todo esse modelo. O

perigo dessa formação é a "aparência, renovadora", o discurso "avançado" que visa confundir o enten-dimento das relações sociais e educacionais". Exem-plo disso está o modelo do tele-ensino implantado universalmente de

sa

a

sa

séries nas escolas públicas estaduais do Ceará, a partir de 1994.

O terceiro caminho, no qual se inclui a forma-ção globalista do educador, tem por base o

entendi-mento de que os movimentos da sociedade são o

parâmetro maior para a reflexão e posturas educaci-onais. Baseia-se na visão de totalidade social e im-plica a existência de políticas claras e definição de projetos político-pedagógicos em todas as instânci-as. O ponto da globalização é essa reflexão social e

educacional. O educador, formado assim, age no seu

específico sem se isolar ou fragmentar, pois existe um projeto global. A escola, com projeto definido, proporciona condições para a ação globalizante. Veja que há uma diferença sutil mais radical: não se frag-menta para chegar ao global, entenda-se, social, e a partir daí trabalha-se o específico. Essa formação

exige fundamentação teórica consistente, para uma

leitura da realidade social e educacional e uma

se-gurança nas ações específicas. Exige uma prática

coletiva da gestão da escola que deverá facilitar não

só as ações administrativas democráticas, como a

9 "O discurso da integração reforça ideologicamente a neces-sidade de atrelamento da universidade do ensino e dos currí-culos aos interesses dominantes" (lldeu Coelho).

8 Conferência apresentada no XII Encontro Nacional de

Pró-Reitores de Ensino de Graduação das Universidades

Brasilei-ras, realizada em F ortaleza, de 12 a 15/04/94.

(13)

vivência curricular interdisciplinar, tendo como eixo norteador a relação teoria-prática que deverá apon-tar para um projeto de transformação social. O edu-cador, para construir esse caminho, tem que superar a formação especialista e a formação eclética,

consci-ente de que esses modelos reproduzem relações

so-ciais de produção capitalista.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ a formação globalista, numa conotação politécnica, que levará e educador

a participar de um projeto social transformador. Portanto, o educador que se propõe a formar é

crítico, com segurança teórica e comprometido com

a educação popular. Para isso ele tem que ser

essen-cialmente docente, com competência

técnico-polí-tica globalizante, que seja capaz de exercer qualquer

função dentro dela. Exige-se desse educador uma

visão crítica da sociedade/educação e uma consciên-cia de classe soconsciên-cial como respaldo para a consciência

do seu papel como educador comprometido com um

projeto de educação popular. Nessa perspectiva, o

profissional de educação deve ser formado para atu-ar também fora da escola, em creches, presídios, asi-los e programas comunitários e sociais, atendendo

também, a imensa demanda que não consegue

en-trar na escola. Somente um trabalho pedagógico que

compreenda os educandos como indivíduos

histori-camente determinados e não como realidades

inde-finidas e' abstratas, que questione a estrutura de

poder da escola e lute para a transformá-Ia, que

ques-tione a educação e seus compromissos com a

explo-ração e a dominação de classe, que critique o saber

produzido e veiculado na escola e que discuta as

condições de vida dos indivíduos, poderá se consi-derar a serviço da classe trabalhadora.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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O

que é

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edição, coleção Primeiros Passos n° 20, São Paulo, Editora Brasiliense, 1986.

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Referências

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