UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CCS - CURSO DE ODONTOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ESTOMATOLOGIA
CEPID- CENTRO DE ENSINO E PESQUISA EM IMPLANTES DENTÁRIOS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA
FALHAS MECÂNICAS E BIOLÓGICAS
DAS
PRÓTESES
SOBRE IMPLANTES
Monografia apresentada ao Centro de Ensino e Pesquisa em Implantes Dentários para
obtenção do titulo de Especialista em Implantodontia
AUDREI PELISSER
00.--. 00 .--. C,1 C)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio
Carlos Cardoso
Data da defesa: / /
COMISSÃO JULGADORA
Prof. Dr.
Julgamento: Assinatura:
Prof. Dr.
Julgamento: Assinatura:
Prof. Dr.
"Alto deve ser o valor de sua idéias,
não o volume de sua voz. 0 mundo
ouve quem fala baixo, mas pensa
alto. Ghandi falava baixo, Chaplin
fazia cinema mudo e Jesus Cristo
jamais levantou a voz."
AGRADECIMENTOS
A Deus, que esteve a minha frente, durante esses dois anos de Curso de
Especialização, nas viagens, guiando e protegendo-me;
Aos meus pais, Ambrósio e Neusa, que me deram o dom mais precioso... a
vida e pela constante presença em meu dia a dia, orientando-me, vibrando com as
conquistas, compartilhando todos os momentos deste maravilhoso período.
Ao meu irmão Adauto, pelo companheirismo e amizade, desde nossa infância até os dias de hoje, acompanhando-me nos finais de semana em Florianópolis,
A minha noiva Fabiana, pelo amor que diariamente compartilhamos, pelo
incentivo e apoio neste momento que estamos semeando nosso futuro, e a sua família, que esteve sempre presente em minha formação;
Aos meus professores Dr. Antônio Carlos e Diego e á mestranda Dircilene,
pela constante presença nas aulas práticas de prótese;
Ao Dr. Ricardo e Marco Aurélio, pelas orientações nas cirurgias;
Ao Tito e Gilberto, colegas de cirurgia, pela paciência em me orientar, pela
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais e meu irmão, pelo apoio e
incentivo e, a minha futura esposa Fabiana pela vida que estamos
SUMARIO
RESUMO 03
ABSTRACT 04
1. INTRODUÇÃO 05
2. PROPOSIÇÃO 07
3. REVISÃO DA LITERATURA 08
4. DISCUSSÃO
E
CONSIDERAÇÕES FINAIS 17RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi revisar a literatura vigente, com relação a falhas mecânicas e biológicas ocorrediças nos implantes dentários. A
Implantadontia, em galopante ascendência na Odontologia, objetiva a reabilitação oral, valendo-se dos novos conceitos de osseointegração, em áreas onde a
ausência de elementos dentários limita a condição estético-funcional do paciente. Apesar do índice elevado de sucesso dos implantes dentários evidenciados em pesquisas longitudinais, um minucioso e correto diagnóstico de cada caso em
particular, planejamento terapêutico e projeção de possíveis prognósticos são de
suma importância para a obtenção do sucesso clinico e radiográfico dos mesmos.
Assim, o conhecimento de possíveis falhas passíveis de ocorrência merece
destaque. Afrouxamento do parafuso, fratura do implante, armação protética, materiais dos dentes, prótese antagonista e problemas nos mecanismos de retenção
das sobredentaduras são alguns exemplos de problemas mecânicos Falhas biológicas incluem deiscência, fistula, inflamação e proliferação gengival ao redor dos abutments.
Palavras chave: falhas biológicas, falhas mecânicas e prótese sobre
4
ABSTRACT
Title: Mechanical and Biological Failures of Implant Supported Prostheses.
The aim of this study was a literature review related to mechanical and
biological failures found in tooth implants. lmplantodontology has risen significantly in
Dentistry and aims at an oral rehabilitation by employing new osseointegration
concepts in areas where the absence of dental elements impairs the patient's
esthetic and functional condition. Despite the large number of successful tooth
implants attested by longitudinal research, a comprehensive and accurate diagnosis
of each particular case, treatment planning and forecasting prospective prognoses
are extremely important to achieve successful clinical and radiographical results.
Therefore it is relevant to know the failures that may occur. Typical mechanical
problems are loose screws, fractured implants, prosthetic frameworks, tooth related
materials, opponent prostheses, and overdenture retention mechanism
complications. Biological problems include gengival dehiscence, fistula, inflammation
and proliferation surrounding the abutments.
1. INTRODUÇÃO
Implantes dentários constituem-se, basicamente, na inserção de pinos de
titânio no âmago ósseo da maxila ou mandíbula, através de técnicas especificas de cirurgia, objetivando a aposição de matriz óssea calcificada sobre esse material biocompativel.
Os implantes dentários poderiam ser definidos, para a comunidade leiga,
como substitutos das raizes dentárias perdidas por processos traumáticos, doença
cárie e/ou periodontal. Por assim ser, sobre a base dos implantes torna-se necessária a colocação de próteses totais, parciais e unitárias fixas, para que seja
devolvida ao paciente, qualidade mastigat6ria, estética e funcional.
A Implantodontia, após um período empírico, norteada por ausência de estudos longitudinais e de evidenciação cientifica fortemente comprovada, no que diz respeito à longevidade e sucesso clinico e radiográfico dos implantes
osseointegrados, desponta como uma área ascendente na Odontologia, com o
trabalho de ADEL et al. (1981), equipe sueca liderada por P. I. Branemark, que comunicou um sucesso de 91% dos implantes realizados em mandíbula, em
pacientes edêntulos, durante um período de 15 anos.
Apesar da evolução evidenciada nos implantes dentários, como a consagrada afinidade entre tecido ósseo e óxidos de titânio, a existência de inúmeros tipos de implantes para selecionar, numa variedade de diâmetros, extensão, superficie, plataformas, interfaces e tipos de corpo, complicações são evidenciadas,
6
As complicações em próteses implanto-suportadas podem ser estruturais,
biomecânicas, técnicas, estéticas, fonéticas, clinicas e biológicas.
Fatores biomecânicos, estéticos e oclusais deveriam ser enfaticamente
analisados durante o plano de tratamento de cada situação clinica, relacionada com
a colocação de implantes e posterior reabilitação protética do paciente.
A presente revisão da literatura enfatizará principalmente falhas de ordem
mecânica e biológica que interferem no sucesso do tratamento reabilitador
valendo-se de implantes dentários.
Falhas mecânicas relacionam-se, basicamente, a eventos oriundos em
decorrência da realização da prótese sobre implantes.
Com relação a falhas mecânicas, um primeiro pensamento que deve emergir,
é que a prótese sobre implantes está inserida em um ambiente dinâmico, que está
em constante movimentação, que é a cavidade bucal. Assim, diferentes vetores de
forças resultantes são criadas, em momentos distintos do dia, em magnitudes
diversas, resultando numa sobrecarga sobre os elementos que constituem a prótese
implanto-suportada.
Assim, o fator causal principal de complicações mecânicas relaciona-se com a
qualidade e quantidade de força distendida sobre o sistema protético, que não deve
exceder ao seu limiar próprio, baseado em características particulares dos
componentes dos implantes como precisão das interfaces, limiar máximo de carga
suportada nas interfaces parafusadas, técnicas de terminação e ajuste, etc.
A falha biológica ocorre quando há uma inadequação do hospedeiro, no que
diz respeito A manutenção e a estabilidade da osseointegração. Características
clinicas que potencializam tal evento seriam a ocorrência de periimplantite,
7
2. PROPOSIÇÃO
O objetivo da presente revisão de literatura será destacar e discutir aspectos
relacionados à falhas mecânicas e biológicas do sistema prótese-implante, vinculadas a riscos potenciais de fracasso da terapia instituída, se não corretamente
o
3. REVISÃO DE LITERATURA
A seqüência de interfaces dos componentes dos implantes do tipo Branemark 6: interface conexão implante, parafuso da conexão com a conexão, conexão com o
cilindro de ouro, cilindro de ouro com parafuso de ouro e parafuso da conexão com
parafuso de ouro. Um longo período de integridade na união desses componentes
essencial para o sucesso da prótese sobre o implante (GENG, TAN e LIU, 2001). Apesar do alto indice de sucesso reportado nos implantes, por um vasto
número de estudos clínicos, falhas precoces ou tardias podem ocorrer.
Falhas tardias, principalmente biomecânicas, são observadas após a entrega
da prótese sobre o implante (SAHIN, QEHRELI e VALQIN, 2002).
Goodacre, Kan e Rungcharassaeng (1999), em uma metanâlise, avaliaram
estudos clínicos de 1981 a 1997, apontando as freqüências das complicações que
ocorrem em implantes osseointegrados. A perda da prótese e do implante foi
quantificada e relacionada de acordo com seu tipo, forma do arco do paciente, tempo de uso e comprimento do implante, assim como com a qualidade óssea. As
principais complicações observadas foram o afrouxamento e fratura do parafuso e
do implante, da infraestrutura e do material de revestimento das próteses, fratura da prótese antagonista e problemas no sistema de retenção das sobredentaduras. Problemas periimplantares também foram evidenciados, estando os mesmos relacionados com as falhas biomecânicas.
0 afrouxamento do parafuso foi a complicação mecânica mais reportada, apresentando uma oscilação entre 1% a 38% nos parafusos da prótese e, de 2% a
A estabilidade do parafuso envolve um número critico de fatores, sendo três
os mais importantes: adequada pré-carga, precisa adaptação dos componentes ao implante e característica anti-rotacional da interface abutment implante. 0 torque é
transferido para o parafuso durante a aplicação da pré-carga, que aproxima os
componentes, mantendo-os unidos (SCHWARZ, 2000).
A exatidão dos componentes fabricados que se apóiam um sobre o outro é de
extrema importância para restauração protética bem sucedida. Os parafusos
basicamente mantêm os componentes em contato através da compressão. Os componentes devem apoiar-se exata e intimamente, com intuito de evitar
movimentos de rotação que possam provocar o afrouxamento dos parafusos. Quanto mais ajustado estiverem os elementos, rienos jogo haverá entre as
respectivas partes e, portanto, decrescerá o potencial de fracassos da Interface
parafusada (KANCYPER, CAGNONE e RODRIGUlEZ apud DINATO e POLIDO
2001).
Quando o parafuso é apertado para fixar a prótese, forma-se uma força de tensão sobre a perna do parafuso. A pré-carga deve ser alta a ponto de originar um
grampo de força entre a conexão e o implante. Desse modo, o parafuso deve
permitir torque máximo, sendo o design do mesmo, fundamental (GENG, TAN e LIU, 2001).
As falhas ou fracassos na interface parafusada, descritas por Brickford (1981),
10
segunda etapa, a carga atua mais rapidamente sobre o local de junção, resultando em vibração e micro-movimento e, finalmente, no afrouxamento do parafuso
A aplicação da pré-carga, quando da utilização do sistema de hexágono
externo, objetiva a retenção do abutment ao implante, resistindo ás forças oclusais funcionais do paciente. Se a pré-carga é excedida pelas forças oclusais e,
especialmente, se o mecanismo de colocação não tiver precisão anti-rotacional, o
parafuso irá afrouxar. Igualmente, quando o fator anti-rotacional estiver presente, problemas poderão surgir quando tolerâncias de fabricação do acoplamento das partes permitir movimentos rotacionais (SCHWARZ, 2000).
0 mecanismo de liberdade entre as superfícies acopladas do implante resulta
em vibrações e micro-movimentos durante a carga luncional, resultando em perda da pré-carga até ocorrerá falha da união do parafuso (BINON ,1994).
0 indicador mais comum da presença de sobrecarga mecânica é justamente o afrouxamento constante do parafuso. A sobrecarga biomecânica pode acarretar
problemas mais sérios, como fratura dos componentes protéticos, dos parafusos e
do próprio implante. Além dos problemas mecânicos o sistema biológico também é afetado, resultando em mucosites peri-implantares e perda da osseointegração
(SAKAGUCHI e BORGERSEN, 1995).
Os problemas de sobrecarga mecânica estáo associados à presença de
hábitos parafuncionais, desenhos protéticos incorretos e assentamento impróprio da
prótese (SENDYK e SENDYK apud DINATO e POLIDO 2001).
Assim, quando do planejamento do desenho da prótese sobre o implante, ha
fatores são determinantes do êxito ou fracasso d trabalho (JIMENEZ-LOPES,
2001)
Ranged, Jemt e Jorneus (1989) verificaram que a mastigação induz a forças verticais na dentição. Entretanto, forças transversais também são criadas pelos
movimentos horizontais da mandíbula e pelas inclinações das cúspides dos dentes. Essas forças são transferidas diretamente da prótese ao implante e, finalmente, ao
osso. Durante o escoamento dessas forças, criam-se vetores oclusais com padrões completamente diferentes de esforço e estresse, devido a configuração geométrica
das próteses. Dois tipos de carga na unidade de ancoragem são consideradas:
forças axiais e forças transversais, sendo essas completamente diferentes. A força
axial é mais favorável e distribui o estresse uniformemente no implante, enquanto as forças transversais produzem gradientes diferentes de estresse no implante e no
osso.
Renouard e Rangert (2001) classificaram os problemas biomecânicos relacionados com as próteses sobre os implantei em geométricos, oclusais e
tecnológicos. Os problemas de ordem geométrica re lacionam-se com o número de
implantes colocados na reabilitação, com a confguração trip6ide no caso de
próteses parciais fixas, com a extensão protética, com a altura excessiva da restauração e com o uso de implantes de plataforma larga para regiões posteriores. Já fatores parafuncionais, como bruxismo e contatos oclusais laterais, são mencionados como problemas biomecânicos oclusais. Nos problemas de ordem
complicação leve ao insucesso. 0 principal sinal dE alarme é o afrouxamento do
parafuso.
A natureza da perda ou deslocamento das próteses sobre implantes é
complexa, envolvendo fatores como material do pilar protético, tipo de encaixe, grau
de conicidade, precisão de usinagem dos componentes do sistema, fadiga cíclica, penetração de fluidos bucais e variedade de padr6es mastigatórios. 0 resultado clinico do afrouxamento do parafuso, provavelmente, seja resultante desses eventos
(SAKAGUC HI e BORGERSEN, 1993).
0 desajuste entre a base do implante e o pilar protético e a falta de adaptação
passiva entre a prótese e os pilares podem levar a fratura, tanto dos componentes protéticos, quanto do parafuso do pilar ou do próprio implante, a distribuição
inadequada das forças ao osso de suporte, ao acOrnJlo de bactérias e, até mesmo, perda da osseointegração (GUIMARÃES, NISHIOKA e BOTTINO, 2001).
Após o parafuso afrouxar, o metal do mesmo pode sofrer fadiga e resultar em fratura. 0 parafuso do abutment no sistema de 2 estágios é o que mais
freqüentemente fratura, uma vez que as forças oclusais formam um longo brag() de alavanca entre a interface de fixação do abutment e a crista alveolar (SCHVVARZ,
2000).
A fratura do implante não é comum, ocorrendo em apenas 1,5% dos casos. A
maior parte das fraturas ocorre entre a terceira e quarta linha do mesmo, que justamente coincide com a última linha do parafuso do abutment. A desadaptação da
estrutura e sobrecarga oclusal têm sido sugestivos Je serem as causas primárias (GOODACRE, KAN e RUNGCHARASSAENG, 1999).
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próteses suportadas por apenas dois implantes. Em todos os casos em que
ocorreram fraturas nos implantes, os pacieites apresentavam hábitos
parafuncionais.
GOODACRE, KAN e RUNGCHARASSAENG (1999) reportaram outras
complicações envolvendo a infraestrutura, material de revestimento e sistemas de
retenção das sobredentaduras. A fratura da infraestrutura tem sido atribuida a
inadequada qualidade do metal, pobre união de solda, excessiva extensão de cantillever, pacientes com hábitos parafuncionais e desenho impróprio da
infraestrutua. Ainda, foi reportado indices relativameme altos de complicações com o
sistema de retenção das sobredentaduras (5 a 56%), principalmente o afrouxamento e fratura do clip de retenção. Em relação ao material Je revestimento, o acrilico e as resinas fraturam com mais freqüência. Com próteses parciais fixas, o acrilico e os
compósitos fraturam mais que a porcelana.
Para solucionar problemas de perda e fraturas de parafusos de retenção das próteses implanto-suportadas, VERSLUIS e CARDOSO (1999) demonstraram o
efeito das arruelas usadas em conjunto com os parafusos de ouro para retenção de próteses parafusadas do sistema Branemark. Hipoteticamente, demonstraram a
capacidade das arruelas de aumentarem a tolerância á deformação da estrutura dos
parafusos de ouro, através de testes do elemento finito. Os autores concluiram que o uso de arruelas poderia perfeitamente diminuir os problemas de perda ou fraturas
dos parafusos de ouro, pois, nos testes comparativos, as próteses, onde as arruelas
foram utilizadas, resistiram muito mais a fratura e ao afrouxamento dos parafusos do que as próteses que não utilizaram as mesmas. ESSEi S arruelas são anéis elásticos,
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A desadaptação entre os componentes da prótese e o implante pode causar sobrecarga na conexão e distribuição não axial das forças ao implante e osso marginal. A fenda gerada por esta desadaptação também pode formar uma loja
propicia para colonização bacteriana, que pode gerar reações inflamatórias nos
tecidos moles periimplantares, determinando as falhas biológicas dos implantes (JANSEN et al., 1997; ABRAHAMSSON et al., 1998). Além da desadaptação entre o
implante e o componente, Geng, Liu e Kan (2001) relataram que a própria superfície
dos componentes apresenta micro-rugosidades, sendo um nicho para colonização
bacteriana, além de permitir micro-movimentos, quando a interface do parafuso é
submetida a cargas externas.
Jansen et al. (1997), estudaram, in vitro, a infiltração microbiana na interface
abutment/implante, assim como a dimensão da fenda nessa interface em 13 diferentes combinações de nove sistemas de implante. Após 14 dias, 69% dos
sistemas de implantes mostraram infiltração bacteriana. A extensão da fenda marginal entre os componentes pré-usinados, avaliados com microscopia eletrônica
de varredura, foi menor que 10p.m em todos os sistemas. Assim, adaptação marginal
dos componentes não previne micro-infiltração.
Falha biológica é definida como a incapacidade do hospedeiro de manter a osseointegração (ESPOSITO et al., 1998). A inabilidade para estabelecer a
osseointegração é considerada uma falha precoce, enquanto que a inabilidade de mantê-la, sobre condições funcionais, é traduzida por perda óssea.
Estudos da biologia óssea sugerem que a sobrecarga nos implantes pode levar a falhas nos mesmos. Quando há sobrecarga, uma alta deformação ocorre no
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gradiente de tensão excedem o limiar de tolerância fisiológica do osso, causando
micro-fraturas na interface osso implante (SAHIN, CEHRELI e YALCIN, 2002).
Stegariou et al. (1998), utilizando a 3D FEA (análise de elemento finito -
tridimensional), compararam a distribuição de estresse no segmento posterior mandibular, restaurado com diferentes tipos de próteses sobre implantes (3
implantes suportando 3 coroas unidas, 2 implantes suportando cantilever e 2 implantes suportando uma prótese parcial fixa). A prótese com cantilever induziu
estresse mais alto em nível ósseo, quando comparada aos outros dois tipos, que apresentaram estresse ósseo equivalentes.
A discussão entre fracasso do implante, prodlemas na osseointegração e complicações biológicas é critica. Clinicamente, falta de osseointegração é
caracterizada pela mobilidade do implante. Em principio, a mobilidade indica a perda do implante. Entretanto, o processo de falência pode ser lento e gradual. Um
implante que está progressivamente perdendo ancoragem óssea, mas está clinicamente estável ainda pode ser recuperado. No entanto, deve ser entendido que alterações nos tecidos moles, ainda que sem perda do osso de suporte, podem
indicar um aumento no risco de falhas na osseointegração (ESPOSITO et al., 1999). Uma resposta tecidual adversa como inflamação ou proliferação gengival foi
reportada com uma incidência de 1% a 32%, sendo essa a complicação
periinnplantar mais comum quando do uso de sobredentadura implanto-suportada. As alterações dos tecidos moles geralmente ocorrem ao redor dos abutments e sobre as barras, estando associadas a higiene oral pobre, uso impróprio dos abutments e cicatrizadores, presença de espaços vazios na base da prótese e perda do embricamento da mucosa. Alguns estudos reportaram níveis de incidência entre
periimplantar associa-se à higiene precária e á presença de fendas entre os
componentes do implante, causada pelo afrouxamento do parafuso do abutment ou desadaptação da estrutura da prótese, que ocorre mais freqüentemente quando do
uso de coroas unitárias (GOODACRE, KAN e RUNGCHARASSAENG, 1999).
Gross et al. (1999) avaliaram o grau de microirifiltração na interface abutment / implante quando valores diferentes de torque foram utilizados: 10Ncm, 20Ncm e o
torque recomendado pelos fabricantes. A microinfiltração diminui significativamente
com o acréscimo de 10N/cm aos valores recomendados. Verificou-se que, com um torque de 35Ncm, todas as amostras mostraram uma grande diminuição nos valores
de micro-infiltração.
A lmplantodontia está passando por um período de transição entre a
utilização da conexão externa e interna. Esta última mostrou-se mais estável e
resistente, facilitando a restauração protética. Nesse sistema o estresse gerado é
mais bem distribuído ao osso, resultando numa maior passividade dos parafusos. 0 esforço dos fabricantes para melhorar a qualidacie da adaptação do sistema
protético resultará no aumento da segurança e confiabilidade do conjunto
1 7
4. DISCUSSÃO e CONSIDERAÇÕES FINAIS
0 paciente que necessita de tratamento reabilitador protético associado a
implantes sofreu perdas dentárias associadas a traumatismos e, principalmente, a carie e doença periodontal, problemas esses associabas a falta de higiene oral.
Assim, quando do planejamento do tratamento protético, medidas protocolares de manutenção e preservação da saúde gengival e periodontal
deveriam ser enfaticamente discutidas e aplicadas nesses pacientes, no intuito de
minimizar as falhas de natureza biológica associada ao uso dos implantes. Antes do
inicio do tratamento, uma conscientização da necessidade de boa higiene e sua relação com o sucesso dos implantes deveria ser desenvolvida no paciente,
tornando-o co-responsável, juntamente com o cirurgiao-dentista, com as resultados clínicos do tratamento, a curto e longo prazo.
As falhas de ordem biológica estão relacionadas com a presença de placa bacteriana nas interfaces da prótese e o implante (GUIMARÃES, NISHIOKA e BOTTINO, 2001; JANSEN et al., 1997; ABRAHAMS:30N et al., 1998). Como uma
adaptação perfeita nunca é conseguida entre os corr ponentes (GENG, TAN e LIU,
2001), a instituição de uma boa higiene oral, permitindo uma homeostase entre a presença de placa presente nessa interface e a resposta imunológica do hospedeiro
é fundamental para o controle e prevenção de falhas biológicas (ESPOSITO et al.,
1999).
Já as falhas de ordem mecânica, sendo a prin:ipal delas o afrouxamento do
parafuso (GOODACRE, KAN e RUNGCHARASSAENG, 1999) devem ser vistas com
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visto que características oclusais e a presença de hábitos nocivos do paciente como
o bruxismo são fatores potenciais relacionados con essa falha (SAKAGUCHI e BORGERSEN, 1993; SCHVVARZ, 2000).
Assim, no momento do planejamento do tratamento protético e dos implantes,
fatores relacionados com as características do paciente (tipo e forma do arco,
qualidade óssea, características da prótese antagonista, presença de hábitos parafuncionais)(SCHVVARZ, 2000; BINON ,1994), do implante (comprimento,
número, grau de conicidade e extensão protética)( GOODACRE, KAN e RUNGCHARASSAENG, 1999) e da prótese (material de revestimento, desenho
protético, altura excessiva da restauração, ajuste protético, material do pilar protético)(SENDYK e SENDYK apud DINATO e ROLIDO 2001; GUIMARÃES,
NISHIOKA e BOTTINO, 2001) devem ser consideradcs.
A relação entre os componentes da prótese e co implante deveria ser estática (KANCYPER, CAGNONE e RODRIGUEZ apud DINATO e POLIDO 2001), de modo que nenhum tipo de movimentação ocorresse durante , a aplicação de forças sobre o
sistema. No entanto, a aplicação de forças mastigatórias sobre esse conjunto, que
ocorrem em diferentes intensidades e direções, leva a micromovimentos na interface
implante/prótese, causando a desadaptação entre os componentes, visto que a força intrínseca da pré-carga é sobrepujada pela força resultante oclusal (RANGERT, JEMT E JORNEUS 1989).
Outro fato relevante que merece destaque é o fato de que a presença de falhas mecânicas, como o afrouxamento do parafuso, potencializa a existência de falhas biológicas associadas, uma vez que uma fenda é criada, devido a
I ()
de difícil controle por parte do paciente (JANSEN et al., 1997; ABRAHAMSSON et
al., 1998).
0 afrouxamento do parafuso é a causa mecânica mais comum associada com
o insucesso das próteses sobre os implantes. Na tentativa de minimizar ou controlar tal fato, novos design de implantes vem sendo testados, valendo-se da conexão interna, visto que essa apresenta melhor distribuiçãc do estresse no tecido ósseo,
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