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Sílvia Ribeiro Santos Araújo

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Academic year: 2021

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ASSIMETRIA BILATERAL DE FORÇA E INCIDÊNCIA DE LESÕES EM JOGADORES DE FUTEBOL

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2015

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ASSIMETRIA BILATERAL DE FORÇA E INCIDÊNCIA DE LESÕES EM JOGADORES DE FUTEBOL

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2015

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Ciências do Esporte da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências do Esporte.

Área de Concentração: Treinamento Esportivo Orientador: Prof. Dr. Hans Joachim Karl Menzel

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A658a 2015

Araújo, Sílvia Ribeiro Santos

Assimetria bilateral de força e incidência de lesões em jogadores de futebol. [manuscrito] / Sílvia Ribeiro Santos Araújo – 2015.

101 f., enc.:il.

Orientador: Hans Joachim Karl Menzel

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Bibliografia: f. 74-87

1. Futebol - Teses. 2. Jogadores de futebol - Teses. 3. Lesão - Teses. 4. Saltos - Teses. I. Menzel, Hans-Joaquim Karl. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. III. Título.

CDU: 796.015.52

Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Dedico essa tese à minha mãe Lourdes e ao meu pai Fernando que estiveram ao meu lado em todas as minhas escolhas. Dedico também, ao meu incentivador e marido Fábio e não posso esquecer do meu pequeno príncipe Heitor. Se eu consegui alcançar a vitória, agradeço a vocês. Amo muito, muito e muito!

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Para a conclusão dessa tese, tive o apoio incondicional e o incentivo de muitos amigos e familiares e quero agradecer com muita emoção e lágrimas nos olhos, pois, sem vocês minha caminhada teria sido árdua. Sou eternamente grata por tudo.

Inicialmente, quero agradecer a Deus, meu Pai Maior. Nos momentos conflituosos, eu sempre buscava o meu caminho da paz no Senhor.

Papai e mamãe, obrigada por me fazer essa pessoa que sou. Vocês foram pais exemplares e eu meu espelho e se sou hoje o que sou, agradeço a vocês.

Meus queridos irmãos Flávia e Nando, durante todas as minhas conquistas, vocês estavam na arquibancada me impulsionando para a vitória.

Grim (Fábio Santos), nem sei como te agradecer. Você nunca desistiu de mim e sempre me apoiou desde o início da minha escolha pela carreira acadêmica. Passamos momentos difíceis devido à distância, mas superamos tudo. Agora estamos juntos.

Heitorzinho querido!!! Mamãe fez tudo isso por você. Essa vitória é nossa.

Nessa corrida contra o tempo de 4 anos, tive que compartilhar o meu bastão com pessoas especiais. Posso destacar a minha ―filha acadêmica‖ e amiga para qualquer obra, a querida Fabíola Bertú. O que seria de mim sem a sua organização? E você Jacielle!!! Eu tive o prazer de muitas resenhas acadêmicas e conversas aleatórias. Edgardo, meu amigo, sou eternamente grata à sua prontidão para me ajudar nas coletas. Do fundo do meu coração, muitíssimo obrigada pela parceria. Esse foi o revezamento mais poderoso da minha carreira: Eu, Fabíola, Jajá e Edgardão!!! CAMPEÕES!!!

Prof. Túlio Banja, não posso me esquecer de você, obrigada por me ensinar que eu tenho um plugue e quando preciso ligar e desligar do mundo, eu tenho autonomia para isso. Prof. Gustavo Peixoto, obrigada pelo abraços apertados que muitas vezes juntavam os meus caquinhos. Também tive a valorosa ajuda de alunos colaboradores do BIOLAB: Victor, Daiane, Regina, Beatriz, Julinha e Sara. Recebi planilhas e mais planilhas, incentivos verbais e até massagens relaxantes.

Quero agradecer também, o meu grande amigo e orientador prof. Dr. Hans Menzel por ter confiado em mim há 15 anos e ter me dado a oportunidade de poder aprender que a Biomecânica dos esportes é fascinante.

Prof. Dr. Mauro Heleno, não tenho palavras para externar a admiração que eu tenho por você. Se a cada dia eu sou uma pessoa melhor, você é o ―culpado‖.

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companheiro e amigo prof. Dr. André. Obrigada por me mostrar que existe vida por trás dos números.

Aos parceiros Eduardo Pimenta, Charles, Marco Aurélio e Lucas Oaks, eu quero agradecer por terem acreditado no projeto da tese e disponibilizaram o espaço de trabalho de vocês para a minha coleta.

E para finalizar os agradecimentos, obrigada a todos os integrantes da EEFFTO que de alguma forma contribuíram para a minha conquista.

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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos

mesmos lugares É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la teremos ficado ... para sempre à margem de nós mesmos”

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RESUMO

O futebol por ser um esporte de alta intensidade, apresentar situações com alto impacto e de contato direto entre jogadores, representa um alto risco para lesões. A alta prevalência e fatores de risco associados às lesões têm sido alvo de pesquisas com o objetivo de compreender os padrões epidemiológicos e traumatológicos com a finalidade de identificar e implantar medidas preventivas para reduzir o risco de lesões. Estudos prospectivos têm sinalizado que a avaliação da função muscular pelo teste isocinético na pré-temporada é capaz de identificar variáveis da força muscular que se associam a lesões nos músculos posteriores da coxa, entretanto, os resultados são conflitantes. Diante de resultados antagônicos, o presente estudo investigou a relação entre lesões musculares e assimetrias bilaterais de força de jogadores de futebol medidas por meio de uma tarefa que se aproxime às demandas motoras do futebol, o salto vertical com contramovimento (SCM). Sendo assim, o estudo teve como objetivos: 1) Identificar o ponto de corte das assimetrias bilaterais de força das variáveis dinâmicas: força máxima, potência máxima e impulso da força de reação do solo do SCM realizado em duas plataformas de força; 2) Verificar a relação entre a ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores (mmii) e as assimetrias bilaterais de força; e 3) Verificar a relação entre a ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores e as variáveis dinâmicas (força máxima, potência máxima e impulso). Na pré-temporada, um total de 184 jogadores de futebol profissional realizaram 5 saltos em 02 plataformas de força com coleta simultânea das forças de reação do solo para extrair as variáveis dinâmicas impulso, potência máxima e força máxima, e respectivas assimetrias. Apenas 111 jogadores participaram do estudo prospectivo. Na temporada competitiva, foram registrados os tempos de exposição, em treinos e jogos e todas as lesões musculares não-traumáticas em mmii (79 lesões), para posterior análise. Os valores para ponto de corte das assimetrias, considerados como o valor limite para uma distribuição normal de 95 %, foram: 25,33 % para o impulso; 10,65 % para a força máxima; e 30,95 % para a potência máxima. O teste de χ² não mostrou associação significativa entre lesão muscular e assimetria bilateral das três variáveis dinâmicas avaliadas (força máxima: χ²(1) = 0,005, p = 0,580; impulso: χ²(1) =

0,514, p = 0,304; potência máxima: χ²(1) = 1,774, p = 0,131). O modelo de regressão Logística

indicou que não há relação entre as variáveis investigadas e a ocorrência de lesões em atletas de futebol profissional. Conclui-se que as forças de reação do solo fornecem valores desiguais de assimetria bilateral de força de acordo com a variável dinâmica calculada. Levando-se em consideração as assimetrias bilaterais de força e os valores de desempenho das variáveis dinâmicas, entende-se que esses não se associam individualmente a lesões musculares não-traumáticas de mmii em jogadores de futebol profissional. Sugere-se novos estudos que associem fatores de risco e lesões musculares que possibilitará a compreensão da causalidade da lesão esportiva a partir de uma concepção de integração de fatores.

Palavras-chave: Futebol. Plataforma de força. Salto com contramovimento. Forças de reação do solo. Assimetria. Lesão.

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Soccer, as a high intensity sport, has high impact situations and direct contact between players, which can lead to an increased risk of injuries. Researchers have aimed to identify the risk factors associated with injuries and their prevalence, which could lead to a better understand of epidemiological and traumatic patterns and lead to implement preventive behaviors to reduce the risk of injury. Some prospective studies have indicated that muscle function assessment with dynamometer isokinetic at preseason is capable of identifying muscle strength variables associated with injuries of the hamstring muscle, however, studies have shown conflicting results. Based on these conflicting results, the present study investigated the relationship between muscle injury and bilateral force asymmetries of soccer players assessed through the vertical jump with countermovement (SCM), which presents a motor task more similar to soccer demands. Thus, the present study aimed to: 1) identify the cutoff point of bilateral force asymmetry of dynamic variables: maximum force, maximal power and impulse of ground reaction force at the SCM conducted in two force plates; 2) verify the relationship between the occurrence of non-traumatic muscle injury in the lower limbs (mmii) and bilateral force asymmetries; and 3) investigate the relationship between the occurrence of non-traumatic muscle injury in the lower limbs and the dynamic variables (maximal force, maximal power and impulse). During preseason, 184 professional soccer players performed five jumps in two force plate with synchronized data acquisition of ground reaction forces to compute the dynamic variables such as impulse, maximal power and maximal force, and their asymmetries. Only 111 players participated in the prospective study. During competitive season the exposure times during practices and games, and all non-traumatic muscle injury in mmii (79 injuries) were recorded for further analysis. The cutoff values for asymmetries, considering the limit value for a normal distribution of 95%, were: 25.33% for impulse; 10.65% for maximal force; and 30.95% for maximal power. The χ² test showed no significant association between muscle injury and bilateral asymmetry of the three dynamic variables assessed (maximal force χ²(1) = 0,005, p = 0,580; impulse: χ²(1) = 0,514, p =

0,304; maximal power: χ²(1) = 1,774, p = 0,131). The Logistic regression model showed no

relationship between the investigated variables and the incidence of injuries in professional soccer players. It can be concluded that the ground reaction forces provide different values of bilateral force asymmetry to each dynamic variable calculated. Bilateral force asymmetries and the values of dynamic variables performance are not individually associate with mmii non-traumatic muscle injury in professional soccer players. Future studies are needed to verify the association between risk factors and muscle injuries that will in-depth the understanding of causality of sports injury from a concept of integration of factors.

Keywords: Soccer. Force platform. Countermovement jump. Ground Reaction Force. Asymmetry. Injury.

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Figura 1 Comparação da taxa de lesão no futebol entre jogos e treinos por diversos

pesquisadores... 42

Figura 2 Diagrama que ilustra o fluxo de participantes no presente estudo... 48

Figura 3 Fases do estudo... 49

Figura 4 Técnica do salto com contramovimento... 51

Figura 5 Determinação do início e final do movimento do salto com contramovimentopor meio da curva resultante... 58

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Quadro 1 Razões entre músculos agonistas e antagonistas e ações musculares para identificar déficits musculares... 26 Quadro 2 Equações para o cálculo do ISB de acordo com diferentes autores ... 34 Quadro 3 Classificação de desordens e lesões musculares agudas... 36 Quadro 4 Resumo sinóptico dos estudos de relação de déficits de força musculares

avaliados no isocinético e lesões musculares... 45 Quadro 5 Variáveis dinâmicas a serem investigadas no presente estudo e coeficiente

de correlação intraclasse do índice de simetria bilateral (CCI ISB) ... 57

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Tabela 01 Localização e/ou natureza das lesões que acometem jogadores de futebol em diferentes estudos... 39 Tabela 02 Características da amostra do estudo por meio de valores, mínimos,

máximos, médios e desvios padrão referentes à altura, idade e massa corporal dos atletas de futebol profissional... 48 Tabela 03 Características dos 184 atletas profissionais de futebol do estudo por meio

de valores, mínimos, máximos, médios e desvios padrão referentes à idade, massa corporal e altura... 49 Tabela 04 Valores médios, mínimos, máximos, desvios padrão e valor limite

superior das assimetrias bilaterais (%) das variáveis dinâmicas... 63 Tabela 05 Tipos de lesões ocorridas e quantidade de lesões... 65 Tabela 06 Dados gerais de lesões não-traumáticas ocorridas nas temporadas

2013-2014... 65 Tabela 07 Localização e quantidade de lesões não-traumáticas... 66 Tabela 08 Grupos musculares acometidos por lesões musculares não-traumáticas... 66 Tabela 09 Lado do corpo lesionado e quantidade de lesões musculares

não-traumáticas... 66 Tabela 10 Tempo de exposição em jogos e treinos por minutos de atividade... 67 Tabela 11 Quantidade e percentual de atletas categorizados como simétricos e

assimétricos... 69 Tabela 12 Resultados da análise de Regressão Logística Binária realizada com os

dados de assimetrias bilaterais das variáveis dinâmicas... 69 Tabela 13 Valores médios, mínimos, máximos e desvios padrão das variáveis de

desempenho: impulso (N.s), força máxima (N), força máxima relativa (unidade de peso corporal) e potência máxima (W)... 69 Resultados da análise de Regressão Logística Binária realizada com os dados de desempenho do SCM... 69 Tabela 14 Resultados da análise do razão de chances (RC) das variáveis dinâmicas

relacionadas ao desempenho... 69 Tabela 15 Resultados da análise da razão de chances (RC) das variáveis dinâmicas

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Gráfico 01 Número de atletas categorizados como simétricos ou assimétricos de acordo com as variáveis dinâmicas: impulso, força máxima e potência máxima... 64

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BF bíceps femoral

CAE ciclo de alongamento e encurtamento CCI correlação intra-classe

Fmax força máxima

FRS força de reação do solo

Fti força de reação do solo

H/Q razão entre posteriores da coxa e quadríceps

I impulso

ISB índice de simetria bilateral mmii membros inferiores

mmss membros superiores

OSICS The Orchard Sports Injury Classification system PF plataforma de força

PL percentual de lesão Pmax potência máxima

Pti valor máximo da potência

RR risco relativo

SCM salto vertical com contramovimento SH salto horizontal

SM semimembranoso

ST semitendinoso

SV salto vertical

TCLE Termo de Compromisso Livre e Esclarecido TIL taxa de Incidência de lesão

TIL_j tempo de exposição em competição TIL_t tempo de exposição durante os treinos

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1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 Objetivos ... 19

1.2 Hipóteses ... 19

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 20

2.1 Ações motoras no futebol ... 20

2.2 Assimetrias bilaterais de força ... 23

2.2.1 Assimetrias bilaterais de força e ações motoras no futebol ... 23

2.2.2 Fatores preponderantes para manifestação de assimetrias bilaterais de força ... 24

2.2.3 Métodos para diagnóstico de assimetrias bilaterais de força ... 25

2.3 Lesões no futebol ... 35

2.3.1 Etiologia das lesões ... 35

2.3.2 Localização e tipo de lesão ... 37

2.3.3 Severidade da lesão ... 39

2.3.4 Epidemiologia da lesão ... 40

2.4 Déficits musculares e ocorrência de lesão ... 43

3 MÉTODOS ... 47

3.1 Desenho do estudo ... 47

3.2 Cuidados éticos ... 47

3.3 Amostra ... 47

3.4 Procedimentos ... 49

3.4.1 1ª Fase: Dados pessoais e antropométricos ... 50

3.4.2 2ª Fase: Teste de identificação de assimetria bilateral de força ... 50

3.4.3 3ª Fase: Registro situacional ... 52

3.5 Equipamento ... 55

3.6 Análise dos dados ... 57

3.6.1 Variáveis dinâmicas de interesse ... 58

3.6.2 Índice de simetria bilateral ... 59

3.7 Análise estatística ... 60

3.7.1 Caracterização da amostra e das variáveis do estudo ... 60

3.7.2 Caracterização da exposição a jogos e treinos e das lesões em membros inferiores .... 60

3.7.3 Ponto de corte das assimetrias bilaterais de força das variáveis dinâmicas ... 61

4 RESULTADOS ... 63

4.1 Ponto de corte das assimetrias bilaterais de força de reação do solo ... 63

4.2 Caracterização das lesões não-traumáticas em membros inferiores e identificação dos fatores de risco relacionados ... 64

4.2.1 Localização e tipo de lesão ... 65

4.2.2 Severidade da lesão ... 67

4.2.3 Epidemiologia da lesão muscular não-traumática... 67

4.3 Análise da relação entre assimetria bilateral de força de reação do solo e ocorrência de lesões musculares em membros inferiores ... 67

4.4 Análise da relação entre variáveis de desempenho da força de reação do solo e ocorrência de lesões musculares em membros inferiores ... 69

4.5 Análise da medida de associação razão de chances ... 70

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musculares em membros inferiores ... 74

5.3 Relação entre variáveis de desempenho da força de reação do solo e ocorrência de lesões musculares em membros inferiores ... 80

6 CONCLUSÃO ... 83

REFERÊNCIAS ... 84

APÊNDICE 1 ... 98

APÊNDICE 2 ... 98

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1 INTRODUÇÃO

O futebol, esporte mais popular e praticado no mundo com aproximadamente 240 milhões de jogadores registrados (CLOKE et al., 2012), envolve várias habilidades motoras unilaterais tais como chutes, saltos, corridas com mudança de direção e desarmes (FOUSEKIS; TSEPIS; VAGENAS, 2010). Essas ações motoras realizadas ao longo de vários anos em treinamentos e competições proporcionam uma diferença na quantidade de prática entre os membros inferiores e podem ser fatores determinantes para a manifestação de assimetrias de força muscular (CAREY et al., 2001, FOUSEKIS; TSEPIS; VAGENAS, 2010).

Assimetria bilateral de força é entendida como um favorecimento de um membro, inferior ou superior, em detrimento do outro (SCHOT; BATES & DUFEK, 1994) para desempenhar ações motoras complexas e pode estar relacionada a eventos agudos ou crônicos. Os eventos agudos podem ser o resultado de uma lesão muscular seguida por uma recuperação incompleta, enquanto, os eventos crônicos, podem ser o resultado da execução repetida de tarefas assimétricas e as adaptações seguintes, consolidadas pelo organismo (HODGES; PATRICK; REISER, 2011).

A mensuração da assimetria bilateral de força pode ser realizada por diferentes métodos de medição e protocolos. No contexto dos diferentes métodos de medição estão envolvidos testes de saltos horizontais e verticais (IMPELLIZZERI et al., 2007; STEPHENS II et al., 2007), testes isométricos de extensão do joelho (NEWTON et al., 2006; SIMON & FERRIS, 2008) e testes de dinamometria isocinética (CROISIER et al., 2008; IMPELLIZZERI et al., 2007).

Estudos prospectivos têm sinalizado que a avaliação da função muscular por meio de teste de dinamometria isocinética na pré-temporada é capaz de identificar variáveis da força muscular como preditoras de lesões nos músculos posteriores da coxa, em esportes onde há um alto risco de lesões musculares como no futebol (ORCHARD et al., 1997; CROISIER

et al., 2008). Contudo, os resultados de pesquisa sobre a capacidade de predição de lesão

muscular por meio de variáveis relacionadas aos testes de dinamometria isocinética ainda são controversos. Bennell et al. (1998) e Zvijac et al. (2013) não encontraram associação significativa entre desequilíbrios musculares e ocorrência de lesão para jogadores de futebol. Os resultados conflitantes indicam a necessidade de se investigar a relação entre assimetria bilateral de força e ocorrência de lesões musculares em jogadores de futebol profissionais. Alguns autores relatam que a dinamometria isocinética não reflete o aspecto funcional dos

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membros inferiores envolvidos na prática do futebol (COMETTI et al., 2001; WISLOFF et

al., 2004).

O teste de dinamometria isocinética apresenta como vantagem a precisão das medidas obtidas durante a execução do movimento em velocidade angular constante pré-selecionada, a análise isolada de grupos musculares específicos, a determinação da força muscular excêntrica e/ou concêntrica e desequilíbrios musculares entre agonistas e antagonistas (IMPELLIZZERI et al., 2007), contudo, algumas limitações devem ser consideradas com relação ao aspecto funcional relativo à demanda motora do futebol.

As principais limitações desse teste neste contexto são a execução do movimento em velocidade angular constante pré-selecionada, a análise isolada dos grupos musculares específicos e monoarticular em cadeia cinética aberta, o que não caracterizam os padrões de movimento e os gestos esportivos (MENZEL et al., 2013). A dinamometria isocinética não envolve acelerações, contrações musculares rápidas com utilização do ciclo de alongamento e encurtamento (CAE) com características similares à demanda no futebol (AUGUSTSSON et

al. 1998, STALBOM et al., 2007).

Menzel et al. (2013) investigaram a relação entre medidas obtidas no teste isocinético para os músculos extensores do joelho e no salto contramovimento (CMJ) em um sistema de duas plataformas de força em jogadores de futebol profissional. A análise fatorial mostrou que as variáveis mensuradas no teste de dinamometria isocinética e no CMJ são independentes indicando assim, informações diagnósticas diferentes para a identificação de assimetria bilateral de força. Foi apontado que a dinamometria isocinética isolada pode não ser suficiente para a identificação de assimetria bilateral de força, uma vez que atletas considerados simétricos no teste de dinamometria isocinética apresentaram um padrão assimétrico nas variáveis dinâmicas obtidas durante a execução do CMJ. Por causa desses resultados, os autores recomendam, além de avaliação isocinética, a aplicação de teste de salto vertical sobre plataforma de força para garantir informação diagnóstica complementar.

Estudos prospectivos de coorte que verificaram a relação entre a ocorrência de lesões em jogadores de futebol e a assimetria bilateral de força obtida por meio de testes de saltos verticais padronizados realizados em um sistema de duas plataformas de força podem fornecer novos dados para um melhor entendimento dessa relação. Reforçando esta perspectiva, está a relevância de se identificar fatores que podem prevenir ou minimizar lesões nos membros inferiores de jogadores de futebol, uma vez que o estudo prévio de Freckleton e Pizzari (2013) mostrou que atletas com história de lesão de posteriores da coxa têm 2,7 vezes mais chance ou risco de sofrer um novo estiramento em relação aos atletas sem

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histórico desta lesão. Em relação à prevenção de lesões musculares, no estudo de Croisier et

al. (2008) a normalização do fator déficit de força muscular na pré-temporada, levou a uma

redução significativa na frequência de lesão muscular.

Outro aspecto relacionado com os estudos prospectivos de coorte que investigaram a relação entre a ocorrência de lesões em jogadores de futebol e a assimetria bilateral de força diz respeito aos pontos de corte obtidos por meio do índice de simetria bilateral para diferenciação entre os indivíduos considerados simétricos e assimétricos. Esse índice é uma medida para quantificar a simetria entre os membros inferiores e é referente a uma variável de interesse (ZIFCHOCK et al., 2008). Em termos de valor numérico, a assimetria é considerada qualquer desvio de zero (isto é, a simetria perfeita), e esse valor ainda não está claramente definido na literatura. Diferentes valores normativos ou pontos de corte, variando de 8 a 15%, têm sido propostos na literatura para identificação das assimetrias de força entre membros inferiores (ORCHARD et al., 1997; CROISIER et al., 2008). Os resultados, de uma análise discriminante, no estudo de Orchard et al. (1997) mostraram que a assimetria no pico de torque a 60º/s com o valor superior a 8% foi o melhor parâmetro para relacionar déficits de força com subsequente desenvolvimento de lesão muscular. Já no estudo de Croisier et al. (2008) foi utilizado o valor de corte de 15% para o pico de torque em velocidade angular de 60º/s para caracterizar os atletas suscetíveis a desenvolver lesões musculares nos músculos posteriores da coxa.

Tendo em vista que, tais valores divergentes foram obtidos a partir de estudos que utilizaram a avaliação isocinética, faz-se necessário então, investigar o ponto de corte adequado, a partir da média populacional, para assimetria bilateral de força de reação do solo para as variáveis dinâmicas impulso, força máxima e potência máxima, identificado em saltos verticais padronizados. Não existe uma indicação clara do ponto de corte para as variáveis dinâmicas obtidas a partir das forças de reação do solo em plataforma de força dupla.

Considerando o que foi anteriormente exposto, verifica-se a necessidade de investigar a relação entre lesões musculares e assimetrias bilaterais de força de jogadores de futebol medidas por meio de tarefas que se aproximem às demandas motoras específicas do futebol, assim como a identificação do ponto de corte, específico ao protocolo de salto vertical. A compreensão dessa relação pode fornecer informações relevantes e ampliar o conhecimento sobre o diagnóstico da assimetria bilateral de força e prevenção de lesões não-traumáticas em jogadores de futebol.

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1.1 Objetivos

 Verificar a relação entre a ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores e as assimetrias bilaterais de força de reação do solo no salto com contramovimento realizado em um sistema de duas plataformas de força em jogadores de futebol profissional.

 Verificar a relação entre a ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores e o desempenho das variáveis dinâmicas (força máxima, potência máxima e impulso) no salto com contramovimento realizado em um sistema de duas plataformas de força em jogadores de futebol profissional.

1.2 Hipóteses

H 1: Existe relação significativa entre a ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores e as assimetrias bilaterais de força de reação do solo produzidas pelos membros inferiores no salto com contramovimento de jogadores de futebol profissional no sentido de que atletas que possuem maiores assimetrias bilaterais de força de reação do solo apresentam maiores chances de sofrer lesões não-traumáticas em membros inferiores.

H 2: Existe relação significativa entre ocorrência de lesão muscular não-traumáticas em membros inferiores e o desempenho das variáveis dinâmicas (força máxima, potência máxima e impulso) produzidas pelos membros inferiores no salto com contramovimento de jogadores de futebol profissional no sentido de que atletas que possuem desempenhos inferiores apresentam maiores chances de sofrer lesões não-traumáticas em membros inferiores.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura refere-se aos seguintes assuntos: inicialmente serão apresentadas as características das ações motoras no futebol. Em seguida serão discutidos a relação entre assimetria bilateral de força e ações motoras no futebol, os fatores preponderantes para o desenvolvimento de assimetria bilateral de força e os métodos diagnósticos. Por fim, serão analisadas a etiologia, tipo, localização e ocorrência de lesões no futebol.

2.1 Ações motoras no futebol

O jogo de futebol necessita de diferentes demandas fisiológicas para o desempenho otimizado do jogador. A aptidão física, no contexto específico do futebol, refere-se a uma série de características individuais que é composta de diferentes competências. Tais competências, por definição, incluem fatores físicos, fisiológicos e psicomotores necessários para interceptar ou manter a posse de bola, permanecer em alta intensidade de trabalho nos 90 minutos de jogo, reagir rapidamente e de forma adequada de acordo com o surgimento das oportunidades e da regulação de qualidades mentais antes e durante o jogo.

As demandas fisiológicas do futebol exigem que os jogadores sejam competentes em vários aspectos da condição física, que incluem capacidade aeróbica e anaeróbica, força muscular, flexibilidade e agilidade.

Durante o jogo de futebol, os atletas realizam repetidas corridas curtas, rápidas acelerações, desacelerações, mudanças de direção exigindo assim, a habilidade de produzir altos níveis de força muscular no menor tempo possível e alternam períodos de exercício de alta intensidade com períodos de exercício de baixa intensidade (SVENSSON & DRUST, 2005) com ritmo autosselecionado (GREIG; NAUGHTON; LOVELL, 2006). O jogo impõe um alto nível de condicionamento físico para o jogador que deve estar bem treinado em velocidade, em força, em agilidade e ter excelente capacidade aeróbia máxima (GABBETT, 2010; SILVA et al., 2011).

Em média os atletas de elite percorrem de 10 a 12 km durante uma partida (MOHR; KRUSTRUP; BANGSBO, 2003) a 80-90% da frequência cardíaca máxima (STØLEN et al., 2005). Os jogadores de meio campo percorrem maiores distâncias em

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relação aos atacantes e defensores (DiSALVO et al., 2007) e jogadores amadores para a mesma posição.

Para a distância total percorrida por jogadores durante um jogo, caminhadas e corridas consistem em 58,2-69,4% (0-11 km/h) correspondendo a 6.958-7.080 m; 13,4-16,3% em baixa velocidade de corrida (11,1 - 14 km/h) correspondendo a 1380 - 1965m; 12,3-17,5% em moderada velocidade de corrida (14,1 - 19 km/h) correspondendo a 1257-2116 m, 3,9-6,1% em alta velocidade de corrida (19,1 - 23 km/h) correspondendo a 397-738 m e; 2,1-3.7% correndo (> 23 km/h) correspondendo a 215-446 m (DiSALVO et al., 2007). Apenas 1,2-2,4% (119-286 m) da distância total percorrida por jogadores é com a posse da bola (WITHERS et al., 1982; REILLY, 1997).

Mohr, Krustrup e Bangsbo (2003) verificaram o padrão de atividades de jogadores de futebol de alto nível e encontraram que os jogadores realizam aproximadamente 1350 atividades durante um jogo, incluindo cerca de 220 corridas em alta intensidade. Barros et al. (1998) registraram que 96% das corridas realizadas em jogos, as distâncias percorridas são inferiores a 30m, com 49% sendo mais curtas que 10m. Di Salvo et al. (2007) reportaram que as distâncias percorridas em média correspondem a 19,3 ± 3,2 metros, implicando assim, que as ações em alta intensidade contribuem diretamente para o ganho da posse de bola, marcação de gols ou ações preparatórias para a marcação do gol (REILLY; BANGSBO; FRANKS, 2000). A capacidade de um jogador produzir ações variadas em alta velocidade é o diferencial para seu desempenho na partida (LUHTANEN, 1994).

As prescrições de treinamento no futebol devem se basear nas necessidades específicas das posições de jogo, garantindo assim, jogadores capazes de cumprir suas funções táticas (DiSALVO et al., 2007). Seguindo essa lógica, verifica-se que as ações de alta velocidade são determinantes em uma partida de futebol e podem ser categorizadas em ações que exigem velocidade máxima, aceleração e agilidade.

Resultados conflitantes têm sido relatados sobre a relação entre os diferentes componentes das ações de alta velocidade. Kapidžić et al. (2011) e Buttifant et al. (1999) afirmam que não há correlação significativa entre velocidade máxima e corridas com mudança de direção. Em contrapartida, no estudo de Little e Williams (2005) foram avaliados 106 jogadores de futebol profissionais que realizaram corrida de 10 e 20 metros, aceleração e velocidade máxima, respectivamente e corrida em zigue-zague. Embora os desempenhos nos três testes fossem significativamente correlacionados (p<0.0005), os coeficientes de determinação entre os testes foram apenas 39, 12 e 21% para a aceleração e velocidade máxima, aceleração e agilidade, e velocidade máxima e agilidade, respectivamente. Com base

(24)

nos coeficientes de determinação baixos, os pesquisadores concluíram que a aceleração, velocidade máxima e corridas com mudança de direção são qualidades específicas e relativamente independentes uma das outras. Os autores atribuem a especificidade dessas qualidades físicas às diferenças na musculatura recrutada, às diferentes exigências com relação ao desenvolvimento de força em comprimentos musculares específicos, à demanda de força a ser desenvolvida tanto no modo de ação concêntrica quanto excêntrica, ou ao complexo controle motor e coordenação de vários grupos musculares (LITTLE e WILLIAMS, 2005). Os resultados sugerem para cada componente das ações de alta velocidade, testes e procedimentos específicos devem ser utilizados quando se trabalha com jogadores de elite (LITTLE; WILLIAMS, 2005).

Além de testes e procedimentos específicos para treinamento de jogadores de elite (LITTLE; WILLIAMS, 2005), Voigt e Klausen (1990) recomendam uma combinação de treinamento de força com ênfase em altas cargas e velocidades de execução e treinamento de ações de alta velocidade no mesmo período de tempo. Níveis elevados da força rápida (força máxima, força explosiva) permitem saltos, chutes, acelerações, corridas curtas em altas velocidades e podem diminuir o risco de lesões. Atletas que apresentam altos níveis de força explosiva são capazes de realizar um maior número de repetições de corridas curtas (entre 6 a 15) em menores tempos e sem diminuição significativa do desempenho (LÓPEZ-SEGOVIA

et al., 2014).

Com base no exposto, verifica-se a importância da força máxima e força explosiva concomitante às ações de alta velocidade que envolvem o ciclo alongamento-encurtamento exigidas durante a prática do futebol. Tal afirmação pode se comprovada pelo estudo de Wisloff et al. (2004) que relacionou a carga máxima de agachamento no teste de uma repetição máxima (1RM), o tempo das corridas curtas (30 metros e 10 metros e shuttle run de 10 metros) e a altura do salto com contramovimento. O teste de uma repetição máxima correlacionou com o tempo de 10 m (r = 0,94, p <0,001), com o tempo de 30 m tempo (r = 0,71, p <0,01) e shuttle run de 10 m (r = 0,68, p <0,02), e com a altura de salto (r = 0,78, p <0,02). O desempenho no salto vertical correlacionou com ambos os testes de 10 m (r = 0,72, p <0,001) e 30 m (r = 0,60, p <0,01). Não houve correlação significativa entre o tempo dos 10m shuttle run e os tempos de 10 e 30m. Os resultados confirmam a forte correlação significativa entre força máxima, corridas curtas e o desempenho de salto com contramovimento (WISLOFF et al., 2004). Por meio desse estudo, conclui-se que o desempenho em sprints curtos pode ser explicado pelo desempenho no salto vertical com

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contramovimento em jogadores de futebol, reforçando assim, a importância do desempenho no salto para o jogador de futebol.

O entendimento das relações entre ações motoras, exigidas na prática do futebol, contribui para uma melhor compreensão da essência dessas ações e, posteriormente, para a seleção de testes e procedimentos similares às demandas do futebol que darão suporte ao treinamento, garantindo assim, jogadores bem treinados e capazes de cumprir suas ações táticas durante o jogo (DiSALVO et al., 2007).

2.2 Assimetrias bilaterais de força

2.2.1 Assimetrias bilaterais de força e ações motoras no futebol

A preferência lateral é uma característica humana entendida como a predisposição em escolher um membro em relação ao membro contralateral para a realização de atos motores voluntários em diferentes tarefas da vida diária e esportivas (WITVROUW et al., 2003). Em adultos, a preferência lateral expressa a vantagem de um dos membros em relação ao outro no desempenho de ações motoras unilaterais como chutar e arremessar (SADEGHI et

al., 2000), de forma a concretizá-las com maior rapidez, precisão e força (TEIXEIRA et al.,

1998).

No âmbito esportivo, esta preferência lateral está associada ao nível de desempenho apresentado com os segmentos corporais (SERRIEN et al., 2006; 2008) e à especialização funcional dos hemisférios cerebrais (HEBBAL; MYSOREKAR, 2006) tendo implicações em características diferenciadas de força, flexibilidade, coordenação, equilíbrio e propriocepção (KEARNS; ISOKAWA; ABE, 2001).

Assim, o membro inferior dominante é considerado o preferido para realizar ações voluntárias de manipulação ou mobilização (chutar bola) e proficiente em relação ao contralateral ou não dominante (SADEGHI et al., 2000; PREVIC, 1991). O membro não dominante é responsável pelo suporte e pela estabilização corporal durante ações motoras no futebol. O termo comumente utilizado para expressar a dominância entre membros é lateralidade (SADEGHI et al., 2000).

As habilidades específicas dos esportes coletivos (futebol, voleibol, basquetebol, handebol, futsal) e de alguns esportes individuais (tênis de campo, saltos, corridas em curva

(26)

no atletismo) são tarefas unilaterais que requerem padrão motor assimétrico dos membros inferiores. As tarefas unilaterais ou ações repetidas que utilizam predominantemente um dos lados do corpo proporcionam uma diferença na quantidade de prática entre os membros inferiores ou superiores (LEROY et al., 2000; CAREY et al., 2001). Sendo assim, as ações motoras esportivas, específicas da modalidade praticada pelo indivíduo, podem ser fatores determinantes para a manifestação de assimetria bilateral de força.

O treinamento de futebol e as situações de jogo envolvem várias habilidades motoras unilaterais tais como chutes, saltos, corridas com mudança de direção e desarmes (FOUSEKIS; TSEPIS; VAGENAS, 2010). As habilidades motoras unilaterais, exigidas desde o início do aprendizado do futebol associadas à lateralidade, podem influenciar no desenvolvimento de adaptações assimétricas em nível neuromuscular entre os membros inferiores, principalmente para a força muscular e coordenação motora (HAALAND; HOFF; 2003; KEARNS; ISOKAWA; ABE, 2001; FOUSEKIS; TSEPIS; VAGENAS, 2010). A manifestação da assimetria bilateral de força pode afetar negativamente o desempenho esportivo (CERONI, 2012).

2.2.2 Fatores preponderantes para manifestação de assimetrias bilaterais de força

A presença de assimetrias bilaterais de força pode ser aleatória (flutuante) ou o resultado de eventos agudos ou crônicos. Evento agudo pode ser resultado de uma lesão, seguida por uma recuperação incompleta, enquanto crônica pode também ser o resultado de repetidas ações motoras assimétricas e as adaptações que se seguiram.

As assimetrias podem ser relacionadas a fatores morfológicos como comprimento de membros inferiores (BLUESTEIN & D´AMICO, 1985), interação do indivíduo com o meio ambiente durante o desenvolvimento corporal (HOSHIKAWA et al., 2009) e decorrentes do processo de envelhecimento (BLASZCZYK et al., 2000). Também podem ser devido ao controle neural relacionado às capacidades físicas tais como magnitude da força muscular, flexibilidade e coordenação motora (CAMERON; ADAMS; MAHER, 2003; COWLEY et al., 2006; YOSHIOKA et al., 2010), intensidade do exercício (SIMON & FERRIS, 2009) e fadiga (CHALLIS, 1998; YOSHIOKA et al., 2010).

(27)

Além dos fatores supraditos, a assimetria bilateral de força pode estar relacionada a uma maior probabilidade de desencadear lesões nos membros inferiores em atletas (PREATONI et al., 2005; ZIFCHOCK et al., 2006; CROISIER et al., 2008; KOBAYASHI, 2010). Por conseguinte, realizar as ações motoras esportivas simetricamente em ambos os lados do corpo, ou seja, ser eficiente em realizar giros para ambos os lados ou usar ambos os membros inferiores para saltar são características fundamentais para otimizar o desempenho esportivo (JONES & BAMPOURAS, 2010).

2.2.3 Métodos para diagnóstico de assimetrias bilaterais de força

A identificação da assimetria bilateral de força pode ser realizada por diferentes métodos de medição, instrumentos e protocolos. Diferentes tarefas são utilizadas tais como saltos horizontais e verticais com as suas variações (DANIEL et al., 1982; NOYES et al., 1991; IMPELLIZZERI et al., 2007; LAWSON et al., 2006; STEPHENS et al., 2007, JONES; BAMPOURAS, 2010; MAULDER et al., 2005; MORAN & WALLACE, 2007; SIMON & FERRIS, 2008), testes isométricos de extensão da articulação do joelho (MOSS & WRIGHT, 1994; NEWTON et al., 2006; SIMON; FERRIS, 2008), testes de 1 repetição máxima concêntrica (MOSS & WRIGHT, 1994), testes isocinéticos (MOSS & WRIGHT, 1994; PETSCHING et al., 1998; CROISIER et al., 2005, 2007, 2008; IMPELLIZZERI et al., 2007) e exercício de agachamento com carga submáxima de 80 % de 1 repetição máxima concêntrica (FLANAGAN; SALEM, 2007, NEWTON et al., 2006).

Os equipamentos comumente utilizados para identificação de assimetria bilateral de força são o dinamômetro isocinético e plataforma de força simples ou dupla, sendo a dupla com captação em separado das forças de reação do solo dos membros inferiores e de maneira simultânea. Dessa forma, nessa revisão apenas a avaliação isocinética e testes de saltos verticais padronizados em plataforma de força serão analisados a seguir.

2.2.3.1 Avaliação isocinética

O teste isocinético é usado para a avaliação do padrão funcional da força e do equilíbrio muscular, prioritariamente, em cadeia cinética aberta (IMPELLIZZERI, et al., 2007). Pode ser utilizado para calcular a diferença de determinados parâmetros em músculos

(28)

específicos por meio de ações musculares excêntricas e/ou concêntricas (FOUSEKIS et al., 2010; RAHNAMA et al., 2005; IMPELLIZZERI, 2007; NEWTON et al., 2006; SCHILTZ et

al., 2009; NUZZO et al., 2008), com diferentes velocidades angulares (30 a 300º/s),

objetivando a comparação entre as musculaturas agonistas/antagonistas (razão H/Q) e entre os membros contralaterais (RAHNAMA et al., 2005; MENZEL et al., 2013). Apresenta medidas válidas e confiáveis para a identificação da assimetria bilateral de força (CROISIER et al., 2005).

As variáveis comumente analisadas são a capacidade de produção de torque máximo e de gerar trabalho máximo, relação entre agonista/antagonista e índice de fadiga. A relação entre agonista/antagonista é um modo para identificar o equilíbrio muscular. As relações agonistas/antagonistas podem ser compostas por razão entre os músculos posteriores da coxa (H) e quadríceps (Q) em ações musculares concêntricas (Hconcêntrica/Qconcêntrica),razão

entre os músculos posteriores da coxa e quadríceps em ações musculares excêntricas (razão Hexcêntrico/Qexcêntrico) e razão entre os músculos posteriores da coxa em ações musculares

excêntricas e quadríceps em ações musculares concêntricas (razão Hexcêntrico/Qconcêntrico). Essa

última indica a capacidade dos posteriores da coxa de desacelerar a extensão do joelho.

Quadro 01: Razões entre músculos agonistas e antagonistas e ações musculares para identificar déficits musculares.

Hconcêntrica/

Qconcêntrica

Razão entre os músculos posteriores da coxa (H) e quadríceps (Q) em ações musculares concêntricas

Hexcêntrica/

Qexcêntrica

Razão entre os músculos posteriores da coxa (H) e quadríceps (Q) em ações musculares excêntricas

Hexcêntrica/

Qconcêntrica

Razão entre os músculos posteriores da coxa (H) em ações musculares concêntricas e quadríceps (Q) em ações musculares excêntricas Nota: músculos posteriores da coxa (H); quadríceps (Q)

O teste pode avaliar a capacidade funcional muscular de indivíduos saudáveis ou após acometimento de lesão (LANSHAMMAR; RIBOM, 2011; NEWTON et al., 2006; IMPELLIZZERI et al., 2007) e de atletas (RAHNAMA et al., 2005; FOUSEKIS et al., 2010; DAUTYA; POTIRON-JOSSE; ROCHCONGAR, 2006; DELEXTRAT; GREGORY; COHEN, 2010).

Em indivíduos saudáveis, o teste isocinético é utilizado para a identificação de possíveis déficits musculares (desequilíbrios musculares e assimetria bilateral de força). Rahnama et al. (2005) avaliaram, por meio do teste isocinético em diferente velocidade nas ações concêntricas (60°/s, 120°/s e 300°/s) e excêntricas (120°/s), 41 jogadores de futebol

(29)

amadores e profissionais. Foram encontradas diferenças significativas entre membro dominante e não dominante nos flexores do joelho na velocidade de 120°/s e na relação dinâmica de controle (Hexcêntrica/ Qconcêntrica), na velocidade de 120°/s, em ambos os casos os

flexores eram mais fortes no membro inferior não dominante. Foi encontrado também que 68% da amostra apresentou assimetria bilateral de força superior a 10%. Os autores concluíram que esses resultados podem ser diretamente relacionados à prática do futebol.

Assim como Rahnama et al. (2005), Fousekis et al. (2010) avaliaram jogadores de futebol em nível profissional, com diferentes anos de treinamento profissional. Diferentes velocidades angulares em ação concêntrica (60°/s, 180°/s e 300°/s) e excêntrica (60°/s e 180°/s) de flexão e extensão do joelho foram utilizadas no teste isocinético. As variáveis avaliadas foram: pico médio de torque, relação do torque máximo entre flexão/extensão do joelho. Os autores concluíram que atletas com maior tempo de treinamento apresentaram menores valores de assimetria bilateral de força na avaliação concêntrica para velocidades de 180°/s e 300°/s.

Apesar dos estudos supra ditos terem encontrado diferenças significativas ente os membros, dominante e não-dominante, alguns estudos não identificaram nenhuma diferença estatística em qualquer velocidade (OSTENBERG et al., 2000; MAGALHÃES et al., 2004).

Dautya, Potiron-Josse e Rochcongar (2003), avaliaram a força muscular de membros inferiores de 15 jogadores de futebol com histórico de lesões musculares na coxa e 17 não lesionados em isocinético com velocidade angular de 60º/s. O estudo teve como objetivo verificar se a variável dinâmica (pico de torque) era capaz de identificar atletas que tiveram lesões anteriores. A razão Hexcêntrico/Qexcêntrico inferior a 0,6 e assimetria bilateral de

força maior que 10% não permitiram a identificação de jogadores de futebol com lesão muscular. Por outro lado, razão Hexcêntrico/Qconcêntrica inferior a 0,6 e assimetria acima de 10%

identificaram jogadores de futebol não lesionados (probabilidade de 90,1%). A razão Hexcêntrico/Qconcêntrico inferior a 0,6 é a melhor preditora de lesões musculares prévias

(probabilidade de 77,5%). Os autores concluíram que, a avaliação isocinética concêntrica e excêntrica dos músculos posteriores da coxa na velocidade de 60º/s torna possível a identificação de atletas que tiveram lesão nos músculos posteriores da coxa.

Delextrat, Gregory e Cohen (2010) avaliaram o efeito da fadiga induzida por um teste específico que simula a condição de jogo de futebol na razão H/Q entre os membros, dominante e não dominante, de jogadores de futebol nas velocidades angulares de 60°/s e 180°/s. Após o protocolo de fadiga, os autores verificaram diminuição significativa do torque

(30)

para a razão Hconcêntrico/Qconcêntrico e na razão Hexcêntrico/Qconcêntrico. Os autores sugerem que a

razão Hexcêntrico/Qconcêntrico melhor representa a situação de fadiga imposta pela condição de

jogo. Ainda sugerem, exercícios excêntricos para aumentar a força muscular dos flexores de joelho e diminuir lesões musculares. Camarda e Denadai (2012), em um estudo similar, afirmam que após fadiga induzida, as alterações na razão Hexcêntrico/Qconcêntrico e razão

Hconcêntrico/Qconcêntrico são dependentes do equilíbrio muscular.

Com o objetivo de verificar a importância clínica de se identificar assimetria bilateral de força entre flexores e extensores ou desequilíbrios musculares (razão Hconcêntrico/Qconcêntrico) de joelho no teste isocinético com velocidade angular constante de 90°/s,

Lanshammar e Ribom (2011) avaliaram 159 mulheres não atletas. Os resultados mostraram que o membro inferior dominante foi mais fraco para os flexores de joelho (8.6%; p <0.001) e mais forte para os extensores de joelho (5.3%; p=0.009) quando comparado ao membro não dominante. Em relação à razão Hconcêntrico/Qconcêntrico, o membro dominante apresentou razão de

46% e o membro não dominnante 53% (p > 0.001). Os autores concluíram que a amostra foi assimétrica tendo favorecimento dos flexores de joelho para o membro não dominante e dos extensores para o membro dominante.

Nesse contexto, a avaliação da capacidade funcional muscular por meio de dinamometria isocinética é de suma importância para fins diagnósticos e corrigir preventivamente déficits musculares (assimetrias ou desequilíbrios musculares), avaliar resultados da intervenção e determinar se o indivíduo tem condições de retornar às suas atividades ocupacionais e/ou esportivas.

2.2.3.2 Testes de saltos verticais padronizados em plataforma de força

Tarefa de salto vertical em plataforma de força, unipodal ou bipodal, tem sido o principal método utilizado para detectar assimetrias bilaterais de força nas extremidades inferiores (JONES; BAMPOURAS, 2010; MENZEL et al., 2013).

A plataforma de força é um equipamento que mede as forças de reação do solo em resposta à força exercida pelos indivíduos (LINTHORNE, 2001) como indicador da força muscular produzida durante o salto vertical padronizado (salto com contramovimento e sem contramovimento, ICC=0.98; 0.97, respectivamente). O salto vertical realizado em plataforma de força possibilita a obtenção do impulso, força máxima e potência, de forma direta e confiável (MEYLAN et al. 2010).

(31)

Os salto verticais padronizados são movimentos humanos dinâmicos (YOSHIOKA et al., 2010) em cadeia cinética fechada. Pode-se avaliar tanto o ciclo de alongamento e encurtamento de longa duração (<0,200 ms) e de curta duração (>0,200 ms) por meio dos saltos com contramovimento e em profundidade, quanto a força muscular concêntrica por meio de salto agachado (YOUNG, 1995). Os salto verticais padronizados necessitam de uma alta demanda de coordenação entre os membros inferiores e superiores (MARKOVIC et al., 2004) e são mais específicos que o teste isocinético por reproduz as ações de alta intensidades esportivas (NEWTON et al., 2006; MENZEL et al., 2013).

Diversos pesquisadores, Meylan et al. (2010), Impellizzeri et al. (2007) e Menzel et al. (2013), verificaram a confiabilidades das variáveis dinâmicas do salto vertical com contramovimento monopodal (potência máxima, impulso, força máxima, velocidade de saída e altura do salto, e da variáveis temporais, tempo de contato, tempo até a força máxima e tempo até a potência máxima), bipodal com medidas sequenciais das forças de reação do solo (força máxima) e bipodal com medidas simultâneas (força máxima, impulso e potência máxima).

No estudo de Meylan et al. (2010) os resultados da confiabilidade para a força máxima e para potência máxima foram CCI = 0,95 e 0,94, respectivamente. Para o tempo para atingir a força máxima e para o tempo para atingir a potência máxima foi CCI = 0,64 e 0,77, respectivamente. No estudo de Impellizzeri et al. (2007), o CCI encontrado para a força máxima foi de 0,91. Menzel et al. (2013) encontraram valores de CCI para o índice de simetria bilateral para força máxima, potência máxima e impulso de CCI= 0,71; 0,74, e 0,81, respectivamente.

Com base nos estudos de Meylan et al. (2010), Impellizzeri et al. (2007) e Menzel

et al. (2013), verifica-se que os testes de salto vertical com contramovimento, monopodal ou

bipodal realizados em plataforma de força, apresentam variáveis dinâmicas reprodutíveis sendo assim, adequados para a identificação de assimetria bilateral de força nos membros inferiores.

Menzel et al. (2013) compararam as medidas obtidas no teste isocinético para os extensores do joelho com o salto contramovimento. A análise fatorial mostrou que os testes isocinéticos e CMJ são métodos independentes para a avaliação de assimetria bilateral de força. Foi apontado que a dinamometria isocinética isolada pode não ser suficiente para identificação de assimetria bilateral de força, uma vez que atletas considerados simétricos na avaliação isocinética podem apresentar um padrão assimétrico nas variáveis dinâmicas obtidas durante a execução do salto vertical com contramovimento. Por fim, os autores

(32)

recomendam, além de avaliação isocinética, a aplicação de teste de salto vertical sobre plataforma de força para garantir informação complementares para o diagnóstico.

2.2.3.3 Índice de simetria bilateral

Para a identificação das assimetrias bilaterais de força é necessária uma medida discreta, que descreve a igualdade ou a diferença entre os membros (ZIFCHOCK et al., 2008). Para a quantificação das assimetrias bilaterais de força são empregados índices (ROBINSON et al., 1987; KNAPIK et al., 1991; KARAMANIDIS et al., 2003, BARBER & WESTIN, 1990; MAULDER & CRONIN, 2005; ZIFCHOCK et al., 2007), razões entre a perna direita e esquerda (IMPELLIZZERI et al., 2007; YOSHIHIRO et al., 2010).

O índice de simetria bilateral (ISB) é um dos métodos mais utilizados para quantificar as assimetrias bilaterais de força. Pela utilização desse índice obtém um único valor que quantifica a simetria entre os membros inferiores para uma variável de interesse e possibilitando assim, comparação entre grupos (ZIFCHOCK et al., 2008). As equações propostas por pesquisadores estão apresentadas no quadro 1.

A equação apresentada por Zifchock et al. (2008) para a determinação do ISB foi:

ISB: ((lado 1 – lado 2)/valor de referência) x 100 [1]

Os pesquisadores apontam problemas para a utilização de tal equação, visto que a escolha do valor de referência pode modificar o resultado do ISB. Os resultados obtidos no estudo mostraram que a equação para determinar o ISB foi sensível para identificar a diferença com qualquer valor de referência utilizado, porém os valores encontrados não foram iguais.

Barber & Westin (1990) calcularam o ISB pela razão entre os membros inferiores.

(33)

A equação identifica diferenças, entretanto, com a utilização dessa razão não é possível identificar a origem dessa diferença (SADEGHI et al., 2000).

Maulder & Cronin (2005) utilizaram uma equação similar a Zifchock et al. (2008).

ISB: [(membro inferior não dominante – membro inferior dominante) /membro inferior dominante] x 100 [3]

Valores maiores que 15%, encontrados por meio da equação, foram considerados como assimétricos para os saltos tanto verticais quanto horizontais.

Newton et al.(2006) aplicaram uma equação parecida com a de Maulder & Cronin (2005), porém, a comparação é feita entre os membros inferiores direito e esquerdo e tendo como referência o membro inferior direito.

ISB:[(membro inferior direito – membro inferior esquerdo) /membro inferior direito)] x 100

[4]

A desvantagem das equações supraditas (ZIFCHOCK et al., 2008; NEWTON et

al., 2006; MAULDER & CRONIN, 2005) é que não há garantia de que o valor utilizado

como referência terá menor ou maior magnitude, podendo então, obter resultados supra ou superestimados, inviabilizando a comparação entre indivíduos e entre diferentes grupos (ZIFCHOCK et al., 2008) e causando assim resultados inconsistentes.

As equação propostas por Sadeghi et al. (2000) e Clark (2001), resultam em ISB variando entre -1 e 1. A utilização do maior valor com referência possibilita a comparação entre os indivíduos e entre possíveis grupos, além da possibilidade de identificar qual dos membros inferiores é responsável pela diferença. Para a equação de Sadeghi et al. (2000), ISB positivos indicam maiores valores para o membro inferior esquerdo, enquanto que, ISB positivos maiores valores para o membro inferior direito. Para a equação de Clark et al. (2001), ISB positivos indicam maiores valores para o membro inferior direito, enquanto que, ISB positivos maiores valores para o membro inferior esquerdo.

(34)

[(membro inferior esquerdo – membro inferior direito)/maior valor] x 100

Sadeghi et al. (2000) [5] [(membro inferior direito – membro inferior esquerdo)/maior valor] x 100

Clark (2001) [6] Diversas são as formas de se calcular o ISB e as equações de Sadeghi et al. (2000) e Clark (2001), mostram-se, dentre todas, mais adequadas para o cálculo do ISB em indivíduos saudáveis de maneira confiável e precisa. A utilização de diferentes valores de corte para o ISB varia de acordo com a natureza do teste.

Quanto ao valor de equivalência relativa entre membros inferiores ou valor de corte para o ISB categorizar indivíduos como assimétricos ou simétricos, não existe um consenso na literatura. O valor de corte varia de acordo com o teste a ser aplicado e a amostra utilizada. Para o teste isocinético (pico de torque, trabalho e relação flexão/extensão) o valor do ISB não se deve ultrapassar 10% para indivíduos lesionados para retorno às atividades (IMPELLIZZERI et al., 2007; PETSCHING et al., 1998; SCHILTZ et al., 2009; RAHNAMA

et al., 2007; LANSHAMMAR, 2011). Para a amostra de jogadores de futebol e saudáveis

Croisier et al. (2008) indicam valores superiores a 15%, em contrapartida, Orchard et al. (1997) indicam valores superiores a 8% para classificar indivíduos com maior probabilidade de sofrer lesões musculares.

Em testes motores monopodais, como por exemplo, hop test for distance, há um consenso na literatura científica, os valores de corte utilizados são de 15% para categorizar os indivíduos tendo como variável de análise a distância entre o ponto de partida e de aterrissagem após o salto (EBBEN & FLANAGAN, 2009; IMPELLIZZERI et al., 2007; JONES & BAMPOURAS, 2010; MAULDER & CRONIN, 2005; MEYLAN et al., 2010; NEWTON et al., 2006; NOYES et al., 1991; PATERNO et al., 2007; PETSCHING et al., 1998).

Para as variáveis, força máxima, potência máxima e impulso, mensuradas em plataforma de força simples ou dupla, com medidas sequenciais ou simultâneas, somente indivíduos com valores do ISB superiores a 15% foram considerados assimétricos (NEWTON

et al., 2006; MENZEL et al.,2006; IMPELLIZZERI et al., 2007; MENZEL et al.,2013).

Segundo Petsching et al. (1998) é necessário um valor de corte entre membros inferiores de no mínimo 85% para a solicitação motora em demanda funcional, caso contrário, a assimetria bilateral de força pode desencadear lesões, além de comprometer o desempenho na atividade

(35)

esportiva (KRAMER, 1990; HAALAND et al., 2003). Desta forma, a simetria da força muscular entre membros inferiores pode contribuir para a diminuição da ocorrência de lesões musculares em jogadores de futebol (CROISIER et al., 2008; GIOFTSIDOU et al., 2008, LEHANCE et al., 2009).

Verifica-se que a identificação de assimetria bilateral de força em membros inferiores vem sendo o centro de diferentes estudos para os campos da reabilitação e do desempenho esportivo devido a sua associação com maiores riscos de lesão, principalmente para os músculos posteriores da coxa e para o ligamento cruzado anterior (PREATONI et al., 2005; CROISIER et al., 2008; KOBAYASHI et al., 2010) e devido a sua influência no rendimento esportivo (STEPHENS II et al., 2007; KOBAYASHI et al., 2010; CERONI, 2012). Entretanto ainda não há um consenso na literatura científica a respeito do valor de corte, valores esses que variam de 8 a 15%, para categorizar os atletas em simétricos e assimétricos.

A seguir, no quadro 2, estão apresentadas as equações supracitadas para o cálculo do índice de simetria bilateral de acordo com diferentes autores.

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Quadro 2: Equações para o cálculo do ISB de acordo com diferentes autores.

AUTORES (ANO) EQUAÇÃO DESCRIÇÃO

Zifchock et al. (2008) (lado 1 – lado 2)/(valor de referência) * 100.

Ângulo de simetria Barber & Westin (1990);

Clark (2001)

[(valor do membro direito – valor do membro esquerdo) /

maior valor entre os

membros]*-100

Valor positivo mais alto perna direita, negativo perna esquerda, independente da lateralidade do atleta.

Maulder & cronin (2005); Jones & Bampouras, 2010; McElveen et al., 2010; Meylan et al., 2010; Ceroni

et al., 2012

[(membro inferior não

dominante – membro inferior dominante)/membro inferior dominante] * 100

Membro inferior dominante preferido para chutar uma bola de futebol

Robinson et al., 1987 XR – lado direito

XL – lado esquerdo

SI - índice de simetria bilateral

Knapik et al., 1991;

Petschnig et al., 1998; Noyes

et al., 1991; Paterno et al.,

2007;

[(Membro lesionado – membro

não lesionado)/ Membro

lesionado] *100

Impellizzeri et al, 2007 [(Membro forte – membro

fraco)/ Membro forte] *100

Utilizou um sinal negativo quando o membro esquerdo era mais forte e sinal positivo quando o membro mais forte era o direito

Schiltz et al., 2009 [1 - (Membro lesionado –

membro não lesionado)] *100 ou

[1 - (Membro não domimante – membro dominante)] *100

A primeira foi utilizada para atletas com histórico de lesão a segunda sem histórico de lesão

Bell et al., 2014 [(valor do membro direito –

valor do membro esquerdo) / ½ (valor do membro direito + valor do membro esquerdo)]

*100

Utilizou um sinal negativo quando o membro esquerdo era mais forte e sinal positivo quando o membro mais forte era o direito

(37)

2.3 Lesões no futebol

2.3.1 Etiologia das lesões

A ocorrência de lesões em atletas é amplamente discutida na literatura em estudos epidemiológicos. Os estudos têm investigado múltiplas comparações entre lesões e nível de habilidade (POULSEN et al., 1991; PETERSON et al., 2000), sexo (TEGNANDER et al., 2008; MURPHY et al., 2012), tempo de exposição em treinos e jogos (HÄGGLUND et al., 2009; BRITO et al., 2012), desequilíbrios musculares e assimetria bilateral de força (CROISIER et al., 2008).

Estima-se que 50 a 60 % das lesões sofridas durante atividades esportivas ocorrem durante a prática do futebol. Alguns estudos têm mostrado que em jogadores de futebol a ocorrência de lesões em jogos competitivos é maior quando comparada em situação de treinos (HAWKINS; FULLER, 1999; MORGAN; OBERLANDER, 2001; YARD et al., 2008; HÄGGLUND et al., 2009; BRITO et al., 2012).

As lesões agudas mais frequentes no futebol são traumáticas tais como: lesões ligamentares (tornozelo e joelho); estiramentos musculares (quadríceps, posteriores da coxa, adutores e tríceps sural); e contusões; ou lesões por overuse (LONGO et al., 2012).

As lesões ligamentares acontecem quando há aplicação de uma sobrecarga na articulação em uma direção inadequada e podem ser classificadas como lesões mínimas (dano em um número pequeno de fibras dos ligamentos), parciais (maioria dos danos com retorno satisfatório para a atividade em poucas semanas) ou completas. A ruptura completa de um ou de vários ligamentos é considerada uma lesão grave e muitas vezes são necessários procedimentos cirúrgicos (FERRETTI, 2011).

O estiramento muscular é uma desordem estrutural classificado de acordo com a sua severidade podendo ser parcial (leve ou moderado) ou subtotal e total. Lesão leve é um estiramento muscular que haverá sangramento mínimo entre as fibras e subsequente dor e sensibilidade local. Estiramento moderado é o rompimento de algumas fibras musculares e o estiramento subtotal e total é o rompimento quase total ou total de um músculo podendo ser necessária intervenção cirúrgica reparadora (MUELLER-WOHLFAHRT et al., 2012).

A aplicação de uma força tensional superior à resistência do tecido muscular pode ocasionar um estiramento muscular, quando este está em contração excêntrica. A força

Referências

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