Título: Expressões populares encontradas no cordel
Duração: 4 aulas
Introdução
A literatura de cordel é um gênero que valoriza a tradição oral e apresentas múltiplos temas, como questões sociais, a tradição da literatura medieval, o cotidiano e o imaginário nordestino, a vida atual, entre outros. Por estar fortemente associada à cultura popular, a linguagem do cordel costuma apresentar marcas de oralidade e exemplos de variação linguística. O estudo das expressões populares presentes no cordel propicia aos alunos o contato com essa variação, valorizando-a enquanto ele- mento estilístico-enunciativo. Por meio deste estudo, propõe-se a elaboração, pelos alunos, de um dicionário informal, que lhes permita compartilhar as expressões encontradas nos cordéis lidos.
Objetivos de aprendizagem
Reflexão sobre o léxico do texto — Identificar o sentido de vocábulo ou expressão
utilizado, em segmento de texto, selecionando aquele que pode substituí-lo por sinonímia no contexto em que se insere.
Reflexão sobre a forma, a estrutura e a organização do texto — Interpretar ver-
betes de dicionário, identificando a estrutura, as informações gramaticais (significado de abreviaturas) e as informações semânticas.
Avaliação dos efeitos de sentido produzidos em textos — Inferir, em textos, o efeito de humor produzido pelo uso intencional de palavras, expressões ou imagens ambíguas.
Procedimentos estilístico-enunciativos — Utilizar, ao produzir o texto, recursos de
coesão pronominal (pronomes anafóricos) e articuladores de relações de sentido (tempo, causa, opo- sição, conclusão, comparação), com nível adequado de informatividade.
Recursos e materiais necessários
Folhas de papel sulfite; lápis preto e coloridos; livretos de cordéis disponíveis em:
• <www.ablc.com.br>/;
• <www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/>;
• <www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=344>.
Acessos em: 22 dez. 2017.
Sugestão de texto como referência: Romance do pavão misterioso, de João Melquíades Ferreira. Disponível em:
<http://digitalizacao.fundaj.gov.br/fundaj2/modules/visualizador/i/ult_frame.php?cod=64>.
Acesso em: 22 dez. 2017.
Desenvolvimento/etapas
Aula 1 – Apresentação do tema
Duração: uma aula de 40 minutos Referência do livro do aluno: Unidade 7 Organização dos alunos: em roda
A proposta se relaciona às expressões populares encontradas no cordel que evidenciam a va- riedade linguística. Selecionar de um texto algumas expressões populares que sejam do conhecimento da turma, de preferência alguma expressão regional. Conversar com os alunos, que devem estar orga- nizados em roda, questionando-os se sabem o significado dessas expressões. Espera-se que conheçam os significados, mas, se for necessário, inserir essas expressões em um contexto, que pode ser uma frase ou uma história para que eles respondam. Caso não conheçam, incentivá-los a tentar criar um significado.
Explicar que há textos cujas expressões pertencem à língua coloquial, tais como gírias, jargões e linguajar popular, que acabaram conhecidas como um aspecto da cultura regional. Perguntar se eles conhecem algum tipo de texto que apresente expressões populares.
Fazer perguntas para que possam refletir e mobilizar os conhecimentos que já têm sobre a literatura de cordel. Verificar o que conhecem sobre o gênero, identificando seu repertório. Lembrar que se trata de um tipo de poesia escrita em versos, que são impressos em folhetos e vendidos em feiras populares e praças. Da mesma forma que o cordelista se inspira em fatores do cotidiano e/ou na cultura popular, a linguagem apresentada é simples e informal, com o uso de expressões regionais e populares.
Aula 2 – Leitura compartilhada de cordel
Duração: uma aula de 40 minutos Referência do livro do aluno: Unidade 7
Organização dos alunos: coletiva e, depois, em grupos de três ou quatro alunos
Propor aos alunos a leitura compartilhada de um cordel a fim de conhecer melhor suas carac- terísticas. Combinar que a leitura será realizada em voz alta e que os alunos devem acompanhá-la. Se o professor optar por utilizar o cordel sugerido, Romance do pavão misterioso, comentar que esse texto é um dos maiores clássicos do gênero. Escrito por José Melo Rezende, foi publicado por João Melquíades Ferreira da Silva e se tornou um dos folhetos mais vendidos.
Após a leitura, indicar que o cordel faz parte do Romanceiro Popular Nordestino, herdado da oralidade dos trovadores europeus. Perguntar aos alunos como estão agrupadas as estrofes e em que posição aparecem os versos que rimam. Analisar com a turma a estrutura e o tema do cordel.
Retomar a leitura do texto, lembrando que, para uma compreensão mais efetiva de um cordel, é necessário ter em mente como a oralidade e os fatos cotidianos estão presentes nele. Organizar a turma em grupos de três a quatro alunos para analisar trechos do texto, buscando expressões popu- lares e marcas de oralidade. Escrever as palavras localizadas.
Aula 3 – Expressões populares no cordel
Duração: uma aula de 40 minutos Referência do livro do aluno: Unidade 7
Organização dos alunos: em grupos de três ou quatro alunos
Reunir os grupos formados anteriormente e retomar as palavras localizadas na aula 2. Orientar a turma a buscar hipóteses sobre o significado das expressões encontradas. Em um segundo momento, os grupos devem pesquisar o significado de tais expressões.
Os grupos devem justificar a resposta com base na estrofe, por meio do sentido que ganha no contexto. Por fim, devem procurar em dicionários ou sites o significado popularmente atribuído e apre- sentar para os colegas as expressões e seus significados.
Aula 4 – Nosso dicionário informal
Duração: uma aula de 40 minutos Referência do livro do aluno: Unidade 7
Organização dos alunos: em grupos de três ou quatro alunos
Propor aos alunos a produção de um dicionário informal de termos e expressões populares que eles localizaram na leitura dos folhetos de cordel. Pedir que retomem as expressões pesquisadas e elaborem um verbete para cada expressão. Para isso, é necessário que verifiquem como é a estrutura de um verbete de dicionário, identificando as informações gramaticais e semânticas que devem estar presentes nele.
O verbete deverá conter entrada, separação silábica e significado. Distribuir folhas à parte, bem como lápis preto e coloridos. A primeira versão dos verbetes deve ser apresentada e explicada.
As duplas devem trocar os verbetes elaborados para que os colegas possam revisar. Para passar a limpo a versão final desse texto, a dupla deve considerar a correção que foi feita e realizar as alterações necessárias. Montar o dicionário, considerando a relação do número de verbetes e da ordem alfabé- tica, ou algum outro critério preestabelecido pelos alunos. Socializar a produção, disponibilizando-a para a biblioteca escolar, por exemplo.
Aferição de aprendizagem
Ao final do trabalho, verificar coletivamente se a turma compreendeu o conceito de regiona- lismo com base nas expressões próprias de cada região, valorizando suas expressões e respeitando as dos outros. Identificar se os conhecimentos adquiridos sobre cordel foram ampliados, convidando-os a discutir a relação entre oralidade e produção. Avaliar se os alunos foram capazes de refletir sobre o texto a partir da escolha de palavras e de expressões que identificam nos textos lidos.
Sugestão de questões para auxiliar na aferição
1. Leia o trecho abaixo, do cordel A mulher roubada, de Leandro Gomes de Barros.
Casou-se com Paulo Alheiro homem também educado, porém vivia no mar, aonde era empregado, custava tocar em casa devido o viver vexado.
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jn000018.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2018.
No contexto do cordel, o uso da expressão vexado significa:
a) vexame.
b) envergonhado.
c) apressado.
d) venerado.
2. Entre os itens de estrutura de um verbete está(ão):
a) os vários sentidos da palavra.
b) os balões de fala.
c) as informações históricas.
d) a obrigatoriedade do antônimo.
Gabarito das questões
1. c.
2. a.