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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NA PARAÍBA Gabinete de Procurador da República - 10º Ofício

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Academic year: 2021

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Notícia de Fato n.º: 1.24.000.000548/2018-08 Despacho n.º 3880/2018 - MPF/PR/PB/AEMT

Trata-se de procedimento extrajudicial instaurado a partir da remessa de cópias do IPL 2017.0001909, originário da PRM/Monteiro, cujo objeto foi a apuração do crime de roubo praticado na agência dos Correios de Serra Branca/PB.

De acordo com o MPF em Monteiro, o IPL já se encontra com promoção de arquivamento endereçada à Justiça Federal, tombada sob o n.º 080064-97.2018.4.05.8200.

No entanto, devido a notícias veiculadas na imprensa e nota emitida pelo Ministério da Segurança Pública, dando conta de que, dentre as munições encontradas no local do roubo à agência dos Correios de Serra Branca/PB, havia artefato pertencente ao mesmo lote daqueles utilizados no recente assassinato da parlamentar do município do Rio de Janeiro/RJ, o MPF em Monteiro requereu à Justiça Federal a expedição de ofício à Superintendência da Polícia Federal na Paraíba para informar se existe interesse em receber as munições 9mm CBC, Lote UZZ18, encontradas durante as investigações do IPL 2017.0001909.

A partir do Laudo da Companhia Brasileira de Cartuchos, juntado por cópia, verifica-se que o lote e origem dos estojos com marcação UZZ18 foi adquirido pelo Departamento de Polícia Federal - COAD, localizado em Brasília/DF, com nota fiscal datada de 29/12/2006.

Por meio de notícias jornalísticas, verifico que munições do mesmo lote foram utilizadas entre traficantes de facções rivais do Rio de Janeiro, bem como na chacina ocorrida no Estado de São Paulo, a qual resultou em 19 mortes e cinco feridos, fatos ocorridos no ano de 2015.

Oficiada, a Companhia Brasileira de Cartuchos informou que o lote UZZ18 é

a PR-PB-00013259/2018

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NA PARAÍBA

Gabinete de Procurador da República - 10º Ofício

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composto de 2.463.000 (dois milhões, quatrocentos e sessenta e três mil) munições e 24.000 (vinte e quatro mil) cartuchos, sendo as munições do seguinte tipo/quantidade:

500.000 munições CBC 9MMLUGER+P+EXPO 115GR GOLD A 1.359.000 munições CBC 9MMLUGER ETOG 1246R A

25.000 munições CBC 385P1+P+EXPO 125GR GOLD COLM A 15.000 munições CBC 357MAG EXPO 158GR A 15.000

60.000 munições CBC 223REM EXPT 55GR A (inativo) 30.000 munições CBC O 5,56X45 COMUM S5109 A 90.000 munições CBC 5,56X45 COMUM M193 ELADO A 240.000 munições CBC 5,56X45 COMUM M193 POLICIA A 9.000 munições CBC O 5,56X45 TRACL110 ELADO POL.FED 30.000 munições CBC O 7,62X51 COMUM M80 POLICIA A 6.000 munições CBC O 7,62X51 TRAC M62 ELADO A 54.000 munições CBC O 7,62X51 COMUM M80 ELADO A 15.000 munições CBC 308WIN EXPT 150GR A

Total: 2.463.000 munições.

Ou seja: com a mesma marcação de identificação no culote dos estojos (Lote UZZ18), foram produzidas 1.859.000 (um milhão oitivas e cinquenta e nove mil) munições calibre 9MM (CBC 9MMLUGER ETOG 1246R A e CBC 9MMLUGER+P+EXPO 115GR GOLD A) e repassadas ao Departamento de Polícia Federal em 2006, sendo que parte dessa munição foi utilizada no assalto aos Correios em Serra Branca/PB, no assassinato da Vereadora Marielle Franco, na Chacina de Osasco-SP, por organizações criminosas no Estado do Rio de Janeiro em diversos crimes, etc.

A situação sugere que houve perda, roubo, furto ou desvio de munição de uso restrito encomendada pela Polícia Federal e que acabou, por alguma circunstância, municiando criminosos de diversas partes do território nacional.

Acerca da real possibilidade de munições das forças de segurança acabarem em poder do crime organizado, observe-se, a título de exemplo, o estudo do Instituto Sou da Paz, segundo o qual, nos anos de 2014 a 2017, o maior número de munições apreendidas com criminosos no Estado do Rio de Janeiro foi de pistolas 9mm (27,44%), seguido de munição de

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fuzil 7,62mm (14,07%), ficando as munições de pistola .40 (10,17%) e de fuzil 5,66 mm (8,46), respectivamente, em quarto e quinto lugares. Ou seja, dentre os cinco maiores tipos de munições apreendidas, quatro correspondem a artefatos de uso restrito (60,14% do material apreendido).

Registre-se que o próprio Exército, conforme consta do folder eletrônico acerca do SisNar (Sistema Nacional de Rastreamento de Produtos Controlados pelo Exército), admite o preocupante uso de produtos controlados pelo crime organizado, com extrema violência. Consta do referido material de divulgação: "O terrorismo internacional vem fazendo uso das vantagens da livre circulação de produtos e do livre comércio, que estão postas à sua disposição, para a realização de ações assimétricas de terror. No Brasil, o crime organizado vem se desenvolvendo com extrema violência, muitas vezes utilizando produtos controlados, para realização de práticas ilegais".

Em reunião com a Polícia Federal na Paraíba em 09/04/2018, algumas importantes questões foram discutidas e esclarecidas.

Em razão do exposto, ADOTO as seguintes providências:

I) Solicito à Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados, órgão vinculado ao Exército Brasileiro, no prazo de 10 dias:

a) informar as razões técnicas e hermenêuticas pelas quais o art. 4º da Portaria nº 16-D LOG, de 28 de dezembro de 2004, do Departamento Logístico, limita a exigência prevista no art. 23, § 2º da Lei 10.826/2003 (de gravação do número do lote e da identificação do adquirente na base dos estojos) a munições destinadas às instituições referidas nos incisos I a VII do art. 6º da Lei 10.826/2003 (excluindo as instituições referidas nos incisos VIII a XI), mesmo diante das exigências contidas nos artigos 23, § 2º do Estatuto do Desarmamento e 50, III, b do Decreto nº 5.123/2004, no sentido de que tal marcação ocorra na base dos estojos de munições comercializadas para todos os órgãos referidos no art. 6º da Lei 10.826/2003, sem exclusão;1

b) informar as razões pelas quais o art. 4º da Portaria nº 16-D LOG, de 28 de dezembro de 2004, do Departamento Logístico, limita a exigência da gravação acima referida a alguns tipos de munições (para armas de fogo alma raiada dos calibres .380, .38, .357, 9mm, .40, .45, 5,56mm, .30, 7,62mm e .50; e de alma lisa calibre 12), em vez de exigir marcação para toda

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munição comercializada aos órgãos referidos no art. 6º da Lei 10.826/2003;

c) informar se o atual modelo de gravação repetida do número do lote e da identificação do adquirente, na base dos estojos das munições comercializadas para os órgãos referidos no art. 6º do Estatuto do Desarmamento, é suficiente para possibilitar o controle de rastreabilidade, especialmente em razão da não limitação quantitativa de munições do mesmo tipo com a mesma gravação identificadora (com milhares de munições com o mesmo identificador);

d) informar se o fato de inexistir identificação individualizada e unívoca no culote das munições (gravação de marcador individual na base de cada estojo) compromete a seriamente a rastreabilidade de tais produtos;

e) no caso de não ser econômico, operacional e tecnicamente viável a marcação unívoca, individualizada e diferenciada no culote de cada munição, informar se a eventual adoção de limitação quantitativa de munições do mesmo tipo e no mesmo lote, algo em torno de 1.000 (mil) munições por tipo/lote, pode ser uma medida alternativa para possibilitar rastreamento minimamente efetivo;

f) informar se a previsão contida no art. 2º da Portaria nº 16-D LOG, de 28 de dezembro de 2004, do Departamento Logístico, que estabelece o lote padrão de comercialização de 10.000 cartuchos de munição por lote, alcança a comercialização de munições para os órgãos referidos no art. 6º do Estatuto do Desarmamento;

g) em caso positivo para a indagação retro, informar a razão pela qual o Lote UZZ18, comercializado ao Departamento de Polícia Federal em 2006, conteve 1.359.000 (um milhão trezentos e cinquenta e nove mil) munições CBC 9MMLUGER ETOG 1246R A e 500.000 (quinhentas mil) munições CBC 9MMLUGER+P+EXPO 115GR GOLD A - todas com a mesma e repetida marcação de identificação;

h) informar se o Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições (SICOVEM), ou outro sistema informatizado, é utilizado para o efetivo controle de rastreabilidade de munições de uso permitido e de uso restrito destinadas: 1) aos órgãos referidos no art. 6º da Lei 10.826/2003 e 2) diretamente às pessoas mencionadas no art. 6º da Portaria nº 012 - COLOG, de 26 de agosto de 2009 (integrantes da Forças Armadas, das Polícias Federal, Rodoviária

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Federal, Ferroviária Federal, Civil, Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares);

i) informar se, na concepção do futuro Sistema Nacional de Rastreamento de Produtos Controlados pelo Exército (SisNar), ou em outro sistema informatizado em desenvolvimento, há previsão de controle de rastreabilidade das munições de uso permitido e restrito destinadas: 1) aos órgãos referidos nos incisos I a VII do art. 6º da Lei 10.826/2003 e 2) diretamente às pessoas mencionadas no art. 6º da Portaria nº 012 - COLOG, de 26 de agosto de 2009 (integrantes da Forças Armadas, das Polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal, Civil, Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares);

j) informar se a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) passa por auditorias regulares e periódicas por parte do Exército e qual a periodicidade.

II) Solicito à Companhia Brasileira de Cartuchos, no prazo de 10 dias:

a) informar se a previsão contida no art. 2º da Portaria nº 16-D LOG, de 28 de dezembro de 2004, do Departamento Logístico, que estabelece o lote padrão de comercialização de 10.000 cartuchos de munição por lote, alcança a comercialização de munições para os órgãos referidos no art. 6º do Estatuto do Desarmamento;

b) em caso positivo para a indagação retro, informar a razão pela qual o Lote UZZ18, comercializado ao Departamento de Polícia Federal em 2006, foi composto de 1.359.000 (um milhão trezentos e cinquenta e nove mil) munições CBC 9MMLUGER ETOG 1246R A e 500.000 (quinhentas mil) munições CBC 9MMLUGER+P+EXPO 115GR GOLD A, todas com a mesma marcação de identificação, e se houve autorização do Exército para a produção e comercialização da munição 9mm em tais quantidades, no mesmo lote e com igual e repetido padrão de identificação;

c) informar se as munições do Lote UZZ18 foram comercializadas/disponibilizadas exclusivamente para o Departamento de Polícia Federal;

d) informar da viabilidade técnica, operacional e econômica de haver identificação individualizada e unívoca no culote de cada munição (gravação de marcador individual na base de cada estojo), de forma a tornar eficiente a rastreabilidade de tais produtos;

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e) não sendo viável a identificação individualizada e considerando que, atualmente, a identificação das munições ocorre pelo número do lote registrado em seus estojos (culotes), informar acerca da viabilidade de haver limitação de, no máximo, 1.000 unidades de munições por tipo/lote, possibilitando, dessa maneira, a rastreabilidade minimamente efetiva;

f) informar se existe adoção de marcação individualizada e unívoca, ou com padrão de individualização mais limitado (lotes menores, por exemplo), nos estojos de munições fornecidas pela CBC ao comércio exterior - para qualquer país;

III) Solicito à Superintendência Polícia Federal na Paraíba, no prazo de 10 dias:

a) informar se há sistema ou mecanismo informatizado de controle e de rastreabilidade de munições fornecidas pela Instituição aos policiais e adquiridas diretamente por eles perante fornecedores autorizados;

b) informar da existência de identificação de perda, furto, roubo ou extravio de parte da munição CBC 9MMLUGER ETOG 1246R A e CBC 9MMLUGER+P+EXPO 115GR GOLD A, Lote UZZ18, recebida pela Polícia Federal em 2006;

c) informar se houve identificação ou se ainda há viabilidade investigatória capaz de identificar as circunstâncias em que a munição 9mm, Lote UZZ18, acabou em poder de pessoas que a utilizaram no assalto aos Correios de Serra Branca/PB (IPL 2017.0001909 PB);

d) para o caso acima, informar se a circunstância da repetição do mesmo marcador identificador (UZZ18) em mais de 1.300.000 (um milhão e trezentas mil) munições do mesmo tipo (9mm) é fator que dificulta demasiadamente o rastreamento da munição encontrada no local do assalto aos Correios de Serra Branca/PB e a identificação da autoria do crime;

Com os ofícios, enviar cópia deste despacho. João Pessoa, 9 de abril de 2018.

assinado eletronicamente

-ANTONIO EDILIO MAGALHAES TEIXEIRA PROCURADOR DA REPUBLICA

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1Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:

I - os integrantes das Forças Armadas;

II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº 13.500, de 2017)

II - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)

V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;

VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;

VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental.

X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)

XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)

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