NOVA MEDICAL SCHOOL
| FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
RELATÓRIO FINAL
ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA | 6º ANO
Regente: Prof. Doutor Miguel Xavier
Orientador: Dr. Bruno Heleno
A aluna: Ana Cecília Pereira Barbosa│ Nº 2011543
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ... 2
2. OBJETIVOS ... 2
3. CORPO DE TRABALHO ... 3
3.1. ESTÁGIO PARCELAR CIRURGIA ... 3
3.2. ESTÁGIO PARCELAR MEDICINA ... 3
3.3. ESTÁGIO PARCELAR GINECOLOGIA E OBSTETRICIA ... 4
3.4. ESTÁGIO PARCELAR SAÚDE MENTAL ... 5
3.5. ESTÁGIO PARCELAR MEDICINA GERAL E FAMILIAR ... 5
3.6. ESTÁGIO PARCELAR PEDIATRIA ... 6
3.7. ESTÁGIO CLÍNICO OPCIONAL ... 7
4. ELEMENTOS VALORATIVOS ... 7
4.1.ATIVIDADESEXTRA-PLANO CURRICULAR NO 6º ANO ... 7
4.2. ATIVIDADES RELEVANTES EM ANOS PRÉVIOS ... 7
5. REFLEXÃO CRÍTICA ... 7
1. INTRODUÇÃO
O atual plano de estudos do 6º ano do curso Mestrado Integrado em Medicina da Nova Medical
School | Faculdade de Ciências Médicas (FCM) inclui a Unidade Curricular Estágio
Profissionalizante, que compreende um programa de formação médica pré-graduada que
contempla os estágios parcelares de Cirurgia, Medicina, Ginecologia e Obstetrícia (GO), Saúde
Mental (SM), Medicina Geral e Familiar (MGF) e de Pediatria, com duração total de 32 semanas.
O presente relatório surge como um elemento refletivo dos estágios parcelares, bem como, de
outros elementos valorativos, como outros estágios realizados e atividades de formação
extracurriculares, que se demonstraram relevantes na minha formação e que não foram objeto de
avaliação. Refletirei também sucintamente sobre a Unidade Curricular Opcional, apesar de esta
não constituir, em si mesma, uma componente do estágio profissionalizante. Finalizarei com uma
autorreflexão crítica, onde pretendo estabelecer uma comparação entre os objetivos específicos e
pessoais propostos e os objetivos alcançados, justificando o seu eventual não cumprimento.
2. OBJETIVOS
Tendo em consideração os diferentes estágios parcelares propus-me a cumprir os seguintes
objetivos específicos: 1. Conhecer as principais patologias na criança, no adolescente e no adulto, bem como, as principais síndromes cirúrgicas e doenças psiquiátricas; 2. Reconhecer os
critérios de diagnóstico e tratamento de cada uma das principais patologias, identificando critérios
de gravidade; 3. Adquirir atitudes e competências em GO indispensáveis à boa prática médica; 4.
Realizar uma abordagem médica centrada no doente; 5. Melhorar a relação médico-doente; 6.
Executar punções venosas, arteriais e eletrocardiogramas; 7. Executar técnicas de pequena
cirurgia mais comuns e conhecer as técnicas de anestesia e assepsia para o efeito.
Como objetivos pessoais que defini para o estágio profissionalizante realço: 1.
Consolidar/adquirir conhecimentos sobre apresentação clínica, diagnóstico e tratamento das
patologias mais frequentes de cada grupo de doentes dos estágios parcelares; 2. Desenvolver
adequadamente os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT); 5. Melhorar
técnicas de comunicação tanto com os profissionais de saúde, como com os doentes e seus
familiares; 6. Aprender a lidar com situações de maior exigência emocional (comunicar más
notícias ao doente ou acompanhantes, lidar com a preocupação e ansiedade dos doentes/
familiares/ cuidadores); 7. Desenvolver capacidades de integração e de trabalho em equipa; 8.
Compreender quando referenciar um doente a outra especialidade.
3. CORPO DE TRABALHO
3.1. ESTÁGIO PARCELAR CIRURGIA
O estágio de Cirurgia decorreu entre 12 de setembro e 4 de novembro de 2017, no Serviço de
Cirurgia Geral do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), sob a orientação do Dr. João Ramos, num rácio
tutor-aluno de 1:3.
Neste estágio, decorrido integralmente no HBA, frequentei uma semana de sessões
teórico-práticas; uma semana nas diferentes valências do Serviço de Urgência Geral (SU); quatro
semanas dedicadas à cirurgia geral (consulta externa, urgência interna, bloco operatório e
internamento) e, ainda, duas semanas na especialidade opcional de Gastroenterologia. Tive,
assim, oportunidade de lidar com um vasto leque de patologias cirúrgicas frequentes, o que
considero essencial neste momento da minha formação. Observei 12 cirurgias, com uma média
(M) de idades dos doentes de 66,83 anos e 23 consultas (M: 59,5 anos).
O estágio terminou com o Minicongresso de Cirurgia Geral, em que apresentei um caso clínico
intitulado: “Abdómen agudo – Um caso complicado”, referente a um caso clínico com que lidei no
estágio.
3.2. ESTÁGIO PARCELAR MEDICINA
O estágio de Medicina decorreu de 7 de novembro 2016 a 13 de janeiro de 2017, com um
interregno de 2 semanas pelas férias de natal, no Serviço de Medicina 2.4 do Hospital Santo
doentes, com uma média de idades de 78 anos, sendo a maioria do sexo feminino (62%). Através
do contacto com estes doentes exercitei a colheita de anamneses e o registo clínico e ganhei
maior sensibilidade para as alterações mais subtis no exame objetivo. Tive também oportunidade
de frequentar o SU do Hospital de São José (HSJ), ficando assim, a compreender melhor as
diferentes abordagens de um doente neste âmbito. Neste estágio, usufruí ainda de aulas
teórico-práticas na FCM e no serviço onde estive integrada, sendo estas últimas direcionadas aos alunos
do 6ºano do serviço (4 por rotação).
3.3. ESTÁGIO PARCELAR GINECOLOGIA E OBSTETRICIA
O estágio parcelar de GO decorreu na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, no período de 23 de
janeiro a 17 de fevereiro de 2017.
As duas primeiras semanas do estágio incidiram na área de Ginecologia, sob o ensino tutelado da
Dra. Carla Leitão e as duas últimas na área de Obstetrícia, sob orientação da Dra. Alexandra
Coelho, em ambas as rotações com um rácio tutor-aluno de 1:1. Esta organização permitiu
adquirir conhecimentos de um modo mais orientado, mais gradual e mais consistente.
Durante o período de estágio tive oportunidade de assistir a cirurgias no bloco operatório de GO;
assistir à atividade de enfermaria do puerpério (seguimento de 4 puérperas, M: 31,0 anos);
enfermaria de obstetrícia (acompanhamento de 12 grávidas, M: 32,8 anos); consultas no âmbito
da GO (23 consultas de ginecologia geral, M: 39,4 anos; 20 consultas de alto risco, M: 32,5 anos;
8 consultas de gravidez de termo, M: 27,3 anos e consultas de colposcopia). Frequentei também
o SU, designadamente a sala de admissões e sala de partos, com periodicidade semanal.
Durante o estágio assisti ainda à realização de ecografias ginecológicas e obstétricas. Além
disso, realizei uma apresentação intitulada: “Uma Decisão Terapêutica – Caso Clínico”,
selecionada pela complexidade do caso clínico e pelas dúvidas suscitadas face à melhor decisão
3.4. ESTÁGIO PARCELAR SAÚDE MENTAL
O estágio de SM decorreu no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL), sob tutoria do Dr.
Sérgio Henriques, entre 20 de fevereiro e 17 de março de 2017, num rácio tutor-aluno de 1:1.
No primeiro e segundo dias de estágio assisti ao seminário 1, dirigido pelo Professor Doutor
Miguel Xavier e ao seminário 2 lecionado pelo Professor Doutor Pedro Mateus, respetivamente.
Nestes, foram debatidos casos de SM que necessitam de atuação imediata e abordou-se o
estigma da doença mental.
Já no decorrer do estágio tive oportunidade de participar em diversas atividades, nomeadamente:
internamento de Psicogeriatria, onde contactei maioritariamente com doentes com Demência
(Demência Vascular; Fronto-temporal; Corpos de Lewy; Doença de Parkinson ou Alzheimer),
tendo seguido um total de 13 doentes, 10 mulheres e 3 homens, com uma média de idades de
82,5 anos, em que apliquei o Mini Mental State Examination com periocidade semanal. Participei
em reuniões multidisciplinares, sociais e familiares e em vários Journal Club, no serviço de
Psicogeriatria. Assisti também a 15 consultas de Neuropsiquiatria (M: 75,8 anos) e, ainda, a
sessões do internato médico da especialidade. Além do referido, frequentei o SU do HSJ, onde
observei 11 doentes (M: 48,5 anos).
Como aspeto menos positivo realço o facto de só ter frequentado um serviço de internamento do
CHPL. Se, por um lado, a maior permanência num serviço permitiu que adquirisse mais
conhecimentos sobre o mesmo, por outro lado não obtive uma perceção da dinâmica dos
restantes.
3.5. ESTÁGIO PARCELAR MEDICINA GERAL E FAMILIAR
O estágio de MGF decorreu de 20 de março a 21 de abril de 2017, com interrupção de uma
semana nas férias da Páscoa, na Unidade de Saúde Familiar (USF) de São Julião, em Oeiras,
sob a tutoria do Dr. Rizério Salgado. Neste estágio presenciei e realizei consultas de doença
aguda; saúde adultos; planeamento familiar; saúde infantil e juvenil e de saúde materna.
em que revi a substituição de um fármaco, para controlo da dor, numa doente idosa polimedicada
e analisei um caso de saúde materna.
Este estágio permitiu-me adquirir uma melhor capacidade de gerir problemas de saúde, de utilizar
estratégias de redução de riscos e de aprender como melhorar a relação médico-doente. Realço
apenas como aspeto menos positivo, a reduzida oportunidade em realizar consultas de saúde
materna (1 consulta), o que aconteceu devido à formação concomitante, nesta área, de internos
da especialidade de todos os tutores da USF. Contudo, vejo este aspeto colmatado pelo contacto
com a saúde materna no estágio de obstetrícia.
3.6. ESTÁGIO PARCELAR PEDIATRIA
O estágio parcelar de Pediatria decorreu no período de 24 de abril a 19 de maio de 2017, sob
orientação do Dr. António Bessa, no Serviço 5.1: Pediatria Médica, no Hospital Dona Estefânia,
num rácio tutor-aluno de 1:2.
No decorrer do estágio tive oportunidade de participar em diversas atividades, nomeadamente:
internamento Pediatria Médica, no qual desenvolvi atividades da prática médica diária, seguindo
um total de 22 doentes; consultas externas de Pediatria Médica, que corresponderam ao meu
primeiro contacto no curso com consultas de pediatria programadas, pelo que considero que foi
um momento essencial neste estágio; SU durante 18 horas, sob orientação do meu tutor.
Também frequentei duas aulas teórico-práticas e consultas de Imunoalergologia, nesse mesmo
hospital, e passei uma manhã na Cardiologia Pediátrica no Hospital Santa Marta. Assisti ainda a
reuniões de passagem de doentes, reuniões de serviço e sessões clínicas.
No término do estágio apresentei um seminário sobre um caso clínico de uma criança de 12 anos
com Fibrose Quística, que me permitiu rever uma patologia muito importante e desafiante face ao
tratamento médico.
Considero que este estágio me deu conhecimentos fulcrais no âmbito da Pediatria, destacando
apenas como aspeto menos positivo o facto de não ser possível passar por mais valências da
3.7. ESTÁGIO CLÍNICO OPCIONAL
Entre 22 de maio e 2 de junho de 2017 estive integrada no Serviço de Onco-Hematologia do IPO
do Porto, sob tutoria da Dra. Dulcineia Pereira. Participei na observação diária dos doentes da
minha tutora, na consulta externa e nas reuniões de serviço, onde lidei com patologias com tive
outrora pouco contacto. Tive também oportunidade de visitar o laboratório de hematologia, onde
me foram explicadas algumas técnicas realizadas. Pela superação dos ideais que concebi para o
estágio e pela minha satisfação na escolha que realizei quis referi-lo no presente relatório.
4. ELEMENTOS VALORATIVOS
4.1.ATIVIDADES EXTRA-PLANO CURRICULAR NO 6º ANO
Cursos/Congressos/Formações: 1. Reunião de Ortopedia sobre o Ombro Doloroso, a 8/10/2016 no Auditório do Hospital CUF-Porto (ANEXO 1); 2. iMED Conference 8.0., organizado
pela AEFCM, no Centro Cultural de Belém, entre 13 e 16 de outubro de 2016 (ANEXO 2); 3.
MEDPlus | O Doente, o Médico e a Espiritualidade, na FCM, a 24/10/2016 (ANEXO 3); 4. Palestra
"Infertilidade", na FCM, a 23/11/2016 (ANEXO 4).
4.2. ATIVIDADES RELEVANTES EM ANOS PRÉVIOS
1. Programa Almeida Garrett no 2º semestre de 2015/2016, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Porto. 2.CEMEF (Curtos Estágios Médicos Em Férias): MGF, no Centro de
Saúde de Santo Tirso-USF Vilalva, entre 13 de julho e 24 de julho de 2015 (ANEXO 5); 4.
CEMEF: Serviço Urgência, no CHAA-Guimarães, entre 28 junho e 08 julho de 2014 (ANEXO 6).
5. REFLEXÃO CRÍTICA
No culminar deste ano profissionalizante, no seguimento de mais cinco de formação, esperava
cumprir a globalidade dos objetivos específicos de formação de cada estágio parcelar. Neste
relatório salientei aqueles que considerava fulcrais cumprir, sendo que destes, apenas o sétimo
sido concedida a oportunidade de participar em alguns procedimentos cirúrgicos e manusear o
material do bloco operatório, como ambicionava fazer, tal aconteceu numa frequência inferior à
que desejava, possivelmente devido a um rácio tutor:aluno demasiado elevado (1:3), o que,
aliado ao facto de existir uma interna da formação específica com o mesmo tutor, me
impossibilitou de cumprir este objetivo na sua plenitude.
Os objetivos pessoais de mobilizar os meus conhecimentos para diagnosticar e solucionar
problemas clínicos comuns dos diferentes grupos dos doentes; de melhorar as minhas
capacidades de colheita de história clínica e do exame objetivo; de sistematizar técnicas de
raciocínio clínico adequadas ao correto diagnóstico diferencial e de requerer MCDT adequados,
foram cumpridos, tendo melhorado as minhas competências nos parâmetros associados aos
mesmos. As minhas capacidades de comunicação sofreram uma melhoria neste ano, muito
devido à aquisição de autonomia em muitas tarefas, o que exigiu que comunicasse mais, tanto
com os doentes, como com os familiares e com outros profissionais, satisfazendo o objetivo. A
integração e trabalho em equipa também foi uma necessidade em todos os estágios, pelo que
alcancei o objetivo proposto. Tinha igualmente como objetivo aprender a lidar com situações de
maior exigência emocional, nomeadamente, comunicar más notícias e lidar com a preocupação e
ansiedade dos doentes/familiares/cuidadores. Apesar de ter cumprido o propósito de lidar com a
preocupação e ansiedade dos doentes/familiares/cuidadores, ainda não vi realizado o objetivo de
aprender a dar más notícias, nomeadamente, quando está implicada uma situação de morte ou
de mau prognóstico. Talvez pela tenra experiencia em lidar com estes assuntos sempre me vi
“poupada” a dar estas notícias, sendo o mesmo realizado por médicos mais experientes. Se por
um lado considero que não cumpri o objetivo, por outro considero que preciso de mais maturidade
para o realizar, e, sendo um tópico tão delicado, acho que primariamente é, de facto, mais
importante adquirir mais competências para o fazer.
Relativamente ao cumprimento do último objetivo pessoal: “compreender quando devo referenciar
o doente a outra especialidade”, considero que pelo facto de este ano ter contactado com
de identificar as situações que necessitam de referenciação, do que me sentia previamente à
conclusão do estágio profissionalizante.
Este ano adquiri conhecimentos e competências fundamentais para a prática clínica futura. Para
tal, contribuiu a diversidade formativa em todos os estágios parcelares, a integração nas equipas
médicas com que contactei e a autonomia parcial que detive, o que, aliado a um rácio tutor-aluno
de 1:1 na maioria dos estágios permitiu que alcançasse a maioria dos objetivos propostos, de
modo que avalio positivamente o estágio profissionalizante.
Contudo, e após a leitura de O Licenciado Médico em Portugal (2005), não posso deixar de referir
uma crítica global à avaliação da aprendizagem dos estágios parcelares, que se prende com a
seguinte citação: “os estudantes (…) devem receber feedback de forma regular, no tempo certo e
adequado relativamente ao seu desempenho”. Destaco este tópico pois não o vi cumprido nos
estágios realizados e considero que seria importante para a minha evolução formativa.
Para além dos conhecimentos científicos que adquiri nesta faculdade também tive oportunidade
de construir um sentido ético e moral, de respeito pelo outro e de dádiva para com o próximo,
nomeadamente através da realização de atividades extracurriculares, pelo que não pude deixar
de as referenciar. Um médico vai muito além das suas competências científicas e estas atividades
foram fundamentais na construção do meu carácter.
Termino este relatório com a sensação de dever cumprido e de realização pessoal. Sinto-me
satisfeita por ter conseguido conciliar o empenho exigido em cada um dos estágios com o estudo
para a preparação da Prova Nacional de Seriação, o que constituiu, sem dúvida, o maior desafio
e dificuldade que senti neste último ano. A compreensão do esforço exigido para a preparação da
prova foi sentido mais nuns estágios do que noutros, sendo que num ano tão crucial seria
importante que todos os tutores se relembrassem da importância da prova para o futuro do aluno.
Não posso terminar sem lembrar todos os que me ajudaram na minha formação,
agradecendo-lhes sinceramente. Seguirei o meu rumo sem nunca esquecer que a medicina exige uma
aprendizagem gradual e constante ao longo da vida.
ANEXO 5