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TERRITORIALIDADE - Artigo 5 o do Código Penal A lei penal, como qualquer lei de Estado, é elaborada para ter vigência em seu território.

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1 TERRITORIALIDADE - Artigo 5o do Código Penal

A lei penal, como qualquer lei de Estado, é elaborada para ter vigência em seu território. Esse é o âmbito de eficácia da legislação penal. Contudo, em determinados casos, exige-se que a lei penal ultrapasse seus limites territoriais, para alcançar o autor do crime praticado fora do território nacional. Daí a formulação dos seguintes princípios:

1o) Territorialidade: artigo 5o (é o adotado);

2o) Real ou de proteção (defesa): artigo 7o, I e § 3o; 3o) Justiça universal: artigo 7o, II, a;

4o) Nacionalidade ativa: artigo 7o, inciso II, b; e 5o) Representação: artigo 7o, II, c.

Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a determinou, sem

atender à nacionalidade do sujeito ativo do delito ou do titular do bem jurídico lesado.

Princípio da territorialidade absoluta: a lei penal brasileira só é aplicável aos crimes cometidos no território nacional.

Princípio da territorialidade temperada: a lei penal brasileira é aplicada em regra ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados e convenções internacionais. É o princípio adotado pelo nosso Código Penal.

Território: o conceito jurídico de território é mais amplo do que o geográfico. Neste, o território compreende o espaço delimitado por fronteiras. Juridicamente, o território compreende todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania. Possui os seguintes componentes:

a-) solo ocupado pela corporação política;

b-) rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos;

c-) faixa de mar exterior ao longo da costa (mar territorial) - 12 milhas marítimas de largura de acordo com a Lei nº 8.617/93;

d-) espaço aéreo - teoria da absoluta soberania do pais subjacente (que está por baixo) CBAr, Dec nº 32 de 18.11.66. Agora é previsto pelo Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565/86).

e-) navios e aeronaves.

Navios públicos: são os navios de guerra, em serviço militar, ou em serviço oficial (postos a serviço de chefes de Estado ou representantes diplomáticos). Onde quer que se encontrem são considerados parte do território nacional.

Navios privados: são os mercantes ou de propriedade privada. Em alto mar, submetem-se à lei do país cuja bandeira ostenta. Quando em mar territorial brasileiro, a lei brasileira é aplicável.

Aeronaves públicas e privadas: valem as mesmas regras, considerando-se nas privadas o espaço aéreo correspondente ao alto mar, ou ao mar territorial do país sobrevoado. As públicas são consideradas extensão do território do Estado a que pertencem.

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2 Exceção ao princípio da territorialidade

O princípio da territorialidade previsto no artigo 5o do Código Penal possui duas exceções. Uma é a prevista no artigo 7o do Código Penal que cuida da extraterritorialidade. A outra exceção é a prevista na expressão contida no artigo 5o que ressalva “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”, quando a aplicação da lei penal é restringida dentro do próprio território nacional.

Em princípio a lei brasileira é aplicada sem distinção pessoal, possuindo aplicação erga omnes, segundo o artigo 5o da Constituição Federal - todos são iguais perante a lei. Contudo, o artigo 5o do Código Penal estabelece privilégios funcionais que não são concedidos em relação à pessoa, mas sim em relação à função que a mesma exerce. Não são privilégios pessoais e sim funcionais.

Tratado: é o ato pelo qual dois ou mais Estados estabelecem, modificam ou extinguem um vínculo jurídico. Tem conteúdo político;

Convenção (não política): possui forma mais solene e abrange questões menos genéricas. Tem conteúdo civil ou comercial. Tanto um quanto o outro, praticamente, possuem o mesmo significado.

Imunidades diplomáticas: a-) Os Chefes de Estado e os membros de sua comitiva não estão sujeitos à

jurisdição criminal de outro Estado, quando em visita; b-) Os agentes diplomáticos (embaixadores, secretários) também não se sujeitam à jurisdição criminal do Estado no qual estão creditados.

O privilégio é extensivo aos membros da família do agente diplomático.

O privilégio não é extensivo aos cônsules que exercem funções meramente administrativas.

As sedes diplomáticas não mais são consideradas extensão do território estrangeiro. Assim, no caso do cometimento de um crime no interior do território de uma embaixada, por pessoa que não goze de imunidade, ficará o fato sujeito à jurisdição brasileira.

Imunidades parlamentares: Temos as imunidades parlamentares material que é causa de isenção de pena.

Diante disto, os parlamentares são invioláveis no exercício do mandato, por suas opiniões e palavras (artigo 53 da Constituição Federal). E temos as imunidades parlamentares formal a qual constitui prerrogativa processual. Os deputados não poderão ser processados sem a prévia autorização da Câmara (artigo 53, § 1o, 2a parte da Constituição Federal).

Os deputados estaduais também possuem as imunidades materiais e formais (artigo 27, § 1o da Constituição Federal). Já os vereadores só foram agraciados com a imunidade material e não com a imunidade processual (formal), segundo o artigo 29, inciso VI da Constituição Federal.

Chefes de Governo: Nas monarquias, os soberanos são invioláveis, não respondendo pelas infrações penais

cometidas. O que não ocorre com o Presidente da República, o qual só possui regime especial criminal. Pode ser processado com licença da Câmara (artigo 51, I). É julgado nos crimes comuns perante o STF (102, I, b, e 86). E nos crimes de responsabilidade, perante o Senado Federal (52, I e 86).

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3 EXTRATERRITORIALIDADE- Artigo 7o do Código Penal

O art. 5o do Código Penal possui duas exceções. A primeira é prevista no próprio artigo 5o quando o mesmo menciona “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”. Esta exceção já foi estudada anteriormente. A segunda exceção ao princípio da extraterritorialidade é prevista no artigo 7o do Código Penal.

Princípio da Extraterritorialidade: segundo o qual, certos crimes praticados por estrangeiros sofrem a

eficácia da lei nacional.

Formas de Extraterritorialidade:

incondicionada: quando a aplicação da lei penal brasileira ao crime cometido fora do Brasil independe de qualquer condição. Não se subordina à qualquer condição. São os hipóteses previstas no artigo 7o, inciso I. condicionada: quando a aplicação da lei penal brasileira ao crime cometido fora do Brasil fica condicionada ao implemento de determinadas condições. São as hipóteses previstas no inciso II e do § 3o, devendo ser atendidas as exigências do § 2o e das alíneas “a” e “b” do § 3o.

O ideal é que a estrutura do dispositivo ao invés de constar o § 3o, dever-se-ia inserir um inciso III à este dispositivo. Já que a estrutura foi quebrada.

Princípios para a aplicação da extraterritorialidade:

nacionalidade ou personalidade (nacionalidade) - 7o, II, “b”: a lei penal do Estado é aplicável a seus cidadãos onde quer que se encontrem. Possui como fundamento que o cidadão deve obediência à lei do seu país onde quer que se encontre. Pode ser subdividida em:

Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro independentemente da nacionalidade do sujeito passivo.

Princípio da nacionalidade passiva: exige-se que o fato praticado pelo nacional no estrangeiro atinja um bem jurídico de seu próprio Estado ou de um co-cidadão.

da defesa, real ou de proteção - 7o, I, “a”, “b” e “c” e § 3o: leva-se em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado, independente do local em que o crime é praticado ou da nacionalidade do sujeito ativo.

da justiça universal (universalidade) - 7o, I, “d” e 7o, II, “a”: todo o Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima, ou o local de sua prática. Para a imposição da pena, basta que o criminoso encontre-se dentro de um território de um país. É como se o planeta se constituísse em um só território para efeitos de repressão criminal - globalização.

da representação - 7o, II, “c”: a lei penal brasileira também é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizadas no estrangeiro, e ai não venham a ser julgadas.

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4 A REGRA NON BIS IN IDEM - Artigo 8o do Código Penal

O artigo 8o do Código Penal possui a finalidade de se evitar o bis in idem, ou seja, a duplicidade de repressão. Deve-se se ter em conta os princípios da extraterritorialidade, previstos no artigo 7o do Código Penal.

Existe uma diversidade qualitativa quando a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas. P. ex. um sujeito comete um crime apenado no estrangeiro e no Brasil. No estrangeiro recebe pena de multa. No Brasil, de reclusão. Satisfeita a multa no estrangeiro, fica atenuada a pena imposta no Brasil. A atenuação é obrigatória, mas o quantum fica a critério do Juiz.

Existe uma diversidade quantitativa quando a pena cumprida no estrangeiro pelo mesmo crime é computada na pena imposta no Brasil, quando idênticas. P. ex. um sujeito comete um crime apenado no estrangeiro e no Brasil. No estrangeiro recebe pena de um ano de reclusão. No Brasil de dois anos. Cumprida a pena no estrangeiro, deverá cumprir apenas mais um ano no Brasil. Cabe ao julgador apenas abater a pena a ser executada, se maior.

EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA - Artigo 9o do Código Penal

A execução de sentença constitui um ato de soberania. Daí não poder a sentença penal estrangeira, de regra, ser executada no Brasil. A isto se opõe o princípio da territorialidade. Da mesma forma que não se aplicam em nosso território as leis estrangeiras, aqui seus julgados não podem ser executados. As exceções à tal regra são encontradas no artigo 9o do Código Penal.

Para os efeitos civis depende de pedido da parte interessada.

Para os outros efeitos (medida de segurança) depende da existência de tratado de extradição, ou na falta deste, de requisição do Ministro da Justiça.

A competência para a homologação da sentença penal estrangeira é do STF (Constituição Federal, 102, I, “h”; e Código de Processo Penal 787).

CONTAGEM DE PRAZO - Artigo 10 do Código Penal

Prazo é o espaço de tempo, fixo e determinado entre dois momentos, o inicial e o final. Termo é o momento ou o acontecimento que limita o prazo. O prazo tem dois termos, o termo inicial (termo a quo ou dies a quo) e o termo final (termo ad quem ou dies ad quem). O prazo que começa em determinado dia tem ai o seu dies a quo e quando o mesmo termina, tem o seu dies ad quem.

Na contagem do prazo penal o dia do começo é incluído no cômputo. Na contagem do prazo processual penal (798, § 1o), não se inclui o dia do começo, incluindo-se o do vencimento. Estes dois dispositivos embora diversos não são de coexistência inconciliável, porque ambos possuem a finalidade de beneficiarem o agente. De acordo com o artigo 10 do Código Penal, por ser incluído o dia do começo, se o acusado é preso às 11:50 horas do dia 22, ele, nestes 10 (dez) minutos de prisão) já cumpriu um dia de pena.

Outra regra é que os dias, os meses e os anos são contados pelo calendário comum (gregoriano). O dia tem 24 horas, e é contado de meia-noite a meia-noite. O mês tem 28, 29, 30 ou 31, conforme o mês de contagem.

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É contado de determinado dia à véspera do mesmo dia do mês subseqüente. O ano tem 365 ou 366 dias, se bissexto ou não, e é contado de determinado dia à véspera do mesmo dia do ano subseqüente.

Exemplo: O agente começa a cumprir a pena às 19:30 horas do dia 05 de agosto de 1.990. Tem 6 anos, 9 meses e 23 dias de pena a cumprir. Calcular a data do término.

Separar em três colunas, dia, mês e ano.

Dia mês anos

05 08 1.990

+ 6 = 1.996.

+ 9 = 17 meses = 1 ano e 5 meses, joga-se este ano para a coluna própria. + 23 = 28 dias.

Resultado: cumpre a pena em 28 de maio de 1.997. Como se inclui o dia do começo, a pena irá vencer em 27 de maio de 1.997.

Obs: Os prazos penais são fatais e improrrogáveis, mesmo que terminem em domingos e feriados.

FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA - Artigo 11 do Código Penal

O artigo 11 do Código Penal estabelece que deverão ser desprezadas as frações de dias que são as horas. Assim, se o juiz deve aumentar da metade a pena de 15 (quinze) dias o quantum será de 22 (vinte e dois) dias e não 22 (vinte e dois dias) e 12 (doze) horas.

Também deverão serem desprezadas as frações de cruzados que são os centavos. Assim, se o juiz deve aumentar da metade uma pena de 97 (noventa e sete) o quantum será de 145 (cento e quarenta e cinco) cruzados e não 145,50 (cento e quarenta e cinco cruzados e cinqüenta centavos). Suponha-se ainda que uma fração de 11 (onze) dias-multa deva ser aumentada da metade. O resultado será de 16 (dezesseis) dias-multa e não de 16,5 (dezesseis dias multa e cinqüenta centavos).

Note-se que o desprezo deve ocorrer sempre para baixo, mais uma vez beneficiando o réu.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL - Artigo 12 do Código Penal

O artigo 12 do Código Penal estabelece que as regras gerais são aplicáveis aos fatos incriminados por lei especial, caso esta não dispuser de modo diverso.

Como regras gerais, devemos entender as normas penais não incriminadoras (permissivas ou explicativas), contidas na Parte Geral.

Assim, se alguma lei extravagante mencionar sobre a prática de crimes cometidos por funcionários públicos, o conceito de funcionário público deve ser extraído do artigo 327 do Código Penal (explicativa).

A Lei nº 6.368/76 não disciplina sobre a tentativa, que é prevista no artigo 14, II do Código Penal. Desta forma, deve ser aplicada aos crimes tentados da lei de tóxicos o disposto na Parte Geral do Código Penal. De forma diversa, a Lei das Contravenções Penais que prevê em seu artigo 4o que não se pune a tentativa, prevalece sobre o que dispõe o artigo 14, II do Código Penal devido ao princípio da especialidade. E, isto se encontra no texto do artigo 12 “... se esta não dispuser de modo diverso.”

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