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Miriam Lange Guerra (Graduanda UNESP/Assis)

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Academic year: 2021

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II Colóquio da Pós-Graduação em Letras UNESP – Campus de Assis

ISSN: 2178-3683 www.assis.unesp.br/coloquioletras coloquiletras@yahoo.com.br P PAARRAAAALLÉÉMMDDAARREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO::OOEESSGGOOTTAAMMEENNTTOODDAASSLLIINNGGUUAAGGEENNSS C COOMMOOPPRRÁÁTTIICCAATTEEAATTRRAALLDDOOGGRRUUPPOOTRTRAAMMEELLAASS DDEE TTEEAATTRROO AAMMAADDOORRNNAA C COOOOPPEERRAATTIIVVAADDEECCAATTAADDOORREESSDDEEMMAATTEERRIIAAIISSRREECCIICCLLÁÁVVEEIISSDDEEAASSSSIISS

Miriam Lange Guerra (Graduanda – UNESP/Assis)

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REESSUUMMO:O: O projeto de pesquisa visa o relato do processo artístico das oficinas teatrais durante os encontros na Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis/ São Paulo (COOCASSIS). Através das reuniões nas oficinas, formou-se o Grupo Tramelas de

Teatro Amador, cujo trabalho artístico teve início em 2008. Além de mostrar esse processo, o

de criação, tal trabalho também compreende a mutação sofrida por este ao ser relacionado com as leituras das obras de Gilles Deleuze L´épuisé (“O esgotado”) e Superpociciones, bem como os momentos de intensificações do mesmo a partir do estudo dessas obras. Desta maneira, tal encontro transformador dispara um processo de criação de outras práticas que já são e continuarão sendo elaboradas e propostas ao grupo, fazendo intersecções da atividade na oficina com as obras citadas, multiplicando as possibilidades de criação.

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PAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEE:: Deleuze; teatro; esgotamento; linguagem.

O estudo e a pesquisa dos conceitos deleuzeanos nas obras L´épuisé e Superpociciones permitem fazer intersecções e execuções práticas com as oficinas teatrais realizadas durante os encontros com o grupo de teatro na COOCASSIS (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis em Assis). A atividade baseia-se em apresentar a ressonância dos momentos em que ocorre o diálogo dessas obras e das experimentações corporais, criação de texto dramático, utilizando composições dramáticas já escritas e conceituadas, além do som. Semelhante procedimento intensifica os momentos em que o grupo cria novos modos de pensar e estar no mundo através das oficinas teatrais que fazem do teatro uma ferramenta para essa produção.

O grupo, hoje denominado Tramelas de Teatro Amador, começou seu processo artístico em 2008. Como uma manifestação política, utiliza o espaço de trabalho também para arte, possibilitando o acesso a todos os membros e não membros da cooperativa, dos quais se exige apenas a vontade e o comprometimento.

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O local dos encontros é variável e a cada reunião a oficina é realizada num espaço diferente do anterior, assim como as experimentações artísticas que podem ser produzidas durante a atividade. Desta maneira, há infinitas possibilidades de acontecimentos no espaço dedicado às oficinas. Em suas migrações, o grupo já passou e ainda passa por constantes modificações, além de enfrentarem, muitas vezes, problemas relacionados ao corpo, voz (sons), imagens e espaço durante o processo de construção artística. Tais problemas estão em ressonância produtiva com alguns conceitos de Gilles Deleuze estudados nos textos L’épuisé e Superpociciones, cujos trabalhos se valem da prática teatral para construção de conceitos filosóficos. A recíproca é verdadeira, pois se torna possível estudar os conceitos deleuzeanos como emissores de sensações que afetam a prática teatral.

Mas como se deu, então, o encontro entre a prática teatral, com uma cooperativa de trabalho e as obras de Deleuze? E porque este encontro desencadeia o presente projeto de estudo? A Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis/ São Paulo (COOCASSIS) foi formada em 2001 através da perspectiva de atuar nos princípios do Cooperativismo e da Economia Solidária. A Incubadora de Cooperativas Populares da UNESP é responsável pela assessoria à Cooperativa, capacitando o grupo nestes princípios e também auxiliando-o através da coordenação de diversos espaços de Educação Popular dentro da Cooperativa, como Círculos de Cultura, Alfabetização e Capacitação de Educadores Catadores. Em março de 2008, iniciou-se a articulação para a reativação do núcleo. A nova proposta era intervir através de oficinas teatrais.

Com a leitura de L´épuisé (DELEUZE, 1992), alguns entrelaçamentos foram encontrados com esse novo modo de funcionar, através das “línguas” (não necessariamente verbais, nem representativas) estudadas por Deleuze na obra. Por exemplo: um dos membros do grupo escreveu um texto sobre como o vício de seu cônjuge era o ponto central de sua separação. A partir deste texto, palavras foram capturadas por cada um dos outros membros e imagens foram trabalhadas corporeamente. Ao mesmo tempo, explorávamos os vetores corporais e seus opostos. Como podemos investigar esse tipo de deformação de uma imagem que surgira a partir do exercício anteriormente proposto e o que essa junção produzira? Esse é o tipo de indagação que os conceitos de Deleuze permitem encaminhar.

Alguns dos conceitos pesquisados são as línguas I, II e III, estudadas por Deleuze em sua obra L’épuisé na qual também discorre sobre os tipos de linguagens empregada na produção teatral e televisiva de Beckett. É possível fazer intersecções

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desses conceitos com a prática teatral do grupo, pois esta não está mais obrigatoriamente ligada à língua I “imaginação combinatória maculada pela razão, nem a inventar histórias ou de inventariar lembranças com língua II, imaginação maculada pela memória” (DELEUZE, p.40). Embora o grupo ainda remeta ao teatro representativo, não está preso a ele necessariamente, porque ao percorrer as línguas I e II, intensificando esse trajeto, há momentos em que é possível chegar à língua III. São linguagens não-representativas, formadas por imagens verbais ou não-verbais, precisas e literais; no entanto, não necessita de rememorações, pois encontra uma enunciação sem determinações ou lembranças. Por consequência desse novo olhar, o grupo se tornou o objeto de estudo da presente pesquisa. E devido a estes e outros conceitos deleuzianos colocados em prática, principalmente aqueles que se referem às linguagens do teatro, o grupo começou a interagir com a dinâmica proposta. Surgiram possibilidades de encontros (sendo a própria oficina um encontro entre os corpos que se propuseram a trabalhar artisticamente entre eles) que podem ser potencializados, produzindo, assim, múltiplas formas de expressão, além de acolher a diferença entre elas. No entanto, há problemas que emergem no tema do teatro e sua imprevisibilidade: o que nosso corpo em suas múltiplas linguagens pode produzir e quantas possibilidades pode explorar a partir de um gesto feito, um tema levantado, um texto produzido pelo grupo?

Essas potencialidades que percorrem as línguas I, II e, às vezes, culmina na III, segundo estudo feito por Deleuze das obras de Beckett, como esclarece Alexandre Henz em sua tese de Doutorado:

Na língua I se esgota o possível com palavras, formando séries exaustivas de coisas e quebram-se e esfarrapam-se átomos. Quando as próprias palavras são esgotadas já estamos na língua II, quando se estacam fluxos de voz. Pode haver silêncios de cansaço, mas esse segundo modo também pede um silêncio: de esgotamento. Agravar o esgotamento rumo a uma literatura da despalavra (HENZ, 2005, p. 51)

A reflexão possível se ser feita quanto à relação entre a leitura de “Superpociciones” e a prática teatral, é que a atuação do grupo em todo o processo artístico é importante, permitindo investir em outros modos de funcionamento da dinâmica teatral tanto quanto outros modos de existência de vida. O grupo, assim, é permeado pelo paradigma ético-estético-político. Considera-se ético porque movimenta modos de existir tocados a partir dos encontros com outros corpos, produzindo devires em sua multiplicidade, onde a diferença existe e tem espaço; estético, pela manifestação corpórea, através das experimentações corporais,

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sonoras, textuais e político porque agencia os modos de existência; e político, devido à qualidade dos encontros que se manifesta pela multiplicidade de expressão, o espaço para a diferença, a estetização dessas potências produzidas.

Dessa forma, é justificada a importância do desenvolvimento do trabalho, posto que os desafios recorrentes fazem notar como o grupo recebe as aplicações práticas dos conceitos, como eles são atravessados, e até onde foram afetados pelos exercícios para então, intensificando seus efeitos. A partir da pesquisas destes conceitos e dessa intensificação, objetivamos transformar em experimentação corporal os apontamentos levantados, explorando e esgotando as linguagens propostas para estudo, como também priorizar o processo que é o meio, o “intempestivo” (DELEUZE e BENE, 2003, p. 82).

A metodologia baseia-se no estudo e pesquisa dos conceitos delimitados e a execução prática dos mesmos durante as oficinas teatrais. Compreende-se também a execução prática dos conceitos estudados, as intersecções observadas entre o processo prático e a pesquisa dos conceitos em questão, relatando as ressonâncias da aplicação no decorrer da prática teatral.

As atividades propostas são as seguintes:

a) Intensificação do corpo: exercícios de postura, torções, imagens-clichês, deformações corporais, planos baixo/médio/alto, vetores e pontos de equilíbrio.

b) Intensificação dos fluxos de voz/som: entonação de voz, texto, palavra, ruídos, sussurros, barulhos produzidos com o corpo.

c) Intensificação do espaço: centralidade do palco, não-centralidade, vetores do espaço.

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Reeffeerrêênncciiaassbbiibblliiooggrrááffiiccaass

ARTAUD, A. Le théâtre et son double. Tradução de Roberto Mallet. Paris: Éditions Gallimard, 1964.

DELEUZE, G. L´épuisé. Tradução de Lilith C. Woolf e Virginia Lobo. Paris: Minuit, 1992.

DELEUZE, G. BENE, C. Superposiciones: Un manifiesto menos. Buenos Aires: Ediciones Artes Del Sur, 2003

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DELEUZE, G. GUATTARI, F. Para uma literatura menor. Tradução de Rafael Godinho. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.

DELEUZE, G. GUATTARI, F. Mil Platôs. vol. 5. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997. HENZ, A. O. Estéticas do Esgotamento: Extratos para uma política em Beckett e Deleuze. 2005. Tese de Doutorado. Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

NUNES, B. S. BOAL e BENE: Contaminações para um teatro menor. 2004. Tese de Doutorado. Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.

ROLNIK, S. Despachos no museu ou sabe-se lá o que vai acontecer... Universidade Católica de São Paulo – São Paulo – 2000. Disponível em:

http://caosmose.net/suelyrolnik/pdf/despachos_no_museu_mais_notas.pdf. Acesso

em: 10 de agosto de 2010.

SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. Tradução de Ingrid Dormien Koudela e Eduardo José de Almeida Amos. São Paulo: Perspectiva, 2003.

URRIBARRI, F. – Guatarri: El paradigma Estético. Disponível em

http://caosmosis.acracia.net/wp-content/uploads/2007/06/el-paradigma-estetico.PDF.

Referências

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