Curso de Direitos Autorais
• Prof. Heros Elier Martins Neto
– Bacharel e Mestrando em Direito Civil pela
Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo
– Funcionário do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo
Qual é (era) o objetivo do curso?
• Tendo como base a Lei N° 9.610 de 19, de
fevereiro de 1998, que regula os Direitos
Autorais, buscará apresentar algumas das
principais questões que envolvem os conceitos de
Propriedade Intelectual, Direito Moral e Direito
Patrimonial, comumente trazidos a tona durante
os processos de elaboração de exposições nos
museus. Apresentando casos e mediando as
discussões sobre o ponto de vista da lei,
possibilitará aos cursistas a compreensão legal do
uso de materiais na concepção dos espaços
museais.
Qual é o perfil do participante?
• Nunca teve problemas jurídico com Direitos
Autorais – 92,86%
• Teve pouco contato ou até mesmo nunca leu a
Lei de Direitos Autorais – 64,29%
• Não possui um profissional ou órgão
responsável
pelo
aconselhamento
nas
questões de Direitos Autorais – 64,29%
POR QUE FAZER UM CURSO DE
DIREITOS AUTORAIS?
Tipos de Museu
• Histórico e/ou Artístico – 57,14%
• Outros – 17,86%
– Arqueológico, Mineralogia, Biográfico, Cidade,
Institucional
• Artístico – 17,86%
Perfil Histórico e Outros
• Maioria:
– Não tem suporte jurídico.
– Teve pouco contato ou até mesmo nunca leu a Lei
de Direitos Autorais
Perfil Histórico e Outros
• Por mais que o acervo seja restrito a artefatos
ou objetos históricos do próprio acervo, é
muito narrar uma História ou divulgar o
Museu sem utilizar:
– Textos
Perfil Histórico e Outros
• Lei de Direitos Autorais:
– Art. 7º São obras intelectuais protegidas as
criações do espírito, expressas por qualquer meio
ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou
intangível, conhecido ou que se invente no futuro,
tais como:
• I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
• VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer
processo análogo ao da fotografia;
• IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da
mesma natureza;
Exemplos Narrativa e Divulgação
Museu Histórico Nacional
Museu Histórico Prof. Carlos da
Silva Lacaz – Medicina USP
Participação
• Quem trabalha com museu histórico e outros,
como narra o acervo e divulga a exposição?
Diagnóstico
• É possível que, por não contarem com apoio
jurídico nem conhecerem a lei, existam
violações não intencionais, mas constantes,
de Direitos Autorais.
• Apesar de tais violações não terem acarretado
nenhum problema até agora, trata-se de
matéria muito importante para conseguir
incentivo governamental e poder expandir o
Diagnóstico
• Consequência do uso de indevido, por exemplo,
de fotografia:
– “DIREITO AUTORAL - Foto em publicação sem
autorização do autor e sem crédito - (...) Pesquisa da
autoria é de responsabilidade de quem publica e não
do autor da obra - Prejuízo evidente Valor da
indenização (R$ 1.000,00), porém, não foi adequado,
por ínfimo - Majoração em cinco vezes que melhor
espelha a realidade do caso” (Apelação n.
1067692-39.2013.8.26.0100, 6ª Câmara de Direito Privado,
relator Percival Nogueira, julgada em 5/5/2014)
Objetivo do Curso para o perfil
Histórico de Outros
• Noções básicas sobre
– O que são os Direitos Autorais
– Quais as Obras Protegidas
– Autoria e Domínio Público
– Direitos Patrimoniais e Direitos Morais
– Fotografia
Perfil Artístico
• Maioria:
– Tem suporte jurídico próprio ou da Prefeitura
– Assim como o perfil Histórico e Outros, teve
pouco contato ou até mesmo nunca leu a Lei de
Direitos Autorais
Diagnóstico
• Mesmo contando com um corpo jurídico de
apoio, o pouco conhecimento da lei e o
constante uso de obras artísticas podem
acarretar
eventuais
violações
não
intencionais de Direitos Autorais.
• Como 100% já utiliza obra de terceiros (texto,
áudio ou imagem), possivelmente, embora
sem contato direto com a lei, este perfil já
possui noções básicas de Direitos Autorais
Problema
• Como dar um curso básico (Perfil Histórico e
Outros) e intermediário (Perfil Artístico) ao
mesmo tempo em 3 horas (das 9h00 às
Resposta
Objetivo do Curso para o perfil
Artístico
• Retomar as noções básicas dadas ao perfil
Histórico e Outros
O que são Direitos Autorais
• Propriedade Intelectual
– Propriedade Industrial (caráter técnico)
• Marcas
• Patentes (invenções e modelos de utilidade)
• Lei n. 9.279/1996
– Direitos Autorais (caráter estético)
• Os direitos autorais têm a finalidade de regular a utilização de obras
artísticas dotadas de originalidade de forma a propiciar remuneração
(direitos patrimoniais) e dignidade (direitos morais) aos criadores das
obras (direitos de autor) e aos artistas intérpretes ou executantes, aos
produtores fonográficos e às empresas de radiodifusão (direitos
conexos aos de autor), além de permitir o acesso da coletividade aos
bens culturais por meio das regras sobre domínio público de obras e
de limitação aos direitos autorais. (conceito da apostila)
O que são Direitos Autorais
• Direitos da Personalidade
– Imagem, texto e voz não utilizados em obras artísticas
– Art. 20 do Código Civil: “Salvo se autorizadas, ou se
necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber,
se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,
são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”.
Quais são as Obras Protegidas
• Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do
espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou
que se invente no futuro, tais como:
– I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; (...)
– § 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a
forma literária ou artística, não abrangendo o seu
conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos
que protegem os demais campos da propriedade imaterial.
Autoria
• Que o autor é o criador da obra é fácil, mas como
saber quem é essa pessoa para pedir autorização
de uso?
– Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o
criador da obra literária, artística ou científica usar de
seu nome civil, completo ou abreviado até por suas
iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal
convencional.
– Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não
havendo prova em contrário, aquele que, por uma
das modalidades de identificação referidas no artigo
anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada
ou anunciada essa qualidade na sua utilização.
Autoria
• Se não tiver nenhuma identificação na obra,
significa que não tem autor?
• NÃO, é necessário pesquisar (internet, boca a
boca, associações, etc.).
• A legislação não exige o registro de obra
artística
– Facilita a vida do autor
Domínio Público
• São obras de uso “livre”
– O prazo geral de exploração da obra é de 70 anos
a contar da morte do autor, mas existem diversas
exceções.
– Obra indivisível – Toquinho e Vinícius
– Se a autoria é desconhecida ou o autor não deixa
herdeiros, a obra também cai em domínio público
Domínio Público
• O direitos morais nunca perdem a proteção:
AMÉRICO,
Pedro.
“A
noite
acompanhada dos gênios do estudo
e do amor”. Museu Nacional de
Belas Artes/Ibram.
Imagem presente na embalagem
comercial do “Queijo tipo Brie”, do
Laticínios Cruzília
Direitos Morais
• Esses direitos não podem ser vendidos nem se perdem por não usar • Art. 24. São direitos morais do autor:
• I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
• II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
• III - o de conservar a obra inédita;
• IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; • V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
• VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;
• VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.
• § 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem os incisos I a IV.
• § 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em domínio público.
• § 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, quando couberem.
Direitos Morais
• A violação gera indenização independentemente de prova de prejuízo econômico do autor
• AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. DIREITO AUTORAL. DIVULGAÇÃO DE FOTOGRAFIAS SEM O CONSENTIMENTO DO AUTOR. REVISTA DE GRANDE PUBLICAÇÃO. RITUAIS RELIGIOSOS (RELIGIÃO AYAHUASQUEIRA). SANTO DAIME. (...)1. Sentença que condenou a ré ao pagamento de indenização por danos materiais e morais pela divulgação indevida de fotografias tiradas pela autora, retratando ritual da religião ayahuasqueira (conhecida pelo uso da substância "daime"). (...) Autora que postula indenização por danos morais pela divulgação indevida de suas fotografias, e pelo constrangimento sofrido perante os companheiros seguidores da religião. 3. Divulgação do trabalho fotográfico sem prévia e expressa autorização da autora. Exigências dos arts. 29, I, e 50, da Lei nº 9.610/98. 4. Ausência de identificação clara e completa quanto à autoria.
Violação aos direitos morais da autora do material fotográfico. Art. 24, II, da Lei nº 9.610/98. 5.
Fotografias publicadas sem sombreamento da imagem das pessoas retratadas. Revista de grande publicação. 6. Constrangimento sofrido pela autora diante dos companheiros de seita devidamente demonstrado nos autos. 7. Quantum indenizatório. Manutenção. Valor que serve como fator desestimulante e sancionatório à imprudência da ré, sem implicar em enriquecimento ilícito da apelada [R$ 8.000,00 só de morais] ”. (Apelação n. 0021241-72.2010.8.26.0004, 6ª Câmara de Direito Privado, relator Alexandre Lazzarini, julgada em 4/4/2013).
