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ORDEM NOS GRANDES EVENTOS

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Academic year: 2021

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(1)

Dárwin Richetti Resmini

O AMPARO LEGAL E OS REFLEXOS JURÍDICOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA EM OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM NOS GRANDES EVENTOS

Resende

2020

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O AMPARO LEGAL E OS REFLEXOS JURÍDICOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM NOS GRANDES EVENTOS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: André de Oliveira Ferreira

Resende

2020

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O AMPARO LEGAL E OS REFLEXOS JURÍDICOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM NOS GRANDES EVENTOS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares.

Aprovado em ___ de ___________ de 2020:

Banca examinadora:

_______________________________________________

ANDRÉ DE OLIVEIRA FERREIRA – Cap Art (Presidente/Orientador)

_______________________________________________

RODRIGO NEVES DO NASCIMENTO – Cap Art (Avaliador)

_______________________________________________

GUSTAVO MONTEIRO DE CARVALHO – 1º Ten Art (Avaliador)

Resende

2020

(4)

manhã, a um toque de corneta se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da Vontade fizeram renúncia como da Vida. Seu nome é Sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmos são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar.

Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si.

A gente conhece-os por militares…

Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a Liberdade e a Vida.

Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e a defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem, e à sua direita a disciplina.”

Moniz Barreto

Carta a El-Rei de Portugal, D. Carlos, em 1893

(5)

Dedico este trabalho primeiramente a Deus pelo dom da vida, por ter mantido minha fé em minhas convicções nos momentos mais difíceis, sem dar um passo para trás.

Aos meus pais, Roberto e Silvane, por terem me concebido e me criado diante de todas as intempéries do tempo e da vida até aqui, abrindo mão de seus sonhos para que hoje eu pudesse ser um homem correto e de caráter. Minha eterna gratidão vai além de um simples

“muito obrigado” e de meus sentimentos, pois vocês cumpriram a mais nobre missão… a de ser Pai e Mãe.

Aos meus irmãos, Islas e Israel, que sempre estiveram ao meu lado nas tomadas de decisões, cresceram juntos, se tornaram homens que abraçaram prematuramente a missão de cuidar de nossos pais quando a distância não permitisse que eu o fizesse e, hoje, possuem a maturidade necessária para que possam caminhar no caminho da retidão do caráter.

À minha amada esposa Ana Paula, razão, causa e consequência da minha trajetória neste mundo. Esteve ao meu lado nos momentos de maior tristeza e felicidade, sempre acreditando em mim como homem, marido e pai. Saiba que és o pilar que sustenta minha caminhada, dia após dia. Meu porto seguro!

À minha filha Giovanna, pela qual acordo toda manhã querendo ser o melhor para você, seu exemplo sempre. Aprendi com você, durante esse tempo, muito mais do que eu pude te ensinar. Só me resta agradecer por ter me feito seu pai, seu amigo, seu herói. Minha princesa!

Ao Orientador Cap Art André de Oliveira Ferreira, que dedicou seu tempo e compartilhou sua experiência para que minha formação fossem além dos conteúdos programáticos e se tornasse um aprendizado de vida, meu respeito e admiração.

Aos meus irmãos por escolha, por labutarem durante esses cinco longos anos, onde

descobrimos que sempre podemos ir além de nossos limites, forjamos amizades que se

perpetuarão pela eternidade. Que jamais percamos a crença na instituição e na grandeza do

Brasil.

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O AMPARO LEGAL DO EMPREGO E OS REFLEXOS JURÍDICOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA EM OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM NOS GRANDES EVENTOS AUTOR: Dárwin Richetti Resmini ORIENTADOR: André de Oliveira Ferreira

O emprego das Forças Armadas na garantia da segurança nacional de caráter interno tem sido tema de inúmeros debates na sociedade brasileira. O presente estudo tem por objeto demonstrar uma fundamentação jurídica que embase o emprego da Artilharia Antiaérea nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem para os grandes eventos no Brasil e que alcance seus possíveis reflexos. O tema é de grande relevância por encontrar-se em um limbo normativo, necessitando da aplicação de diplomas legais diversos e de princípios gerais do direito para sua integração ao sistema jurídico brasileiro, fato que gera dúvidas e incertezas quanto aos procedimentos e uso de seus materiais. Destarte, são inúmeros os questionamentos quanto ao emprego dos meios antiaéreos na defesa de pontos sensíveis dos grandes eventos.

Neste sentido, com o intuito de oferecer possíveis soluções que se amoldem às indagações inerentes à matéria, abordar-se-á a temática de modo a apresentar a prática adotada pela Artilharia Antiaérea brasileira na atualidade, bem como a fundamentação jurídico-normativa aplicada ao seu emprego. Para tanto, a pesquisa será eminentemente quantitativa, e necessariamente envolverá materiais que contemplem o assunto, como jurisprudências, artigos científicos, periódicos, livros de referência, bancos de dados, imprensa, meio eletrônico, e o que mais puder contribuir para este estudo. A coleta de dados se dará através de pesquisas bibliográficas, utilizando-se ainda o recurso da pesquisa direcionada aos oficiais envolvidos nos grandes eventos abordados, em especial os Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016. Discorreremos acerca do emprego das Forças Armadas e da Artilharia Antiaérea nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem à luz do ordenamento jurídico vigente, os critérios que definem o que são grandes eventos e como se dá o emprego da Artilharia Antiaérea. No epílogo, dar-se-á o desfecho deste estudo dissertando acerca dos possíveis reflexos jurídicos que podem advir do emprego dos militares antiaéreos nos grandes eventos.

Palavras-Chave: Artilharia Antiaérea, Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Grandes

Eventos.

(7)

THE LEGAL BACKGROUND AND SOME REFLECTIONS OF ANTI-AIRCRAFT ARTILLERY EMPLOYMENT IN LAW AND ORDER ASSURANCE’S OPERATIONS

FOR THE MAJOR EVENTS AUTHOR: Dárwin Richetti Resmini ADVISOR: André de Oliveira Ferreira

The use of the Armed Forces to guarantee national security of an internal nature has been the subject of countless debates in Brazilian society. This study aims to demonstrate a legal basis that supports the use of Anti-Aircraft Artillery in Law and Order Guarantee Operations for major events in Brazil and that achieves its possible effects. The theme is of great relevance because it is in a normative limbo, requiring the application of different legal diplomas and general principles of law for its integration into the Brazilian legal system, a fact that generates doubts and uncertainties regarding the procedures and use of its materials . Thus, there are numerous questions about the use of anti-aircraft means in the defense of sensitive points of major events. In this sense, in order to offer possible solutions that conform to the questions inherent to the matter, the theme will be approached in order to present the practice adopted by the Brazilian Anti-Aircraft Artillery today, as well as the legal-normative basis applied to its job. To this end, the research will be eminently quantitative, and will necessarily involve materials that address the subject, such as jurisprudence, scientific articles, periodicals, reference books, databases, the press, electronic media, and whatever else can contribute to this study. Data collection will take place through bibliographic searches, also using the research resource directed to the officers involved in the major events addressed, especially the 2016 Olympic and Paralympic Games. We will discuss the use of the Armed Forces and Anti-Air Artillery in Operations Guarantee of Law and Order in the light of the current legal system, the criteria that define what are major events and how the use of Anti- Aircraft Artillery occurs. In the epilogue, the outcome of this study will be given by talking about the possible legal consequences that may arise from the use of anti-aircraft military personnel in major events.

Keywords: Anti-Aircraft Artillery, Assurance Law and Order’s Operations, Major Events

(8)

FIGURA 1 – Defesa Antiaérea de zona de ação de divisão com míssil antiaéreo………26

FIGURA 2 – Defesa Antiaérea de Ponto ou Área Sensível………..27

(9)

1ª Bda AAAe – 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea AAAe – Artilharia Antiaéreas

ABIN – Agência Brasileira de Inteligência Anv – Aeronave

CBA – Código Brasileiro da Aeronáutica CCA – Coordenação e cooperação de agências CF/88 – Constituição Federal de 1988

CINDACTA – Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo COAAe – Centro de Operações Antiaérea

COMAE – Comando de Operações Aeroespaciais COMAER – Comando da Aeronáutica

COMDABRA – Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro CPM – Código Penal Militar

CPPM – Código De Processo Penal Militares D Aepc – Defesa Aeroespacial

DA Ae – Defesa Antiaérea D Ae – Defesa Aérea

DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo DTCEA – Destacamento de Controle do Espaço Aéreo EB – Exército Brasileiro

ECEME – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército EME – Estado-Maior do Exército

EsACosAAe – Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea EsAO – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

EUA – Estados Unidos da América FA – Forças Armadas

FAB – Força Aérea Brasileira

JMJ – Jornada Mundial da Juventude LC – Lei Complementares

MD – Ministério da Defesa

(10)

OEA – Organização dos Estados Americanos OM – Organizações Militares

ONU – Organização das Nações Unidas

Op GLO – Operações de Garantia da Lei e da Ordem OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte P Sen – Ponto Sensível

P Vig – Posto de Vigilância

RDA – Regiões de Defesa Aeroespacial

REVO – Reconhecimento Eletrônico e de Reabastecimento em Voo SISDABRA – Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiros

TN – Território Nacional

TO/A Op – Teatro de Operações/Área de Operações U Tir – Unidades de Tiro

Z Aç – Zona de Ação

(11)

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO...12

1.2 OBJETIVOS...13

1.2.1 Objetivo geral...14

1.2.2 Objetivos específicos...14

1.3 OBJETOS DE ESTUDO...14

1.4 JUSTIFICATIVA...15

2 REFERENCIAL TEÓRICO...17

2.1 REVISÃO DA LITERATURA...17

2.2 DESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS...17

2.3 O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM À LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO...18

2.3.1 A Garantia da Lei e da Ordem...18

2.3.2 À Luz da Constituição Federal de 1988...19

2.3.3 À Luz das Legislações Infraconstitucionais...19

2.3.4 Das Atribuições Específicas ao Exército Brasileiro...21

2.3.5 Das Atribuições Específicas à Força Aérea Brasileira...22

2.4 DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM...22

2.4.1 Desencadeamento do Tiro Antiaéreo...24

2.5 OS GRANDES EVENTOS NO BRASIL...27

2.6 AMEAÇA AÉREA AOS GRANDES EVENTOS NO BRASIL...28

2.6.1 Possibilidade de Ataques Terroristas nos Grandes Eventos no Brasil...29

2.7 DA MEDIDA DE DESTRUIÇÃO - “LEI DO ABATE”...30

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO...33

3.1 AMOSTRA...33

3.2 PLANEJAMENTO e tipo DE PESQUISA...33

3.2.1 Faseamento da Pesquisa...33

3.2.2 Meios e métodos...34

3.2.3 Instrumentos...34

3.2.4 Análise dos Dados...35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...36

4.1 ANÁLISE DOS REFLEXOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NOS GRANDES EVENTOS...36

4.1.1 Da medida de destruição...36

4.1.2 Da Medida de Destruição durante as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016...37

4.1.3 Da aplicação da Lei Penal...38

4.1.4 Das condutas adotadas nos grandes eventos...40

5 CONCLUSÃO...43

REFERÊNCIAS...45

APÊNDICE A...48

(12)

1 INTRODUÇÃO

O emprego do Exército Brasileiro (EB) em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) se faz constante ao longo da história. A atuação das Forças Armadas (FA) está legitimada na Constituição Brasileira em situações de excepcionalidade e, por ordem direta do Presidente da República, para o pronto restabelecimento da ordem pública.

Recentemente, no ano de 2018, através do Decreto Presidencial 9.288/2018, as FA foram empregadas como elementos de manobra em Op GLO durante todo o período de intervenção, incluindo as unidades de Artilharia Antiaérea (AAAe).

As atividades terroristas que tomaram partido depois do ocorrido nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, ocuparam o centro das atenções da política de segurança nacional em diversos países, gerando um desconforto e preocupação nos órgãos de segurança que hoje mobíliam grandes eventos internacionais.

Neste sentido, é necessário que o Brasil, que vem se tornando uma potência emergente, atente para a segurança de seu espaço aéreo, coordenando seus meios de defesa aérea (D Ae) e defesa antiaérea (DA Ae) de forma que a segurança de pessoas inocentes e sua imagem perante as demais nações continue intacta.

A grande letalidade dos meios da AAAe induz à polêmica quanto a possibilidade de seu uso nas Op GLO, trazendo a tona temas controversos, como o Decreto nº 5.144, de 16 de junho de 2004 – Lei do Tiro de Destruição, chamada de “Lei do Abate”.

Assim, o trabalho apresenta ao leitor os reflexos do emprego da AAAe nas Op GLO para os grandes eventos que o Brasil sediou e sediará no futuro. O tema é de grande importância por se tratar de um assunto que deixa lacunas no embasamento jurídico e gera incertezas quanto ao emprego da AAAe e seus materiais nas Op GLO.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

(13)

Cabe salientar que o emprego da AAAe em Operações GLO como tropa não é objetivo deste estudo, visto que tal situação se encontra abrangida pelo emprego do EB de modo geral. Busca-se verificar o emprego antiaéreo com seu sistema de armas.

Em 11 de setembro de 2001, o mundo assistiu atônito aos maiores atentados terroristas da história. Os Estados Unidos da América (EUA) viram sucumbir, impotentes e aterrorizados, a maior certeza desde os tempos da Guerra de Independência, a de que a sua base territorial no continente era inexpugnável. Aeronaves civis foram transformadas em mísseis de grosso calibre e causaram o extermínio de milhares de seres humanos bem como a destruição de símbolos do poder norte-americano em Nova Iorque e Washington (BARROSO, 2010, p. 22).

Atualmente, vetores aéreos são muito utilizados na batalha aérea. O Brasil, com seu tamanho continental e posição estratégica, é alvo de inúmeros países que crescem os olhos sobre o território com objetivos econômicos. Assim, defender o espaço aéreo torna-se essencial para a manutenção da integridade nacional, o que faz com que o país possua uma AAAe com elevado índice de operacionalidade.

No entanto, segundo Brito (2010, p. 45), somam-se as ingerências das Op GLO em território nacional, as atividades terroristas que tomaram partido após o ocorrido nos EUA ocupando o centro das atenções da política de segurança nacional em diversos países e, gerando desconforto e preocupação nos órgãos de segurança que hoje mobíliam grandes eventos internacionais.

Assim, há que se ter em mente que o emprego da AAAe deve ser regulado por uma série de condicionantes legais, cuja plena observância constitui-se em fator preponderante para o sucesso das ações desenvolvidas, cabendo formular o seguinte problema: existe uma composição jurídica que embasa e dá suporte consistente ao emprego de AAAe, seus armamentos e doutrina nas Op GLO nos grandes eventos? Quais seus reflexos jurídicos e militares?

1.2 OBJETIVOS

(14)

1.2.1 Objetivo geral

Analisar os aspectos jurídicos e seus reflexos no emprego da AAAe nas Op GLO em grandes eventos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Definir e caracterizar as Op GLO, segundo o arcabouço doutrinário jurídico e militar;

b) Analisar o fundamento jurídico do emprego das FA na GLO como atividade subsidiária;

c) Conceituar e caracterizar o emprego da AAAe na Defesa Aeroespacial (D Aepc);

d) Discriminar o desencadeamento do tiro antiaéreo;

e) Conceituar e caracterizar os grandes eventos no Brasil;

f) Descrever as ameaças aéreas nos grandes eventos;

g) Analisar o terrorismo como fonte geradora de ameaça aérea durante os grandes eventos no Brasil;

h) Conceituar e analisar a medida de destruição - “Lei do Abate” - para a AAAe na D Aepc durante os grandes eventos; e

i) Analisar os reflexos do emprego da AAAe nas Op GLO nos grandes eventos no Brasil.

1.3 OBJETOS DE ESTUDO

Para atingir os objetivos, algumas questões de estudo foram formuladas:

a) O que são Op GLO?

b) Como se dá o emprego do EB e da AAAe nas Op GLO?

c) Quais são os amparos legais que respaldam o emprego das Op GLO?

d) O que são grandes eventos? Quais foram realizados no Brasil na última década?

(15)

e) Como se dá a A Aepc no Brasil?

f) Como se insere o emprego da AAAe no contexto da D Aepc brasileira?

g) Qual a importância da AAAe na segurança dos grandes eventos?

h) Quais as atuais ameaças aéreas para os grandes eventos no Brasil?

i) Qual o papel do terrorismo como fonte de ameaça aérea nos grandes eventos sediados no Brasil?

j) Quais instrumentos legais respaldam o emprego da AAAe em Op GLO nos grandes eventos?

k) Quais os reflexos jurídicos e militares do emprego da AAAe nas Op GLO nos grandes eventos sediados no Brasil?

As respostas aos questionamentos foram o norte do presente trabalho, com a finalidade de elucidar de maneira mais didática o problema.

1.4 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea (1ª Bda AAAe) tem alocado seus Grupos e Baterias AAAe em diversos eventos, como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2013, e a Copa do Mundo FIFA, em 2014.

A participação da AAAe em situações de “não guerra” tem sido cada vez mais constante, proporcionando cabedal considerável de experiência aos envolvidos nas atividades de segurança, o que tem permitido avaliar as situações de emprego em diferentes aspectos antes nem tão considerados (BRITO, 2010, p. 49).

Desta forma, quando do acionamento das unidades de AAAe para atuarem sob controle operacional do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) na segurança de área, surgem indagações que remetem as autoridades responsáveis a refletirem até que ponto as ações decorrentes estão previstas na legislação vigente.

Em 5 de março de 1998, foi aprovada a Lei nº 9.614 que trata da medida de destruição

de aeronaves (Anv) irregulares, em condições especiais, durante voo. No entanto, quanto à

AAAe, empregada em diversos eventos na segurança de pontos sensíveis (P Sen), não há

(16)

estudo pormenorizado da legislação de forma a respaldar seu emprego, independente da Força que a conduza: Marinha, Exército ou Aeronáutica. Considerando que existem interpretações divergentes sobre a aplicação da referida medida pela Força Aérea Brasileira (FAB), apesar da ampla legislação em vigor, verifica-se a necessidade de discutir o amparo legal sobre o emprego da AAAe das FA neste tipo de operação, tendo em vista os grandes eventos que se avultam (BRITO, 2010, p. 49).

O estudo permitirá rever o ordenamento jurídico vigente quanto a procedimentos do emprego e uso das armas antiaéreas. Em que pese a necessidade de emprego real, no caso de uma ameaça direta a um ponto sensível ou a uma área onde esteja ocorrendo um grande evento, buscará ser mostrado que é premente a análise judicial dos militares para se basear em interpretações jurídicas quanto ao direito de autodefesa e institutos de legítima defesa e estado de necessidade.

A pesquisa pretenderá contribuir para o desenvolvimento do emprego da AAAe das

três FA, servindo de subsídio para o EB, mais especificamente à 1ª Bda AAAe, a fim de

prestar o assessoramento necessário ao Estado-Maior do Exército (EME) e ao COMDABRA

na busca contínua da eficiente D Aepc.

(17)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 REVISÃO DA LITERATURA

A pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa, baseada na pesquisa bibliográfica e documental a ordenamentos jurídicos Brasileiros, a trabalhos científicos relacionados ao tema abordado, preferencialmente à Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe), Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e a manuais do Exército e Ministério da Defesa (MD), com o objetivo de reunir e expor os conceitos e abordar, de forma crítica e sucinta, a doutrina jurídica e militar no que diz respeito às Op GLO e correlacionadas à AAAe e aos grandes eventos no Brasil.

2.2 DESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS

Expressão da soberania nacional, é intuitivo que o regramento das FA decorra de normativo constitucional e, a partir dele, se espraia por todo o ordenamento jurídico.

Assim, a Constituição Federal de 1988 (CF/88), ao dispor sobre as FA, estabeleceu os pilares básicos de sua organização e finalidade.

Através do regime constitucional de 1988, as FA, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, elencam-se como instituições nacionais, permanente e regulares, organizadas conforme segue:

Art. 142. As FA, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Compete privativamente ao Presidente da república exercer o comando supremo das FA, segundo dispõe o inciso XIII, do art. 84 da CF/88:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

[…]

(18)

XIIII – exercer o comando supremo das FA, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privatimos (BRASIL, 1988).

2.3 O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM À LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO

2.3.1 A Garantia da Lei e da Ordem

A definição de GLO adotada pelo EB, vem sofrendo alterações no decorrer do tempo devido às necessidades de cada período que nosso país se encontra.

Até o ano de 2014, tínhamos como definição o que vem especificado no manual de Operações em Ambiente Interagências (EB20-MC-10.201) :

Garantia da Lei e da Ordem – Atuação coordenada das FA e dos Órgãoes de Segurança Pública na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, possui caráter excepcional, episódico e temporário.

Ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, depois de esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. A decisão presidencial para o emprego das FA nessa situação poderá ocorrer diretamente por sua própria iniciativa ou por solicitação dos chefes dos outros poderes constitucionais, representados pelos Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2013, s/n, grifo nosso).

O manual de GLO (MD33-M-10), do Ministério da Defesa (MD), publicado em 2014, definiu o que são as Op GLO:

Operação de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) é uma operação militar determinada pelo Presidente da República e conduzida pela FA de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos para isso previstos no art.

144 da Constituição ou em outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem (Artigos 3º, 4º e 5º do Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001) (BRASIL, 2014, p. 14/64, grifo nosso).

Já no ano de 2018, foi publicado um novo manual de Op GLO (EB70-MC-10.242),

que define as Op GLO da seguinte forma:

(19)

1.3.2 As Op GLO são operações militares de coordenação e cooperação de agências (CCA), realizadas no contexto específico da missão constitucional da garantia da lei e da ordem, conforme o artigo 142 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), podendo ser desenvolvidas em ambiente rural ou urbano. O acionamento das FA, para cumprirem missões desta natureza, é realizado por intermédio de decreto presidencial (BRASIL, 2018, p. 1-1, grifo nosso).

Como pode ser observado, por mais que se tenha alterado a definição adotada pelo EB sobre as Op GLO, a cooperação interagências e a origem do decreto não mudam.

2.3.2 À Luz da Constituição Federal de 1988

Ao prever as possibilidades do emprego das FA, tanto para a defesa da pátria, quanto para a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, o legislador constituinte determinou que fossem estabelecidas, da lei e da ordem, o legislador constituinte determinou que fossem estabelecidas, através de Lei Complementar (LC), as normas gerais sobre a organização, preparo e emprego das FA.

Dispõe o parágrafo 1º, do art. 142 da CF/88, “LC estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das FA” (BRASIL, 1988).

Nesse sentido, as normas infraconstitucionais devem estar em conformidade com o estabelecido na CF/88, nos seus estritos limites, a fim de que não seja verificada qualquer incoerência ou contradição que possa viciar de inconstitucionalidade a legislação complementar e regulamentar (GARCIA, 2013, p. 11).

2.3.3 À Luz das Legislações Infraconstitucionais

Em atendimento ao comando constitucional, foi editada a LC nº 97, de 9 de julho de

1999, posteriormente modificada pela LC nº 117, de 2 de setembro de 2004 e, mais

recentemente, alterada pela LC nº 136, de 25 de agosto de 2010.

(20)

A LC nº 97/99 dispôs sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das FA. Com a evolução das necessidades de emprego das FA em situações internas, o Estado revisou o ordenamento jurídico, que até então carecia de amparo legal mais específico.

Assim, em seu art. 15 inaugurou-se nova base jurídica disciplinadora do emprego das FA em ações de GLO.

Art. 15. O emprego das FA na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais […] (BRASIL, 2010, grifo nosso).

A primeira parte do art. 15 da LC nº 97/99 repete o texto do art. 142 da CF/88.

Verifica-se que, afora a ordem sequencial do texto, nem a CF/88 nem a lei infraconstitucional classificam o emprego das FA na defesa da Pátria como de primeira grandeza em relação à missão de garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem.

Com o propósito de orientar o planejamento, a coordenação e a execução das ações das FA e de órgãos governamentais federais na GLO, este último ato normativo, balizado pelos ordenamentos da LC nº 97/99, regulamentou as diretrizes desse emprego, como consta:

Art. 1º As diretrizes estabelecidas neste Decreto têm por finalidade orientar o planejamento, a coordenação e a execução das ações das FA, e de órgãos governamentais federais, na GLO.

Art. 2º É de competência exclusiva do Presidente da República a decisão de emprego das FA na garantia da lei e da ordem.

§ 1º A decisão presidencial poderá ocorrer por sua própria iniciativa, ou dos outros poderes constitucionais, representados pelo Presidente do STF, pelo Presidente do Senado Federal ou pelo Presidente da Câmara dos Deputados.

§ 2º O Presidente da República, à vista de solicitação de Governador de Estado ou do Distrito Federal, poderá, por iniciativa própria, determinar o emprego das FA para a garantia da lei e da ordem (BRASIL, 2001a, grifo nosso).

A legislação em comento trouxe o emprego das FA como polícia ostensiva:

Art. 3º Na hipótese de emprego das FA para a garantia da lei e da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados

(21)

os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico (BRASIL, 2001a, grifo nosso).

Já em seu art. 4º, a LC nº 97/99, definiu controle operacional, como segue:

Art. 4º Na situação de emprego das FA […]

§ 1º Tem-se como controle operacional a autoridade que é conferida, a um comandante ou chefe militar, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos policiais que se encontrem sob esse grau de controle, em tal autoridade não se incluindo, em princípio, assuntos disciplinares e logísticos (BRASIL, 2001a, grifo nosso).

Por fim, em seu art. 5º, a LC nº 97/99, delimita as Op GLO no tempo e no espaço:

Art. 5º O emprego das FA na GLO, que deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível, abrange, ademais da hipótese objeto dos arts. 3º e 4º, outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem, tais como as relativas a eventos oficiais ou públicos […] (BRASIL, 2001a, grifo nosso).

Não foi desprezada a hipótese de o Governador de Estado não determinar a ação dos órgãos ou instrumentos destinados à preservação da segurança pública, ou não mobilizá-los em quantidade suficiente para produzir os efeitos necessários para debelar a ameaça à lei e à ordem a que se deva fazer frente.

2.3.4 Das Atribuições Específicas ao Exército Brasileiro

Com relação ao EB, a LC nº 97/99 dispôs sobre as atribuições subsidiárias, sendo invocado ao interesse do emprego da AAAe o que se segue:

Art. 17-A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições subsidiárias particulares: (incluído pela LC nº 117, de 2004).

[…]

III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão dos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução (incluído pela LC nº 117, de 2004) (BRASIL, 2004b, grifo nosso).

(22)

A partir de 2004, o poder de polícia foi expressamente autorizado para a execução de ações de polícia ostensiva na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional.

Assim, na eminência de ataques terroristas que venham a comprometer a soberania do espaço aéreo brasileiro, durante grandes eventos e na qual a AAAe tenha que ser empregada, recairá incondicionalmente na qualificante de delitos de grande repercussão nacional e internacional.

2.3.5 Das Atribuições Específicas à Força Aérea Brasileira

No tocante à FAB, grandes atualizações foram introduzidas pelas LC já citadas, em especial quanto ao poder de patrulhamento do espaço aéreo brasileiro, atividade abrangida pela missão contínua e permanente da Aeronáutica de defesa e controle do espaço aéreo, elencada em ser art. 18, da LC nº 97/99:

Art. 18. Cabe à Aeronáutica, como atribuições subsidiárias particulares:

[…]

III – contribuir para a formulação e condução da Política Aeroespacial Nacional;

IV – estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a infraestrutura [sic] aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária;

[…]

VI – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do espaço aéreo e de áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução (LC nº 117, de 2004).

VII – preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle do espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, com ênfase nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageiros ilegais, agindo em operação combinada com organismos de fiscalização competentes, aos quais caberá a tarefa de agir após a aterragem das Anv envolvidas em tráfego aéreo ilícito, podendo, na ausência destes, revistar pessoas, veículos terrestres, embarcações e Anv, bem como efetuar prisões em flagrante delito (redação dada pela LC nº 136, de 2010).

Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da competência do Comandante da Aeronáutica o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando designado como “autoridade Aeronáutica Militar”, para esse fim (redação dada pela LC nº 136, de 2010) (BRASIL, 1999, grifo nosso).

2.4 DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA

DA LEI E DA ORDEM

(23)

Quanto ao emprego da AAAe em Op GLO, a literatura militar mostra-se escassa, porém, resume de maneira categórica e pontual, conforme o manual Op GLO (EB70-MC- 10.242):

As unidades de AAAe poderão participar do controle do espaço aéreo durante a realização de grandes eventos e/ou na segurança de autoridades.

Tais unidades deverão ser prioritariamente, empregadas na prteção do espaço aéreo, em coordenação com o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE).

As unidades de AAAe também podem, em caso de necessidade, ser empregadas nas mesmas ações de GLO previstas para a Artilharia de Campanha (BRASIL, 2018, p.

6-2, grifo nosso).

A natureza da ameaça aeroespacial, envolvendo um grande espaço geográfico e um tempo de resposta muito curto, exige uma ação coordenada de todos os meios de defesa. Além disso, a D Aepc abrange o emprego de meios heterogêneos, subordinados a diversas organizações. Para prover a defesa com o máximo de eficiência e eficácia, é necessário ter uma organização sistêmica. (BRASIL, 2017a, p. 2-1).

Por suas características peculiares, considera-se a existência de dois grandes sistemas de defesa aeroespacial: um no Território Nacional (TN) e outro no Teatro de Operações/Área de Operações (TO/A Op), quando este estiver delimitado fora daquele. Para o interesse nos grandes eventos, cabe análise do TN, haja vista não se tratar de emprego em situações de beligerância, mas sim, de normalidade.

No TN, a D Aepc é realizada pelo Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), sendo dividido em Regiões de Defesa Aeroespacial (RDA) (BRASIL, 2017a, p. 2-1).

O SISDABRA é um sistema que organiza todas as unidades de caça, de AAAe, de reconhecimento eletrônico e de reabastecimento em voo (REVO) do Brasil em prol da defesa contra qualquer ameaça aeroespacial. Ou seja, hoje, se encontram inseridos no sistema todos os Grupos de AAAe do EB e da FAB, a maioria dos Esquadrões da III Força Aérea e os aviões-tanque da V Força Aérea, conforme ilustrado na Figura 1 (FORÇA AÉREA BRASILEIRA, 2014).

O SISDABRA conta com um órgão central, o COMDABRA, localizado em Brasília-

DF, que foi ativado a partir de dezembro de 1995. Cabe ao COMDABRA fazer o SISDABRA

(24)

funcionar, alocando os meios necessários para o cumprimento de suas missões, tendo informações referentes a todo e qualquer tráfego aéreo que ocorre no Brasil. Ou seja, é capaz de mobilizar e lançar em curto espaço de tempo tudo o que o país dispõe em termos de defesa aérea (D Ae) contra qualquer ameaça (FORÇA AÉREA BRASILEIRA, 2014).

Cabe ressaltar que, através do Decreto n. 9.077 de 18 de junho de 2017, em seu artigo 3º, inciso I, alterou a denominação de se órgão central: “órgão central: o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) do comando da aeronáutica” (BRASIL, 2017b).

Na D Aepc existem órgãos e serviços correlacionados sujeitos à orientação normativa do Órgão Central do Sistema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cuja estrutura administrativa estiverem integrados. Estes são chamados “elos do sistema” e podem ser constituídos de elementos permanentes e eventuais. Os elos permanentes constituem os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), o Destacamento de Controle do espaço Aéreo (DTCEA), as unidades aéreas operacionais adjudicadas e as unidades de AAAe do EB alocadas ao SISDABRA para a defesa específica desses elementos e para o estabelecimento de outros dispositivos de defesa antiaérea em todo o TN (BRASIL, 2017, p. 2-3).

A 1ª Bda AAAe é o Grande Comando que tem como missão realizar a DA Ae no âmbito aeroespacial brasileiro tendo como estrutura:

a) Sistema de Controle e Alerta – destina-se à detecção e identificação das aeronaves que sobrevoem o espaço de responsabilidade de determinada Unidade.

Destina-se, também, ao comando e controle do sistema de armas, fornecendo, ainda, o alerta antecipado, designando alvos a serem abatidos e estabelecendo medidas restritivas ou permissivas ao tiro antiaéreo.

b) Sistema de Armas – Capaz de detectar e identificar aeronaves. Ocorre que o faz de forma mais aproximada, no entorno do ponto, área sensível ou instalação de infraestrutura crítica defendida por meios de AAAe. É o subsistema que executa o tiro.

c) Sistema de Apoio Logístico – Destina-se a fornecer o suporte para o funcionamento dos demais subsistemas. Exerce atividades de pessoal, saúde, transporte, manutenção e suprimento (PINHEIRO, 2011, p. 10, grifo nosso).

2.4.1 Desencadeamento do Tiro Antiaéreo

(25)

No entendimento do emprego da AAAe, reveste-se de importância relatar a sequência do desencadeamento do tiro de suas armas.

Conforme Pinheiro (2011, p.10, grifo nosso):

Assim que uma Anv ingressa no espaço aéreo ela é detectada por um dos meios do SISDABRA (TN) […]. Feita a detecção, uma equipe de militares do órgão de controle aéreo militar (OCOAM) providenciará a identificação. Tal operação poderá resultar numa Aeronave (Anv) amiga (comercial, privada ou militar), inimiga (hostil) ou não identificada.

O passo seguinte, em caso de Anv hostis ou não identificadas, é a alocação desse vetor para um dos meios do sistema: unidade aéreas (dotadas de aviões de combate) ou antiaéreas.

Alocado o alvo para o sistema de DA Ae, passará a atuar o subsistema de controle e alerta. Serão emitidos comandos pelos COAAe para o acionamento dos radares, os meios de detecção passarão a buscar a Anv alocada; serão emitidos pelos COAAe, ainda, comandos que restrinjam ou ampliem a execução do tiro, quais sejam:

1) abertura de fogo contra qualquer Anv que adentre ao volume de responsabilidade;

2) abertura de fogo somente contra Anv identificadas como hostis ou não identificadas; e

3) abertura de fogo somente contra Anv hostis.

Emitido o alerta para o subsistema de armas, este executará o tiro, conforme os parâmetros estabelecidos pelo sistema de controle e alerta.

Deve-se ter em mente que a DA Ae nos grandes eventos será desenvolvida em torno da defesa estática, englobando a defesa de zona de ação ou área sensível e defesa de P Sen, os quais conceituam-se:

3.2.11.2 Defesa estática é aquela em que o objetivo defendido é fixo, como pontes e aeródromos, ou está temporariamente estacionado, como posições de artilharia e postos de comando.

[…]

3.2.11.2.3 Defesa de zona de ação ou área sensível

a) Nesse tipo de defesa estática, as armas antiaéreas são desdobradas de modo a cobrir parte ou toda a área de responsabilidade da força, sem visar à defesa específica de tropas, de pontos ou áreas sensíveis particulares (Fig 1).

b) Esse tipo de defesa é indicado quando a área de responsabilidade da força apresentar uma densidade relativamente alta de pontos sensíveis. Nesse caso, a AAAe apta para realizar a defesa da Zona de Ação (Z Aç) é a de média altura.

(BRASIL, 2017, p. 3-8, grifo nosso)

(26)

Fig 1 – Defesa Antiaérea de zona de ação de divisão com míssil antiaéreo

Fonte: Manual EB70-MC-10.231 (2017)

Tem-se a seguinte definição de defesa de ponto sensível:

3.2.11.2.4 Defesa de ponto sensível

a) Nesse tipo de defesa estática, as unidades de tiro (U Tir) são desdobradas de modo a realizar a DA Ae de uma tropa ou de um ponto sensível (Fig 2), procurando-se atender aos princípios de emprego de AAAe e aos fundamentos da DA Ae. A DA Ae de pontos sensíveis é realizada por armas antiaéreas de baixa altura (BRASIL, 2017, p. 3-8, grifo nosso).

(27)

Fig 2 – Defesa Antiaérea de P Sen ou Área Sensível

Fonte: Manual EB70-MC-10.231 (2017)

2.5 OS GRANDES EVENTOS NO BRASIL

Expressão comumente usada nos últimos anos, os “grandes eventos” tomaram as páginas da mídia brasileira e internacional.

O Brasil sediou grandes eventos na última década, entre eles a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no ano de 2016. Nas duas ocasiões, além de toda a estruturação e operacionalização dos mesmos, o país teve a árdua tarefa de prever e prover a segurança, seja por terra, pelo mar ou pelo ar.

Nesse contexto, foi publicado o Decreto nº 7.682, de 28 de fevereiro de 2012, que

alterou o Decreto nº 7.538, de 1º de agosto de 2011, mudando o rol de grandes eventos

abrangidos pela competência da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes

Eventos, do Ministério da Justiça, no qual constou:

(28)

Art. 5º […]

§ 1º Para os fins do disposto neste Decreto, consideram-se grandes eventos:

I – a Jornada Mundial da Juventude de 2013;

II – a Copa das Confederações FIFA 2013;

III – Copa do Mundo FIFA de 2014;

IV – os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016; e

V – outros eventos designados pelo Presidente da República (BRASIL, 2012, grifo nosso).

A Copa das Confederações e a Copa do Mundo FIFA aumentaram a exposição do Brasil em outros países, gerando uma sequência de eventos internacionais nos últimos anos.

De 2003 à 2012, o número de eventos internacionais aumentou de 28 para 360. O Brasil teve o quinto maior crescimento na captação de eventos internacionais em 2012 (18%), na comparação com 2011. Um levantamento do International Congress & Convention Association (ICCA) mostrou que o crescimento foi superior ao da Itália, França, Alemanha e Reino Unido, mantendo o país na sétima posição no ranking internacional (FENNER, 2014).

Os setores de alojamento e alimentação, por exemplo, apresentaram uma trajetória de intenso e contínuo crescimento a partir do primeiro trimestre de 2013, passando de 142,8 mil para 211,9 mil ocupações no terceiro trimestre de 2016, período de realização dos jogos (ROCHA, 2018, p. 9).

Neste contexto, aumenta-se a importância do planejamento da segurança do espaço aéreo nos locais dos grandes eventos, que sob a ótica da AAAe passam a ser locados como P Sen para defesa.

2.6 AMEAÇA AÉREA AOS GRANDES EVENTOS NO BRASIL

Para o enquadramento nas atividades de segurança do espaço aéreo em grandes

eventos, é necessário traçar como parâmetro de emprego as atitudes evidenciadas em

operações de não guerra. Isto se deve ao fato de que, quando realiza-se a DA Ae de um P Sen

ou Área Sensível em grandes eventos, esta defesa raciocinará com um possível ataque de um

vetor aéreo hostil.

(29)

É a partir desse pensamento que se deve desdobrar os meios de DA Ae durante os grandes eventos, de forma que a coordenação e o comando e controle sejam satisfatórios para o cumprimento da missão.

Uma possibilidade de ameaça é a inserção, por exemplo, de drones ou Anv com propagandas visuais ou auditivas sobrevoando os locais dos grandes eventos, podendo comprometer a boa execução e imagem dos mesmos.

2.6.1 Possibilidade de Ataques Terroristas nos Grandes Eventos no Brasil

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), segue a seguinte definição de terrorismo:

Ato de devastar, saquear, explodir bombas, sequestrar, incendiar, depredar ou praticar atentado pessoal ou sabotagem, causando perigo efetivo ou dano a pessoas ou bens, por indivíduos ou grupos, com emprego da força ou violência, física ou psicológica, por motivo de facciosismo político, religioso, étnico/racial ou ideológico, para infundir terror com o propósito de intimidar ou coagir um governo, a população civil ou um segmento da sociedade, a fim de alcançar objetivos políticos ou sociais (PANIAGO, 2007, p. 14).

Também é o ato de:

Apoderar-se ou exercer o controle, total ou parcialmente, definitiva ou temporariamente, de meios de comunicação ao público ou transporte, portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, instalações públicas ou estabelecimentos destinados ao abastecimento de água, luz, combustíveis ou alimentos, ou à satisfação de necessidades gerais e impreteríveis da população.

Trata-se de ação premeditada, sistemática e imprevisível, de caráter transnacional ou não, que pode ser apoiada por Estados, realizada por grupo político organizado com emprego de violência, não importando a orientação religiosa, a causa ideológica ou a motivação política, geralmente visando destruir a segurança social, intimidar a população ou influir em decisões governamentais. (PANIAGO, 2007, p. 15)

Segundo Pinheiro (2011, p. 8) a definição não é esclarecedora. Outros Estados, como

Espanha e Inglaterra, tipificaram o “terrorismo” como crime. Já o legislador brasileiro ainda

não procedeu desta forma. Por ora, na seara penal, haja vista o princípio da legalidade,

(30)

atualmente nem há como atender o comando constitucional de vedar a anistia, a graça ou o indulto aos atos que sejam reputados terroristas.

No caso dos ataques terroristas ocorridos no território americano, no dia 11 de setembro de 2001, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Resolução nº 1.368, de 12 de setembro de 2001, considerou aqueles atos como

“ameaças à paz e à segurança interacionais” e reconheceu o “direito inerente à legitima defesa individual ou coletiva conforme a Carta da ONU”, o que levou boa parte da comunidade internacional a concordar que se estava diante de um Conflito Armado Internacional regido pelas Convenções de Genebra (PINHEIRO, 2011, p. 9).

Assim, torna-se significante a preocupação com a inserção de ameaças aéreas (vetores hostis) nos locais de DA Ae dos grandes eventos. Para tal, a principal hipótese é:

[…] à aeronave (Anv) que é tomada por terroristas com intenção declarada de utilizá-la contra instalações: entende-se que esta situação não está abarcada pelo Decreto nº 5.144/04, mas deve ser considerada como um ataque armado, no Direito Internacional, conforme as resoluções da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], OEA [Organização dos Estados Americanos] e ONU, amparado pelo art. 51º da Carta das Nações. No âmbito Direito Interno, entende-se que se esteja diante de uma das discriminantes de legítima defesa de terceiro, em relação ao dano causado ao terrorista e de estado de necessidade de terceiro, no caso de afetar os passageiros inocentes (SANTOS, 2010, p. 17, grifo nosso).

Sendo um tema de estudo longo, cabe apenas ilustrar a possibilidade de ser praticado ato terrorista a bordo de Anv em ação hostil durante a consecução dos grandes eventos no Brasil, sendo plausível a possibilidade de desencadeamento do tiro pelas Anv da FAB (Lei do Tiro de Destruição) ou pelas armas de AAAe.

2.7 DA MEDIDA DE DESTRUIÇÃO - “LEI DO ABATE”

Com a finalidade de o Estado combater de maneira mais eficaz os voos ilícitos, que transportavam drogas para o território brasileiro, foi editada a Lei nº 9.614, de 5 de março de 1998, conhecida como “Lei de Tiro e Destruição” ou “Lei do Abate”.

Considerada inconstitucional por uma década inteira, por ter entrado em nosso

ordenamento jurídico por via de lei ordinária, somente após a edição da LC nº 117/04 e com

(31)

as modificações introduzidas pela LC nº 136/10, passou a ser aplicada sem receio de se incorrer em inconstitucionalidade (SANTOS, 2010, p. 13).

Ressalva-se os dispositivos que regulam a aviação civil no país, para o que, lista-se o Código Brasileiro da Aeronáutica (CBA), especificamente quanto ao art. 303:

Art. 303. A Anv poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia Federal, nos seguintes casos:

I – se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou das autorizações para tal fim;

II – se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em aeroporto internacional;

III – para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis;

IV – para verificação de sua carga no caso de restrição legal (art. 21) ou de porte proibido de equipamento (parágrafo único do art. 21);

V – para averiguação de ilícito.

§ 1º A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a Anv a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado.

§ 2º Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a Anv será classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada (BRASIL, 1986, grifo nosso).

Da análise desse artigo, ingere-se que a FAB, e por consequência, a AAAe sob Comando Operacional da Força Aérea, poderiam usar dos meios que julgassem necessários para compelir uma Anv que estivesse cometendo qualquer dos ilícitos acima previstos a efetuar o pouso no aeródromo que lhe fosse indicado.

Posteriormente, o Presidente da República regulamentou, pelo Decreto nº 5.144, de 16 de junho de 2004, os meios coercitivos, o que parecia resolver os problemas legais do emprego da força contra Anv irregulares. No entanto, com a edição deste Decreto, houve uma drástica redução nas possibilidades legais trazidas pelo art. 303 do CBA (SANTOS, 2010, p.

14).

Assim, de todas as Anv ilícitas, previstas no art. 303 do CBA, que estariam sujeitas a Medida de Destruição, houve a regulamentação apenas para o que o Decreto Presidencial definiu como “Anv suspeita de tráfico de substâncias entorpecentes”. Portanto, as demais Anv ilícitas foram excluídas da possibilidade de sofrerem a medida extrema prevista no Decreto:

Art. 2º Para fins deste Decreto, é considerada Anv suspeita de tráfico de substâncias entorpecentes e drogas afins aquela que se enquadra em uma das seguintes situações:

(32)

I – adentrar o território nacional, sem Plano de Voo aprovado, oriunda de regiões reconhecidamente fontes de produção ou distribuição de drogas ilícitas;

II – omitir aos órgãos de controle de tráfego aéreo informações necessárias à sua identificação, ou não cumprir determinações destes mesmos órgãos, se estiver cumprindo rota presumivelmente utilizada para distribuição de drogas ilícitas.

Art. 3º As anv enquadradas no art. 2º estarão sujeitas às medidas coercitivas de averiguação, intervenção e persuasão, de forma progressiva e sempre que a medida anterior não obtiver êxito, executadas por Anv de interceptação, com o objetivo de compelir a Anv suspeita a efetuar o pouso em aeródromo que lhe for indicado e ser submetida a medidas de controle no solo pelas autoridades policiais federais ou estaduais.

Art. 4º A Anv suspeita de tráfico de substâncias entorpecentes e drogas afins que não atenda aos procedimentos coercitivos descritos no art. 3º será classificada como Anv hostil e estará sujeita à medida de destruição (BRASIL, 2004a, grifo nosso).

(33)

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

3.1 AMOSTRA

Como amostra utilizada para a execução da pesquisa, serão considerados materiais e pessoas.

A amostra material dar-se-á à consulta aos manuais, reportagens e trabalhos científicos empregados na revisão de literatura.

Serão alvo do questionário, oficiais pertencentes às OM subordinadas à 1º Bda AAAe.

Tal delimitação visa verificar o universo de militares empregados nos grandes eventos à época em que estavam ou não servindo em OM de AAAe.

3.2 PLANEJAMENTO E TIPO DE PESQUISA

A pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa baseada na pesquisa bibliográfica. O estudo será realizado dentro de um processo científico baseado em procedimentos metodológicos. A trajetória que será desenvolvida pela pequisa terá seu início na revisão teórica do assunto, através da consulta bibliográfica a manuais doutrinários, documentos e trabalhos científicos, prosseguindo até a fase de análise dos dados coletados.

Será aplicado um questionário a oficiais do EB servindo em Organizações Militares (OM) subordinadas à 1º Bda AAAe que, através das experiências profissionais, poderão auxiliar nos resultados para a conclusão do presente trabalho.

3.2.1 Faseamento da Pesquisa

Para reunir subsídios suficientes a fim de tornar possível o estudo do problema

proposto, foram reunidas e selecionadas as fontes necessárias de acordo com os critérios

descritos abaixo:

(34)

a) Fontes de busca

- Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

- Legislações vigentes

- Publicações de autores do meio acadêmico jurídico e militar - Artigos e dissertações da EsACosAAe, EsAO e ECEME b) Estratégia de busca para dados eletrônicos

Para otimizar a busca, foram utilizados temas como “defesa aeroespacial”,

“defesa antiaérea”, “operações de garantia da lei e da ordem”, “grandes eventos”,

“terrorismo” e “medida de destruição”.

c) Critérios de inclusão

- Estudos publicados em português - Legislação infraconstitucional

3.2.2 Meios e métodos

Visando à realização do trabalho e o uso dos dados obtidos e coletados, foram adotados os procedimentos metodológicos a seguir descritos.

O estudo bibliográfico teve por método a leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa, bem como sua revisão, contribuindo para o processo de síntese dos estudos.

Os dados obtidos através da revisão bibliográfica com as devidas observações de seus respectivos autores, foram usadas para a análise de Resultados e Discussão.

3.2.3 Instrumentos

O estudo foi limitado a uma amostra de oficiais servindo em OM subordinadas à 1º Bda AAAe.

Os questionários foram realizados em caráter voluntário, e contou com a resposta de

treze militares. Tal amostra direcionada se deu por estes oficiais exercerem papel importante

(35)

nos grandes eventos e servirem de referência a presente pesquisa no que diz respeito a D Aepc e ao emprego de meios antiaéreos durante os grandes eventos no Brasil.

Os questionários foram montados com perguntas considerando o caráter importante e delicado do assunto, com a finalidade de colher as experiências dos oficiais e suas percepções frente ao tema.

O questionário aplicado consta no Apêndice “A”.

3.2.4 Análise dos Dados

Os dados obtidos com a pesquisa bibliográfica, documental e com o questionário aplicado, foram analisados de maneira que possibilitasse conclusões coerentes.

Assim, visto que o questionário visou à reunião de dados decorrentes de experiências e conhecimentos doutrinários, estes foram processados através da ótica qualitativa, fruto da pequena amostragem.

Ficou representado, portanto, o pensamento desenvolvido pela maioria dos elementos da amostra que realizaram o questionário. Estes dados obtidos através das perguntas do questionário (conforme Apêndice “A”) permitiram a realização de uma análise entre a revisão de literatura e opiniões dos militares.

Ficou evidenciado que, pouco tempo antes dos eventos, foram realizados simpósios a fim de elucidar e explanar o emprego da tropa, amarrando procedimentos e os níveis de interdição. Contudo, o embasamento e assessoramento jurídico nas possíveis condutas desencadeadas pelos militares AAe, em caso de acionamento dos sistemas de armas contra possíveis vetores hostis se deram de maneira falha. Isso se deve ao fato de que os ordenamentos sempre vieram muito próximos aos eventos, devido à burocratização para se ter a expedição e autorização da autoridade máxima para medidas como o Tiro de Interdição e Interdição do espaço aéreo.

Em geral, o emprego da AAAe ficou restrita aos pontos considerados sensíveis à

época, que pudessem manter o anel de desdobramento dos meios AAAe com defesa mútua e

alcance rádio, valendo-se das limitações e comandamentos do terreno, como a utilização dos

prédios para ocupação dos P Vig (Posto de Vigilância) e U Tir Msl.

(36)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a obtenção das informações bibliográficas, buscou-se analisar os reflexos jurídicos e militares provenientes deste emprego, nos quais diversas considerações podem ser emanadas.

4.1 ANÁLISE DOS REFLEXOS DO EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA NOS GRANDES EVENTOS

Deve-se a análise de “hipóteses de emprego em cenários previamente estabelecidos”.

4.1.1 Da medida de destruição

A Carta das Nações Unidas (Decreto nº 19.841, de 22 de outubro de 1945, da Presidência da República) em seu Capítulo VII, art. 51º, elucida o Princípio de Autodefesa.

No entanto, o manual EB70-MC-10.231 aloca a DA Ae em situações de Guerra e Não Guerra, sendo a primeira em situações no âmbito interno e externo, sem que envolva o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias excepcionais.

Em situações de não guerra, a AAAe fica alocada ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), para cumprir missões de DA Ae de pontos ou áreas sensíveis.

[…]

O emprego dos meios Aepc deve possuir amparo legal.

Nas situações de não guerra, as operações se caracterizam como: aumento do tráfego Ae; grande número de turistas; presença da imprensa local e internacional;

[…] (EB70-MC-10.231, p. 5-1, grifo nosso).

Quanto à medida de destruição, cabe ressalva que atende aos requisitos estabelecidos

nos arts. 5 e 6º do Decreto nº 5.144/04, conforme se segue:

(37)

Art. 5º A medida de destruição consiste no disparo de tiros, feitos pela Anv de interceptação, com a finalidade de provocar danos e impedir o prosseguimento do voo da Anv hostil e somente poderá ser utilizada como último recurso e após o cumprimento de todos os procedimentos que previnam a perda de vidas inocentes, no ar ou em terra.

Art. 6º A medida de destruição terá que obedecer às seguintes condições:

[…]

III – execução por pilotos e controladores de D Ae qualificados, segundo os padrões estabelecidos pelo COMDABRA;

IV – execução sobre áreas não densamente povoadas e relacionadas com rotas presumivelmente utilizadas para o tráfico de substâncias entorpecentes e drogas afins; e

V – autorização do Presidente da república ou da Autoridade por ele delegada (BRASIL, 2004a, grifo nosso).

Como poder ser observado, apesar de amarrado, o emprego da medida de destruição deverá ser executada por pilotos e controladores, condição que os artilheiros antiaéreos não ostentam.

4.1.2 Da Medida de Destruição durante as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016

Por ocasião dos grandes eventos sediados no Brasil na última década, especificamente as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016, as medidas de destruição atendem os requisitos estabelecidos nos arts. 6º e 7º do Decreto nº 8.758/16, conforme se segue:

Art. 6º A medida de destruição consistirá no emprego do armamento com a finalidade de impedir o prosseguimento do voo de aeronave hostil e somente poderá ser utilizada como último recurso.

Art. 7º A medida de destruição terá que obedecer às seguintes condições:

I – emprego dos meios aéreos e antiaéreos sob controle operacional do COMDABRA;

II – registro em gravação das comunicações ou imagens da aplicação dos procedimentos, sempre que possível; e

III – autorização de aplicação da medida de destruição, cuja competência fica delegada ao Comandante da Aeronáutica (BRASIL, 2016, grifo nosso).

Pode-se observar que houve um avanço quanto à medida de destruição se comparada

com o Decreto nº 5.144/04. Não se fez mais necessárias a autorização do Presidente da

república para a aplicação da medida de destruição, sendo que a competência já estava

delegada ao Comandante da Aeronáutica. Outro fator a ser considerado é que o Decreto nº

(38)

8.758/16 faz menção aos meios aéreos e antiaéreos sob controle operacional do COMDABRA, atual COMAE. Dessa forma, os artilheiros antiaéreos puderam ser empregados na medida de destruição, visto que excluiu-se a necessidade de ser efetuada por pilotos e controladores de DA Ae qualificados.

No entanto, tal feito somente abrangeu o período de 5 a 21 de agosto de 2016 e de 7 a 18 de setembro de 2016, ou seja, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, respectivamente.

Tal decreto foi sancionado três meses antes do evento. Dentro de um quadro de planejamento e emprego tático, houve um espaço de tempo que deu condições aos comandantes, nos diversos escalões, de D Ae e DA Ae, para que pudessem expedir normas de conduta e regras de engajamento.

Os ensinamentos colhidos na Copa do Mundo FIFA 2014 fizeram com que o Decreto nº 8.758/16 pudesse ser retificado e/ou ratificado. Contudo, ainda não temos uma solidez jurídica que ampare o emprego da AAAe para os grandes eventos.

4.1.3 Da aplicação da Lei Penal

Pode-se observar que inexistem legislações permanentes para o desencadeamento do tiro antiaéreo como medida de destruição. Diante desse quadro, é necessário verificar os reflexos penais que os artilheiros antiaéreos podem vir a enfrentar quando empregados.

Cabe ressaltar que, em todos os níveis de comando, devem ser adotadas medidas acauteladoras aos direitos individuas garantidos pela CF/88, estando a legislação pertinente ao Código Penal Militar (CPM) e o Código de Processo Penal Militar (CPPM). O Decreto lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (CPM), alterado pela Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996, prescreve:

Título I

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR Subtítulo

CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

[…]

II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:

Referências

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