Após o estudo desta teoria, você deve estar apto a:
1. explicar os princípios do condicionamento clássico, do condicionamento operante e a teoria da aprendizagem social;
2. Fazer comparações entre o condicionamento clássico, condicionamento operante e teoria da aprendizagem social; e
3. Aplicar os princípios do condicionamento clássico, do condicionamento operante e da teoria da aprendizagem social no ensino em sala de aula.
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é o foco principal do campo da psicologia educacional. Nas semanas
anteriores, nós apresentamos a vocês, as teorias de Jean Piaget (epistemologia genética) e de Lev Vygotsky (Sócio-histórica). Nessa semana, iremos estender nossa discussão e apresentar o Behaviorismo, Começaremos discutindo o condicionamento clássico. Iremos então, examinar a definição e os conceitos de condicionamento operante. Seguiremos então pela explicação dos princípios da teoria da aprendizagem social. No final dessa semana, conheceremos algumas aplicações dos princípios do condicionamento clássico, do condicionamento operante e da teoria da aprendizagem social
1. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
O conceito de condicionamento clássico foi desenvolvido pelo fisiologista russo, Ivan Pavlov (1849-1936). Papalia, Feldman e Olds definem o condicionamento clássico como:
Da definição acima, compreendemos que o elemento chave do condicionamento clássico é a associação. Isto significa que dois estímulos experimentados juntos repetidamente, se tornarão associados. Por exemplo, se um estudante frequentemente encontra estímulos geradores de desprazer nas aulas de matemática, como professores pouco amigáveis, questões muito difíceis, e um monte de deveres de casa, ele pode aprender a não gostar de matemática.
1.1 O experimento de Pavlov
Condicionamento clássico é um tipo de aprendizagem baseada na associação de estímulos, que não eliciam uma resposta particular com outros estímulos que eliciam a resposta. (Papalia, Feldman & Olds, 2007)
Pavlov descobriu o condicionamento clássico quase por acidente. Originalmente, ele queria estudar o papel da saliva na digestão. Ele mediu a quantidade de saliva que um cachorro produzia quando recebia carne. Após alguns dias do experimento, Pavlov percebeu que os cachorros do laboratório começavam a salivar quando o auxiliar do laboratório entrava na sala com o prato de comida, antes que a comida fosse colocada em sua boca. Esse fato ativou a curiosidade de Pavlov fazendo com que ele realizasse mais experimentos buscando entender o fenômeno. Por exemplo, ele tocou um som um pouco antes de apresentar comida ao cachorro. Após ouvir o som muitas vezes logo antes de ser alimentado, o cachorro começava a salivar logo que o som tocava. Em outras palavras, o cachorro tinha sido condicionado a salivar em resposta a novos estímulos (som) que normalmente não produziriam salivação. O cachorro tinha aprendido a associar o som com a comida.
1.2 Tipos de estímulos e respostas
De uma forma simples, um estímulo é qualquer coisa que pode influenciar diretamente um comportamento e produzir uma resposta. No condicionamento classic, existem dois tipos de estímulos e dois tipos de respostas: estímulo incondicionado, estímulo condicionado, resposta incondicionada, e resposta incondicionada, como exposto abaixo.
1.3 Fenômenos comuns em condicionamento clássico
Existem três fenômenos comuns que ocorrem no condicionamento clássico: generalização, discriminação e extinção. Esses fenômenos são descritos abaixo.
Estímulo Resposta
Estímulo Incondicionado (EI) É um estímulo que pode produzir a resposta sem nenhuma
aprendizagem. Ex: carne
Resposta Incondicionada (RI) É a reação não aprendida ou inata, ao estímulo incondicionado. Ex: salivação
Estímulo Condicionado (EC) Estímulo condicionado adquire a habilidade de produzir a resposta porque foi pareado (associado) com o estímulo incondicionado Ex: som
Resposta Condicionada (RC) Quando a resposta é produzida pelo estímulo condicionado, é chamada de resposta condicionada. Ex: salivação
Generalização
Generalização ocorre quando um estímulo similar ao EC produz a RC. Um estudante pode generalizar o seu medo de realizar provas para as disciplinas de física e química, embora ele tenha se saído mal apenas na prova de matemática. Neste caso, as provas de física e química são estimulas similares às provas de matemática e produzem a RC por si mesmas.
Discriminação
Discriminação é o oposto da generalização. Refere-se à habilidade em diferenciar estímulos similares. Por exemplo, um estudante pode sentir medo durante a prova de matemática, mas não durante a prova de física ou de química. Isto mostra que o estudante está apto a diferenciar entre situações apropriadas e não-apropriadas para emitir respostas.
Extinção
Extinção é um processo de desaprender a resposta aprendida por conta da remoção da fonte original da aprendizagem. No condicionamento classico, extinção é feita ao apresentar repetidamente o EC sem o EI. Essa ação provocará um decréscimo da frequencia da RC. Eventualmente, a RC desaparece. No exemplo mencionado, se o estudante repetidamente passa na prova de matemática, seu medo de provas de matemática desaparecerá
O condicionamento Clássico (ou reflexo, ou Pavloviano) é bastante comum em nossa vida. Por exemplo, crianças choram ao ouvir o barulho da máquina do dentista pois, em sua vivência, o som da máquina (estímulo neutro) foi associado a dor (estímulo incondicionado). Com o passar do tempo, apenas o som da máquina já é capaz de eliciar emoções negativas que apareceram no momento do uso da máquina (ansiedade, medo ).
Quando falamos em condicionamento clássico, é importante notar que:
1 - Um estímulo neutro (EN)só adquire poder de eliciar respostas incondicionadas se for apresentado ao mesmo tempo que o estímulo incondicionado (EI);
2 - Quanto mais o estímulo neutro (EN) for pareado com o estímulo incondicionado (EI), mais poder de eliciar a resposta ele adquire;
3 - Quanto menor o tempo de ocorrência entre um estímulo neutro e um incondicionado, mais eficiente será o condicionamento; e
4 - Em alguns casos os fatores biológicos interferem na capacidade de um estímulo neutro (EN) se tornar um estímulo condicionado (EC).
2. CONDICIONAMENTO OPERANTE
Condicionamento operante é uma forma de aprendizagem na qual a consequência do comportamento leva a mudanças na probabilidade de que o comportamento irá ocorrer.
Thorndike (1874-1949) foi o pioneiro no estudo desse tipo de aprendizagem. Sua famosa formulação da Lei do Efeito está no âmago do condicionamento operante. A Lei do Efeito afirma que:
2.1 Tipos de reforço e punição
Reforçamento é a consquência que aumenta a probabilidade do comportamento voltar a ocorrer. Por outro lado, punição é uma consequência que diminui a probabilidade do comportamento ocorrer. Colocado de outra forma, reforçamento irá fortalecer o
comportamento enquanto punição irá enfraquecer o comportamento. Existem duas formas de reforçamento e punição:
Note que quando alguma coisa é adicionada ou apresentada, o processo é chamado de positive e quando alguma coisa é removida ou tirada, o processo de aprendizagem é chamado de negativo. A tabela abaixo nos ajuda a compreender estas formas de reforçamento e punição.
Forma da consequência Descrição Exemplo
“O comportamento que gera um efeito de satisfação (reforçamento) está apto a ser repetido, enquanto o comportamento que gera um efeito negativo (punição) está apto a ser suprimido (Morris & Maisto, 2001)
Reforço positivo Reforçamento Punição Reforço negativo Punição positiva Punição negativa
Os dois tipos de reforçamento são usados para aumentar a probabilidade de que um comportamento precedente será repetido
Os dois tipos de punição são usados para diminuir a probabilidade de que o
comportamento precedente será repetido
Reforçamento positivo Receber algo prazeroso aumentará a ocorrência do
comportamento
Um aluno é elogiado por fazer perguntas em sala. Subsequentemente, o aluno
passa a perguntar mais.
Reforçamento negativo Remover algo desprazeroso aumentará a ocorrência do
comportamento
Um filho que está cansado de ouvir seu pai reclamar por ele não ter feito o dever de casa, faz o dever para remover a
reclamação do pai.
Punição positiva Receber algo desprazeroso diminuirá a ocorrência do
comportamento
Se um professor faz piada da pergunta de um aluno, a probabilidade desse aluno
perguntar novamente diminui.
Punição negativa
Remover alguma coisa prazerosa diminuirá a
ocorrência do comportamento
Um aluno mal criado é removido de sala de aula
2.1 Perigos da Punição
Punição é o caminho mais rápido para mudança de comportamento. Contudo, punição pode ser muito perigosa para o indivíduo. Entre os perigos do uso da punição, temos:
Punição pode ser abusiva. Por exemplo, um professor pode se tornar tão estimulado quando ele está punindo um aluno que se torna abusivo.
Punição pode criar um novo problema, que é a agressão. Estudantes comumente reagem à punição aprendendo a ter aversão ao punidor.
Então, punição não transmite nenhuma informação sobre como pode ser alguma alternativa de comportamento mais apropriado. Pode suprimir um comportamento inadequado apenas para ser substituído por outro. Punição pode se “alto reforçar”. Um estudante pode aprender a se comportar inadequadamente apenas para ter a atenção do professor.
Como conclusão, punição deve ser utilizada apenas como última opção. Não utilize punição positiva física. Como última opção, substitua por punição negativa. Um professor deve, antes de qualquer coisa, reforçar positivamente os comportamentos apropriados no lugar dos inapropriados que está tentando eliminar.
A Teoria da Aprendizagem Social extende o Behaviorismo. Ambas teorias concordam que a experiência é uma importante causa da aprendizagem. Elas também incluem os conceitos de reforçamento e punição em sua explicação do comportamento. Além disso, elas concordam que o feedback é importante na promoção da aprendizagem (Eggen e Kaucak, 2007).
3.1 Aprendizagem observacional
A maioria dos princípios da teoria da aprendizagem social foram desenvolvidos por Bandura (Papalia, Olds & Feldman, 2007). A teoria da aprendizagem social acredita que os alunos aprendem por observação ou imitação de outras pessoas. Esse processo é chamado de modelagem ou aprendizagem observacional.
De acordo com Hinrichs (2004), “aprendizagem observacional é muito comum e muito poderosa”. A versão mais nova da Teoria da Aprendizagem Social é chamada de Teoria Social Cognitiva. A mudança é por causa da grande ênfase nos processos cognitivos da aprendizagem.
De acordo com Bandura (1989), “ambos fatores cognitivos e sociais tem importante papel na aprendizagem”.
Existem quatro processos envolvidos na aprendizagem social. Estes incluem atenção, retenção, produção e motivação como exposto abaixo.
Processo 1 - Atenção
Antes que o aluno possa imitar um comportamento modelo, ele deve prestar atenção no que o modelo está fazendo ou dizendo. Por exemplo, ver um professor escrevendo da mesma perspective que um aluno vê sua própria perspectiva, faz a aprendizagem observacional mais fácil.
Processo 2 - Retenção
Para produzir um modelo de ação, os estudantes devem estar aptos a armazenar o modelo de ação em sua momória para recuperação futura. A retenção dos alunos irá melhorar quando o professor provê demonstrações vívidas, claras e lógicas.
Processo 3 - Produção
Para assistir e lembrar, os alunos devem ser fisicamente capazes de reproduzir os modelos de ação. Aqui, os alunos precisam de muita prática, feedback, e assistência antes que possam reproduzir o modelo de ação
Processo 4 - Motivação
Os estudantes devem ser motivados para demonstrar o modelo de ação. Reforçamento pode ser utilizado para encorajar a aprendizagem observacional. Por exemplo, um professor pode utilizar reforçamento direto tais como dizer “bom trabalho!”. Alternativamente, um professor pode querer utilizar reforçamento vicário. Nesse caso, um estudante pode simplesmente ver outros estudantes sendo reforçados por um comportamento particular e então aumentar sua
própria produção daquele comportamento.
3.2 Modelo de Determinação Recíproca
Bandura desenvolveu um modelo de determinação recíproca que é composto por três fatores. Os fatores são comportamento, pessoa e ambiente como mostrado abaixo.
Fatores do comportamento, ambientais e pessoais interagem para influenciar a aprendizagem. Eles influenciam e são influenciados entre si. Por exemplo, um feedback do professor (ambiente) pode levar os estudantes a estabelecerem objetivos melhores objetivos (pessoa/cognitivo) e estes objetivos irão motivar os estudantes a se esforçarem (comportamento) em seus estudos.
4 – BEHAVIORISMO NA SALA DE AULA
Descreveremos aqui como os professors podem aplicar os princípios do behaviorismo na sala de aula. Dividimos em três subsessões de acordo com as perspectivas discutida anteriormente que são o condicionamento clássico, o condicionamento operante e a teoria da aprendizagem social.
4.1 Aplicando o condicionamento classico na sala de aula
O elemento chave no condicionamento clássico é associação. Contudo, os professores são encorajados a associar uma variedade de eventos positivos e prazerosos com a aprendizagem e atividades de sala de aula. Por exemplo, o professor pode:
Comportamentos (ações do indivíduo, escolhas,
instruções verbais )
Fatores pessoais (expectativas da pessoa, crenças, atitudes, pensamento estratégico, inteligência)
Fatores ambientais (Recursos, consequências das ações, outras pessoas, ambiente físico)
Teoria de Albert
Bandura
4.2 Aplicando o condicionamento operante na sala de aula
No condicionamento operante, a consequência do comportamento produz mudanças na probabilidade do comportamento voltar a ocorrer. Reforçamento e punição são os dois conceitos principais no condicionamento operante. A seguir, alguns exemplos de como podemos aplicar os princípios do condicionamento operante em sala de aula
Utilizar material auxiliar atrativo
Decorar a sala de aula
Encorajar os alunos a trabalharem em pequenos grupos para tarefas de aprendizagem difíceis
Cumprimentar e sorrir para os alunos quando chegam à sala de aula
Informar aos alunos de forma clara e específica quanto ao formato de exercícios, testes e exames
Fazer os alunos entenderem as regras da sala de aula
Dar um tempo amplo para os alunos se prepararem e completarem uma dada tarefa
Reconheça e reforce comportamentos positivos e realizações genuínas de tarefas
Use vários tipos de reforçadores como aprovação do professor (cumprimentos, sorriso, atenção, tapinhas no ombro etc),
reforçamentos concretos (artigos de papelaria, coisas que os alunos valorizam) e privilégios (maior tempo com amigos, maior tempo de recesso)
Reforce bom comportamento e punição com o mau de forma consistente
Surpreenda com reforçamento, para encorajar a persistência
Use punição positiva como última opção. Use punição negativa como ficar na sala na hora do recreio como alternativa
Use punição para o comportamento do aluno e não para suas qualidades pessoais
Deixe claro para o aluno, qual o comportamento que está sendo punido
4.3 Aplicando a Teoria da Aprendizagem Social na sala de aula
A Teoria da Aprendizagem Social foca em como as pessoas aprendem por observação e imitação de outros. Para motivar a aprendizagem utilizando essa abordagem, o professor pode:
SUMÁRIO
O elemento chave no condicionamento clássico é a associação
No condicionamento clássico, existem dois tipos de estímulos (incondicionado e condicionado) e dois tipos de resposta (incondicionada e condicionada)
Três fenômenos comuns no condicionamento clássico são a generalização, discriminação e extinção
Condicionamento operante é a forma de aprendizagem na qual as consequências do comportamento levam a mudanças na probabilidade do comportamento voltar a ocorrer
Reforçamento irá fortalecer o comportamento enquanto punição irá enfraquecer o comportamento
A punição apresenta a mais rápida forma de mudar o comportamento, mas pode ser perigosa para o indivíduo
A Teoria da Aprendizagem Social acredita que o aluno aprende por observação e imitação de outras pessoas
Os quatro processos da aprendizagem social são atenção, retenção, produção e motivação
O Modelo de Determinação Recíproca de Bandura diz que o comportamento, o ambiente e fatores pessoais interagem para influenciar a aprendizagem
5. BIBLIOGRAFIA
1. Bandura, A. (1989). Social cognitive theory. In Vasta, R. (Ed.) Annals of child
Utilizar como modelo, os pares de alta realização e sucesso
Ser ele mesmo um modelo de comportamento positivo
development. Greenwich: JAI.
2. Eggen, P & Kauchak, D. 2007. Educational psychology windows on classrooms. 7th ed. New Jersey: Prentice Hall.
3. Feldman, R. S. 2005. Understanding psychology. 7th ed. Boston: McGraw Hill. 4. Hinrichs, B. H. 2004. Psychology: the essence of a science. Boston: Pearson. 6. Papalia, D. E., Olds, S. W., & Feldman, R. D. 2007. Human development. 10th ed. Boston: McGraw Hill.