• Nenhum resultado encontrado

FUNDAMENTOS, POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EaD

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "FUNDAMENTOS, POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EaD"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

FUNDAMENTOS,

POLÍTICAS E

LEGISLAÇÃO EM EaD

PÓS-GRADUAÇÃO 2011

LEITURA FUNDAMENTAL

AULA 1

PROF. DR. JOSÉ MANUEL MORAN

© DIREITOS RESERVADOS

(2)

FUNDAMENTOS

DA

EDUCAÇÃO

A

DISTÂNCIA

PÓS-GRADUAÇÃO 2011

LEITURA FUNDAMENTAL AULA 1 PROF. DR. JOSÉ MANUEL MORAN

PARA CITAR ESTE TEXTO:

MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

© DIREITOS RESERVADOS

Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.

Publicação: Junho de 2011.

DIRETORIA DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

Silvio Cecchi

Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000, Valinhos, São Paulo CEP. 13.278-181, Tel.: 19 3512-1700

PREPARAÇÃO GRÁFICA

Lusana Veríssimo Renata Galdino

PARECER TÉCNICO

Cláudia Benedetti

REVISÃO GRAMATICAL

(3)

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A Educação a Distância é importante como projeto institucional, previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Sendo assim, é importante que, como aluno de um curso de Metodologias e Gestão para Educação a Distância, você conheça os fundamentos, as políticas e a Legislação da EaD, passando pelas principais diretrizes que envolvem a questão, abordando ainda os processos de avaliação e credenciamento de cursos a distância.

Nesta disciplina, você verá o que é a EaD e seus fundamentos, os principais modelos existentes e a legislação atual. Isso tudo lhe dará uma boa bagagem para construir debates sobre a EaD em sua comunidade ou instituição, contribuindo para a construção de uma educação a distância de qualidade e diferenciada.

INTRODUÇÃO

A educação a distância está se transformando, de uma modalidade complementar ou especial para situações específicas, em referência para uma mudança profunda na educação como um todo. É uma opção importante para aprender ao longo da vida, para a formação continuada, para aceleração profissional, para conciliar estudo e trabalho.

Ainda há resistências e preconceitos, e estamos aprendendo a gerenciar processos complexos de EaD, mas aumenta a percepção de que um país do tamanho do Brasil só pode conseguir superar sua defasagem educacional através do uso intensivo de tecnologias em rede, da flexibilização dos tempos e espaços de aprendizagem, da gestão integrada de modelos presenciais e digitais.

(4)

Numa sociedade cada vez mais conectada, ensinar e aprender podem ser feitos de forma muito mais flexível, ativa e focada no ritmo de cada um. As tecnologias móveis desafiam as instituições a sair do ensino tradicional, em que o professor é o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e outros a distância, mantendo vínculos pessoais e afetivos, estando juntos conectados.

Depois de uma década de experimentação, o ensino superior a distância encontra-se numa fase de crescimento intenso, de consolidação pedagógica e de intensa regulação governamental, com diretrizes bem específicas.

A EaD é cada vez mais complexa, porque está crescendo em todos os campos, com modelos diferentes, rápida evolução das redes, mobilidade tecnológica, pela abrangência dos sistemas de comunicação digitais. EaD tem significados muito variados, que respondem a concepções e necessidades distintas. Assim, denominamos EaD a educação continuada, o treinamento em serviço, a formação supletiva, a formação profissional, a qualificação docente, a especialização acadêmica, a complementação dos cursos presenciais.

Além de ter diversos significados, existem modelos bem diferentes que respondem a concepções pedagógicas e organizacionais distintas. Temos desde modelos autoinstrucionais até modelos colaborativos; de modelos focados no professor (teleaula), no conteúdo, a outros centrados em atividades e projetos. Temos modelos para poucos alunos e modelos de massa para dezenas de milhares de alunos. Temos cursos com grande interação com o professor e outros com baixa interação. E não é fácil pensar em propostas que atendam a todas essas situações tão diferentes. Há um crescimento gigantesco dos cursos por satélite com teleaulas ao vivo e um tutor ou monitor presencial por sala, em polos, mais apoio da Internet e de tutoria on-line. Essas instituições estão crescendo rapidamente, chegando a dezenas de milhares de alunos rapidamente. É um modelo que mantém a figura do professor e incorpora a flexibilidade da autoaprendizagem. Há cursos que combinam material impresso, CD/DVD e Internet. Há cursos para poucos e muitos alunos; cursos com menos ou mais encontros presenciais.

(5)

individual como grupal, do modo mais conveniente para cada aluno e para todos os participantes.

AULA 1

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

OBJETIVOS

Apresentaremos nesta aula uma breve análise do que é a educação a distância, alguns conceitos importantes e como a educação a distância vai transformar todos os processos educacionais, até os presenciais, principalmente pelo avanço das tecnologias móveis e em rede.

(6)

1. O QUE É EaD?

Certamente você já ouviu falar ou mesmo teve contato com a Educação a Distância. Ou talvez atue em algum curso a distância. Pensando nisso, antes de falarmos sobre legislação e políticas para a EaD, vamos apresentar algumas definições importantes sobre Educação a Distância e refletir sobre elas. É um campo que evolui muito rapidamente e que, por isso, é difícil de delimitar, pela variedade de modelos, tipos de cursos, diferentes tecnologias e formas de interagir com os alunos.

Está feito o convite! Vamos começar?

A Educação a distância, numa primeira abordagem mais simples, pode ser definida como um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, em que professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. É ainda ensino-aprendizagem em que professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. Você percebeu quão abrangente pode ser a Educação a Distância?

Segundo o Artigo 1º do Decreto Lei nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta a EaD no Brasil:

caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005)

(7)

pequenos realizando atividades a distância. Num sentido mais restrito, EaD são os processos de ensino e aprendizagem que se utilizam mais de tecnologias de comunicação do que da presença física e que flexibilizam tempos, espaços e formas de ensinar e aprender, que independem da presença física ou a integram em momentos pontuais, mas não necessários.

A abrangência de situações de ensino a distância é um fenômeno muito rico, que, em lugar de banalizar o conceito, mostra seu potencial transformador. Essa abrangência assusta as instituições tradicionais, que pressionam para defini-la, enquadrá-la, engessá-la. Se hoje temos 20% dos alunos de educação superior estudando em cursos autorizados a distância, é normal que haja regulação, normas. O problema está em querer fazer uma avaliação a partir de pressupostos rígidos, de parâmetros limitados, de desconfianças a priori, como acontece quando exigimos que as avaliações de maior peso sejam feitas presencialmente.

Falamos também em “ensino a distância”: qual será a diferença?

Na expressão "ensino a distância", a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação", que é mais abrangente, porque engloba conteúdos, habilidades, valores na relação com os alunos, e foca mais a aprendizagem. Hoje a educação a distância cada vez mais se insere nos cursos

presenciais, no Brasil, até o limite

dos 20% da carga horária total. Em outros países, existe a modalidade semipresencial ou híbrida, que combina momentos presenciais com atividades a distância em porcentagens diferentes, de acordo com as necessidades de cada área de conhecimento.

A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e/ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.

A educação presencial e a educação a distância estão cada vez mais próximas. Leia esta entrevista que forneci à Folha dirigida e que trata justamente deste tema:

(8)

A educação a distância pode ser feita, em princípio, nos mesmos níveis que o ensino regular – no ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação – mas com diferenças. Na educação básica, somente os maiores de 18 anos podem fazer cursos a distância. No ensino técnico, no entanto, não há essa exigência. A educação básica e o ensino técnico são gerenciados pelos Conselhos Estaduais de Educação, e não pelo poder federal.

A maior parte dos alunos são adultos que perderam a chance de estudar quando mais jovens ou que estão se reposicionando no mercado de trabalho. Uma exigência fundamental para fazer EaD é saber gerenciar o tempo, ter autonomia para fazer pesquisa e saber utilizar os recursos digitais.

No ensino superior, as instituições que oferecem EaD já têm os mesmos cursos no ensino presencial. Até agora, na pós-graduação lato sensu, era possível que instituições só de pesquisa pudessem oferecer cursos presenciais ou a distância, mas o Conselho Nacional e agora o Ministro de Educação decidiram que a pós-graduação só pode ser oferecida por instituições de ensino superior credenciadas.

1.1.

Educação a Distância e Tecnologias

Uma das prerrogativas quando falamos em Educação a Distância é o uso de tecnologias. Isso porque logo nos vem à mente o próprio termo: “a distância”. E a pergunta é inevitável: como “superar” essa distância?

É pensando justamente nessa “superação” que a Educação a Distância busca nos recursos tecnológicos os instrumentos para promover a interação entre alunos e professores.

Vemos que as tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo.

(9)

E o que isso significa? Que haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula, também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando aula", mas enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado, e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento.

As crianças, pela especificidade de suas

necessidades de

desenvolvimento e socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos cursos médios e superiores, o virtual, provavelmente, superará o presencial. Haverá, então, uma grande reorganização das escolas.

Edifícios menores. Menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa e o escritório serão, também, lugares importantes de aprendizagem.

Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das necessidades concretas do currículo, e poderá levar a aproveitar melhor especialistas de outras instituições, os quais seria difícil contratar.

Título: “EAD: antes e depois da cibercultura”

(10)

Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mails) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes). Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais na educação a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas, e mesmo os meios de comunicação tradicionais buscam novas formas de interação. Da comunicação off-line, estamos evoluindo para um mix de comunicação off e on-line (em tempo real).

Vale lembrar, assim como destacou o Professor João Mattar na disciplina anterior, que educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo – de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com virtuais: uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta.

Por isso, alguns cursos, poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor; em outros, será importante compartilhar vivências, experiências, ideias.

A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e web (a parte da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...). Assim, enquanto assiste a determinado programa, o telespectador começa a poder acessar simultaneamente as informações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados.

(11)

possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas.

Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais com interação a distância. Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com

poucos professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e propostas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendizagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com momentos presenciais, ora com ensino on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; diferentes formas de avaliação, que poderá também ser mais personalizada e partir de níveis diferenciados de visão pedagógica.

O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora.

Diante de todas as possibilidades e mudanças que acabamos de ver, como podemos definir Educação a Distância? Pensando nisso, preparamos a seguir uma

(12)

discussão sobre os conceitos de EaD. Sim, conceitos – no plural – pois há várias definições sobre esta modalidade. Vamos conhecê-las?

2. CONCEITOS EM EaD

Como você pôde perceber, justamente por ser tão abrangente, a Educação a Distância permite muitas reflexões e, consequentemente, muitos conceitos estão atrelados à sua definição. Vamos estudar alguns?

As características da EaD têm mais a ver com circunstâncias históricas, políticas e sociais do que com a própria modalidade de ensino. Essas condições são parte de um desenvolvimento vertiginoso das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) mediadas por transmissões via satélite, Internet e material multimídia. Tantas variáveis contribuíram para diversificar também as definições sobre o que se entende por EaD.

Além das definições que colocamos no tópico anterior, existem outras também relevantes para que você possa compreender um pouco mais a complexidade do termo. Segundo Moore e Kearsley (1996, p. 206), a definição mais citada de educação a distância é a criada por Desmond Keegan, em 1980:

O ensino a distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o estudante se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas. (apud NUNES, 1992).

Temos ainda a definição de Otto Peters, que diz:

(13)

Há algumas definições mais complexas, como a de Holmberg (1977), que alega que o termo “educação a distância” esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus estudantes nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, da direção e instrução da organização do ensino (apud NUNES, 1992). Podemos concluir, então, que são seis os elementos essenciais para definirmos claramente o que é EaD (MOORE; KEARSLEY, 1996, p. 206), confiram:

 Separação entre estudante e professor;

 Influência de uma organização educacional, especialmente no planejamento e na preparação dos materiais de aprendizado;

 Uso de meios técnicos – mídia;

 Providências para comunicação em duas vias;

 Possibilidade de seminários (presenciais) ocasionais.

 Participação na forma mais industrial de educação.

No ano de 1996, Moore e Kearsley reformularam sua definição, mencionando a importância dos meios de comunicação eletrônicos e de estrutura organizacional e administrativa específica:

SAIBA MAIS

Otto Peters é professor e ex-reitor da FernUniversitaet (Alemanha). Possui formação em Educação, Psicologia e Filosofia pelas Universidades de Humboldt e Universidade Livre de Berlim, e concluiu seu doutorado pela Universidade de Tuebingen. Estudioso que atua na EaD desde 1965.

Se você é fluente em inglês, pode ler trechos do livro do autor em:

http://books.google.com/books?id=rrvp2_IlHKA

(14)

Educação a distância é o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e como consequência requer técnicas especiais de planejamento de curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de comunicação, eletrônicos ou outros, bem como estrutura organizacional e administrativa específica. (MOORE; KEARSLEY, 1996, p. 2)

Isso significa dizer que a Educação a Distância ocorre quando aluno e professor estão em lugares diferentes (espacialmente), e, para suprir essa distância, é preciso criar técnicas e dispor de tecnologias que garantam efetivamente o ensino e a aprendizagem. No entanto, é necessário garantir ainda a

operacionalização dessa estrutura, o que significa a implantação de uma nova gestão em educação.

Já o conceito elaborado por Peacok (1996) define a EaD, de modo mais simples, afirmando que os estudantes não necessariamente devem estar fisicamente no mesmo lugar ou participar todos ao mesmo tempo.

Veja ainda como García Aretio (1997) define a educação a distância: para o autor, trata-se de um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e substitui a interação pessoal na sala de aula entre professor e estudante, como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível.

A flexibilidade e a utilização de tecnologias é o grande ponto destacado pela maioria dos envolvidos com educação a distância, sejam estudiosos, professores, tutores ou alunos. Aprender sem necessariamente estar em uma sala de aula potencializa as possibilidades de uma educação do e para o futuro, diriam alguns para o presente, já que os meios de comunicação aprimoram-se a cada dia e estão cada

Leia o artigo da Professora Suzane Garrido (et al.), intitulado “Objetos de Aprendizagem, Educação a Distância e Educação de Jovens e Adultos”, que aborda justamente a transposição de materiais educacionais para a EaD.

Link para o artigo:

(15)

vez mais presentes em nosso cotidiano. Pensemos, por exemplo, nas possibilidades que nos trará a TV digital, quando esta for uma realidade para todos.

Vejamos o que diz Preti (1996) sobre a definição de educação a distância, na qual ele destaca os seguintes elementos:

A distância física professor-estudante: a presença física do professor ou do tutor, isto é, do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar, não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, “virtualmente”;

Estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento, por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões;

Um processo de ensino-aprendizagem: a EaD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilize e incentive a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem.

O uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV, audiocassete, hipermídia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por parte dos estudantes que estudam individualmente, mas não isolados e sozinhos. Além disso, oferecem possibilidades de estimular e motivar o estudante, de armazenar e divulgar dados e de acessar as informações mais distantes, com rapidez incrível;

A comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas.

A educação a distância é uma experiência de ensino-aprendizagem planejada que usa um grande espectro de tecnologias para alcançar os estudantes a distância, e é elaborada para encorajar a interação com os estudantes e comprovar o aprendizado (Tripathi, 1997). Essa modalidade vem ganhando peso e credibilidade: sua implantação no Brasil é progressiva e há pouco tempo ganhou as Universidades (em comparação com o que ocorre há mais de um século na Europa); o ensino médio e a educação para jovens e Leia o artigo da Professora Suzane

Garrido (et al.), intitulado “Objetos de Aprendizagem, Educação a Distância e Educação de Jovens e Adultos”, que aborda justamente a transposição de materiais educacionais para a EaD.

Link para o artigo:

(16)

adultos (EJA) também vêm explorando os seus recursos e possibilidades.

1.2.

Outras Definições de Educação a Distância

São muitas definições sobre EaD, não é mesmo? Como você pode perceber, muitos autores dedicam-se a compreender essa modalidade de ensino. Vimos que as definições conceituais de Educação a Distância estão baseadas em estudos científicos sobre os processos educativos e sobre a utilização de tecnologias em educação, e são inúmeros os estudos e definições que pretendem abordar a temática. No entanto, muitas dessas definições conceituais que ganham os artigos científicos e obras publicadas são construídas a partir da experiência secular de grandes universidades na Europa e nos Estados Unidos.

Por isso, destacaremos algumas destas definições. Na University of Maryland System Institute for Distance Education, por exemplo, define-se o termo educação a distância como uma variedade de modelos educacionais que têm em comum a separação física entre os professores e alguns ou todos os estudantes (TRIPATHI, 1997).

Na Universidade de Idaho, a EaD é definida da seguinte maneira:

No seu nível mais básico, educação a distância ocorre quando o professor e os estudantes estão separados por distância física, e a tecnologia (voz, vídeo, dados e impressos), frequentemente associada com comunicação presencial, é usada como elemento de ligação para suprir a distância. (apud TRIPATHI, 1997)

No guia Distance Education at a Glance (apud TRIPATHI, 1997), da Engineering Outrech da University of Idaho, o autor selecionou três critérios básicos para definir Educação a Distância:

 Separação entre o professor e os estudantes durante a maior parte do processo instrucional;

(17)

 A viabilidade de comunicação em duas vias entre professor e estudantes.

Landim (1997), analisando 21 definições, formuladas entre 1967 e 1994, apresenta as seguintes características comuns, com os percentuais de incidência de cada uma:

Tabela 1: Características conceituais da Educação a Distância

Meios técnicos 80

Organização (apoio-tutoria) 62

Aprendizagem independente 62

Comunicação bidirecional 35

Enfoque tecnológico 38

Comunicação massiva 30

Procedimentos industriais 15

Fonte: LANDIM, C. M. F. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: [s.n.], 1997.

Comparando os requisitos apontados por Tripathi (1997) com as quatro características com maior incidência selecionadas por Landim (1997), pode-se construir um quadro semelhante.

E no Brasil? Já apontamos no início que a educação a distância é também um projeto governamental que ganhou força nos últimos anos. Assim, como a legislação brasileira trata a EaD?

Inicialmente, a legislação brasileira, no Decreto de Lei nº 2.494, apresenta a definição de EaD, em seu artigo 1º, contemplando os itens propostos por Landim (1997) e Tripathi (1997).

Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998).

O que podemos concluir diante de tantas definições sobre Educação a Distância?

(18)

uma corresponde a um contexto ou a uma instituição. A validade de cada uma depende do resultado de seu trabalho junto aos estudantes e à comunidade onde atuam (RODRIGUES, 1998).

Por isso, já no início de nossa aula, apontamos que o termo mais apropriado seria Educação, e não Ensino a distância, já que estamos falando de um processo complexo, envolvendo contextos diversos e heterogêneos. Abordaremos em nossas próximas aulas as políticas e a Legislação em EaD, e aproveitaremos também para falar de algumas especificidades que esse processo de regulamentação pode causar.

3 . VAMOS PENSAR?

Leia o conteúdo desta aula, assista aos vídeos disponibilizados e elabore uma reflexão sobre a questão: quanta proximidade há na Educação a Distância?

4. PONTUANDO

Nesta aula vimos:

 O que é Educação a Distância.

 Como a Educação a Distância pode transformar o processo educativo como um todo, principalmente pelo uso de tecnologias.

(19)

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, J. R. M. A educação a distância no Brasil: síntese histórica e perspectivas. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, 1994.

ARMENGOL, M. C. Universidad sin clases: educación a distancia en América Latina. Caracas: OEA-UNA-Kepelusz, 1987.

AZEVEDO, W. Muito além do jardim de infância: temas de educação online. Rio de Janeiro: Armazém Digital, 2005.

BARBOSA, R. M. (Org.). Ambientes virtuais de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005.

BELLONI, M. L. Educação a Distância. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. v. 1. 135 p.

BRASIL. Decreto nº 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Artigo 80 da Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 20 dez. 2005.

GARCÍA ARETIO, L. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1994.

________________. (Ed.) El material impreso em La enseñanza a distancia: actas y congresos. Madrid: Universidad Nacional de Educación a Distancia, 1997.

LANDIM, C. M. F. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: [s.n.], 1997.

LITTO, F.; FORMIGA, M. (Orgs). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

MAROTO, M. L. M. Educação a distância: aspectos conceituais. In: Informe CEAD Centro de Educação a Distância. SENAI, Rio de Janeiro, ano 2, n. 08, jul./set. 1995. MELO, R. N. Introdução à Educação a Distância. Tutorial Sobre Educação a Distância. Rio de Janeiro: Coordenação de Educação a Distância – PUC-RJ, 2004. MOORE, M.; KEARSLEY, G. Distance education: a systems view. Belmont (USA): Wadsworth Publishing Company, 1996.

MORAN, J. M. A educação a distância e os modelos educacionais na formação dos professores. In: BONIN, I. et al. Trajetórias e processos de ensinar e aprender: políticas e tecnologias. Porto Alegre: Edipucrs, 2008. Cap. 4, p. 245-259. (XIV Endipe).

MORAN, J. M., MASETTO, M.; BEHRENS, M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 19. ed. São Paulo: Papirus, 2006.

(20)

NASCIMENTO, F.; CARNIELLI, B. L. Educação a distância no ensino superior: expansão com qualidade? Etd - Educação Temática Digital, Campinas, v. 9, n. 1, p.84-98, nov. 2007.

NUNES, I. B. Noções de Educação a Distância. Revista Educação a Distância, Brasília, Instituto Nacional de Educação a Distância, ns. 4/5, p. 7-25, dez. 93/ abr. 94. ___________. Pequena introdução à Educação a Distância. In: Revista Educação a Distância, Brasília, n. 1, 1992.

OLIVEIRA, T. Z.; OLIVEIRA, P. C. Perspectivas sociais e políticas da EaD no Brasil: uma visão panorâmica com foco na produção científica para o setor.

Disponível em:

<http://twiki.im.ufba.br/pub/Main/PauloCezarOliveira/artigo_ead_pctz.doc>. Acesso em: 18 maio 2010.

PETERS, O. Didática do Ensino a Distância. São Leopoldo, RS: Unisinos, 2001. PRETI, O. Educação a Distância: uma prática educativa mediadora e mediatizada. In: PRETI, O. Educação a distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: NEAD/IE – UFMT, 1996.

RODRIGUES, R. et al. Introdução à Educação a Distância. Florianópolis: SINE, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e da Família, Laboratório de Ensino a Distância (LED), 1998.

___________________. Tutoria e Avaliação na EAD. Livro-texto do cursoIntrodução à Educação a Distância. Florianópolis: Editora da UFSC, LED, 1998.

RUMBLE, G. A gestão dos sistemas de ensino a distância. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; Unesco, 2003.

SILVA, Â.; SILVA, C. Avaliação da aprendizagem em ambientes virtuais: rompendo as barreiras da legislação. In: CONGRESSO DA ABED, 14º, 2008. Santos, SP.

Trabalhos... Disponível em:

<www.abed.org.br/congresso2008/tc/510200863228PM.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2010.

SILVA, M. (Org.) Educação on-line: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003.

TRIPATHI, A. Comentário realizado na lista de discussão

DEOS-L - The

Distance Education Online Symposium

. Disponível em:

<DEOS-L@lists.psu.edu>, em: 12 nov. 1997.

Imagem

Tabela 1: Características conceituais da Educação a Distância

Referências

Documentos relacionados

Entretanto, pode ser relevante que os princípios teóricos que dizem respeito à usabilidade dessas ferramentas e a acessibilidade da informação nelas contidas sejam

Por outro lado analisando a música como a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por

Nesse âmbito, dois elementos são relevantes considerar de acordo com os resultados das análises dos trabalhos selecionados no Portal de Teses da Europa e no Scopus, o primeiro é

To determine whether fish formed an association between the colour cue and the stimulus (reward) shoal we measured the performance of the fish in the probe trial during which the

Segundos os dados analisados, os artigos sobre Contabilidade e Mercado de Capital, Educação e Pesquisa Contábil, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Socioambiental

As medidas antiparasitárias devem está voltadas principalmente para os animais jovens de até 2 anos de idade, com tratamento a cada 30, 60 ou 90 dias conforme infestações.

inclusive com a alteração da destinação das áreas remanescente que ainda serão recebidas em permuta pelo clube; Ratificar a  nomeação dos cargos da Diretoria Executiva,

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho, referente à exposição ocupacional do frentista ao benzeno, decorreu da percepção de que os postos de