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CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA COMISSÃO ESPECIAL DA CRISE DA SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

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CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA

COMISSÃO ESPECIAL DA CRISE DA SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

RELATÓRIO 1 – 18 DE SETEMBRO DE 2006 – VERSÃO PRELIMINAR

Este relatório apresenta de forma sumária os resultados do trabalho realizado pela Comissão Independente em relação aos homicídios ocorridos no Estado de São Paulo, entre 12 e 20 de maio de 2006, resultantes de supostos confrontos entre policiais civis e militares e membros da organização criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em 19 de maio de 2006, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) deliberou constituir uma Comissão Independente para apurar os homicídios ocorridos no Estado de São Paulo, a partir de 12 de maio de 2006, resultantes de supostos confrontos entre as Polícias Civil e Militar e membros da organização criminosa conhecida como PCC. .

A Comissão Independente foi então constituída pelo Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), Conselho Nacional da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CNDDPH), Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo, e entidades da sociedade civil, que se ocupam da defesa dos direitos humanos. A Comissão Independente recebeu a colaboração e acompanhamento do Ministério Público Federal e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP).

1. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. “Relatório Final da análise de 493 laudos necroscópicos referentes ao período de 12 a 20 de maio, coletados nos 23 IMLs do Estado, cujas necropsias associaram a causa mortis como decorrente de ferimentos por arma de fogo”, 1º de setembro de 2006.

1.1. Dados levantados nos laudos:

1.1.1. Idade das vítimas:

1.1.1.1. < = 11 anos: 01 1.1.1.2.> 11 – 21 anos: 133 1.1.1.3. > 11 – 21 anos: 219 1.1.1.4. > 31 – 41 anos: 82 1.1.1.5. > 41 – 51: 21 1.1.1.6.> 51 – 61: 10 1.1.1.7.> 61 – 71: 03 1.1.1.8. > 71 -80: 01

1.1.2. Sexo

1.1.2.1. Masculino = 475 (96,3%) 1.1.2.2. Feminino = 18 (3,7%)

1.1.3. Distância provável dos disparos (número vítimas):

1.1.3.1. Encostado e curtíssima distância: 11 (2,23%)

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1.1.3.2. À curta distância: 51 (10,34%)

1.1.3.3. À (média e longa) distância: 431 (87,42%)

1.1.4. Região corporal atingida (% vítimas):

1.1.4.1.Membros inferiores: 34,1%

1.1.4.2.Membros superiores: 55,6%

1.1.4.3.Abdômen: 48,1%

1.1.4.4.Tórax: 87,4%

1.1.4.5.Cabeça: 86,8%

1.1.5. Região corporal atingida / número indivíduos / número ferimentos / média ferimentos por indivíduos

1.1.5.1.Abdômen, anterior:

1.1.5.1.1.1. Indivíduos: 141 1.1.5.1.1.2. Ferimentos: 215

1.1.5.1.1.3.Ferimentos/Indivíduo: 1,5248 1.1.5.2.Abdômen, lateral:

1.1.5.2.1.1. Indivíduos: 16 1.1.5.2.1.2. Ferimentos: 23

1.1.5.2.1.3. Ferimentos/Indidívuo: 1,4375 1.1.5.3.Abdômen, posterior:

1.1.5.3.1.1. Indivíduos: 80 1.1.5.3.1.2. Ferimentos: 103 Ferimentos/Indivíduo: 1,2875

1.1.5.4.Cabeça/Pescoço, anterior:

1.1.5.4.1.1. Indivíduos: 140 1.1.5.4.1.2. Ferimentos: 216

1.1.5.4.1.3.Ferimentos/Indivíduo: 1,5429 1.1.5.5.Cabeça/Pescoço, lateral:

1.1.5.5.1.1. Indivíduos: 169 1.1.5.5.1.2. Ferimentos: 244

1.1.5.5.1.3. Ferimentos/Indidívuo: 1,4438 1.1.5.6.Cabeça/Pescoço, posterior:

1.1.5.6.1.1. Indivíduos: 119 1.1.5.6.1.2. Ferimentos: 189 Ferimentos/Indivíduo: 1,5882 1.1.5.7.Cabeça/Pescoço, nuca:

1.1.5.7.1.1. Indivíduos: 56 1.1.5.7.1.2. Ferimentos: 80 Ferimentos/Indivíduo: 1,4286

1.1.5.8.Tórax, anterior:

1.1.5.8.1.1. Indivíduos: 246 1.1.5.8.1.2. Ferimentos: 399

1.1.5.8.1.3.Ferimentos/Indivíduo: 1,622 1.1.5.9.Tórax, lateral:

1.1.5.9.1.1. Indivíduos: 43 1.1.5.9.1.2. Ferimentos: 54

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1.1.5.9.1.3. Ferimentos/Indidívuo: 1,2558 1.1.5.10. Tórax, posterior:

1.1.5.10.1. Indivíduos: 142 1.1.5.10.2. Ferimentos: 266

1.1.5.10.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,8732

1.1.5.11. Membros superiores, anterior:

1.1.5.11.1. Indivíduos: 90 1.1.5.11.2. Ferimentos: 121

1.1.5.11.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,3444 1.1.5.12. Membros superiores, lateral:

1.1.5.12.1. Indivíduos: 57 1.1.5.12.2. Ferimentos: 77

1.1.5.12.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,3509 1.1.5.13. Membros superiores, medial:

1.1.5.13.1. Indivíduos: 17 1.1.5.13.2. Ferimentos: 25

1.1.5.13.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,4706 1.1.5.14. Membros superiores, posterior:

1.1.5.14.1. Indivíduos: 110 1.1.5.14.2. Ferimentos: 168

1.1.5.14.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,5273

1.1.5.15. Membros inferiores, anterior:

1.1.5.15.1. Indivíduos: 73 1.1.5.15.2. Ferimentos: 95

1.1.5.15.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,3014 1.1.5.16. Membros inferiores, lateral:

1.1.5.16.1. Indivíduos: 23 1.1.5.16.2. Ferimentos: 34

1.1.5.16.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,4783 1.1.5.17. Membros inferiores, medial:

1.1.5.17.1. Indivíduos: 17 1.1.5.17.2. Ferimentos: 17

1.1.5.17.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,0 1.1.5.18. Membros inferiores, posterior:

1.1.5.18.1. Indivíduos: 55 1.1.5.18.2. Ferimentos: 87

1.1.5.18.3. Ferimentos/Indivíduo: 1,5818 1.2. Análise dos dados levantados nos laudos:

1.2.1. Aumento do número absoluto de ferimentos por lesões corporais a tiros comparativamente com mesmo período 2000 a 2004, com máxima incidência no dia 15 de maio.

1.2.2. Prevalência de vítimas do sexo masculino: 475 (96,3%)

1.2.3. Prevalência de vítimas do sexo masculino de 21 a 31 anos: 214 (45,1%) 1.2.4. Média máxima de disparos vulnerantes por vítima é de 5,8 (15 de maio) 1.2.5. Média mínima de disparos vulnerantes por vítima é de 3,7 (12 de maio) 1.2.6. Ferimentos por disparos a média/longa distância: 431 vítimas (87,42%)

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1.2.7. Ferimentos por disparo a curta distância: 51 vítimas (10,34%) 1.2.8. Ferimentos por disparos encostados: 11 vítimas (2,23%) 1.2.9. Número total de lesões a tiros: 2.359

1.2.10. Ferimentos cabeça e pescoço: 649 disparos (27,51%) 1.2.11. Ferimentos no tórax: 719 disparos (30,48%)

1.2.12. Ferimentos no abdomen: 341 disparos (14,45%)

1.2.13. Ferimentos nos membros superiores: 391 disparos (16,57%) 1.2.14. Ferimentos nos membros inferiores: 233 disparos (9,87%)

2. Dr. Ricardo Molina de Figueiredo, Laboratório de Perícias Prof. Dr.

Ricardo Molina de Figueiredo, “Relatório Preliminar”, Julho 2006.

Relatório apresenta resultado da análise de 124 laudos necroscópicos, dos quais 28 dizem respeito a vítimas registradas como “desconhecidos” e dois a vitimas registradas como “sem identificação”. As 94 vítimas identificadas nos laudos eram todas do sexo masculino.

2.1. Dados levantados nos laudos:

¾ Total de disparos: 439

¾ Média de disparos por vítima: 3,54

¾ Disparos de frente para trás (F/T): 382 (87%)

¾ Disparos de trás para frente (T/F): 57 (13%)

¾ Disparos de cima para baixo: 163 (37%), sendo 153 F/T (40% do total F/T) e 10 T/F (17% do total T/F)

¾ Disparos transfixiantes: 192 (44%)

¾ Projéteis recolhidos e enviados a autoridade competente: 176 (40%)

¾ Projetos dentro dos corpos não localizados pelos peritos: 71 (15%) 2.2. Análise dos dados levantados nos laudos:

¾ A grande maioria dos disparos atingiu as vítimas em regiões de alta letalidade, na região do tórax, seguida por abdômen e cabeça.

¾ Grande parte das vítimas apresenta entradas de disparos com baixa dispersão, ou seja, pouca distância entre eles.

¾ Há um número expressivo de disparos “de cima para baixo”.

2.3. Conclusão da análise dos laudos:

“Sumarizando, e sem deixar de ressaltar o caráter preliminar deste relatório, podemos concluir que, dentre os casos examinados, há, certamente, casos de execução. Em uma primeira estimativa seria razoável admitir que cerca de 60 a 70%

dos casos apresentam indícios de execução, em função da ocorrência, simultânea, dos três fatores acima listados”.

A combinação dos três fatores apontados acima é mais provável em situações de execução e improvável em situações de confronto. A combinação destes três fatores, simultaneamente, em muitos casos, permite afirmar que há casos de execução. O

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estudo de cada caso, e a verificação do número de casos de execuções exigiriam análise de boletins de ocorrência e outros documentos.

3. Dr. Pedro Giberti e Dr. Vitore André Zílio Maximiano, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, “Relatório sobre o Trabalho da Defensoria Pública Relacionado aos Homicídios Ocorridos na Cidade de São Paulo, no Período de 12 a 20 de maio de 2006”, 14 de setembro de 2006.

3.1. Na unidade central do Instituto Médico Legal (IML) da Capital, entre 12 e 20 de maio, ingressaram e foram periciados 132 (cento e trinta e dois) corpos. A Defensoria Pública requisitou ao IML as cópias dos laudos necroscópicos de todas as vítimas de homicídio nesse período. Inicialmente, a Defensoria Pública recebeu do CREMESP cópias dos rascunhos dos 132 laudos do IML Central da Capital, juntamente com o resultado da análise inicialmente feita: os procedimentos foram considerados corretos, não se tendo apurado qualquer desvio.

3.2. Ações da Defensoria Pública como membro da Comissão Independente

3.2.1. A Defensoria Pública solicitou a 25 distritos policiais cópias dos inquéritos policiais de todos os casos registrados como resistência seguida de morte e alguns registrados como homicídio, mas com características semelhantes aos registrados como resistência seguida de morte, referentes a um total de 39 vítimas fatais.

3.2.2. A Defensoria Pública recebeu respostas de 15 distritos policiais, referentes a 17 vítimas (12 conhecidas e cinco desconhecidas), na forma de cópia do inquérito policial ou informações sobre o mesmo. Não recebeu respostas de oito distritos referentes a 18 vítimas (15 conhecidas e três desconhecidas). De um distrito, recebeu resposta sobre um caso, com três vítimas (duas conhecidas e uma desconhecida), e não recebeu resposta de outro caso, com uma vítima desconhecida.

3.3. Ações Institucionais da Defensoria Pública

3.3.1. A Defensoria Pública implantou um serviço de atendimento às vítimas e familiares de vítimas da violência verificada nesse período. Passou a acompanhar os casos em que constatou haver indícios de violação a direitos de pessoas carentes, especialmente com o emprego de violência, sob a perspectiva da reparação cível dos prejuízos a ela causados, sem usurpação, portanto, da função de persecução penal atribuída constitucionalmente ao Ministério Público.

3.3.2. Das famílias atendidas, três possuíam, cada uma, um servidor público que figurou como vítima. Em todos os casos, houve o registro de pelo menos uma pessoa morta, com uma única exceção, em que houve ameaça de morte a agente penitenciário e a sua família, tendo sido todos obrigados a desocupar às pressas o imóvel em que residiam na Capital.

3.3.3. A Defensoria Pública passou a acompanhar 10 inquéritos policiais que apuram crimes dolosos contra a vida, envolvendo 21 vítimas, com 16 pessoas mortas e cinco sobreviventes, inclusive para suprir as autoridades policiais, ou o

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Ministério Público, com subsídios recebidos das próprias vítimas e de seus familiares.

3.3.4. Na área criminal, relativamente aos inquéritos sob monitoramento, há cinco casos em que os familiares da vítima reclamam da ação violenta e injustificável de policiais, atribuindo a eles a responsabilidade pela morte. Num deles, os atiradores se achavam encapuzados, mas a família suspeita de que pudessem ser policiais. Em outros três casos, as vítimas foram servidores do Estado (um policial e dois agentes penitenciários), sendo que a autoria foi descoberta em apenas um deles, mas os autores se encontram foragidos. No último, o móvel do crime permanece ignorado e a vítima, que não foi identificada, nem reconhecida, acabou sepultada como indigente.

4. Dr. Antonio Funari Filho, Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo, Relatório apresentado dia 14 de setembro de 2006.

3.1. A Ouvidoria de Polícia, respondendo a denúncias e demandas de familiares de vítimas de homicídios ocorridos de 12 a 21 de maio de 2006, decidiu priorizar a análise e acompanhamento dos casos de homicídio registrados como casos de

“autoria desconhecida”, com indícios de execução (incluindo utilização de máscaras e motos pelos assassinos, número e local dos disparos de arma de fogo, testemunhos etc.).

3.2. A partir de análise de boletins de ocorrência, laudos necroscópicos e denúncias referentes a homicídios ocorridos de 12 a 21 de maio de 2006, a Ouvidoria de Polícia identificou e acompanha os casos de 82 vítimas de mortes registradas como homicídios de autoria desconhecida, com indícios de execução. Neste universo de casos, há uma concentração de casos em Guarulhos, na fronteira com São Paulo, e na zona sul da Cidade de São Paulo. Todas as vítimas são homens, com exceção de uma mulher.

3.2.1. Total de casos/vítimas = 82

3.2.2. Total de caos/vítimas com laudo = 80 3.2.1. Total de tiros (vítimas com laudo) = 450 3.2.2. Média de tiros por vítima: 5,620

3.3. A Ouvidoria de Polícia encaminha os casos de homicídio com autoria desconhecida com indícios de execução para o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública, e para a Corregedoria da Polícia Civil e Corregedoria da Polícia Militar.

3.4. Além dos casos registrados como homicídios com autoria desconhecida, com indício de execução, a Ouvidoria acompanha os homicídios praticados por policiais, registrados como resistência seguida de morte, que incluem casos em que a polícia estabelece relação entre as vítimas e o PCC e casos em que a polícia não estabelece esta relação. Nos casos em que a polícia estabelece relação entre a vítima e PCC, há casos de reação imediata à ação da vítima e casos de ação policial que resultou na morte da vitima. O Ministério Público Estadual recebeu informações sobre estes

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casos, mas a divulgação de informações sobre estes casos não foi autorizada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, nem mesmo para a Ouvidoria de Polícia.

3.4.1. Capital

Vítimas: 130

Não agentes públicos = 117 (15 comunicados diretamente à Ouvidoria) Policiais = 10: Militares = 05 e Civis = 05

Agente Penitenciário = 03

Autoria

Desconhecida = 31 3.4.2. Guarulhos

Vítimas: 56

Não agentes públicos = 53 (09 comunicados diretamente à Ouvidoria) Policiais = 03: Militares = 03

Autoria:

Desconhecida = 16

5. Conectas Direitos Humanos

A Comissão Independente criou uma subcomissão para acompanhamento de casos selecionados de homicídio registrados entre 12 e 20 de maio de 2006, da qual faziam parte a Defensoria Pública, o centro Santo Dias de defesa dos Direitos Humanos, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, e a Conectas Direitos Humanos.

A Conectas Direitos Humanos tem uma lista de 14 casos pra acompanhar, com um total de 23 vítimas, sendo três desconhecidas. Destes 14 casos, há informações sobre o andamento de sete casos:

Três foram encaminhados à 5ª Vara do Júri da Capital: um deles voltou ao distrito policial, outro foi para conclusão, e o terceiro está no cartório.

Dois foram encaminhados à 1ª Vara do Júri da Capital, um deles retornou ao DHPP e o outro está com Ministério Público.

Um foi encaminhado à 3ª Vara do Júri de Santo Amaro.

Um foi encaminhado à 1ª Vara do Júri de Guarulhos. Somente neste último caso a Conectas tem procuração para atuar.

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6. Dr. Sergio Gardenghi Suiama, Ministério Público Federal - São Paulo, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão. Relatório sobre as atividades da Procuradoria do Cidadão, no que se refere aos homicídios de civis ocorridos em São Paulo, no período de 12 a 19 de maio de 2006, de 29 de maio de 2006.

6.1. Início da atuação da Procuradoria do Cidadão no dia 19 de maio de 2006. Desde o dia 16 a imprensa paulista noticiava mortes de “suspeitos” em regiões periféricas da metrópole. No dia 19, o número anunciado de mortos civis chegava a 107. A Secretaria de Segurança Pública se negava (como ainda se nega) a fornecer os nomes das vítimas, e não sabíamos se as evidências estavam sendo devidamente preservadas e registradas pelos órgãos estaduais. Havia, inclusive, rumores (posteriormente desmentidos) de que corpos estavam sendo enterrados sem a necessária identificação e perícia.

6.2. Participação em reunião na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, presentes mais de duas dezenas de organizações da sociedade civil, os Presidentes das Comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal de São Paulo, e o assessor de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado de São Paulo, Promotor Carlos Cardoso. Ofício ao Diretor do Instituto Médico Legal – IML solicitando autorização para que assistentes periciais designados pelo Ministério Público Federal e pela Defensoria Pública do Estado acompanhassem os exames necroscópicos. Com apoio do Conselho Regional de Medicina - CRM.

6.3. Sábado, 20 de maio, visita ao IML - São Paulo em companhia dois defensores públicos da vara do júri e dos médicos do CRM. Havia trinta corpos não identificados civilmente, sendo doze fora das geladeiras; treze haviam morrido em decorrência de arma de fogo. Não procedia a informação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo de que o Secretário de Segurança Pública requisitara os laudos necroscópicos. Eles ainda não tinham sido elaborados. Grupo teve acesso aos rascunhos dos legistas e verificou que, dentre os mortos, havia diversos com ferimentos compatíveis com situação de defesa (tiros nas mãos e braços, e tiros pelas costas).

6.4. Segunda-feira, 22 de maio, após reunião com representantes da Defensoria Pública, do Conselho de Medicina, da Pastoral Carcerária e da Conectas Direitos Humanos, é encaminhada solicitação ao Procurador Geral de Justiça que os trabalhos de investigação das mortes de civis fossem acompanhados por uma comissão independente, composta pelos órgãos públicos envolvidos e por representantes da sociedade civil.

6.5. Quarta-feira, dia 24 de maio, o Conselho Regional de Medicina do estado de São Paulo (Cremesp) entrega ao Ministério Público Federal, à Defensoria Pública do Estado e ao Ministério Público de São Paulo um relatório das atividades desenvolvidas até aquela data e 132 cópias de rascunhos de laudos necroscópicos, elaborados pelos legistas da unidade central do IML. O relatório conclui ter havido

“a mudança do perfil de mortalidade, ao avaliar informações sobre os corpos que deram entrada no IML Central a partir do dia 12/05/2006. Os ferimentos por arma de fogo, que representavam 4,55% do total de entradas no IML, no dia 12/05,

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aumentaram nos dias subseqüentes, com picos nos dias 13/05 (71,88%) e 15/05 (64,71%)”.

6.6. Também no dia 24 e maio, em reunião convocada pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), forma-se uma comissão independente para acompanhar as investigações levadas adiante pelo Ministério Público do Estado. A comissão independente reuniu-se pela primeira vez no dia 26 de maio, composta pelas seguintes instituições: a) Ministério Público Federal; b) Ouvidoria de Polícia; c) Conectas Direitos Humanos; d) Centro de Direitos Humanos de Sapopemba; e) Grupo Tortura Nunca Mais; f) Conselho Regional de Medicina; g) Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP; h) Movimento Nacional de Direitos Humanos – SP; i) Defensoria Pública do Estado de São Paulo; j) Pastoral Carcerária; l) Condepe.

A comissão independente solicitou, por intermédio de ofício, uma reunião com o Procurador Geral de Justiça e com os Promotores que integram o Grupo de Controle Externo da Atividade Policial – GECEP, “com o fim de contribuir da melhor forma possível para a elucidação dos fatos criminosos ocorridos neste Estado”. A reunião foi marcada para o dia 06 de junho. Até 20 de maio, não havia resposta do ofício expedido no dia 22 de maio, solicitando autorização para que uma comissão independente acompanhasse os trabalhos de investigação.

6.7. No dia 29 de maio, em Guarulhos, integrantes da comissão independente se reúnem com membros da Comissão de Direitos Humanos local. Membros da comissão local relataram que na semana de 12 a 19 de maio houve um grande aumento no número de civis mortos. Algumas dos homicídios seguiram o mesmo modus operandi dos que eram praticados por grupos de extermínio que dominaram a cidade há cerca de três anos. Tanto a OAB local, quanto a Comissão de Direitos Humanos pediram a atuação do CDDPPH e da Polícia Federal nas investigações, que envolvem policiais militares.

6.8. Há indícios graves de que houve excesso na repressão policial, vitimando, inclusive, pessoas inocentes. A imprensa e organizações de direitos humanos denunciam novos casos de pessoas mortas por policiais, fora da situação de confronto. A Secretaria de Segurança Pública se recusa a divulgar a lista de vítimas da ação policial. Os números oficiais oscilam surpreendentemente, e pouquíssimas informações são prestadas à sociedade civil e ao Ministério Público do Estado.

http://www.mj.gov.br/sedh/Condepe-

Comiss%C3%A3oEspecialCriseSeguran%C3%A7aP%C3%BAblica09.18.06.doc

Referências

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