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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Albarelos

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Academic year: 2021

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Farmácia Albarelos

Ana Beatriz Correia Peneda

Farmácia Albarelos

Ana Beatriz Correia Peneda

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Albarelos

março de 2020 a outubro de 2020

Ana Beatriz Correia Peneda

Orientador : Dra. Anabela Marisa Fernandes Pereira

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Alexandre Lourenço Lobão

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D

ECLARAÇÃO DE

I

NTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 15 de outubro 2020

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A

GRADECIMENTOS

Ao longo destes cinco anos aprendi muito quer a nível profissional quer a nível pessoal. Foi um trajeto longo, com algumas dificuldades e obstáculos, mas no fim, tudo compensou e hoje não poderia estar mais agradecida por todo este meu percurso académico.

Em primeiro lugar queria agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto por me ter acolhido e provado que foi, sem dúvida, a minha melhor escolha. Quero também agradecer a todos os docentes, pois sem eles nada disto seria realizado nomeadamente, ao meu tutor, Dr.º Paulo Lobão por ter estado presente e me ter acompanhado nesta última etapa.

Um agradecimento a toda a equipa da Farmácia Albarelos por me terem recebido com muito carinho e por terem tido paciência, empatia, amizade e bom-humor para comigo. Um especial agradecimento à minha orientadora, a Dr.ª Anabela Pereira, pela disponibilidade e dedicação para que eu conseguisse realizar todos os meus projetos. Por fim, mas não menos importante, à Dr.ª Alexandra Pereira da Silva, proprietária e diretora técnica da Farmácia Albarelos, por me ter dado a oportunidade de estagiar numa farmácia onde existe realmente dedicação e profissionalismo.

À minha família, nomeadamente à minha mãe e irmão que foram os meus grandes pilares, obrigada pela dedicação, sacrifício e educação e amor incondicional.

Ao meu namorado por toda a paciência, carinho e por ter acreditado em mim mais do que eu mesma principalmente nos momentos mais difíceis. Foram anos de apoio infatigável e a mim só me resta agradecer.

Por fim, quero agradecer aos meus amigos por serem a minha segunda família e serem o meu porto de abrigo. Quero agradecer principalmente às amigas que a faculdade me deu, que me compreendiam melhor que ninguém visto estarmos todas na mesma situação. Sem vocês tudo teria sido mais difícil.

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v

R

ESUMO

A Farmácia Comunitária é, na maior parte das vezes, o primeiro local onde os utentes recorrem para, posteriormente, lhes sejam prestados diversos serviços de saúde. Assim sendo, o farmacêutico é o último profissional de saúde, que permite fazer a ligação entre o utente e o esquema terapêutico, este também ocupa um lugar de destaque na comunidade envolvente, uma vez que é responsável por promover o uso racional da medicação, o sucesso terapêutico e transmitir informações pertinentes e importantes aos utentes sobre a medicação ou algum problema de saúde. O presente relatório é o culminar dos 5 anos de preparação no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, onde entrei em contacto com o mundo real da profissão farmacêutica, bem como, com todo o funcionamento da Farmácia Comunitária. Durante o período de estágio pude aplicar os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo do curso, no entanto, também pude aprender todos os dias quer a nível científico, técnico e pessoal. O atendimento farmacêutico deve ser um ato individualizado, personalizado e abundante em conteúdos técnico-científicos.

O meu estágio foi realizado na Farmácia Albarelos, em Fafe, no período de 2 de março a 9 de outubro com uma pausa entre 13 de março a 18 de maio, devido à situação atual de Covid-19 que nos obrigou a ficar de quarentena. Este relatório relata as experiências vividas ao longo desses meses de estágio.

Numa primeira parte é feita uma descrição detalhada do funcionamento da Farmácia Albarelos, das boas práticas farmacêuticas, do enquadramento legal da atividade farmacêutica e todas as atividades e experiências realizadas e vividas. A segunda parte do relatório é dedicada aos projetos desenvolvidos no âmbito do estágio.

O primeiro projeto diz respeito a uma formação interna aos colaboradores da Farmácia Albarelos sobre a Depressão, este projeto teve como principal objetivo elucidar a importância da saúde mental, relembrar alguns conhecimentos previamente adquiridos sobre saúde mental, mais concretamente sobre a Depressão. O segundo projeto teve como tema “Infeções Sexualmente Transmissíveis”, este surgiu tendo por base as dúvidas e inseguranças dos jovens utentes da farmácia. Assim sendo, realizei um panfleto de fácil leitura sobre as principais ISTs, expostos nos diferentes balcões da Farmácia Albarelos, e dois cartazes, um sobre VIH e outro sobre HPV, ambos afixados num dos pilares logo à entrada da farmácia. Por fim, o terceiro projeto teve por base a Preparação Individualizada da Medicação para um lar residencial, essa preparação era feita semanalmente.

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Í

NDICE

Índice de tabelas ... viii

Índice de anexos ...ix

Abreviaturas ... x

PARTE I- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ... 1

1. Planeamento ... 1

2. Farmácia Albarelos ... 2

2.1 Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2 Recursos Humanos ... 2

2.3 Perfil dos utentes ... 3

2.4 Espaço Físico... 3 2.4.1 Espaço Exterior ... 3 2.4.2 Espaço Interior ... 3 2.4.3 Espaço Virtual ... 5 2.5 Sistema informático ... 5 2.6 Metodologia de Kaizen ... 6 3. Encomendas e Aprovisionamento ... 6 3.1 Gestão de Stocks ... 6

3.2 Distribuidores e Aquisição de encomendas ... 6

3.3 Receção e Verificação de Encomendas ... 8

3.4 Armazenamento de medicamentos ... 9

3.5 Prazos de validade ... 9

3.6 Devoluções ... 10

4. Dispensa de medicamentos ... 10

4.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 11

4.1.1 Prescrição médica e validação... 11

4.1.2 Sistemas de Comparticipação e Regimes de Complementaridade ... 14

4.1.3 Receituário e Faturação ... 15

4.1.4 Dispensa de Psicotrópicos e Estupefacientes ... 16

4.1.5 Medicamentos Manipulados... 16

4.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 17

4.3 Produtos Dietéticos e Produtos para Alimentação Especial ... 18

4.4 Produtos Fitoterapêuticos ... 19

4.5 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal ... 19

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4.7 Produtos e Medicamentos de uso Veterinário ... 20

4.8 Dispositivos Médicos ... 20

4.9 Suplementos Alimentares ... 21

5. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia ... 21

5.1 Determinação de parâmetros antropométricos, bioquímicos e fisiológicos ... 22

5.2 Administração de Medicamentos Injetáveis ... 22

6. VALORMED ... 22

PARTE II- TEMAS DESENVOLVIDOS DURANTE O ESTÁGIO ... 23

1. SAÚDE MENTAL ... 23

1.1 Estado da saúde mental em Portugal ... 23

1.1.1 Consumo de Medicamentos ... 23

1.1.2 Consumo de Substâncias Psicoativas... 24

1.1.3 Mortalidade ... 24

1.2 Perturbações Depressivas ... 24

1.3 Demência ... 26

1.4 Perturbações de Ansiedade ... 27

1.5 Intervenção na Farmácia Albarelos ... 27

1.5.1 Enquadramento/Descrição... 27

1.5.2 Conclusão ... 28

2. SAÚDE NOS JOVENS ... 28

2.1 Natalidade em idades Jovens... 29

2.2 Doenças Infeciosas evitáveis pela Vacinação ... 30

2.3 Infeções Sexualmente Transmissíveis ... 32

2.4 Intervenção na Farmácia Albarelos ... 38

2.4.1 Enquadramento/Discrição ... 38

2.4.2 Conclusão ... 38

3. PREPARAÇÃO INDIVIDUALIZADA DA MEDICAÇÃO ... 39

3.1 Intervenção na Farmácia Albarelos ... 39

3.1.1 Enquadramento/Discrição ... 39

Considerações Finais ... 40

Referências Bibliograficas ... 41

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NDICE DE TABELAS

Tabela 1- Cronograma das atividades desenvolvidas ... 1 Tabela 2- Validade e número de embalagem de acordo com o tipo de prescrição ... 12

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Í

NDICE DE ANEXOS

Anexo I- Pomada com Ácido Salicílico e Coaltar ... 46

Anexo II- Preparação Individualizada da Medicação ... 47

Anexo III- Teste de despiste de Infeções Urinárias ... 47

Anexo IV- Analisador Bioquímico ... 49

Anexo V- Formação Interna sobre Depressão ... 50

Anexo VI- Panfleto sobre as principais ISTs ... 58

Anexo VII- Cartaz sobre VIH ... 60

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x

A

BREVIATURAS

CCF- Centro de Conferência de Faturas CE- Câmaras Expansoras

CNP- Código Nacional Português DCI- Denominação Comum Internacional DT- Diretora Técnica

FA- Farmácia Albarelos FC- Farmácia Comunitária HPV- Vírus do Papiloma Humano IMC- Índice de Massa Corporal

IST- Infeções Sexualmente Transmissíveis IVA- Imposto sobre o Valor Acrescentado IVG- Interrupção Voluntária da Gravidez MM- Medicamentos Manipulados

MNSRM- Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia MPE- Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

MSRM- Medicamento Sujeitos a Receita Médica OMS- Organização Mundial de Saúde

PIC- Preço Inscrito na Cartolagem

PIM- Preparação Individualizada da Medicação PNV- Plano Nacional de Vacinação

PV- Prazo de Validade

PVF- Preço de Venda à Farmácia PVP- Preço de Venda ao Público

SIDA- Síndrome de Imunodeficiência Adquirida SNC- Sistema Nervoso Central

SNS- Serviço Nacional de Saúde VHB- Vírus da Hepatite B

VIH- Vírus da Imunodeficiência Humana VHS - vírus Herpes simplex

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PARTE I- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

1. P

LANEAMENTO

Ser farmacêutico vai muito além de aconselhar/dispensar uma simples medicação bem como atender uma prescrição médica. Temos uma enorme responsabilidade visto que, somos dos últimos profissionais de saúde em contacto com o utente. Para mim, das funções mais importantes do farmacêutico é o facto de estar nas nossas mãos o dever de fazer com que o utente compreenda a necessidade de realizar o tratamento de forma correta, de a tomar nos horários certos verificando sempre se não existe incompatibilidades nem interações medicamentosas, principalmente quando o utente é polimedicado. E só assim conseguiremos atingir o sucesso terapêutico.

Iniciei o meu estágio curricular em Farmácia Comunitária (FC) no dia 2 de março de 2020, a 16 de março parei e fiz uma pausa de 2 meses dada a situação da pandemia por COVID-19, retomei o estágio a 18 de maio e terminei a 9 de outubro. Durante aproximadamente 6 meses de estágio pude desenvolver várias atividades e projetos na Farmácia Albarelos (FA). A Tabela 1 resume todas essas atividades.

Tabela 1- Cronograma das atividades desenvolvidas

Março Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Armazenamento de produtos Receção e conferência de encomendas Etiquetagem Reposição de stocks Preparação de medicamentos manipulados Medição de parâmetros bioquímicos Rastreios

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2 Atendimento ao público Projeto I Projeto II Projejo III

2. F

ARMÁCIA

A

LBARELOS

2.1 LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A FA está localizada na rua José Ribeiro Vieira de Castro 368, no concelho de Fafe, distrito de Braga. Para além da zona habitacional que rodeia a farmácia, esta também se encontra bastante perto da estrada nacional dando acesso a várias freguesias do concelho bem como o acesso a outros municípios vizinhos, aliado ao facto de se situar perto do centro de saúde, escolas e bombeiros. Tem também inúmeros estacionamentos gratuitos e acesso fácil aos transportes públicos tornando-se assim uma farmácia com grande afluência.

O horário de funcionamento da FA é de segunda a domingo incluindo feriados das 8h30 às 22h, sendo que assume periodicamente o serviço permanente de 24h de acordo com o calendário de serviço das farmácias da zona.[1]

O meu horário durante o estágio na FA era das 9h às 18h com 1h de almoço.

2.2 RECURSOS HUMANOS

A equipa da FA é constituída por 3 farmacêuticas, das quais a Diretora Técnica (DT) e Proprietária da farmácia, Dra. Alexandra de Castro Mendes Pereira da Silva e 2 farmacêuticas substitutas, Dra. Anabela Pereira e a Dra. Andreia Gonçalves. A completar a equipa, esta é composta ainda por uma técnica de farmácia, Ana Teixeira, 3 técnicos auxiliares de farmácia, Sílvia Maciel, Vera Correia, António Cunha, e por um auxiliar: João Mendes.

Para além disso, a equipa da FA conta com a presença de colaboradores no serviço de Medicina Chinesa (Acupuntura e Fitoterapia) prestado pela Dra. Paula Geraldes, Serviço de Podologia prestado pela Dra. Susana Dias e Serviço de Nutrição prestado pela Dra. Isa Ferreira.

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3

2.3 PERFIL DOS UTENTES

Como referido anteriormente, a FA está localizada junto a uma estrada nacional com vários acessos, sendo, portanto, visitada por muitos clientes ocasionais. Contudo, a maioria dos utentes da FA estão fidelizados, deslocando-se frequentemente à farmácia.

A grande maioria dos utentes são idosos e polimedicados recorrendo à farmácia para as mais diversas situações como a dispensa da medicação com prescrição médica, controlo dos parâmetros bioquímicos, aconselhamento de patologias/situações menores como gripes, dores musculares, diarreia, azia, refluxo entre outras.

Adicionalmente existem utentes fidelizados nos serviços prestados como as consultas de nutrição, podologia, medicina chinesa e, portanto, a FA dispõe de um grupo de utentes bastante heterogéneo abrangendo diferentes faixas etárias.

Não poderia perder a oportunidade de expressar a forma carinhosa com que a população me recebeu, deixando-me sempre mensagens de esperança em relação ao meu futuro. Muitos deles, na reta final do meu percurso na FA, já me tratavam pelo nome e partilhavam com facilidade situações da sua vida pessoal deixando-me muito satisfeita por escolher uma farmácia de proximidade para o meu estágio.

2.4 ESPAÇO FÍSICO

2.4.1 Espaço Exterior

A FA encontra-se localizada no rés do chão de um prédio habitacional, permitindo o fácil acesso e comodidade dos utentes.

Segundo o Decreto Lei n.º 307/2007 de 31 de agosto, a FA expõe uma cruz verde devidamente assinalada que se encontra ligada durante todo o período de funcionamento. Na entrada principal está presente, de forma bem visível, uma placa que informa o nome da DT, o horário de funcionamento, bem como o mapa de turnos das farmácias do município que estejam em regime de serviço permanente.

Toda a fachada exterior é composta por vidro permitindo a preparação de montras que são renovadas segundo a sazonalidade e acordos publicitários, contém ainda informação sobre os serviços prestados: medicina chinesa, podologia, nutrição, entre outros. A FA apresenta ainda uma entrada lateral que é reservada para a entrada e saída dos funcionários, bem como, a entrega de encomendas permitindo uma maior organização e menor fluxo na área de atendimento ao público.[2]

2.4.2 Espaço Interior

As farmácias devem dispor de instalações de forma a garantir a conservação, preparação e segurança dos medicamentos bem como a comodidade, acessibilidade e privacidade dos utentes.[2] Posto isto, a FA dispõe das seguintes divisões:

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4 • Zona de atendimento ao público: é um espaço amplo, luminoso, climatizado e organizado. Logo à entrada está presente uma balança que permite medir o peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e altura, um dispositivo de senhas que ficou inutilizável com a situação do COVID-19 bem como duas cadeiras onde os clientes podem aguardar pela sua vez. O utente tem ao seu dispor 4 balcões de atendimento, cada um deles com o seu sistema informático. Na zona dos balcões existe um caixeiro automático destinado à gestão monetária no qual se introduz o dinheiro fornecido pelo utente e o equipamento fornece o troco correspondente, calculado de forma automática.

Imediatamente atrás dos balcões estão expostos alguns medicamentos de uso veterinário e inúmeros Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) que variam de acordo com a estação do ano e com as campanhas que estejam a decorrer. Por baixo destes lineares existem gavetas que tem como finalidade o armazenamento de medicamentos organizados de acordo com a sua especificidade de consumo. Na zona posterior aos balcões existem lineares compostos por diferentes categorias devidamente identificadas (Higiene Oral, Mamã e Bebé, Dermocosmética, Saúde Familiar), existe também uma zona de perfumes, uma zona de óculos de sol e por fim uma zona de entretenimento de crianças que posteriormente foi retirada também pela situação da pandemia.

• Laboratório: encontra-se equipado com duas bancadas de trabalho com superfícies lisas, um lavatório e armários para arrumos de material e matérias-primas destinados, essencialmente, à preparação de manipulados e reconstituição de preparações extemporâneas, um dos armários é também utilizado para o acondicionamento de medicamentos psicotrópicos. Neste local é também feita a preparação individual da medicação para um lar. Neste laboratório existe ainda uma secretária com um computador e uma zona de arquivo de documentos importantes como os comprovativos de dispensa de psicotrópicos e as faturas de distribuidores. Todo este espaço reúne as condições essenciais à preparação, rotulagem, armazenamento e conservação de matérias-primas.

• Gabinete 1 e Gabinete 2: que privilegiam a privacidade destinados a situações específicas, um deles contém o material necessário à determinação de parâmetros bioquímicos como glicómetros, tensiómetros, lancetas e tiras teste, material para a administração de injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV). Na FA realizam-se principalmente os testes da glicémia, triglicerídeos, colesterol total, ácido úrico, tensão arterial e testes de intolerância alimentar. O outro gabinete é utilizado para as diferentes sessões com profissionais de saúde na área de: nutrição, podologia, tratamento de corpo e rosto e medicina chinesa/acupuntura.

• Armazém: encontra-se dividido em três áreas distintas. As duas primeiras posicionam-se perto da zona de atendimento e modo a agilizar o processo. Na primeira área encontram-se os principais medicamentos de marca e na segunda área encontram-se os medicamentos genéricos. É feita uma separação de formas farmacêuticas orais, tópicas, formas farmacêuticas semissólidas, preparações injetáveis, preparações líquidas orais, preparações retais e vaginais, preparações oftálmicas, preparações para inalação e medicamentos

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5 veterinários. Há ainda um local para soro, compressas e produtos de desinfeção. Os armários possuem gavetas deslizantes e todos os grupos terapêuticos são organizados por ordem alfabética do nome comercial ou da Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem e quantidade. Existe também um frigorífico que armazena todos os produtos que necessitam de refrigeração entre os 2-8°C, sendo organizados de forma semelhante aos restantes produtos. A terceira área posiciona-se mais afastada das anteriores onde se encontra a medicação ou produtos excedentes ou com menos rotatividade. É também neste local que se encontra a porta lateral utilizada pelos funcionários e pelos distribuidores, pelo que é também neste local que é feita a receção, verificação e devolução de encomendas. Para isso está equipado com uma bancada de trabalho, um computador, uma impressora, uma impressora de etiquetas e um leitor de código de barras. Todas as zonas de armazém são monitorizadas diariamente quanto à temperatura e humidade.

• Copa;

• Gabinete da direção;

• WC dos funcionários e WC dos utentes; • Quarto.

2.4.3 Espaço Virtual

A FA encontra-se sempre disponível para auxiliar os seus utentes em qualquer dúvida que apresentem. Assim, para além do tradicional contacto telefónico, a FA dispõe ainda de um email e de uma página no Facebook e Instagram muito ativa, conseguindo responder a todas as dúvidas dos utentes em tempo relativamente útil. Este contacto virtual permite que a farmácia atue em diversas frentes em tempo real, revelando-se uma mais valia numa sociedade cada vez mais tecnológica.

2.5 SISTEMA INFORMÁTICO

Na FA, o sistema informático utilizado é o Sifarma® 2000 desenvolvido pela Glintt®, da responsabilidade da Associação Nacional de Farmácias (ANF). Este sistema traz inúmeras vantagens uma vez que auxilia quer em processos de gestão (gestão de stocks, encomendas, prazos de validade) e receção de encomendas, quer no atendimento uma vez que disponibiliza informação científica fundamental para um bom aconselhamento ao utente. É um sistema que oferece uma maior segurança no atendimento e dispensa do medicamento, tornando-se uma mais valia para qualquer farmácia.[3] De salientar ainda a possibilidade de criar uma “ficha de acompanhamento” para cada utente. Tal permite armazenar informações sobre o utente e rapidamente consultar histórico de vendas, importantíssimo em utentes mais confusos em que o mesmo medicamento com uma embalagem diferente poderia levar a erros relacionados com a medicação como a diminuição da adesão à terapêutica ou duplicar a toma.

Lembro-me de várias situações em que esta ferramenta foi crucial, muitas pessoas estando habituadas à equipa da FA faziam pedidos vagos como: ”quero o meu remédio do colesterol” ou

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6 utentes em que se lhes apresentasse um genérico de um laboratório diferente ao seu habitual afirmavam não tomar aquele medicamento e dificilmente voltavam a confiar em mim, pois acreditavam que me tinha enganado na dispensa.

2.6 METODOLOGIA DE KAIZEN

Trata-se de uma filosofia japonesa que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, baseia-se na melhoria contínua permitindo às empresas que a aplicam a redução de custos, desperdícios e o aumento da produtividade. A FA aplica diariamente a filosofia Kaizen, seguindo a premissa “Hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje.” Existe no laboratório um quadro Kaizen, dedicado à monotorização de parâmetros pré-estabelecidos pela farmácia e ao estabelecimento de objetivos de melhoria futuros.

3. E

NCOMENDAS E

A

PROVISIONAMENTO

3.1 GESTÃO DE STOCKS

Uma boa gestão do stock dos medicamentos e de outros produtos de saúde é fundamental na farmácia para assegurar que as necessidades dos doentes são satisfeitas, evitar ruturas de stock e a acumulação de produtos sem rotatividade uma vez que poderão ser indícios de prejuízo para a farmácia. [4] Assim, é necessário ter em consideração vários aspetos como: o perfil de compra dos utentes, stock atual, sazonalidade, campanhas publicitárias, margens de lucro e a legislação em vigor aquando da aquisição de determinados produtos de modo a assegurar uma gestão sustentável de produtos e recursos.

Na FA, os procedimentos de gestão são realizados com recurso ao Sifarma®, que permite analisar detalhadamente os perfis de compra e venda de produtos de modo a definir stocks mínimos e máximos para os diferentes produtos farmacêuticos. Este sistema facilita a gestão de encomendas, uma vez que, quando o stock mínimo é atingido, é gerado automaticamente uma proposta de encomenda para o produto.

A gestão de stocks na FA é realizada por toda a equipa permitindo que todos os colaboradores tenham conhecimento dos produtos com maior rotação e aqueles que possuem maior rutura de stock. Durante o meu estágio, avaliei diversas situações de produtos onde poderia eventualmente ser necessário alterar a configuração de stocks mínimos e máximos.

3.2 DISTRIBUIDORES E AQUISIÇÃO DE ENCOMENDAS

Segundo o artigo n.º 34 do DL 307/2007, as farmácias só podem adquirir medicamentos a fabricantes e distribuidores grossistas autorizados pelo INFARMED.[1] A seleção dos fornecedores grossistas deve ter como base critérios tais como a capacidade de prontidão e rapidez de entrega, a garantia de qualidade dos produtos, as condições comerciais (facilidade de pagamento, descontos e bonificações) e a resolução das devoluções. A nível de distribuidores grossistas, a FA trabalha

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7 maioritariamente com a Alliance Healthcare® mas também com a Cooprofar® (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia), a Medicanorte® (Medicamentos do Norte, Lda) e a Empifarma®. É importante para a farmácia contar com mais do que um distribuidor grossista, uma vez que aumenta a possibilidade de aquisição de um produto quando este está esgotado num dos distribuidores.

Tendo em conta a elevada procura de produtos na FA, as encomendas efetuadas ao longo do dia podem ser instantâneas, manuais ou diárias. As encomendas diárias são efetuadas diariamente, sendo os produtos para esta encomenda sugeridos pelo próprio sistema informático quando estes atingem o stock mínimo. É da responsabilidade do farmacêutico analisar estes produtos sugeridos, de modo a aprovar ou não a encomenda, de acordo com as necessidades, sendo esta diretamente enviada para o fornecedor. A Alliance Healthcare® e a Cooprofar® permite a realização de 2 encomendas diárias enquanto que os outros distribuidores, que trabalham com a FA, realizam 1 encomenda diária, todas elas geradas automaticamente pelo Sifarma® 2000.

As encomendas instantâneas caracterizam-se pela rapidez da avaliação da disponibilidade dos produtos e da hora de entrega, podendo ser registadas através do Sifarma® ou por via telefónica. Para além disso, associado a este tipo de encomendas, existe o projeto Via Verde do Medicamento, que tem como objetivo melhorar o acesso a medicamentos em rutura de stock. Este meio de aquisição de medicamentos é excecional e tem como base da encomenda uma receita médica válida.[5]

Por fim, as encomendas manuais apresentam as mesmas caraterísticas que as encomendas instantâneas uma vez que são efetuadas igualmente quando um produto se encontra indisponível na farmácia e existe necessidade da confirmação da disponibilidade no armazenista. Contudo, este tipo de encomenda nem sempre apresenta registo informático. Assim, aquando da sua receção, cria-se a encomenda sem comunicá-la ao fornecedor, uma vez que apenas pretendemos que fique registado no sistema.

Durante o período de estágio pude realizar encomendas diárias, o que me permitiu perceber as necessidades diárias da FA. Realizei também encomendas instantâneas e via telefone, principalmente durante o atendimento de modo a satisfazer pedidos dos utentes. Pude acompanhar junto com minha orientadora alguns atendimentos a comerciais de diversos laboratórios e perceber como decorre a venda e a negociação entre ambos. Contudo, as encomendas instantâneas foram o tipo de encomendas que realizei mais frequentemente, isto porque são rapidamente realizadas ao balcão através da utilização do sistema informático ainda durante o atendimento (após a verificação da existência do produto no fornecedor). A título de exemplo foi a encomenda de 3 embalagens de Prozac® reservadas para uma utente, uma vez que, na farmácia não existia stock suficiente para fornecer todas as embalagens. Como atravessamos um período em que há bastantes medicamentos esgotados, pude igualmente efetuar encomendas através da via telefónica, como foi no caso do Victan® e ainda, pela Via Verde, como o Xeplion®. Relativamente às encomendas manuais, pude igualmente contactar com estas aquando da receção de encomendas.

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8

3.3 RECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS

Os produtos encomendados são normalmente entregues em contentores ou caixas de cartão, cada um destes identificados com o fornecedor e acompanhadas pela fatura ou pela guia de remessa (caso ainda não esteja faturada). No caso de existir algum produto que necessite de condições de conservação entre os 2-8ºC, estes são entregues em contentores térmicos identificados e são os primeiros a serem conferidos e armazenados.

Na verificação da encomenda deve-se validar os seguintes parâmetros: o fornecedor, as condições dos produtos rececionados (se estão ou não danificados), número de unidades (pedidas e enviadas), se corresponde ao produto encomendado, Prazo de Validade (PV), preço de faturação e o Preço Inscrito na Cartonagem (PIC).

É também importante verificar o número da fatura e da encomenda, o valor total da fatura com a Taxa de Imposto de Valor Acrescentado (IVA), o Preço de Venda à Farmácia (PVF) e os descontos aplicados. No caso de existirem produtos encomendados que não foram enviados, no final da fatura é feita uma referência a estes justificando a razão pela qual não foram entregues. Geralmente acontece no caso dos produtos que se encontram esgotados ou em rutura.

Deve-se, ainda, comparar o Preço de Venda ao Público (PVP) do produto que temos em stock naquele momento com o PIC do produto que recebemos. No caso do valor do PIC ser diferente daquele que está a ser, naquele momento comercializado na FA, é colocado um elástico à volta da cartonagem de modo a diferenciar o produto mais recente do que já estava em circulação na farmácia. Este método tem como principal objetivo diferenciar os produtos com o preço antigo. No entanto, se houver alteração do preço, mas se não houver produto em stock, o PVP deverá ser atualizado. Enquanto que os Medicamento Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM possuem o PVP indicado na embalagem secundária, o preço dos restantes produtos é calculado tendo em conta o PVF, a margem de lucro da farmácia e o IVA, sendo o respetivo valor impresso em etiquetas juntamente com o Código Nacional Português (CNP) e colocado nos produtos.

Todos os parâmetros verificados deverão ser introduzidos no sistema informático durante a receção da encomenda. Quando se termina a receção, os produtos que não foram rececionados (ou seja, que não foram enviados por alguma razão), podem ser transferidos para outro fornecedor, retirados, adicionados à encomenda diária ou serem reportados ao INFARMED. Sempre que conste na encomenda benzodiazepinas ou medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, o sistema informático obriga a introdução do número da fatura ou do número da requisição associada à fatura. As faturas são sempre arquivadas para efeitos de contabilidade e o valor final de todas as faturas é apontado em folha Excel. No final de cada mês os distribuidores enviam uma fatura resumo que inclui todas as faturas enviadas nesse mês e o custo total referente a esse período. Este documento é conferido tendo em conta os valores constantes na folha Excel de cada distribuidor e/ou as respetivas faturas arquivadas.

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9 Apesar de se tratar de uma tarefa que deve ser realizada com extremo cuidado e responsabilidade, a receção e conferência de encomendas foi a primeira atividade que me foi solicitada a desempenhar e que fui realizando ao longo de todo o período de estágio. Esta tarefa foi de extrema importância uma vez que me permitiu reconhecer com maior facilidade quais os MSRM e os MNSRM, os suplementos alimentares e outros produtos de venda livre, estabelecer associações entre os medicamentos de marca e genéricos e as diversas formas farmacêuticas. Assim, esta tarefa demonstrou ser de grande importância e utilidade, principalmente durante os meus primeiros atendimentos.

3.4 ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS

O local e as condições de armazenamento dos medicamentos são imprescindíveis para o bom funcionamento da farmácia, sendo este feito com rigor, de forma criteriosa e metódica de modo a que todos os colaboradores estejam aptos, em qualquer circunstância, quer arrumar, quer a localizar um produto quando necessário. Tudo começa durante a receção da encomenda, após a leitura ótica dos produtos, estes são separados em caixas conforme o stock informático, existindo uma caixa para produtos com stock zero, um, dois, três e mais de três. Esta separação permite fazer uma rápida verificação de stocks no momento em que se faz o armazenamento de cada caixa de produto, o que permite um controlo mais apertado do stock da farmácia e uma melhor gestão da mesma.

Os produtos são então armazenados seguindo a regra “First Expire First Out” (FEFO) de modo a promover uma rotação de stock eficaz e evitar que as embalagens com prazo de validade mais curto fiquem “esquecidas” nas gavetas ou prateleiras. Os produtos de frio são os primeiros medicamentos a serem armazenados (no frigorífico 2-8ºC) assim que a encomenda dá entrada na farmácia, sendo os restantes produtos armazenados nos respetivos locais com as condições de luminosidade, temperatura (< 25ªC) e humidade (<60%) adequados.[6]

Por fim, mas não menos importante, a integridade de todas as cartonagens dos produtos deve ser bem preservada de modo a transmitir uma imagem de cuidado e profissionalismo da farmácia. O armazenamento dos produtos foi, também, das primeiras atividades que realizei no meu estágio na FA. Apesar de parecer uma atividade pouco apelativa, fez com que conhecesse melhor os locais e os produtos disponíveis na farmácia, o que demonstrou ter uma elevada importância uma vez que posteriormente me facilitou o atendimento ao utente.

3.5 PRAZOS DE VALIDADE

O controlo de PV é uma tarefa de grande relevo uma vez que impede que a segurança do utente seja posta em causa pela dispensa de produtos cujos prazos já tenham sido ultrapassados ou prestes a expirar, além de evitar perdas monetárias dado que a comercialização destes produtos é interdita.[7]

O controlo dos PV na FA é feito, pelo menos, em 2 momentos. O primeiro controlo é feito aquando da receção das encomendas em que se compara o PV do produto que chegou com o que já existia na farmácia. No caso de o produto rececionado ter um PV inferior ou o stock na farmácia

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10 ser zero, a informação do Sifarma® é atualizada. O segundo controlo é realizado mensalmente através de uma lista que contém os produtos cujo prazo acaba nos próximos meses e que, por isso, devem ser separados e devolvidos ao respetivo fornecedor.

Durante o estágio pude ajudar a pessoa responsável no controlo de PV e atribuição de um fim aos produtos, assim como, colaborei na atualização de PV no sistema informático.

3.6 DEVOLUÇÕES

A devolução de produtos aos laboratórios ou fornecedores pode ser efetuada por várias razões: embalagem danificada ou em mau estado de conservação, prazo de validade a terminar ou mesmo já caducado, envio de um produto não pedido na encomenda, retirada de um produto do mercado (notificada através de circulares informativas), etc.

Para se efetuar a devolução é necessário que esta esteja associada a uma nota de devolução, criada informaticamente. A nota de devolução é impressa em triplicado, para que duas das cópias sejam enviadas ao fornecedor juntamente com os produtos devidamente assinadas e carimbadas pela pessoa que realizou a devolução e a terceira cópia possa ficar arquivada na farmácia. É importante ter em conta que, este processo de devolução deve ser evitado uma vez que representa um risco económico para a farmácia, visto que implica perdas monetárias e a possibilidade de a devolução não ser aceite. No caso de o fornecedor aceitar a devolução poderá enviar à farmácia um produto substituto ou então emitir uma nota de crédito no mesmo valor. Pelo contrário, se o fornecedor não aceitar a devolução este deve registar o motivo e procede-se à quebra do stock do produto. Posteriormente o produto é recolhido pelo VALORMED.

Durante o estágio tive oportunidade de efetuar devoluções com emissão das respetivas notas de devolução devido a vários motivos anteriormente mencionados, bem como regularizar notas de crédito. Um dos produtos que devolvi foi o soluto de eosina devido ao facto da embalagem estar danificada, aquando da receção deste produto na farmácia, tendo manchado todo o contentor inclusive as respetivas faturas.

4. D

ISPENSA DE MEDICAMENTOS

A cedência do medicamento representa o centro de toda a atividade farmacêutica em Farmácia Comunitária, permitindo ao farmacêutico desempenhar um papel ativo e essencial como agente de saúde pública, colocando os seus conhecimentos técnico-científicos ao dispor dos utentes. Muitas vezes, o farmacêutico é o último profissional de saúde com quem o doente contata, encontrando-se assim numa situação privilegiada na rede de cuidados de saúde.

A dispensa de medicamentos deve ser sempre acompanhada de todos os esclarecimentos e informações necessárias para a sua utilização. Trata-se de um ato farmacêutico que requer grande conhecimento do medicamento, das suas indicações, efeitos adversos, posologia e interações. [6]

(21)

11 Tive a oportunidade de realizar atendimentos após 1 mês de estágio, inicialmente encontrava-me sempre acompanhada por um farmacêutico e mais tarde de forma autónoma, o que me permitiu chegar ao fim do estágio com quase completa autonomia durante o atendimento e grande capacidade gestão de stress e de tempo.

4.1 MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

De acordo com o DL n.º 176/2006, de 30 de agosto, os MSRM devem preencher uma das seguintes condições:

• “Possam constituir, direta ou indiretamente, um risco, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

• Sejam com frequência utilizados em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam, se daí puder resultar qualquer risco, direto ou indireto, para a saúde; • Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e ou

efeitos secundários seja indispensável aprofundar;

• Sejam prescritos pelo médico para serem administrados por via parentérica”.[8]

Durante a pandemia, a FA dispensou alguns MSRM uma vez que os utentes não possuíam a receita, por impossibilidade de a adquirirem a tempo visto não haver consultas ou a maioria delas estarem adiadas. Tendo em conta a continuação da terapêutica, a FA dispensou MSRM ficando em venda suspensa devidamente registado na ficha do utente em questão, para que, mais tarde, quando este trouxesse a receita pudesse reaver o valor da comparticipação e a FA tivesse a situação regularizada.

4.1.1 Prescrição médica e validação

Atualmente, existem três tipos de prescrição:

1) Prescrição Eletrónica Materializada em que a prescrição é impressa;

2) Prescrição Eletrónica Desmaterializada ou Receita sem papel em que prescrição é acessível por equipamentos eletrónicos, como por exemplo por mensagem ou na aplicação do Serviço Nacional de Saúde (SNS);

3) Prescrição Manual em que a prescrição é feita à mão pelo médico num documento pré-impresso, devendo este tipo de prescrição ser feita em casos excecionais.[9]

Antes de dispensar, a prescrição deverá conter as seguintes informações e validada (no caso da prescrição manual e materializada):

• Número da receita; • Local de prescrição;

• Identificação do médico prescritor;

• Identificação do utente (nome, número do SNS, número de beneficiário da entidade financeira quando aplicável, regime especial de comparticipação de medicamentos)

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12 • Entidade financeira responsável pela comparticipação da receita;

• Identificação do medicamento (a prescrição pode ser feita por DCI ou, excecionalmente, por marca no caso de não existir similar ou então, não existir um medicamento genérico similar comparticipado. No caso de não ser devido ao motivo apresentado previamente, o prescritor deve incluir uma das seguintes justificações técnicas:

a)

Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito;

b)

Reação adversa prévia;

c)

Continuidade de tratamento superior a 28 dias; • Posologia e duração de tratamento;

• Comparticipações especiais; • Data de prescrição;

• Assinatura do médico prescritor é obrigatória e manuscrita. (exceto na prescrição eletrónica desmaterializada em que é assinada digitalmente)

• Validade da prescrição e número da embalagem; (ver a tabela 2 que se segue) [9]

Tabela 2- Validade e número de embalagem de acordo com o tipo de prescrição

Tipo de prescrição Validade da

Prescrição Número da embalagem

Prescrição Eletrónica Materializada e Prescrição Manual 30 dias; Renovável com validade até 6 meses (não pode ser emitida por receita manual);

Até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas 2 embalagens por medicamento. [9]

Sob a forma de embalagem unitária

podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento.[9]

(23)

13 Prescrição Eletrónica

Desmaterializada

Cada linha de prescrição apenas contém um medicamento até ao máximo de:

60 dias: 2 embalagens, no caso de medicamentos destinados a

tratamentos de curta ou média duração;[9]

6 meses: 6 embalagens, no caso de medicamentos destinados a

tratamentos de longa duração;[9]

Excecionalmente, o número de embalagens poderá ser superior e

com validade até 12 meses, mediante fundamentação médica;[9]

Sob a forma de embalagem unitária podem ser prescritas até 4

embalagens do mesmo medicamento, ou até 12 embalagens no caso de medicamentos de longa duração.[9]

Adicionalmente, no caso das receitas manuais é necessário validar igualmente os seguintes parâmetros:

• Identificação da exceção (falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou até 40 receitas/mês);

• Local da prescrição deve ser identificado com a respetiva vinheta; • Vinheta do médico prescritor.[9]

Neste tipo de receitas, o farmacêutico tem ainda de ter em conta que estas não podem ter rasuras, caligrafias diferentes ou mesmo prescrição com canetas diferentes ou lápis, sendo todos estes critérios mencionados motivo para a não comparticipação das receitas.[9] Quando o farmacêutico recebe uma prescrição, no caso de esta não poder ser aviada deve procurar ajudar o utente.[4] Para além disso, deve interpretar a prescrição tentando entender o tipo de tratamentos e as intenções do prescritor, bem como confirmar se todos os parâmetros prescritos relativamente ao medicamento se encontram adequados ao utente (forma farmacêutica, posologia, método de administração, duração do tratamento, etc.).[4]

Sempre que haja alguma irregularidade na receita, o primeiro passo é falar com o médico e tentar resolver o mais depressa possível de modo a satisfazer as necessidades e expectativas do utente. No caso de haver alguma dúvida também entram em contacto com o Centro de Conferência de Faturas (CCF). De realçar que, em casos de incumprimento dos requisitos da prescrição, a farmácia pode recusar a sua dispensa uma vez que estes erros implicam a rejeição da restituição do valor da comparticipação à farmácia.[10]

A prescrição eletrónica desmaterializada está a assumir a maioria dos atendimentos. Foram com estas que pude mais contactar, mesmo perante a reclamação de muitos utentes, na maioria os mais velhos, sobre a “receita no telemóvel”, principalmente durante a pandemia, em que as consultas estavam canceladas e/ou adiadas e os médicos apenas prescreviam receitas eletrónicas

(24)

14 desmaterializadas via SMS. Posto isto, cabe a nós farmacêuticos o dever de informar o motivo e ajudar o utente, para além de que, podemos imprimir o talão da dispensa em que é possível visualizar o que está prescrito.

Para mim, as receitas manuais são as mais desafiantes, pelo facto de que, para além da verificação de todos os dados da receita relativos ao utente e prescritor, temos de ter uma enorme capacidade de interpretação e análise da prescrição.

4.1.2 Sistemas de Comparticipação e Regimes de Complementaridade

Atualmente, a legislação prevê a comparticipação de medicamentos através de dois regimes: geral e especial.[9]

O regime geral consiste na comparticipação pelo Estado no PVP de acordo com diferentes escalões, que são atribuídos consoante as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, quem prescreve e o consumo acrescido para os doentes que sofram de determinadas patologias.

• Escalão A – a comparticipação do Estado é de 90% do PVP dos medicamentos; • Escalão B – a comparticipação do Estado é de 69% do PVP dos medicamentos; • Escalão C – a comparticipação do Estado é de 37% do PVP dos medicamentos; • Escalão D - a comparticipação do Estado é de 15% do PVP dos medicamentos.[9][11]

O regime especial abrange um grupo de doentes, como pensionistas em que o rendimento anual total seja inferior a 14 vezes o salário mínimo nacional ou os cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal.[9][11] No regime especial também estão incluídas determinadas patologias que são definidas por despacho, como a Psoríase, Dor Oncológica Moderada a Forte e Doença de Alzheimer. Neste caso, o despacho deve estar indicado na prescrição.[9][11]

Ainda existem outros produtos que são igualmente comparticipados pelo Estado, tais como: • Determinados Medicamentos Manipulados, em 30% do PVP;

• Dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/retenção urinária, em 100%;

• Produtos dietéticos com carácter terapêutico (100%) apenas no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou nos centros de tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto;

• Tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria (em 85%) e agulhas, seringas e lancetas (em 100%) destinadas ao autocontrolo da diabetes mellitus;

• Câmaras Expansoras (CE) (em 80%, até 28€ e apenas uma/ano/utente).[9]

Os sistemas de complementaridade podem ser adicionais aos regimes de comparticipação assegurados pelo Estado, tal como os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) e a Caixa Geral de Depósitos. O comprovativo de venda e as receitas deste tipo de comparticipação são comunicadas, para além do SNS, à entidade correspondente de modo a poder reembolsar a farmácia.

(25)

15 Os seguros de saúde também exigem procedimentos similares para proceder ao reembolso da farmácia.

Ao longo do meu estágio fui tendo contacto com os vários sistemas de comparticipação, nomeadamente os sistemas de complementaridade. Pude deparar-me com várias situações relativas à comparticipação, entre elas o caso de uma mãe que pretendia levantar uma CE prescrita para o seu filho. Contudo, neste caso não foi possível obter comparticipação uma vez que no espaço de um ano o filho já teria adquirido uma outra CE que, que segundo a mãe, acabou por partir. De facto, nesta situação foi de extrema importância entender os critérios de comparticipação para as CE e explicar devidamente à utente os critérios que se encontram em vigor.

No atendimento ao público, foi um pouco complicado principalmente ao início conhecer os regimes de comparticipação. No entanto, as receitas eletrónicas automaticamente o SI assume os regimes de comparticipação, no entanto nas prescrições manuais, somos nós que colocamos manualmente no SI o regime de comparticipação pelo que é necessário sempre muito cuidado e muita atenção.

4.1.3 Receituário e Faturação

Sempre que um MSRM é dispensado, o sistema informático agrupa as receitas de acordo com o organismo por lotes e série, atribuindo um número sequencial a cada lote e receita, no caso das receitas manuais cada lote contém, no máximo, 30 receitas por ordem crescente.[12]

As receitas eletrónicas desmaterializadas são comunicadas diretamente aos centros de faturação. Contudo, as receitas materializadas necessitam de ser validadas antes da dispensa ao utente. Para além disso, no final da dispensa é impressa na parte de trás da receita informação importante tais como: o valor da comparticipação do Estado por cada medicamento e na totalidade da receita, valor ao encargo do utente por cada medicamento e o total, impressão do código do medicamento em caracteres e códigos de barras e impressão de informação relativa ao exercício do direito de opção por medicamento. A receita deve ser assinada pelo utente e ainda pelo responsável da dispensa, com o carimbo da farmácia, a data respetiva e guardado junto dos outros lotes referentes ao mesmo organismo e mês.[12]

Na FA, no final de cada mês, os lotes são fechados e é emitido a Relação de Resumo de Lotes e a Fatura Final Mensal de cada organismo de comparticipação, devendo toda a documentação ser carimbada, datada e assinada pela Diretora Técnica ou pelo farmacêutico substituto. Finalmente, é gerado um documento com todas as receitas dispensadas que é, posteriormente, enviado eletronicamente para a ANF. Até ao dia 10 do mês seguinte, a farmácia tem de enviar a documentação necessária para efeitos de faturação ao CCF, sendo que a faturação ao SNS é recolhida pelos CTT.[12] No caso de outros organismos de comparticipação, a documentação deve ser enviada para a ANF. Todos os documentos serão analisados. No caso de estar tudo em conformidade, o valor das comparticipações é reembolsado à farmácia. Pelo contrário, no caso de haver inconformidades, pode haver devolução do documento à farmácia para que esta possa efetuar a correção do erro ou poderá haver correção do valor a pagar à farmácia.[12]

(26)

16 Compreender a importância do “fecho do mês”, tratar do receituário e faturação foi das tarefas que mais gostei de acompanhar. É extremamente importante e de grande responsabilidade, uma vez que a faturação não elaborada de acordo com estas regras será devolvida, no entanto, a farmácia pode incluí-la no mês seguinte mas com prejuízo e atraso nos pagamentos.

4.1.4 Dispensa de Psicotrópicos e Estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes correspondem a substâncias que atuam ao nível do Sistema Nervoso Central, o que implica um controlo mais apertado em todo o seu circuito, desde a aquisição, até ao armazenamento e dispensa ao utente. A sua dispensa apresenta regras bastante particulares, uma vez que estes medicamentos apresentam uma legislação específica, conforme descrito no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro.[9]

A prescrição destas substâncias, deve ser feita isoladamente, isto é, não podem constar outros medicamentos é, também, necessário fazer o registo do número da receita, nome do médico prescritor, nome e morada do utente e dados da pessoa que fez o levantamento da medicação (caso não seja para o próprio). No final do atendimento, para além da fatura, é emitido um comprovativo de dispensa de psicotrópicos que contém todas estas informações relativas à dispensa do medicamento e que tem de ser arquivado na farmácia por um período mínimo de 3 anos.[9]

O controlo de receituário de estupefacientes e psicotrópicos é realizado pelo INFARMED I.P, ao qual a farmácia deve enviar, mensalmente, o registo das saídas de psicotrópicos e estupefacientes. Durante o meu estágio tive a possibilidade de proceder à dispensa de inúmeros MPE, a maior parte das prescrições eram dirigidas a pessoas que recorriam a este tipo de medicamentos de forma recorrente, tal como, Concerta® ou Ritalina®, e já conheciam todo o processo da dispensa enquanto que outros possuíam um prescrição para situações mais pontuais.

No entanto, houve uma vez em que, uma utente vinha levantar um medicamento psicotrópico para o filho, pela primeira vez, uma buprenorfina, quando lhe pedi os seus dados como o número do cartão de cidadão, idade, morada etc, ela achou estranho e perguntou o porquê de lhe ter pedido tantos dados para levantar um único medicamento, após a minha explicação a utente compreendeu e ficou esclarecida.

4.1.5 Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados (MM) são todas as formas farmacêuticas preparadas em Farmácia de Oficina a partir de matérias-primas e material aí existentes, segundo a arte de manipular (FSA – “faça segundo a arte”) e respeitando as Boas Práticas de Fabrico de Manipulados. Estas formulações podem ser preparadas de acordo com uma receita médica – fórmulas magistrais – ou com as indicações de uma farmacopeia ou formulário – fórmulas oficinais – sendo destinados a um determinado doente. [14]

(27)

17 O desenvolvimento da Indústria Farmacêutica juntamente com a produção, em grande escala, de inúmeras formas e formulações farmacêutica permitem o tratamento da maioria das patologias que afetam a população, e portanto levaram a uma diminuição da necessidade de produzir medicamentos individualizados na Farmácia Comunitária. No entanto, ainda existem determinadas situações em que se justifica o recurso a MM, nomeadamente quando há necessidade de:

• Ajuste terapêutico às características individuais do doente; • Preparação de medicamentos de curta estabilidade;

• Preparação de medicamentos que a Indústria não explora comercialmente devido à sua baixa rentabilidade.

Atualmente, os MM preparados na FC destinam-se quase exclusivamente ao uso pediátrico e dermatológico.

Na prescrição de manipulados, devem constar na receita médica os seguintes dados: • Fórmula Farmacêutica, informação qualitativa e quantitativa quer da(s) sustância(s)

ativa(s) quer do(s) excipiente(s);

• Modo de preparação do medicamento que o médico prescritor ache mais adequado ou, alternativamente, pode deixar ao critério do farmacêutico escrevendo “f.s.a.”; • Posologia e o modo de administração destinada ao doente.

A FA não prepara medicamentos manipulados em grande escala, no entanto, durante o meu estágio tive oportunidade de realizar algumas preparações mais simples. Tive também a oportunidade de contactar e poder encomendar (via telefone/ email) a preparação dos medicamentos manipulados a outra farmácia com condições para os elaborar.

Alguns MM que realizei na FA foram a pomada com Ácido Salicílico + Propionato de Clobetasol + Coaltar e outra pomada apenas com Ácido Salicílico e Coaltar (Anexo I)

4.2 MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA (MNSRM)

Os MNSRM, tal como o nome indica, não são sujeitos a prescrição médica e, salvo exceções, não são comparticipados. Nestes produtos, é obrigatório que a rotulagem do acondicionamento secundário (caso não exista, do acondicionamento primário) contenha as indicações de utilização destes medicamentos.[15]

Assim, o farmacêutico tem ao seu alcance e sob a sua responsabilidade vários MNSRM que poderão ser indicados no tratamento de um transtorno ou sintoma menor.[4] Como estes medicamentos são de venda livre, vários utentes procuram a farmácia para se automedicarem. Cabe ao farmacêutico saber orientar o utente, avaliar a situação (sintomas, duração, se já tomou algum medicamento, doenças, etc.) e indicar não só o tratamento mais adequado, mas também as medidas não farmacológicas, promovendo sempre o uso racional do medicamento. Em situações mais graves, deve redirecionar o doente para o médico.[4]

(28)

18 Para além dos MNSRM propriamente ditos, existe uma subclasse: os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF). Estes medicamentos são sujeitos a prescrição médica, contudo, podem ser dispensados sem receita médica se a sua DCI constar numa lista diariamente atualizada pelo INFARMED e, sejam cumpridos os protocolos de dispensa dos medicamentos listados.[16]

Os Medicamentos Homeopáticos também são considerados MNSRM e a sua produção é feita a partir de substâncias denominadas de stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com processos descritos na farmacopeia. Nestes procedimentos, utilizam-se quantidades mínimas de substâncias ativas através de diluições e dinamizações consecutivas.[17]

Na FA, inicialmente observei atentamente o aconselhamento de vários MNSRM por parte da equipa da farmácia. Mais tarde, durante o meu atendimento ao público, pude igualmente proceder à dispensa e indicação de certos MNSRM tendo sempre o cuidado de obter informações de modo a escolher apropriadamente o que mais se adequava ao utente. Este foi o meu maior desafio associado ao atendimento, quer pela consciência da responsabilidade associada à dispensa de medicação, quer pela falta de experiência para avaliar cada situação em particular. Pude observar que o aconselhamento dos MNSRM variavam ao longo do meu tempo de estágio. No período de inverno predominavam a indicação de antigripais, antitússicos, descongestionantes nasais, analgésicos e antipiréticos e inflamatórios para as dores de garganta. Na primavera, predominavam os anti-histamínicos, dado a afluência de pessoas com sintomas alérgicos.

Os medicamentos homeopáticos não têm muita expressão de venda, o que associo à falta de interesse e confiança do utente neste tipo de medicamentos, sendo mais utilizada por parte das grávidas e mulheres a amamentar.

4.3 PRODUTOS DIETÉTICOS E PRODUTOS PARA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL

Como referido no DL n.º 74/2010, de 21 de junho, os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são todos aqueles que, “devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, são adequados ao objetivo nutricional pretendido e comercializados com a indicação de que correspondem a esse objetivo”. Assim, este tipo de alimentação corresponde às necessidades nutricionais de pessoas com processo de assimilação ou metabolismo perturbados, com condições fisiológicas especiais e beneficiam da ingestão controlada de determinadas substâncias e lactentes ou crianças pequenas em estado de saúde. [18]

Na FA existe uma grande variedade de produtos para alimentação especial, nomeadamente produtos hiperproteicos e hipercalóricos, como o Fresubin® e os leites infantis de crescimento de diversas marcas, como por exemplo Nan®, Nutriben® e Aptamil®.

(29)

19

4.4 PRODUTOS FITOTERAPÊUTICOS

Os medicamentos à base de plantas são todos aqueles que utilizam exclusivamente substância(s) ativa(s) obtidas das plantas, preparações à base de plantas ou substância(s) com a associação das duas anteriormente referidas. Tal como os outros medicamentos, estes exigem igualmente a demonstração de qualidade, segurança e eficácia.[19]

Durante o meu estágio na FA, verifiquei que estes produtos eram essencialmente utilizados no caso de insónias/ansiedade (como o Valdispert ®) e tratamento de pernas pesadas (Daflon ®).

4.5 PRODUTOS DE COSMÉTICA E HIGIENE CORPORAL

O DL n.º189/2008, de 24 de setembro, estipula que um produto cosmético é “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, (...) com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”.[20] Assim, existe uma ampla variedade de cosméticos no mercado, incluindo os produtos de higiene corporal, como os sabonetes, champôs, desodorizantes e pastas dentífricas, e os produtos de beleza em si, como a maquilhagem.[21]

Dado que na FA existe uma grande variedade e quantidade de cosméticos, contactei com inúmeras marcas (como Caudalie®, Nuxe®, Bioderma®, Phyto®, Eucerin®, La Roche Posay®, etc) e inicialmente tive imensa dificuldade em aconselhar este tipo de produtos. Apesar de ainda não me sentir totalmente à vontade, dada o largo espetro de cosméticos, ao longo do meu estágio tive a oportunidade de aprender sobre estes produtos por intermédio dos profissionais da farmácia. No entanto tive pena que, dada a situação do covid-19, não me ter sido possível participar em muitas formações.

O que mais aconselhei foi sem dúvida protetores solares, no entanto também surgiram aconselhamentos para pele com rosácea, dermatite atópica, tratamento dermatite seborreica no couro cabeludo, queda de cabelo, acne e antirrugas.

4.6 ARTIGOS DE PUERICULTURA

O artigo de puericultura é definido como “qualquer produto destinado a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças”.[22]

FA tem vários artigos de puericultura, tais como cosméticos, fraldas, chupetas e acessórios de alimentação. Ao longo do estágio, tive a oportunidade de conhecer vários produtos de diferentes marcas como Chicco®, Mustela®, Libero®, Medela®, entre outras. Inicialmente senti-me insegura no aconselhamento destes produtos, no entanto consegui ultrapassar alguns obstáculos durante o aconselhamento impostos pela falta de conhecimento desta área.

(30)

20

4.7 PRODUTOS E MEDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO

Um medicamento veterinário é definido, pelo DL n.º 148/2008, de 29 de julho, como “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”.[23] Existem alguns medicamentos que são sujeitos a receita médica veterinária, devendo a receita ser arquivada pela farmácia durante 5 anos.

Durante o meu estágio, tive algum contacto com os medicamentos veterinários vendidos na farmácia. Pude verificar que os mais procurados pelos utentes foram os desparasitantes externos e internos (como Advantix® e Scalibor®, Frontline®), anticoncecionais orais (como Pilucat®), maioritariamente para os cães e gatos.

4.8 DISPOSITIVOS MÉDICOS

De acordo com o DL n.º 145/2009, de 17 de junho, é estipulado que um dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de:

I. Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

II. Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência;

III. Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; IV. Controlo da conceção”.[24]

Os dispositivos são classificados como i (dispositivos de baixo risco), iia e iib (dispositivos de médio risco) e iii (dispositivos de alto risco), atendendo à vulnerabilidade do corpo humano e aos potenciais riscos decorrentes da conceção técnica e do fabrico.[23]

Existe uma enorme variedade de dispositivos médicos na FA, pude reparar que os dispositivos mais procurados eram essencialmente seringas, compressas, ligaduras, fraldas e testes de gravidez. Tendo em conta que não tive nenhuma formação académica acerca dos dispositivos médicos, é notório que necessito de aprofundar o conhecimento nesta área de modo a puder aconselhar da melhor maneira o utente, uma vez que tive uma certa dificuldade.

Referências

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