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N. I. 10 Arma de Fogo Uso e Cuidados

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Academic year: 2018

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PMERJ

EMG

PM/3

07Jul83

NOTA DE INSTRUÇÃO Nº 010/83

1.FINALIDADE

Difundir assunto de interesse policial-militar referente ao uso do armamento

nos casos de necessidade de efetuar disparos em confrontos com delinqüentes.

2.OBJETIVO

a. Fornecer aos Cmdo, Diretorias e chefes de CPM subsídios para a instrução da

tropa.

b. Estabelecer procedimentos que visam orientar e atribuir responsabilidades na

execução de ações policiais, visando diminuir os riscos provocados por disparos

de armas de fogo em via pública.

3.EXECUÇÃO

Toda a Corporação

4. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a. As CPM deverão difundir o texto apensado, sob o Título "ARMAS DE FOGO -

USO E CUIDADOS", em número tal que todas as frações, destacadas ou que

atuam isoladas, recebam uma cópia.

b. A manografia, ora distribuída, deverá ser motivo de divulgação, antes das cópias

serem multiplicadas, em formaturas, palestras e reuniões.

Airton da Silva Rabello - Cel PM

Chefe do Estado-Maior

Por Delegação:

Luiz Ribeiro de Souza - Maj PM

Chefe Ev da PM/3

DISTRIBUIÇÃO

Cmt G, GCG, EM(Ch, Subch, Sect, PM/1, PM/2, PM/3, PM/4, PM/5, PM/6), AjG... 11

DGP, DGF, DGAL, DGE, DGS, DAS, Gab Militar, Cx Hab, Nu/CPM, 1º e 2º CPA ...11

1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10º, 11º, 12º, 13º, 14º, 15º, 16º e 17º BPM... 17

18º, 19º, 20º, 21º e 22º BPM, BPChq, RPMont, 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª CIPM, BPRv...13

Cia PM Fem, CECOPOM, CMM, CSM, CER, ESPM, EsFO, CFAP, HPM/Rio, HPM/Nit...10

PPM/Casc, PPM/SJM, CASP, Cia Mus e Arquivo...05

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CONTINUAÇÃO

Fl nº 2

ARMAS DE FOGO - USO E CUIDADOS

QUANDO O POLICIAL TEM QUE ATIRAR

O volume imenso de histórias e casos policiais de procedências estrangeiras, difundi-das, durante quase meio século em nosso país, através de filmes, romances e revistas, parece ter consolidado uma imagem falsa em torno da ação policial, chegando mesmo a confundir, na mente de muitos, certos princípios consagrados da legislação brasileira.

O policial, via de regra, tem sido visto como um "caçador" de criminosos, com o dever de abatê-los em todas as ocasiões onde houver confronto. Além disso, o policial sempre é um exí-mio atirador, que nas situações mais complicadas e difíceis consegue fazer uso de sua arma com maestria. Por final, o policial sempre tem seus nervos absolutamente controlados, jamais se dei-xando afetar, seja quando é agredido seja quando faça uso da força.

Entretanto, além da legislação brasileira não dar guarida a certos tipos de ações policiais admitidos em outros países, a realidade é outra. Pois, nem sempre o policial pode atirar em um cri-minoso, nem sempre o policial tem seus nervos controlados e nem sempre o policial usa, ou pode usar, com maestria a sua arma. Daí, há necessidade constante de manter o policial conscientizado que os aspectos legais, a oportunidade e o seu nível de adestramento são considerações que devem antecipar qualquer ação que envolva a perspectiva de vir a disparar sua arma. A não consideração de qualquer um desses fatores poderá redundar na responsabilização do policial por ação ilegal, im-prudência ou imperícia.

Ultimamente têm sido registrados alguns casos de envolvimento de policiais-militares em confrontos armados com delinqüentes, seja em ações de captura, seja em reação a tentativas de roubos praticados contra os mesmos, deixando na maioria delas, além das mortes dos criminosos, um saldo de feridos inocentes - e até mortes - com o inevitável acompanhamento do clamor público que argúi, em especial, os aspectos da legalidade e da oportunidade dessas ações policiais.

ASPECTOS LEGAIS

O Código Penal estabelece no seu art. 1º as causas excludentes de criminalidade, como sendo quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

No caso do policial que dispara a sua arma contra um criminoso, só se justifica esta a-ção se é perpetrada em legítima defesa. Outras excludentes não poderiam ser invocadas.

O Código Penal, a respeito da legítima defesa, assim se expressa:

"Art 21 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios ne-cessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Parágrafo único - O agente que excede culposamente os limites da legítima defesa res-ponde pelo fato, se este é punível como crime culposo."

A injusta agressão, no caso de implicar em uso da arma pelo policial, só poderá signifi-car uma ameaça real à sua vida ou à de terceiros. Caso não haja esse perigo o policial deverá fazer uso de outros meios, como bastão e a força física. Assim, para sacar a arma o policial deve estar se-guro que estará repelindo uma agressão grave e violenta.

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CONTINUAÇÃO

Fl nº 3

Desta maneira, não há como se admitir disparos efetuados por um policial com o objeti-vo de obstar a fuga de um criminoso se este não estiver armado ou, mesmo se estivesse, não estiver usando a arma.

Assim, no que se refere ao aspecto legal, o policial para abrir fogo deverá ter certeza que está repelindo uma AGRESSÃO GRAVE que coloca em perigo a sua vida ou de outrem e os disparos devem ser apenas em número bastante para FAZER CESSAR A AGRESSÃO.

OPORTUNIDADE

Mesmo sendo alvo de uma agressão grave e violenta, a que coloca em risco a sua vida, no que seria justificável o uso de sua arma, o policial deverá atentar para as circunstâncias que, normalmente, caracterizam o que chamamos de "palco dos acontecimentos". É à disposição de ou-tras pessoas muito próximas à cena, automóveis que circulam, residências com crianças nas calça-das, saídas de colégios, bancos, etc., que expõem inocentes às eventuais conseqüências trágicas e um confronto armado. Nestas ocasiões, onde houver probabilidade de um inocente vir a ser atingi-do, o policial tem a obrigação de possibilitar a fuga do criminoso armado ou até mesmo, recuar, a-guardando, assim, uma ocasião mais propícia para abordar e efetuar a prisão do delinqüente.

Tais recomendações fazem parte das técnicas em uso na Corporação para abordagem de pessoas, veículos e edificações sendo que a não observância das mesmas implica não só na respon-sabilização disciplinar dos infratores como, com freqüência, é utilizada para indiciar criminalmente os policiais envolvidos em tais casos.

GRAU DE ADESTRAMENTO

Em situações que configuram legítima defesa e o local for propício para o uso de arma para fazer cessar uma agressão grave, o policial, ainda assim, para abrir fogo, deverá ter o domínio necessário do armamento que utiliza, tanto no aspecto de pontaria como de potência do tiro de sua arma.

A péssima pontaria de policiais e delinqüentes tem sido responsável por inúmeras víti-mas incertas e, no que toca ao policial, a imperícia na execução do tiro poderá acarretar o seu indi-ciamento por homicídio culposo ou lesões corporais culposos.

Além disso, tiros disparados que vazam paredes ou veículos vindo a atingir inocentes acarretam as mesmas conseqüências. A maior parte doa combates a tiro, entre policiais e delinqüen-tes, tem lugar, em média, à distância de 20 metros.

Considerando-se que só por sorte um policial acerta um alvo a 15 metros com um Rev. Cal. 38, verifica-se que a grande maioria dos tiros disparados nos citados combates são desperdiça-dos totalmente e, pior do que isso, constituindo-se em risco potencial de ocasionar ferimentos e mortes de inocentes localizados na área conflagrada. A habilidade média do nosso policial pode ser, por mostragem, medida pelo Relatório de Instrução Prática de Tiro, datado de 09 Jun 83, de uma UOp, com os seguintes dados:

APROVEITAMENTO

PÉSSIMO 68 33,0%

REGULAR 127 61,6%

BOM 10 4,8%

EXCELENTE 01 0,5%

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CONTINUAÇÃO

Fl nº 4

Por esses dados, que podem ser considerados como média entre as UOp, verifica-se que 94,6% do efetivo situa-se na faixa de REGULAR para PÉSSIMO no exercício do tiro. Tal realidade tem que estar presente não só para efeito de intensificar o preparo individual do policial, como tam-bém para fazer restringir o uso indiscriminado do tiro na execução do serviço.

Por final, muitos policiais tem demonstrado total falta de controle nervoso em locais de crime onde tenham sido disparados tiros, aparecendo inclusive em reportagens de televisão, com-pletamente exaltados, deixando, com isso, entrever falta de adestramento necessário e repassando para o público um sentimento de ansiedade que poderia ser evitado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para decidir se deve atirar, um policial deve basear sua resolução mais num juízo do que em uma exclusiva interpretação do aspecto legal; se considera o conjunto das circunstâncias em tor-no do fato evitara para si e para a Corporação muitas situações incômodas. O policial, pensando na sua própria proteção, muitas das vezes necessita de manter vivo o seu maior argumento de prova o próprio delinqüente. Temos assistido, com muita freqüência, a morte de um delinqüente apagar, de imediato, o seu passado de delinqüência e fazer ressuscitar um "estudante", um "pobre operário", um "garoto que mantinha a sua família", etc...

Além disso, a lembrança constante de que um policial não deve disparar tiros ao ar - a título de aviso - na tentativa de deter um suspeito que foge, ou de dominar um tumulto, e eximir-se de atirar contra veículos apenas por considerá-los "suspeitos", auxilia a manutenção da imagem de uma polícia bem treinada e disciplinada, já que as conseqüências danosas de tais ações não só reca-em sobre a figura individual do policial como de toda a Corporação.

A idéia de que cada tiro "desastrado" que for disparado por um policial traz conseqüên-cia penal para o policonseqüên-cial e conseqüênconseqüên-cia para o Estado, que deve pagar vultosas indenizações, deve servir de escopo para que as ações policiais que demandem a utilização do tiro se revistam de toda a prudência, técnica e legalidade possíveis.

Referências

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