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PROCESSO PENAL PARTE GERAL LEONARDO BARRETO MOREIRA ALVES. 9.ªedição revista, atualizada e ampliada SINOPSES. coleção.

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7

Coordenação Leonardo Garcia coleção

SINOPSES

para

concursos

PROCESSO

PENAL

PARTE GERAL

2019

9.ª

edição revista, atualizada e ampliada

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C a p í t u l o

Princípios e sistemas

do processo penal

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE OS PRINCÍPIOS

O princípio, nos clássicos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Mello, pode ser definido como o “mandamento nuclear de um sistema” (BANDEIRA DE MELLO, 2005). Isso porque ele concentra todo um modo de pensar, um ideal de um povo, refletindo os valores de uma determinada sociedade. É, portanto, “um postula-do que se irradia por topostula-do o sistema de normas” (NUCCI, 2008, p. 80).

Basicamente, um princípio possui duas destacadas funções, a saber, a

nor-mativa (o princípio é também uma norma jurídica, motivo pelo qual tem força

coercitiva, podendo ser invocado para a solução de casos concretos) e a

inter-pretativa (na hipótese de dúvida na interpretação de certa norma, tal dúvida

pode ser esclarecida por meio do conteúdo de um princípio).

No Processo Penal, há 2 (dois) tipos de princípios: os princípios constitucionais e os princípios do processo penal propriamente ditos.

Por seu turno, os princípios constitucionais subdividem-se em princípios nais explícitos (aqueles expressos na Constituição Federal) e em princípios constitucio-nais implícitos (aqueles extraídos a partir dos princípios, ideias e valores consagrados na Constituição Federal).

Quanto aos princípios constitucionais, é importante relembrar que, no contex-to do Estado Democrático de Direicontex-to, eles atuam como instrumencontex-tos normativos consagradores dos direitos fundamentais do cidadão. Nesse sentido, não há que se olvidar que os princípios constitucionais alicerçam o chamado Processo Penal Constitucional, um Processo Penal que cada vez mais se distancia dos rigores do Código de Processo Penal, modelo normativo inquisitivo e autoritário engen-drado no regime ditatorial-fascista que reinava no país em 1941, e se aproxima dos valores democráticos da modernidade insculpidos na Carta Magna Federal de 1988.

No estudo da disciplina, portanto, impõe-se ao operador do Direito a leitura de institutos defasados estampados no Código de Processo Penal à luz dos princí-pios constitucionais, para que se encontre o ponto de equilíbrio entre o direito de punir do Estado e os direitos fundamentais do cidadão, desenhando-se assim um

Processo Penal Justo, na medida em que a sanção penal possa ser eventualmente aplicada sem desrespeitar os direitos mais caros ao acusado.

Consoante lição de Eugênio Pacelli de Oliveira, “O devido processo penal constitucional busca, então, realizar uma Justiça Penal submetida a exigências de

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igualdade efetiva entre os litigantes. O processo justo deve atentar, sempre, para a desigualdade material que normalmente ocorre no curso de toda persecução penal, em que o Estado ocupa posição de proeminência, respondendo pelas fun-ções investigatórias e acusatórias, como regra, e pela atuação da jurisdição sobre a qual exerce o monopólio” (OLIVEIRA, 2008, p. 7-8).

De outro lado, os princípios do processo penal propriamente ditos são aque-les inerentes ao próprio estudo da disciplina.

2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL

2.1. Princípios constitucionais explícitos do processo penal

2.1.1. Princípio da presunção da inocência ou do estado de inocência ou da situação jurídica de inocência ou da não culpabilidade (art. 5º, LVII, CF)

Expressamente previsto na Constituição Federal de 1988 no art. 5º, inciso LVII, é princípio por meio do qual se entende que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Em outros termos, no Processo Penal, todo acusado é presumido inocente até a eventual sentença condenatória transitar em julgado. Em verdade, como aponta Eugênio Pacelli de Oliveira (OLIVEIRA, 2008, p. 35-36), é preferível o uso da expressão situação jurídica de inocência, porque a inocência não é presumida, ela já existe desde o nascimento do indivíduo, persistindo até o trânsito em julgado da sentença condenatória.

O princípio em comento provoca importantes consequências no estudo do Processo Penal. As principais delas são as seguintes:

1. O ônus da prova, em regra, cabe à acusação: Considerando que a pessoa já nasce inocente, para que esse estado seja alterado é preciso, em regra, que o autor da ação penal prove o contrário. Desde já, registre-se que esta consequência comporta importante exceção, tendo em vista que o ônus da prova das causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade compete ao acusado, embora a Lei nº 11.690/08 tenha autorizado o juiz a absolver o réu mesmo se apenas houver fundada dúvida sobre a existência destas causas, conforme previsão contida no art. 386, inciso VI, do CPP. Ademais, também é ônus da defesa a prova de causas de extinção da punibilidade (art. 107 do CP) e de circunstâncias que mitiguem a pena.

2. Excepcionalidade das prisões cautelares: Por ser presumidamente inocente, o indivíduo só deve ser levado ao cárcere se existirem motivos cautelares para tanto, os quais podem ser apontados como aqueles requisitos exigidos pelo art. 312 do CPP para a decretação da prisão preventiva (garantia da ordem pública, da ordem econômica, conveniência da instrução criminal ou assegurar a aplicação da lei penal, desde que haja prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, de acordo com o art. 312, caput, do CPP, com a redação dada pela Lei nº 12.403/11; em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares, com fincas no art. 312, parágrafo único, do CPP, com a redação dada pela Lei nº 12.403/11). Ausentes estes motivos, a regra é a de que o indivíduo res-ponde o processo em liberdade, devendo ser contemplado pelo instituto da liberdade provisória, com ou sem fiança, sempre que a lei autorizar (art.

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Cap. II • Princípios e sistemas do processo penal

5º, LXVI, CF). Aliás, reforçando o princípio ora em destaque, a Lei nº 12.403/11 consagrou a ideia de que a prisão preventiva é medida de extrema ou

ulti-ma ratio, somente aplicável se não for cabível a sua substituição por outra

medida cautelar prevista no art. 319 do CPP, consoante art. 282, § 6º, do CPP. De outro lado, noticie-se que, em 17 de fevereiro de 2016, o Plenário do STF decidiu, em julgamento histórico proferido no HC nº 126.292/SP, por 7 (sete) votos a 4 (quatro), a constitucionalidade da execução provisória de pena privativa de liberdade a partir de decisão condenatória em segunda

instância (TJ ou TRF). Sem dúvida alguma, o mais importante fundamento

que levou o Pretório Excelso a acolher este posicionamento foi a celeridade processual. É que, no entender deste Tribunal, a imensa demora no julga-mento dos recursos especial e extraordinário por parte, respectivamente, do STJ e do STF, fazia com que houvesse o indesejado retardo na formação da coisa julgada, o que, por seu turno, atrasava o cumprimento da pena de prisão e, muitas vezes, até mesmo impedia tal cumprimento, já que era frequente a incidência da prescrição. Assim, levando em consideração que nenhuma garantia constitucional é absoluta, a presunção de inocência, a ampla defesa e o próprio acesso ao duplo grau de jurisdição não poderiam servir como obstáculos para o cumprimento de uma pena já confirmada em grau recursal (segunda instância). Os inúmeros recursos previstos para ins-tâncias superiores (STJ e STF), os quais não possuem efeito suspensivo, não podem ser utilizados de má-fé como expedientes que visem adiar a forma-ção da coisa julgada condenatória e, consequentemente, o cumprimento da pena privativa de liberdade. Em outros termos, recursos protelatórios não têm mais o condão de evitar o imediato cumprimento da pena de prisão. Ademais, essa mudança de paradigma permite a efetividade da jurisdição criminal e valoriza a decisão dos magistrados de primeiro e segundo graus, que acompanham de perto a instrução probatória criminal. Posteriormente, em 05 de outubro de 2016, o STF reiterou o entendimento acerca da cons-titucionalidade da execução provisória de pena, desta feita no julgamento liminar das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44. Mais recentemente, em 11 de novembro de 2016, o Plenário Virtual deste tribunal reafirmou mais uma vez esse seu entendimento no âmbito do ARE 964.246, com reconhecimento de repercussão geral.

3. Toda medida constritiva de direitos individuais, na verdade, só pode ser de-cretada excepcionalmente: O raciocínio desenvolvido para as prisões cautela-res deve ser estendido para toda e qualquer medida constritiva de direitos in-dividuais, daí porque ela somente poderá ser realizada se for absolutamente indispensável à persecução criminal. Nesse trilhar, sintomático é o teor do art. 282, incisos I e II, do CPP, com a redação dada pela Lei nº 12.403/11, segundo o qual as medidas cautelares indicadas no art. 319 do CPP deverão ser aplicadas observando-se a necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais (inciso I); e a adequação da medida à gravidade do crime, circunstância do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado (inciso II). Além das medidas cautelares estampadas no art. 319 do CPP, são também exemplos de medidas constritivas de direitos individuais as quebras

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do sigilo fiscal, bancário e telefônico (mitigam o direito constitucional à intimi-dade); violação de domicílio em razão de cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar (mitiga o direito constitucional à inviolabilidade do domicílio). Princípio da presunção de inocência Princípio da presunção de inocência 1. 2. 3. 1. 2. 3. Consequências

` Aplicação em concurso público:

No concurso de Analista do STM, em 2011, promovido pelo Cespe/Unb, foi questionado sobre o teor do princípio da presunção de inocência, da seguinte forma: “O princípio da inocência está expressamente previsto na Constituição Federal de 1988 e estabelece que todas as pessoas são inocen-tes até que se prove o contrário, razão pela qual se admite a prisão penal do réu após a produção de prova que demonstre sua culpa.”. A assertiva foi considerada incorreta.

2.1.2. Princípio da igualdade processual ou da paridade das armas – par

con-ditio (art. 5º, caput, CF)

Trata-se de princípio que decorre do mandamento de que todos são iguais perante a lei encontrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal, devidamente adaptado ao Processo Penal. Desse modo, por força do princípio em comento, as partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões e ser tratadas igualitariamente, na medida de suas igualdades, e desigualmente, na proporção de suas desigualdades.

Em reforço a esse conceito, vem a calhar a lição de Américo Bedê Júnior e Gustavo Senna, segundo os quais “Pelo princípio da igualdade – paridade de armas –, no processo penal se pode entender que as partes devem ser tra-tadas de forma isonômica, devendo ser assegurada igual oportunidade para elas. Logo, para a acusação e a defesa devem ser assegurados os mesmos direitos, possibilitando-lhes idênticas possibilidades de alegação, de prova e de impugnação, enfim, em condições de igualdade processual” (BEDÊ JÚNIOR; SENNA, 2009, p. 279).

Este princípio é requisito indispensável para a efetivação do sistema acusatório no país. Ademais, pode ser apontada como consequência direta do princípio a re-gra de que, no Processo Penal, o réu não pode se defender sozinho (a não ser que ele próprio seja advogado), consoante disposto no art. 263 do CPP, pois não teria condições técnicas para tanto, ao contrário do seu oponente, o autor da ação penal (Ministério Público ou querelante representado por procurador).

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Cap. II • Princípios e sistemas do processo penal

Princípio da paridade das armas Princípio da paridade das armas Consequência

Por fim, registre-se que o princípio da igualdade processual ou paridade das armas sofre mitigação pelo princípio do favor rei, segundo o qual o interesse do acusado possui certa prevalência sobre a pretensão punitiva estatal, conforme será apreciado com maiores detalhes ainda no curso deste capítulo.

2.1.3. Princípio da ampla defesa (art. 5º, LV, CF)

Por força desse princípio, encontrado no art. 5º, LV, da Constituição Federal, en-tende-se que o réu tem direito a um amplo arsenal de instrumentos de defesa como forma de compensar sua enorme hipossuficiência e fragilidade em relação ao Estado, que atua no Processo Penal por meio de diversos órgãos (Polícia Judiciária, Ministério Público e Juiz), de forma especializada e com acesso a dados restritos.

Este princípio divide-se em autodefesa e defesa técnica.

Princípio da ampla defesa

Autodefesa (disponível) Defesa técnica (indisponível)

A autodefesa é a defesa promovida pessoalmente pelo próprio réu, sem as-sistência de procurador, geralmente durante o seu interrogatório judicial, sendo ela disponível, afinal de contas o acusado pode se calar ou até mesmo mentir, em conformidade com outro princípio constitucional expresso, o direito ao silên-cio (art. 5º, inciso LXIII, CF).

Entretanto, ressalte-se que a disponibilidade da autodefesa não autoriza que o réu minta ou se cale na primeira parte do interrogatório judicial (art. 187, § 1º, do CPP), referente às perguntas sobre a sua qualificação pessoal, o que é apenas per-mitido na segunda parte deste ato processual (art. 187, § 2º, do CPP), no momento das perguntas sobre os fatos delitivos. Em se recusando a fornecer sua qualificação, o agente poderá praticar a contravenção penal prevista no art. 68 da Lei de Con-travenções Penais (recusa de dados sobre própria identidade ou qualificação). De outro lado, se o réu atribui a si mesmo outra identidade, pode restar configurado o crime definido no art. 307 do Código Penal (falsa identidade). Este crime também es-tará caracterizado se a conduta de atribuir-se falsa identidade for praticada perante autoridade policial, de acordo com a Súmula nº 522 do STJ. Ademais, também não se permite que o réu, na segunda parte do interrogatório, formule imputação falsa a terceiros ou mesmo autoimputação falsa, sob pena inclusive de responsabilidade penal por seu ato, caracterizando-se o crime de denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) ou até de autoacusação falsa (art. 341 do Código Penal).

A autodefesa distingue-se ainda em direito de audiência (direito de o réu ser ouvido no processo, o que ocorre geralmente durante o interrogatório judicial) e di-reito de presença (direito de o réu estar presente aos atos processuais, geralmente audiências, seja de forma direta, seja de forma indireta, o que ocorre por meio da videoconferência).

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Autodefesa

(Defesa disponível exercida pessoalmente

pelo próprio réu)

Autodefesa

(Defesa disponível exercida pessoalmente

pelo próprio réu)

Nesse contexto, porém, é de se registrar que o STJ entende que a ausência do réu à audiência de oitiva de testemunhas não gera nulidade do feito se o seu defensor estava presente ao ato processual e não restou demonstrado qualquer prejuízo para ele (Informativo nº 426). Nesse trilhar, o STF já teve a oportunidade de decidir que inexiste nulidade pela ausência do réu preso em audiência de oitiva de testemunha por meio de carta precatória se ele não manifestou expressamente intenção de par-ticipar da audiência (RE nº 602543 QO/RS, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 19.11.09). Já a defesa técnica é aquela defesa promovida por um defensor técnico, bacha-rel em Direito, sendo ela indisponível, pois, em regra, o réu não pode se defender sozinho (art. 263, caput, do CPP) – apenas se ele for advogado é que poderá promo-ver a sua própria defesa. A esse respeito, vale a pena destacar que, em havendo ausência do defensor técnico no processo (por falecimento, negligência ou qualquer outro motivo), o magistrado, antes de nomear novo defensor, sempre deverá in-timar o acusado para que, no prazo por ele determinado, possa constituir novo defensor. Esse direito de constituir o seu próprio defensor a qualquer tempo (art. 263, caput, do CPP) é assegurado ao réu ainda que ele seja revel, consoante enten-dimento do STJ (Informativo nº 430). Apenas no caso de omissão do acusado é que o juiz, como fiscal do princípio da ampla defesa, deverá nomear novo defensor. Tal raciocínio também se aplica em grau recursal (Informativo nº 433). É esse inclusive um dos fundamentos da Súmula nº 707 do STF: “Constitui nulidade a falta de intima-ção do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeiintima-ção da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”.

Defesa técnica Defesa técnica

` Qual o entendimento do STF sobre o assunto?

O STF já decidiu que a sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer juntado ao processo, com posterior ratificação, não viola a ampla defesa(Informativo nº922).

São consequências diretas do princípio da ampla defesa no Processo Penal:

1. Apenas o réu tem direito à revisão criminal: A revisão criminal é sempre

pro reo, nunca pro societate.

2. O juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu: Por conta des-se dever, o juiz poderá declarar o réu indefeso, fazendo-o constituir outro defensor ou, se o acusado assim não proceder, nomear-lhe-á um defensor

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Cap. II • Princípios e sistemas do processo penal

dativo. A esse respeito, vale a pena registrar que o STF, na Súmula nº 523, agasalha o entendimento de que “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.

Princípio da ampla defesa Princípio da ampla defesa 1. 2. 1. 2. Consequências

` Aplicação em concurso público:

No concurso da Defensoria Pública do Estado do Pará, em 2009, pro-movido pela Fundação Carlos Chagas (FCC), foi cobrada justamente a divisão do princípio da ampla defesa em defesa técnica e autodefesa. Nesse sentido, indagou-se ao candidato em quais hipóteses se verifi-caria a manifestação da autodefesa: “No processo penal a defesa apre-senta-se sob dois aspectos: defesa técnica e autodefesa. Há manifestação da autodefesa nos seguintes atos:. A interrogatório, comparecimento no

ato de produção de prova e possibilidade de recurso. B interrogatório,

comparecimento à audiência de instrução e julgamento e possibilidade de recurso. C defesa preliminar, interrogatório e possibilidade de recurso. D defesa preliminar, interrogatório, comparecimento à audiência de

ins-trução e julgamento. E defesa preliminar, interrogatório, comparecimento

no ato de produção de prova e possibilidade de recurso”. A assertiva considerada correta foi a de letra A.

` Aplicação em concurso público:

No concurso de Delegado de Polícia do Estado de Goiás, em 2013, UEG, cobrou-se o caráter indisponível da defesa técnica, da seguinte forma: “Sobre o direito de defesa, tem-se que a) a defesa técnica é indispensável, na medida em que, mais do que garantia do acusado, é condição de pari-dade de armas, imprescindível à concreta atuação do contraditório. b) constitui nulidade relativa, violadora do princípio da ampla defesa, a nomeação de defensor dativo sem intimação do réu para constituir novo defensor, em virtude da renúncia do advogado. c) na investigação crimi-nal, a defesa é imprescindível, uma vez que, nessa fase, são assegurados o contraditório, a ampla defesa e a assistência do advogado ao preso em flagrante. d) a autodefesa, composta pelo direito de audiência e pelo direito de presença, é dispensável pelo juiz, mas dela o acusado não poderá renunciar, devendo a ele ser imposta.”. A resposta da questão foi a letra A.

2.1.4. Princípio da plenitude da defesa (art. 5º, XXXVIII, alínea “a”, CF)

Previsto no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, da Constituição Federal, é prin-cípio aplicado especificamente para o Tribunal do Júri. Trata-se de um plus, um reforço à ampla defesa, que é atribuída apenas para os acusados em geral, permitindo-se que o réu, no Tribunal do Júri, se utilize de todos os meios lícitos de defesa, ainda que não previstos expressamente pelo ordenamento jurídico.

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Segundo Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, isso implica na “possibi-lidade não só da utilização de argumentos técnicos, mas também de natureza sentimental, social e até mesmo de política criminal, no intuito de convencer o corpo de jurados” (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 675). Aliás, frise-se que o princípio em tela decorre justamente do fato de que, no Tribunal do Júri, prevalece a ínti-ma convicção do jurado, o qual não necessita fundamentar sua decisão.

São consequências diretas deste princípio:

1. A atenção do juiz com a efetividade da defesa do réu é ainda maior: Pro-va disso é que, se o juiz declarar o réu indefeso, nomeará ou permitirá a constituição de novo defensor, podendo dissolver o Conselho de Sentença e redesignar a sessão de julgamento (art. 497, inciso V, do CPP).

2. É possível a defesa apresentar nova tese na tréplica, conforme

enten-dimento da doutrina majoritária. A inovação consistente apenas e tão somente em oferecimento de argumentos até então não sustentados, sen-do, porém, vedada a apresentação de fato e prova não existentes nos autos, em respeito ao teor do art. 479, caput, do CPP. Todavia, impende destacar que, em inúmeros julgados, inclusive mais recentes, o STJ vem decidindo pela impossibilidade de inovação de tese defensiva na tréplica por violação ao princípio do contraditório, pois, embora seja assegurada ao defensor a palavra por último – como expressão inexorável da ple-nitude de defesa – tal faculdade, expressa no art. 477 do CPP, não pode implicar a possibilidade de inovação em momento que não mais permite ao titular da ação penal refutar seus argumentos, ex vi do REsp 1451538/ DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 08/11/2018 e publicado em 23/11/2018. Conforme ainda o STJ, tal entendimento, no en-tanto, não se aplica à tese de clemência, uma vez que o quesito previsto no art. 483, III, do CPP é obrigatório, independentemente do sustentado em plenário, em razão justamente da garantia da plenitude de defesa, cuja ausência de formulação acarreta nulidade absoluta.

3. Caso o réu precise de mais tempo nos debates, poderá pedi-lo sem que isso gere necessariamente igual direito ao Ministério Público.

Princípio da plenitude de defesa Princípio da plenitude de defesa 1. 2. 3. 1. 2. 3. Consequências

2.1.5. Princípio da prevalência do interesse do réu ou favor rei, favor

liber-tatis, in dubio pro reo, favor inocente (art. 5º, LVII, CF)

Havendo dúvida entre admitir-se o direito de punir do Estado ou reconhecer--se o direito de liberdade do réu, devereconhecer--se privilegiar a situação deste último,

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Cap. II • Princípios e sistemas do processo penal

por ser ele a parte hipossuficiente da relação jurídica estabelecida no Processo Penal. É princípio que decorre ontologicamente do princípio da presunção de inocência, daí porque é possível afirmar que ele também se encontra previsto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal.

` Qual o entendimento do STF sobre o assunto?

Com fundamento no in dubio pro reo, o STF já decidiu que, verificado o empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu (Informativo nº 888).

Ademais, há clara aplicação deste princípio no art. 386 do CPP, com a redação dada pela Lei nº 11.690/08, segundo o qual será possível a absolvição do réu nas hipóteses de existência de excludentes de ilicitude ou culpabilidade, mesmo se apenas houver fundada dúvida sobre sua existência – não se exige mais certeza sobre sua existência(inciso VI), bem como se não houver prova suficiente para a sua condenação (inciso VII).

Contudo, de acordo com entendimento majoritário do STJ, esse princípio não tem aplicação nas fases de oferecimento da denúncia e na prolação da decisão de pronúncia do Tribunal do Júri, nas quais prevalece o princípio do in dubio pro

societate – é esse também o posicionamento do STF (Informativo nº 898) –, embora

o próprio STJ, em outras oportunidades, tenha afirmado que tal brocardo não é acolhido no ordenamento jurídico brasileiro, em respeito justamente ao prin-cípio da presunção de inocência (STJ, 6ª Turma, RHC nº 40904/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 21.11.2013, DJe 09.12.2013).

Consequência direta deste princípio consiste no fato de que, em havendo dú-vida na interpretação de um determinado artigo de lei processual penal, deve--se privilegiar a interpretação que beneficie a situação do réu.

Princípio do in dubio pro reo Princípio do in dubio pro reo Consequência

` Aplicação em concurso público:

No concurso de Delegado da Polícia Civil do Maranhão, em 2018, promo-vido pelo Cespe, foi cobrada a aplicação prática do princípio do favor rei com estes dizeres: “O MP de determinado estado ofereceu denúncia contra um indivíduo, imputando-lhe a prática de roubo qualificado, mas a defesa do acusado negou a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do feito cons-tatou a insuficiência de provas capazes de justificar a condenação do acu-sado. Nessa situação hipotética, para fundamentar a decisão absolutória, o juízo deveria aplicar o princípio do: A) estado de inocência. B) contraditório. C) promotor natural. D) ne eat judex ultra petita partium. E) favor rei.”. A resposta considerada correta foi a letra E.

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2.1.6. Princípio do contraditório ou da bilateralidade da audiência (art. 5º, LV, CF)

Por força do princípio do contraditório, estampado no art. 5º, LV, da Carta Magna Federal, ambas as partes (e não apenas o réu) têm o direito de se ma-nifestar sobre qualquer fato alegado ou prova produzida pela parte contrária, visando a manutenção do equilíbrio entre o direito de punir do Estado e o direi-to de liberdade do réu e o consequente estado de inocência, objetivo de direi-todo Processo Penal Justo.

Em regra, o princípio diz respeito apenas a fatos e provas. Entretanto, é possível ser aplicado também em matéria de direito, quando ela possibilitar a extinção do feito, a exemplo da abolitio criminis, que pode ensejar o decreto de extinção da punibilidade (artigos 2º, caput, e 107, inciso III, do Código Penal).

Para que o contraditório possa se perfectibilizar no Processo Penal, é preciso necessariamente que sejam atendidos 3 (três) direitos das partes, são eles:

1. Direito de ser intimado sobre os fatos e provas.

2. Direito de se manifestar sobre os fatos e provas.

3. Direito de interferir efetivamente no pronunciamento do juiz.

2.1.7. Princípio do juiz natural (art. 5º, LIII, CF)

Em virtude deste princípio, consagrado no art. 5º, inciso LIII, do Texto Consti-tucional, entende-se que, no Processo Penal, o julgador a atuar em um determi-nado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou pela Constituição Federal. Veda-se com isso o Tribunal ou Juiz de Exceção, que seria aquele esco-lhido após a ocorrência de um crime e para determinado caso concreto.

Este princípio tem como principal finalidade garantir a participação no pro-cesso de um juiz imparcial. Porém, tal princípio não impede a criação de Varas novas e a consequente remessa dos autos a este novo Juízo, pois, nessa hi-pótese, a medida é válida para toda a coletividade, não atingindo um réu em específico.

` Qual o entendimento do STJ e STF sobre o assunto?

O STJ já decidiu que “a redistribuição do feito decorrente da criação de vara com idêntica competência com a finalidade de igualar os acervos dos juízos e dentro da estrita norma legal, não viola o princípio do juiz natural, uma vez que a garantia constitucional permite posteriores alterações de competência” (HC 102.193-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julga-do em 2/2/2010). O STF possui idêntico posicionamento (HC 91.253-MS, DJ 14/11/2007). Noutro giro, a Suprema Corte também decidiu que a convo-cação excepcional de juízes de primeiro grau para integrar câmaras jul-gadoras em tribunais não ofende o princípio constitucional em comento (HC 101473).

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