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Anais do 38º CBA, p.2409

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Academic year: 2021

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ALTERAÇÕES CLINICO-PATOLÓGICAS EM CÃES POSITIVOS PARA DIROFILARIOSE EM SERGIPE: RELATO DE CASO.

CLINICAL-PATHOLOGICAL ALTERATIONS IN POSITIVES DOGS FOR DIROFILARIASIS IN SERGIPE: CASE REPORT.

Letícia Arruda MAGALHÃES1; Hilda Silvia Araujo dos SANTOS1; Juliana Teixeira

dos SANTOS1; Louise Vieira MACHADO1; Danielle Domingos DUARTE2; Nara

Araújo NASCIMENTO3e Lorena Gabriela Rocha RIBEIRO4

1 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, leticiaarrudamagalhaes@hotmail.com

2 Médica Veterinária Policlínica Veterinária.

3 Médica Veterinária Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli – Faculdade Pio X

4 Professora do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe

Resumo:

A dirofilariose canina é causada por nematódeos e tem como principal espécie a Dirofilaria immitis. É uma doença zoonótica transmitida por mosquitos hematófagos e atualmente está apresentando um aumento da prevalência no país, entretanto muitos casos vem sendo subdiagnosticados na clínica de pequenos animais. Sendo assim, a profilaxia é essencial para a redução de sua incidência uma vez que o tratamento apresenta sérios riscos ao paciente. No presente relato há a descrição de sinais clínicos e necroscópicos de três cães com dirofilariose no estado de Sergipe.

Palavras-chave:Dirofilaria immitis; nematoides,necropsia, caninos; Keywords:Dirofilaria immitis; canines; necropsy; public health; clinic Introdução:

A dirofilariose, conhecida popularmente como doença do “verme do coração”, acomete uma ampla variedade de espécies, entre elas,o homem e o cão. Tem como agente etiológico os nematódeos Dirofilaria immitis. São parasitos delgados com coloração esbranquiçada, e quando adultos, localizam-se principalmente no ventrículo direito do coração e artéria pulmonar e provocar alterações funcionais no coração, pulmões e rins (Almeida et al, 2001; Silva et al, 2008; Silva e Langoni, 2009).

Por serem transmitidos por mosquitos, sua incidência é maior em áreas costeiras devido ao ambiente propício para o desenvolvimento dos vetores (Labarthe et al., 1997).

Os principais métodos de diagnósticos dos parasitos éa detecção da sua forma larval pela observação das microfilárias a partir de amostras de sangue periférico,

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além de sorologia e PCR. Outras ferramentas podem auxiliar no diagnóstico, como o ecocardiograma, ultrassonografia e os achados de necropsia (Almeida, 2014; Caicedo, 2016; Silva e Langoni, 2009).

As medidas preventivas visam diminuir a prevalência dos vetores e consequentemente reduzir o repasto sanguíneo nos animais. No entanto, após a infecção, o tratamento varia de acordo com a carga parasitária e escore corporal do animal, incluindo terapia medicamentosa ou remoção cirúrgica (Nelson, 2015).

Nesse contexto, o objetivo desse trabalho é relatar a ocorrência de três casos de Dirofilaria immitis em cães no estado de Sergipe, a partir da descrição das análises clínicas, laboratoriais e achados de necropsia.

Descrição do Caso:

Dois cães machos, um da raça Pit Bull com 6 anos e o outro da raça Boxer com 8 anos, foram atendidos no Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli – Faculdade Pio X Aracaju/SE e vieram a óbito, sendo necropsiados no Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Sergipe. O terceiro animal é um poodle com 5 anos, atendida na clínica veterinária Policlínica em Lagarto/SE.

No primeiro animal, a queixa clínica principal foi diminuição do apetite e apatia. No exame clínico foi observado alopecia generalizada com descamação e sangramento multifocal. Foi realizado exame sorológico ELISA e RIFI para leishmaniose – com titulação igual ou superior a diluição 1/40. Desta forma, o animal foi eutanasiado. À necropsia foram observadas lesões compatíveis com leishmaniose e o coração estava intensamente aumentado de tamanho e globoso, com hipertrofia ventricular direita e acentuada quantidade de parasitas compatíveis com Dirofilaria immitis no átrio e ventrículo direito e artéria pulmonar.

O segundo animal foi eutanasiado por apresentar neoplasia na cavidade abdominal. Na necropsia havia edema pulmonar discreto, calcificação multifocal moderada do parênquima pulmonar, neoplasia irregular e macia medindo 7,5x3,5cm no mesentério, adjacente ao intestino grosso. O coração estava aumentado de tamanho e globoso com discreta quantidade de filarídeos adultos de Dirofilaria immitis no ventrículo direito.

No terceiro animal, a queixa principal era de agitação e respiração ofegante no período noturno, dificuldade respiratória e tosse. Nenhuma alteração foi encontrada ao exame clínico e hemograma.Na radiografia de tórax, observou-se discreto

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mediastino cranial; aumento do calibre de veias e artérias pulmonares e aumento da radiopacidade em campos pulmonares sugerindo dirofilariose e confirmado com a sorologia. No eletrocardiograma foi observado taquicardia sinusal.Na ultrassonografia abdominal confirmou a presença de pequena quantidade de líquido livre abdominal.Com esses resultados iniciou-se um tratamento com ivermectina, tendo uma melhora inicial, entretanto o quadro evoluiu para cianose e dificuldade respiratória grave e foi a óbito. Os proprietários não autorizaram a realização da necropsia.

Discussão:

A dirofilariose é uma zoonose de caráter emergente cuja a prevalência em cães é desconhecida no Estado de Sergipe, sendo ausente os relatos de casos ou trabalhos referentes à casuística. Até o ano 2000, era uma doença comum nos cães, entretanto após esse período houve uma redução drástica na incidência e só retornou a incidir após alguns anos. É importante ressaltar que o estado de Sergipe reúne condições favoráveis para a disseminação dos vetores, como o clima quente e úmido, sua proximidade com o litoral e até mesmo fatores sociais como falta de saneamento básico que propicia a proliferação dos mosquitos hematófagos. Atrelado a isso, alguns aspectos como: a abundância dos vetores, a existência de hospedeiros suscetíveis e a periodicidade da circulação de microfilárias nos hospedeiros reservatórios também contribuem para seu caráter emergente (VIEIRA, 2016). No Brasil, de acordo com Labarthe e colaboradores (2014), em 2013-14 a prevalência casos positivos na sorologia para esta enfermidade na região Sul era de 3,2% (64/485), Sudeste 26,3% (160/609) e Nordeste 23,1% (354/1531).

Cães com idade de três a seis anos têm uma maior probabilidade de terem amostras positivas para dirofilariose (Pimentel et al., 2013; Montoya-Alonso et al., 2011), como evidenciado em dois dos três animais relatados. Somente um animal foi diagnosticado em vida e este, mesmo com o início do tratamento com Ivermectina, não obteve melhora em seu prognóstico, evoluindo para falência múltipla dos órgãos e convulsões. O tratamento da dirofilariose é delicado. O uso de fármacos como o cloridrato de melarsomina, objetivando matar os nematódeos adultos presentes no organismo, podem gerar severo trombo-embolismo, inclusive com comprometimento do fluxo sanguíneo e hipertensão pulmonar, aumento da tensão ventricular direita e consequente insuficiência cardíaca (MEIRELES et al., 2014).

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No raio X desse animal, foi observado aumento do calibre de veias e artérias pulmonares, que são sítios comuns deste parasito. Também foi observado discreto aumento da silhueta cardíaca em correspondência ao átrio direito. Essa ocorrência pode ser devido a presença dos nematódeos que diminuem o fluxo sanguíneo para a artéria pulmonar, ou seja, o ventrículo direito possuirá uma capacidade menor de preenchimento, resultando em hipertrofia na sua musculatura, lesão observada nos três casos,e resultante da sobrecarga de pressão devido ao parasitismo. O alargamento do mediastino cranial pode ainda estar associado a dilatação e aneurismas tanto na veia cava superior quanto nas artérias pulmonares (CICARINO, 2009).

Nos dois primeiros animais do presente relato, os sinais clínicos foram discretos e mais associados às doenças concomitantes, o que dificultou a inclusão da dirofilariose como diagnóstico diferencial. Os sinais clínicos desta doença são comuns à diversas enfermidades e muitas vezes pode ser assintomático (Ogawa, 2013). Apenas 30% dos animais infectados por Dirofilaria immitis apresentam o quadro de sintomas específico, como tosse crônica, perda de peso, mucosas pálidas e intolerância a exercícios. Sinais associados à insuficiência cardíaca, como hepatomegalia e esplenomegalia congestivas e ascite também são descritos (Almeida, 2014). Desse modo, é importante alertar aos clínicos a importância de se incluir a dirofilariose como diagnóstico diferencial de outras enfermidades que possam apresentar sinais cardiovascular ou mesmos sintomatologia específica. De forma interessante, nos animais positivos para leishmaniose, a co-infecção por dirofilariose podem ser justificados pela imunossupressão relacionada à Leishmania sp. que pode tornar o animal mais susceptível à diversas infecções oportunistas como demodicoses, escabiose, malasseziose, erliquioses, babesioses, e a própriadirofilariose (FOGANHOLI e ZARPA, 2011).

Ressalta-se ainda a importância da necropsia como ferramenta adicional e essencial também à clínica de pequenos animais, para que o diagnóstico seja confirmado, estabelecido, modificado ou esclarecido (PEIXOTO e BARROS, 1998).

Conclusão:

Conclui-se que a dirofilariose canina vem sendo pouco relatada no Nordeste do Brasil nos últimos anos e enfatiza-se a ausência de trabalhos no estado de Sergipe. Sendo assim, há a necessidade de maior conhecimento do diagnóstico da doença

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importância de pesquisas com métodos de tratamento mais eficazes e alertar aos veterinários clínicos sobre a importância de incluir a dirofilariose como diagnóstico diferencial de enfermidades com sintomatologia inespecífica.

Referências:

ALMEIDA, L.M.M.. Ocorrência de Dirofilaria immitis em cães no semiárido da Paraíba. 30f. Monografia, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, 2014. ALMEIDA, M. A. O. B.; BARROS, M. T. G.; SANTOS, E. P.; AYRES, M. C. C.; GUIMARÃES, J. E.; GONDIM, L. F. P. Parasitismo de cães por microfilárias de Dirofilaria immitis: influência da raça, sexo e idade. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Bahia, v. 2, n.3, p.59-64, 2001.

CICARINO, C.; Dirofilariose Canina. Trabalho de conclusão de curso; Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. p.53, 2009.

FOGANHOLI, J. N; ZAPPA, V. Importância da Leishmaniose na saúde pública; Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Ano IX, n. 17, p.1-45, 2011. LABARTHE, N.; ALMOSNY, N.; GUERRERO, J.; DUQUEARAÚJO, A.M. Description of the occurence of canine dirofilariasis in the state of Rio de Janeiro, Brazil. Memó- rias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 92, n. 1, p. 47-51, 1997.

LASSO CAICEDO, M. C.; Diagnóstico microscópico y serológico de dirofilariasis en un mono chichico (Leontocebus nigricollis graellsi). Trabalho de Conclusão de Curso. Universidad San Francisco de Quito, Colegio de Ciencias de la Salud; Quito, Ecuador, 2016.

MEIRELES, J. ; PAULOS, F. ; SERRÃO, I.; Dirofilariose canina e felina. Revista Portuguesa de ciências veterinárias, v. 109, p. 70-78, 2014.

MONTOYA-ALONSO  ,  J.A.; CARRETÓN,  E.;CORBERA, J.A.;  JUSTE, M.C.;  MELLADO, I.  ; MORCHÓN, R.;  SIMÓN, F. Current prevalence of  Dirofilaria immitis  in dogs, cats and humans from the island of GranCanaria, Spain. Veterinary Parasitology, v.176, p. 291–294, 2011.

NELSON, T.C.; Principles of Treatment Canine Heartworm disease. AHS HEARTWORM HOTLINE. v.5, n. 2, p.53- 59, 2015.

OGAWA, G. M. Prevalência de Dirofilaria immitis (Leyd, 1856) em cães e sua ocorrência em mosquitos (Diptera, Culicidae) na cidade de Porto Velho, Rondônia, Brasil. 2013 65f. Tese (Doutorado em Ciências). Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade São Paulo, São Paulo, 2013.

PEIXOTO, P.V.; BARROS, C. SL. A importância da necropsia em medicina veterinária. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 18, n. 3-4, p. 132-134, 1998.

PIMENTEL, J. L. ; BARBOSA, M. A.G. ; FÉRRER, M. T. ; Clemente, S. M. S.; Pinheiro , J.W. Dirofilariose canina: Relato de caso. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 2013.

SILVA, A.M.A.; ALMEIDA, K.S.; SOUSA, J.J.N.; FREITAS, F.L.C. Dirofilariose canina no município de Coari, Amazonas, Brasil. Archives of Veterinary Science, v.13, n.2, p.145-150, 2008.

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