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(1)

F´ısica Experimental L1

Instrumenta¸

ao para o ensino 1

2

o

semestre de 2013

Apostila 1 - Erros e Medidas

Sum´

ario

1 Alguns conceitos sobre medidas e incertezas 1

1.1 O que ´e medir? . . . 1

1.2 Erros . . . 2

1.2.1 Erros sistem´aticos . . . 2

1.2.2 Erros acidentais . . . 2

1.2.3 Erros grosseiros . . . 3

2 Algarismos significativos 4 2.1 O algarismo duvidoso . . . 4

2.2 Regras de arredondamento . . . 5

2.3 Regras pr´aticas de opera¸c˜oes com algarismos significativos . . . 6

2.3.1 Adi¸c˜ao e subtra¸c˜ao . . . 6

2.3.2 Multiplica¸c˜ao e divis˜ao . . . 7

3 A incerteza instrumental 7 4 Medidas indiretas e propaga¸c˜ao de incertezas 9 4.1 Soma ou diferen¸ca . . . 9

4.2 Multiplica¸c˜ao ou divis˜ao . . . 10

4.3 Leis de potˆencia . . . 10

(2)

Toda opera¸c˜ao de medida exige do experimentador habilidade no manuseio de instrumentos de medida e a capacidade de efetuar corretamente a leitura destes instrumentos. N˜ao basta, por exemplo, determinar o comprimento de uma barra atrav´es de uma r´egua, ´e preciso saber expressar essa medida com o n´umero correto de algarismos significativos e avaliar corretamente a sua incerteza. Desta forma, outra pessoa poder´a entender o valor dado `a grandeza e tamb´em qual o intervalo de confian¸ca da medida, o que poder´a permiti-la reproduzir os resultados ou mesmo receber uma encomenda que poder´a executar.

H´a grandezas que nem sempre podem ser obtidas diretamente, como ´area, volume, den-sidade, etc. Neste caso, a incerteza final da grandeza depende da incerteza de cada medida realizada para obtˆe-la. O processo para obten¸c˜ao das incertezas de grandezas indiretas chama-se de c´alculo de propaga¸c˜ao das incertezas.

Pretendemos aqui discutir alguns conceitos e procedimentos b´asicos para que se possa ex-pressar corretamente as medidas e resultados de experiˆencias, assim como analis´a-los com um m´ınimo de corre¸c˜ao e rigor tanto do ponto de vista num´erico como conceitual.

1.1

O que ´

e medir?

Medir ´e comparar uma quantidade de uma determinada grandeza (comprimento, tempo, massa, etc.) com uma outra quantidade da mesma grandeza, que ´e definida previamente como a unidade. Esta compara¸c˜ao se realiza utilizando um instrumento de medida.

Por mais cuidadosa que possa ser uma medi¸c˜ao e por mais preciso que possa ser o ins-trumento de medida utilizado, n˜ao ´e poss´ıvel realizar uma medida exata. Sempre existe uma incerteza na defini¸c˜ao do resultado de uma medida. Por esta raz˜ao, o resultado da medida de uma quantidade m (qualquer) deve sempre estar acompanhado de uma estimativa da incerteza correspondente. Isto se formula por:

m = M ± ∆M, (1)

onde m ´e o resultado da medida, M ´e o valor medido e ∆M uma quantidade positiva, que ´

e chamada incerteza da medida e que determina o n´umero de d´ıgitos (algarismos) utilizados para formular este resultado (a incerteza ´e expressa por um n´umero com um ´unico algarismo significativo). Compete ao experimentador avaliar a incerteza para cada medi¸c˜ao. A express˜ao 1 nos diz que qualquer dos valores compreendido entre M + ∆M e M − ∆M ´e aceit´avel para a medida de m e que o experimento em quest˜ao n˜ao permite preferˆencia por nenhum deles.

(3)

Exemplo 1 O resultado da medida do volume de um s´olido deve ser escrito como V = (2,37 ± 0,04) cm3 e n˜ao como V = (2,3652168 ± 0,04) cm3, pois a incerteza de 0, 04 cm3 indica

que n˜ao se tem nenhuma certeza sobre os algarismos que se seguem ao 6.

Observe que no processo de arredondamento no exemplo 1 foi acrescentado uma unidade ao algarismo truncado. As regras de arredondamento que adotamos s˜ao descritas na se¸c˜ao 2.2.

1.2

Erros

Se, ao fazermos uma medida, cometemos erros, inevitavelmente, minimiz´a-los passa a ser nossa obriga¸c˜ao. Podemos classificar os erros em:

1.2.1 Erros sistem´aticos

S˜ao aqueles provenientes do pr´oprio instru-mento, quando este apresenta algum erro de es-cala. Por exemplo, se utilizarmos uma r´egua gra-duada para trabalhar a 10◦C e trabalharmos com ela a 30◦C, a dilata¸c˜ao, sofrida por sua escala, acarretar´a um erro sistem´atico por toda a ex-periˆencia. Um outro exemplo muito comum ´e a utiliza¸c˜ao de instrumentos com escalas n˜ao zera-das, como mostra a figura 1. Uma caracter´ıstica dos erros sistem´aticos ´e que eles influem sempre no mesmo sentido: sempre para mais ou sempre para menos do valor verdadeiro.

1.2.2 Erros acidentais

S˜ao aqueles que, por raz˜oes v´arias, ocorrem durante a experiˆencia, e que s˜ao dif´ıceis de eliminar, como, por exemplo, o erro do experimentador ao decidir qual a melhor leitura quando ele ter´a que fazˆe-la a olho, estimando um valor. Quanto mais experiˆencia o experimentador adquire, menos e menores erros deste tipo ele cometer´a, mas, ainda assim, toda vez que realizar medidas, estar´a cometendo erros. Uma caracter´ıstica dos erros acidentais ´e que eles influem aleatoriamente nos dois sentidos, para mais ou para menos do valor verdadeiro.

(4)

1.2.3 Erros grosseiros

Estes s˜ao causados, como o pr´oprio nome sugere, por inexperiˆencia do experimentador. Ele comete esses erros quando lˆe 10 e a leitura certa seria 100, ou ent˜ao, quando a unidade certa seria kg, ele a lˆe em g. Por displicˆencia do experimentador esses erros passam despercebidos pois ele n˜ao tem id´eia da ordem de grandeza do que mede. O erro grosseiro pode decorrer tamb´em da inabilidade no manuseio do instrumento de medida, engano de leitura, c´alculos errados, etc.

Observa¸c˜ao: Em princ´ıpio, os resultados com erros grosseiros s˜ao devidos a falha do experi-mentador ou utiliza¸c˜ao de t´ecnica deficiente, e devem ser eliminados. Os outros erros podem ser reduzidos com t´ecnicas mais aperfei¸coadas e melhores instrumentos, mas nunca ser˜ao eliminados totalmente.

Quando um experimentador determina o valor de uma grandeza, trˆes situa¸c˜oes s˜ao poss´ıveis: 1. O valor da grandeza j´a ´e conhecido com exatid˜ao. Por exemplo: A soma dos ˆangulos inter-nos de um triˆangulo; a rela¸c˜ao entre o comprimento e o diˆametro de uma circunferˆencia, etc.

2. O valor da grandeza n˜ao ´e conhecido exatamente, mas h´a um valor adotado como ”me-lhor”. Por exemplo: A acelera¸c˜ao da gravidade em um determinado local, a carga do el´etron, a densidade de uma substˆancia, etc.

3. O valor da grandeza n˜ao ´e conhecido. Por exemplo: O comprimento de uma barra, o volume de uma esfera, etc.

Quando o valor obtido para uma grandeza difere de seu valor exato (item 1 acima), dizemos estar afetado de um erro.

erro = modulo do (valor medido - valor exato)

Quando o valor obtido difere do valor adotado como melhor (item 2 anterior), dizemos estar afetado de um desvio.

desvio = modulo do (valor medido - valor adotado)

Embora conceitualmente haja diferen¸ca entre erro e desvio, matematicamente s˜ao equiva-lentes. A partir deles definem-se desvio (ou erro) relativo e desvio (ou erro) percentual, que permitem avaliar melhor o resultado de uma experiˆencia.

• desvio relativo = (desvio/valor adotado) • desvio percentual = [desvio relativo x 100]%

(5)

Exemplo 2 Ao determinar a acelera¸c˜ao da gravidade em um local onde o valor adotado ´e 9,80 m/s2, um experimentador obteve 10,04 m/s2. Determinar o desvio, o desvio relativo e o desvio percentual.

desvio = k10,04 - 9,80k = 0,24 m/s2 desvio relativo = 0,24/9,80 = 0,024

desvio percentual = [0,024 x 100]% = 2,4%

Observe que, em termos de avalia¸c˜ao dos resultados, o desvio percentual nos d´a a informa¸c˜ao mais objetiva.

2

Algarismos significativos

2.1

O algarismo duvidoso

Quando o experimentador realiza apenas uma medida, ´e evidente que este ser´a o valor da grandeza. Entretanto, ela deve ser expressa com um n´umero correto de algarismos, chama-dos algarismos significativos.

Exemplo 3 A barra AB da figura 2 ´e medida com duas r´eguas, uma centimetrada e outra mi-limetrada. Pela figura 2 a) pode-se dizer que o comprimento AB ´e 8,3cm. Observe que o alga-rismo 8 ´e exato, enquanto que o algarismo 3 que foi avaliado ´e o duvidoso. Na figura 2 b) a medida de AB ´e 82,6 mm ou 8,26 cm. Aqui 8 e 2 s˜ao exatos e o 6, que foi avaliado, ´e o duvidoso.

Os algarismos significativos (AS) de uma medida s˜ao os algarismos exatos acres-cidos do ´ultimo, que ´e o duvidoso.

Exemplo 4 Na figura 3 o cilindro A tem comprimento LA = 36,30 cm e o cilindro B tem

diˆametro DB = 1,25 cm. Est˜ao corretos esses valores? Em que casa decimal est´a o algarismo

duvidoso?

(6)

• O n´umero de algarismos significativos depende do instrumento de medida. Observe que na medida do comprimento da barra AB da figura 2 a r´egua centimetrada forneceu dois algarismos significativos (2 AS), enquanto que a milimetrada forneceu trˆes algarismos significativos (3 AS).

• O valor do algarismo duvidoso depende exclusivamente do operador.

2.2

Regras de arredondamento

Durante o c´alculo de grandezas cujo o valor ´e medido indiretamente, nossos c´alculos podem nos levar a d´uvidas como no exemplo abaixo:

Exemplo 5 Se mediu os lados de um retˆangulo obtendo-se L1 = 12,3 mm e L2 = 2,4 mm. A

´

area ser´a A = L1× L2 = 29,52 mm2. O resultado final tem 4 AS? Bem, L1 tem 3 AS e L2 tem

2 AS. Se o resultado final for escrito com 3 AS (como L1) ent˜ao facilmente arredondar´ıamos

para A = 29,5 mm2, mas se queremos o resultado escrito com 2 AS (como L

2) o resultado ´e A

= 29 mm2 ou A = 30 mm2?

Adotaremos o crit´erio NBR 5891, da ABNT (Associa¸c˜ao Brasileira de Normas T´ecnicas), para as aproxima¸c˜oes:

• Quando o algarismo imediatamente seguinte ao ´ultimo algarismo a ser conservado for inferior a 5, o ´ultimo algarismo a ser conservado permanecer´a sem modifica¸c˜ao. P. ex.: 1,333333 arredondado `a primeira decimal tornar-se-´a: 1,3.

• Quando o algarismo imediatamente seguinte ao ´ultimo algarismo a ser conservado for superior a 5, ou, sendo 5, seguido de no m´ınimo um algarismo diferente de zero, o ´ultimo algarismo a ser conservado dever´a ser aumentado de uma unidade. P. ex.: 1,666666 arredondado `a primeira decimal tornar-se-´a 1,7 e o n´umero 4,850003 arredondado `a primeira decimal tornar-se-´a: 4,9.

(7)

• Quando o algarismo imediatamente seguinte ao ´ultimo algarismo a ser conservado for 5 seguidos de zeros, dever-se-´a arredondar o algarismo a ser conservado para o algarismo par mais pr´oximo. Consequentemente, o ´ultimo algarismo a ser retido, se for ´ımpar, aumentar´a uma unidade. P. ex.: 4,550000 arredondado `a primeira decimal tornar-se-´a: 4,6.

• Quando o algarismo imediatamente seguinte ao ´ultimo algarismo a ser conservado for 5 seguido de zeros, se for par o algarismo a ser conservado, ele permanecer´a sem modifica¸c˜ao. P. ex.: 4,850000 arredondado `a primeira decimal tornar-se-´a: 4,8.

Agora vocˆe deve ser capaz de responder `a pergunta do exemplo 5. Para decidir a quantidade de algarismos significativos do resultado, veja a pr´oxima se¸c˜ao.

2.3

Regras pr´

aticas de opera¸

oes com algarismos significativos

Vimos que toda medida est´a acompanhada de uma incerteza, por´em em alguns casos n˜ao conhecemos seu valor explicitamente. Nessa situa¸c˜ao, admitimos que a incerteza est´a no ´ultimo algarismo e utilizamos as seguintes regras pr´aticas:

2.3.1 Adi¸c˜ao e subtra¸c˜ao

Considere que se quer adicionar os resultados dos comprimentos do exemplo 1.10 acima. Devemos, inicialmente, passar todas as parcelas para a mesma unidade, no caso metro, temos L1 =12,34 m, L2 = 0,057340 m, L3 = 0,00345 m L4 = 3,42210 m e L5 = 0,98 m e em seguida

verificamos qual (ou quais) das parcelas possui o algarismo duvidoso na posi¸c˜ao decimal mais elevada ou a parcela (ou parcelas) que possui o menor n´umero de casas decimais. Colocamos as parcelas como mostrado a seguir e verificamos que os algarismos 4 de L1 e 8 de L5 possuem a

posi¸c˜ao decimal mais elevada (cent´esimo) como tamb´em possuem apenas duas casas decimais. Em seguida devemos modificar as demais parcelas para que elas fiquem com o mesmo n´umero de casas decimais de L1 (ou L5).

L1 = 12,34 → 12,34 continua como est´a.

L2 = 0,057340 → 0,06 o algarismo 5 foi acrescido de uma unidade pois 7 > 5.

L3 = 0,00345 → 0,00 foi mantido o 0 pois 3 < 5.

L4 = 3,42210 → 3,42 foi mantido o 2 pois 2 < 5.

L5 = 0,98 → 0,98 continua como est´a.

(8)

O resultado da soma ´e L = 16,80 m, um resultado com apenas 4 algarismos significativos. Esta regra ´e aplicada tamb´em para o caso de subtra¸c˜oes.

2.3.2 Multiplica¸c˜ao e divis˜ao

Suponha que, na figura 3, o cilindro A seja o cilindro B visto em outra perspectiva. Qual seria o volume total deste cilindro? V = A × h = π × R2

A× LA = 14 × π × (DA)2 × LA, onde

DA≡ DB = 1,3 cm e LA = 36,3 cm, assim:

V = 14 × π × (DA)2× LA = 14× 3,14159 × (1,3)2× 36,3 = 48,181780 cm3.

Com rela¸c˜ao a esse resultado temos as seguintes quest˜oes: 1. Quantos algarismos significativos (AS) deve ter V ? 2. Quantos AS deve ter π?

3. E a fra¸c˜ao 14, quantos AS deve ter?

Para responder essas perguntas adotaremos as seguintes regras:

• O resultado de uma multiplica¸c˜ao (ou divis˜ao) deve ter tantos algarismos significativos quanto forem aqueles do n´umero de menor AS entre os n´umeros utilizados na opera¸c˜ao. • Uma constante como π, caso n˜ao seja indicado no problema o n´umero de AS, deve ser

utilizada com um n´umero de AS maior que o n´umero de menor AS na opera¸c˜ao.

• Os n´umeros 1 e 4 n˜ao foram obtidos a partir de alguma medida realizada e n˜ao devem ser considerados na determina¸c˜ao do n´umero de AS na opera¸c˜ao pois s˜ao constantes exatas. Para finalizar, o resultado da opera¸c˜ao no c´alculo do volume do cilindro ser´a V = 48 cm3

(2 AS que vem de DA = 1,3 cm).

Obs.: As regras estabelecidas acima s´o dever˜ao ser utilizadas quando n˜ao conhecermos explicitamente o valor da incerteza da medida. No caso em que sabemos o valor da incerteza, utilizaremos um m´etodo de propaga¸c˜ao que ser´a abordado na se¸c˜ao 4.

3

A incerteza instrumental

Para determinarmos a incerteza de uma medida devemos considerar os fatores que influem na sua avalia¸c˜ao: a habilidade do experimentador, as condi¸c˜oes em que a medida foi realizada, o pr´oprio objeto a ser medido e, fundamentalmente, o instrumento utilizado. Entretanto, devemos

(9)

expressar a incerteza de uma medida em termos que sejam compreens´ıveis a outras pessoas e para isso utilizaremos o seguinte crit´erio:

• Se o instrumento N ˜AO PERMITIR A AVALIAC¸ ˜AO DO ALGARISMO DUVIDOSO, este ser´a considerado como sendo o ´ultimo algarismo obtido no instrumento e, neste caso, a incerteza estimada (erro associado `a medida) ser´a: ∆( ) = A MENOR DIVIS ˜AO DA ESCALA DO INSTRUMENTO.

Exemplo 6 Nos instrumentos digitais (com mostrador num´erico) normalmente o erro ´e igual a menor varia¸c˜ao da medida. No caso da balan¸ca da figura 1 temos ∆m = 0,01g ent˜ao a massa medida, corrigindo o valor indicado, seria: m= (460,42 ± 0,01) g (5 AS)

• Se o instrumento PERMITIR A AVALIAC¸ ˜AO DO ALGARISMO DUVIDOSO, a incer-teza estimada (erro associado `a medida) ser´a: ∆( ) = A METADE DA MENOR DIVIS ˜AO DA ESCALA DO INSTRUMENTO.

Vejamos, utilizando os nossos exemplos, como devemos expressar o resultado final de uma medida.

Exemplo 7 Na figura 2a), utilizando uma r´egua cuja menor divis˜ao foi um cent´ımetro, ava-liamos o comprimento AB em 8,3 cm. Como o experimentador pode avaliar o algarismo 3, a incerteza da medida ser´a: ∆(AB) = 1cm / 2 = 0,5 cm (metade da menor divis˜ao da escala do instrumento). Consequentemente, devemos expressar o valor da medida do comprimento AB como sendo: AB = (8,3 ± 0,5) cm (2 AS).

Exemplo 8 Na figura 2b) utilizando uma r´egua cuja menor divis˜ao foi um mil´ımetro, avali-amos o comprimento AB em 82,6 mm. Como o algarismo 6 pode ser avaliado, a incerteza da medida ser´a: ∆(AB) = 1mm /2 = 0,5 mm (metade da menor divis˜ao da escala do instru-mento). Portanto, devemos expressar o valor da medida do comprimento AB como sendo: AB = (82,6 ± 0,5) mm (3 AS).

Exemplo 9 Na figura 3 podemos avaliar uma medida entre duas divis˜oes da r´egua, portanto o erro na obten¸c˜ao de LA ser´a: ∆LA = 0,25cm / 2 = 0,125 cm, como adotamos o erro com

apenas um algarismo significativo temos: ∆LA = 0,1 cm portanto se LA = 36,30cm e DB =

1,25cm temos: LA = (36,3 ± 0,1) cm (3 AS) e DB = (1,3 ± 0,1) cm (2 AS).

Quest˜ao 1.1: Indique qual ser´a a incerteza de uma medida realizada com os seguin-tes instrumentos: r´egua comum, rel´ogio digital, rel´ogio anal´ogico, veloc´ımetro de autom´ovel, termˆometro cl´ınico e transferidor. Discuta sua resposta com o professor.

(10)

4

Medidas indiretas e propaga¸

ao de incertezas

Nem sempre ´e poss´ıvel determinar certas grandezas por medi¸c˜ao direta; para se determinar a densidade de um objeto, por exemplo, ´e preciso medir a sua massa e o seu volume, que por sua vez ´e determinado pela medida de suas dimens˜oes. Todas estas medidas estar˜ao afetadas de incertezas que na determina¸c˜ao da densidade se propagar˜ao e dar˜ao origem a uma incerteza na densidade.

Inicialmente, vamos uniformizar a nossa linguagem: ao inv´es de erros, desvios, incertezas, utilizaremos apenas incertezas que ´e um termo mais abrangente. Quanto `a representa¸c˜ao matem´atica, para grandezas tais como x, t, v, T , etc., apresentaremos suas incertezas (ou incertezas absolutas) por ∆x, ∆t, ∆v, ∆T , etc, e, consequentemente, suas incertezas relativas por ∆x/x, ∆t/t, ∆v/v, ∆T /T , etc.

4.1

Soma ou diferen¸

ca

A an´alise estat´ıstica rigorosa mostra que ao somarmos ou subtrairmos grandezas estatis-ticamente independentes a incerteza no resultado ser´a dado pela raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas de cada uma das grandezas. Por exemplo, se tivermos trˆes grandezas dadas por: X = (x ± ∆x), Y = (y ± ∆y) e Z = (z ± ∆z), a soma (ou subtra¸c˜ao) delas, S = X + Y + Z, ser´a afetada por uma incerteza de valor:

∆S =q∆x2+ ∆y2 + ∆z2. (2)

Como aproxima¸c˜ao, pode-se usar que, se a incerteza de uma das grandezas da soma (ou sub-tra¸c˜ao) for consideravelmente maior que as das outras, por exemplo, ∆x  ∆y, ∆z (trˆes vezes maior ´e suficiente) a incerteza do resultado ser´a dado por esta incerteza: ∆S ≈ ∆x.

Exemplo 10 Na determina¸c˜ao do per´ımetro de um quadril´atero, mediram-se os seus lados a, b, c, e d com instrumentos diferentes obtendo-se

a = (5,03 ± 0,05) cm, b = (6,8 ± 0,03) cm, c = (0,673 ± 0,08) cm, d = (2,36 ± 0,06) cm.

Na calculadora obt´em-se que o per´ımetro p = 5,03 + 6,8 + 0,673 + 2,36 = 14,863 e a incerteza ∆p= √∆x2 + ∆y2+ ∆z2 = 0,115758 cm. Como devemos ter apenas um algarismo

significa-tivo para a incerteza, escrevemos ∆p = 0,1 cm, conseq¨uentemente, utilizando o crit´erio de aproxima¸c˜ao, podemos escrever: p = (14,9 ± 0,1) cm.

(11)

4.2

Multiplica¸

ao ou divis˜

ao

Neste caso, a incerteza do resultado ser´a dada pela raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas relativas de cada fator. Por exemplo, se M = x × y × z teremos:

∆M M = v u u t ∆x x 2 + ∆y y !2 + ∆z z 2 (3) Exemplo 11 Na determina¸c˜ao da ´area de um retˆangulo, mediram-se os seus lados a e b com instrumentos diferentes obtendo-se

a = (67,35 ± 0,05) cm, b = (41,2 ± 0,5) cm,

Na calculadora obt´em-se que a ´area A = a × b = 2774,82 cm2. A incerteza relativa em a ´e

de 0,000742, a incerteza relativa em b ´e de 0,012136 o que resulta numa incerteza relativa em A de 0,012159. A incerteza final ´e ∆A = 33, 74 cm2. Uma vez que a incerteza deve ter apenas

1 algarismo significativo, ent˜ao o resultado final ´e A = (2770 ± 30) cm2.

4.3

Leis de potˆ

encia

Incerteza no produto ou quociente de grandezas ´e um caso particular das rela¸c˜oes entre incertezas na forma de lei de potˆencias. Se M ´e uma lei de potˆencia em x, isto ´e, M = kxP, ent˜ao a incerteza de M depende da incerteza em x na forma

∆M M = s  P∆x x 2 ,

onde P = ±1 volta ao caso da multiplica¸c˜ao (ou da divis˜ao). De forma geral, se M ´e um produto com potˆencias do tipo M = kxPyQzR, ent˜ao sua incerteza ser´a dada por:

∆M M = v u u t  P∆x x 2 + Q∆y y !2 +  R∆z z 2 , (4)

onde os expoentes P , Q e R podem ter qualquer valor real.

Exemplo 12 O deslocamento de um objeto que ´e largado em repouso sob a a¸c˜ao da gravidade ´

e dado por H = gt2/2. De qual altura a pedra deve ter sido largada se demorou t = (1,02 ± 0,01) s para atingir o solo? use g = (9,8 ± 0,1) m/s2.

Por substitui¸cao direta na f´ormula H = 5,0980 m ´e a altura, a resposta. No entanto, estamos mais interessados na incerteza desta resposta. A incerteza relativa em t ´e de 0,0098 e a incerteza relativa em g ´e de 0,0102. Devemos lembrar que a incerteza em t conta duas vezes na f´ormula 4 (por conta do expoente 2), logo a incerteza relativa em H ´e de 0,01722. Isto nos d´a um incerteza total de ∆H = 0, 09 m (note o uso das regras de arredondamento). A resposta final ´e, ent˜ao, H = (5,10 ± 0,09) m.

(12)

´

E importante n˜ao esquecer que as express˜oes de propaga¸cao de incerteza s´o s˜ao v´alidas se y = y(a, b, c). Se for necess´ario calcularmos a incerteza de uma vari´avel em fun¸c˜ao das outras, por exemplo, ∆a em fun¸c˜ao de ∆y, ∆b e ∆c, necessitaremos expressar esta vari´avel “a” como fun¸c˜ao de y, b e c. Isto ´e, a = a(y, b, c) e s´o ent˜ao utilizaremos a express˜ao 4.

A

Propaga¸

ao de incertezas

Todo o conte´udo desta apostila ´e suficiente para levar em frente o curso de F´ısica Experi-mental L1. No entanto, se o estudante estiver interessado em conhecer a origem das express˜oes matem´aticas apresentadas na ´ultima se¸c˜ao, uma leitura deste apˆendice pode dar uma id´eia geral dos mecanismos envolvidos.

Quando desejamos obter uma grandeza f que s´o pode ser mensurada indiretamente atrav´es da medida de outra gran-deza x, os erros envolvidos dependem de como f depende de x, como podemos ver na figura ao lado. Uma incerteza na grandeza x, representada pela sombra na figura 4 ocasiona uma incerteza na grandeza f , tamb´em representada por um sombreamento. Se aproximarmos a curva f (x) a uma reta na regi˜ao entre x − ∆x e x + ∆x, podemos escrever algo como:

∆f = ∂f

∂x × ∆x,

onde ∂f∂x representa a derivada de f em rela¸c˜ao apenas `a vari´avel x. Se a grandeza f depender de v´arias vari´aveis f = f (x, y, z), a incerteza de cada grandeza interfere independentemente. Matematicamente se escreve: ∆f = v u u t ∂f ∂x × ∆x !2 + ∂f ∂y × ∆y !2 + ∂f ∂z × ∆z !2 , (5)

como a incerteza de f . A express˜ao 5 usa conhecimento de derivadas parciais que ser˜ao deta-lhados no curso de c´alculo, por isto o uso desta express˜ao s´o ´e indicado para quem saiba muito bem como manuse´a-la.

Se a grandeza f depende de x e y por uma soma, f (x) = x + y, ent˜ao ∂f∂x = ∂f∂y = 1 e a equa¸c˜ao 5 nos fornece ∆f = q(∆x)2+ (∆y)2 (compare com a equa¸c˜ao 2).

Se a grandeza f depende de x e y por uma multiplica¸c˜ao, f (x) = x × y, ent˜ao ∂f∂x = fx e

∂f ∂y = f y nos fornece ∆f = r 

Referências

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