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Factores que influenciam as escolhas alimentares da população : monografia : factors that influence the food choices of the population

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Curso de Ciências da Nutrição (2008/09)

“Factores que influenciam as escolhas alimentares da população” “Factors that influence the food choices of the population”

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Dedicatória

Dedico este trabalho com todo o esforço que lhe está associado à minha família que esteve sempre do meu lado.

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Agradecimentos

A todos os que me apoiaram ao longo destes anos de esforço, especialmente a minha família e amigos.

À minha orientadora de estágio a Prof. Dr.ª. Ada Rocha que me apoiou e me recebeu sempre de acordo com a minha disponibilidade.

À FCNAUP e aos seus funcionários, que permitiram a pesquisa e recolha de informações necessárias para a elaboração deste trabalho.

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Índice Lista de abreviaturas 4 Resumo 5 Abstract 6 Introdução 7 1- Factores ambientais 9 1-1- Influências familiares 9

1.2- Influência da escola e dos amigos 11 1.3- Aspectos nutricionais dos alimentos 11

1.4- A origem dos alimentos 12

1.5- Disponibilidade 13

2- Factores individuais 14

2.1- Factores genéticos, fisiológicos, psicológicos 14 2.2- Preferências individuais e alteração dos hábitos alimentares 15

2.3- A saúde do indivíduo 17

2.4- Aspecto físico 21

3- Aspectos culturais e sociais 22

3.1- Religião 23

3.2- Factores ideológicos 24

3.3 - Marketing e publicidade 27

3.4- Motivação para a mudança 29

3.5- Fast-food 29

4- Conclusão 31

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Lista de Abreviaturas

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico DAFNE - Data Food Networking

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Resumo

Ao longo da nossa vida somos confrontados com uma série de situações que nos obrigam a fazer escolhas. Algumas das escolhas que temos de tomar dizem respeito às nossas opções alimentares. Inicia-se, assim, um longo processo de selecção e de opções que só terminam no fim da nossa vida -experiência. Logo após o nascimento fazemos a nossa primeira refeição. Nesta altura e até termos consciência que podemos escolher, aceitamos os alimentos que nos são oferecidos pelos familiares, embora já decidamos a quantidade e o momento das refeições. Surgem posteriormente uma série de factores que vão determinar o que comemos, como comemos, quando comemos e onde comemos. Os factores ambientais, culturais e pessoais vão influenciar as nossas escolhas alimentares e o nosso comportamento face aos alimentos. Tudo o que nos rodeia, até as coisas que não pareçam relacionar-se directamente com os alimentos, vai ter influência nas opções alimentares que fazemos ao longo da nossa vida. Os comportamentos que temos perante determinado alimento não surgem momentaneamente, são fruto das várias experiências que temos com esse alimento. O comportamento que nos leva a querer ou a rejeitar esse alimento surge após um longo processo, em que determinados factores influenciam as decisões que vamos tomar. Convém referir que este comportamento não é estático, pois estamos constantemente em aprendizagem e a maior ou menor importância que damos aos diferentes factores varia também constantemente.

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Abstract

Throughout our life we face a series of situations which lead us to make choices. Some of the choices we must make concern are related to food options. Thus, a long selection and preference process begins which ends when our life is finished – experience. Right after birth we have our first meal. By this time and until we realize we can choose, we accept the nourishment which our family offers us, although we already decide the quantity and the time of the meals. Later, a series of factors arise which will determine what we eat, how we eat, when we eat and where we eat. The environmental, cultural and personal factors will influence our food choices and our behavior concerning food. Thus, I might say that everything which surrounds us, even the things that apparently are not related to food, will have a great influence in the choices we make throughout life. The behaviors we have related to a certain food do not appear in the moment we are before the contact with that food. The behavior which makes us want or reject that food appears after a long process in which certain factors influence the decisions we will take. We should refer that this behavior is not static, since we are in constant learning and the importance we give to the different facts is constantly changing.

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INTRODUÇÃO

A organização da sociedade actual tornou-se possível a partir de uma profunda transformação cultural, onde as questões alimentares adquiriram nos últimos tempos uma extraordinária actualidade. A sua presença viva nos diferentes contextos da vida social e em quase todos os domínios da actividade humana é um sinal forte do nosso tempo, uma marca profunda da modernização e do processo de desenvolvimento em curso1.

A imposição dos géneros alimentares dominantes do momento, acaba por ser aceite de forma natural, sem recusas e sem choques, com conformismo e seguindo as tendências do momento. Este elemento é reforçado pelo triunfo da cultura de massas, pela cultura do “número”, pelo sentimento de pertença, sob risco de ser inserido num grupo minoritário, correndo o risco de ser esmagada pelo grupo de massas, conduzindo à sua exclusão, como por exemplo, os obesos ao ser alvo de “exclusão” por parte da sociedade.

Se cada um de nós é aquilo que come, com quem o come, como o come e o sentido que dá aquilo que come, podemos dizer que estamos perante uma ideologia alimentar, a qual caracteriza as diferentes sociedades. As influências culturais e os factores ambientais determinam os alimentos a ingerir, os padrões das refeições, o número de refeições diárias bem como os métodos de confecção, o modo como se come e os utensílios que se utilizam2,3.

As escolhas alimentares feitas pelo homem são influenciadas por diversos factores4. A história familiar e pessoal e o envolvimento cultural, permitem compreender o porquê do desenvolvimento dos hábitos alimentares. O paladar, o preço, o aspecto, a disponibilidade, a facilidade de preparação, o marketing e a

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publicidade, o conhecimento dos benefícios/prejuízos para a saúde acabam por condicionar as escolhas alimentares5,6,7,8. No entanto estas escolhas são por vezes um luxo e que por isso mesmo, nem sempre estão ao alcance de todos, sendo assim também condicionadas pelo nível económico e social9. Diversos factores de ordem física, mas também de ordem psicológica e psicossocial, como por exemplo a influência social, as crenças, contribuem também para a selecção dos alimentos por parte da população. As escolhas alimentares afectam também a economia de um país, a produção agrícola, o emprego no sector alimentar bem como as fortunas de muitas empresas9.

As escolhas alimentares resultam assim da experiência e da percepção do consumidor sobre determinado alimento e vão induzir um determinado comportamento face a esse alimento.

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1- Factores ambientais

1-1- Influências familiares

Como mamíferos que somos, iniciamos a nossa alimentação somente com um alimento, o leite. Durante os primeiros anos de vida passamos por um período de transição, pois começamos a incluir na nossa dieta outros alimentos oferecidos pelos familiares, que decidem o que comemos, quando e em que quantidade. A criança aceita estes novos alimentos após alguma insistência por parte da família e sob a influência de factores genéticos e de desenvolvimento que influenciam a aceitação de determinado alimento pela criança e em determinada altura10,11.

A família representa a principal influência no comportamento alimentar da criança pela transmissão de conhecimentos, atitudes, padrões e preferências1,11,12,13,14. A família possui um papel social muito importante, pois é certamente quem pode influenciar as crianças para a adopção de uma vida saudável, como sejam a prática de exercício físico diário e a adopção de hábitos alimentares saudáveis11,15. As escolhas e hábitos alimentares adquiridos durante a infância podem persistir no tempo, podendo determinar o estado de saúde dos indivíduos na idade adulta, assim como condicionar o maior ou menor aparecimento de diversas patologias10,11,13,16,17,18. Um estudo efectuado por Lazarou e colaboradores11 permitiu estabelecer uma relação entre o comportamento alimentar dos pais e o comportamento alimentar das crianças11. Verificou que as crianças aprendiam, interiorizavam e um dia mais tarde seguiam o mesmo padrão alimentar adoptado pelos pais, optando pelos mesmos alimentos e pelo mesmo tipo de refeições11.

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Também os factores sociais vão influenciar as escolhas alimentares das crianças e o seu comportamento face aos alimentos, uma vez que para a criança as refeições são uma ocasião social, em que a família se reúne, conversa, e partilha os alimentos1. A criança vai aprender e imitar posteriormente este comportamento. Para as crianças tal como para os adultos, as preferências alimentares são um dos principais determinantes das escolhas alimentares. No entanto para a criança têm ainda uma importância superior, pois estas não têm conhecimento do valor nutricional dos alimentos nem do tipo de confecção culinária utilizada. Não sabem se os alimentos que ingerem são saudáveis e adequados ou não. Estas primeiras experiências servem de aprendizagem e vão criar oportunidades para que a criança adquira as suas próprias preferências12,14,19,20. Segundo Paul Rozin21, a experiência tem uma forte influência nas escolhas alimentares, uma vez que não é possível através dos sentidos determinar por exemplo se um alimento é rico em termos nutricionais. Considera que há determinantes psicológicos baseados na experiência individual e na influência cultural, que vão influenciar a nossa atitude e comportamento face aos alimentos. Os hábitos alimentares são fortemente marcados pelas primeiras experiências, as que ocorrem no interior das manifestações familiares32,48,53. Essas estruturas de origem irão constituir o princípio da percepção e da apreciação de toda a vida futura14,21,22.

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1.2- Influência da escola e dos amigos

Torna-se mais fácil educar, no sentido de serem adquiridos hábitos saudáveis na infância e na juventude, do que mudar hábitos na idade adulta. O objectivo da informação nutricional transmitida pela escola é o de educar para a promoção de uma alimentação saudável, associada à prática de exercício físico regular e à adopção de hábitos alimentares saudáveis, que venham a ser perpetuados durante toda a vida do indivíduo. Nestas idades as crianças são vulneráveis, podendo criar hábitos pouco saudáveis, pelo que se torna importante que se crie comportamentos promotores de saúde. A influência dos amigos torna-se importante pois as crianças aprendem umas com as outras, obtorna-servando os diferentes comportamentos. O convívio diário com os amigos, a rotina escolar transmite à criança hábitos que esta vai seguir posteriormente. A escola e os companheiros tomam desta forma uma importância extrema na aquisição de hábitos de vida saudáveis20.

1.3- Aspectos nutricionais dos alimentos

Actualmente assistimos a uma maior sensibilização do consumidor para as questões nutricionais associadas à alimentação (por motivos de saúde, éticos ou simplesmente estéticos) tem-se verificado por parte do consumidor um grande interesse pela obtenção de informações mais completas, verdadeiras e esclarecedoras quanto às propriedades dos produtos alimentares23. Os consumidores estão expostos a um grande volume de informação sobre os

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aspectos relacionados com a nutrição, provenientes de uma série de fontes informativas aparentemente credíveis, como é o caso dos órgãos de comunicação social (media), do governo e da indústria alimentar. Torna-se necessário no entanto fazer uma selecção da informação transmitida, para que se possam fazer as opções correctas24.

Segundo Rossel8, “comemos aquilo que as normas e os sistemas de controlo e de análise actuais nos garantem que é, dentro do possível, um alimento seguro”8.

1.4- A origem dos alimentos

Um estudo realizado em 2008 por Espejel25 revela que o conhecimento da população sobre a origem de determinado alimento tem uma forte influência nas suas escolhas alimentares. A associação do alimento a determinadas características, como o facto de se tratar de um produto tradicional, a região geográfica de onde provém, as características próprias de clima e de práticas agrícolas ou de fabrico a que são submetidos, são aspectos que vão influenciar o comportamento perante o produto em questão. Este comportamento é muitas das vezes conhecido e utilizado pelas campanhas de marketing como forma de promoção do alimento. As características diferenciais que caracterizam estes produtos, tais como as suas características organoléticas, promovem determinado comportamento e atitude por parte do consumidor, que podem influenciar o seu consumo25.

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Hoje em dia é comum falar-se de alimentos funcionais. Morais26 define alimento funcional como “um alimento convencional, que faz parte da dieta

comum, mas que demonstrou ter benefícios psicológicos e/ou redução do risco de doenças crónicas, para além das funções nutricionais básicas”26. No entanto, segundo Williams P. e colaboradores27 o consumidor aceita e opta por estes alimentos com mais facilidade se os órgãos competentes e de saúde apresentarem medidas que regulamentem a comercialização destes produtos27. Independentemente disso estes produtos são encontrados com facilidade em qualquer superfície comercial e apresentam-se sobre a forma de iogurtes, bolachas, cereais, água, leite, entre outros.

1.5- Disponibilidade dos alimentos

A disponibilidade dos alimentos influencia o seu consumo, isto é, o facto de um alimento se encontrar com facilidade leva a que seja escolhido em relação a outros alimentos idênticos menos disponíveis. Um estudo efectuado por

Haerens22 com adolescentes demonstrou que a disponibilidade dos alimentos, os hábitos de frequência televisiva e os hábitos alimentares da família estão relacionados com determinados comportamentos alimentares. Os dois primeiros revelam que o adolescente está atento às campanhas de marketing, sobretudo televisivo, mas também à disponibilidade dos alimentos em casa ou no mercado, aumentando o consumo de determinados alimentos, influenciado por estas medidas. Os hábitos alimentares da família são, como já vimos, um dos principais factores de influência alimentar nas crianças, transmitindo os pais e irmãos mais

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velhos os padrões alimentares, que serão seguidos por todos caso não haja uma intervenção adequada22,28.

2- Factores individuais

2.1- Factores genéticos, fisiológicos, psicológicos

Estes factores apresentam uma grande influência nas escolhas alimentares muitas das vezes sem que o indivíduo se aperceba da sua influência. Há indivíduos que mesmo sem patologia sentem-se melhor consumindo determinado tipo de alimentos, ou como é o caso dos desportistas sentem uma maior necessidade em ingerirem alimentos com uma elevada densidade energética.

Adam Drewnowski29 faz referência a diversos estudos que comprovam que o impacto dos factores genéticos, fisiológicos e psicológicos são variáveis importantes na selecção dos alimentos. Nestes estudos os consumidores referem que as escolhas alimentares são primariamente influenciadas pelo paladar, custo, conveniência, saúde e variedade. Este autor conclui que a influência de factores como o paladar, custo e conveniência direcciona os consumidores para o consumo de açúcar e gordura. Por outro lado, a procura da saúde e da variedade alimentar contribuem para o consumo de cereais, hortícolas, fruta e alimentos promotores de uma alimentação saudável29.

De acordo com Barthomeuf e colaboradores30, verificou-se que o comportamento de alguns indivíduos em relação a determinado alimento vai influenciar o comportamento de outros indivíduos em relação a esse mesmo

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alimento. Neste estudo foram apresentadas individualmente a um grupo de indivíduos fotos com reacções que outras pessoas tinham em relação a determinado alimento. O resultado demonstrou que o grupo em estudo apresentava as mesmas reacções que viu nas fotos perante os mesmos alimentos. Isto é, as emoções demonstradas perante determinado alimento vão influenciar a atitude de outros indivíduos a esse alimento. Poderá dizer-se que há influência do efeito psicológico que caracteriza as emoções30,31.

2.2- Preferências individuais e alteração dos hábitos alimentares

As preferências alimentares surgem muito cedo na vida de um indivíduo, e são muitas das vezes determinadas pelas influências culturais, no contexto em que os alimentos são consumidos perante determinadas regras que reflectem a experiência e a influência da família11,13,32. No entanto as características individuais, do ambiente e dos alimentos, são os factores essenciais para formação das preferências individuais. A qualidade sensorial e organoléptica dos alimentos tais como o aspecto, o cheiro, o paladar e a textura, vão influenciar as escolhas individuais1,5,6,7,8,9,33.

Segundo um estudo efectuado por Mendelson34, a maior barreira citada pela população para a alteração dos hábitos alimentares são as preferências individuais por determinados alimentos. Às preferências individuais seguem-se os hábitos e os métodos de preparação como factores determinantes para a alteração da dieta. Outras barreiras tais como o conhecimento sobre os alimentos,

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o custo, a saúde e a disponibilidade não foram identificados, neste estudo como factores determinantes para a mudança de comportamentos alimentares34.

As preferências de cada um, os hábitos alimentares e a preparação dos alimentos (métodos culinários) surgem como as principais barreiras que se opõe à mudança. Neste estudo de Afonso e colaboradores32, o conhecimento individual sobre os produtos alimentares, o custo, a saúde do indivíduo e a disponibilidade dos alimentos não foram identificadas como os factores determinantes na mudança de consumo32. No entanto segundo outros autores23 a prática de uma alimentação saudável é também dificultada pelos preços elevados de determinados alimentos, como é o caso da carne magra e do peixe, pelos preços reduzidos de outros como os óleos e os açúcares, pelos actuais estilos de vida. A falta de tempo é um factor muito importante, levando muitas vezes o consumidor a optar por refeições mais rápidas como é o caso das refeições congeladas, pré-cozinhadas e pelo fast-food. Por outro lado as preferências alimentares levam a uma resistência à mudança da dieta, dificultando a desistência de alimentos preferidos23. Num outro estudo efectuado por Afonso e colaboradores28, verificou-se que a qualidade e a frescura dos alimentos foi o factor reconhecido como maior influenciador da escolha alimentar, seguido do gosto dos alimentos, sendo o preço o factor que parece apresentar pouca valorização em Portugal (1,9%)32.

Outra das barreiras à prática de uma alimentação saudável prende-se com o facto de os indivíduos considerarem que não necessitam de alterar os seus hábitos alimentares, pois julgam já realizar uma alimentação suficientemente saudável35,36,37. Esta ideia errada relativamente à prática de uma alimentação saudável faz com que os indivíduos considerem que as recomendações sobre

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alimentação são dirigidas aos outros, eventualmente mais vulneráveis do que eles próprios, não tendo, por conseguinte de acatar as recomendações que lhes são dirigidas38.

2.3- Estado de saúde

A dieta condiciona decisivamente a saúde da população, sendo que a prática de uma alimentação saudável e o combate ao sedentarismo, além de contribuir para a prevenção de doenças, ajuda o indivíduo a manter-se saudável e contribui para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos4,23,39,40. A dificuldade da população na prática de uma alimentação saudável deve-se a uma grande variedade de factores41. O estado de saúde dos indivíduos e as implicações na saúde, poderão ser condicionantes em relação às opções alimentares tomadas, promovendo muitas vezes a prática de uma alimentação saudável42. No entanto há factores que dificultam a adopção de uma alimentação saudável, sendo necessário actuar sobre eles tentado modificá-los. Estes estão ligados ao estilo de vida, nomeadamente aos maus hábitos alimentares, como a prática de uma alimentação com excesso de sal, de gorduras, de álcool e de açúcar, associadas à ausência ou ao consumo reduzido de legumes e hortícolas, ao tabagismo e ao sedentarismo41,43,44,45.

Segundo a Organização Mundial de Saúde a recomendação para o consumo per capita de sal é de 5 gramas diário, situando-se o consumo médio de sal dos portugueses nos 11 a 12 g/dia46. Este comportamento contribui para que haja um número elevado de hipertensos e de indivíduos com outras doenças

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vasculares, estando fortemente relacionado com a elevada taxa de mortalidade por acidentes cerebrovasculares no nosso país47.

O consumo excessivo de álcool também surge como uma das dificuldades para a alteração de hábitos. Segundo dados da DAFNE-Data Food Networking46, para um conjunto de 30 países, o consumo de álcool per capita em Portugal em 2003, para indivíduos com mais de 15 anos de idade, ocupou a 5ª posição de maior consumidor, sendo as posições cimeiras ocupadas pelo Luxemburgo e pela França46

Tabela 1: Consumo de álcool per capita

Países Consumo de álcool per

capita (l)

Luxemburgo 15,5

França 14,8

Portugal 11,4

Adaptado de DAFNE46.

O consumo excessivo de álcool é um catalisador evidente de doenças graves, como o cancro do esófago e do fígado, cirrose, epilepsia, e outros casos de morte como homicídio e acidentes de viação, representando estes últimos genericamente 1,8% dos óbitos verificados em Portugal, em 200148.

De acordo com os números da base de dados europeia DAFNE46 verificou-se uma redução do consumo de produtos hortofrutícolas. Entre 1990 e 2000, os portugueses consumiram menos 9,4% de fruta, relativamente aos anos anteriores. Registou-se igualmente uma quebra de 9,1% no consumo de

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hortícolas. Esta redução do consumo de hortícolas pode dever-se ao aumento da diversidade da oferta de produtos alimentares e também à diminuição do tempo para cozinhar, optando a população por refeições prontas e mais rápidas. Provavelmente esta diminuição traduz-se num menor consumo de sopa pela população.

Tabela 2 – Consumo em Portugal no ano 2000 Alimento Consumo em Portugal

(g) Recomendação OMS (g) Fruta 180 150 Legumes 137 250 Adaptado de DAFNE46.

Os valores de consumo individuais são fortes indicadores de consumo. Há preocupações específicas da população que se relacionam com problemas cardíacos, patologias várias e outros aspectos tais como as modificações genéticas dos alimentos que influenciam o consumo, tal como demonstra o estudo efectuado por Worsley49. Algumas das doenças passíveis de prevenção pela adopção de uma alimentação saudável são a obesidade, a osteoporose, a diabetes, alguns tipos de cancro, as doenças cardiovasculares e as doenças orais10,11,13,16,17,18,50,51. Este papel atribuído à alimentação é conhecido pela população em geral e está profundamente documentado pela comunidade científica. De acordo com um estudo europeu realizado, os inquiridos acreditam que a prática de uma alimentação saudável pode ajudar o indivíduo a manter-se

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saudável, a prevenir doenças e a controlar o peso, tal como observamos no quadro seguinte35:

Tabela 3 – Motivos para uma alimentação saudável

% População Motivo

67 Manter-se saudável

66 Prevenção de doenças

53 Controlo do peso

Adaptado de Kearney e colaboradores35.

Outro estudo realizado em Portugal por Afonso e colaboradores32 revela que 57,8% dos portugueses refere a alimentação como o factor que mais influencia a saúde32. Verificou-se no mesmo estudo que mais de metade dos inquiridos referiu não pensar nos aspectos nutricionais dos alimentos que consumia e 70,3% dos inquiridos indicou considerar já fazer uma alimentação saudável32. Mais de metade da população considera que a alimentação interfere no estado de saúde, contudo, o facto de mais de 70% considerar já fazer uma alimentação saudável, condiciona a alteração de hábitos alimentares, pois não se identificam como pertencentes ao grupo populacional que necessita alterar os seus hábitos. Esta atitude e este comportamento dificultam a implementação de atitudes que pretendem promover uma alimentação saudável a toda a população.

O estudo de Noble e colaboradores52 realizado com crianças, demonstrou que a percepção do carácter saudável dos alimentos e as crenças nutricionais são de uma forma geral bastante boas52. No entanto outro estudo efectuado pelos mesmos autores demonstrou que nas escolhas alimentares, o carácter saudável

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dos alimentos é um factor que exerce pouca influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência dos alimentos53.

Um estudo efectuado por Chen e colaboradores54 revela que a informação nutricional transmitida é bem aceite pela população que sofre de patologia grave, como é o caso do cancro. A promoção de comportamentos alimentares pelos profissionais de saúde, com o objectivo de reduzir o risco de cancro, é encarada pelos doentes de uma forma positiva, sendo que estes referem que vão seguir as recomendações destes profissionais54 Verifica-se que por vezes se torna necessário que ocorra uma situação grave, como é o caso de um diagnóstico de doença oncológica, para que a população reconheça que não faz uma alimentação saudável e que precisa mudar os seus hábitos para melhorar também o seu estado de saúde.

2.4- Aspecto físico

O culto do corpo e a boa aparência física assumem actualmente uma grande importância. Assim sendo, a distância encontrada entre o peso real e o peso desejado, é por vezes grande e difícil de atingir, contribuindo desse modo para o aparecimento de distúrbios alimentares tais como a anorexia ou a bulimia55,56. De facto, não obstante as mulheres apresentarem uma atitude mais positiva no que diz respeito à prática de uma alimentação saudável (devido também ao facto de sobre as mesmas recair a responsabilidade da escolha e preparação das refeições para as suas famílias), são também as mulheres que

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mais frequentemente recorrem à alimentação, como resposta emocional para os seus problemas6,42,57.

Quanto ao excesso de peso, e de acordo com Carmo e colaboradores50 46% das mulheres e 44% dos homens em Portugal apresentavam no ano 2000 excesso de peso ou obesidade. A prevalência da obesidade infantil a nível nacional é de 30%, uma das mais elevadas da Europa, a par da Itália e da Grécia58.

Tabela 4- Obesidade infantil em Portugal Prevalência Pré-Obesidade e Pré-Obesidade Crianças 7 a 9 anos % Pré-obesidade e Obesidade 31,56 Pré-obesidade 20,3 Obesidade 11,3

Adaptado de Padez e colaboradores58.

3- Aspectos Culturais e Sociais

Segundo Fieldhouse2 a cultura é um dos maiores determinantes do que comemos. Este autor refere que a natureza dos alimentos que ingerimos é influenciada por uma grande variedade de factores geográficos, sociais, psicológicos, religiosos, económicos e políticos. As escolhas alimentares, os métodos culinários, o número de refeições por dia e o tamanho das refeições

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fazem parte integrante de uma cultura na qual os costumes e as práticas são seguidos por todos. A cultura é transmitida de geração em geração, no entanto esta não é estática, preserva a tradição, mas também constrói mecanismos para que ocorra mudança. A mudança ocorre devido à influência de factores ecológicos, económicos, disponibilidade e aparecimento de novos produtos alimentares. A cultura é aprendida desde muito cedo, e uma vez estabelecidos os hábitos alimentares, eles persistem no tempo e são resistentes à mudança. A socialização explica o processo onde ocorre a influência do comportamento que vai ser transmitido de geração em geração2,3,59.

Um outro estudo de Vartarian e colaboradores60 avalia a influência de factores externos sobre as escolhas alimentares. Demonstrou que há factores externos que influenciam a população, sem o seu conhecimento e autorização, isto é sem que esta se aperceba da sua influência nas escolhas e nas opções alimentares9,60.

3.1- Religião

Um estudo apresentado por Bonne e colaboradores61 revela que a religião é outro factor que pode influenciar as decisões de consumo alimentar da população61. Muitas das celebrações religiosas, que derivam das influências culturais, envolvem aspectos relacionados com os alimentos. Na nossa cultura temos como exemplo os doces tradicionais quase obrigatórios em determinadas ocasiões festivas, como por exemplo o bolo-rei no Natal e Reis, o bacalhau cozido no Natal, as sardinhas assadas no S. João, a abstenção de carne na Quaresma,

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entre outros. No entanto noutras culturas verifica-se a mesma influência da religião sobre o consumo alimentar, como é o caso da proibição do consumo de carne de vaca na Índia, ou a proibição do consumo de carne de porco pelos judeus. Estes exemplos traduzem símbolos e rituais religiosos que envolvem os alimentos. São factores que vão influenciar o comportamento alimentar da população entre outros factores culturais62.

3.2- Factores ideológicos

As questões ideológicas, isto é, o conjunto de atitudes, crenças, costumes e tabus, tais como a preocupação com o ambiente, as opções políticas e religiosas que se tomam, entre outras, bem como a situação económica poderão influenciar as escolhas alimentares da população.

Temos o exemplo da alimentação vegetariana, que de acordo com Lindeman e Stark63, se trata de uma prática saudável, em que se ingere pouca gordura, e que pode funcionar como uma referência de identidade, de estratificação social ou associar-se a uma nova moralidade. Defende-se que o vegetarianismo funciona como um importante veículo de expressão do modo alternativo de vida das actuais sociedades, em que as práticas de consumo são muitas vezes consistentes com as posições políticas adoptadas64.

Também os alimentos podem ser usados de diferentes formas perante determinadas situações. O modo de preparação, distribuição e consumo pode revelar determinada posição social45. Os alimentos são muitas vezes usados como forma de revelar amizade ou respeito, como forma de recompensa ou

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punição, como um agradecimento ou uma comemoração, a alimentação faz parte das relações sociais que mantemos na nossa vida18,59,65. Como exemplo podemos referir o facto de querermos agradar quando convidamos alguém para partilhar uma refeição connosco, onde o tipo de alimento ou prato escolhido é pensado e adequado à situação, ou ainda quando premiamos as crianças com alimentos por determinada atitude ou acção, ou as castigamos não lhes oferecendo o seu alimento preferido durante algum tempo.

O conceito de alimentação saudável engloba-se nas questões ideológicas pois pode variar de indivíduo para indivíduo de acordo com o conhecimento e com a importância que estes atribuem ao tema. Este conceito está normalmente associado a três factores que são: a redução do consumo de gordura, o aumento do consumo de fruta e hortícolas e adopção de uma alimentação variada e equilibrada31,66,67.

Foram realizados vários estudos que permitem perceber qual o nível de conhecimento da população sobre o tema alimentação saudável. Um estudo efectuado por Moura e Cunha41 em Portugal e que serviu como base para a elaboração do “Projecto Agro Consumidor”, desenvolvido entre 2003 e 2007 evidencia os principais conceitos mencionados pela população para a prática de uma alimentação saudável. As cinco menções mais vezes mencionadas pelos consumidores portugueses relacionadas com a prática de uma alimentação saudável foram as representadas no quadro seguinte41:

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Tabela 5 – Conceitos mencionados pela população para a prática de uma alimentação saudável

Afirmações mencionadas % de respostas

Consumo de fruta e vegetais 82

Consumo de peixe 66

Redução de consumo de sal 52

Alimentação equilibrada e variada 47

Redução do consumo de álcool 47

Redução do consumo de alimentos ricos em gordura

36

Adaptado de Moura e colaboradores41.

A dificuldade da população em fazer uma alimentação saudável deve-se a uma grande variedade de factores41,43. Segundo este mesmo projecto os cinco principais perigos alimentares mencionados, que mais preocupam os consumidores portugueses dizem essencialmente respeito aos perigos associados ao estilo de vida, tal como podemos observar no quadro seguinte23:

Tabela 6: Factores associados ao estilo de vida

Estilo de vida %

Consumo alimentos ricos em gorduras 60

Excesso de sal nos alimentos 59

Pesticidas nos alimentos 48

Consumo de álcool 48

Excesso de alimentos ingeridos 46

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Fazendo a análise por género, verifica-se que as mulheres e os homens apresentam atitudes muito semelhantes em relação às quatro afirmações mais vezes mencionadas. No entanto os homens atribuíram uma maior importância à “redução do consumo de álcool”, e as mulheres à “redução do consumo de alimentos ricos em gordura” e à “redução do consumo de açúcar ou alimentos doces”23.

Verifica-se portanto que o conceito de alimentação saudável encontra-se relativamente bem compreendido pelo consumidor português, embora este não o ponha em prática frequentemente23,59. O facto de o consumidor considerar que pratica uma alimentação adequada e saudável vai dificultar a tomada de medidas de forma a alterar os seus hábitos. Torna-se necessário distribuir informação que permita ao consumidor reconhecer que necessita alterar os seus hábitos, para desta forma desenvolver comportamentos adequados à prática de uma alimentação saudável.

3.3 – Marketing e publicidade

As campanhas de marketing e publicidade são nos dias de hoje um recurso necessário para a implementação e comercialização de qualquer produto. Segundo Rossel8, “A alimentação é, actualmente uma actividade social, produtiva, industrial e comercial muito complexa, que implica a intervenção de um enorme número de agentes8.

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Um estudo efectuado por Chernin68 veio demonstrar que as crianças mais jovens são mais facilmente influenciáveis que crianças mais velhas, isto porque as primeiras não conseguem entender o carácter persuasivo das mensagens, permitindo que os alimentos publicitados alterem as suas preferências alimentares68 A televisão é hoje em dia o principal meio de comunicação que influencia jovens e adolescentes, com capacidade para influenciar o seu comportamento alimentar20,28,69,70.

Segundo Siegrist71, os produtos que promovem uma boa imagem física são mais pretendidos que os que referem benefícios psicológicos71. Os alimentos que estão associados a uma boa imagem corporal promovida muitas vezes pelas campanhas publicitárias, como é o exemplo dos iogurtes magros ou cereais integrais normalmente associados à imagem de mulheres bonitas e elegantes são preferidos aos alimentos que apresentam benefícios psicológicos como por exemplo o leite. Segundo o mesmo autor há também factores que influenciam a população na aceitação ou na rejeição de novos produtos alimentares resultantes das novas tecnologias. Alguns dos factores que influenciam o consumo destes produtos são as características destes que podem promover benefícios ou riscos para a saúde71,72. Os indivíduos que têm confiança na indústria alimentar parecem ser um alvo mais fácil para o consumo de produtos funcionais que os indivíduos que não confiam na indústria71. Há indivíduos que questionam os benefícios que a indústria alimentar ou publicitária associa aos alimentos procurando confirmar a veracidade dessa informação junto dos profissionais de saúde como os nutricionistas. No entanto há também indivíduos que confiam na informação transmitida sem pôr em dúvida o que lhes é transmitido. A informação consegue por vezes ser tão forte ao ponto de parecer que quanto mais ingerirmos, maiores

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são os benefícios e num espaço de tempo mais curto. Por exemplo no caso dos cereais integrais, a publicidade induz o consumidor a acreditar que o aumento da ingestão potencia os benefícios e de forma mais rápida. Refere os aspectos positivos do produto e não fala da opção de consumo de outros alimentos como por exemplo hortícolas ou sopa.

3.4- Motivação para a mudança

Segundo Woolcott42, os principais estímulos que conduzem os indivíduos a optar pela prática de uma alimentação saudável são moderados pela motivação individual que os mesmos têm. Esta por sua vez está relacionada com o conhecimento nutricional que os indivíduos possuem e pelo seu estado de saúde actual. A informação nutricional é hoje em dia abundante, no entanto os consumidores não lhe atribuem a importância devida. A motivação para realizar uma alimentação saudável vai muito para além da informação transmitida42.

Outro factor capaz de provocar a mudança de hábitos alimentares é a perda de poder económico. Verificou-se em diversos estudos que a alteração do nível socioeconómico das famílias promove uma alteração dos seus hábitos alimentares. As famílias com poder económico mais baixo têm tendência a ter uma alimentação menos saudável73,74

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3.5- Fast-food

A indústria de fast-food oferece ao consumidor refeições rápidas, de grande tamanho e a preços reduzidos, características que vão atrair grande número de consumidores7,75,76. Os locais que distribuem este tipo de alimentos estão amplamente distribuídos e ao alcance de qualquer um. Estes aspectos vão influenciar as escolhas alimentares dos indivíduos, com pouco tempo para prepararem refeições e por vezes com reduzido poder económico para adquirirem outros produtos alimentares34.

Como referiu Emílio Peres45 “…o apelo dos novos alimentos e das novas formas de organizar as refeições e merendas atinge um pouco toda a população. Mas alguns sectores, sobretudo nos meios urbanos, mostram-se particularmente vulneráveis, para o que contribui a desorganização da vida familiar com impossibilidade de comer em casa, os horários de trabalho desencontrados, a desconexão urbana com a satelitização de dormitórios, os altos custos das refeições prontas, a má comida das cantinas e restaurantes, e a pobreza nutricional e gastronómica do «pronto a comer».”45

Um estudo realizado em 200777 revelou que independentemente das características organoléticas destes produtos, as crianças em idade pré-escolar preferem o paladar de alimentos que pensam ser de determinada empresa de fast-food77. Este estudo permite concluir que as crianças nesta faixa etária já consomem com frequência alimentos de fast-food, talvez impulsionadas pelas ofertas associadas à refeição ou talvez pelas surpresas que as empresas

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oferecem na organização de festas para as crianças nas suas instalações78. Estas empresas direccionam as suas estratégias de marketing com muito sucesso para as crianças, pois estas revelaram gostar mais de determinado alimento por pensarem ser de determinada empresa de fast-food.

Os preços reduzidos atribuídos às refeições são outro dos factores que influencia o consumidor para a sua procura e consumo. Verifica-se então um consumo excessivo deste tipo de alimentos que leva a que contribui para o aumento da obesidade na população79.

4- Conclusão

Há elementos exteriores ao indivíduo que afectam e influenciam as suas escolhas, incluindo a forma de agir perante os diferentes alimentos. Como foi possível verificar, há diferentes factores, podendo estes ser subdivididos em factores individuais, ambientais ou socioculturais, que vão influenciar a forma como percepcionamos os alimentos. As nossas escolhas e os nossos comportamentos relativamente aos hábitos alimentares vão reflectir esta influência, condicionando essas mesmas escolhas. Há alimentos que nos agradam, muitas vezes devido às características organolépticas, mas também devido a outros factores como a influência no estado de saúde do indivíduo, de acordo com as crenças religiosas de cada um, a experiência obtida durante a vida do indivíduo até ao momento actual, as influências transmitidas pela família, a cultura onde se encontra inserido, entre outros. Estes factores não são muitas

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vezes reconhecidos ou sequer percepcionados pelo indivíduo comum como fortes influenciadores do consumo e do comportamento.

O conhecimento acerca do que se entende por alimentação saudável parece compreendido pela maioria da população, no entanto surgem barreiras que impedem o consumidor de optar por uma alimentação realmente saudável. Muitas vezes o próprio não reconhece que necessita alterar os seus hábitos, considerando estar a fazer já uma alimentação adequada. É necessária a intervenção de profissionais de saúde que alertem para a importância da nutrição na saúde e transmitam à população a informação necessária, promovendo desta forma a alteração dos hábitos, com o objectivo de promover a saúde e prevenir a doença.

O estilo de vida actual dificulta por vezes a adopção de hábitos saudáveis, seja pelo stress a que estamos sujeitos, à falta de tempo para preparar refeições saudáveis ou ainda pela forte influência que as empresas distribuidoras de refeições rápidas ou pré-preparadas têm sobre a população, refeições estas pouco recomendadas na prática de uma alimentação saudável e equilibrada. Torna-se portanto fundamental elaborar estratégias de actuação que abranjam toda a população, com especial atenção para as camadas mais jovens, visto serem estas as mais facilmente influenciáveis e portanto mais susceptíveis de adquirirem desde cedo hábitos saudáveis. A intervenção nesta faixa etária passa pela actuação dos profissionais de saúde, que devem actuar em várias vertentes e promover estratégias que englobem a participação da família e da escola. Torna-se necessário transmitir informação adequada aos pais, através do desenvolvimento de acções de formação, palestras ou reuniões, bem como agir em conjunto com as instituições de ensino com o objectivo de promover

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actividades e estratégias educacionais que possam transmitir informação adequada às crianças e promover deste modo a adopção de hábitos saudáveis. A informação é a medida necessária, pelo que se deve fazer o esforço de a transmitir a toda a população com clareza e persistência.

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