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Filosofia Medieval. Ensino Médio Prof. Me. Phil. Fabio Goulart. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MEDIEVAL

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Academic year: 2021

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Filosofia

Medieval

Ensino Médio – Prof. Me. Phil. Fabio Goulart

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MEDIEVAL

Podemos chamar de Filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu na

Europa durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este período

foi marcado por grande influência da Igreja Cristã nas diversas áreas do

conhecimento, os temas religiosos predominaram no campo filosófico.

1. CARACTERÍSTICAS E PRINCIPAIS QUESTÕES DEBATIDAS E ANALISADAS

PELOS FILÓSOFOS MEDIEVAIS:

- Relação entre razão e fé;

- Existência e natureza de Deus;

- Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;

- Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.

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2. PRINCIPAIS REPRESENTANTES

Agostinho de Hipona, Averróis, Anselmo de Cantuária, Albertus Magnus, São Tomás de

Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham.

3. TRANSIÇÃO PARA O MUNDO CRISTÃO (SÉCULO V E VI)

Muitos pensadores deste período defendiam que a fé não deveria ficar subordinada a razão.

Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo Agostinho de Hipona (354 – 430) buscou a razão para justificar as crenças. Foi ele quem desenvolveu a ideia da interioridade, ou seja, o homem é dotado da consciência moral e do livre arbítrio.

4. ESCOLÁSTICA (SÉCULO IX AO XIV)

Foi um movimento que pretendia usar os conhecimentos greco-romanos para entender e explicar a revelação religiosa do cristianismo. As ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles adquirem grande importância nesta fase. Os filósofos começam a se preocupar em provar a existência da alma humana e de Deus.

Para os filósofos escolásticos a Igreja possuía um importante papel de conduzir os seres humanos à salvação. No século XII, os conhecimentos passam a ser debatidos, armazenados e transmitidos de forma mais eficiente com o surgimento de várias universidades na Europa.

Agostinho de

Hipona

(354 - 430 )

- Aurelius Augustinus Hipponensis, conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Ele era o bispo de Hipona, uma cidade na província romana da África. Escrevendo na era patrística, ele é amplamente considerado como sendo o mais importante dos Padres da Igreja no ocidente. Suas obras-primas são "A Cidade de Deus" e "Confissões", ambas ainda muito estudadas atualmente. Confessiones é o título de um livro autobiográfico escrito por Agostinho de Hipona, no qual relata a sua vida antes de se tornar cristão e sua conversão. Comentando sua própria obra, Agostinho diz que a palavra confissões, mais que confessar pecados, significa adorar a Deus. De Civitate Dei (A Cidade de Deus) é obra de Santo Agostinho, onde descreve o mundo, dividido entre o dos homens (o mundo terreno) e o dos céus (o mundo espiritual).

De acordo com Jerônimo, seu contemporâneo, Agostinho "re-estabeleceu a antiga fé". Em seus primeiros anos, Agostinho foi muito influenciado pelo maniqueísmo e, logo depois, pelo neoplatonismo de Plotino. Depois de se converter ao cristianismo e aceitar o batismo (387), Agostinho desenvolveu uma abordagem original à filosofia e teologia, acomodando uma variedade de métodos e perspectivas de uma maneira até então desconhecida. Acreditando que a graça de Cristo era indispensável para a liberdade humana, ajudou a formular a doutrina do pecado original e deu contribuições seminais ao desenvolvimento da teoria da guerra justa.

Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de "Igreja Católica" como uma "Cidade de Deus" espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material de mesmo nome. "A Cidade de Deus" estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da Trindade como postulado pelo Concílio de Niceia e pelo Concílio de Constantinopla.

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Agostinho e a Ética

Cristã

- Muito se fala na moral cristã baseada no respeito à Bíblia e nos ensinamentos de Jesus Cristo, mas o que Agostinho de Hipona propôs foi a reflexão racional sobre tal moralidade visando fundamentar uma ética cristã universal. Tal ética tem como fundamento o Amor, o novo mandamento de Jesus escrito no evangelho João (13:34) “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outro”. Para o filósofo africano “o homem se revela por aquilo que ama”, no caso a ética se basearia primeiramente no amor a Deus, que ele chamava de Sumo Bem. Enquanto amasse as coisa materiais o ser humano estaria afastado da ética e quanto mais buscasse a Deus e ao amor pregado por Jesus, mais próximo estaria. O amor ao Sumo Bem enquanto necessidade ética não seria apenas uma lei externa ou uma conotação jurídica, o amor é para Agostinho uma lei natural impressa por Deus nos seres humanos, o amor é totalmente necessário para a ética e para a felicidade entre os seres humanos.

- Para Agostinho o ser humano é visto como “a imagem e semelhança de Deus”, para ele uma conduta pode ser vista como ética quando faz o bom uso da criação divina, este bom uso se dá pois a criação de tudo que há no universo seria a prova da bondade de Deus para com os homens. Usar a criação de forma boa seria amá-la e respeitá-la de forma seja amada com todos homens e visando a maior comunhão com o Sumo Bem. É importante salientar que a proposta ética do Santo Africano é uma ética comunitária (social) e não mais uma ética individual como vimos nos gregos. Não se trata aqui de respeito individual com a moral (Platão), ou uma busca individual pelo caminho do meio (Aristóteles), mas sim de uma vida plena em sociedade tendo em vista o bem comum e o Sumo Bem. Para ele, viver em sociedade é amar o próximo, se não existir tal amor a vida não é digna de ser chamada de ética, ou ‘vida em sociedade’. Esse amor se apoiaria sobre o eixo ‘terra-família-religião’, a ‘terra’ para ser cultivada, administrada e com bens divididos seria a fonte de subsistência e expressão da dignidade humana em relação a criação divina, a ‘família’ seria a base da sociedade e a ‘religião’ seria o elemento unificante e espiritualizante entre as famílias.

https://ww w.youtube.c om/watch? v=ctAWPmc HoF8

♪ Assista e curta a letra

da música “Monte

Castelo” da banda

Legião Urbana ♫

Anselmo de

Cantuária

(1033 - 1109 )

Anselmo de Cantuária, conhecido também como Anselmo de Aosta por conta de sua cidade natal e Anselmo de Bec por causa da localização de seu mosteiro, foi um monge beneditino, filósofo e prelado da Igreja que foi arcebispo de Cantuária entre 1093 e 1109. Chamado de fundador do escolasticismo, Anselmo exerceu enorme influência sobre a teologia ocidental e é famoso principalmente por ter criado o argumento ontológico para a existência de Deus e a visão da satisfação sobre a teoria da expiação.

Entrou para a Ordem de São Bento na Abadia de Bec aos vinte e sete anos e tornou-se abade em 1079. Tornou-se arcebispo de Cantuária durante o reinado de Guilherme II da Inglaterra. Foi exilado por duas vezes, entre 1097 e 1100 e novamente entre 1105 e 1107 por Henrique I por causa da controvérsia das investiduras, o mais importante conflito entre a Igreja Católica e os estados medievais durante a Idade Média. Anselmo foi proclamado Doutor da Igreja numa bula papal de Clemente XI em 1720. Ele é venerado como santo e comemorado em 21 de abril.

Anselmo definiu Deus como sendo a maior coisa que a mente humana pode conceber e defendeu que, se o maior ser possível existe na imaginação, ele também deve existir na realidade. Ele colocou em seu argumento que uma das características de tal ser, o maior e melhor que se pode imaginar, é a existência. No século XVII, o filósofo René Descartes propôs argumento similar. Descartes publicou diversas variações de seu argumento, cada uma centrada na ideia de que a existência de Deus é imediatamente deduzida de uma ideia "clara e nítida" de um ser supremo e perfeito. No início do século XVIII, o matemático Gottfried Leibniz retoma as ideias de Descartes para tentar provar que uma "supremacia perfeita" é um conceito coerente.

"Nem busco entender para que possa acreditar, mas acredito que

possa entender. Por isso, também, acredito que, a não ser que eu

primeiro acredite, não serei capaz de entender”, Anselmo defendia

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AVERRÓIS

(1126 - 1198)

Abu al-Walid Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Rushd, conhecido

Averróis, Membro de uma família de juristas de Córdoba, estudou medicina e filosofia. Foi um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles. Aliás, o próprio Aristóteles foi redescoberto na Europa graças aos árabes, e os comentários de Averróis muito contribuíram para a recepção do pensamento aristotélico. Averróis também se ocupou de áreas como astronomia e direito canônico muçulmano.

A sua filosofia era um misto de aristotelismo com algumas nuances platônicas. A influência aristotélica revela-se na sua ideia da existência do mundo de modo independente de Deus (ambos são coeternos) e de que também não existe providência divina. Já o seu platonismo aparece em na sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal. entre das suas várias obras, uma das mais célebres é a intitulada A Incoerência da Incoerência (em árabe

Tahafut al-tahafut), onde defende o neoplatonismo e o aristotelismo dos ataques

oriundos de toda forma de radicalismo religioso que possa existir.

O seu pensamento provocou sérias discussões entre os cristãos latinos da Universidade de Paris. Como resultado, muitos aderiram à concepção de uma filosofia pura e independente da teologia cristã e formaram um grupo chamado de averroistas latinos. Os averroístas aceitam, com Aristóteles, a concepção de Deus como motor imóvel que move eternamente um mundo eternamente existente não feito nem conhecido por ele. Postulam que a alma individual do homem é perecível e corruptível; isto é, não é imortal. Dele, se retirou, nos séculos XVIII e XIX, a defesa de uma total autonomia da razão perante a fé.

Tomás de

Aquino

(1225 - 1274)

- Tommaso d'Aquino, foi um frade da Ordem dos Pregadores (dominicano) italiano cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor Universalis". "Aquino" é uma referência ao condado de Aquino, uma região que foi propriedade de sua família até 1137. Tomás é venerado como santo pela Igreja Católica e é tido como o professor modelo para os que estudam para o sacerdócio por ter atingido a expressão máxima tanto da razão natural quanto da teologia especulativa. O estudo de suas obras há muito tempo tem sido o cerne do programa de estudos obrigatórios para os que buscam as ordens sagradas (como padres e diáconos).

- Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do

tomismo que se caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar o aristotelismo

com o cristianismo. Procurando assim integrar o pensamento aristotélico e neoplatônico, aos textos da Bíblia, gerando uma filosofia do Ser, inspirada na fé, com a teologia científica. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como crítica às suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política. Ao contrário de muitas correntes da Igreja na época, Tomás abraçou diversas ideias de Aristóteles - a quem ele se referia como "o Filósofo" - e tentou sintetizar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo. As obras mais conhecidas de Tomás são a Summa Theologiae (Suma Teológica) e a Summa contra Gentiles (Suma contra os Gentios). Seus comentários sobre as Escrituras e sobre Aristóteles também são parte importante de seu corpus literário. Além disso, Tomás se distingue por seus hinos eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da Igreja Católica.

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AQUINO CONSIDERA EM DETALHES SEUS CINCO ARGUMENTOS PARA A EXISTÊNCIA DE DEUS, AMPLAMENTE CONHECIDOS COMO QUINQUE VIAE (CINCO VIAS):

1º Movimento: algumas coisas indubitavelmente mudam sem serem capazes de provocar seu próprio movimento. Como, segundo o racional de Tomás, não pode haver uma cadeia infinita de causas para um movimento, decorre que deve existir um "Primeiro

Movimentador", não movido por nada anterior e este seria o que todos entendem como sendo "Deus".

2º Causa: como no caso do movimento, nada é causa de si próprio e uma cadeia causal infinita seria impossível, deve haver uma

"Primeira Causa", conhecida por "Deus". Aquino neste caso baseia-se nas assertivas de Aristóteles sobre os princípios do ser. O

conceito de Deus como prima causa ("causa primeira") deriva do conceito aristotélico do “movente não movível".

3º Existência do necessário e do desnecessário: nossa experiência inclui coisas que certamente existem, mas que são, aparentemente, desnecessárias. Porém, não é possível que tudo seja desnecessário, pois então, quando nada houver [que seja necessário], nada existiria. Portanto, somos compelidos a supor que existe algo que existe "necessariamente", cuja necessidade deriva de si próprio; na realidade, ele próprio seria a necessidade para que tudo o mais existisse. Este seria Deus.

4º Gradação: se podemos perceber uma gradação nas coisas no sentido de que algumas são mais quentes, boas etc., deve haver um superlativo que é a coisa mais verdadeira e nobre e, portanto, a que "existe mais completamente". Esta, então, seria Deus.

5º Tendências ordenadas da natureza: uma direção para as ações em direção a uma finalidade se percebe em todos os corpos governados pela lei natural. As coisas sem consciência tendem a ser guiadas pelos que a tem. A isto chamamos "Deus".

SOBRE A NATUREZA DE DEUS, AQUINO ACREDITAVA QUE A MELHOR ABORDAGEM, GERALMENTE

CHAMADA DE VIA NEGATIVA, É CONSIDERAR O QUE DEUS "NÃO É". SEGUINDO ASSIM, ELE PROPÔS CINCO EXPRESSÕES SOBRE AS QUALIDADES DIVINAS:

I- Deus é simples, NÃO é composto de partes - como "corpo" e "alma" ou "matéria" e "forma".

II- Deus é perfeito, NÃO lhe falta nada. Ou seja, Deus é diferente dos demais seres por Sua completa realização, Ipse Actus Essendi

subsistens (subsistente ato de ser).

III- Deus é infinito. Ou seja, Deus NÃO finito no sentido que os seres criados são física, intelectual e emocionalmente limitados. Esta infinidade deve ser diferenciada da simples infinidade de tamanho ou número.

IV- Deus é imutável, NÃO passível de mudanças de caráter ou essência.

V- Deus é uno, NÃO tem diversificação em si próprio. A unidade de Deus é tal que Sua essência é idêntica à Sua existência. Nas palavras de Tomás, "em si mesma, a proposição 'Deus existe' é necessariamente verdadeira, pois, nela, sujeito e predicado são o mesmo".

Referências para conhecer mais

Sobre Filosofia Medieval:

Vídeo:

Avicena e Averróis - Aristóteles no Islã

Link:

https://www.youtube.com/watch?v=h

aESINgyK3U

Vídeo:

Filósofos e a Educação - Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino YouTube

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Exercícios sobre Filosofia Medieval.

Responder conforme o texto, de forma completa, em folha para entregar

1) No campo ético\moral, como Agostinho se referia a ideia de Deus e como

deveria ser a vida em sociedade sobre tal perspectiva?

2) O que significa um “argumento ontológico”? Escreva com suas palavras o

argumento ontológico de Anselmo de Cantuária.

3) Qual a grande importância do pensamento de filósofos medievais

islâmicos como Averróis para a filosofia ocidental?

4) Como Tomás de Aquino argumenta sobre a existência de Deus? Resuma as

5 vias.

5) Descreva suas impressões iniciais acerca da Filosofia Medieval. (mínimo 5

linhas)

Referências

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