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Destaque Depec-Bradesco

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Academic year: 2021

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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Na tentativa de mitigar os impactos da pandemia do Covid-19 sobre a atividade econômica, a maioria dos governos e Bancos Centrais do mundo reagiu rapidamente na primeira metade do ano passado. Nas nossas estimativas, foram injetados cerca de US$ 12 trilhões em estímulos fiscais e

aproximadamente US$ 10 trilhões em estímulos de liquidez, via ampliação dos ativos em posse dos Bancos Centrais. Sem contar que alguns Bancos Centrais também se valeram dos tradicionais estímulos monetários, via redução de taxa de juros, levando suas taxas básicas aos patamares mínimos atingidos na crise financeira global.

Tabela 1: Aumento de liquidez e estímulos fiscais

(*) segundo classificação do FMI, incluindo operações “abaixo da linha” e operações parafiscais. Fonte: FMI (Fiscal Monitor), Bloomberg, Bradesco

Gráfico 2: Taxa básica de juros global

Ponderada pelo PIB PPP

Fonte: FMI, Bloomberg, Bradesco

Como consequência, a recessão causada pela pandemia não só foi menos severa como a recuperação também tem se mostrado mais intensa do que se esperava no início de 2020. Entretanto, esse cenário

de elevada liquidez nos mercados e taxas de juros nas mínimas históricas, somado à melhora na expectativa de crescimento futuro, também produziu um efeito sobre os preços de ativos. Mesmo antes dos primeiros sinais de recuperação da atividade global, houve forte recuperação dos preços das ações e das principais commodities. Ademais, ao longo do ano passado o noticiário positivo com relação às vacinas deu um novo impulso para essa alta.

27 de janeiro de 2021

Destaque Depec-Bradesco

Recuperação da atividade mundial em 2021 deve vir acompanhada de

inflação nas principais economias

Thomas Schreurs Pires Fabiana D’Atri

Aumento de liquidez, via compra de ativos

(em % do PIB) Estímulo fiscal* (em % do PIB) Países Avançados 17% 22% EUA 15% 14% Área do Euro 25% 26% Japão 30% 35% Reino Unido 16% 26% Suíça 26% 11% Países Emergentes 3% 6% Brasil - 15% Mundo 13% 12% 1.1 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Título do Gráfico

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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Gráfico 2: Índices de preços de Commodities Gráfico 3: Índice MSCI da bolsa mundial

Base 100 = janeiro/2020 Base 100 = janeiro/2020

Fonte: Bloomberg, Bradesco

Parte desse movimento pode ser atribuído à melhora nos fundamentos, com expectativa de crescimento mais forte da economia global e, consequentemente, da demanda por commodities. Ao

mesmo tempo, investidores se valem do cenário de juros baixos e liquidez abundante para investir em mercados mais arriscados em busca de maior retorno. No caso específico das commodities, além desses dois fatores, que elevaram a demanda, algumas restrições de oferta no caso das metálicas e estoques mundiais baixos de milho e soja ajudam a pressionar os preços no curto prazo. Por mais que as condições de oferta das commodities agrícolas devam melhorar com a colheita da safra do hemisfério sul, os preços futuros continuam elevados.

A inflação desses ativos também exerce pressão sobre os preços de outros bens na economia. Os

grupos de bens mais suscetíveis a essa pressão são os alimentos e os combustíveis, que costumam reagir rapidamente aos movimentos dos preços internacionais das commodities. Já os demais bens, como os produtos industriais, costumam reagir com defasagem, uma vez que sua cadeia de produção é mais longa. A taxa de câmbio atua amplificando ou mitigando as variações dos preços das commodities sobre os preços domésticos. Dessa forma, um importante vetor que deve atenuar a aceleração da inflação é a expectativa de enfraquecimento do dólar frente às principais moedas.

Gráfico 4: Variação acumulada do índice de commodities em dólar e variação da moeda local

Desde janeiro de 2020

Fonte: Bloomberg, Bradesco

98 110 60 119 122 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

jan-20 fev-20 mar-20 abr-20 mai-20 jun-20 jul-20 ago-20 set-20 out-20 nov-20 dez-20 jan-21

Título do Gráfico Índice Total Agrícolas Energéticas Industriais Ouro e Prata 115 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120

dez-19 jan-20 fev-20 mar-20 abr-20 mai-20 jun-20 jul-20 ago-20 set-20 out-20 nov-20 dez-20

Título do Gráfico -2% -9% -8% -4% -4% -3% -3% -2% -2%0% 0%2% 2%6% 7%8% 10% 21% 24% 35% -20% 0% 20% 40% Austrália Área do EuroJapão Coreia do SulChile Reino UnidoCanadá Polônia HungriaEUA IndonésiaÍndia México Colômbia África do SulPeru Rússia TurquiaBrasil

Título do Gráfico

Commodities Câmbio

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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

A despeito dessa pressão vinda dos preços das commodities, a maioria dos países encerrou 2020 com a inflação abaixo da meta, refletindo o comportamento dos demais preços na economia, em

particular de serviços – severamente impactados pela pandemia. Se por um lado o setor de serviços ainda opera bem abaixo da sua capacidade plena, o industrial já opera em plena capacidade, em alguns países enfrentando até dificuldades em atender a demanda, com estoques muito baixos, o que já se materializa em alta de preços de produtos industriais.

Gráfico 5: Países com inflação abaixo da meta (%) Gráfico 6: Inflação ao consumidor

Índice cheio, alimentos e serviços, var 12 meses

Fonte: Bloomberg

Como nosso cenário pressupõe superação da pandemia até ao final de 2021, com a imunização de boa parte da população mundial na passagem deste para o próximo ano, esperamos que ocorra uma

gradual recuperação da atividade no setor de serviços ao longo do ano. Dessa forma, elevando a pressão sobre o repasse de preços no setor de serviços, e consequentemente sobre os índices de preços ao consumidor.

Diante dessa expectativa de recuperação da atividade econômica em 2021 estimamos o impacto da retomada na inflação ao consumidor de alguns países. Utilizamos um modelo¹ de inflação comumente

utilizado pelos Bancos Centrais como um dos guias para a política monetária. Os resultados das estimativas de inflação para cada país, assim como as variáveis utilizadas no modelo estão expostas na tabela a seguir. O modelo estima qual seria o impacto da variação do PIB na inflação, frente atuais preços de commodities e câmbio. A tabela está ordenada da maior diferença entre a inflação sugerida pelo modelo e o centro da meta de cada país.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Abaixo da meta 3.0% 1.7% 1.4% 0.0% 1.0% 2.0% 3.0% 4.0% 5.0% 6.0% 7.0% 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Título do Gráfico Alimentos Cheio Serviços

1O modelo utilizado foi a equação da curva de Phillips ampliada com expectativas. No qual estimamos a inflação de cada país pela expectativa de

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Tabela 2: Inflação sugerida por variação do PIB, commodities e expectativa de inflação

(*) Expectativas de crescimento e de inflação para 2021 do Brasil foram coletadas do relatório Focus do BCB do dia 22/janeiro. Ademais, consideramos a hipótese comum para todos os países de commodities em moeda local aos preços de 25 de janeiro. Por conta disso e da simplicidade do exercício da tabela a estimativa para inflação do Brasil difere do nosso cenário.

Fonte: Bloomberg, Bradesco

Dessa forma, como sugerido pelos modelos acima, o cenário de inflação mundial em 2021 se mostra mais desafiador para algumas economias. Em grande medida, os modelos sugerem que, dada a

expectativa de retomada da atividade econômica, a inflação também deve acelerar ao longo de 2021, encerrando o ano acima da mediana das expectativas de mercado e em alguns casos acima do centro da meta do Banco Central. Isso mesmo levando em conta elevada ociosidade na economia global ao longo do ano, com um grande contingente de desempregados e com a economia crescendo abaixo do potencial na maioria dos países, mitigando o repasse de preços. É importante ressaltar que esses resultados consideram estabilidade dos preços de commodities nos atuais patamares, assim como a taxa de câmbio – hipóteses importantes e que podem diferir daquelas consideradas pela mediana dos analistas.

Por fim, apesar dessa aceleração dos preços sugerida pelos modelos, acreditamos que a normalização da política monetária será bastante gradual e concentrada em algumas economias emergentes. Por mais que o modelo de inflação para os EUA aponte para preços ligeiramente acima da

meta, acreditamos que o Fed deve permitir que a inflação fique um pouco acima do centro da meta ao longo de 2021. Para os demais países desenvolvidos, os modelos de inflação ainda sugerem inflação abaixo do centro da meta. último dado disponível Centro da meta do Banco Central (2021) Expectativa (mercado) para 2021 Nivel do PIB em set/20 (dez/19=100) Expectativa de crescimento do PIB (2021)

Diferença entre taxa de desemprego atual e a taxa em dez/19

(em pontos base)

Turquia 14.6% 5.0% 11.9% 103 4.0% -1.0 11.0% 6.0 Índia 4.6% 4.0% 6.4% 92 9.2% 2.1 7.1% 3.1 México 3.2% 3.0% 3.5% 92 3.5% 1.1 3.6% 0.6 Chile 3.0% 3.0% 2.8% 94 5.1% 3.7 3.5% 0.5 Peru 2.0% 2.0% 2.0% 89 9.0% 7.7 2.4% 0.4 Colômbia 1.6% 3.0% 2.8% 90 4.9% 4.9 3.3% 0.3 EUA 1.3% 2.0% 2.1% 97 4.1% 3.1 2.3% 0.3 Rússia 4.5% 4.0% 3.8% 96 2.9% 1.5 4.3% 0.3 Polônia 2.3% 2.5% 2.4% 98 3.7% 0.4 2.7% 0.2 Hungria 2.7% 3.0% 3.1% 95 4.1% 1.1 3.2% 0.2 Canadá 0.7% 2.0% 1.7% 95 4.4% 3.0 2.1% 0.1 Brasil* 4.5% 3.8% 3.5% 96 3.5% 2.7 3.8% 0.1 África do Sul 3.1% 4.5% 3.8% 94 3.5% 1.7 4.6% 0.1 Reino Unido 0.6% 2.0% 1.5% 91 4.7% 1.1 1.7% -0.3 Área do Euro -0.3% 1.9% 0.9% 96 4.3% 0.9 1.5% -0.4 Coreia do Sul 0.5% 2.0% 1.0% 98 3.2% 0.9 1.5% -0.5 Austrália 0.7% 2.5% 1.5% 96 3.6% 1.5 2.0% -0.5 Indonésia 1.7% 3.0% 2.3% 96 4.9% 2.1 2.4% -0.6 Japão -0.9% 2.0% 0.1% 96 2.6% 0.7 0.5% -1.5

Inflação Atividade Inflação

sugerida pelo modelo (curva de Phillips ampliada) Diferença entre a inflação sugerida pelo modelo e o centro da meta do Banco Central (em p.p.)

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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Equipe Técnica

O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO)

economiaemdia.com.br

Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa

Economistas Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancsó / Fabiana D’Atri/ Felipe

Wajskop França / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Renan Bassoli Diniz / Robson Rodrigues Pereira / Thiago Coraucci de Angelis / Thomas Henrique Schreurs Pires

Assistentes de pesquisa Ana Beatriz Moreira dos Santos

Referências

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Licenciada em Psicologia pela FPCE – UP; Doutoranda na Universidade de Salamanca, na área da Neuropsicologia Clínica; Doutoranda em Ciências Biomédicas pela Universidade do