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1.2. A Crítica do Pentateuco

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Academic year: 2021

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Texto

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Levítico wayyiqra’ eele chamou

(ar;q]Yiwæ)

Números bemidbbar nodeserto2

(rBæd]miB])

Deuteronômio ’elleh haddbarîm Estas são as palavras

(µyrib;D]hæ hL,ae)

1.1. Autoria

Ainda que estes livros tenham sido considerados por mui-tos como uma unidade, principalmente Gênesis, Êxodo, Levítico e Números, por estarem aparentemente ligados entre eles pela con-junção “e” (w )3, possuem grandes diferenças de conteúdo e estilo,

o que aponta para a possibilidade, também, de uma autoria múlti-pla.

Os livros, em suas formas finais, como se encontram, são anônimos. Não há nenhum texto neles apresentando o autor ou autores de toda a obra. A tradição judaica assim como a cristã tem afirmado que o conjunto foi escrito por Moisés, mas basta uma lei-tura um pouco mais atenta para perceber a impossibilidade disto ser verdade para toda a obra. Com certeza, entre outros relatos claros, não foi ele quem escreveu a respeito de sua própria morte em Dt 34. Também é possível notar, por exemplo, em Nm 21.14-20, onde é citado um livro chamado de “O Livro das Guer-ras do Senhor”, a possibilidade de utilização de outGuer-ras fontes escri-tas na composição da obra.

Por outro lado, não se pode negar a importância de Moisés na composição do conjunto. Ele é a base e, certamente, autor de

2 Este nome é uma exceção. Ele é a 5ª palavra do livro e não a 1ª, como os demais. 3 Tanto Êxodo como Levítico e Números iniciam com a conjunção “e” o que parece

mostrar uma continuidade daquilo que foi escrito anteriormente. Veja os primeiros versículos de cada um destes livros no Texto Hebraico. Contudo, este argumento não deve ser levado em muita consideração, pois outros livros também começam assim. Veja, por exemplo, Josué, Juízes e 1 e 2 Samuel.

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muitas partes, ainda que, mais tarde, outra pessoa, ou pessoas, tenha feito um trabalho de redação e organização para edição da coleção.

1.2. A Crítica do Pentateuco

O fato dos livros serem anônimos e apresentarem diferen-ças de estilo e até aparentes contradições e repetições levou alguns estudiosos a desenvolverem sobre eles estudos críticos profundos, com a intenção de descobrir a verdadeira origem, época e conteú-do de cada um conteú-dos escritos. Isto desencadeou o surgimento de uma série de hipóteses sem precedentes na história da interpretação bíblica. Os anos vão passando e algumas das sugestões destas hipó-teses continuam sendo importantes para o estudante moderno.

Não é possível neste espaço abordar todas as minúcias a respeito do estudo crítico do Pentateuco, mas, a seguir, será apre-sentado um resumo geral.

1.2.1. O início do estudo crítico do Pentateuco

Jean Astruc, em 1753, foi quem deu início ao estudo crítico do Pentateuco ao perceber, segundo ele, que havia no Livro de Gênesis mais de um documento compondo seu texto. Sua hipótese ficou conhecida como Primitiva Hipótese Documentária. Jean Astruc dividiu o livro em dois documentos levando em considera-ção a utilizaconsidera-ção dos termos Elohim (’elohîm - µyhiloaÖ) e Yavé (yhwh-hwhy) para se referir a Deus. Contudo, ele continuou sus-tentando que Moisés foi o autor da obra.

Depois de Jean Astruc, em 1800, surgiu a teoria conhecida como Hipótese Fragmentária, de Alexandre Geddes. Ele decom-pôs o Pentateuco em vários documentos, sem lógica ou nexo, com o que colocou em dúvida a autoria e acabou por destruir a unidade da obra.

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Na sequência, cinco anos mais tarde, em 1805, surge a Hipótese Suplementar, defendida por De Wette. Ele escreveu um livro a respeito do Deuteronômio, defendendo como data para sua escrita o ano de 621 a.C., na época do rei Josias. Mais tarde, outros eruditos que concordavam com esta data para o Livro de Deutero-nômio, fundaram a escola conhecida como Hipótese Suplemen-tar, que defendia ser o “Documento Elohim” a base do Pentateu-co, na qual teria sido incluso o “Documento Yavé”.

Em 1865 foi destacada a opinião de Graf, o qual defendia que os livros de Levítico e Números, surgiram como produto do cativeiro Babilônico, que aconteceu por volta de 586 a.C. Esta ideia foi adotada por Welhausem que acrescentou a possibilidade da existência de um documento denominado “Sacerdotal”. Na opi-nião de Welhausen, este Documento Sacerdotal era de mais ou menos 500 a.C.

1.2.2. As fontes do Pentateuco

Para resumir é bom dizer que destes estudos resultaram, além de documentos menores e adições redacionais, quatro docu-mentos considerados por muitos estudiosos como a base do Penta-teuco. Para que o estudante do Antigo Testamento possa enten-der o que autores das décadas passadas escreveram, e alguns pou-cos atuais ainda escrevem, é bom conhecer ao menos os nomes destes documentos e as datas que lhes são propostas. Como segue: 1) Documento J – Também identificado como obra de um autor

desconhecido identificado apenas, pelos autores das hipóteses, como “Javista”. Seu nome é tirado do nome de Deus “Javé” (Yavé - hwhy), que é o nome divino usado no documento. Segundo a hipótese, o Documento J teria sido escrito por um profeta que viveu no Reino do Sul (Judá), por volta do ano 850 a.C.

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2) Documento E – Também chamado de “Eloista”, em uma referência ao autor desconhecido que usou o título Elohim (’elohîm -µyhiloaÖ) para designar Deus neste documento. Segundo a hipótese ele teria sido escrito por um profeta do Reino do Nor-te (Israel), por volta de 750 a.C.

3) Documento D – Também identificado como produção do Deuteronomista. Este é o atual Livro de Deuteronômio, o qual tem sua escrita atribuída a alguém que viveu na época do rei Josias, em 621 a.C.

4) Documento P – Também chamado de Documento Sacerdotal, por ter sido, supostamente, produzido por uma escola de sacer-dotes. A sigla P vem da palavra inglesa Priest (sacerdote). O Documento P, na opinião dos defensores desta hipótese, são seções legais (leis) que foram incorporadas ao Pentateuco por volta do ano 500 a.C.

Além destes documentos básicos, no decorrer da história, alguns autores têm proposto também outros chamados, por exem-plo, de R (Redator), N (Nômade – hipótese proposta por Sellin),4

J1 (que seria o J alterado por outro escritor), E1 ou E2 (que seria o Documento E alterado), etc.

Na verdade a hipótese se transformou em um emaranhado de opiniões incompatíveis. Contudo, quem estuda o Pentateuco, e mesmo o Antigo Testamento como um todo, pode muito bem aproveitar algumas das possibilidades apresentadas e precisa, ao menos, conhecê-las nas formas básicas para entender o que os estudiosos do assunto estão falando. Ou seja, não leve muito a sério, mas também não jogue tudo fora como se não tivesse nenhu-ma importância. Também não esqueça que o relatado acinenhu-ma apre-sentou hipóteses e não verdades inquestionáveis.

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códi-1.2.3. O desenvolvimento do estudo crítico

Como foi visto no ponto anterior a hipótese que resultou nos quatro documentos básicos propostos como formadores do Pentateuco, “descambou” para uma sucessão de outras hipóteses que acabaram por enfraquecê-la. Devido a este excesso de suges-tões a hipótese vem perdendo sua força. Contudo, nas últimas décadas não surgiu nada que possa suplantá-la na totalidade. Seja como for é bom estar atento para o seguinte: muitos têm des-viado seus esforços para as questões críticas e deixado de lado o mais importante, suas lições eternas.

1.2.4. A forma atual do Pentateuco

Em última análise, para os cristãos de forma geral, o que importa no Pentateuco não é seu autor nem como foi formado, tendo por base um ou vários documentos, mas sim a sua forma final. Esta é que tem sido considerada inspirada e faremos bem se direcionarmos os nossos esforços para entender a sua mensagem divina para os dias atuais acima do como é que ela chegou à forma atual.

1.3. A Importância do Pentateuco

Ao que parece o Pentateuco foi a primeira parte da Bíblia a ser considerada como Palavra de Deus. O judaísmo, em todo o decorrer de sua história, até a atualidade, sempre considerou o Pentateuco como a parte principal das Escrituras Sagradas. Em alguns casos, como foi pelos Saduceus da época de Jesus, só o Pentateuco era considerado inspirado. Na verdade, todo o restante do Antigo Testamento está intimamente ligado a estes livros.

Vale destacar, ainda, que Jesus, ao ser interrogado a respei-to de qual seria o principal dos mandamenrespei-tos da Lei (Mt 22.34-40), respondeu utilizando uma síntese de textos de dois dos livros

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do Pentateuco (Dt 6.5 e Lv 19.18) acrescentando, também, que destes mandamentos depende, além do próprio conjunto conheci-do como Pentateuco (Lei), a parte das Escrituras conhecida como “Profetas”5(Mt 22.40). Veja, a seguir, a resposta de Jesus e o que

dizem os textos do Antigo Testamento que ele utilizou. 1. A resposta de Jesus à pergunta que lhe foi feita:

37Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o

coração, de toda a alma, e de todo o entendimento.

38Este é o maior e o primeiro mandamento.

39E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo

como a ti mesmo.

40Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois

manda-mentos (Mt 22.37-40).

2. Os textos utilizados por Jesus em sua resposta:

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6.5).

“Não te vingarás nem guardarás ódio contra gente do teu povo; pelo contrário, amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor” (Lv 19.18).

5 No Cânon Hebraico, a divisão conhecida como Profetas (nebî’îm -µyaiybin]) é

com-posta pelos seguintes livros: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,

Referências

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