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Medidas Administrativas e Penalidades

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MEDIDAS ADMINISTRATIVAS E PENALIDADES

Medidas Administrativas e Penalidades

As Medidas Administrativas e Penalidades são tópicos de extrema relevância na legislação de trânsito em virtude das várias informações que cerceiam o tema, como a possibilidade ou não de um veículo ser multado por estacionamento irregular e o veículo sequer ser removido. Será que o CTB prevê este tipo de conduta? Sem maiores comentários: SIM!

Poder de Polícia de Trânsito

Para aqueles que são conhecedores do tema Poderes e Deveres da Administração, trabalhado nos cursos de Direito Administrativo, sai na frente no entendimento deste tópico, pois para sua compreensão analisaremos de forma detalhada o Poder de Polícia de Trânsito à luz do Código de Trânsito Brasileiro.

Ressalte-se que os órgãos da Administração para cumprirem suas funções institucionais e preservar o interesse da coletividade devem possuir determinadas prerrogativas.

Basta se pensar, à luz do código linguístico o significado da palavra “poder”.

Se “poder” é uma capacidade de impor sua vontade a terceiros, independentemente da anuência deste terceiro, e se isto for feito no sentido de preservar o interesse da coletividade. Que poder seria esse?

Trata-se dos poderes do Estado, que tem como objetivo atingir o bem comum.

É claro que esta prerrogativa é um verdadeiro poder-dever, uma vez que são indisponíveis, ou seja, de uso obrigatório. Atingir o bem comum, o interesse público, é o único caminho a ser trilhado pela administração.

Dando um passeio no curso de Direito Administrativo, de forma sucinta, a fim de não perdemos o foco da análise do tema em tela, podemos citar como poderes da administração: o hierárquico, o disciplinar, o normativo, e por fim o poder de polícia.

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dos servidores públicos e daqueles que contratam com a Administração. E por fim, o Poder Normativo surge da necessidade de complementação das leis administrativas para torná-las aplicáveis, como por exemplo, quando o CONTRAN regulamenta o CTB.

Quanto ao Poder de Polícia, que é o que nos interessa, poderíamos defini-lo como qualquer intervenção ou restrição imposta pelo Estado nas atividades, direitos ou interesses individuais a fim de beneficiar o interesse coletivo.

Em que pese possuirmos uma doutrina farta sobre o tema, o nosso ordenamento jurídico nos oferece de forma gratuita o conceito de Poder de Polícia, que sob hipótese alguma poderia ser desprezado por nós no trato do tema. Com isso vamos para a análise do art. 78 do Código Tributário Nacional, que expressamente nos informa:

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”

Da definição expressa acima podemos extrair as seguintes características:

1. É atividade da administração pública, que não deve ser confundido com o poder de polícia

de segurança pública, pois enquanto o primeiro atua sobre direito, interesse ou liberdade, o segundo atua sobre pessoas coibindo a ocorrência de infrações penais, ora de forma preventiva ora de forma repressiva.

2. A atuação do poder de polícia consiste tanto numa obrigação de “fazer‟ quanto de “não

fazer” por parte do particular, pois regula a prática de ato ou abstenção de fato, conforme expresso acima.

3. Conforme previsto no parágrafo único transcrito acima, deve- se observar os limites da lei

aplicável, portanto o poder de polícia de trânsito tem seus limites previstos no próprio CTB.

4. Ainda quanto ao parágrafo único, na atuação do poder de polícia, EM REGRA, ao privar o

particular de bens ou de direitos, faz-se necessário a instauração do devido processo legal.

5. A discricionariedade do poder de polícia previsto acima aparece de forma incontestável na

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Formas de atuação do Poder de Polícia

O Poder de Polícia como veremos pode ser fracionado. De forma surpreendente, podemos encontrar em nossa lei de trânsito a forma que se dará essa quebra ou fracionamento.

Com isso, o CTB, de forma inovadora, nos trouxe um fracionamento do Poder de Polícia, ou seja, suas formas de manifestação.

Cabe ressaltar que o tema também foi trabalhado na Doutrina, pelo ilustre mestre Diogo de Figueiredo Moreira Neto.

Analisaremos, então, as disposições do CTB, que se refere ao tema, pois é o que nos interessa para prova:

“Art. 269, § 1º. A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.”

Perceba que além das formas de atuação do poder de polícia de trânsito, temos também descrito acima o fim público a que se dirige tal atividade da administração: proteção à vida e à incolumidade física da pessoa. Com isso, vamos analisar as formas de atuação do poder de polícia fazendo as remissões necessárias dentro da legislação de trânsito:

A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas:

a) Ordem de polícia – aqui o Poder Público se manifesta através da criação de leis e atos

normativos que causem restrições ao desempenho das liberdades individuais, a fim de preservar o interesse coletivo.

De outra forma, poderíamos exemplificar o exposto, fazendo menção às regras de habilitação. Nestas regras o legislador e o CONTRAN impõem uma série de restrições aos particulares para que tenhamos condutores realmente habilitados na direção de veículos automotores. Com isso faz com que toda a sociedade tenha a sua disposição um trânsito livre de acidentes.

São normas que causam restrições aos interesses individuais a fim de preservar o interesse público.

b) Consentimento de polícia – é uma forma de manifestação do Poder Público que permite o

desempenho de atividades por parte dos particulares.

Os consentimentos dados pela administração têm como fundamento a ordem de polícia. Antes da administração consentir qualquer atividade do particular deve antes observar os detalhes de sua regulamentação.

Podemos, juridicamente falando, tratar o consentimento de polícia como sinônimo de alvará. Encontramos na legislação de trânsito tanto o alvará de licença como o alvará de autorização, a saber:

b.1) Alvará de licença – devemos entender este modalidade de consentimento como um ato

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Quando um candidato a habilitação para dirigir passa em todos os exames de obtenção da habilitação, a administração fica obrigada a expedir seu documento de habilitação. É isto que chamamos de o ato administrativo vinculado.

Quando dizemos que o ato administrativo é de natureza declaratória significa que a administração não cria direito algum para o particular, mas apenas declara o direito que este possui, por ter passado pelos exames de habilitação.

Por fim, diz-se permanente porque não sofre variações por conveniência e oportunidade do administrador.

b.2) Alvará de autorização – devemos entender esta modalidade de consentimento como

um ato administrativo discricionário, constitutivo e precário, onde para uma melhor compreensão dos institutos ora mencionados vamos exemplificar à luz do CTB.

Na legislação de trânsito temos uma série de situações onde apenas é permitido o trânsito de veículos em situações excepcionais, quando detentores de um documento chamado de AET (autorização especial de trânsito).

Na cessão deste documento o órgão com circunscrição sobre a via avalia condições de conveniência e oportunidade (discricionariedade), sempre à luz da segurança viária e fluidez do trânsito.

Feita a opção pela expedição da AET, cria-se (constitui-se) para o particular um direito de trânsito com seu veículo a título precário, ou seja, revogável a qualquer tempo.

Como exemplo de alvará de autorização, podemos citar três situações previstas na legislação de trânsito (com grifo nosso no verbo poderá, a fim de ressaltar a discricionariedade):

“Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utilizado no transporte de carga indivisível, que não se enquadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela autoridade com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias.

§ 1º A autorização será concedida mediante requerimento que especificará as caracterís-ticas do veículo ou combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e o horário do deslocamento inicial.

§ 2º A autorização não exime o beneficiário da responsabilidade por eventuais danos que o veículo ou a combinação de veículos causar à via ou a terceiros.

§ 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre caminhões poderá ser concedida, pela auto-ridade com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo de seis meses, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias.”

“Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar, a título precário, o transporte de passageiros em veículo de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN.

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transporte coletivo de passageiros, em conformidade com a legislação pertinente e com os dispositivos deste Código. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)”.

c) Fiscalização de polícia – das formas de atuação do poder de polícia esta é a mais intuitiva,

onde é possível se imaginar um agente de trânsito na via escolhendo veículos para uma eventual fiscalização.

Não pode o detentor de uma licença para dirigir imaginar que poderá conduzir seu veículo de qualquer forma, pelo simples fato de ter obtido um consentimento do Poder Público. Será que o condutor que está com sua CNH em dia poderá conduzir embriagado? É claro que não! E é aí que entre essa terceira forma de atuação do poder de polícia, verificando os requisitos de manutenção do consentimento.

De uma forma mais técnica é através desta forma de atuação que se verifica se o detentor do consentimento é merecedor de sua manutenção, pois caso cometa atos em desacordo com a legislação poderá sofrer até a penalidade cassação, que é a perda do direito de dirigir.

O tema fiscalização de polícia ganha relevância quando comparamos a atividade do agente de trânsito que goza desta prerrogativa funcional com a atividade dos funcionários de empresas contratadas pelo Poder Público para operação de trânsito, que não gozam desta prerrogativa funcional.

Vejamos as definições dos institutos no ANEXO I do CTB:

“Fiscalização – ato de controlar o cumprimento das normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de trânsito e de acordo com as competências definidas neste Código.”

“Operação de trânsito – monitoramento técnico baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de fluidez, de estacionamento e parada na via, de forma a reduzir as interferências, tais como veículos quebrados, acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informações aos pedestres e condutores.”

d) Medidas administrativas – esta forma de atuação do poder de polícia é peculiar da

legislação de trânsito, porque embora cause uma ideia de sanção administrativa, com esta não guarda relação.

Vejam estas medidas como medidas emergenciais, que justificam a atuação auto-executória (dispensando a anuência do poder judiciário) por parte da administração e com imperatividade (dispensando a anuência do particular).

As medidas administrativas devem ser entendidas como constrangimentos causados aos particulares, pelo fato de estes terem causado uma interferência ao interesse do coletivo, ora atentando contra a segurança viária (condutor embriagado) ora atentando contra a fluidez (veículo estacionado sobre calçadas).

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Com isso devemos mencionar que o condutor que tem seu veículo retido em virtude de ter sido flagrado conduzindo embriagado não está sofrendo sanção. Este vai sofrer o constrangimento de ter que chamar uma pessoa em condições de dirigir para que seu veículo não vá para o depósito público.

Perceba que este mesmo condutor embriagado terá seu documento de habilitação recolhido para que não volte a dirigir enquanto estiver sobre efeito desta substância entorpecente.

Note que nas duas situações descritas, depois de sanadas as irregularidades as medidas administrativas aplicadas são desfeitas, ou seja, após restabelecidas a sensação de segurança no trânsito, o condutor poderá voltar a dirigir regularmente.

Com base no exposto, cabe ressaltar que parte da doutrina trata as medidas administrativas como medidas de caráter emergencial, sendo aplicável apenas durante o transtorno causado pela infração de trânsito.

e) Medidas coercitivas – Estas medidas aparecem na legislação de trânsito com o nome de

penalidade.

Aqui se tem a aplicação de sanções administrativas pela autoridade de trânsito, tais como: advertência por escrito; multa; suspensão do direito de dirigir; apreensão do veículo; cassação da Carteira Nacional de Habilitação e frequência obrigatória em curso de reciclagem.

Por fim, neste caso, certamente, o particular penalizado terá direito a um devido processo legal, sendo-lhe assegurada ampla defesa.

Atribuições para aplicação de sanções de Trânsito

Um tema que nos chama a atenção é a competência para aplicação das sanções prevista na legislação de trânsito. Onde em um primeiro momento vamos trabalhar com o que temos de expresso na legislação de trânsito, e num segundo momento faremos uma análise sistemática da Legislação de Trânsito.

Com isso, remeto o leitor ao capítulo do CTB que trata das atribuições dos órgãos e entidades do SNT.

Neste capítulo encontramos as penalidades de suspensão do direito de dirigir, cassação do documento de habilitação, frequência obrigatória em cursos de reciclagem como de aplicação exclusiva dos DETRANs.

Já a penalidade de advertência por escrito, conforme este capítulo seria de competência exclusiva dos órgãos executivos rodoviários da União, Estados, DF e Municípios.

Ainda olhando para este capítulo, multa seria de competência comum (de todos), nada mencionado o referido capítulo acerca da penalidade de apreensão do veículo.

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Por fim, em uma análise mais crítica a respeito da penalidade de advertência por escrito, poderíamos afirmar que também é uma penalidade que poderia ser aplicada por todos os órgãos de trânsito, pelo fim público a que se dirige: educação para o trânsito, em detrimento da redação imprecisa acerca da regulamentação do instituto pelo legislador do CTB.

Lembre-se que advertência por escrito é resultado da conversão da penalidade de multa, decorrente de infrações leves e médias.

Ainda quanto à advertência por escrito não entendemos ser adequado a afirmação de alguns autores que constitui direito subjetivo público do autuado, ou seja, que deve ser aplicada, sempre antes da imposição da multa.

Acreditamos que se trata de discricionariedade da autoridade de trânsito, devendo surgir regulamentação sobre o tema, explicitando o que deve ser valorado pela autoridade na aplicação ou não de tal penalidade.

Esta regulamentação deve ocorrer a fim de fugirmos de eventuais arbitrariedades do administrador público, pois a aplicação de tal penalidade, não pode ficar sujeita ao humor da referida autoridade.

Medidas administrativas e penalidades

É necessário que se inicie o estudo de medidas administrativas e penalidades de forma simultânea para que possamos trabalhar as semelhanças e diferenças dos institutos.

Como semelhança, podemos elencar:

• São formas de atuação do poder de polícia.

• Ambas estão na esfera de atribuição da autoridade de trânsito.

• Estão sujeitas ao princípio da reserva legal, previsto no art. 5º, inc. XXXIX da CRFB. • A cada infração temos as medidas administrativas e penalidades aplicáveis. Como diferença das medidas administrativas e penalidades, podemos citar:

• As medidas administrativas, diferentemente das penalidades, não têm natureza de sanção administrativa, mas tão somente de constrangimento de polícia.

• As medidas administrativas estão na esfera de atribuição dos agentes de trânsito, as penalidades apenas podem ser aplicadas pela autoridade de trânsito.

• São aplicadas em momentos distintos, pois as medidas administrativas são aplicadas no momento da autuação, já as penalidades apenas após um devido processo legal.

• Não são tratadas no mesmo capítulo do CTB.

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Penalidades

As penalidades administrativas, também chamadas sanções de polícia, estão previstas no art. 256 do CTB, e são aplicáveis apenas pela autoridade de trânsito. Estas penalidades por interferirem na órbita de direito do administrado, em regra, somente são impostas após o devido processo legal.

Vejamos cada uma das penalidades previstas no CTB.

Multas

As multas serão impostas e arrecadadas pelo órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via onde haja ocorrido a infração, de acordo com as competências estabelecidas no CTB.

Saiba que a cobrança de multa decorrente de infração de trânsito observa algumas peculiaridades, uma vez que, o CTB, vincula o licenciamento de veículos e a transferência de propriedade ao pagamento da multa.

Sendo assim, quando um veículo é autuado em unidade da federação diversa do licenciamento do veículo, para que o órgão autuador receba as suas multas impostas a veículos de outros estados, é necessário que este órgão esteja de alguma forma ligado ao DETRAN de registro do veículo, para que haja restrição no sistema quanto a registro e licenciamento.

Com isso, vamos ver alguns casos específicos sobre a penalidade multa:

Infrações ocorridas em outra unidade da federação

Este tema ganha complexidade uma vez que a sua regulamentação ficou diferente daquilo que o legislador imaginou que seria. De outra forma, no art. 260 §§ 1º e 2º do CTB, temos as seguintes previsões sobre o tema:

“§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa da do licenciamento do veículo serão arrecadadas e compensadas na forma estabelecida pelo CONTRAN.

§ 2º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa daquela do licenciamento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entidade responsável pelo seu licenciamento, que providenciará a notificação.”

Em verdade o CONTRAN regulamentou o tema na Resolução 155/2004, que também foi operacionalizada pela Portaria 03/2004 do DENATRAN.

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a) A condição para que haja restrição nos sistemas RENAVAM e RENACH é que o órgão

autuador registre suas autuações a veículos de outros estados nessa base nacional.

b) Até a data de vencimento expressa na Notificação da Penalidade de Multa ou enquanto

permanecer o efeito suspensivo sobre o Auto de Infração, não incidirá qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento e transferência, nos arquivos do órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo registro do veículo.

c) Do valor da multa, arrecadado pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou

do Distrito Federal, aplicada pelos demais órgãos ou entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, serão deduzidos os custos operacionais dos participantes do processo, na forma estabelecida pelas instruções complementares emitidas pelo DENATRAN. De outra forma, o DETRAN de registro arrecada e repassa ao DENATRAN e ao órgão autuador as suas participações.

d) As notificações de autuação e penalidade, assim como o processo administrativo continuam

sob responsabilidade do órgão autuador, ao contrário do que pensou o legislador no § 2º do art. 260 do CTB.

Cobrança de multas de veículos estrangeiros

Quando a infração for cometida com veículo licenciado no exterior, em trânsito no território nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do país, respeitado o princípio de reciprocidade.

Observe que a multa não é condição para prosseguir viagem, e sim para retirada do veículo do país, podendo o estrangeiro sair livremente. Devemos considerar a possibilidade de o veículo sair com todos os seus débitos de forma regular, basta que seja dado o mesmo tratamento ao veículo brasileiro quando no exterior.

Apenas em nível de ilustração, uma vez que não é possível extrair esta informação do CTB, o órgão que deverá implementar este dispositivo é a Polícia Rodoviária Federal.

A PRF é o órgão de trânsito que atua nas fronteiras do país, e para que os demais órgãos tenham suas multas cobradas pela PRF, deveram celebrar convênio com a mesma.

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Correlação entre valores das multas, natureza da infração e pontuação

Vamos ilustrar o tema através de uma tabela para facilitar a compreensão e a visualização do exposto.

Natureza da infração Valor da multa Pontuação correspondente

Leve R$ 53,20 3 Média R$ 85,13 4 Grave R$ 127,69 5 Gravíssima R$ 191,54 7 Gravíssima 3x R$ 574,62 7 Gravíssima 5x R$ 957,70 7 Gravíssima 10x R$ 1.915,40 7

É importante destacar que esses valores, atualmente definidos pela Resolução 136/2002 do CONTRAN serão reajustados a partir de 01/11/2016 quando a Lei nº 13.281/2016 entrará em vigor. Os novos valores serão:

Natureza da infração Valor da multa Pontuação correspondente

Leve R$ 88,38 3 Média R$ 130,16 4 Grave R$ 195,23 5 Gravíssima R$ 293,47 7 Gravíssima 2x R$ 586,94 7 Gravíssima 3x R$ 880,41 7 Gravíssima 5x R$ 1.467,35 7 Gravíssima 10x R$ 2.934,70 7

Responsabilidade pelo pagamento

Fica estabelecido que o proprietário do veículo será sempre responsável pelo pagamento da penalidade de multa, independente da infração cometida.

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Destinação da multa

A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito tem destinação específica, ou seja, apenas poderá ser aplicada em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito, e nada mais.

O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito, que será administrado pelo DENATRAN. Note que este fundo é nacional, dessa forma cinco por cento do total das multas arrecadadas no país deverão ir para este fundo.

A receita de multa arrecadada pelo órgão autuador será aplicada da forma acima descrita, ou seja, com destinação específica, que representa noventa e cinco por cento do valor total das multas impostas, e os outros cinco por cento vão para o FUNSET (Fundo nacional de Segurança e Educação para o Trânsito).

Por fim, embora a destinação seja específica, as áreas de aplicação do valor arrecadado com a receita de multa são extremamente variáveis, em função dos termos genéricos usados pelo legislador, onde com exemplo poderíamos citar que as receitas arrecadadas com a cobrança das multas de trânsito podem ser aplicadas, entre outros, na elaboração e na atualização do mapa viário do município, no cadastramento e na implantação da sinalização, no desenvolvimento e na implantação de corredores especiais de trânsito nas vias já existentes, na identificação de novos polos geradores de trânsito, e em estudos e estatísticas de acidentes de trânsito, pois estão englobados nas atividades acima citadas.

Advertência por escrito

A penalidade de advertência poderá ser imposta por escrito para infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais educativa.

A inteligência do CTB nos informa que a conversão da penalidade multa em penalidade de advertência por escrito não retira a pontuação decorrente da natureza da infração cometida, uma vez que a pontuação não está relacionada com a aplicação da multa e sim ao cometimento da infração, conforme expresso no art. 259 do CTB. Cuidado, pois esta não é posição seguida pelo CONTRAN quando regulamentou o tema na Resolução 404/2012.

O disposto neste item aplica-se igualmente aos pedestres, podendo a multa ser transformada em advertência por escrito ou na participação do infrator em cursos de segurança viária, a critério da autoridade de trânsito.

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Enfim, com base no exposto, faz-se necessário observar que antes da aplicação da referida penalidade, o infrator terá direito a um devido processo legal, nos mesmos moldes do processo administrativo de multa transcrito acima.

Apreensão do veículo

Como em todas as outras penalidades, existe aqui uma sanção imposta pela a autoridade de trânsito, nesse caso, trata-se de uma penalidade que impõe ao infrator de trânsito uma restrição no uso de seu bem por um período determinado.

Na verdade, a apreensão do veículo é uma restrição no licenciamento do veículo, pois é este que permite que o veículo transite na via pública, sendo assim, como o licenciar veículos é competência exclusiva do DETRAN, a aplicação de restrição na licença também o será.

Por fim, somente a autoridade de trânsito dos órgãos executivos de trânsito poderá aplicar a penalidade de apreensão do veículo.

Na apreensão do veículo, embora ainda não regulamentado, entendo que por sofrer uma privação do bem, o proprietário, por força do art. 5º, incs. LIV e LV da Constituição Federal, tem direito a um devido processo legal.

Por fim, perceba que diferentemente da remoção do veículo (medida administrativa), o pagamento das multas e encargos devidos não dá ao proprietário o direito de retirar o veículo do depósito público, uma vez que na apreensão do veículo existe um prazo de custódia a ser cumprido.

Quadro-resumo

Neste quadro vamos trabalhar as principais informações sobre o tema, veja:

Circunstância que um veículo pode ser

apreendido. Apenas quando prevista na infração, a apreensão assim como as demais penalidades está sujeita a reserva legal.

Quem pode aplicar a apreensão. Apenas a autoridade de trânsito.

Prazo máximo da apreensão. 30 dias.

Após quanto tempo o veículo pode ir à

hasta pública. O veículo apreendido e não reclamado no prazo de 60 dias.

Medida administrativa decorrente. Recolhimento do certificado de licenciamento do veículo (CRLV).

Diferença entre apreensão de veículo, remoção do veículo e recolhimento do veículo

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Apreensão do veículo É um ato administrativo, com natureza de sanção administrativa (penalidade), que é formalizada num documento chamado termo de apreensão.

Remoção do veículo É um ato administrativo, com natureza de constrangimento de polícia (medida administrativa), que é formalizada num documento chamado termo de remoção.

Recolhimento do veículo

É um ato material de implementação dos atos administrativos de apreensão e remoção. De outra forma, após preenchido os termos de apreensão e remoção (atos formais) o veículo deverá ser levado para o depósito público (ato material). Enfim, recolhimento do veículo é o ato de colocar o veículo sobre o caminhão guincho e levá-lo ao depósito.

Apreensão do veículo nas Resoluções do CONTRAN

O CONTRAN, em sua Resolução 53/1998, apenas definiu alguns detalhes do procedimento da penalidade de apreensão, nada mencionando a respeito do processo administrativo e da competência para aplicar a penalidade. Dessa forma, deixando de lado as controvérsias a respeito do tema, vamos estudar os tópicos abordados na Resolução 53/1998 do CONTRAN que podem ser objeto de prova.

Responsabilidade pelo veículo

Uma vez tirado o veículo da posse de seu proprietário, o órgão de trânsito responsável pela custódia responde objetivamente por danos causados aos veículos apreendidos. Na responsabilidade objetiva, quando a Administração Pública afeta uma pessoa de maneira desigual, esta deve ser ressarcida pelo dano sofrido, ainda que a Administração não incorra em dolo ou culpa.

Sendo assim, caberá ao agente de trânsito, responsável pela apreensão do veículo (por lavrar o termo), emitir Termo de Apreensão do Veículo, a fim de eximir o órgão de trânsito de eventual alegação de dano pelo proprietário do veículo, que discriminará:

I – os objetos que se encontrem no veículo; II – os equipamentos obrigatórios ausentes; III – o estado geral da lataria e da pintura;

IV – os danos causados por acidente, se for o caso;

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Termos de Apreensão

O Termo de Apreensão de Veículo será preenchido em três vias, sendo a primeira destinada ao proprietário ou condutor do veículo apreendido; a segunda, ao órgão ou entidade responsável pela custódia do veículo; e a terceira ao agente de trânsito responsável pela apreensão.

Perceba que cada uma das possíveis partes numa ação de indenização por danos provocados no veículo fica com uma via do termo de apreensão.

Como dito antes, o Estado responde objetivamente pelos danos causados ao veículo, podendo mover uma ação regressiva contra o agente se este incorreu em dolo ou culpa, no que se refere ao dever de cuidado com o veículo.

Se o proprietário ou o condutor estiverem presentes no momento da apreensão, o Termo de Apreensão de Veículo será apresentado para sua assinatura, sendo-lhe entregue a primeira via; havendo recusa na assinatura, o agente fará constar tal circunstância no Termo, antes de sua entrega.

O agente de trânsito recolherá o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) contra entrega de recibo ao proprietário ou condutor, ou informará, no Termo de Apreensão, o motivo pelo qual não foi recolhido.

Prazos

O órgão ou entidade responsável pela apreensão do veículo fixará o prazo de custódia, tendo em vista as circunstâncias da infração e obedecidos os critérios abaixo:

I – de 01 (um) a 10 (dez) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a qual não

seja prevista multa agravada;

II – de 11 (onze) a 20 (vinte) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a qual

seja prevista multa agravada com fator multiplicador de três vezes;

III – de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a

qual seja prevista multa agravada com fator multiplicador de cinco vezes.

Mandado de busca e apreensão de veículos

Trouxemos este tópico à discussão, uma vez termos percebido que condutores de veículos têm sofrido uma série de abusos por parte de agentes de trânsito desconhecedores de suas atribuições.

Em que pese à expressão “busca e apreensão de veículos”, o servidor público que aborda veículos com este tipo de restrição nos sistemas de consultas que lhe são ofertados deve entender que esta restrição surge por uma determinação judicial em virtude de descumprimento de cláusulas contratuais por parte de particulares contratantes.

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Nunca é demais ressaltar que da mesma forma que não se vê oficial de justiça fiscalizando veículos, não se pode conceber que agentes de trânsito desempenhem atribuições que estão na seara exclusiva de nossos oficiais de justiça.

Entendemos ainda, que o agente de trânsito que age de forma equivocada, causando transtornos indevidos aos particulares, poderia, pelo menos, ser indiciado pelo crime de abuso de autoridade, em virtude do cerceamento do direito de ir e vir daquele cidadão, podendo, inclusive, ter contra si a sanção de perda da função pública.

Por fim, uma questão que parece relevante, é questionamento feito por alguns servidores quanto à necessidade de inserção da restrição “busca e apreensão” judicial no cadastro RENAVAM do veículo.

Entendemos que este inserção é necessária, uma vez que protege a sociedade de eventuais fraudes na negociação de veículos. Dessa forma, poderíamos consignar que se trata de uma atuação que certamente visa resguardar o interesse público, ainda que de forma indireta. Finalmente, quando a possibilidade de cumprimento de ordens judiciais pela PRF e PM, impende observar que suas atribuições estão sempre relacionadas com a atividade de segurança pública e nunca ligadas à elucidação de questões meramente patrimoniais e particulares.

Revogação da penalidade de apreensão do veículo

A partir de 01/11/2016 quando a Lei nº 13.281/2016 entrar em vigor, a penalidade de apreensão do veículo deixará de existir, pois o art. 6º da referida lei revoga os artigos 256, inciso IV e 262 que tratam exatamente da apreensão.

Suspensão do direito de dirigir, cassação do documento de habilitação e

frequência obrigatória em curso de reciclagem

Vamos agrupar essa três penalidades em um único tópico porque ao analisá-las vamos perceber uma correlação entre elas.

De forma técnica é possível vermos a imposição da penalidade de cassação do documento de habilitação como um agravamento da penalidade de suspensão do direito de dirigir.

Aquele que for flagrado dirigindo suspenso será cassado.

Quanto ao curso de reciclagem devemos entendê-lo com uma penalidade acessória das outras duas (suspensão e cassação), já que ele é imposto como condição para que o condutor suspenso ou cassado volte a dirigir.

Diz-se que o curso de reciclagem é uma penalidade acessória porque nunca é aplicado diretamente, sempre decorre de outra situação.

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Suspensão Cassação Curso de Reciclagem

Conceito

É uma retirada temporá-ria do direito de dirigir, sempre após o devido processo legal.

É a perda do direito de dirigir, sempre após o devido processo legal.

Embora esteja no rol das penalidades, devemos vê--lo como uma penalidade acessória, onde a principal ora é a suspensão ora é a cassação.

Circunstâncias

A suspensão será aplicada quando o infrator acumu-lar 20 pontos no período de 12 meses ou quando na infração venha prevista esta penalidade. • quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo; • no caso de reinci-dência, no prazo de doze meses, das infrações pre-vistas no inc. III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; • quando condena-do judicialmente por delito de trân-sito, observado o disposto no art. 160.

• quando, sendo contu-maz, for necessário à sua reeducação;

• quando suspenso do direito de dirigir;

• quando se envolver em acidente grave para o qual haja con-tribuído, independen-tem ente de processo judicial;

• quando condenado ju-dicialmente por delito de trânsito;

• a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está colocan-do em risco a seguran-ça do trânsito;

• em outras situações a serem definidas pelo CONTRAN.

Aplicada Autoridade de trânsito do DETRAN Autoridade de trânsito do DETRAN Autoridade de trânsito do DETRAN

Prazo 1ª suspensão: 1 mês a 12 meses. 2ª Suspensão: 6 meses a 24 meses. Em caso de embriaguez: Prazo fixo de 12 meses.

02 anos.

Condição para

voltar a digir Cumprir a penalidade e fazer curso de reciclagem.

Cumprir o prazo, refazer os exames da habilitação e fazer um curso de reciclagem. Medida administrativa

(19)

Amparo legal Artigo 261 e Resoluções 182/05 e 557/15. Artigo 263 e Resolução 182/2005. Artigo 268 e resolução 285/2008.

Comentário complementar

Saiba que na infração em que venha prevista a penalidade de suspensão não há de se falar em pontuação no prontuário do infrator.

Carga Horária Total: 30 (trinta) horas/aula. Estrutu-ra curricular: • Legislação de Trânsito: 12 (doze) horas/aula. • Direção defensiva: 8 (oito) horas/aula. • Noções de Primeiros Socorros: 4 (quatro) horas/aula. • Relacionamento Inter-pessoal: 6 (seis) horas/ aula.

Por fim, a penalidade de suspensão do direito de dirigir também sofrerá modificação a partir de 01/11/2016 por meio da Lei nº 13.281/2016. Vejamos a nova redação do dispositivo:

“Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos: I – sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos, no período de 12 (doze) meses, conforme a pontuação prevista no art. 259;

II – por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações preveem, de forma específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir.

§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:

I – no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;

II – no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo descrito no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263. [...]

§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo, habilitado na categoria C, D ou E, poderá optar por participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no período de 1 (um) ano, atingir 14 (quatorze) pontos, conforme regulamentação do Contran. [...]

§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá fazer nova opção no período de 12 (doze) meses.

[...]

(20)

§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir referente ao inciso II do caput deste artigo deverá ser instaurado concomitantemente com o processo de aplicação da penalidade de multa.

§ 11. O Contran regulamentará as disposições deste artigo.”

Cassação e suspensão da permissão

Será que existe a possibilidade de o detentor da Permissão para Dirigir sofrer as penalidades de suspensão do direito de dirigir ou cassação do documento de habilitação? Não!

No CTB há uma impropriedade técnica, pois nos artigo 256 vem esta previsão, embora sua regulamentação, no artigo 264, tenha sido vetada.

Sendo assim, aquele que durante a permissão para dirigir cometer infração de natureza gravíssima, grave ou reincidência em média deverá reiniciar todo o processo, ou seja, torna-se novamente INABILITADO.

Desta forma, é incongruente falarmos em suspensão da permissão ou cassação da mesma, uma vez que durante o prazo de validade da Permissão para Dirigir o rigor é muito maior, podendo o detentor desta perdê-la sem contestação, uma vez que a permissão não é documento definitivo. O possuidor da permissão para dirigir, após seu vencimento, faz um requerimento ao DETRAN, onde serão avaliadas as infrações cometidas, e caso seja deferido este requerimento o condutor receberá um documento definitivo chamado CNH.

Com base no exposto, surgem os seguintes questionamentos:

1. O que acontece com o detentor da Permissão caso este acumule mais de 20 pontos num

período de 12 meses, através de 07 infrações leves por exemplo?

Resposta: É pacífico o entendimento que durante a permissão não pode ser deflagrado o

processo administrativo de suspensão e cassação do documento de habilitação, conforme expresso no art. 1º, parágrafo único da Resolução 182/2005 do CONTRAN.

Por força do art. 22, da mesma resolução o DETRAN terá o prazo de 05 anos para se pronunciar a fim de aplicar a penalidade de suspensão ou cassação, ou seja, aquele que acumular 20 pontos no período de 12 meses, ou que cometer alguma infração sujeita a penalidade de suspensão, poderá responder pela suspensão ou cassação em até 05 anos da ocorrência do fato, este é o prazo prescricional da pretensão punitiva do DETRAN.

Por fim, perceba que existem dois requisitos para que seja deflagrado o processo administrativo: primeiro, o condutor deve possuir CNH, e nunca permissão, e segundo requisito é que o fato deve ter ocorrido no máximo a cinco anos.

Compartilho da ideia que este entendimento aplica-se ao inabilitado.

2. Já que é possível dirigir por até 30 dias com a permissão vencida, o que acontece com o

(21)

Resposta: Nada, ou seja, não reiniciará todo o processo uma vez que já concluiu o estágio

experimental, chamado permissão para dirigir, que tem validade de um ano.

De outra forma, este condutor tem direito a obtenção da CNH, uma vez que preencheu todos os pressupostos legais para obtê-la (direito adquirido).

3. Se o condutor cometer uma infração gravíssima um dia antes do requerimento, e tiver sua

CNH concedida, existe a possibilidade da CNH ser cancelada?

Resposta: Sim. Uma vez que o documento foi expedido de maneira irregular. No CTB, apenas

no art. 263, § 1º, se pronuncia a respeito da expedição irregular do documento de habilitação, veja a sua redação abaixo:

“263, § 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de habilitação, a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento.”

Medidas administrativas

As medidas administrativas estão na órbita de atribuições dos agentes de trânsito, portanto, passíveis de serem aplicadas no momento da ocorrência da infração, em um ato de fiscalização. São verdadeiras medidas emergênciais, que favorecem a segurança viária.

Sendo assim, saiba que não constituem sanção, e sim, constrangimento de polícia, posicionando ao lado da sanção, complementando-a, como deixa certo, diga-se, o § 2º do art. 269.

Seu caráter acessório justifica a aplicação da multa sem a aplicação das medidas administrativas. Na aplicação da medida administrativa não há de se falar em lesão a esfera de direito do administrado, este, sim, usou indevidamente o direito que possuía.

Como exemplo do acima exposto, podemos citar o condutor que estacionou seu veículo sobre uma calçada e este foi removido para o depósito público.

A pergunta é: será que este condutor sofreu uma lesão ao seu direto de propriedade ou será que foi ele que invadiu a esfera do interesse coletivo (segurança dos pedestres)?

Certamente foi o condutor que invadiu a esfera do interesse coletivo. Houve um abuso no uso do direito de dispor da sua propriedade.

Em virtude do exposto as medidas administrativas são aplicadas sem a necessidade de prévio processo administrativo, o que não ocorre na aplicação das penalidades como visto anteriormente.

Neste momento é de extrema importância perceber que a forma que as medidas administrativas têm sido implementadas pelos órgãos de trânsito, não tem sido a forma que tem sido cobrada em provas de concursos públicos, que tem valorizado a literalidade sobre o tema.

(22)

emergencial, de sanar uma irregularidade momentânea, e sempre terão por objetivo prioritário a defesa da vida e a incolumidade física da pessoa.

Então perceba que embora o CTB não faça menção quanto a possibilidade ou não de se remover um veículo na presença de seu proprietário, isto apenas é permitido se o veículo estiver causando algum tipo de risco a sociedade. Porém, quando o tema é cobrado em provas de concurso público, saiba que quando um condutor comete uma infração que está sujeita a aplicação de medidas administrativas estas sempre são aplicadas.

Atualmente o tema encontra-se regulamentado nas Resoluções 371/2010 e 561/2015 do CONTRAN.

Perceba que as medidas administrativas diferentemente das penalidades se iniciam com as letras RET, consistindo em um interessante método de memorização, criado pelo ilustre professor Celso Luis Martins. Vejamos cada uma das medidas administrativas expressas na legislação de trânsito:

O CONTRAN, em sua Resolução 371/2010, nos dá algumas informações complementares a cerca do tema Medidas Administrativas, a saber:

Medidas administrativas são providências de caráter complementar, exigidas para a regularização de situações infracionais, sendo, em grande parte, de aplicação momentânea, e têm como objetivo prioritário impedir a continuidade da prática infracional, garantindo a proteção à vida e à incolumidade física das pessoas e não se confundem com penalidades. Compete à autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via e seus agentes aplicar as medidas administrativas, considerando a necessidade de segurança e fluidez do trânsito.

A impossibilidade de aplicação de medida administrativa prevista para infração não invalidará a autuação pela infração de trânsito, nem a imposição das penalidades previstas.

Retenção do veículo

É a retirada momentânea de um veiculo irregular de circulação para que uma irregularidade seja imediatamente sanada. Ainda quanto a retenção existe algumas peculiaridades que devemos levar em consideração, como por exemplo: se a irregularidade não puder ser sanada no local, se a retenção do veículo puder causar mais transtornos que sua liberação, o que fazer nesses casos.

Sendo assim, vejamos qual o procedimento previsto para o agente em cada situação específica:

a) Irregularidade pode ser sanada no local – autua e libera o veículo.

b) Irregularidade não pode ser sanada no local – autua, recolhe o CRLV e libera o veículo; ou

autua e recolhe o veículo para o depósito, a depender da segurança do trânsito. Lembre-se que as medidas administrativas devem priorizar a defesa da vida.

c) Irregularidade não pode ser sanada no local, porém é mais seguro liberar o veículo –

(23)

Ainda quanto a medida administrativa de retenção de veículo, cabe ressaltar que conforme previsão no art. 104, § 5º, do CTB, aos veículos reprovados na inspeção de segurança e de emissão de gases poluentes e ruído será aplicada esta também deverá ser aplicada.

O CONTRAN tratou do tema em sua Resolução 371/2010. Vejamos:

Consiste na sua imobilização no local da abordagem, para a solução de determinada irregularidade.

A retenção se dará nas infrações em que esteja prevista esta medida administrativa e no caso de veículos reprovados na inspeção de segurança e de emissão de gases poluentes e ruídos. Quando a irregularidade puder ser sanada no local onde for constatada a infração, o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação.

Na impossibilidade de sanar a falha no local da infração, o veículo poderá ser retirado, desde que não ofereça risco à segurança do trânsito, por condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra recibo, notificando o condutor do prazo para sua regularização.

Não se apresentando condutor habilitado no local da infração, o veículo será recolhido ao depósito.

Após o recolhimento do documento pelo agente, a Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar medidas destinadas ao registro do fato no Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM).

No prazo assinalado no recibo, o infrator deverá providenciar a regularização do veículo e apresentá-lo no local indicado, onde, após submeter-se a vistoria, terá seu CLA/CRLV restituído. No caso de não observância do prazo estabelecido para a regularização, o agente da autoridade de trânsito deverá encaminhar o documento ao órgão ou entidade de trânsito de registro do veículo.

Havendo comprometimento da segurança do trânsito, considerando a circulação, o veículo, o condutor, os passageiros e os demais usuários da via, ou o condutor não sinalizar que regularizará a infração, a retenção poderá ser transferida para local mais adequado ou para o depósito do órgão ou entidade de trânsito.

Quando se tratar de transporte coletivo conduzindo passageiros ou de veículo transportando produto perigoso ou perecível, desde que o veículo ofereça condições de segurança para circulação em via pública, a retenção pode deixar de ser aplicada imediatamente.

Remoção do veículo

É um ato administrativo, com natureza de constrangimento de polícia (medida administrativa), que é formalizada num documento chamado termo de remoção.

(24)

Quanto à remoção do veículo remetemos o leitor ao item que trata da apreensão do veículo, para eventuais comparações.

Veja como o CONTRAN tratou do tema em sua Resolução 371/2010:

A remoção do veículo tem por finalidade restabelecer as condições de segurança e fluidez da via ou garantir a boa ordem administrativa. Consiste em deslocar o veículo do local onde é verificada a infração para depósito fixado pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via.

A medida administrativa de remoção é independente da penalidade de apreensão e não se caracteriza como medida antecipatória da penalidade de apreensão.

A remoção deve ser feita por meio de veículo destinado para esse fim ou, na falta deste, valendo-se da própria capacidade de movimentação do veículo a ser removido, desde que haja condições de segurança para o trânsito.

A remoção do veículo não será aplicada se o condutor, regularmente habilitado, solucionar a causa da remoção, desde que isso ocorra antes que a operação de remoção tenha sido iniciada ou quando o agente avaliar que a operação de remoção trará ainda mais prejuízo à segurança e/ou fluidez da via.

Este procedimento somente se aplica para o veículo devidamente licenciado e que esteja em condições de segurança para sua circulação.

A restituição dos veículos removidos só ocorrerá após o pagamento das multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação especifica.

Recolhimento da CNH, ACC e permissão

O agente somente pode recolher os documentos de habilitação do condutor quando vier prevista na infração a medida administrativa de recolhimento ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração.

O CONTRAN tratou do tema em sua resolução 371/2010 da seguinte forma:

O recolhimento do documento de habilitação tem por objetivo imediato impedir a condução de veículos nas vias públicas enquanto perdurar a irregularidade constatada.

O recolhimento do documento de habilitação deve ser efetuado mediante recibo, sendo que uma das vias será entregue, obrigatoriamente, ao condutor.

O recibo expedido pelo agente não autoriza a condução do veículo.

(25)

Recolhimento do CRV

O agente somente pode recolher o documento de registro de um veículo quando vier prevista na infração a medida administrativa de recolhimento do CRV ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração, além dos três casos previstos abaixo:

• Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo irrecuperável ou definitivamente desmontado, conforme o art. 240 do CTB.

• Deixar a empresa seguradora de comunicar ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas e documentos, conforme o art. 243 do CTB.

• Se a propriedade não for transferida em 30 dias, conforme o art. 233 do CTB.

Perceba que, embora o CRV não seja documento de porte obrigatório, o legislador previu o recolhimento deste documento como uma medida administrativa.

Na redação do CTB o documento de registro do veículo é um documento que não se confunde com o documento de licenciamento, porém o CONTRAN em sua Resolução 61/1998 exigiu que no documento de licenciamento devessem constar os campos do documento de registro, razão pela qual este documento não precisa ser de porte obrigatório. Quem define quais são os documentos de porte obrigatório é o CONTRAN, hoje em vigor a Resolução 205/2006.

Recolhimento do CRLV (art. 274)

O agente somente pode recolher o documento de registro e licenciamento de um veículo quando vier prevista na infração a medida administrativa de recolhimento do CRLV ou por suspeita de inautenticidade ou adulteração, além dos cinco casos previstos abaixo: – Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo irrecuperável ou definitivamente desmontado, conforme o art. 240 do CTB.

• Deixar a empresa seguradora de comunicar ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas e documentos, conforme o art. 243 do CTB.

• Quando a irregularidade não puder ser sanada no local, conforme o art. 270, § 2º, do CTB. • Quando o licenciamento estiver vencido, conforme art. 274 do CTB.

• Quando o veículo for apreendido, será recolhido desde logo o CRLV, conforme o art. 262, § 1º, do CTB.

O CONTRAN em Resolução 371/2010, tratou do tema da seguinte forma:

Consiste no recolhimento do documento que certifica o licenciamento do veículo com o objetivo de garantir que o proprietário promova a regularização de uma infração constatada. Deve ser aplicada nos seguintes casos:

(26)

• quando houver fundada suspeita quanto à inautenticidade ou adulteração; • quando estiver prevista a penalidade de apreensão do veículo na infração.

De acordo com a Resolução do CONTRAN nº 61/1998, o CLA é o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV).

Todo e qualquer recolhimento de CLA deve ser documentado por meio de recibo, sendo que uma das vias será entregue, obrigatoriamente, ao condutor.

Após o recolhimento do documento pelo agente, a Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar medidas destinadas ao registro do fato no RENAVAM.

Transbordo do excesso de carga (art. 275)

A medida administrativa de transbordo está relacionada com a infração de trânsito relativa a excesso de peso tanto no PBT como nos eixos.

O transbordo da carga com peso excedente é condição para que o veículo possa prosseguir viagem e será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem prejuízo da multa aplicável. Não sendo possível desde logo atender ao disposto, o veículo será recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de remoção e estada.

A critério do agente, observadas as condições de segurança, poderá ser dispensado o remanejamento ou transbordo de produtos perigosos, produtos perecíveis, cargas vivas e passageiros, conforme art. 8º da Resolução 258 do CONTRAN.

Recolhimento de Animais que se Encontrem Soltos nas Vias e na Faixa de

Domínio das Vias de Circulação

Esta medida administrativa consiste no recolhimento de animais soltos nas vias ou nas faixas de domínio, com o objetivo de garantir a segurança dos usuários, evitando perigo potencial gerado à segurança do trânsito.

O animal deverá ser recolhido para depósito fixado pelo órgão ou entidade de trânsito competente, ou, excepcionalmente, para instalações públicas ou privadas, dedicadas à guarda e preservação de animais.

O recolhimento deixará de ocorrer se o responsável, presente no local, se dispuser a retirar o animal.

Acúmulo de penalidades

(27)

O tema é bastante simples e surge o seguinte questionamento: se um condutor cometer duas infrações, responde pelas duas ou apenas pela mais grave?

Deve-se observar a regra, a fim de responder esta indagação, como a regra é o acúmulo, então a resposta seria: responderá pelas duas.

No entanto, surgirão situações onde as infrações não se acumularão.

Desta forma, vamos trabalhar situações onde ora as infrações se acumulam ora não se acumulam, analisando alguns casos concretos já trabalhados em provas.

Vamos analisar as seguintes situações:

a) Condutor que não está usando o cinto de segurança em veículo que não possui cinto de

segurança no banco do condutor.

b) Condutor que não possui o documento de habilitação dirigindo veículo de terceiros c) Limpador de para-brisa queimado e, portanto, que não foi acionado sob chuva. d) Tacógrafo, que é um equipamento obrigatório, inoperante.

e) Não possuir CNH e falta de documento de porte obrigatório.

A análise a ser feita é de quem é a responsabilidade pelas infrações descritas: se é do proprietário ou se é do condutor. Caso haja responsáveis distintos, as penalidades sempre acumular-se-ão, ou seja, haverá duas autuações, e em autos de infração distintos.

No entanto, quando as infrações são de responsabilidade de uma mesma pessoa, ou seja, ambas são de responsabilidade do condutor, ou ambas são de responsabilidade do proprietário, usa-se a teoria penalista de conflito aparente de normas.

Através desta teoria aplica-se a norma conjuntiva em detrimento da consumida, a especial em detrimento da geral e a principal no lugar da subsidiária.

Vamos analisar as situações acima descritas, a luz das informações contidas acima:

a) Condutor sem cinto de segurança (infração de condutor) em veículo que não possui cinto

no banco do condutor (infração de proprietário) – devem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

b) Condutor que não possui habilitação (infração de condutor, art. 162, I) dirigindo veículo de

terceiros (infração de proprietário, art. 164) – devem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

c) Limpador de para-brisa queimado (infração de proprietário, 230, IX) e não acionado sob

chuva (infração de condutor, 230, XIX) – devem ser lavrados dois autos de infração por força do art. 257, § 1º.

d) Tacógrafo, que é um equipamento obrigatório, inoperante. Tanto tacógrafo defeituoso

(28)

e) Não possuir CNH (art. 162, I) e falta de documento de porte obrigatório (art. 232). As duas

infrações descritas são de responsabilidade do condutor, desta forma devemos apenas aplicar a norma conjuntiva do art. 162, I, pois a do art. 232 está contida na norma acima. Embora a regra seja o acúmulo das infrações, não se pode desprezar o mandamento do art. 257 § 1º, que nos informa que aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades de que trata o Código de Trânsito Brasileiro toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.

Ainda nesta seara, podemos citar as informações trazidas pelo CONTRAN em sua Resolução 371/2010, a saber:

Autuação é ato administrativo da Autoridade de Trânsito ou seus agentes quando da constatação do cometimento de infração de trânsito, devendo ser formalizado por meio da lavratura do AIT. O AIT é peça informativa que subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistência está na perfeita caracterização da infração, devendo ser preenchido de acordo com as disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares, com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura.

Quando a configuração de uma infração depender da existência de sinalização específica, esta deverá revelar-se suficiente e corretamente implantada de forma legível e visível. Caso contrário, o agente não deverá lavrar o AIT, comunicando à Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via a irregularidade observada.

Quando essa infração dependa de informações complementadas estas devem constar do campo de observações.

O AIT não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos, ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível, preferencialmente, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul.

Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro da infração conforme regulamentação específica.

O agente só poderá registrar uma infração por auto e, no caso da constatação de infrações em que os códigos infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros dígitos), considerar-se-á apenas uma infração.

Exemplo: condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança, lavrar somente o auto de

infração com o código 518-51 e descrever no campo “Observações‟ a situação constatada (condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança).

As infrações simultâneas podem ser concorrentes ou concomitantes:

São concorrentes aquelas em que o cometimento de uma infração, tem como conseqüência o cometimento de outra.

Por exemplo: ultrapassar pelo acostamento (art. 202) e transitar com o veículo pelo

acostamento (art. 193).

(29)

São concomitantes aquelas em que o cometimento de uma infração não implica no cometimento de outra na forma do art. 266 do CTB.

Por exemplo: deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito ao ultrapassar ciclista (art. 220, XIII) e não manter a distância de 1,50m ao ultrapassar bicicleta (art. 201).

No caso de estacionamento irregular e que, por motivo operacional, a remoção não possa ser realizada, será lavrado somente um AIT, independentemente do tempo que o veiculo permaneça estacionado, desde que o mesmo não se movimente neste período.

O agente de trânsito, sempre que possível, deverá abordar o condutor do veículo para constatar a infração, ressalvado os casos onde a infração poderá ser comprovada sem a abordagem. Para esse fim, o Manual estabelece as seguintes situações:

Caso 1: “possível sem abordagem” – significa que a infração pode ser constatada sem a

abordagem do condutor.

Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a infração só pode ser constatada se houver a

abordagem do condutor.

Caso 3: “vide procedimentos” – significa que, em alguns casos, há situações específicas para

abordagem do condutor.

O AIT deverá ser impresso em, no mínimo, duas vias, exceto o registrado em equipamento eletrônico.

Uma via do AIT será utilizada pelo órgão ou entidade de trânsito para os procedimentos administrativos de aplicação das penalidades previstas no CTB. A outra via deverá ser entregue ao condutor, quando se tratar de autuação com abordagem, ainda que este se recuse a assiná-lo. Na autuação de veículo estacionado irregularmente, sempre que possível, será fixada uma via do AIT no parabrisa do veiculo e, no caso de motocicletas e similares, no banco do condutor. Nas infrações cometidas com combinação de veículos, preferencialmente será autuada a unidade tratora. Na impossibilidade desta, a unidade tracionada.

Equívocos legislativos

O legislador em diversas infrações de trânsito retirou do agente a possibilidade de agir, em virtude de lacunas criadas no CTB.

O que tem acorrido, na prática, é a usurpação de competências, pois o administrador público, com a desculpa que o tema não pode ficar sem regulamentação cria procedimentos para impedir que veículos irregulares sigam viagem, ainda que a lei lhes permita.

(30)

Em casos como este os agentes de trânsito, cumprindo ordens internas, normalmente, fazem a retenção do veículo, com fundamentação no art. 269, § 1º, do CTB, que nos informa que as medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa.

É de se ressaltar que embora haja a menção de que as medidas administrativas serão aplicadas a fim de preservar vidas, não se pode imaginar que os agentes de trânsito têm a sua disposição todas as medidas administrativas, aplicando a que entender necessário a cada caso concreto. Não é essa a ideia do dispositivo, o que quis ressaltar o legislador é que as medidas administrativas previstas não serão aplicadas, de imediato, como determina a norma, causando um constrangimento ao condutor sem uma fundamentação, que seria a manutenção da segurança viária.

De outra forma, fazendo uma análise um pouco mais técnica, a luz do Direito Administrativo. Quando nos estudamos os atributos do Poder de Polícia, pode-se encontrar dentre eles a auto-executoriedade, que nos informa que a administração pode agir de forma imediata, sem socorrer-se da autorização judicial.

Esta informação deve ser entendida nos seus devidos termos, uma vez que, em regra, quando se causa qualquer constrangimento a terceiros, deve-se dar ao particular o direito de contestar a atuação administrativa através de um devido processo legal.

No entanto, situações emergenciais, como prédios que ameaçam a desmoronar, alimentos estragados, veículos que estejam atentando contra a segurança viária, poderia o Estado agir de forma imediata, sem a instauração do devido processo legal, uma vez que este iria assegurar o direito individual e prejudicar o interesse da coletividade.

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