• Nenhum resultado encontrado

Rev. Col. Bras. Cir. vol.33 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Col. Bras. Cir. vol.33 número2"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

Tratamento do Megaesôfago Chagásico

62

Valezi et al. Rev. Col. Bras. Cir.

Editorial

Vol. 33 - Nº 1: 1, Jan. / Fev. 2006

Rev. Col. Bras. Cir.

ISSN 0100-6991

A ESCOLHA DA CARREIRA CIRÚRGICA. QUEM ? PORQUÊ ? QUANDO ?

THE CHOICE OF SURGICAL CAREER. ? WHO ? WHY ? WHEN

Antonio Carlos Iglesias, TCBC

Vice-Presidente do Núcleo Central Membro da Comissão de Título de Especialista em Cirurgia Geral do CBC

A depender dos movimentos sócio-políticos ocorri-dos em determinaocorri-dos momentos da história da humanidade existe a possibilidade das idéias veiculadas por esses movi-mentos influenciarem nos diferentes tipos da atividade laborativa, entre as quais, a atividade médica.

Os avanços científico e tecnológico ora observados e iniciados de forma marcante no século XVIII com a Revolu-ção Industrial trouxeram a necessidade do permanente de-senvolvimento das forças produtivas. Tal situação assume proporções importantes na medicina tecnológica extremamente instrumentalizada do século XX, especialmente, após a se-gunda guerra mundial. Além disso, o avanço científico e tecnológico acentuou a divisão do trabalho, a necessidade da qualificação do trabalhador, o aperfeiçoamento e a diversi-ficação dos instrumentos de trabalho. Neste contexto privile-gia-se uma cultura da Especialização, o que, de certa forma, torna-se possível à sociedade a compreensão da divisão dos saberes relacionados às novidades científicas e tecnológicas. Assim sendo, a sociedade contemporânea, em especial o seg-mento representado por aqueles que estão se preparando para ingressar no mercado de trabalho, vê-se impregnada pela idéia da necessidade da escolha precoce da Especialização. O va-lor simbólico criado a partir do prestígio e do poder ligados à imagem do especialista é capaz de seduzir o estudante.

Contudo, no momento não é nosso objetivo discutir a essência da Especialização na medicina, mas sim tentar co-nhecer alguns aspectos relacionados à escolha da Cirurgia como especialidade a ser seguida, o que certamente pode favorecer a tomada de decisões em políticas de educação e do trabalho médico.

Para quem abraça a Cirurgia como especialidade a ser seguida pesam fundamentalmente os seguintes aspectos: as características próprias da personalidade, as habilidades pessoais e as possibilidades do mercado de trabalho. Isto retrata a busca pela integração entre o interior e o exterior do indivíduo. Para alguns, quando os determinantes interiores predominam na escolha da Cirurgia, eles suplantam os fatores externos da escolha.

A eleição da Cirurgia como especialidade a ser se-guida tem como motivos fundamentais os aspectos práticos e objetivos da atividade cirúrgica, a habilidade manual e os re-sultados obtidos com o tratamento cirúrgico. Além disso, pesa de forma significativa na escolha a figura do cirurgião precep-tor que serve de modelo a ser seguido. Isto poderia, pelo menos em parte, justificar o menor número de mulheres entre aquelas que optam pela Cirurgia, uma vez que elas têm dificul-dade de encontrar em outra mulher o modelo que as inspire a seguir a carreira cirúrgica, especialmente pelo número

reduzi-do de preceptoras cirurgiãs na Academia. São também apon-tados como motivadores da escolha da Cirurgia: o desafio intelectual, o prestígio profissional, as oportunidades e o re-torno financeiro da atividade como cirurgião. Dentre os fato-res externos o que mais pesa desfavoravelmente à escolha da Cirurgia é o estilo de vida imposto ao médico pela atividade cirúrgica.

Quem escolhe a Cirurgia geralmente o faz mais pre-cocemente do que os demais discentes da ciência médica. Muitas vezes, isso ocorre no início da graduação, ou até mes-mo antes do ingresso na Faculdade. Nesse últimes-mo caso pode ser entendido como resultado de fatores extracurriculares. Outra característica deste grupo é a fixação da idéia de seguir uma especialidade cirúrgica, diferentemente daqueles que optam por outras especialidades, os quais pensam em diver-sas possibilidades antes da opção definitiva.

A precocidade na escolha e a excessiva tendência à especialização são contrárias às diretrizes atuais da formação e da atuação generalista. Faz-se necessário, portanto, sem desconstruir ideais, que o educador médico dê a orientação adequada do caminho a ser seguido durante a graduação. Para tal, é necessário que, ao lado de uma formação geral consistente, aqueles que manifestam, ainda que precocemen-te, o desejo de iniciar a carreira cirúrgica possam interagir com o preceptor cirúrgico, com o ambiente cirúrgico e buscar opor-tunidades de pesquisa nesta área. Do contrário aguardarão passivamente a chegada do contato no ciclo profissional ou, o que não é recomendável, buscarão este contato fora do seu meio acadêmico com risco de orientação inadequada. Deste modo, não se induz a uma Especialização precoce, mas sobre-tudo, busca-se estimular e facilitar o aluno na decisão da es-colha da especialidade cirúrgica no momento devido, se as-sim a desejar.

Caberia, ainda, um aprofundamento na discussão no âmbito restrito da Cirurgia no que diz respeito à escolha entre a especialidade tronco, representada pela Cirurgia Geral, ou demais especialidades cirúrgicas. Mas, esta fica para outra oportunidade.

Referências

Documentos relacionados

Tradicionalmente, a Cirurgia é definida como a parte. da terapêutica médica que se dedica ao tratamento

Fundador e Editor Chefe da Revista Acta Cirúrgica Brasileira; Líder do Grupo de Pesquisa Núcleo de Comunicação Científica em Cirurgia do CNPq. Editor da Revista da Faculdade de

Por outro lado, esse mesmo paciente poderia ter sido operado por um profissional competente e cuidadoso em um Hospital que não dispusesse de uma Unidade de Terapia In- tensiva

A partir daquela data, novas resoluções foram incluídas, destacando-se a 240/97 estabelecendo a obrigatoriedade de um representante dos USUÁRIOS nos Comitês de Ética em Pesquisa

Este ano, o Setor II formado pelos capítulos do Maranhão, Piauí e Ceará, terá como Sede do Congresso o Capítulo do Ceará; o Setor V composto por Mato Groso, Mato Grosso do Sul,

A maioria das revistas biomédicas não aceita os arti- gos que tenham sido simultaneamente submetidos a outros periódicos. Entre as considerações principais que motivaram essa

O Colégio Brasileiro de Cirurgiões vem nos últimos anos contribuindo cada vez mais para a melhoria da saúde da população brasileira, através de várias ações que convergem para

Nes- te contexto, desenvolvemos uma maneira de confeccionar uma alça exclusa com somente um disparo de um grampeador line- ar longo (75 ou 80 mm, dependendo do fabricante),