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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE (VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL)

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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

(VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL)

Considerando que a Entidade Reguladora da Saúde nos termos do n.º 1 do artigo 4.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto exerce funções de regulação, de supervisão e de promoção e defesa da concorrência respeitantes às atividades económicas na área da saúde nos setores privado, público, cooperativo e social;

Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde conferidas pelo artigo 5.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os objetivos da atividade reguladora da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 10.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Considerando os poderes de supervisão da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 19.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto;

Visto o processo registado sob o n.º ERS/037/2018;

I. DO PROCESSO I.1. Origem do processo

1. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) tomou conhecimento, em 22 de janeiro de 2018, da exposição subscrita por C.S., relativa à ocorrência de uma queda no Serviço de Imagiologia do Hospital Lusíadas Lisboa (HLL), estabelecimento prestador de cuidados de saúde inscrito no SRER da ERS sob o n.º 122704, que integra a entidade Lusíadas, S.A., inscrita sob o n.º 13833.

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2. Para uma averiguação preliminar dos factos enunciados pela exponente, e ao abrigo das atribuições e competências da ERS, em 20 de fevereiro de 2018, procedeu-se à abertura do processo de avaliação registado sob o número n.º AV/040/2018.

3. No entanto, face à necessidade de uma averiguação mais pormenorizada dos factos relatados, ao abrigo das atribuições e competências da ERS, o respetivo Conselho de Administração deliberou, por despacho de 1 de março de 2018, proceder à abertura do presente processo de inquérito, registado internamente sob o n.º ERS/037/2018, com o intuito de avaliar se foram garantidos os direitos e interesses legítimos da utente em questão, em especial o direito à prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança.

4. Subsequentemente, e já na pendência dos presentes autos de inquérito, a ERS tomou conhecimento de uma nova reclamação, subscrita por P.C. em 7 de fevereiro de 2018, e relativa à queda do seu pai no Serviço de Urgência do Hospital Lusíadas Lisboa, pelo que, atenta a similitude das matérias em questão, foi a mesma apensada ao presente processo de inquérito para adoção das diligências instrutórias tidas por necessárias.

I.2. Diligências

5. No âmbito da investigação desenvolvida pela ERS, realizaram-se as seguintes diligências instrutórias:

(i) Pesquisa no SRER da ERS relativa à inscrição do Hospital Lusíadas de Lisboa (HLL), constatando-se que o mesmo é um estabelecimento prestador de cuidados de saúde registado no SRER da ERS, que integra a entidade Lusíadas, S.A.;

(ii) Notificação de abertura de processo de inquérito enviada à exponente em 9 de março de 2018, e análise da resposta endereçada à ERS, rececionada em 2 de abril de 2018;

(iii) Notificação de abertura de processo de inquérito e pedido de elementos enviado ao HLL, por ofício de 9 de março de 2018, com prorrogação do prazo concedido para resposta em 3 de abril de 2018, e análise da resposta endereçada à ERS, rececionada em 19 de abril de 2018;

(iv) Novo pedido de elementos enviado ao HLL em 25 de maio de 2018, e análise da resposta endereçada à ERS, rececionada em 25 de junho de 2018.

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3/23 II. DOS FACTOS II.1. Da reclamação subscrita por C.S.

6. Cumpre destacar os seguintes factos alegados por C.S., na reclamação subscrita em 20 de março de 2017, e que deu origem ao processo n.º REC/8263/2018:

“[…]

C.S. […], sofreu uma queda durante um exame radiológico a 30/07/2016, por negligência da assistente que comigo se encontrava na sala. Expliquei que sofria de um problema nos joelhos devido a anterior quimioterapia pelo que não teria força para subir para a plataforma a fim de realizar o exame. A funcionária disse-me que me auxiliaria mas a sua ajuda foi insuficiente porque me desequilibrei e caí violentamente de costas para o chão, batendo com a coluna e cabeça no pavimento e rodapé. Ao gritar logo vieram em meu socorro e referi, na altura, que sofria de degenerescência macular bilateral pelo que qualquer pancada se torna muito perigosa. Fui, em seguida, levada a fazer 1 Raio-X à coluna (Doc. 1) mas não fui, de todo, observada por um oftalmologista apesar de ter chamado à atenção para o meu grave problema oftalmológico.

Regressei a casa mas ao longo da tarde comecei a sentir fortes dores de cabeça, náuseas com sensação de vómito. Resolvi então dirigir-me ao Serviço de Atendimento Permanente desse Hospital explicando a situação ocorrida de manhã (Doc. 2). Logo fui assistida e a médica presente disse tratar-se de instabilidade nos cristais dos ouvidos em consequência da queda. Fiz medicação intravenosa e regressei a casa já noite.

No entanto, as dores de cabeça persistiram com intensidade pelo que tomava sistematicamente Brufen 600mg, a única forma de aliviar as dores e sensação geral de mal-estar. Consultado o meu Médico de Família foi-me sugerido que fosse observada pelo meu médico oftalmologista (especialista em Degenerescência Macular) já que comecei também a sentir uma dor muito aguda na têmpora esquerda que me afetava a visão. Apenas consegui consulta para o dia 02/07/2016, no Instituto de Retina de Lisboa e com o Dr. C.T. (Doc. 3). Ao explanar as minhas queixas logo o especialista me perguntou se havia batido com a cabeça nalgum lado ou caído, pelo que relatei o sucedido nesse Hospital. Fui longa e exaustivamente observada e, para comprovar a suspeita que se levantava de problema na retina – perda de visão de 10% (dez por cento) […].”.

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7. Em resposta à referida reclamação, o prestador remeteu à exponente, em 12 de outubro de 2017, os seguintes esclarecimentos:

“[…]

Lamentando desde já o tempo de resposta ao exposto por V. Exa., cumpre-nos esclarecer que, segundo as averiguações realizadas no serviço de Imagiologia, não ocorreu qualquer mau procedimento por parte dos profissionais envolvidos, que tiveram o cuidado de questionar previamente V. Exa. sobre a sua condição física para colaborar na realização do exame, tendo sempre acompanhado e apoiado a sua movimentação. […]”.

8. Posteriormente, através de nova reclamação, desta feita datada de 30 de outubro de 2017, veio a reclamante aditar os seguintes factos à sua anterior exposição:

“[…] reclamo de novo e informo que tive a oportunidade de esclarecer, na altura, que tinha a mobilidade bastante reduzida dos membros inferiores, sobretudo dos joelhos, em resultado de quimioterapia a que tive de me sujeitar no tratamento de cancro da mama. Como é que fui acompanhada se não me conseguem evitar uma tremenda queda com grande impacto sobretudo na cabeça? Ou o Hospital entende que devia levar acompanhante para ser ele a assegurar a realização do exame em segurança? Não se percebe como é que consideram que foram seguidos os procedimentos quando tudo culminou numa violenta queda! […]”.

9. Em resposta à nova reclamação, o prestador remeteu à exponente, em 12 de janeiro de 2018, os seguintes esclarecimentos:

“[…]

Reiterando a informação anteriormente transmitida de que, segundo as averiguações realizadas no serviço de Imagiologia, não ocorreu qualquer mau procedimento por parte dos profissionais envolvidos, que tiveram o cuidado de questionar previamente V. Exa. sobre a sua condição física para colaborar na realização do exame, tendo sempre acompanhado e apoiado a sua movimentação.

Acrescentamos que foram realizados os exames possíveis para aferir eventuais lesões traumáticas decorrentes da queda, tendo sido concluído não haver razão para assumir responsabilidades do sucedido, bem como as eventuais consequências.

Lamentamos os transtornos causados pelo incidente, no entanto, concluiu-se que todos os procedimentos foram corretamente efetuados. […]”.

10. Nessa senda, foi enviado um pedido de elementos ao HLL, por ofício datado de 9 de março de 2018, concretamente solicitando:

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5/23 “[…]

1. Se pronunciem, de forma fundamentada e circunstanciada, sobre a situação descrita na aludida reclamação, com envio dos respetivos elementos documentais;

2. Descrição pormenorizada das circunstâncias em que se verificou a queda da utente e dos cuidados de saúde prestados nessa sequência, mais se solicitando que esclareçam o tempo que mediou entre a queda da utente e o momento em que interveio a equipa de enfermagem e/ou médico responsável, com envio de relatório que inclua os registos clínicos e/ou os registos de enfermagem;

3. Descrição, pormenorizada e documentalmente suportada dos procedimentos internos de avaliação do risco de queda dos utentes e de prevenção da ocorrência destes incidentes;

4. Descrição, pormenorizada e documentalmente suportada, dos procedimentos em vigor para o registo e comunicação de eventos adversos, aos serviços com responsabilidades nas áreas de gestão de risco e/ou qualidade e segurança, seja a nível interno, seja ao nível externo;

5. Informação sobre se foi instaurado processo de averiguação interno para apuramento dos factos ocorridos, com envio de todos os elementos recolhidos até ao momento;

6. Indicação de medidas corretivas planeadas e/ou já implementadas na sequência de eventual reporte de situações análogas à analisada nos presentes autos, acompanhado do respetivo suporte documental;

7. Quaisquer outros esclarecimentos complementares julgados necessários e relevantes para a análise do caso concreto. […]“.

11. Por ofício rececionado pela ERS em 2 de abril de 2018, veio a reclamante remeter aos autos “[…] documentação elucidativa da ocorrência supra identificada”, juntando, para o efeito, relatórios de exames realizados na sequência da queda ocorrida e, bem assim, faturas dos cuidados de saúde e tratamentos realizados.

12. Por sua vez, por mensagem de correio eletrónico de 19 de abril de 2018, veio o HLL remeter aos autos os seguintes esclarecimentos:

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Relativamente à reclamação apresentada pela cliente C.S., temos a informar que no dia 30 de Julho de 2016 pelas 09h00, foi notificada a ocorrência de uma queda no serviço de Imagiologia. A cliente encontrava-se acompanhada pela técnica de radiologia durante a preparação para o exame. Na subida para a mesa de exame, a cliente desequilibrou-se e a técnica de radiologia não conseguiu evitar a queda. De imediato foi realizada uma radiografia na zona onde ocorreu o impacto, que não revelou quaisquer alterações, pelo que se procedeu à aplicação de gelo na zona afetada, sugerindo-se o encaminhamento da paciente para a Unidade de Atendimento Urgente de Adultos, solução que foi recusada pela Sra. D. C.S..

Entretanto, pelas 17h20 desse mesmo dia, a cliente acabou por recorrer à Unidade de Atendimento Urgente de Adultos, por apresentar um quadro de náuseas e tonturas, tendo-lhe sido administrada terapêutica para controlo dos sintomas, com posterior alta clínica.

Considerando o exposto, conclui-se que a assistência prestada à paciente, após a queda, foi imediata.

Importa ainda esclarecer que todo o tratamento médico prestado à doente, posterior à queda, foi o adequado à sintomatologia apresentada.

A redução do risco de lesões associadas às quedas é uma prioridade do Hospital Lusíadas Lisboa, fazendo parte das 6 metas internacionais para a segurança dos doentes.

No âmbito da análise deste incidente, ficou definido, que sempre que necessário, o serviço deve disponibilizar a ajuda de um segundo elemento para reduzir o risco de ocorrência de queda, durante este procedimento. […]”.

13. Em anexo a tais esclarecimentos, o HLL remeteu à ERS os seguintes documentos: i. Procedimento de “Avaliação do Risco de Quedas nos Clientes em

Ambulatório”, datado de 4 de dezembro de 2017;

ii. Norma de Funcionamento para “Redução de Risco de Quedas do Cliente na Imagiologia”, datada de 17 de janeiro de 2018;

iii. Procedimento para “Prevenção, Avaliação, Registo e Monitorização de Quedas”, datado de 14 de outubro de 2016;

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7/23 II.2. Do teor da reclamação apresentada por P.C.

14. No âmbito das diligências instrutórias encetadas, a ERS apurou a existência de uma nova reclamação subscrita por P.C., em 7 de fevereiro de 2018, relativa à queda do utente na J.C. o Serviço de Urgência do Hospital Lusíadas Lisboa, e cuja apensação aos presentes autos foi determinada.

15. Concretamente, refere o reclamante na sua exposição que: “[…]

No passado dia 20/2/2018 o meu pai (J.C.) deu entrada no Serviço de Urgência do Hospital Lusíadas Lisboa, com uma infecção pulmonar esquerda.

Visto ser uma pessoa totalmente autónoma e a viver sozinho, o médico em diálogo connosco optou pelo internamento no Serviço de S.O. Desta forma seria garantida a toma da medicação, pois o meu pai encontrava-se convalido.

No dia 22/02/2018, ainda no Serviço de S.O. do Hospital Lusíadas Saúde Lisboa, após ter solicitado apoio para se deslocar ao wc, foi deixado sozinho a meio caminho pelo profissional de saúde (apesar dos avisos realizados por outros profissionais presentes no local). Infelizmente, sozinho no wc o meu pai caiu desamparado de costas, tendo embatido com violência com a coluna e com a cabeça. Este evento ocorreu entre as 14h e as 16:30h (período em que estive ausente). Só pelas 18h, pelo meu pai, tive o conhecimento do sucedido.

Quando cheguei junto dele, pelas 19h, encontrava-se cheio de dores e ainda não tinha realizado qualquer exame de diagnóstico após a queda. Aguardei um pouco e constatando que nenhum profissional nos abordava fui pedir informações. Importa referir que, apesar de terem sido disponibilizados dois contactos de familiares, até ao dia desta reclamação nunca fomos contactados. […]

Só após as 20h do dia 22/02/2018, e após muita insistência, foram realizadas as prescrições para os exames de diagnóstico. Estes, infelizmente confirmaram uma vértebra partida (L1). […]

Foi visto pelo ortopedista pela primeira vez a 27/02/2018, pelas 12horas. […]

Neste momento, desde o passado dia 28/02/2018 o meu pai tem sofrido pressão dos serviços, nomeadamente do “apoio ao cliente e família” para sair referindo que depois

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a seguradora deverá contactar a indicar (só por palavras, nada escrito), que o meu pai não pode ficar sozinho e que necessita de acompanhamento 24h/24h […]”.

16. Em resposta à aludida reclamação, o prestador remeteu ao exponente, em 17 de abril de 2018, os seguintes esclarecimentos:

“[…]

Na sequência das reclamações supra, […] vem a sociedade Lusíadas, S.A., entidade gestora da unidade hospitalar denominada Hospital Lusíadas Lisboa, proceder à prestação das informações devidas, visando o completo e definitivo esclarecimento da situação em causa, na certeza de que o faz ao titular de um legítimo interesse, tendo em conta o parentesco que liga V. Exa. ao n/ paciente, e no seguimento de instrução do próprio Sr. J.C.:

Assim, tem-se que:

1. Confirmamos que o paciente, o Sr. J.C. foi admitido na nossa unidade hospitalar no dia 20/02/2018 e que sofreu uma queda no w.c. do Serviço de Observação da Unidade de Urgência no dia 22/02/2018.

2. Entretanto, refutamos com veemência a referência de que o paciente supra não terá tido qualquer apoio para se deslocar à casa de banho na data do acidente. Como já lhe foi transmitido verbalmente, o paciente encontrava-se sentado na cadeira no interior do quarto que ocupava no S.O., quando ter-se-á levantado sozinho e começado a caminhar para a casa de banho, desobedecendo, desse modo, às instruções que a equipa de enfermagem lhe havia transmitido e que eram no sentido de solicitar ajuda para qualquer deslocação. Estas indicações foram transmitidas tendo em conta a idade do paciente, não obstante V. Exa. ter feito referência na sua reclamação que o seu pai era completamente autónomo;

3. Ao verificar que o paciente estava a encaminhar-se sozinho até à casa de banho, a enfermeira responsável pela Unidade de Urgência, abordoou-o a meio do caminho, prestando-lhe auxílio no percurso assim como na devida preparação, deixando-o nas instalações sanitárias, sentado e em segurança (eliminando o risco de queda). Entregou-lhe a campainha, transmitindo-lhe que ficaria à sua espera (no interior da casa de banho) para colaborar na sua higiene, o que foi negado pelo paciente, pedindo privacidade.

4. Perante tal recusa, a Enfermeira deixou a casa de banho, solicitando que dois elementos da equipa ficassem à porta, aguardando que o paciente terminasse o que fora fazer. Porém, de forma a prestar auxílio, os colaboradores tiveram que

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cumprir com as regras de higiene para o efeito (colocação de luvas), ao entrarem verificaram que o mesmo já havia sofrido a queda, desobedecendo assim, uma vez mais, às instruções que lhe foram transmitidas, levantando-se sozinho do sanitário. 5. Contrariamente ao alegado por V. Exa., foram solicitados exames de imagem para

a elaboração de um diagnóstico e instituição de terapêutica em virtude da queda, conforme se extrai do processo clínico do paciente, que apenas foram possíveis realizar já à noite, sem qualquer prejuízo clínico para o paciente.

[…]

8. Todo o acompanhamento médico posterior prestado ao Sr. J.C. foi o devido, culminando com alta clínica passada no dia 05.03.2018, tendo sido a mesma recusada pelo paciente, que resolveu, sem qualquer respaldo clínico, permanecer internado no Hospital Lusíadas Lisboa até ao dia 23.03.2018.

9. Ao contrário do alegado por V. Exa., e em razão da alta clínica que lhe foi dada pelos médicos, considerando que não havia parâmetros médicos para a permanência do paciente sob vigilância clínica, solicitamos, desde o dia 05/03/2018 que o Sr. J.C. saísse do Hospital Lusíadas Lisboa, estando a ocupar desnecessariamente um quarto na nossa unidade hospitalar.

[…]

11. Por fim, como V. Exa. tem também conhecimento, a situação de queda do seu pai foi comunicada à Companhia de Seguros, por razões contratuais, para que esta, de forma isenta, possa aferir e apurar responsabilidades pelo sucedido, como também já lhe foi esclarecido, estando tal processo a seguir os trâmites normais.

12. Por fim, o Hospital Lusíadas Lisboa disponibilizou-se, por razões de conforto e auxílio ao nosso paciente, a enviar um profissional de saúde até ao domicílio do seu pai, para ajudá-lo com a colocação e retirada do colete, até que o processo em curso na Companhia Seguradora fosse objecto de decisão, o que foi rejeitado por V. Exa.”.

17. Na sequência do exposto, foi enviado um pedido de elementos ao HLL, por ofício datado de 25 de maio de 2018, concretamente solicitando:

“[…]

1. Se pronunciem, de forma fundamentada e circunstanciada, sobre a situação descrita na reclamação subscrita por P.C., com envio dos respetivos elementos documentais;

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2. Descrição pormenorizada das circunstâncias em que se verificou a queda do utente J.C. e dos cuidados de saúde prestados nessa sequência, mais se solicitando que esclareçam o tempo que mediou entre a queda do utente e o momento em que interveio a equipa de enfermagem e/ou médico responsável, com envio de relatório que inclua os registos clínicos e/ou os registos de enfermagem;

3. Descrição, pormenorizada e documentalmente suportada, dos procedimentos em vigor para o registo e comunicação de eventos adversos, aos serviços com responsabilidades nas áreas de gestão de risco e/ou qualidade e segurança, seja a nível interno, seja ao nível externo;

4. Informação sobre se foi instaurado processo de averiguação interno para apuramento dos factos ocorridos, com envio de todos os elementos recolhidos até ao momento;

5. Indicação de medidas corretivas planeadas e/ou já implementadas na sequência de eventual reporte de situações análogas à analisada nos presentes autos, acompanhado do respetivo suporte documental;

6. Quaisquer outros esclarecimentos complementares julgados necessários e relevantes para a análise do caso concreto. […]”.

18. E, por mensagem de correio eletrónico de 25 de junho de 2018, veio o prestador remeter os elementos documentais e factuais disponíveis, de onde constam os seguintes esclarecimentos:

“[…]

1. Quanto aos factos contidos na reclamação apresentada pelo Sr. P.C., filho do n/paciente J.C., consideramos que todos os esclarecimentos necessários já foram devidamente prestados, através da nossa exposição datada de 17 de Abril de 2018 e enviada por cópia à ERS, a qual nos reportamos na integra, nada mais havendo a referir ou esclarecer.

2. A descrição pormenorizada do evento, bem como o lapso temporal em que interveio a equipa de enfermagem consta no Relatório de Ocorrência subscrito pela enfermeira V.G., ora junto como documento 1.

3. Tal como solicitado, junto enviamos o procedimento em vigor para o registo de comunicação de eventos adversos, o que se faz através do documento 2.

4. Não foi instaurado procedimento de averiguações interno, uma vez que desde o sucedido o Hospital Lusíadas Lisboa entendeu não ter havido qualquer

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responsabilidade pelo evento descrito. Porém, e em cumprimento de deveres contratuais, a sociedade Lusíadas, S.A., efectuou uma participação ao seu seguro de responsabilidade civil, que entendeu não estarem preenchidos os requisitos da responsabilização da n/sociedade, por não ter existido qualquer descumprimento das regras em vigor.

5. Considerando que todos os procedimentos em vigor no Hospital Lusíadas Lisboa foram respeitados e tendo sido a queda do paciente um evento do qual entendemos não haver qualquer responsabilidade nossa, não obstante lamentarmos, não se vislumbrou necessidade de alterar ou adotar qualquer tipo de melhorias. […]”. 19. Em anexo a tais esclarecimentos, o HLL juntou aos autos os seguintes elementos

documentais:

i. Relatório de Ocorrência subscrito pela Enfermeira V.G., em 6 de junho de 2018;

ii. Procedimento para “Notificação de Incidentes”, datado de 1 de julho de 2017. 20. Do Relatório de Ocorrência subscrito pela Enfermeira V.G., em 6 de junho de 2018,

consta o seguinte: “[…]

Cliente chamado J.C., […], tendo risco de queda elevado, caiu no WC tendo resultado lesão.

Cliente ao dirigir-se para o WC, foi auxiliado por uma Enfermeira até ao mesmo.

Após ter sentado na sanita, foi advertido que não podia levantar sozinho e que tinha que tocar a campainha assim que terminasse o que tinha para fazer (dado que não queria presença de ninguém lá dentro - enfermeira ainda ficou à porta, mas o próprio referiu várias vezes para sair). Porta ficou aberta. Mesmo após este aviso e conselho, levantou-se sozinho e no momento em que a AAM e Enfermeiro estavam a entrar no WC (aproximadamente 4 minutos após a Sra. Enfermeira se afastar), o Sr. já estava a cair e bateu com a cabeça e região lombar no chio.

Foi auxiliado de imediato e comunicado a equipa médica. Fez MCDT’s.

Após conversa com o Cliente, o mesmo pediu desculpa por não ter cumprido com o que lhe foi dito.

Cliente, que reside sozinho em casa e com referência de ser Independente nas AVD's.”.

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12/23 III. DO DIREITO III.1. Das atribuições e competências da ERS

21. De acordo com o preceituado no n.º 1 do artigo 4.º e no n.º 1 do artigo 5.º, ambos dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto, a ERS tem por missão a regulação, a supervisão e a promoção e defesa da concorrência, respeitantes às atividades económicas na área da saúde dos setores privado, público, cooperativo e social, e, em concreto, à atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde;

22. Sendo que estão sujeitos à regulação da ERS, nos termos do n.º 2 do artigo 4.º dos mesmos Estatutos, todos os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, do setor público, privado, cooperativo e social, independentemente da sua natureza jurídica.

23. Consequentemente, o Hospital Lusíadas de Lisboa (HLL) está sujeito à regulação da ERS, encontrando-se inscrito no Sistema de Registo de Estabelecimentos Regulados (SRER) da ERS sob o n.º 122704, integrando a entidade Lusíadas, S.A., registada sob o n.º 13833.

24. As atribuições da ERS, de acordo com o n.º 2 do artigo 5.º dos Estatutos da ERS compreendem “a supervisão da atividade e funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, no que respeita […entre outros] [ao] “cumprimento dos requisitos de exercício da atividade e de funcionamento”, “[à] garantia dos direitos relativos ao acesso aos cuidados de saúde”, e “[à] prestação de cuidados de saúde de qualidade, bem como dos demais direitos dos utentes”.

25. Com efeito, são objetivos da ERS, nos termos das alíneas a), c) e d) do artigo 10.º dos Estatutos da ERS, “assegurar o cumprimento dos requisitos do exercício da atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde”; “garantir os direitos e interesses legítimos dos utentes” e “zelar pela prestação de cuidados de saúde de qualidade”.

26. No que toca à alínea a) do artigo 10.º dos Estatutos da ERS, a alínea c) do artigo 11.º do mesmo diploma estabelece ser incumbência da ERS “assegurar o cumprimento dos requisitos legais e regulamentares de funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde e sancionar o seu incumprimento”.

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27. Já no que se refere ao objetivo regulatório previsto na alínea c) do artigo 10.º dos Estatutos da ERS, de garantia dos direitos e legítimos interesses dos utentes, a alínea a) do artigo 13.º do mesmo diploma estabelece ser incumbência da ERS “apreciar as queixas e reclamações dos utentes e monitorizar o seguimento dado pelos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde às mesmas”.

28. Finalmente, e a propósito do objetivo consagrado na alínea d) do artigo 10.º dos Estatutos da ERS, a alínea c) do artigo 14.º do mesmo diploma prescreve que compete à ERS “garantir o direito dos utentes à prestação de cuidados de saúde de qualidade”.

29. Para tanto, a ERS pode assegurar tais incumbências mediante o exercício dos seus poderes de supervisão, consubstanciado, designadamente, no dever de zelar pela aplicação das leis e regulamentos e demais normas aplicáveis, e ainda mediante a emissão de ordens e instruções, bem como recomendações ou advertências individuais, sempre que tal seja necessário, sobre quaisquer matérias relacionadas com os objetivos da sua atividade reguladora, incluindo a imposição de medidas de conduta e a adoção das providências necessárias à reparação dos direitos e interesses legítimos dos utentes – cfr. alíneas a) e b) do artigo 19.º dos Estatutos da ERS.

30. Tal como configuradas, as situações denunciadas nos autos poderão consubstanciar não só um comportamento atentatório dos direitos e legítimos interesses dos utentes em causa – concretamente, do direito à prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança –, mas também na violação de normativos que à ERS cabe acautelar, na prossecução da sua missão de regulação e supervisão da atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde.

III.2. Do direito à prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança 31. A necessidade de garantir requisitos mínimos de qualidade e segurança ao nível da

prestação de cuidados de saúde, dos recursos humanos, do equipamento disponível e das instalações, está presente no sector da prestação de cuidados de saúde de uma forma mais acentuada do que em qualquer outra área.

32. As relevantes especificidades deste setor agudizam a necessidade de garantir que os serviços sejam prestados em condições que não lesem os interesses nem os direitos dos utentes.

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33. Sobretudo, importa ter em consideração que a assimetria de informação que se verifica entre prestadores e utentes reduz a capacidade destes últimos de perceberem e avaliarem o seu estado de saúde, bem como, a qualidade e adequação dos serviços que lhe são prestados.

34. Além disso, a importância do bem em causa (a saúde do doente) imprime uma gravidade excecional à prestação de cuidados em situação de falta de condições adequadas.

35. Por outro lado, os níveis de segurança desejáveis na prestação de cuidados de saúde devem ser considerados, seja do ponto de vista do risco clínico, seja do risco não clínico.

36. Assim, o utente dos serviços de saúde tem direito a que os cuidados de saúde sejam prestados com observância e em estrito cumprimento dos parâmetros mínimos de qualidade legalmente previstos, quer no plano das instalações, quer no que diz respeito aos recursos técnicos e humanos utilizados.

37. Sendo que os utentes gozam do direito de exigir dos prestadores de cuidados de saúde o cumprimento dos requisitos de higiene, segurança e salvaguarda da saúde pública, bem como a observância das regras de qualidade e segurança definidas pelos códigos científicos e técnicos aplicáveis e pelas regras de boa prática médica, ou seja, pelas leges artis.

38. Ademais, os utentes dos serviços de saúde que recorrem à prestação de cuidados de saúde encontram-se, não raras vezes, numa situação de vulnerabilidade que torna ainda mais premente a necessidade dos cuidados de saúde serem prestados pelos meios adequados, com prontidão, humanidade, correção técnica e respeito.

39. Sendo que a este respeito encontra-se reconhecido na Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, que aprovou a Lei de Bases da Saúde (LBS), e, hoje, no artigo 4º da Lei n.º 15/2014, de 21 de março, o direito dos utentes a serem “tratados pelos meios adequados, humanamente e com prontidão, correção técnica, privacidade e respeito” – cfr. alínea c) da Base XIV da LBS.

40. E, quando o legislador refere que os utentes têm o direito de ser tratados pelos meios adequados e com correção técnica está certamente a referir-se à utilização, pelos prestadores de cuidados de saúde, dos tratamentos e tecnologias tecnicamente mais corretas e que melhor se adequam à necessidade concreta de cada utente.

41. Por outro lado, quando na alínea c) da Base XIV da LBS se afirma que os utentes devem ser tratados humanamente e com respeito, tal imposição decorre diretamente

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do dever dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde de atenderem e tratarem os seus utentes em respeito pela dignidade humana, como direito e princípio estruturante da República Portuguesa.

42. De facto, os profissionais de saúde que se encontram ao serviço dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde devem ter “redobrado cuidado de respeitar as pessoas particularmente frágeis pela doença ou pela deficiência”.

43. E a qualidade dos serviços de saúde não se esgota nas condições técnicas de execução da prestação, mas abrange também a comunicação e informação ao utente, dos resultados dessa mesma prestação.

44. Para além destas exigências, os prestadores de cuidados de saúde devem ainda assegurar e fazer cumprir um conjunto de procedimentos, que tenham por objetivo prevenir e controlar a ocorrência de incidentes e eventos adversos, que possam afetar os direitos e interesses legítimos dos utentes.

45. Em especial, devem ser observadas as regras constantes da Orientação da Direção-Geral da Saúde (doravante DGS) n.º 011/2012, de 30 de julho de 2012, referente à Análise de Incidentes e de Eventos Adversos1, bem como a Norma da DGS n.º 015/2014, de 25 de setembro de 2014, que cria o Sistema Nacional de Notificação de Incidentes - NOTIFICA2.

46. Os sobreditos documentos, aplicáveis a todas as entidades prestadoras de cuidados de saúde do Sistema de Saúde Português, estabelecem procedimentos que constituem instrumentos eficazes para a deteção de eventos adversos e para estimular a reflexão e o estudo sobre os mesmos, por forma a determinar a alteração de comportamentos e a correção e retificação de erros, em prol da qualidade, eficácia, eficiência e segurança dos cuidados de saúde a prestar aos utentes.

47. Assim, a Orientação da DGS n.º 011/2012, referente à Análise de Incidentes e de Eventos Adversos, estabelece concretamente o seguinte:

“Sempre que se verificar a ocorrência de um incidente potencialmente grave ou de um evento adverso, os serviços prestadores de cuidados de saúde devem:

1) promover a aprendizagem sobre as respetivas causas e prevenir a sua recorrência;

1

A Orientação da DGS n.º 011/2012, de 30 de julho de 2012, pode ser consultada em

https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs.aspx.

2

A Norma da DGS n.º 015/2014, de 25 de setembro de 2014, procurou reconfigurar e melhorar a estrutura e organização de conteúdos do antigo Sistema Nacional de Notificação de Incidentes e Eventos Adversos (SNNIEA), e pode ser consultada em https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs.aspx.

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2) identificar as causas raiz do evento e procurar atuar sobre essas causas, indo além da mera resolução das manifestações dos problemas;

3) seguir a metodologia de desenvolvimento da Análise das Causas Raiz, elaborada a partir das experiências internacionais nesta área, anexa à presente Orientação e que dela faz parte integrante.”

48. Já relativamente à Norma da DGS n.º 015/2014, que cria o Sistema Nacional de Notificação de Incidentes – NOTIFICA, a mesma estabelece que:

“1. Todas as Unidades do Sistema de Saúde devem possuir uma estrutura responsável pela gestão e análise interna de incidentes de segurança do doente. 2. A indicação do gestor local e do seu substituto, junto desta Direção-Geral, deve obrigatoriamente:

a. conter os seus nomes completos, endereços eletrónicos e contactos telefónicos profissionais;

b. serem dirigidos ao endereço notifica@dgs.pt.

3. O gestor local ou o seu substituto ficam, obrigados a garantir: a. que o acesso à sua página pessoal no NOTIFICA é intransmissível; b. reporte periódico à administração da instituição;

c. o respeito e o cumprimento dos procedimentos previsto no “Manual do Gestor local”, disponível na página www.dgs.pt.

4. Os incidentes reportados no NOTIFICA devem ser alvo de análise interna, pelo gestor local, de forma a garantir:

a. a validação das notificações;

b. a identificação de medidas de correção, de implementação imediata, se aplicável; c. a identificação dos fatores contribuintes;

d. a determinação de um plano de ação com medidas preventivas ou corretivas se e conforme aplicável.

5. O gestor local deve dar retorno de informação ao notificador, acedendo à plataforma NOTIFICA e transcrevendo para a notificação em análise, as medidas preventivas e/ou corretivas definidas.

6. Sempre que se verificar a ocorrência de um incidente cujo grau de dano para o doente é “grave” ou “morte”, o gestor local deverá:

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a. promover a aprendizagem sobre as respetivas causas e prevenir a sua recorrência;

b. identificar as causas raiz do evento e procurar atuar sobre essas causas, indo além da mera resolução das manifestações dos problemas;

c. seguir a metodologia de desenvolvimento da Análise das Causas Raiz, elaborada a partir das experiências internacionais nesta área, no cumprimento da Orientação n.º 011/2012 de 30 de julho de 2012. […]”.

10. A notificação de um incidente, ocorrido numa instituição prestadora de cuidados de saúde exige a implementação de medidas corretoras sistémicas por parte da administração da instituição, de forma a evitar que situações geradoras de dano, real ou potencial, se venham a repetir. […]”.

49. Ainda com relevância para a matéria em análise, e no quadro da proteção dos direitos e interesses dos utentes, de acordo com a alínea a) do artigo 14.º dos Estatutos da ERS, incumbe a esta Entidade Reguladora “promover um sistema de âmbito nacional de classificação dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde quanto à sua qualidade global, de acordo com critérios objetivos e verificáveis, incluindo os índices de satisfação dos utentes”.

50. É neste enquadramento que a ERS se encontra a desenvolver o projeto SINAS (Sistema Nacional de Avaliação em Saúde), que consiste num sistema de avaliação da qualidade global dos serviços de saúde, em Portugal continental3.

51. Embora atualmente estejam apenas implementados os módulos relativos a estabelecimentos de saúde com internamento (SINAS@Hospitais) e a estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde oral (SINAS@Saúde.Oral), existe a pretensão de estender o sobredito sistema a todos os estabelecimentos de saúde (públicos, privados, cooperativos e sociais) sujeitos à regulação e supervisão da ERS. 52. Atendendo às dificuldades em uniformizar o conceito de “qualidade”, em cada módulo

do SINAS são avaliadas diversas dimensões dos serviços prestados, algumas das quais são transversais a todos os módulos, como é o caso, por exemplo, da dimensão relativa à “segurança do doente”.

53. E nesta dimensão da “segurança do doente” incluem-se categorias de avaliação que merecem destaque para a matéria em análise nos autos, designadamente a implementação de planos, procedimentos, políticas ou protocolos para avaliação do risco de quedas dos doentes, o registo no processo clínico destes dos resultados

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dessa eventual avaliação, o registo de ocorrência de quedas e a avaliação do registo de ocorrência de quedas numa ótica de melhoria contínua, entre outros.

III.3. Análise das situações concretas

54. Analisados os factos apurados no decurso dos presentes autos, importa aferir, por um lado, se o HLL, quer na reclamação que deu inicialmente origem aos presentes autos, quer na situação posteriormente relatada pelo exponente P.C., respeitou o direito dos utentes à prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança, e se, em geral, nesse mesmo estabelecimento de saúde, o mencionado direito se encontra acautelado – concretamente, ao nível da avaliação e prevenção adequadas do risco de queda dos utentes, designadamente determinando se o prestador possui, implementou e/ou cumpre os respetivos procedimentos ou protocolos, em observância e em estrito cumprimento dos parâmetros mínimos de qualidade legalmente previstos. 55. Ora, das diligências encetadas no presente processo, e no que se refere à situação

que deu origem à abertura dos presentes autos, resultaram os factos que, de seguida, resumidamente se enunciam:

(i) A utente C.S. deslocou-se ao HLL, em 30 de julho de 2016, para realização de exame radiológico;

(ii) A utente terá informado a técnica de radiologia de “[…] que sofria de um problema nos joelhos devido a anterior quimioterapia pelo que não teria força para subir para a plataforma a fim de realizar o exame.”;

(iii) Sendo que, de acordo com as informações prestados pelo próprio HLL, “Na subida para a mesa de exame, a cliente desequilibrou-se e a técnica de radiologia não conseguiu evitar a queda”;

(iv) Refere, ainda, o prestador que “De imediato foi realizada uma radiografia na zona onde ocorreu o impacto, que não revelou quaisquer alterações, pelo que se procedeu à aplicação de gelo na zona afetada, sugerindo-se o encaminhamento da paciente para a Unidade de Atendimento Urgente de Adultos […]”.

56. Recorde-se ademais que, além do incidente verificado com a utente C.S., a ERS teve conhecimento de uma outra reclamação, subscrita por P.C. e relativa ao seu pai, o utente J.C., na qual também é relatada outra situação de queda de um utente, durante a prestação de cuidados de saúde no HLL.

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57. E confrontado com tais situações o prestador referiu, relativamente ao caso da utente C.S., que “[…] não ocorreu qualquer mau procedimento por parte dos profissionais envolvidos, que tiveram o cuidado de questionar previamente [a utente] sobre a sua condição física para colaborar na realização do exame, tendo sempre acompanhado e apoiado a sua movimentação”;

58. Não esclarecendo, contudo, por que motivo o profissional que acompanhou a utente C.S. na preparação do exame não foi capaz de evitar a ocorrência da queda.

59. Apenas referindo ter “[…] fic[ado] definido, que sempre que necessário, o serviço deve disponibilizar a ajuda de um segundo elemento para reduzir o risco de ocorrência de queda, durante este procedimento.”.

60. Já no que respeita ao segundo caso trazido ao conhecimento da ERS, de acordo com o prestador “[…] todos os procedimentos em vigor no Hospital Lusíadas Lisboa foram respeitados e tendo sido a queda do paciente um evento do qual entendemos não haver qualquer responsabilidade nossa, não obstante lamentarmos, não se vislumbrou necessidade de alterar ou adotar qualquer tipo de melhorias”.

61. Para mais esclarecendo as circunstâncias do incidente, ao relatar que “[…] o paciente encontrava-se sentado na cadeira no interior do quarto que ocupava no S.O., quando ter-se-á levantado sozinho e começado a caminhar para a casa de banho, desobedecendo, desse modo, às instruções que a equipa de enfermagem lhe havia transmitido e que eram no sentido de solicitar ajuda para qualquer deslocação. […] Ao verificar que o paciente estava a encaminhar-se sozinho até à casa de banho, a enfermeira responsável pela Unidade de Urgência, abordoou-o a meio do caminho, prestando-lhe auxílio no percurso assim como na devida preparação, deixando-o nas instalações sanitárias, sentado e em segurança (eliminando o risco de queda). Entregou-lhe a campainha, transmitindo-lhe que ficaria à sua espera (no interior da casa de banho) para colaborar na sua higiene, o que foi negado pelo paciente, pedindo privacidade. Perante tal recusa, a Enfermeira deixou a casa de banho, solicitando que dois elementos da equipa ficassem à porta, aguardando que o paciente terminasse o que fora fazer. Porém, de forma a prestar auxílio, os colaboradores tiveram que cumprir com as regras de higiene para o efeito (colocação de luvas), ao entrarem verificaram que o mesmo já havia sofrido a queda, desobedecendo assim, uma vez mais, às instruções que lhe foram transmitidas, levantando-se sozinho do sanitário.”.

62. Não se podendo, no entanto, olvidar que, de acordo com a exposição do reclamante P.C., “[…] pelas 19h, [o utente J.C.] encontrava-se cheio de dores e ainda não tinha

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realizado qualquer exame de diagnóstico após a queda. […] Só após as 20h do dia 22/02/2018, e após muita insistência, foram realizadas as prescrições para os exames de diagnóstico. Estes, infelizmente confirmaram uma vértebra partida (L1). […]”;

63. O que não se compadece com a obrigação que impende sobre o HLL de garantir ao utente uma prestação integrada e tempestiva de cuidados de saúde.

64. Importando, por isso, assegurar uma intervenção regulatória junto do prestador, para que, em situações em que não seja possível evitar a ocorrência de queda, seja garantida a imediata prestação de auxílio aos utentes, providenciado pela realização atempada de todos os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT’s) necessários e pela administração da terapêutica adequada à situação clínica dos utentes, por forma a assegurar, em permanência, o respeito pelos direitos e interesses legítimos dos utentes, mormente o direito à proteção da saúde através da prestação dos cuidados de saúde necessários, de qualidade e com segurança.

65. Acresce que, das informações prestadas nos autos pelo HLL, resulta que o prestador possui normas para “Avaliação do Risco de Quedas nos Clientes em Ambulatório”, “Redução de Risco de Quedas do Cliente na Imagiologia”, “Prevenção, Avaliação, Registo e Monitorização de Quedas” e “Avaliação do Risco”.

66. Constatando-se, assim, que o prestador tem instituídos procedimentos internos para prevenção de quedas em utentes que, em abstrato, se revelam aptos a garantir a qualidade e a segurança ao nível da prestação de cuidados de saúde;

67. No entanto, importa garantir que esses procedimentos são efetivamente cumpridos e respeitados pelos profissionais ao seu serviço.

68. Pois que, pese embora a existência de procedimentos a este respeito, as reclamações constantes dos autos constituem evidência de que o prestador não acautelou o devido acompanhamento dos utentes em causa por forma a garantir uma permanente e efetiva monitorização dos mesmos, apta a assegurar a qualidade e a segurança na prestação de cuidados de saúde.

69. Pelo que, tendo presentes os factos apurados nos autos, constata-se que in casu os procedimentos assistenciais empregues pelo HLL não se revelaram suficientemente garantísticos dos direitos e interesses legítimos dos utentes C.S. e J.C., o que à ERS cumpre garantir, mormente do direito à prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança.

70. Com efeito, refira-se que, o direito à qualidade dos cuidados de saúde, que implica o cumprimento de requisitos legais e regulamentares de exercício, de manuais de boas

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práticas, de normas de qualidade e de segurança é, incontestavelmente, uma garantia de um acesso aos cuidados qualitativamente necessários, adequados e em tempo útil; 71. Na medida em que o cumprimento de procedimentos promove uma melhor

coordenação e articulação entre os serviços, bem como acautela qualquer impacto negativo na condição de saúde dos utentes.

72. Sendo certo que nenhuma vantagem se retira da existência de procedimentos, nas mais diversas áreas de intervenção, sem que se garanta, paralelamente, que os mesmos são efetivamente aplicados, em todos os momentos e em todas as dimensões da atuação dos prestadores, nos cuidados que prestam aos utentes.

73. Por todo o vindo de expor, considera-se necessária a adoção da atuação regulatória infra delineada, ao abrigo das atribuições e competências legalmente atribuídas à ERS, de modo a evitar que situações como a dos presentes autos voltem a ocorrer, devendo, por conseguinte, o HLL adotar todos os comportamentos aptos a garantir uma prestação de cuidados de saúde de qualidade e com segurança, nomeadamente assegurar o cumprimento dos procedimentos em vigor para “Avaliação do Risco de Quedas nos Clientes em Ambulatório”, “Redução de Risco de Quedas do Cliente na Imagiologia”, “Prevenção, Avaliação, Registo e Monitorização de Quedas” e “Avaliação do Risco”.

IV. AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS

74. A presente deliberação foi precedida de audiência escrita dos interessados, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 122.º do Código de Procedimento Administrativo (CPA), aplicável ex vi da alínea a) do artigo 24.º dos Estatutos da ERS, tendo sido notificados para se pronunciarem relativamente ao projeto de deliberação da ERS, no prazo de 10 dias úteis, o Hospital Lusíadas Lisboa (HLL) e os reclamantes, por ofícios datados de 13 de julho de 2018.

75. Decorrido o prazo concedido para a referida pronúncia, a ERS rececionou, por mensagem de correio eletrónico de 30 de julho de 2018, a pronúncia da reclamante C.S. e, por ofício rececionado na ERS em 1 de agosto de 2018, a pronúncia do HLL. 76. Assim, por mensagem de correio eletrónico de 30 de julho de 2018, tomou a ERS

conhecimento da pronúncia da reclamante C.S., que refere o seguinte: “[…]

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No seguimento da vossa comunicação de 13 de Julho passado e concordando com o parecer da ERS venho solicitar a indicação dos procedimentos a seguir no sentido de ser feita justiça. […]”.

77. Subsequentemente, por ofício rececionado em 1 de agosto de 2018, a ERS tomou conhecimento da pronúncia aduzida pelo HLL, concretamente alegando:

“[…]

Tendo presente o Ofício em referência, sobre o assunto em título, vem a sociedade Lusíadas, S. A., entidade gestora da unidade hospitalar denominada por Hospital Lusíadas Lisboa, pronunciar-se quanto ao projecto de Deliberação supra referenciado, o que faz nos seguintes moldes:

1) Com o devido respeito que essa Entidade Reguladora da Saúde nos merece, não pode a Sociedade participada aceitar o projecto de deliberação e a respetiva Decisão, em virtude do que ficou comprovado, quer no processo de reclamação da paciente C.S., quer no processo referente a queda do paciente J.C.; De facto, 2) Ficou cabalmente comprovado em ambos os processos, que os profissionais do

Hospital Lusíadas Lisboa não tiveram qualquer responsabilidade quanto às quedas sofridas pelos utentes, bem como, se demonstrou terem sido adoptados todos os procedimentos administrativos e clínicos em vigor na unidade hospitalar em questão, para o tratamento de ambos os pacientes.

3) Essa própria ERS ressalta (e bem) tal situação, quando explicita no artigo 66 da Deliberação que: "constatando-se, assim, que o prestador tem instituídos procedimentos internos para prevenção de quedas em utentes que, em abstrato, se revelam aptos a garantir a qualidade e a segurança ao nível da prestação de cuidados de saúde."

4) Ora, tal entendimento reflete com clareza o respeito pelo qual o Hospital Lusíadas Lisboa trata a segurança dos seus pacientes, motivo pelo qual no início do corrente ano foi a unidade hospitalar em questão novamente acreditada pela Joint Comission Internacional.

5) Ora, tal certificação internacional afere não apenas a existência de procedimentos, como também o cumprimento rigoroso e escrupuloso das normas de segurança dos doentes e dos procedimentos em vigor.

6) Importa ainda referir (facto ao qual essa ERS não deu relevo) que o Hospital Lusíadas Lisboa em total apreço e cuidado pelos seus pacientes, se disponibilizou a enviar diariamente um profissional de saúde médica para se deslocar a residência

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do Sr. J.A., no sentido de o auxiliar na colocação e na retirada do colete, o que não foi aceite por aquele.

7) Diante de tais factos, e das demais exposições já apresentadas a essa ERS, não percebe o prestador a razão de adopção de uma atuação regulatória, pois todos os procedimentos em ambos os processos foram cumpridos com rigor, o que aliás, é regra nas unidades do Grupo Lusíadas Saúde.

8) No mais, não consegue o prestador extrair da Decisão proferida por V.Exas, como irá fazer prova documental de todos os pontos referidos, uma vez que as mesmas se configuram como normas comportamentais, cuja prova de cumprimento é inviável.

9) Neste sentido, e caso venha a ser mantido o Projecto de Deliberação na íntegra, o que se acredita não irá ocorrer, é imperioso o esclarecimento de como o prestador poderá dar cumprimento ao determinado nos pontos (i), (ii), (iii) e (iv) da Decisão.”. 78. As pronúncias recebidas foram devidamente consideradas e ponderadas pela ERS. 79. Sendo certo que, a pronúncia da reclamante C.S. não colide com o sentido da decisão

projetada;

80. Antes vem reforçar a necessidade e premência de emissão da instrução delineada. 81. No que respeita à pronúncia do HLL, faz-se, desde já, notar que todos os argumentos

apresentados na pronúncia foram devidamente considerados e ponderados pela ERS; 82. Ainda que dos mesmos não tenha resultado uma alteração no sentido da decisão que

a ERS ora entende emitir.

83. Isto porque, os argumentos aduzidos não põem em causa o quadro factual e legal apresentado pela ERS no seu projeto de deliberação.

84. Com efeito, o HLL limita-se a repisar, em sede de audiência de interessados, informações já anteriormente transmitidas à ERS e que, aliás, foram tidas em consideração para a instrução constante do projeto de deliberação regularmente notificado ao prestador.

85. Com efeito, o HLL pauta a sua pronúncia pela premissa de que “Ficou cabalmente comprovado em ambos os processos, que os profissionais do Hospital Lusíadas Lisboa não tiveram qualquer responsabilidade quanto às quedas sofridas pelos utentes, bem como, se demonstrou terem sido adoptados todos os procedimentos administrativos e clínicos em vigor na unidade hospitalar em questão, para o tratamento de ambos os pacientes. […] Essa própria ERS ressalta (e bem) tal

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situação, quando explicita no artigo 66 da Deliberação que: "constatando-se, assim, que o prestador tem instituídos procedimentos internos para prevenção de quedas em utentes que, em abstrato, se revelam aptos a garantir a qualidade e a segurança ao nível da prestação de cuidados de saúde."”.

86. Olvidando, no entanto, o prestador que, nos casos em apreço nos autos, a sua conduta se revelou insuficiente à cautela dos direitos e interesses legítimos dos utentes C.S. e J.C..

87. Pois que, quanto à situação relatada pela utente C.S., mantém-se a fundada dúvida quanto à suficiência dos procedimentos assistenciais empregues pelo HLL para evitar a ocorrência da queda;

88. Na medida em que o prestador não logrou esclarecer os autos sobre o motivo pelo qual o profissional que acompanhou a utente na preparação do exame foi incapaz de evitar a queda, nem tão pouco esclareceu se tal insuficiência de auxílio seria já previsível ou se se tratou de uma situação inesperada.

89. Por outro lado, o prestador parecer esquecer que, de acordo com a exposição do reclamante P.C., ao utente J.C. não terão sido prestados os cuidados de saúde necessários, adequados e em tempo útil após a queda sofrida;

90. Com efeito, refere o reclamante que, “[…] pelas 19h, [o utente J.C.] encontrava-se cheio de dores e ainda não tinha realizado qualquer exame de diagnóstico após a queda. […] Só após as 20h […], foram realizadas as prescrições para os exames de diagnóstico. Estes, infelizmente confirmaram uma vértebra partida (L1). […]”;

91. O que não se compadece com a obrigação que impende sobre o HLL de garantir ao utente uma prestação integrada, continuada e tempestiva de cuidados de saúde. 92. Sendo, por isso, imperioso assegurar uma intervenção regulatória junto do prestador,

para que, em situações em que não seja possível evitar a ocorrência de queda, seja garantida a imediata prestação de auxílio aos utentes, providenciado pela realização atempada de todos os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT’s) necessários e pela administração da terapêutica adequada à situação clínica dos utentes, por forma a assegurar, em permanência, o respeito pelos direitos e interesses legítimos dos utentes, mormente o direito à proteção da saúde através da prestação dos cuidados de saúde necessários, de qualidade e com segurança.

93. E se é certo que, no projeto de deliberação notificado, a ERS admite que o prestador possui normas para “Avaliação do Risco de Quedas nos Clientes em Ambulatório”, “Redução de Risco de Quedas do Cliente na Imagiologia”, “Prevenção, Avaliação,

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Registo e Monitorização de Quedas” e “Avaliação do Risco” que, em abstrato, se revelam aptas a garantir a qualidade e a segurança ao nível da prestação de cuidados de saúde;

94. Também é certo que a ERS pugna, nesse mesmo projeto, pela necessidade do prestador garantir, através da emissão e divulgação de ordens e orientações claras e precisas, que esses procedimentos sejam, efetiva e permanentemente, cumpridos e respeitados por todos os profissionais ao seu serviço.

95. Pelo que a linha argumentativa do HLL não colhe nos termos aduzidos, por isso se mantendo a necessidade de manutenção da decisão nos termos projetados.

96. Em face do exposto, verifica-se a necessidade de manutenção dos termos da instrução, tal como projetada e notificada, a fim de garantir, a todo o tempo, o direito à qualidade e segurança nos cuidados de saúde prestados pelo HLL e evitar que situações idênticas às verificadas nos presentes autos se venham a repetir no futuro. 97. Tudo visto e ponderado, conclui-se pela insusceptibilidade dos argumentos invocados

infirmarem a decisão projetada, bem como pela desnecessidade de adoção de novas diligências instrutórias, pelo que a decisão projetada se mantém na integra.

V. DECISÃO

98. O Conselho de Administração da ERS delibera, nos termos e para os efeitos do preceituado nas alíneas a) e b) do artigo 19.º e alínea a) do artigo 24.º dos Estatutos da ERS, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto, emitir uma instrução ao Hospital Lusíadas Lisboa, no sentido de:

(i) Garantir o permanente cumprimento das normas aplicáveis e dos procedimentos internos, com o objetivo de assegurar a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde prestados, designada, mas não limitadamente, das medidas e/ou procedimentos de avaliação do risco de queda dos utentes e de prevenção da ocorrência desse incidente;

(ii) Assegurar que, nas situações em que não seja possível evitar a ocorrência de quedas, seja garantida a imediata prestação de auxílio aos utentes, providenciado pela realização atempada de todos os Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT’s) necessários e pela administração da terapêutica adequada à situação clínica dos utentes, garantindo, a todo o momento, o respeito pelos direitos e interesses legítimos dos utentes,

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mormente o direito à proteção da saúde através da prestação dos cuidados de saúde necessários, de qualidade e com segurança;

(iii) Garantir o permanente cumprimento das normas e orientações em vigor, a cada momento, sobre incidentes de quedas e eventos adversos, nomeadamente no que respeita "a metodologia de desenvolvimento da Análise das Causas Raiz” de acordo com a Orientação da Direção-Geral da Saúde n.º 011/2012, de 30/07/2012, referente à Análise de Incidentes e de Eventos Adversos e sobre a sua notificação ao organismo com competência para fazer a respetiva análise e monitorização, nos termos da Norma da Direção-Geral da Saúde n.º 015/2014, referente ao Sistema Nacional de Notificação de Incidentes, ou quaisquer outras de conteúdo idêntico que sobre as mesmas matérias venham a ser aprovadas;

(iv) Garantir, em permanência, através da emissão e divulgação de ordens e orientações claras e precisas que os procedimentos a adotar para cumprimento da presente instrução sejam corretamente seguidos e respeitados por todos profissionais de saúde;

(v) Dar cumprimento à presente instrução, bem como dar conhecimento à ERS, no prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis após a notificação da deliberação final, dos procedimentos adotados para o efetivo cumprimento do disposto em cada uma das alíneas supra.

99. A instrução ora emitida constitui decisão da ERS, sendo que a alínea b) do n.º 1 do artigo 61.º dos Estatutos da ERS, aprovados em anexo ao Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto, configura como contraordenação punível in casu com coima de € 1000,00 a € 44 891,81, “[….] o desrespeito de norma ou de decisão da ERS que, no exercício dos seus poderes regulamentares, de supervisão ou sancionatórios determinem qualquer obrigação ou proibição, previstos nos artigos 14.º, 16.º, 17.º, 19.º, 20.º, 22.º, 23.º ”.

Porto, 30 de agosto de 2018. O Conselho de Administração.

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