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Ling. (dis)curso vol.16 número2

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Academic year: 2018

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FURLANETTO, Maria Marta; RAUEN Fábio José; SIEBERT, Silvânia (Eds.). Apresentação. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v. 16, n. 2, p. 211-212, maio/ago. 2016.

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DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-4017-1602AP-0000

APRESENTAÇÃO/PRESENTATION

Queremos lembrar, no lançamento desta segunda edição de 2016 da Linguagem em (Dis)curso, as palavras de um pesquisador brasileiro especialista em Bakhtin e seu Círculo, por sua propriedade em rememorar e inspirar trabalhos científicos nesta área tão complexa e conturbada que é a das ciências da linguagem, pensando naqueles que têm de se haver com os gestos de linguagem, explícitos ou implícitos em todas as práticas

humanas: “[...] como a verdade não existe, temos de assumir, sem distorções além das

inerentes à condição humana – marcada por um aqui e um agora singulares, porém com um pé na universalidade –, a verdade de cada um como uma verdade provisória, mas

válida, que outras não anulam, mas compõem.” (SOBRAL, 2009, p. 15)*.

Especialmente para quem trabalha com teorias de discurso, essa assunção traz com ela, pode-se dizer, a certeza das incertezas, do inacabamento, da fragilidade do olhar, do ouvir, do gesto de tudo abarcar, entender e dizer. Trata-se de interpretar, e com a

interpretação, como expressa Sobral, “assumir a precariedade de toda afirmação” (p. 15).

Não se leia, nisso, que a ciência é intrinsecamente impossível, embora não sejamos jamais donos da verdade. Como bem expressou Chalmers (1993), o aperfeiçoamento na

compreensão do mundo e dos humanos prossegue; ele lembra um velho provérbio: “Nós

começamos confusos, e terminamos confusos num nível mais elevado” (p. 22)**.

Vivamos, pois, o dialogismo que vincula todos os tempos, lugares e pessoas, permitindo que a voz reflita outras vozes, saberes e ciências em progresso, dizendo, respondendo, alterando e produzindo continuamente sentidos que fazem crescer o conhecimento.

Nesse amplo contexto que se desenha filosoficamente, discursivamente e textualmente, refletindo nossas buscas, trazemos aqui novas amostras das preocupações, das escolhas e dos resultados parciais de pesquisas em texto e discurso, que se espalham e percorrem esferas de práticas distintas, mas sempre carregadas pelos traços da linguagem, de linguagens. São nove artigos de pesquisa, nove possibilidades de futuro encontro e olhares próximos ou distintos.

1. Dois textos tematizam o discurso no meio político e no meio econômico,

particularizando crises com suas metáforas, ou trazendo memórias e “fantasmas” atuantes

na vida política atual.

2. Dois centram a preocupação na esfera da educação, nos embates em busca de tornar uma prática aquilo que é conjeturado para implementar nova direção e buscar autonomia reflexiva e de produção.

3. O corpo no espaço urbano é olhado em termos foucaultianos de vigilância e punição, trazendo sentidos perturbadores em múltipla semiose – a imagem, o dizer do

* SOBRAL, Adail. Do dialogismo ao gênero: as bases do pensamento do Círculo de Bakhtin. Campinas:

Mercado de Letras, 2009.

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FURLANETTO, Maria Marta; RAUEN Fábio José; SIEBERT, Silvânia (Eds.). Apresentação. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v. 16, n. 2, p. 211-212, maio/ago. 2016.

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acontecimento. Em olhar diferente, outro corpo se mostra em performance de raça e sensualidade na web 2,0. Outro, ainda, se apresenta como efeito de violência na vivência do parto, mostrando-se a resistência da militância feminista. A publicidade institucional, em perspectiva arquegenealógica foucaultiana, é mostrada em uma peça que também pune o corpo – embora ficcionalmente – no mundo que se globaliza, em vez de tornar-se comunitário.

4. Finalmente, vemos um trabalho de ethos discursivo que tematiza a espiritualidade de uma orientação religiosa, em obra centrada em Chico Xavier.

São estas as facetas da historicidade, das marcas trazidas pela linguagem que reflete e resiste às circunstâncias, aos tempos, a pessoas, trazidas e apresentadas pela contribuição de pesquisadores brasileiros. Estão abertas a novos olhares, novas interpretações, novas investigações.

Fábio José Rauen

Maria Marta Furlanetto

Editores

Silvânia Siebert

Referências

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