Viabilidade das sementes de feijão caupi após o tratamento com óleo essencial de citronela
Maria Virgínia Alves Xavier1; Sara Samanta da Silva Brito²; Carlos Romero Ferreira de Oliveira³; Cláudia Helena Cysneiros Matos³; Monalisa Alves Diniz da Silva Camargo Pinto³.
1. Estudante do Curso de Agronomia, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE).
Bolsista IC/CNPq/UFRPE, E-mail: vivian_x3@hotmail.com.
2. Estudante do Curso de Agronomia, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Bolsista PIBITI/ CNPq/UFRPE, E-mail: sarauast@yahoo.com.br.
3. Professor Adjunto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Fazenda Saco, s/n, Caixa Postal 063, Serra Talhada - PE. CEP 56900-000. E- mail: romero@uast.ufrpe.br; c.helena@uast.ufrpe.br; monallyysa@yahoo.com.br.
RESUMO
O feijão caupi é considerado alimento básico e um dos mais consumidos no Brasil e em outros países da América Latina. Os estudos acerca do potencial das espécies vegetais visando obter óleos essenciais, inseticidas botânicos, pós, extratos botânicos como métodos de controle de patógenos e pragas no tratamento de sementes vêm crescendo, devido o seu baixo custo, fácil aquisição e menor risco de intoxicação para o homem e para o meio ambiente. Assim, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de verificar quais os efeitos do óleo essencial de citronela (Cymbopogon winterianus.) sobre o potencial fisiológico das sementes tratadas por meio do processo de fumigação e impregnação em sementes de feijão Vigna unguiculata, assim como estudar qual a melhor concentração a ser utilizada em larga
maximizar a eficiência no tratamento químico de sementes de feijão da cultivar BRS Guariba. Foram utilizadas quatro concentrações (20µL, 15µL, 10µL e 5µL e tratamento controle) do óleo essencial em duas formas de aplicação por fumigação e por impregnação, ou seja, com contato e sem contato das sementes com o óleo.
De acordo com os resultados encontrados neste trabalho, pode-se dizer que porcentagem de germinação apresentou diferença significativa entre os tratamentos. Observou-se que a testemunha, em relação aos dois métodos de aplicação do óleo, apresentou germinação superior em relação a todas as concentrações utilizadas, causando uma redução do vigor para velocidade de emergência e coeficiente de emergência.
PALAVRAS-CHAVE: Germinação, tratamento químico, inseticidas naturais, Cymbopogon winterianus.
ABSTRACT
Cowpea beans staple food and is considered one of the most consumed in Brazil and other countries of Latin America. Studies about the potential of plant species to obtain essential oils, botanical insecticides, powder, botanical extracts and methods of control of pathogens and pests in seed treatment have grown, due to its low cost, easy purchase and less risk of poisoning for man and the environment.
Thus, this work was done to verify which of the effects of essential oil of citronella (Cymbopogon winterianus) about the potential physiological effect of seeds treated by means of fumigation and impregnation in seed beans Vigna unguiculataas well as studying what the
best concentration being used on a large scale, looking for lower costs, and maximize efficiency in chemical treatment of bean seed of the plant variety BRS Guariba. Were used four concentrations (20 µl, 15 µl, 10 µL and 5 µl and treatment control) of essential oil in two ways by fumigation and soak, i.e. with contact and contactless seeds with oil. According to the results found in this work, one can say what percentage of germination presented significant difference between treatments. It was noted that the witness, in respect of two methods of applying oil presented higher germination for all concentrations used, causing a reduction of the force to speed emergency and contingency coefficient.
Keywords: Germination, chemical treatment, natural insecticides, Cymbopogon winterianus.
INTRODUÇÃO
A citronela (Cymbopogon winterianus) é uma planta aromática pertencente à família Poaceae, conhecida por fornecer óleo essencial para fabricação de repelentes contra mosquitos. O óleo de citronela é rico em citronelal e geraniol (MENEZES, 2005). É uma planta com folhas longas, forma uma touceira densa com bordas cortantes e cor verde clara; possui aroma forte quando comparada ao capim-santo planta muito parecida com a planta de citronela (LÁSZLÓ, 2009).
No Brasil e em outros países da América Latina, o feijão caupi é considerado um alimento básico e um dos mais consumidos, por ser uma fonte de fácil acesso de
proteínas, vitaminas e minerais, além de possuir um elevado conteúdo energético.
(FAO, 2005).
Os estudos sobre o potencial das espécies vegetais visando obter óleos essenciais como métodos de controle de patógenos e pragas no tratamento de sementes vêm crescendo, como os inseticidas botânicos, pós, extratos botânicos e óleos essenciais de origem vegetal.
Testes realizados com o extrato de Cravo da Índia a 10% revelaram uma diminuição do índice de velocidade de germinação das sementes (GONÇALVES et al. 2003).
Os pós de folhas secas e verdes de nim não apresentaram efeito tóxico para as sementes de caupi em relação à primeira contagem de plântulas e porcentagem de germinação, exceto para matéria seca das plântulas (MEDEIROS et al., 2007).
Estudos à base de produtos naturais como, pó de cascas dos frutos de laranja, cravo e de frutos de pimen-ta-do-reino moídos demonstraram eficientes no controle da infestação por insetos das sementes de feijão-macassar armazenadas, sem afetar sua qualidade física e fisiológica (LOPES et al. 2000).
Os óleos essenciais geralmente são utilizados como um método de controle eficaz, que visa à redução dos custos, menor risco por intoxicação do ambiente e dos alimentos por contaminação química, o que se configura em uma prática adequada à agricultura sustentável. Algumas pesquisas mostram que o tratamento com óleo de Glycine max em sementes armazenadas de Phaseolus vulgaris não influenciou na germinação e nem na viabilidade das sementes; indicando que este pode ser utilizado no controle das pragas de grãos armazenados, não inviabilizando a germinação das sementes. (KÉITA et al., 2001; ROEL, 2001).
Acredita-se que o Brasil, por apresentar grande riqueza e abundância em termos de espécies vegetais, pode ser considerado um grande impulsionador das pesquisas acerca do emprego de óleos essenciais para o tratamento de sementes, bem como para a descoberta de efeitos inseticidas de espécies vegetais antes exploradas para outros fins, mas que seus subprodutos podem ser aproveitados para o controle de pragas em diversas formas e patógenos que inviabilizem a comercialização e uso de sementes para fins comerciais.
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de verificar os efeitos do óleo essencial
fisiológico das sementes de feijão caupi tratadas por meio do processo de fumigação e impregnação.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, em condições de viveiro, temperatura ambiente, município Serra Talhada - PE. Foram utilizadas sementes da cultivar BRS Guariba tratadas com o óleo essencial de Cymbopogon winterianus em cinco concentrações, obtido da empresa Quinarí Fragrâncias e Cosméticos LTDA.
As concentrações utilizadas foram 20µL, 15µL, 10µL e 5µL e testemunha em duas formas de aplicação do óleo: impregnação e fumigação. Na primeira forma de aplicação as sementes foram diretamente impregnadas com o óleo essencial no interior de recipiente plástico, com o auxílio de pipetador automático, mediante agitação manual durante dois minutos; na segunda aplicação utilizou-se de câmaras de fumigação (Adaptado de ASLAN et al., 2004), compostas de recipientes de vidro onde as sementes não tiveram contato direto com o óleo, fez-se uso de pipetador automático para impregnação do óleo em tiras de papel de filtro de 5 x 2 cm, as quais foram fixadas na superfície inferior da tampa dos recipientes (Figura 1).
A semeadura foi executada 24 horas depois do tratamento das sementes com o óleo, foram utilizadas bandejas de isopor com 200 cédulas em que foi posto o substrato para plats Tropstrato HA para hortaliças. Utilizou-se uma semente por cédula na profundidade de aproximadamente 3 cm, realizou-se irrigações diárias. Foi empregado o delineamento inteiramente casualizados, em esquema fatorial 5 x 2 (cinco concentrações do óleo x duas aplicações), com cinco repetições de 20 sementes cada. A partir do segundo dia após a implantação do experimento até o 8º dia realizou-se a contagem diária das plântulas emersas com o propósito de se obter a porcentagem de emergência (% E), Velocidade de emergência (VE), Índice de velocidade de emergência (IVE) e Coeficiente de velocidade de emergência (CVE); empregando-se as seguintes fórmulas:
a) Velocidade de emergência (Edmond e Drepala, 1958):
(N1 E1) + (N2 E2) +...+(Nn En ) VE= ________________________
E1 + E2 +...+ Em
Onde: VE = velocidade de emergência (dias); E=número de plântulas emergidas em cada repetição; N=número de dias da semana a cada contagem.
b) Índice de velocidade de emergência (Maguire, 1962):
E1 E2 En
IVE = ___ + ___ +...+ ___
N1 N2 Nn
Onde: IVE=Índice de velocidade de emergência; G=número de plântulas emergidas em cada repetição; N=número de dias da semana a cada contagem.
c) Coeficiente de velocidade de emergência (Furbeck et al., 1993):
E1 + E2 +...+ En
CVE = ________________________ x100 (N1 E1) + (N2 E2) +...+(Nn En )
Onde: CVE= Coeficiente de velocidade de emergência; G=número de plântulas emergidas em cada repetição; N=número de dias da semana a cada contagem.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, (Canteri et al., 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente trabalho verificou-se que a porcentagem de germinação apresentou diferença significativa. Para as concentrações de 20µL, 15µL, 10µL e 5µL e testemunha foram obtidas, respectivamente, as seguintes porcentagens de germinação: 81.5%, 89.0%, 85.0% e 88.5% e 91% (Tabela 1). Em relação ao tipo de aplicação não foi observada diferença significativa. Para o método de impregnação obteve-se uma porcentagem de germinação de 83,25% e para o método de fumigação 88,75% (Tabela 2).
Dessa forma pode-se afirmar que as sementes que tiveram contato direto com o óleo sofreram maior influência no processo de germinação do que àquelas sem o contato do mesmo.
No que se refere às sementes tratadas por meio de fumigação, ou seja, sem contato direto com o óleo, houve diferenças estatísticas entre as concentrações e a testemunha para o parâmetro velocidade de germinação. Para a testemunha observou-se a menor
velocidade de germinação (5,05 dias), indicando que os óleos foram prejudiciais ao vigor das sementes.
Já para o índice de velocidade de emergência foi observado que as sementes não- tratadas (testemunha) diferiram significativamente daquelas tratadas com as concentrações de 10 a 20µL. Isto indica que sementes não-tratadas e aquelas tratadas com 5µL do óleo apresentaram as plântulas mais vigorosas.
Em se tratando do coeficiente de velocidade de emergência, todos os tratamentos não diferiram significativamente entre si, mas diferiram da testemunha, sendo esta a que apresentou um maior coeficiente de velocidade de emergência. (Tabela 3).
Já em relação às sementes tratadas por meio de impregnação, ou seja, por meio do contato direto com o óleo, observou-se que o parâmetro velocidade de germinação para todos os tratamentos não diferiram significativamente entre si, mas diferiram significativamente da testemunha, sendo esta a que obteve uma menor velocidade de germinação, ou seja, germinou em menor tempo (5,04 dias). Isto significa que as sementes não tratadas mostraram-se mais vigorosas.
Já para o índice de velocidade de emergência foi observado que as sementes tratadas com as maiores concentrações (20µ e 15µ) e a testemunha não diferiram significativamente entre si. O que indica que esses tratamentos são tidos como os que apresentaram as plântulas mais vigorosas.
No tocante ao coeficiente de velocidade de emergência todos os tratamentos não diferiram significativamente entre si, mas diferiram significativamente da testemunha, sendo esta a que obteve um maior coeficiente de velocidade de emergência (Tabela 3).
Dessa forma, os dados revelaram que o uso de diferentes concentrações do óleo de citronela interferiu de forma negativa no vigor das sementes, não sendo, portanto adequado o tratamento de sementes com o referido óleo.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal Rural de Pernambuco pela disponibilidade da infra-estrutura para realização da pesquisa e ao Professor Aurélio Paes Júnior pelo auxílio na elaboração da análise estatística.
REFERÊNCIAS
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http://www.jardimdeflores.com.br/sinergia/S10capins.htm. Acesado em: 01 de Maio de 2011.
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Tabela 1: Emergência de sementes de Vigna unguiculata (L.) tratadas com óleo essencial de Cymbopogon winterianus sob diferentes concentrações. (Emergency in seeds of Vigna unguiculata (l.) treated with essential oil of Cymbopogon winterianus under different concentrations).
Tabela 2: Emergência de sementes de Vigna unguiculata (L.) tratadas com óleo essencial de Cymbopogon winterianus sob diferentes aplicações. (Emergency in seeds of Vigna unguiculata (l.) treated with essential oil of Cymbopogon winterianus under different applications).
Tabela 3: Médias estimadas da velocidade de emergência (VE), índice de velocidade de emergência e coeficiente de velocidade de emergência de sementes de Vigna unguiculata (L.) tratadas com óleo essencial de Cymbopogon winterianus sob diferentes concentrações e aplicações.( Estimated average speed emergency, emergency speed index and the coefficient of speed of emergence of seeds of Vigna unguiculata (l.) treated with essential oil of Cymbopogon winterianus under different concentrations and applications)
¹Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
TESTE DE TUKEY DMS (TUKEY) = 12,3621
TRATAMENTO MÉDIA
5 µl 88,50 B
10 µL 85,00 B
15 µL 89,00 B
20 µL 81,50 B
TESTEMUNHA 91,00 A
TESTE DE TUKEY DMS (TUKEY) = 6,5847
TRATAMENTO MÉDIA
FUMIGAÇÃO 88,75 B
IMPREGNAÇÃO 83,25 B
TESTEMUNHA 91,00 A
APLICAÇÃO IVE (DIAS) VE (DIAS) CVE (DIAS) FUMIGAÇÃO
5 2,96 ab 6,25 a 15,96 b
10 2,69 b 6,43 a 15,54 b
15 2,92 b 6,28 a 15,92 b
20 2,67 b 6,40 a 15,6 b
TESTEMUNHA 3,58 a 5,05 b 19,58 a
CV (%) 11,61 2,74 2,5
IMPREGNAÇÃO
5 2,67 b 6,3 a 15,92 b
10 2,63 b 6,46 a 15,34 b
15 2,77 ab 6,34 a 15,8 b
20 2,87 ab 6,37 a 15,72 b
TESTEMUNHA 3,61 a 5,04 b 19,82 a
CV (%) 16,19 3,07 3,09
Figura 1: Câmaras de fumigação utilizadas para fumigação das sementes de Vigna unguiculata (L.) com óleo essencial de Cymbopogon winterianus. (Fumigation Chambers used for fumigation of seed of Vigna unguiculata (l.) with essential oil of Cymbopogon winterian.
