• Nenhum resultado encontrado

O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO"

Copied!
108
0
0

Texto

(1)

FRANCISCO DANIEL HOLANDA NORONHA

O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E AS

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO

EXTERIOR BRASILEIRO

(2)

O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E AS

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO

EXTERIOR BRASILEIRO

Monografia apresentada no Curso de Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Francisco de Araújo Macêdo Filho

(3)

O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Monografia apresentada no Curso de Direito, da Universidade Federal do Ceará (UFC/CE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Francisco de Araújo Macêdo Filho

Aprovada em 19 / 01 / 2007

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Prof. Francisco de Araújo Macêdo Filho (Orientador)

________________________________________________ Prof. Luiz Dias Martins Filho (Orientador)

(4)
(5)

Ao corpo docente da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, pelas valiosas lições ministradas.

Ao professo Luis Dias Martins Filho, por todos os ensinamentos e toda a dedicação despendida para a realização desse trabalho.

Ao Professor Francisco de Araújo Macêdo Filho, pelas lições necessárias à realização desse trabalho.

Ao professor Abimael Carvalho, pelo incentivo e ajuda.

(6)

“O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, é a oportunidade.

(7)

Trata-se de estudo desenvolvido sobre o fenômeno da dupla tributação internacional, confrontando-se a situação das contribuições sociais incidentes sobre o comércio exterior brasileiros, em um contexto de integração econômica mundial. Para tanto, fez-se necessário estabelecer a dinâmica da bitributação, apresentando os seus princípios, as formas de atuação e os mecanismos utilizados para a sua eliminação. De posse dessas informações, buscou-se apreender a colocação das contribuições sociais brasileiras no cenário de trocas comerciais, bem como a possibilidade de aplicação dos acordos internacionais em matéria tributária nessas situações.

PALAVRAS – CHAVE: Integração Econômica; Dupla Tributação; Imposto Sobre a

(8)

This paper is about developed study on international double taxation, correlating the social contribution situation incident on Brazilian foreing commerce, in a context oh world-wide economic integration. For such a way, this requires that the dynamics of the double taxation be established, presenting its principles, the form of performance and the mechanisms used for its elimination. With the knowledge of these information, one searched to apprehend the rank of the Brazilian social contribution in the scene of exchanges commercial, as well as the possibility of applying the international taxation treaty on these situation.

(9)

INTRODUÇÃO ... 10

1. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL ... 14

1.1. Harmonização Tributária ... 15

1.2. A dupla tributação internacional no contexto da integração Econômica ... 17

2. PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL ... 21

2.1. Elemento de Conexão ... 21

2.1.1. Elemento de Conexão Material ... 22

2.1.2. Elemento de Conexão Subjetivo ... 23

2.2. Princípios aplicáveis à ao Direito Tributário Internacional ... 24

2.2.1. Princípio da Territorialidade ... 25

2.2.2. Princípio da universalidade ... 29

3. PESSOAS JURÍDICAS E O DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIO- NAL ... 34

3.1. Princípio da Não-discriminação e Residência ... 36

3.2. Pessoas Jurídicas Residentes ... 39

3.2.1. Forma de atuação das pessoas jurídicas residentes no exterior e Tributação ... 40

3.3. Pessoas Jurídicas Não-residente ... 42

3.3.1. Equiparação à residência ... 43

3.3.2. Atuação mediante filial e sucursal ... 44

3.3.2.1. Estabelecimento permanente ... 45

(10)

4. O FENÔMENO DA DUPLA TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL ... 55

4.1. Âmbito de incidência da dupla tributação internacional ... 57

4.2. Sistema das quatro imputações ... 59

4.3. Formas de tratamento da dupla tributação ... 61

4.3.1. Medidas Unilaterais ... 62

4.3.1.1. Método da isenção ... 63

4.3.1.2. Método do crédito de Imposto ... 65

4.3.1.3. Dedução dos Impostos ... 68

4.3.2. Medidas bilaterais ... 68

4.3.2.1. Modelo ONU ... 69

4.3.2.2. Modelo da OCDE ... 70

4.3.2.2.1. Sistemática da Convenção-Modelo OCDE ... 71

4.3.2.3. Outras espécies de Convenção-Modelo ... 72

4.3.2.4. Acordos Celebrados pelo Brasil ... 72

5. AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS NO DIREITO BRASILEIRO E A SUA INCIDÊNCIA SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR ... 76

5.1. Inconstitucionalidade da cobrança do Pis e COFINS impor- tacão... 77

5.2. Ofensa ao princípio da isonomia e da não-discriminação ... 80

CONCLUSÃO ... 84

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ... 87

(11)

Neste trabalho monográfico, buscou-se fazer uma análise do fenômeno da dupla

tributação internacional, estabelecendo os seus princípios, as suas formas de

atuação, bem como a apresentação das soluções existentes no ordenamento

tributário internacional para as problemáticas dele provenientes. Volta-se, contudo, o

foco para o tratamento dedicado aos impostos indiretos no sistema jurídico-tributário

adotado pelo Brasil, os quais incidem sobre comércio exterior.

Sob uma perspectiva de integração econômica mundial, em que as trocas

comerciais primam pela eficiência e celeridade, tornou-se viável, dessa forma, uma

aproximação cada vez maior entre os sistemas econômicos, financeiros e tributários

dos Estados Soberanos, sujeitos atuantes na dinâmica comercial internacional.

Nesse contexto, os Estados que participam ativamente do comércio

internacional, objetivando proteger seus interesses, verificaram a possibilidade de

tributação dos rendimentos decorrente dessa aceleração da economia. Ocorre que o

poder tributário não está limitado apenas ao Estado da fonte da renda ou ao Estado

beneficiário, pelo contrário ele é inerente à idéia de Soberania. Nasce assim a

(12)

tributantes – o país da fonte e o país da residência – exercem suas prerrogativas

sobre o mesmo fato tributário e o mesmo sujeito passivo,

Foram abordados, nesse ponto, elementos essenciais para a completa

compreensão do tema: os princípios norteadores do Direito Tributário Internacional;

os possíveis elementos de conexão adotados pelos diversos ordenamentos jurídicos

soberanos; as formas em que as pessoas jurídicas se posicionam no cenário

internacional.

Na elaboração desse trabalho, foi esclarecido que a bitributação internacional,

embora lícita, vez que respeita a competência tributária, deve ser reprimida, tendo

em vista que ela configura obstáculo à liberdade de circulação de fluxos, como

também se mostra verdadeiro entrave à busca incessante de lucros cada vez

maiores pelos grandes conglomerados que atuam no comércio internacional, os

quais têm seus rendimentos tributados de forma descompassada e irrazoável.

Superadas essas colocações, entrou-se na efetiva dissertação sobre o fenômeno

de dupla tributação internacional, com os principais elementos que lhe são inerentes.

Dessa forma, traçou-se um raciocino lógico, a fim de atingir as formas de eliminação

dos efeitos econômicos maléficos trazidos por tal fenômeno.

Diante do problema ocasionado pela bitributação, a comunidade internacional se

mobilizou, objetivando eliminar tal fenômeno. Nesse sentido foram criadas medidas

de cunho eminentemente unilateral, bem como medidas bilaterais, ou mesmo

multilaterais, embora esse último caso seja mais raro de se verificar.

Dentre essas medidas, cabe realçar a importância dos tratados contra a dupla

tributação. De fato, foram estabelecidas convenções internacionais com o escopo de

(13)

podem ser encontrados o modelo proposto pela Organização de Cooperação e

Desenvolvimento econômico – OCDE e a convenção da Organização das Nações

Unidas – ONU.

Esse estudo procurou sempre contextualizar suas disposições com as realidades

encontradas no sistema de tributação internacional brasileiro, apresentando os

princípios aqui vigentes, os elementos de conexão existentes no nosso

ordenamento, bem assim as soluções apresentadas pelo país para a eliminação da

dupla tributação internacional.

Nesse diapasão, ao analisar as soluções unilaterais existentes para a

problemática ocasionada pela bitributação internacional, posicionou-se acerca

daquelas adotadas pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Verificou-se, ainda, que os tratados contra a dupla tributação assinados pelo

Brasil seguem o Modelo OCDE e, em sua grande maioria, são datados de antes de

1992, ano em que a Convenção Modelo passou por uma reformulação. Dessa

forma, esses acordos internacionais encontram-se defasados, na medida em que

foram celebrados quando de um Brasil “subdesenvolvido”, sujeitando-o a uma série

de benesses e incentivos.

Por essa razão, muitos dos países que possuem um tratado de tributação

internacional assinado com o Brasil pleiteiam a sua reformulação, a fim de

adequá-los à atual realidade brasileira, qual seja a de um país em “processo de

desenvolvimento”.

Por fim, foram abordados os objetos dos tratados em que o Brasil se encontra

como signatário, observando-se que eles possuem como objetivo primordial a

(14)

incidentes sobre os rendimentos, i.e., Imposto de Renda. No entanto, no presente

estágio de desenvolvimento interno em que o Estado Brasileiro se encontra inserido,

o fator que mais onera as trocas comerciais com outros países

(exportação/importação) não é o imposto sobre a renda, mas sim os chamados

impostos indiretos, quais sejam as diversas contribuições – PIS e COFINS – que

estão presentes no Sistema Tributário Nacional e incidem sobre os lucros,

rendimentos e faturamentos decorrentes de todo o comércio internacional.

Nesse sentido, os objetivos traçados pelos tratados contra a dupla tributação

internacional – como eliminar as barreiras à livre circulação dos fluxos e, por

conseguinte, aumentar os lucros das empresas – não são atingidos pelo Brasil, haja

vista a excessiva taxação que incide sobre o comércio exterior fomentado pelo

(15)

As trocas comerciais estabelecidas entre os Estados atuantes no cenário

internacional restaram intensificadas a partir do processo de integração econômica,

o qual consiste justamente na eliminação gradual das barreiras físicas e virtuais

comumente impostas quando tratamos de comércio entre países.

Nesse diapasão, torna-se possível verificar o aprofundamento dos vínculos entre

os Estados soberanos como decorrência da decisão política, que, fundada em um

suporte econômico e formalizada por uma construção jurídica, possibilita a

ocorrência do processo de integração em análise.

De fato, a integração dos mercados internacionais, nos moldes em que a

conhecemos hoje, é um fenômeno recente, o qual alcança as searas das relações

comerciais, monetárias, laborais e fiscais, valendo salientar que nos deteremos,

quando do desenvolvimento desta pesquisa, com maior esmero no tratamento desta

última.

Convém ressaltar, outrossim, que, embora usualmente se relacione a

aproximação dos mercados ao fim precípuo de atingir o desenvolvimento

(16)

instauração deste processo, os fins de justiça social, uma vez que a etapa da

mundialização hodiernamente enfrentada traz intrinsecamente em seu bojo o

acirramento das desigualdades sociais, regionais, nacionais e, até mesmo,

intercontinentais.

Em verdade, o fenômeno integrador origina nos países integrantes do bloco

econômico a premência de políticas econômicas e sociais específicas, a fim de

alcançar os resultados inerentes aos esforços de coordenação, que se intensifica do

desenvolvimento das políticas consideradas fundamentais para o bloco, a saber:

política social, comercial, ambiental e energética.

Nesse sentido, “as oportunidades de integração econômica que surgem devem

ser identificadas visando ao crescimento sustentável do país, à satisfação das

necessidades básicas da grande maioria do seu povo e a conseqüente redução das

desigualdades econômicas e sociais.”1

1.1. Da Harmonização Fiscal

Pressuposto lógico do fenômeno da integração econômica internacional, a

harmonização fiscal é decorrência da política tributária adotada pelos países que se

lançam a uma economia de mercado, exercendo influência sobre inúmeros fatores,

tais quais a rentabilidade das empresas, localização e orientação dos investimentos,

bem assim as condições de concorrência e a liberdade de circulação dos bens e dos

serviços.

De fato, a harmonização tributária tem caráter primordial dentro do processo em

estudo, guardando como característica essencial a eliminação das barreiras e dos

(17)

fatores de discriminação2 fiscal, permitindo, dessa forma, maior liberdade de

circulação dos bens e dos serviços dentro no contexto do comércio exterior.

Mencione-se, por oportuno, que esse processo dispõe de mecanismos hábeis a

possibilitar o desenvolvimento das economias em mercado.

As políticas tributárias tendentes a implementar a harmonização fiscal

compreendem três formas distintas a saber: uniformização ou unificação;

compatibilização; e instrumentação. Acerca dessas formas, discorreu com maestria

o Prof. Luiz Dias Martins Filho:

“Uniformização – como um dos mecanismos de que se pode valer, a harmonização tributária significa uniformizar a tributação em todos seus aspectos essenciais, igualar as cargas tributárias que recaem sobre uma mesma matéria tributável, vale dizer igualar as legislações de um determinado tributo, tanto nos aspectos estruturais, quanto nos técnico-formais e quantitativos. (...)”

“Compatibilização – por esse meio, se trata de adequar a estrutura dos tributos para que estes permitam a aplicação de mecanismos compensatórios capazes de neutralizar os efeitos que poderão advir de uma disparidade nas cargas tributárias. Esse mecanismo é menos rígido que o anterior ao operar apenas sobre os aspectos técnico-formais, sem afetar os níveis de tributação, que poderão persistir na forma mais apta para responder às orientações ditadas pelos objetivos nacionais. (...)”

“Instrumentação – consiste em instrumentar determinada estratégia de integração. Diferentemente dos mecanismos comentados anteriormente, mediante os quais se pretende evitar os efeitos diferenciais que poderiam emergir de disparidades no nível da carga tributária, é que a instrumentação se dispõe intencionalmente a estabelecer desigualdades – desigualdades que podem ter por fim compensar algum desequilíbrio estrutural entre os países da região, induzindo, por exemplo, uma alocação geográfica de recursos conforme as prioridades regionais com aquela finalidade. (...)”

Importante ressaltar também que a harmonização em apreço não almeja tão

somente a quebra das barreiras e o entrave à discriminação fiscal, mas também a

adequação da tributação direta e, principalmente, da tributação indireta às

exigências do comércio internacional.

2 A não-discriminação tributária é princípio basilar do direito tributário internacional constante nas

(18)

Focalizando a realidade brasileira, a exemplo da tributação indireta temos as

contribuições sociais – PIS e COFINS –, as quais não seguem os cânones da

tributação sobre a renda, como a não-cumulatividade ou seletividade, fato este

responsável por comprometer a competitividade dos produtos nacionais no mercado

internacional.

Busca-se, dessa forma, simplificar a ordem tributária, a fim de se evitar a

pluralidade de incidência nas trocas comerciais internacionais, reduzindo o número

de espécies tributárias, garantindo a exploração razoável de suas três bases, quais

sejam consumo, renda e propriedade.

1.2. A dupla tributação internacional no contexto da integração econômica

Adam Smith, no clássico “A Riqueza das Nações”, preconizava que o capital

excedente originado nos países mais abastados deveria ser injetado nos países

periféricos que apresentassem alternativa rentável de aplicação. Com efeito, a idéia

consistiria em investir o capital o qual não restou absorvido pelo mercado dos países

ricos. Convém ressaltar que a impossibilidade de absorção do capital representa o

reflexo de uma economia cujas oportunidades restaram exaustivamente exploradas

a ponto de o mercado revelar-se saturado.

Nesse sentido expõe o citado autor:

“Logo, devem transbordar 800 mil libras, já que essa soma excede o que pode ser empregado na circulação do país. Porém, ainda que não seja possível empregar essa soma no país, é valiosa demais para que se possa deixá-la ociosa. Por conseguinte, será enviada ao exterior, para aí procurar o emprego rentável que não conseguiu encontrar no próprio país3.”

E ainda:

“À medida que crescem os capitais de qualquer país, necessariamente diminuem os lucros que é possível obter com seu emprego. Torna-se cada

(19)

vez mais difícil encontrar, dentro do país, um meio lucrativo de empregar qualquer novo capital4.”

Como se pode facilmente vislumbrar, embora datem do século XVIII, as

passagens supra transcritas dispõem de salutar importância na atualidade,

considerando-se a semelhança entre as situações narradas e o processo de

mundialização vivido nos moldes da teoria neoliberal. Dessa forma, os Estados

desenvolvidos, na constante busca por aferir a maior rentabilidade possível, têm

deslocado seus capitais excedentes sob a forma de investimentos nos países

subdesenvolvidos e emergentes. Não se pode olvidar de colacionar o que dispõe

Eros Roberto Grau em sua obra “A ordem Econômica naConstituição de 1988”:

“O capitalismo, inicialmente ordenado no interesse de cada Estado, vai à busca de uma ordenação internacional – a ordem econômica internacional – que enseja aos Estados desenvolvidos recolher nos subdesenvolvidos as parcelas de mais-valia já não coletáveis internamente de modo intenso5.”

Associado à idéia sustentada por Smith, David Ricardo, em 1817, desenvolveu a

teoria das vantagens comparativas, a qual representa prenúncio de regulação das

trocas econômicas internacionais, sugerindo a construção de um modelo de

comércio internacional que pudesse favorecer a todos os países figurantes do

mercado exterior. Assim, o autor idealizou um sistema com total liberdade de

comércio, onde inevitavelmente cada país geraria aquilo que pudesse produzir

melhor, ou seja, mercadorias que representassem o menor custo de

desenvolvimento e maior eficiência possíveis, exportando-se o excedente de

produção e importando-se as demais mercadorias de que a população necessitasse.

Segundo a análise do autor, com a implantação do sistema de total

livre-comércio, haveria um número muito maior de mercadorias à disposição para

satisfação das demandas, o que ocasionaria o favorecimento das classes

(20)

capitalistas de todos os países participantes do “mercado comum”, pois, se cada

país produzisse aquilo que lhe fosse mais vantajoso, menores seriam os custos de

produção e os salários de subsistência dos trabalhadores; por conseqüência,

observar-se-ia o crescimento exponencial dos lucros.

Há que se mencionar que o modelo prelecionado por Smith e Ricardo culminou

no moderno processo de integração das economias de mercados, no qual se

observa uma quebra das barreiras físicas e virtuais, bem como a aproximação dos

sistemas tributários, o que vem favorecendo as trocas comerciais.

Nesse contexto, aperfeiçoa-se o complexo fenômeno da integração econômica,

o qual, associado com o crescimento do comércio internacional, gerou novas

possibilidades de tributação. Com efeito, diante do iminente recrudescimento da

arrecadação tributária gerada pelo comércio exterior, os Estados encontraram novos

meios de exercitar suas soberanias fiscais.

Nesse diapasão, surgiu no cenário internacional a problemática da múltipla

tributação, a qual se faz presente na hipótese de, em uma mesma situação, para um

mesmo fato gerador, corresponde mais de uma competência tributária, fenômeno

esse hodiernamente conhecido como dupla tributação internacional.

Embora constitua a dupla tributação corolário lógico da integração de mercados,

seus efeitos de ordem econômica e financeira devem ser evitados, tendo em vista

que a sede arrecadatória dos fiscos nacionais entra em conflito com os interesses de

liberdade de fluxo de mercadorias e serviços e de desenvolvimento das atividades

econômicas de cada país.

Deve-se ter em mente que, a despeito de o fenômeno acima apresentado não

(21)

assegurar uma maior lucratividade nas trocas comerciais. Dessa feita, importante

destacar o movimento de aproximação dos sistemas fiscais internacionais, que teve

como marco de existência a União Européia, e culminou na elaboração da

Convenção-Modelo da OCDE, principal instrumento para a elaboração de tratados

em matérias tributária, tendentes a sanar os malefícios trazidos à tona pela

excessiva onerosidade fiscal.

O fenômeno da dupla tributação internacional pressupõe uma série de

desdobramentos teóricos e práticos, os quais serão devidamente analisados nos

(22)

2.1. Elemento de Conexão

A tributação das rendas provenientes do comércio internacional está fundada,

basicamente, na escolha de determinadas situações fáticas que justifiquem a

incidência da norma tributária. Essas situações são conhecidas, na seara do Direito

Internacional, como elementos de conexão.

Para Xavier, elemento de conexão é:

“o elemento de previsão normativa que, determinando a ‘localização’ de uma situação da vida num certo ordenamento tributário, tendo como efeito determinar o âmbito de aplicação das leis desse ordenamento a essa mesma situação”.6

Os elementos de conexão correspondem a uma ligação, um vínculo entre o fato

da vida que surge perante a sociedade e o ordenamento jurídico aplicável a essa

situação. Em verdade, o elemento de ligação vai configurar, em uma situação

escolhida pela norma tributária, a possibilidade de incidência do tributo sobre os

rendimentos auferidos pelas pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, no que

concerne a sua atuação no mercado internacional de capitais.

(23)

No âmbito do Direito Tributário Internacional, os critérios de conexão de maior

relevância para o estudo do tema da dupla tributação internacional dividem-se em

duas categorias principais: I) os subjetivos, os quais estão relacionados com a

pessoa do contribuinte, cujo exemplo maior é a residência, o domicílio e a

nacionalidade7; II) os materiais, que, a contrario sensu, dizem respeito ao fato

jurídico tributável que, no caso em estudo, correspondem à fonte efetiva dos

rendimentos.

No que diz respeito ao elemento residência, este se consubstancia na ligação

entre o sujeito sobre o qual deverá incidir o ônus de cumprir com as obrigações

tributárias e a circunscrição territorial em que as leis tributárias estão em vigor. Já a

fonte corresponde ao vinculo existente entre o ordenamento jurídico tributário

pertinente e o local de produção dos rendimentos.

2.1.1. Elemento de conexão material

No cerne do Direito Tributário, o elemento de conexão material de maior

relevância corresponde ao local da fonte efetiva de produção dos rendimentos. Esse

elemento de conexão possui, assim, uma ligação direta com o fato jurídico a ser

tributado, na medida em que se verifica a localidade de produção dos rendimentos,

para então incidir a norma tributária que é pertinente.

Esse elemento autoriza a tributação nos limites do território em que a lei possui

eficácia e aplicabilidade, alcançando apenas as fontes de rendimento que se

originarem dentro dessa circunscrição territorial. Daí a necessidade de se identificar

7 O elemento de conexão nacionalidade só possui relevância para o Direito Tributário Internacional no

(24)

de forma precisa a região em que ocorreu a produção efetiva da renda8, a fim de que

se possa autorizar a incidência da legislação tributária que a ela está relacionada,

onerando o rendimento com a devida carga impositiva.

Faz-se necessário, assim, ressaltar que o Código Tributário Nacional, em seu

art. 146, inciso III, descreve o fato gerador do Imposto de Renda como sendo “a

aquisição da disponibilidade econômica e jurídica de renda, assim entendido o

produto do capital do trabalho ou da combinação de ambos”. Nesse sentido, tal

dispositivo de lei vem relacionando a fonte dos rendimentos com a utilização que é

feita do capital. Cabe acrescentar, ainda, que o mencionado artigo adota o conceito

econômico da fonte dos rendimentos, tendo em vista que privilegia a produção de

capital.

2.1.2. Elemento de conexão subjetivo

O elemento de ligação em foco tem como função primordial a identificação do

sujeito passivo da obrigação jurídica tributária, objetivando estabelecer um vínculo

entre este e o fato gerador, dando margem, dessa forma, à efetivação da tributação.

Exterioriza-se nos institutos da residência, do domicílio e da nacionalidade.

Em verdade, a nacionalidade tem pouca aplicação prática como critério de

conexão entre as pessoas que estão sujeitas à imputação tributária pelos

ordenamentos internacionais. Com relação ao domicílio e à residência, seus

conceitos se confundem nos sistemas jurídico-tributários dos diversos países que

compõem a comunidade internacional, correspondendo a institutos jurídicos distintos

em muitos dos casos. Dessa forma, convencionou-se no sentido de adotar o

8No entendimento de Heleno Tôrres, a fonte efetiva da renda “será o lugar onde se consumar e se

(25)

elemento de conexão residência como aplicável a todas as situações que lhe são

pertinentes9.

A residência, como um elemento puramente de Direito Internacional, é

compreendida em face de dois critérios, um de ordem objetiva e, outro, subjetiva. O

primeiro deles compreende a presença física da pessoa em uma determinada

localidade (corpus). No critério subjetivo, busca-se a intenção de o sujeito residir no

país em que se encontra (animus). Como se observa, a permanência de uma

pessoa no país, somada com a intenção de ali manter sua residência, gera encargos

tributários, decorrente do elemento de conexão que se formou entre ela e o

ordenamento jurídico do Estado.

2.2. Princípios aplicáveis ao Direito Tributário Internacional

O problema da bitributação internacional tem como causa a aplicação desses

dois elementos de conexão (fonte e residência) no campo da tributação dos

rendimentos pelos Estados atores da dinâmica do comércio exterior. Nesse sentido,

tanto a identidade de conceitos – o que ocorre no caso de dois países considerarem

a mesma pessoa como residente (hipótese de dupla residência), gerando uma

imputação cumulativa sobre ela – como a diversidade de elementos – situação em

que um país adota o critério residência, enquanto o outro utiliza o critério fonte

efetiva da renda – dão ensejo à dupla tributação internacional.

Os elementos de conexão fonte e residência possuem reflexo direto nas políticas

a serem adotadas para a eliminação da dupla tributação internacional, sendo estes

conceitos essenciais para a elaboração de tratados tendentes a evitar, ou mesmo

91. For the purpose of this Convention, the term “resident of a Contracting State” means any person

(26)

eliminar a tributação plúrima. No entanto, apenas a presença desses dois elementos

não corresponde à real extensão do poder de tributar dos Estados Soberanos, no

que diz respeito ao seu alcance espacial, vez que, na prática, ele pode alcançar

rendas produzidas fora de seu âmbito de atuação, bem como tributar pessoas que,

embora sejam consideradas como não residentes, aufiram rendas dentro do âmbito

territorial do país.

Corroborando com este entendimento que atribui uma aplicabilidade muito maior

àquela dada pelos simples elementos de conexão fonte e residência, é possível se

verificar a ocorrência dos princípios inerentes ao Direito Tributário Internacional,

quais sejam o Princípio da Territorialidade e o Princípio da Universalidade. De fato,

os elementos de ligação citados estão ligados de forma umbilical a estes princípios,

na medida em que os residentes de um país são tributados por seus rendimentos,

quer sejam eles oriundos de uma fonte interna, quer sejam de uma fonte externa10

(Princípio da Universalidade). De modo diverso, os sujeitos tidos como

não-residentes só são tributados pelos rendimentos que tenham como origem uma fonte

dentro do território nacional (Princípio da Territorialidade). A adoção desses

princípios está a critério das políticas fiscais aplicadas por cada soberania estatal,

sendo possível, inclusive, a adoção dos dois princípios, os quais irão incidir sobre

situações diversas.

2.2.1. Princípio da Territorialidade

O Princípio da Territorialidade, também conhecido pela expressão inglesa

Source Income Taxation, adota o critério de conexão material, qual seja a fonte

efetiva do rendimento. De fato, esse princípio estabelece que todas as situações

10 É possível encontrar países em que, na tributação dos residentes, há a exclusão dos rendimentos

(27)

jurídicas que dão origem ao auferimento, ou mesmo produção, de rendimento dentro

do território nacional de um Estado, ensejam o surgimento da obrigação de arcar

com o ônus tributário.

Nos ensinamentos de Xavier, o princípio da territorialidade corresponde a uma

obrigação tributária limitada, na medida em que este princípio autoriza a incidência

de imposto somente sobre os rendimentos que têm origem em fontes localizadas no

território do ente tributante.

A tributação das rendas que foram produzidas no âmbito do território nacional

possui uma ligação direta com a idéia de soberania nacional, na medida em que

todos os fatos que tenham incidência dentro do território do país são devidamente

regulados por seu sistema jurídico. Nesse tocante, o Estado possui competência

geral e exclusiva sobre todos os fatos da vida que têm origem e se concretizam no

seu âmbito territorial.

Assim estabelece Bassaneze:

“A soberania é o reflexo necessário de um Estado autônomo. Aliás, a palavra autonomia, como toda a palavra grega sobre abstratos, é plena de significados. ‘Nomos’, é norma, previsão institutiva de um ‘ser’ jurídico ou de atitude comportamental. Quem institui norma-para-si ou para outros é superior, movimenta vontade e força, daí os termos autônomos e heterônomos. Não por acaso, Kelsen se refere a deveres autônomos e heterônomos, dependendo ou não da autonomia das vontades, a criar deveres. Estado autônomo é aquele que não reconhece nem admite poder acima do seu subordinando-o. O seu poder procede de si mesmo. Ele não reconhece nenhum outro a imperar sobre sua área de sua atuação, a não ser que ‘soberanamente’, por vontade própria, não coacta, assim o deseje11.”

Sob o aspecto da soberania fiscal, deve haver uma limitação das normas

tributárias no que concerne à circunscrição territorial, sendo defeso aos Estados

(28)

exercer a sua competência tributária além da demarcação de suas fronteiras12. É

inegável, dessa forma, a plena competência que possuem os Estados de tributar as

rendas que nele foram produzidas, haja vista a conexão existente entre a fonte do

rendimento (elemento objetivo) e o ordenamento jurídico incidente no caso concreto.

É mister, nesse momento, a conceituação e a demarcação do que seria território

nacional, tendo em vista a necessidade premente de limitar a atuação normativa

sobre os fatos relacionados ao auferimento e à produção de renda. O critério de

demarcação espacial não é uniforme entre os diversos Estados Soberanos, sendo

fixado por cada sistema normativo correspondente. Dessa feita, a limitação territorial

é um aspecto eminentemente jurídico, constituindo a base geográfica do poder.

Afora os pontos controversos que existem acerca de seus limites, o território

compreende o seu domínio terrestre, bem como o espaço aéreo, marítimo (mar

territorial e plataforma continental) e o subsolo13.

Sob um ângulo tributário, o espaço aéreo e o território marítimo possuem alguma

influência sobre o campo tributário, na medida em que a União pode exercer sua

competência legislativa sobre fatos que tenham ocorrido na esfera do mar territorial,

plataforma continental e zona econômica exclusiva14.

O principio da territorialidade pode ser, outrossim, entendido sob dois ângulos

principais, quais sejam a territorialidade em sentido material e territorialidade em

sentido formal. A primeira representa o âmbito de incidência da regra-matriz da

norma tributária, que pode atingir fatos e sujeitos passivos que se encontram na

12

“A lei tributária vigora no território do ente político que a edita; o território é o limite espacial da

soberania, no caso do Estado nacional, e da autonomia, no caso dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios”. (AMARO. 2006, p 194).

13 O art. 20 da Constituição Federal determina:

“Art. 20. São bens da União:

V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI –o mar territorial;”

(29)

esfera extraterritorial, inclusive. Já em sentido formal, determina que a legislação

tributária só poderá incidir sobre elementos que estão nos limites da ordem jurídica a

que pertencem.

O princípio em análise tem sua maior aplicação na idéia contida na figura dos

não-residentes, tendo em vista que estes sujeitos só podem ser tributados sobre os

rendimentos que forem auferidos, ou pelos quais sejam beneficiários, dentro da área

de incidência da regra matriz. Assim, nenhuma renda em que sua fonte de produção

se localiza no exterior é alcançada pelo ordenamento nacional, i.e., as rendas que

tenham se originado em outro espaço territorial ficam em um campo de

não-incidência. Isso se dá também em decorrência da soberania nacional, uma vez que

não é admitido a um determinado país localizar rendimentos que foram produzidos

em outro Estado por um de seus residentes.

No Brasil, o princípio da territorialidade deixou de ser aplicado, no que concerne

às pessoas jurídicas, com o advento da Lei nº. 9.249/1995, que estatui as normas

pertinentes ao imposto de renda, consagrando, por conseguinte, o princípio da

universalidade como regra geral a ser aplicada no ordenamento jurídico nacional15.

Entretanto, o regime de territorialidade continua sendo aplicado para os sujeitos

não-residentes em território brasileiro, sendo tributados apenas pelos rendimentos que

produzirem ou que tenham sido beneficiados no âmbito do território nacional, ficando

os ganhos de capitais, cuja fonte se encontre no exterior, no campo da

não-incidência.

Esta é uma das causas principais da dupla tributação internacional, porquanto o

não-residente é, de fato, residente em outro Estado, que pode exercer a sua

15 O art. 25 da Lei nº. 9.249/95 estatui:

(30)

competência tributária, adotando o critério de conexão pessoal, para alcançar todos

os rendimentos auferidos ou produzidos por seu residente, independente de ser ele

proveniente de uma fonte interna ou externa. Daí a importância de convenções

internacionais, objetivando reduzir o ônus tributário que recai sobre as pessoas

atuantes no comércio exterior.

2.2.2. Princípio da universalidade

No atual estágio de desenvolvimento da economia internacional, em que as

trocas comerciais entre os países se tornaram mais freqüentes e a circulação dos

rendimentos aumentou de forma exponencial, percebeu-se a necessidade de os

Estados Soberanos localizarem as rendas decorrentes do comercio exterior, a fim de

serem tributadas em sua base territorial. Surge, assim, o princípio da universalidade

(world-wide-income) que se utiliza de um critério de conexão subjetivo para alcançar

as rendas produzidas por seus residentes, quer elas tenham se originado no interior

de seu espaço territorial, quer tenham sido elas produzidas alhures. Dessa maneira,

o elemento residência justifica a tributação dos rendimentos, independentemente da

localização de sua fonte.

Originalmente, o princípio da universalidade possui uma incidência maior entre

os países desenvolvidos, que estão diante de um mercado internacional aquecido,

porquanto estes figuram como exportadores de capitais, o que faz nascer a

premência de tributação de seus residentes sobre os lucros que obtiverem em

investimentos feitos no exterior.

O sistema determinado pelo princípio da renda mundial estabelece uma

(31)

para que todos os rendimentos – tanto de fonte interna, como de fonte externa –

auferidos pelos sujeitos residentes sejam tributados16.

Como se observa, é irrelevante, para que seja autorizada a tributação, o local de

produção ou de pagamento dos rendimentos, sob a óptica desse princípio, bastando

apenas que se verifique o elemento o qual vincule a pessoa que está ligada com a

produção da renda com o sistema jurídico tributante, no caso, a residência.

Doutrinariamente, a tributação dos rendimentos estrangeiros é justificada por

algumas razões básicas, a saber: I) o malferimento do princípio da igualdade, na

medida em que os países exportadores de capitais observaram os seus residentes,

que auferem renda apenas no âmbito interno, serem mais gravosamente tratados,

em comparação com aqueles que se lançaram no comércio exterior e, muitas vezes,

procuram paraísos fiscais para o desenvolvimento de seus investimentos; II) o

combate à evasão fiscal, motivada pelas inúmeras isenções e benefícios ofertados

pelos países que importam capital; III) a não tributação da fonte estrangeira

implicaria uma grande perda de capital; IV) a necessidade de efetivação dos

princípios da capacidade contributiva e da progressividade incidentes no imposto

sobre a renda.

Nesse entendimento, o Imposto de Renda tem como característica principal a

observância do princípio da capacidade contributiva, que busca a preservação do

contribuinte contra tributação de carga excessiva, como também tende a evitar a

perda de arrecadação pelo Estado detentor do poder de tributar. Na tentativa de dar

maior aplicabilidade à capacidade contributiva, verifica-se a expressão do princípio

da progressividade, na medida em que este determina que a alíquota incidente

sobre riquezas maiores deve, de igual modo, ser maior.

(32)

É imprescindível, dessa feita, que se contabilizem todos os rendimentos

auferidos pelo residente, independente da localização da sua fonte, a fim de se

determinar a alíquota correta a ser aplicada. Esse procedimento é importante para

evitar uma tributação desigual entre os residentes que se beneficiam de rendas

externas e os residentes que só possuem fontes de rendimentos internos, os quais

seriam mais severamente tributados, haja vista que aqueles seriam beneficiados por

alíquotas reduzidas, que não guardam relação com a realidade dos fatos.

Ademais, o princípio do world-wide-income representa uma forma eficaz de

combate a políticas de planejamento tributário que têm como objetivo primordial a

prática de condutas elisivas, ou mesmo evasivas, fato que acarreta uma enorme

fuga de capitais do país exportador para países de tributação reduzida. Ademais, ele

representa uma forma eficaz de combate a paraísos fiscais, que se encontram à

margem do atual estágio de desenvolvimento econômico internacional.

No entanto, a adoção do princípio da universalidade está diretamente

relacionada com a maior incidência do problema da dupla tributação internacional,

vez que o concurso de pretensões entre os Estados Soberanos se torna mais

freqüente com a utilização do critério residência. De fato, a conceituação de uma

pessoa como residente depende da legislação interna de cada país, o que pode

levar o mesmo sujeito a ser considerado como residente em dois ou mais Estados

(dupla residência). Dessa forma, na falta de um tratado contra a bitributação

internacional, ambos os Estados podem exercer de forma livre e ilimitada suas

pretensões impositivas sobre a pessoa por eles tida como residente, incidindo o

tributo em cima de seu rendimento mundial.

Em face de uma Convenção contra a bitributação, é inadmitido que ocorra a

(33)

critérios que devem observados, a fim de se determinar qual a base residencial que

deverá prevalecer para efeito de uma imputação tributária. Com isso, nasce o

princípio da unidade de residência, ou seja, a residência fiscalmente relevante é una,

e excludente das demais que, porventura, existam em outros Estados, passando a

pessoa a ser considerada, nestes, como não-residente. Cabe ressaltar, entretanto,

que tal exclusão abrange apenas os efeitos fiscais, permanecendo ainda a

residência para o exercício dos demais direitos civis e políticos.

Nesse entendimento, a determinação da residência fiscalmente relevante usa

um critério de conexão subsidiário17, ou seja, a norma elege duas ou mais situações

que serão aplicadas de forma subsidiária umas às outras. Assim, a pessoa física

será considerada residente: I) no local de sua habitação permanente; II) possuindo

mais de uma habitação permanente, na região que constituir o centro de suas

relações pessoais e econômicas; III) na hipótese de falha das situações anteriores

(não possuir habitação permanente, ou não puder se determinar o país centro de

seus interesses), será residente na localidade onde tenha uma permanência

habitual; IV) ainda, se permanecer habitualmente em mais de um país, ou em

nenhum, sua residência se confundirá com o Estado de sua nacionalidade.

Com relação às pessoas jurídicas, estas serão consideradas residentes no local

onde se encontre a sua direção efetiva18, qual seja a região onde são praticados os

principais atos de gestão da empresa de uma forma geral.

Como já apontado, o Brasil passou a usar o princípio da universalidade, regendo

a tributação sobre a renda, com o advento da lei 9.249/95, que permite o alcance de

17 2. Where by reason of provisions of paragraph 1 an individual is a resident of both Contracting

States, then his status shall be determined as follows: (Modelo OCDE, art. 4º, § 2º).

18 3. Where by reason of provisions of paragraph 1 a person other than an individual is a resident of

(34)

todos os rendimentos que tenham sido produzidos, ou deles foram beneficiadas as

pessoas jurídicas residentes no Brasil. Faz-se necessário observar ainda a figura do

sujeito que possui uma residência por equiparação, ou seja, pessoas jurídicas

não-residentes que, por força de lei, têm tratamento jurídico semelhante ao estabelecido

(35)

Em meio ao cenário de um mundo globalizado, em que o fluxo de capitais entre

os Estados adquire volumes incomensuráveis e as trocas comerciais tornam-se cada

vez mais aceleradas, a atuação dos grandes grupos econômicos não fica restrita ao

âmbito nacional; pelo contrário, ela também assume proporções mundiais. Surge,

nesse sentido, a necessidade de adequação da crescente expansão comercial das

empresas às políticas adotadas pelos países integrantes dos grupos econômicos

internacionais, tanto no que concerne aos incentivos à livre circulação de bens e

riquezas, como às medidas fiscais por eles adotadas.

No tocante ao Direito Tributário Internacional, questão de grande relevância é a

determinação da nacionalidade e da residência das pessoas jurídicas que têm como

âmbito de atuação o comércio exterior. A importância desses conceitos está na sua

íntima relação com a competência fiscal dos Estados, para alcançarem as rendas

que lhes são próprias. Nesse aspecto, a nacionalidade de uma pessoa jurídica é

estabelecida pela lei da respectiva constituição. No direito brasileiro, a nacionalidade

(36)

que, em seu art. 1119, estipula um duplo requisito para a determinação da

nacionalidade: ser organizada sob a égide da legislação brasileira e ter seu centro

administrativo no território brasileiro.

A residência, a seu turno, consubstancia-se em um dos principais elementos de

conexão do Direito Convencional, dando origem às diversas obrigações tributárias.

Tal conceito, como visto, há de ser compreendido como sendo a sede da empresa.

Deve-se observar que a residência se diferencia da nacionalidade das pessoas

jurídicas, tendo em vista que esta última é entendida sob dois aspectos – devendo

ter sido constituída conforme a legislação brasileira pertinente e possuir sua sede

administrativa em território nacional. Dessa forma, uma sociedade que possui

residência no Brasil pode possuir a nacionalidade de outro Estado, bastando, para

tanto, que tenha se organizado consoante legislação alienígena e, no entanto,

possua o centro de seus negócios nos limites territoriais brasileiro.

As obrigações tributárias possuem desdobramentos diversos, a depender da

residência e da nacionalidade das sociedades atuantes no cenário internacional.

Com efeito, as empresas consideradas como nacionais estão sujeitas ao regime de

tributação estabelecido pelo elemento de conexão subjetivo, no que concerne ao

seu domicílio; já com relação às sociedades estrangeiras, estas podem ser

imputadas como residentes (propriamente ditos ou por força de equiparação), bem

como não-residentes, a depender de sua forma de atuação.

Voltando o foco ao sistema adotado pelo ordenamento brasileiro, as empresas

de nacionalidade estrangeira podem atuar das seguintes formas: I) realizar negócios

de forma isolada, sem constituir vínculo permanente com o Brasil; II) desenvolver

19 Decreto 2.627/40, art. 11 “São nacionais as sociedades organizadas na conformidade da lei

(37)

atividades com o intermédio de estabelecimentos permanentes; III) atuar por meio

de uma sociedade de nacionalidade brasileira, através de controladas e coligadas;

IV) requerer uma autorização para funcionar20. Verificada a forma de atuação das

empresas nos limites territoriais, pode a lei tributária incidir sobre os fatos previstos

na sua hipótese de incidência, alcançando os rendimentos que tenham origem no

território brasileiro, bem como aqueles que foram produzidos alhures, dependendo

das circunstâncias que deram suporte à imputação.

Ademais, esses elementos são de suma importância para a definição de políticas

internacionais de combate e tratamento da dupla tributação internacional,

estabelecendo as condutas que devem ser observadas e limitando o poder de

tributar dos Estados sobre certas hipóteses contratualmente previstas.

3.1. Princípio da não-discriminação e residência

Ponto importante para o Direito Tributário Internacional consiste na proteção ao

princípio da não-discriminação. Tal princípio está intimamente relacionado com o

conceito de nacionalidade, na medida em que estabelece que os nacionais de um

outro Estado Contratante não podem ter tratamento fiscal diferenciado em um outro

Estado, quando estiverem em uma situação equivalente21.

O princípio da não-discriminação está recepcionado e positivado pelo

ordenamento jurídico brasileiro como limite objetivo à competência tributária.

Consiste, em verdade, ao impedimento de que o nacional de um outro Estado

receba tratamento diferenciado, mais gravoso, sem que se possa verificar justo

motivo para tanto. Com efeito, esse princípio serve de direcionamento à tributação

brasileira do comércio internacional, recebendo o merecido destaque e importância

(38)

nos art. 3º, IV22, 145, § 1º23 e 150, II24 da Constituição Federal de 1988, bem assim

no art. 2º25 da Lei 4.131/1962.

Como se observa, tal princípio tem o seu ponto de apoio no conceito de

nacionalidade. De fato, esse critério impõe ao Estado o dever de instituir e aplicar as

normas de uma forma igualitária entre seus nacionais e os de outro Estado. Deve,

pois, a não-discriminação ser utilizada como um mecanismo de interpretação da

legislação fiscal internacional e nacional aplicáveis aos estrangeiros, porquanto ele

se apresenta como verdadeiro princípio do Direito Tributário Internacional, adstrito

de sua previsão em tratados que versam sobre o fenômeno da dupla tributação26.

Nesse diapasão, o princípio da não discriminação identifica-se como um limite a

ser observado pelo Estado tributante, o qual deve abster-se de exercer sua

competência sobre certos fatos jurídicos, a fim de conceder o tratamento igualitário

ao estrangeiro dele beneficiado. Por essa razão, esse princípio deve ser entendido

em harmonia com o princípio da reciprocidade, na medida em que os tratados

internacionais devem ter por base a mútua correspondência de interesses e de

tratamento.

22 Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV

– promover o bem estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

23 Art. 145 (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados

segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado a administração tributária, especialmente para garantir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais nos termos da lei, o patrimônio os rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes.

24 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II – instituir tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer discriminação em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

25 Art. 2º. Ao contribuinte estrangeiro que investir no País, será dispensado tratamento jurídico

idêntico ao concedido ao capital nacional em igualdade de condições, sendo vedado quaisquer discriminações não previstas na presente lei.

(39)

Cabe acrescentar que o princípio em comento é corolário do princípio de

igualdade, no entanto, com este não se confunde. As diferenças entre esses dois

princípios de Direito Tributário são explicadas por Okuma:

“Vale diferenciar o princípio da não discriminação e o princípio da isonomia em matéria tributária: uma, o princípio da não-discriminação impede a utilização da nacionalidade como um critério discrimen enquanto o princípio da isonomia do art. 150, II, impede a adoção de qualquer critério que não se coadune com a capacidade contributiva ou com os objetivos sociais mencionados por Tipke; duas, o princípio da isonomia do art. 150, II da Constituição Federal afasta tanto a concessão de privilégios quanto a imposição de gravames, àqueles que estão em uma mesma situação jurídica e o princípio da discriminação não impede a concessão de privilégios aos estrangeiros”27.

Com efeito, o princípio da não-discriminação possui direta relação com a

igualdade, na medida em que é proibido apenas tratamento diferenciado o qual

esteja fundado no critério da nacionalidade. Nada impede, contudo, que a residência

possa ser utilizada com um elemento diferenciador entre as pessoas que atuam no

cenário internacional, como de fato ocorre. Tal entendimento está baseado na

interpretação feita ao art. 24 do modelo OCDE, o qual acrescenta a expressão “nas

mesmas circunstâncias”28 para guiar a aplicação do já mencionado princípio. Nesse

contexto, pessoas de nacionalidade diversas possuem a garantia de um tratamento

igualitário nos moldes traçados pelo Direito Comunitário; no entanto, aquelas

enquadradas como não-residentes pelo Estado contratante estão em situações

diferentes e, por isso, recebem um tratamento tributário adequado à sua

qualificação.

Observa-se, assim, que o princípio da não-discriminação não impede que as

pessoas tidas como residentes ou como não-residentes tenham um tratamento

27 OKUMA. 2003, p. 270..

28 1. Nationals of a Contracting States hall not be subjected in other Contracting State to any taxation

(40)

diferenciado. Sendo admitida, inclusive, a retenção na fonte nos casos de

não-residência, com o objetivo de resguardar os interesses do ente tributante.

3.2. Pessoas jurídicas residentes

A tributação das rendas das pessoas jurídicas consideradas residentes no

território nacional não acarreta maiores complicações. De fato, ela está diretamente

relacionada com o exercício da Soberania Tributária, qual seja, o alcance de todos

os fatos que tenham ocorrido em seu âmbito de incidência, quer tais fatos tenham

uma caráter eminentemente objetivo-espacial, quer estejam diretamente

relacionados com a pessoa dos residentes.

A tributação deve estar baseada no vínculo existente entre o sujeito e o

ordenamento, respeitando os limites espaciais do território. A falta de uma dessas

conexões – material ou subjetiva – impede a incidência da norma tributária.

É a efetiva aplicação do Princípio da Territorialidade, o qual estabelece que

todos os rendimentos, cuja fonte de produção esteja localizada alhures, não geram

nenhuma obrigação tributária no Estado de residência das pessoas que os

produziam ou que deles se beneficiaram. Nesse tocante, a tributação das pessoas

jurídicas residente pode estar restrita aos rendimentos que tenham sido produzidos

dentro das fronteiras do território nacional.

De modo diverso, pode-se observar a utilização de um critério subjetivo para a

tributação das rendas das pessoas jurídicas, fato que ocorre diante do Princípio da

Universalidade, para o qual é irrelevante a localização da fonte produtora dos

rendimentos. Nesse caso, o contribuinte, residente do país tributante, responde por

toda renda produzida, sem importar o lugar da produção.

(41)

“No pólo oposto ao princípio da territorialidade, situa-se o princípio da universalidade (ou do “world-wide-income"), segundo o qual toda a renda da pessoa jurídica deve ser tributada no país de domicílio, incluindo a renda externa, seja esta decorrente de atividade funcional ou jurídica, seja esta obtida através de filiais ou subsidiárias29...

No Brasil, o regime da universalidade é a regra30 para a tributação de seus

residentes desde a edição da Lei 9.249/1995. O art. 25 dessa Lei autoriza o alcance

de todos os rendimentos, observando-se a ocorrência da conexão pessoal,

independente do seu local de produção. No entanto, a aplicação desse novo regime

não acarretou o afastamento por completo do princípio da territorialidade, cuja

incidência ficou restrita aos sujeitos definidos como não-residentes.

Observas-se, ainda, que a alteração do regime a ser aplicado sobre a tributação

das rendas das pessoas jurídicas residentes veio em atenção à norma

constitucional, prevista no art. 153, § 2º, II, que estabelece que o imposto sobre a

renda “será informado pelos princípios da generalidade, universalidade e da

progressividade, na forma da lei”.

3.2.1. Forma de atuação das pessoas jurídicas residentes no exterior e tributação

As pessoas jurídicas residente no Brasil podem apresentar uma atuação direta

ou indireta no exterior. O primeiro caso é disciplinado pelo § 1º.31, do art. 25 da

norma legal acima mencionada. Por esse dispositivo, infere-se que serão tributadas

os rendimentos e ganhos de capital, referentes a atividades desenvolvidas no

29 XAVIER. 2000, p. 342.

30 Antes do advento da Lei 9.249/95, houve outras tentativas para aplicar o regime da universalidade,

como o Decreto-lei 2.397/87 e o Decreto-lei. 2.413/88.

31 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na

determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano.

§ 1º Os rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na apuração do lucro líquido das pessoas jurídicas com observância do seguinte:

I – os rendimentos e ganhos de capital serão revertidos em Reais de acordo com a taxa de câmbio, para venda na data em que forem contabilizados no Brasil;

(42)

exterior pelas sociedades domiciliadas em território brasileiro, decorrente de sua

atividade funcional ou mesmo aplicação financeira, juros ou royalties. Esses

rendimentos ou ganhos de capital devem ser devidamente contabilizados no Brasil,

fixando o momento de sua disponibilidade, para fins de tributação.

No que concerne à atuação indireta, esta corresponde à tributação da atividade

realizada por pessoas jurídicas residente, mediante a interposição de uma outra

sociedade regularmente constituída, a legislação estabelece duas situações distinta,

relativa à I) tributação dos lucros provenientes da atuação no exterior através de

filiais sucursais ou agências (Lei 9.249, art. 25, § 2º32) e à; II) tributação dos lucro

obtidos mediante controladas e coligadas no exterior (Lei 9.249, art. 25, § 3º33).

Pela leitura dos dispositivos legais acima mencionados, a apuração dos lucros

obtidos mediante filiais, sucursais, controladas e coligadas no exterior será

computada no lucro real das pessoas jurídica residentes em território brasileiro. Para

tanto, o Brasil adotou o método analítico, considerando os lucros auferidos por tais

entidades de forma individualizada. É o que estipula o art. 1634 da Lei 9.430,

imprimindo uma verdadeira regra antielisiva, criada para “inibir a utilização de

empresas-base constituídas em países com tributação favorecida com a finalidade

exclusiva de gerar despesas para as demais empresas do grupo35”.

32 Art. 25, da Lei 9.249/95, § 2º: Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior,

de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil, serão computadas para apuração do lucro real com observância do seguinte:

33 Art. 25, da Lei 9.249/95, § 3º: Os lucros auferidos no exterior por coligadas de pessoas jurídicas

domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte:

34 Art. 16, da Lei 9.430/. Sem prejuízo no disposto no art. 26, 27, 28 da Lei 9.249, de 26 de dezembro

de 1995, os lucro auferidos por filial, sucursal, controlada e coligada, no exterior, serão: I considerados de forma individualizada por filial, sucursal, controlada e coligada;

II – arbitrados, os lucros das filiais, sucursais, controladas e coligadas, quando não for possível a determinação de seus resultados, com observância das normas aplicadas às pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil e computados no lucro real.

(43)

Por esse mesmo dispositivo, verifica-se que, diante a impossibilidade de

determinação dos resultados das filiais, sucursais, controladas e coligadas, estes

serão arbitrados pela regra aplicáveis às pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil e

computados para a determinação do lucro real. De modo contrário, a definição da

base de cálculo do tributo a ser pagos pelas sociedades aqui residentes terá por

base todos os rendimentos de fonte estrangeira, os quais serão somados às rendas

que foram anteriormente arbitradas.

Ademais, as filiais e sucursais de empresas residente no Brasil deverão manter

uma contabilidade separada, independente da contabilidade da matriz, com o

escopo de determinar a totalidade dos lucros que foram apurados. Todavia, a

existência de uma contabilidade separada não implica uma quebra ao princípio da

unidade da pessoa jurídica, tendo em vista que a manutenção de uma contabilidade

própria possui a função específica de determinar os lucros obtidos pelas filiais e

sucursais, para a apuração do lucro real.

3.3. Pessoas jurídicas não-residentes

Como já salientado, a Lei 9.249/95 não excluiu por completo o princípio da

territorialidade do ordenamento jurídico brasileiro. De fato ele continua a ser

aplicado, mas de forma mitigada, tendo seus efeitos restritos às hipóteses de

tributação dos não-residentes.

Essa é a característica principal da imputação dos sujeitos que não possuem

residência no Brasil: só os rendimentos que tenham como origem o território

brasileiro estão sujeitos à tributação. De modo contrário, as rendas cuja fonte de

produção esteja localizada no exterior ficam em um campo de não incidência da

norma tributária, tendo em vista a completa ausência de elemento de conexão com a

(44)

Nesse contexto, o regime da territorialidade pode ser entendido sob dois

aspectos, um negativo e outro positivo. O primeiro corresponde, justamente, à

impossibilidade de incidência da do imposto brasileiro sobre rendas que tenham se

originado de uma fonte estrangeira. Já, com relação ao viés positivo, este alberga a

possibilidade de tributação dos rendimentos produzidos dentro dos limites do

território brasileiro.

Para apuração do imposto a ser pago pela pessoa jurídica não-residente,

adota-se o método do tratamento isolado36, sujeitando-se a uma retenção exclusiva na

fonte37 dos rendimentos brutos provenientes de fontes nacionais.

Pelo tratamento isolado, os rendimentos que foram auferidos pelas pessoas

jurídicas não residente são considerados isoladamente, a fim de que seja submetido,

a cada um, um tratamento individual e específico. Nesse sentido, sobre tais

rendimentos incide o imposto, retido na fonte.

3.3.1. Equiparação à residência

A atuação das pessoas jurídicas estrangeiras em outros Estados, que não

aquele de sua residência, pode ocorrer de dois modos distintos, apresentando

conseqüências tributárias igualmente diversas, quais sejam: I) limitando-se a

atuações isoladas, as quais estão sujeitas à retenção na fonte, como explicado no

tópico anterior ou; II) desenvolvendo uma atividade cuja especificidade exija a

instalação de uma base fixa em território estrangeiro.

36

“La tributación de los no residentes sin establecimiento permanente, tanto en el caso de personas físicas como jurídicas, se caracteriza por que el hecho imponible consiste en la obtención instantenea de e incrementos de patrimonio en territorio español. Al contrario de lo que sucede en la obligación personal y en la real de contribuir con establecimiento en donde el hecho imponible consiste en la obtención continuada de renda durante un periodo limitado de tiempo, en la modalidad en cuestión, le noción de periodo impositivo carece de relevancia.” (ob. cit. TOORES. 2001, p. 326).

37 Art. 685. Os rendimentos, ganhos de capital e demais proventos pagos, creditados, entregues,

Referências

Documentos relacionados

State of Amapá, represented by the Institute of Environment and Territorial Planning of the State of Amapá (IMAP), the State Environment Department (SEMA), the State

The main objective of the present work was to assess the impact of UV-C radiation and thermosonication (using conven- tional blanching for comparative purposes) on the

profissional de 100 jovens em situação de risco, através da implementação de três ações experimentais no domínio das tutorias, ensino experimental das ciências marítimas e

As produções de MS atingiram 1.626 kg/ha para a cultivar Guafba, e 2.046 kg/ha para a cultivar Jacuí de trevo-branco, no primeiro e segundo ano, respectivamente, enquanto as

Uma das explicações para a não utilização dos recursos do Fundo foi devido ao processo de reconstrução dos países europeus, e devido ao grande fluxo de capitais no

Neste trabalho o objetivo central foi a ampliação e adequação do procedimento e programa computacional baseado no programa comercial MSC.PATRAN, para a geração automática de modelos

05. Houve réplica às defesas ofertadas. Inicialmente, no tocante à preliminar de ilegitimidade levantada pelas rés, acolho os esclarecimentos expostos pela parte autora em sua

c) importar-se com a vontade de Deus e ter compromisso com ela; d) entregar-se a si mesmo a Deus em amor e confiança plena; e) viver uma vida de santidade como filhos da luz,