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Procedimentos

No documento Sílvia Ribeiro Santos Araújo (páginas 51-57)

3 MÉTODOS

3.4 Procedimentos

A coleta de dados foi realizada na sede esportiva de cada equipe de futebol, mediante deslocamento dos instrumentos (plataforma de força, computador e monitor) e dos pesquisadores envolvidos. Os instrumentos foram acondicionados em um espaço seguro e que era possível manter a privacidade dos voluntários que foram submetidos aos procedimentos metodológicos constantes de três fases.

Figura 3: Fases do estudo

A 1ª fase (exames clínicos) e a 2ª fase (medidas de simetria entre membros inferiores) ocorreram no período da pré-temporada. A 3ª fase (acompanhamento nas atividades diárias durante a temporada) aconteceu ao longo da temporada do campeonato estadual e campeonato brasileiro de 2013 ou 2014.

3.4.1 1ª Fase: Dados pessoais e antropométricos

Na da pré-temporada foram mensuradas pela comissão técnica as características antropométricas (massa corporal e altura), utilizando-se uma balança (Filizola PL 200) com um estadiômetro acoplado (precisão de 0,1kg e 0,05m). Também foram fornecidas à equipe de pesquisadores as informações sobre qual a posição em jogos e o membro inferior dominante de cada atleta.

Em seguida, os procedimentos foram esclarecidos aos atletas e então solicitados pelos pesquisadores que os mesmos assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

3.4.2 2ª Fase: Teste de identificação de assimetria bilateral de força

Os testes para mensuração do desempenho de força de reação do solo e identificação de assimetria bilateral de força consistiram em saltos verticais padronizados (salto com contramovimento) (figura 4) realizados em 2 plataformas de força posicionadas lado a lado e sincronizadas. Antes da coleta propriamente dita, os atletas foram submetidos a uma atividade preparatória padronizada conduzida pela comissão técnica com duração total aproximada de dez minutos. Após a atividade preparatória, os atletas foram conduzidos à sala de coleta de dados para execução dos testes de saltos verticais.

Figura 4: Técnica do salto com contramovimento

Fonte: Adaptado de LINTHORNE, 2001, p. 2.

Antes do salto propriamente dito, os atletas posicionaram cada pé em uma plataforma de força (PLA3-1D-7KN/JBAZb. Staniak, Polônia) (FIGURA 4). Solicitou-se que o peso corporal estivesse distribuído de forma similar entre os dois membros inferiores. O comando verbal do examinador marcou o início da execução do salto e o momento de descer da plataforma.

Partindo da posição ortostática, os atletas executaram, então, um contramovimento anterior à impulsão ascendente, sem qualquer restrição em termos de graus de flexão de joelhos e quadris (salto autosselecionado) nas duas plataformas de força. As mãos permaneceram fixas no quadril, pois a oscilação dos membros superiores poderiam interferir nos resultados do salto (WALSH et al., 2007) pela contribuição do somatório dos momentos de outras alavancas durante a execução do salto.

Os voluntários executaram cinco tentativas válidas de saltos verticais com contramovimento. Entre cada tentativa foi destinada ao voluntário um intervalo de aproximadamente 60 segundos. O intervalo de tempo entre repetições possibilitou que a fadiga neuromuscular não interferisse no desempenho dos saltos consecutivos. Esse treinamento é baseado nas normativas de cargas propostas (HUNTER; MARSHAL, 2002) para o treinamento de salto vertical. Caso o atleta cometesse algum erro de execução perceptível, o pesquisador solicitava a repetição do salto. Os Erros de execução perceptíveis considerados no presente estudo foram:

 Retirada das mãos da cintura durante qualquer fase de execução da técnica;  Flexão de quadris ou joelhos durante a fase de vôo;

 Primeiro contato com a plataforma, durante a aterrissagem, com outra parte do corpo que não seja o antepé;

3.4.3 3ª Fase: Registro situacional

O registro situacional (exposição em treinos, exposição em jogos e lesões) de fatos ocorridos durante a temporada foi inserido em formulários específicos que as comissões técnica e médica utilizavam diariamente. Os dados de exposição em treinos e exposição em jogos e os registros de lesões (local, tipo, gravidade, situação, afastamento e retorno às atividades) foram anotados diariamente pelos fisiologista do exercício e fisioterapeuta, respectivamente, quando necessários. O pesquisador responável do projeto teve livre acesso a todos os registros situacionais. Tanto os clubes quanto os atletas foram identificados por meio de códigos anteriormente definidos.

3.4.3.1 Registro de exposição

O tempo de exposição (minutos) por dia (treino - Tet e competição- Tec) foi coletado e apontado pela comissão técnica (preparador físico e técnico) no diário de cada atleta. Assim, possibilitou-se o cálculo da incidência de lesão. O tempo de exposição em treinos e o tempo de exposição em competições foram apontados separadamente (FULLER et

al., 2006). Informações complementares sobre as características do treino (técnico, tático, com bola, sem bola, grama, areia, intensidade, distância percorrida) também foram apontados (HAGGLUND et al., 2005).

Exposição em treinos (Tet) é definida como atividades em grupo ou individual com controle e acompanhamento da comissão técnica que objetiva manutenção ou melhora da capacidade técnica e condição física. A quantidade de horas para atividades preparatórias e volta à calma também são computadas (FULLER et al., 2006). As sessões de reabilitação não são contabilizadas como tempo de exposição e sim como tempo de afastamento de treinos e/ou jogos.

FULLER et al. (2006) sugerem que o Tet pode ser calculado pela soma dos valores de todas as sessões de treino em horas para o grupo de jogadores ou individualmente conforme as equações 7 (grupo) e 8 (individual). No presente estudo, o Tet foi calculado de acordo com a equação 8.

{[(NAt x Ds)/60] x Ns } [7]

[(Ds/60) x Ns ] [8]

Nota: NAt- número de atletas participantes da sessão de treino; Ds – duração da sessão de treino em minutos; Ns=

número de sessões na temporada.

Exposição em competições (Tec) é definida como jogos entre duas equipes diferentes. O tempo dos jogos entre diferentes categorias do mesmo time pode ser considerado como Tec (FULLER et al., 2006).

FULLER et al. (2006) sugerem que o Tec seja calculado em horas pela equação:

(Njo x NAt x Djo)/(60) [9]

Nota: Njo – número de jogos; NAt- número de atletas no time; Djo – duração dos jogos.

No presente estudo, obteve-se o tempo de exposição de cada jogador a partir das súmulas oficiais de jogos de campeonatos estaduais e brasileiros.

3.4.3.2 Registro de lesão

A lesão para o presente estudo tem como definição um incidente que leva a não participação em treinos e competição e que requer consulta ao médico tendo impacto substancial na saúde e desempenho do atleta (MESSINA et al., 1999; STEVENSON et al., 2000, FULLER et al., 2006). Lesão aguda é identificada como lesão com um início súbito associada a um trauma conhecido (FULLER et al., 2006). A lesão recorrente é definida como lesão ocorrida em situação similar e no mesmo local de uma lesão anterior (HAGGLUND et

al., 2005).

Todas as lesões agudas, ocorridas durante a temporada em sessões de treinamento (atividade física diretamente com a comissão técnica em grupo ou individual) e competição (jogos contra oponentes), foram reportadas pela equipe médica do clube. Um questionário foi preenchido com as seguintes informações:

a) Nome do atleta b) Data da lesão

c) Situação (treino ou competição - nível);

d) Método para diagnóstico da lesão (clínico ou ressonância magnética); e) Mecanismos (lesão por contato do oponente ou não);

f) Local anatômico da lesão; g) Severidade da lesão; h) Retorno às atividades:

i) Tempo para recuperação da lesão.

Critérios para a identificação da lesão

Na literatura são identificados vários métodos para diagnóstico de lesão muscular;  Diagnóstico clínico (ENGEBRETSEN et al., 2008);

 Ultrassonografia (SPEER; LOHNES; GARRETT et al., 1990);

 Ressonância magnética por imagem (BRANDSER et al., 1995; HEIDERSCHEIT et

al.,2010).

No presente estudo, o diagnóstico de lesão muscular foi realizado pela equipe médica do clube por meio dos seguintes critérios (FULLER et al., 2006):

a) Início súbito de dor durante treinamento ou competição nos membros inferiores; b) Dor após contração ou alongamento em alguma região dos membros inferiores; c) Sensibilidade à dor;

d) Ausência em pelo menos 1 jogo; e) Ressonância magnética por imagem.

Quando a equipe médica identificou e classificou as lesões musculares como leve ou moderada, o diagnóstico por ressonância magnética por imagem não se fez necessário (GOLDMAN & JONES et al., 2011). Quando houve suspeita de lesão grave ou ruptura total de um grupo muscular, recomendou-se para além do diagnóstico clínico a ressonância magnética por imagem para confirmar a presença da lesão e sua severidade (HEIDERSCHEIT et al.,2010).

Para determinação da extensão da lesão muscular, a ressonância magnética por imagem é o método mais confiável quando comparado à ultrassonografia (BRANDSER et al., 1995; SPEER; LOHNES; GARRETT et al., 1990). Ressonância magnética por imagem tem sido considerada o método mais sensível para diagnóstico de lesões musculares (padrão- ouro), principalmente para os posteriores da coxa.

Schneider-Kolsky et al. (2006) compararam dois métodos para o diagnóstico de lesões nos posteriores da coxa, avaliação clínica e ressonância magnética por imagem. O

estudo concluiu que existe moderada correlação entre os métodos (r = 0,36, p = 0,006) para o diagnóstico da lesão. Quando comparados os métodos para estimativa de duração da reabilitação para retorno às competições, verificou-se que existe alta correlação (r= 0,69; p< 0,001). A magnitude da correlação foi determinada a priori como: fraca (r =0,1-0,29), moderada (r=0,3- 0,49), ou forte (r= 0,5- 1,0). Não foi mencionada a referência para os valores da correlação no estudo Schneider-Kolsky et al. (2006).

Apesar de todas as lesões serem reportadas pela equipe médica e repassadas aos pesquisadores, no presente estudo foram consideradas para análise posterior dos dados e para verificar a relação com assimetrias bilaterais de força de reação do solo no salto com contramovimento apenas as lesões musculares não-traumáticas nos membros inferiores.

a) Taxa de Incidência de Lesão (TIL)

A incidência é o número de casos novos de lesões nos jogadores ao longo da temporada competitiva. A taxa de incidência de lesão foi calculada pelo número de lesões por 1000 horas de exposição (TEGNANDER et al., 2008). A TIL foi calculada tanto para o tempo de exposição durante os treinos (TIL_t) quanto para o tempo de exposição em competição (TIL_j).

b) Percentual de lesão (PL)

Percentual de lesão ou incidência cumulativa foi definido como o número de jogadores lesionados dividido pelo número total de jogadores (WONG; HONG, 2005).

No documento Sílvia Ribeiro Santos Araújo (páginas 51-57)

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