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Design consciente: da compostagem ao plantio. Desenvolvimento de um kit para reciclagem de resíduos orgânicos

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Academic year: 2021

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

CAMPUS FLORIANÓPOLIS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

Design consciente: da compostagem ao plantio

Desenvolvimento de um kit para reciclagem de resíduos orgânicos

Ana Maria Martins Siqueira

Orientadora: Patrícia Deporte de Andrade

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

CAMPUS FLORIANÓPOLIS

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

Ana Maria Martins Siqueira

Design consciente: da compostagem ao plantio

Desenvolvimento de um kit para reciclagem de resíduos orgânicos

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção do título de Tecnólogo em Design de Produto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à todas as pessoas que contribuíram para que fosse possível a conclusão desta etapa discente. Ao Instituto Federal de Santa Catarina e sеυ corpo docente, que ao longo do curso agregaram conhecimento, tornaram-me capaz de desenvolver o atual projeto de conclusão de curso.

À minha orientadora, Patrícia Deporte de Andrade, pelo incentivo e por me guiar ao longo de toda a construção do projeto, tornando-o possível. Ao Carlos Rafael Garcia, o qual me auxiliou diversas vezes ao longo de todo o percurso de graduação. Aos amigos, que durante este trajeto me auxiliaram. Tamires Peres, por todo o auxílio e suporte. E muito importante, aos meus pais, Susana e Alexandre, por todo o apoio e incentivo desde o princípio.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte de minha formação, о mеυ muito obrigado.

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RESUMO

O atual trabalho de conclusão de curso traz os processos desenvolvidos na elaboração de um kit para compostagem e plantio. O objetivo deste projeto é propagar a conscientização em relação à reciclagem de resíduos orgânicos. Para isso foi estudado o que há disponível no mercado atualmente, através de uma análise de similares. Além disso, outras análises foram desenvolvidas para elaborar uma solução que promova a conscientização a cerca dos resíduos orgânicos através da utilização da composteira, e que estimule a ideia de cultivo de plantas voltadas à alimentação. A metodologia escolhida para o projeto foi a Human Centered Design (HCD), que norteou as etapas de desenvolvimento do projeto. Durante o trabalho de conclusão de curso foi possível testar materiais alternativos para o kit, como por exemplo o plástico reciclado para os vasos da horta. Portanto, o projeto desenvolvido no atual trabalho de conclusão de curso parte da vertente da ambiental da sustentabilidade, focando em um ciclo fechado para a reciclagem de resíduos orgânico.

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ABSTRACT

This paper presents the processes developed in the elaboration of a kit for composting and planting. The focus of this project is to spread awareness about organic waste recycling. For that, was studied what is available on the market today, through similar analysis. In addition, other analyzes were made to develop a solution that promotes awareness of organic residues through the use of a compost bin and stimulate the idea of growing plants for food. The methodology chosen for the project is Human Centered Design (HCD), which guided the development stages of the project. During paper was possible to test alternative materials for the kit, such as recycled plastic for garden pots. Therefore, the project developed in this paper part of the environmental aspect of the sustainability, focusing on a closed cycle for the recycling of organic waste.

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LISTADEFIGURAS

Figura 01: Ciclo fechado...19

Figura 02: Resíduos e adubo...25

Figura 03: Vermicompostagem...27

Figura 04: Compostagem seca...28

Figura 05: Composteira elétrica...29

Figura 06: Painel Brotei...31

Figura 07: Painel Chita...32

Figura 08: Três lentes do HCD...34

Figura 09: Fases do HCD...35

Figura 10: Composteiras domésticas...36

Figura 11: Hortas domésticas...37

Figura 12: Hortas e composteiras...38

Figura 13: Simplicidade e compactação...39

Figura 14: Baldes e composteiras da Brotei...39

Figura 15: Reutilização de materiais...40

Figura 16: Modularidade e verticalização... ...47

Figura 17: Estilo de vida do público alvo... ...48

Figura 18: Ícones dos requisitos... ...49

Figura 19: Alternativa 01...51

Figura 20: Alternativa 02...52

Figura 21: Alternativa 03... ... ... ...53

Figura 22: Alternativa 04... ...54

Figura 23: Alternativa 05...55

Figura 24: Alternativas selecionadas...56

Figura 25: Alternativa selecionada... ...58

Figura 26: Base.. ...59

Figura 27: Vasos...60

Figura 28: Cortes...61

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Figura 30: Painel PET...63

Figura 31: Corte PET...64

Figura 32: Derretimento PET...65

Figura 33: Teste PET no molde...66

Figura 34: Itens PEAD... ...66

Figura 35: Derretimento PEAD...67

Figura 36: Teste PEAD no molde...68

Figura 37: Itens PP...69

Figura 38: Derretimento PP...70

Figura 39: Teste PP no molde...71

Figura 40: Teste PP sem prensa...71

Figura 41: Movimento da treliça... ... ...74

Figura 42: Vasos de PP... ... ...75

Figura 43: Dimensões vasos de PP... ...76

Figura 44: Ambientação da horta...77

Figura 45: Material escrito... ...78

Figura 46: Primeiras páginas... ...78

Figura 47: Segunda parte do manual... ...79

Figura 48: Terceira parte do manual... ...80

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LISTADETABELAS

Tabela 01: Ferramentas das três lentes...33

Tabela 02: Avaliação dos requisitos...50

Tabela 03: Requisitos e avaliação das alternativas...56

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LISTADEGRÁFICOS Gráfico 01: Pergunta 01...42 Gráfico 02: Pergunta 02...42 Gráfico 03: Pergunta 03...43 Gráfico 04: Pergunta 04...44 Gráfico 05: Pergunta 05...46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………...………...……….15 1.1 CONTEXTO DO PROBLEMA…...………....………….…………....…...…...16 1.1.1 Formulação do problema………....………...…..18 1.2 OBJETIVOS...18 1.2.1 Objetivo geral………...……....………...18 1.2.2 Objetivos específicos…………...………....………..……...…...18 1.3 JUSTIFICATIVA…...………...………....………...18 2 REFERENCIAL TEÓRICO......….21

2.1 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...…...…...21

2.2 A RELAÇÃO DO DESIGN E A SUSTENTABILIDADE...…...…...22

2.3 RECICLAGEM...…...…...23 2.4 COMPOSTAGEM...…...…...25 2.4.1 Tipos de compostagem………..……...………...26 2.4.1.1 Vermicompostagem………...…..26 2.4.1.2 Compostagem seca………...…...28 2.4.1.3 Composteira elétrica………...…...28

2.4.1.4 Coontexto histórico da compostagem………...…...29

2.5 EMPRESA PARCEIRA...…...…...30

3 MÉTODO...…...…...33

4 COLETA DE DADOS E RESULTADOS...…...…...36

4.1 ANÁLISE DE SIMILARES…...…………...…36

4.2 ANÁLISE DOS PRODUTOS DA EMPRESA BROTEI…...………...39

4.3 QUESTIONÁRIO…...………...41

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5 REQUISITOS DO PROJETO...…...…...49

6 RESULTADOS DA FASE DE CRIAÇÃO...…...…...51

6.1 ALTERNATIVAS GERADAS…...…………...…51

6.2 ALTERNATIVA ESCOLHIDA…...………...55

7 FASE DE REFINAMENTO...…...…...58

7.1 REFINAMENTO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA…...……...………58

8 TESTES DE MATERIAIS...…...…...61

8.1 POLIETILENO TEREFTALATO (PET)...…...…...62

8.1.1 Testes com Polietileno Tereftalato (PET)………...……...63

8.2 POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD)...…...…...66

8.2.1 Testes com Polietileno de alta densidade (PEAD)…………...67

8.3 POLIPROPILENO (PP)...…...…...68

8.3.1 Testes com Polipropileno (PP)………...69

8.4 CONCLUSÕES DOS TESTES..…...…...72

9 RESULTADO FINAL: HORTA VERTICAL BROTEI...…...…...74

9.1 MATERIAL ESCRITO...…...…...77

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS...…...…...82

REFERÊNCIAS ...83

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1 INTRODUÇÃO

Questões referentes ao meio ambiente vem ganhando cada vez mais espaço em discussões, uma vez que o uso inadequado de recursos naturais vem apresentando problemas de grande extensão que afetam diretamente o ser humano. Durante séculos os recursos naturais vêm sendo usados sem mensuração das consequências ao meio ambiente, resultando em uma escassez tão potente que o meio ambiente encontra-se à beira de um colapso.

Para reverter esse quadro de colapso ambiental, diversas ações devem ser tomadas, começando por uma conscientização global sobre a necessidade de um estilo de vida mais sustentável.

Hoje em dia o uso inadequado dos recursos não é o único problema. Nota-se uma despreocupação sobre a origem dos produtos consumidos e a destinação após o consumo. A exemplo disso tem-se o dado trazido pela ONU no evento que reuniu biólogos, conservacionistas e oceanógrafo para iniciativas de conscientização sobre a poluição dos oceanos devido ao descarte e consumo irresponsável de plástico, o AquaRio de 2017. Um dos pontos abordados foi o fato que estimativas indicam que 51 trilhões de partículas de plástico estejam flutuando pelos oceanos, ameaçando a vida marítima. (ONU, 2017b).

De acordo com o ‘Comunica Que Muda (CQM)’ (2017), o relatório Global Waste Management Outlook (2016), calculou que anualmente o volume de resíduos sólidos produzido ao redor do mundo é de dois bilhões de toneladas. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2017) 50% do volume de resíduos gerados em residências em meio urbano é composto de resíduos orgânicos.

Diante da necessidade de conscientização sobre a reciclagem de resíduos orgânicos tem-se como objetivo promover uma conscientização em relação à reciclagem de resíduos orgânicos através de um produto que estimule a compostagem e cultivo de plantas voltadas à alimentação. Sendo assim, o atual Trabalho de Conclusão de Curso parte da vertente ambiental da sustentabilidade voltando-se à gestão de resíduos orgânicos.

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

No atual contexto em que o planeta se encontra, o mau uso de recursos naturais durante séculos fizeram com que o meio ambiente chegasse a beira do colapso. A falta de um estilo de vida mais sustentável vem agravando a situação crítica em que o meio ambiente se encontra.

O mundo atualmente está enfrentando uma crise ambiental de dimensões nunca antes vistas ao longo da história humana. O século passado, em particular, foi uma época de turbulência ambiental incomum. (DIAS, 2015).

Frente a isso vê-se a necessidade de conscientização da população, uma vez que a primeira mudança deve partir de cada um, para que assim haja uma mudança de comportamento em prol da sustentabilidade.

Dentro desse universo abordado pela sustentabilidade ambiental, encontra-se a discussão sobre a destinação correta dos resíduos gerados pela humanidade. O descarte inadequado acarreta em enormes prejuízos ao meio ambiente, com a poluição de recursos naturais, como a água e florestas.

O destino do nosso lixo é muitas vezes negligenciado, o que acarreta graves problemas ambientais. Só para se ter uma ideia, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 8 milhões de toneladas de plástico cheguem aos mares todos os anos. É como se a cada minuto a carga de um caminhão de lixo cheio de plástico fosse despejada no mar, o que faz com que cerca de 90% de todos os resíduos flutuando nos oceanos sejam de plástico (CQM, 2017).

Além do grande volume de resíduos gerados diariamente, em grande parte dos casos toda essa matéria vai parar em aterros e lixões em vez que terem uma destinação correta, como a reciclagem.

[...] quase metade da população mundial, cerca de três bilhões de pessoas, vive em locais em que não há uma destinação adequada para o lixo, ilustrando um pouco do desastre ambiental pelo qual passamos (CQM, 2017).

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O descarte inadequado se dá por diversas razões, a exemplo disso tem-se a impossibilidade de separação de resíduos. Para ilustrar tal fato tem-se os tradicionais absorventes externos. Para Siqueira, Peres e Andrade (2017), os absorventes tradicionais possuem diversas partes plásticas que permitiriam a reciclagem, mas devido a sua estrutura conter uma parte não reciclável inseparável, todo o produto acaba sendo descartado de forma incorreta, comumente no lixo do banheiro, indo parar em aterros e lixões. Outra razão de descarte incorreto é a falta de informação da população, que nem sempre sabe em que categoria o resíduo gerado se encaixa. O descarte inadequado também pode se dar pela falta de lugar adequado para o descarte, como por exemplo em alguns prédios que possuem apenas lixo orgânico e lixo reciclável, fazendo com que os resíduos orgânicos sejam descartados junto com o rejeito, indo parar em aterros e lixões em vez de serem utilizados para uma outra destinação, como a reciclagem.

Uma das formas de reciclar os resíduos orgânicos é através da compostagem, processo que consiste em reciclagem de matéria orgânica de forma que possa voltar para um novo ciclo.

A compostagem propicia um destino útil para os resíduos orgânicos, evitando sua acumulação em aterros e melhorando a estrutura dos solos. Esse processo permite dar um destino aos resíduos orgânicos agrícolas, industriais e domésticos, como restos de comidas e resíduos do jardim (GODOY, 2017).

Além disso, é crescente o número de empresas e marcas que estão aderindo às tendências conscientes em relação a fabricação de seus produtos. Tal crescimento faz com que o designer dos produtos desempenhe um papel de relevância ao criar soluções que se adequem a este momento vivido pela população.

Dentro desse contexto que surge a oportunidade de projeto, buscando compreender como o designer de produto pode promover a conscientização em relação a reciclagem de resíduo orgânico.

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1.1.1 Formulação do problema

Como promover a conscientização sobre a reciclagem de resíduos orgânicos através de um produto voltado para compostagem e plantio?

1.2. OBJETIVOS

Uma vez contextualizado o problema, foram desenvolvidos os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver um produto que abranja tanto o processo de compostagem quanto o plantio com o intuito de promover a conscientização ambiental através da reciclagem de resíduos orgânicos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Conhecer os diferentes processos da compostagem e suas utilizações;

b) Compreender as vantagens da reciclagem através da compostagem e as alternativas de utilização do adubo proveniente do processo;

c) Conhecer os benefícios do cultivo de hortas e a utilização do adubo provindo da compostagem no plantio.

d) Promover conscientização acerca da reciclagem de resíduos orgânicos;

1.3 JUSTIFICATIVA

A compostagem é um processo realizado em todo o planeta. A escolha de utilizar a compostagem para a reciclagem de matéria orgânica e não outra técnica é devido a praticidade e simplicidade do processo. A compostagem não contém um alto grau de complexidade, tornando-se uma alternativa vantajosa para a reciclagem de

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matéria orgânica. Mesmo a área já sendo explorada em território nacional, pode-se perceber uma falta de incentivo em reciclagem de resíduos orgânicos comparado à outros países. De acordo com o Ministério do meio Ambiente, nos dias de hoje cerca de 55% do lixo produzido no país é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação. Desses 55% apenas 1,5% dos resíduos orgânicos era reciclado no Brasil no ano de 1999, em compensação na Inglaterra o índice chega a 28%, 12% nos EUA, e 68% na Índia.

Há várias experiências internacionais de recolhimento de resíduos orgânicos para compostagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população local. Dessa maneira, fica claro para a sociedade que aquele resíduo tem valor, pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que empregariam na compra de fertilizantes industrializados (MMA, 2017).

O produto será um kit composto por todos os elementos necessários para fazer a compostagem e cultivo de plantas voltadas à alimentação. Visando contemplar um ciclo constante, o projeto não contemplará somente o processo de compostagem, mas também a utilização do produto final do processo -o adubo- que poderá gerar novos alimentos, uma vez que nutrirá a horta. Futuramente os vegetais alimentarão a composteira, fazendo disso um ciclo constante (Figura 01).

Figura 01: Ciclo constante

Fonte:Autoria própria, 2017.

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Agregado à destinação correta de resíduos orgânicos possibilitada através do produto desenvolvido no atual projeto, vêm a conscientização dos usuários. O público que consumirá o kit terá uma visão clara sobre as consequências de seus atos referentes a geração de resíduos, pois será possível visualizar de forma direta o volume de resíduos orgânicos que estão sendo reciclados ao invés de ter uma destinação incorreta, como aterros e lixões, conforme estudos demonstrados anteriormente. Parte-se do pressuposto que ao ver o volume de matéria orgânica excedente das refeições, como por exemplo, cascas e restos de alimentos, pode fazer o usuário repensar na quantidade que está sendo produzido e tentar reduzir esse volume. Após o processo de compostagem tem-se como produto final o adubo, sendo assim o usuário utilizaria tal matéria para adubar sua horta. Ainda em relação à horta, o usuário vendo o processo de crescimento, o tempo necessário até um vegetal chegar ao estado pronto para o consumo, acabará por dar mais valor ao alimento.

Partindo do contexto em que o problema se encontra, vê-se a necessidade de mudanças no estilo de vida atual. Uma vez que o designer é um possível agente de mudanças, entende-se como oportunidade do atual trabalho de conclusão de curso, a propagação de um pensamento mais sustentável. Portanto, a motivação deste estudo parte da oportunidade de oferecer aos usuários um melhor entendimento sobre reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem e plantio. Associado a isto, tem-se como objetivo propagar a conscientização e trazer ao usuário a oportunidade de um estilo de vida mais sustentável.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico do atual trabalho de conclusão de curso aborda o conceito da sustentabilidade e traz os pontos necessário para o desenvolvimento humano, junto com o papel do designer atrelado à sustentabilidade, resíduos e suas classificações.

2.1 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Diversos fatores ao longo da história promoveram a atual crise ambiental. O desenvolvimento humano sem uma preocupação referente ao meio ambiente fez com que houvesse uma ruptura no equilíbrio do planeta. Para reverter tal situação começaram a ocorrer reflexões sobre os impactos ambientais causados pelo homem, o que mais tarde viria a se tornar a base do pensamento sustentável. A revista Em discussão (2017) traz como confirmação de tal afirmação o seguinte recorte:

Pode-se dizer que, até o início da década de 1970, o pensamento mundial dominante era o de que o meio ambiente seria fonte inesgotável de recursos e que qualquer ação de aproveitamento da natureza fosse infinita. Mas fenômenos como secas que afetaram lagos e rios, a chuva ácida e a inversão térmica fizeram com que essa visão ambiental do mundo começasse a ser questionada [...] (EM DISCUSSÃO, 2017).

Ainda sob a perspectiva da revista, foi convocada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano em Junho de 1972, que resultou na Declaração sobre Ambiente Humano, que estabeleceu princípios para questões ambientais, gestão de recursos naturais, prevenção da poluição e relação entre ambiente e desenvolvimento. Vê-se a partir deste ponto, uma maior preocupação sobre as consequências geradas pelo desenvolvimento humano até então, e como adequá-lo para um desenvolvimento atrelado à sustentabilidade.

A sustentabilidade engloba três principais vertentes: ambiental, econômico e social. Para um desenvolvimento sustentável há a necessidade de uma proporcionalidade entre essas três vertentes da sustentabilidade. Para Dias (2015) o Desenvolvimento Sustentável (DS) parte da integração de questões econômicas, sociais e ambientais, de forma que serviços e produções de bens devem manter a

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diversidade respeitando os ecossistemas presentes, e conciliar o ritmo de renovação dos recursos naturais com os de extração necessária para o funcionamento do sistema econômico.

Ainda sob o ponto de vista de Dias (2015), mesmo que o planeta como um todo precise alcançar um desenvolvimento sustentável, é importante, tanto em nível global quanto local levar em consideração as economias, culturas e o meio ambiente regionais, pois existem soluções contextualizadas com a realidade do cotidiano individual de cada grupo.

O DS, para alcançar o objetivo de proteger o futuro da humanidade e garantir-lhe a qualidade de vida necessária, deverá não somente valorizar os recursos do planeta, mas, além disso, assegurar que se alcance maior equidade social, já que as desigualdades atuais repercutem na utilização abusiva dos recursos não renováveis do planeta e em geral na degradação ambiental (DIAS, 2015).

2.2 A RELAÇÃO DO DESIGN E A SUSTENTABILIDADE

Vê-se como notável necessidade uma conscientização por parte da população nos padrões de consumo atuais e uma maior preocupação sobre a origem e descarte de seus bens. Nesse universo encaixa-se o designer, tanto em um papel de propagar o atual estilo de vida e padrão de consumo, como também o papel de agente de mudanças. Para Thackara (2008) 80% do impacto ambiental dos produtos, serviços e infra-estruturas são determinados pelo designer.

As decisões de design moldam os processos por trás dos produtos que utilizamos, os materiais e a energia necessária para produzi-los, o modo como os operamos no dia a dia e o que acontece com eles quando perdem a utilidade. Podemos não ter previsto tudo isso e podemos nos lastimar pelo que aconteceu, mas as situações que enfrentamos hoje foram de uma forma ou de outra planejadas por nós no passado (Thackara, 2008).

Uma vez que se atribui responsabilidade ao designer, cabe ao profissional optar por qual vertente seguir, uma vez que suas decisões podem propagar o atual estilo de vida baseado no consumo, ou pode atuar como agente de mudança.

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Para Manzini (2008), os designers podem fazer parte da solução por serem atores sociais que lidam com interações diárias entre o ser humano e seus artefatos.

Neste sentido, os designers podem ter um papel muito especial [...] mesmo não tendo meios para impor sua própria visão aos outros, possuem, porém, os instrumentos para operar sobre a qualidade das coisas e sua aceitabilidade e, portanto, sobre a atração que novos cenários de bem-estar possam porventura exceder. Seu papel específico na transição que nos aguarda é oferecer novas soluções a problemas[...] colaborando na construção de visões compartilhadas sobre futuros possíveis e sustentáveis (MANZINI, 2008).

Uma vez que a falta de conscientização está prejudicando o meio ambiente, cabe ao designer projetar soluções com o intuito de minimizar o impacto ambiental negativo. O design também entra como tendência, fazendo com que o designer possa assumir um papel de influenciador, possibilitando assim uma propagação de conscientização nos usuários.

Para Manzini (2008) em um cenário onde cabe ao designer desenvolver soluções em um projeto, alguns passos devem ser realizados; Mudar a perspectiva mudando o centro de interesse do objeto para o resultado, imaginar soluções alternativas, avaliar e comparar várias soluções alternativas, e desenvolver soluções mais adequadas. Os passos trazidos por Manzini(2008), mesmo visando melhores resultados que os atuais, não são necessariamente garantias de uma solução mais sustentável, uma vez que existem fatores externos que não dependem apenas da conceituação de uma nova solução. “... novas soluções podem ser ainda mais insustentáveis que as anteriores. Muito depende das escolhas de design que são efetivamente adotadas.” (MANZINI, 2008).

Por fim vê-se a relevância do papel do designer para promover mudanças não só nos hábitos dos usuários, mas também voltado à modificações no processo de desenvolvimento do produto, e em escolhas de projeto que acarretarão em mudanças em prol do meio ambiente.

2.3 RECICLAGEM

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exorbitante. De acordo com o CQM (2017), o relatório Global Waste Management Outlook (2016) calculou que o volume de resíduos sólidos produzidos anualmente ao redor do mundo é equivalente à dois bilhões de toneladas. Muitas vezes todos esses resíduos não têm o descarte ideal, indo parar em aterros e lixões, ou até mesmo no meio ambiente, poluindo a natureza.

Estudos apontam que 8 milhões de toneladas de plásticos acabem nos oceanos todos os anos e que, até 2050, 99% das aves marinhas terão consumido plástico. Os desertos de lixo plástico no fundo dos oceanos têm uma origem: a produção e consumo excessivos de descartáveis e seu descarte incorreto (ONU, 2017).

Nesse sentido, a reciclagem ganha destaque como alternativa a ser incorporada pela população uma vez que permite que os resíduos sejam introduzidos novamente em um ciclo, aumentando a vida útil da matéria. A reciclagem vem com o intuito de converter o cenário de desperdício de matéria que ainda contém um potencial de utilização.

Ao reciclar consegue-se reduzir o volume de matéria-prima necessária para gerar outros produtos. Mesmo que não se consiga gerar um produto novo inteiro usando apenas matéria reciclada, é possível reduzir a quantidade de material novo necessário misturando-o com o reciclado. Tal fato acarreta também na diminuição de energia necessária na geração de novos produtos e também na parte econômica. Em 2013 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (UNITAR) desenvolveram um relatório sobre “Diretrizes para Estratégias Nacionais de Gestão de Resíduos: Dos Desafios às Oportunidades”. Tal relatório traz a informação que uma tonelada de lixo eletrônico reciclado poderia render entre cinco e quinze toneladas de ouro, além disso traz benefícios como a redução da emissão de dióxido de carbono e dióxido de enxofre para a atmosfera, aumento na geração de emprego e redução do desperdício e poluição do ar. O relatório ainda afirma que a gestão de resíduos é um desafio, mas também uma oportunidade inexplorada até então.

É possível reciclar tanto resíduos inorgânica, como vidro, metal e plástico, como matéria orgânica, como restos de alimentos. Uma das formas de reciclagem de

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resíduos orgânicos é a compostagem, processo escolhido para ser estudado no atual projeto visto que 50% do volume de resíduos gerados em residências em meio urbano é composto de resíduos orgânico (MMA, 2017).

2.4 COMPOSTAGEM

Compostagem é o processamento de matéria orgânica para introduzi-la novamente à um ciclo. Pode-se caracterizar a compostagem como reciclagem, onde através de um processo biológico, a decomposição, a matéria orgânica vira adubo. Os resíduos orgânicos utilizados no processo podem ser oriundos de diversas fontes, como por exemplo resíduo doméstico, industrial ou até mesmo agrícola.

Como resultado final da compostagem há um composto orgânico rico em nutrientes minerais (Figura 02), podendo ser utilizado como adubo em hortas e jardins e também na agricultura, o que substituiria a utilização de fertilizantes sintéticos.

Figura 02: Resíduos e adubo

Fonte:Autoria própria, 2017.

Além disso, há um biofertilizante em forma líquida super concentrado e rico em nutrientes precisando assim ser diluído em uma proporção de 1/10 de água antes de ser utilizado.

A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem. Além disso, é uma maneira de reduzir o volume de lixo produzido pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás

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metano (gás de efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o gás carbônico) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas) (MMA, 2017).

Os benefícios da compostagem são diversos. De acordo com o escritório de arquitetura especializado em Sustentabilidade, o ‘Ecoeficientes’, através da compostagem é possível reduzir em cerca de 50% o volume total de resíduos produzido por residências. Além disso, com a reciclagem de matéria orgânica há a diminuição na demanda de aterros sanitários, a redução dos poluente emitidos no local, como o chorume e o gás metano, e uma redução na energia necessária para o transporte dos resíduos.

O adubo produzido através da compostagem é natural, não contendo produtos químicos nocivos à saúde humana, podendo ser utilizado em diversos tipos de plantio, como hortas e jardins, garantindo alta nutrição.

2.4.1 Tipos de compostagem

Existem dois principais processos manuais de compostagem, a vermicompostagem e a compostagem seca, e um processo executado com o auxilio de equipamentos mecânicos, a compostagem com composteira elétrica. Em todos os processos há a valorização da matéria orgânica:

2.4.1.1 Vermicompostagem

A vermicompostagem (Figura 03) consiste na transformação da matéria orgânica através de minhocas e microorganismos presentes no solo. O processo é considerado mais rápido que a compostagem seca, exatamente pelo fato das minhocas acelerarem o processo de transformação do resíduo orgânico.

Uma vez que o processo contém minhocas, existem alguns requisitos para que possa haver a transformação da matéria. Exemplo disso é a espessura da pilha da composteira, na vermicompostagem. Além do tempo de transformação, há outra diferença marcante entre os dois tipos de compostagem, a vermicompostagem reduz a espessura da pilha para que a temperatura na composteira não ultrapasse 35°C, o que acabaria por impedir a sobrevivência das minhocas (HAIMI & HUHTA, 1986).

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Existem diversas espécies de minhocas mas nem todas são as melhores opções para a vermicompostagem. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2017), as mais utilizadas são a Eisenia foetida, também conhecida como minhoca vermelha da Califórnia, e Eudrilus eugeniae, conhecida como minhoca-noturna-africana. Os motivos pela escolha dessas espécies são pela habilidade em transformar matéria orgânica pouco decomposta, grande índice de proliferação e rápido crescimento.

A vermicompostagem pode ser entendida como um processo de dois estágios. Primeiro, a matéria orgânica é compostada de acordo com os padrões normais, com a redução de microrganismos patogênicos e retorno à condição de temperatura ambiente. Após a estabilização da temperatura, o material compostado é transferido para leitos rasos, onde então, faz-se a inoculação das minhocas e, após determinado tempo, obtém-se o vermicomposto pronto, com aumento na disponibilização de macro e micronutrientes e a formação de um húmus mais estável (SUSZEK, 2005).

O resultado final da vermicompostagem é o humus e o biofertilizante líquido, podendo ser usados como adubo e devolver ao solo os nutrientes necessários para manter uma horta, por exemplo.

Figura 03: Vermicompostagem

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2.4.1.2 Compostagem seca

A compostagem seca (figura 04), diferente da vermicompostagem, não possui minhocas, sendo que o processo de transformação é realizado apenas pelos microorganismos presentes no solo. Nesse processo também há a reciclagem de matéria orgânica, mas devido a não utilização de minhocas, o processo exige mais tempo para decompor a matéria.

Figura 04: Compostagem seca

Fonte: Jornal Daqui, 2017.

2.4.1.3 Composteira elétrica

O processo de compostagem através de uma composteira elétrica (Figura 05) assemelha-se a compostagem seca por não utilizar minhocas no processo, mas diferente das outras, não é um processo natural, necessitando de uma máquina para executar o processo. Diferente dos processos apresentados anteriormente, a compostagem elétrica processa os alimentos em um dia, enquanto os outros processos vão precisar de dois à três meses para processar os resíduos, dependendo da quantidade.

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Figura 05: Composteira elétrica

Fonte: Ecoeficientes, 2017.

2.4.1.4 Contexto histórico da compostagem

A prática da compostagem está se popularizando hoje em dia, uma vez que discussões sobre sustentabilidade estão ganhando espaço. Mesmo que sua popularização esteja crescendo, a compostagem vem sendo praticada há um tempo significativo, como por exemplo na agricultura, onde a prática da compostagem era utilizada para a obtenção de fertilizante orgânico para ser utilizado nas plantações.

De acordo com Ferreira, Borda e Wizniewsky (2017), a compostagem é uma técnica praticada inicialmente por chineses há mais de cinco mil anos. Em 1920 no Ocidente, os experimentos de inglês Albert Howard trouxeram a propagação da compostagem. Em suas experiências descobriu que para a compostagem funcionar é necessário usar resíduos orgânicos de diversos tipos e não de uma só natureza, Howard foi o criador do primeiro método de compostagem na província de Indore, na Índia. Na Europa durante os séculos XVIII e XIX a compostagem era praticada por agricultores, que ao levarem seus produtos à cidades, retornavam com resíduos orgânicos provindos das cidades e utilizava-os no solo com o intuito de nutrir o solo, e dentre esse progresso ocorria a reciclagem de resíduo orgânico através da compostagem (ECYCLE, 2017).

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Segundo Lamim et al. (1998) mesmo a compostagem sendo antiga, nem sempre foi feita executada com minhocas (vermicompostagem), apenas entre o período de 1940 e 1950 que a prática foi desenvolvida, tendo como local de desenvolvimento Rothamstead, Inglaterra. Nesse período as pesquisas foram simples e básicas, tendo um maior aprofundamento após 1970. Nesta década há um maior estudo sobre as vantagens do uso de minhocas na compostagem.

Com todo o avanço tecnológico e o crescimento demográfico ao longo dos anos fez com que a prática da compostagem caisse em desuso, uma vez que houve redução de espaço agrícola para a geração de várias grandes cidades. Nos dias de hoje a necessidade de uma vida mais sustentável gerou uma pressão nas pessoas para que haja uma adoção de alternativas mais sustentáveis na rotina visando a redução do impacto negativo no meio ambiente. Sendo assim, a compostagem volta a ser aderida pelas pessoas como uma forma de reduzir o volume de resíduos descartado.

A compostagem é um método simples de reciclagem de resíduos orgânicos, mesmo com o estilo de vida atual e os espaços das residências tenderem cada vez mais à diminuir, a compostagem ainda apresenta uma vantajosa forma de reciclar grande parte da matéria orgânica que é gerada no dia a dia das pessoas.

2.5 EMPRESA PARCEIRA

A empresa parceira do projeto é a 'Brotei', especialista em gestão de resíduos orgânicos através da vermicompostagem. Os serviços realizados pela empresa são destinados tanto para usuários residenciais quanto para empresas. Dentre os serviços prestados há a coleta e reciclagem de resíduos orgânicos, composteiras e minhocários de diversos tamanho, oficinas, insumos para horta, entre outros. A empresa possui um modelo de composteira (Figura 06) constituida por três baldes empilhados nos quais ocorre a vermicompostagem.

A Brotei tem a sua sede localizada na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. Seu objetivo é trazer para área urbana a permacultura - planejamento para criação de uma cultura sustentável com base no equilíbrio entre homem e natureza. A ideia é, além de trazer uma opção sustentável para a reutilização de matéria orgânica,

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que com o adubo gerado na reciclagem dos resíduos seja possível a fertilização natural de hortas, incentivando assim o consumo de alimentos orgânicos, que trazem inúmeros benefícios ao corpo sendo livres de possíveis toxinas encontradas em alimentos industrializados.

Figura 06: Painel Brotei

Fonte: Brotei, 2017.

Na figura acima (Figura 06) é possível ver os produtos e serviços disponibilizados pela empresa. Os baldinhos empilhados formam o minhocário para a compostagem, já os baldes individuais são utilizados na coleta de resíduos orgânicos, a última foto representa as ações sociais desenvolvidas pela empresa. Caso o usuário opte apenas pelo serviço de coleta de resíduos, ao final do mês terá direito a um vale compras na loja da empresa, onde poderá optar entre adubo e minhocas.

A Brotei não produz os baldes, apenas adapta-os para o reaproveitamento. Furos são feitos na parte inferior do balde para que haja a transição das minhocas e para a formação do adubo. A identidade visual escolhida pela empresa para os

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minhocários foi o tecido de algodão caracterizado por cores fortes, a chita (Figura 07).

Figura 07: Painel chita

Fonte: Autoria própria, 2017.

A empresa trabalha com compostagem e possui o minhocário, mas não apresenta nenhum produto destinado ao resultado proveniente do processo de reciclagem, o adubo. Dar um destino para o fertilizante gerado através do processo de vermicompostagem tornaria a ideia de possuir uma composteira mais atrativa pois possibilitaria o usuário explorar todo um ciclo de reciclagem, incluindo a introdução do produto final novamente a um sistema. Acrescentar uma horta com o intuito de fechar o ciclo de reciclagem de matéria orgânica auxiliaria os usuários que não possuem área verde em sua residência utilizar o adubo.

Vê-se como principal oportunidade de projeto a introdução de um produto voltado para o plantio, uma vez que a empresa não possui nenhum tipo de produto destinado ao plantio. Tal produto tornaria mais atrativa a ideia de possuir uma composteira, uma vez que o usuário disporia de todas as ferramentas para ter um ciclo constante de reciclagem de resíduos orgânicos.

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3 MÉTODO

O HCD, Human Centered Design, é um processo com diversas ferramentas de uso flexível, uma vez que para uma melhor adequação ao projeto, selecionam-se as ferramentas que mais se encaixam no contexto do projeto que está sendo desenvolvido. Tais ferramentas possibilitam a geração de soluções inovadoras para o mundo, mudando a vida das pessoas. Pode-se usar o HDC em conjunto com outros métodos para complementá-los, servindo como uma espécie de suporte.

Uma vez que o presente projeto volta-se para a geração de uma solução com cunho ambiental, o HCD vem para auxiliar a perceber as necessidades do usuário de forma diferente, e assim programar uma solução viável para o público alvo.

Para poder chegar a uma solução satisfatória utiliza-se a lógica das três lentes (Tabela 01), onde analisa-se as soluções perante cada lente. Tem-se uma função distinta analisada por cada lente, que estuda uma área específica do projeto. As lentes servem para visualizar uma possível realidade em que o projeto se encontra. Não se pode apenas visualizar os desejos do usuário (Lente do desejo), a alternativa gerada deve pensar na efetividade e na acessibilidade da alternativa a ser introduzida. A solução proposta deve estar inserida na intersecção das três lentes (Figura 08) para que contemplem da melhor forma possível os desejos dos usuários, mas também seja praticável e viável.

Tabela 01: Ferramentas das três lentes

Lente do desejo Lente da praticabilidade Lente da viabilidade O processo começa com a

identificação dos desejos dos usuários. A lente do desejo faz uma primeira examinação dos desejos,

necessidades e comportamentos dos

usuários.

Na segunda lente analisa-se a praticabilidade do projeto

diante a realidade do contexto em que o projeto

está inserido. Para isso avaliam-se as possibilidades

técnicas e organizacionais.

Nessa lente faz-se uma análise da parte financeira. As soluções geradas devem ser praticáveis,

mas também financeiramente viáveis aos usuários levando em consideração contexto em

que o projeto está envolvido.

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Figura 08: Três lentes do HCD

Fonte: IDEO, 2009.

O processo do HCD divide-se em 3 grandes fases, Hear (Ouvir), Create (Criar) e Deliver (Implementar). A primeira fase é Ouvir (Hear), nessa etapa deve-se coletar dados sobre as pessoas as quais o projeto é destinado, para isso faz-se pesquisas de campo e entrevistas. As histórias dos usuários e comportamento são pontos a serem levados em consideração, já que as próprias pessoas sabem melhor quais as suas necessidades e desejos. Nessa fase ouve-se as pessoas para saber em que contexto o projeto deve se adequar.

A segunda fase é Criar (Create), nessa etapa interpreta-se os dados coletados vindos dos usuários para então iniciar o processo de criação. Faz-se o uso de protótipos nessa etapa para facilitar a visualização da solução. Aconselha-se a abstrair

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as informações concretas ampliando o leque de possibilidades, posteriormente apura-se as possibilidades estreitando-as para implementá-las nas soluções a apura-serem criadas.

A última etapa é Implementar (Deliver), é nessa etapa que começa a execução das soluções geradas em conjunto com estimativas de capacitação, custos e receitas.

Cada uma dessas fases do HCD traz processos específicos a serem feitos, e exigem tempos diferentes de projetação. Durante todo o projeto o designer alterna entre pensamento abstrato e concreto dependendo da função a ser executada em cada uma das etapas. Por exemplo, no pensamento abstrato da fase de criação o designer irá utilizar os métodos de criatividade para gerar o conceito.

No esquema a seguir (Figura 09) fica visível que a fase Criar exige mais tempo que as demais e se passa mais no abstrato que no concreto.

Figura 09: Fases HCD

Fonte: IDEO, 2009.

O esquema apresentado acima (Figura 09) auxilia na formulação de um cronograma a ser seguido no desenvolvimento do projeto.

Todas as ferramentas inseridas no método auxiliam o designer a adequar o projeto à realidade do usuário, uma vez que nem sempre o projetista está familiarizado com o contexto em que a solução deverá ser implementada.

No caso desse projeto serão executadas as três fases do HCD até a etapa de prototipagem. A parte de implementação ainda não será realizada, mas todas as diretrizes para um futuro teste de implementação serão elaboradas no projeto.

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4 COLETA DE DADOS E RESULTADOS

A coleta de dados foi dividida em três partes: iniciando com a análise de similares, tendo como intuito reunir informações sobre o que existe no mercado atualmente. A segunda parte foi um questionário, executado para filtrar informações dos usuários e ouvir os seus desejos. A terceira parte foi o estudo do público alvo, para entender suas necessidades e estilo de vida, para na próxima etapa desenvolver os requisitos de projeto e assim desenvolver alternativas que melhor se adequem aos usuários alvo.

Após cada análise foram levantados algumas necessidades observadas que formaram os requisitos posteriormente. Cada necessidade destacada foi exemplificada com um símbolo no final da análise.

4.1 ANÁLISE DE SIMILARES

Três análises foram feitas e divididas em três principais categorias; composteiras domésticas (Figura 10), hortas modulares (Figura 11) e composteiras com hortas em um só produto (Figura 12).

Figura 10: Composteiras domésticas

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As composteiras domésticas variam de princípio ativo da reciclagem, enquanto os baldinhos A e B (Figura 10) são de vermicompostagem, os modelos c,d e E são de compostagem elétrica, sendo a composteira A produzida pela empresa parceira do projeto. Existem diversos tamanhos das composteiras de polímero(Figura 10- A e B), mas a maioria divide-se em 3 ou 4 camadas. Já os modelos de compostagem elétrica são mais complexos, contendo componentes eletrônicos e necessitando de uma fonte de energia para que a transformação ocorra.

Figura 11: Hortas domésticas

Fonte: Autoria própria, 2017

Hortas domésticas variam muito de tamanho e forma. Existem modelos para varandas e muros, como nos modelos A, B e C (Figura 11). Vale ressaltar que alguns edifícios não permitem alterações nas fachadas ou objetos na borda da varanda, sendo o modelo B (Figura 11) proibido em alguns lugares. Modelos E e H (Figura 11) apresentam maior complexidade, contendo mecanismos eletrônicos que vão além da função primeira da horta.

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Figura 12: Hortas e composteiras

Fonte: Autoria própria, 2017

Existem poucas opções diversificadas de composteiras com hortas, e em alguns casos a união dos dois produtos traz um estilo mais sofisticado e moderno (B,F e G- Figura 12). Os produtos variam de adaptações que remetem a improvisações caseiras (A- Figura 12), à modificações consideráveis nas residências, como pode-se ver no B (Figura 12), onde além de uma parede inteira coberta por hortas na cozinha há também parte do produto na mesa, que não se adapta à qualquer móvel, ou então na F (Figura 12) onde o usuário necessita trocar a bancada central da cozinha, onde os resíduos são jogados diretamente em um rebaixo, indo a composteira e contendo ainda uma horta de temperos na própria bancada.

Existem diversos modelos tanto de hortas, quanto de composteiras, variando em tamanho e complexidade. Para o atual projeto entende-se que o conjunto deve ser simples, permitindo um uso prático e claro. Além disso deve ser compacto, diferente de alguns modelos vistos, que ocupam grande espaços ou requerem modificações no espaço onde irão ser instalados. Tais necessidades irão nortear os requisitos do projeto. Os requisitos extratidos foram o de simplicidade e compacto (Figura 13).

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Figura 13: Simplicidade e compactação

Fonte: Autoria própria, 2017

4.2 ANÁLISE DOS PRODUTOS DA EMPRESA BROTEI

Além dos serviços de coleta seletiva, a Brotei tem composteiras e balde para a coleta seletiva. Para compreender as escolhas da empresa que refletem nos produtos, foi elaborado um painel com os produtos da empresa atualmente comerializados (Figura 14).

Figura 14: Baldes e composteiras da Brotei

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O foco da Brotei é em relação a gestão de resíduos orgânicos. A empresa contém coleta seletiva de resíduos orgânicos, que são recolhidos em baldes (Figura 14). Após a coleta, que pode ser diária ou semanal dependendo do volume, os resíduos dos baldes são compostados pela empresa. O adubo gerado é utilizado pela empresa em suas hortas, nas hortas comunitárias cultivadas pela Brotei, e disponibilizado no site, onde os usuários podem adquirir. Ao fim da coleta, o usuário que tenha optado pela coleta seletiva ganha um vale-presente de R$9,00 para usar entre os produtos e serviços da empresa.

Caso o usuário tenha interesse de compostar os próprios resíduos, a empresa contém minhocários. Os baldes utilizados na vermicompostagem são os mesmos da coleta seletiva. Todos os baldes são doados e coletados para serem reutilizados pela empresa. Os baldes são encapados com tecido de algodão, chita. A empresa envia os baldes para um centro de reabilitação onde são encapados com o tecido: “São artesanais produzidos como uma atividade profissionalizante e terapêutica, em parceria com espaços de reabilitação (atualmente um centro de mulheres dependentes químicas)”. No caso das composteiras, além de encapado, o balde tem sua base furada para que possa ocorrer a vermicompostagem.

A empresa preza muito pela reutilização, seja no material dos baldes, ou no próprio processo da compostagem. Sendo assim, extrai-se como requisito a utilização de materiais alternativos reutilizados na composição do produto final (Figura 15).

Figura 15: Reutilização de materiais

Fonte: Autoria própria, 2017

Durante o processo de análise percebeu-se que a melhor alternativa para a composteira seria manter o padrão utilizado atualmente pela empresa, visto que o

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material utilizado na composteira são baldes doados que a empresa adapta para a utilização do minhocário (vermicompostagem). Uma vez que a empresa já possui uma composteira que apresenta um uso fácil e satisfatório, mudar o atual padrão não seria vantajoso para a empresa. Nesse sentido, optou-se então pela utilização da atual composteira e agregar valor focando na horta e na utilização do adubo provindo da compostagem.

Além disso, foi possível analisar que a composteira doméstica produzida pela Brotei não permite a reciclagem de todos os tipo de resíduos orgânicos, devido à algumas restrições provindas das minhocas, o tamanho da composteira e o volume de resíduo adequado a ser reciclado a cada ciclo. Partindo do princípio que existem restrições e recomendações sobre o uso da composteira e da inexistecia de algum material explicativo, vê-se como necessidade de projeto o desenvolvimento de um manual contendo informações necessárias e importantes seriam trazidas aos usuários, tanto para uma melhor utilização do produto, mas também algumas informações sobre a redução no impacto ambiental resultado da reciclagem de resíduo orgânico através da compostagem.

4.3 QUESTIONÁRIO

Para levantar dados sobre o público alvo e seu estilo de vida foi colocado em prática a fase Ouvir do HCD. Visando coletar dados dos possíveis usuários do produto foi elaborado um questionário com dez perguntas, disponibilizado na internet. O número total de respostas foi de 54 usuários.

As três primeiras perguntas foram elaboradas para identificar o tipo de residência do usuário, disponibilidade de espaço livre e número de pessoas que vivem no local.

A primeira pergunta foi “Em que tipo de residência você mora?”. 29 pessoas responderam apartamento e 25 responderam casa (Gráfico 01).

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Gráfico 01: Pergunta 1

Fonte: Autoria própria, 2017

A segunda pergunta foi “Quanto espaço tem onde você mora?” (Gráfico 02). 24 pessoas responderam que têm bastante espaço livre em suas residências, já 30 pessoas marcaram que possuem pouco espaço livre.

Gráfico 02: Pergunta 2

Fonte: Autoria própria, 2017

Partindo de tal resultado vê-se a necessidade do produto não ocupar grandes espaços, sendo necessário conceber uma alternativa compacta, possibilitando a adequação em diversos espaços.

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estruturada para entender qual a dimensão apropriada para uma horta, de acordo com o número de pessoas que residem no local. O número de residentes e suas preferências de cultivo vão influenciar diretamente no volume da horta. A terceira pergunta foi “Quantas pessoas vivem onde você mora? (Incluindo você)” (Gráfico 03). Observando as respostas foi possível perceber que o maior número de respostas foi de dois indivíduos morando na mesma residência, tendo 21 respostas. Seguido disso dez pessoas afirmaram que três pessoas residem no mesmo local, e nove pessoas responderam que quatro indivíduos moram na mesma residência. Seis pessoas afirmaram que moram sozinhas. Houve uma resposta referente a oito indivíduos morando no mesmo local e uma resposta sobre sete indivíduos na mesma residência. Mesmo que o maior número de respostas foi em duas pessoas no mesmo local, o fato de ter várias respostas diferentes faz com que a ideia de modularidade se torne atrativa para o projeto, uma vez que sendo possível adaptar o produto, o número de pessoas a serem contempladas aumenta.

Gráfico 03: Pergunta 3

Fonte: Autoria própria, 2017

A pergunta de número quatro focou na forma de descarte dos resíduos dos usuários, “Como você separa o lixo domiciliar?”. Dentre as respostas (Gráfico 04),

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apenas a minoria (16,7%) dos usuários separam os resíduos da forma ideal ( Reciclável, orgânico e rejeito). 33,3% não separam, jogando todos os resíduos junto. A maioria (48,1%) separa apenas reciclável e orgânico e 1,9% responderam que descartam de outra forma.

Gráfico 04: Pergunta 4

Fonte: Autoria própria, 2017

Foi questionado na pergunta de número cinco qual a razão pela atual maneira de descarte na residência. A resposta mais frequente foi referente à forma que o usuário aprendeu, sendo na escola ou em casa com a família. Muitos afirmaram que o motivo de não separar o rejeito do orgânico é devido a não ter tal opção no local da coleta onde moram, então por comodidade acabam por unir essas duas matérias. Como exemplo citado por um usuário, o prédio onde reside recolhe apenas reciclável e orgânico, por não ter conhecimento de outra forma de descarte possível, vem a descartar juntos, “Aqui no edifício que moro é separado apenas o orgânico e o reciclável, e como não sabem nem o que vai em cada um, imagina separar de outra forma. Tinha gente botando fralda suja no reciclável, aí colocaram uma placa do que pode ir em cada um.”

Outro usuário afirmou descartar todos os resíduos juntos justificou o ato pela praticidade e pela falta de informação: “Pela praticidade e por não saber ao certo como

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separar. Se o filtro de café estiver sujo com café, então o filtro passa a ser orgânico ou ainda faz parte de lixo reciclável como papel? (esse é o tipo de pergunta que faz com que eu acabe juntando tudo por desconhecer).”

Na pergunta número seis e sete foi questionado o interesse do usuário em ter uma composteira e horta em sua residência. A maioria das respostas foi positiva para ambas as questões. A maioria das pessoas mostraram interesse por ter, não somente a composteira para descartar os resíduos orgânicos, mas também em ter uma horta para poder usar o adubo gerado pela compostagem. O resto das respostas variou entre não ter espaço para realizar tal processo de reciclagem e não ter interesse. Pode-se observar nas respostas um certo equívoco em relação ao espaço que uma composteira ocupa, e qual as necessidades de ambiente para mante-la. A exemplo disso um usuário afirmou ter bastante espaço livre, mas por não conter grama em seu pátio, não teria espaço nem para uma composteira, como para uma horta.

Foi questionado na pergunta de número oito (Gráfico 05) que tipo de horta seria interessante para o usuário. Tal pergunta trouxe exemplo de hortas, e se o usuário teria interesse em uma com mais variedade, com verduras, ervas e temperos, ou algo mais básico, como apenas temperos. A pergunta visou saber qual o volume e tamanho apropriado para o público alvo: 32,6% dos usuários afirmaram que têm interesse em uma horta pequena, com alguns temperos, já 47,8% gostaria de uma horta bem variada, tanto com vegetais quanto com temperos e ervas. 11,4% dos usuários responderam que gostariam apenas alguns tipos de verduras e 8,2% outros.

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Gráfico 05: Pergunta 8

Fonte: Autoria própria, 2017

As perguntas de número nove e dez questionavam que fatores levariam o usuário tornar-se adepto à prática de reciclagem de resíduo orgânico através da compostagem e qual fator os levariam a aderir à uma horta domiciliar. Dezesseis das respostas afirmaram que o fator mais relevante para aderir a uma composteira é a questão sustentável junto com a oportunidade de promover o descarte ideal. Já sobre a horta, os principais fatores seriam a saúde, o meio ambiente e também lazer. A exemplo disso há a seguinte resposta de um dos usuários: ‘’Alimentação, questões estético-sensoriais, conforto térmico, sombreamento. O contato com as plantas e o acompanhamento de seu desenvolvimento também se mostra uma atividade prazerosa e tranquilizante por si só. ‘’

As respostas obtidas fizeram com que fosse possível levantar alguns requisitos (Figura 16), como a necessidade de modularidade no produto, para que seja possível adaptar o conjunto para os diferentes tipos de usuários, e a necessidade de verticalização , uma vez que os locais disponíveis para dispor o produto tendem a ser espaços pequenos.

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Figura 16: Modularidade e verticalização

Fonte: Autoria própria, 2017

4.4 Público alvo

Após a análise de similares e o questionário foi possível determinar o público alvo do projeto. Como principal público alvo tem-se pessoas interessadas ou em busca de uma destinação correta de seus resíduos orgânicos. A partir do questionário executado vê-se que o tamanho e praticidade dos produtos tem grande peso, uma vez que as moradias nas grandes cidades vem apresentando tendências de redução de espaço. Faz-se do público alvo pessoas que moram em apartamentos ou casas com pouco espaço livre, como indicado nas perguntas de número um e dois do questionário. Muitas pessoas apontaram a praticidade como um fator importante devido ao seu estilo de vida. Portanto, para compreender melhor as escolhas dos usuários foi elaborado um painel de estilo de vida (Figura 17).

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Figura 17: Estilo de vida do público alvo

Fonte: Autoria própria, 2017

É possível ver nas imagens que o público alvo tem interesse em um estilo de vida mais saudável e mais sustentável, preocupado em como suas ações afetam o planeta. Também é possível perceber que a alimentação é algo em destaque, como alimentos saudáveis, orgânicos e até plantados em casa. Já em relação à residência, o local não contém muito espaço livre, precisando de produtos compactos e melhor aproveitamento possível de espaço.

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5 REQUISITOS DO PROJETO

Cada uma das análises anteriores levantaram pontos a serem introduzidos no projeto em forma de restrições e requisitos. Da análise de similares até a análise do público alvo foram destacados ícones a cada requisito observado para formar o seguinte painel (Figura 18):

Figura 18: Ícones dos requisitos

Fonte: Autoria própria, 2017

O produto tem que ser simples no sentido de ser prático e de fácil utilização para os usuários. Além disso tem que ser compacto e fabricado com materiais reutilizados. Considerando que certas moradias terão espaços diferentes para acomodar uma composteira ou horta, a modularidade se torna um fator relevante para o desenvolvimento deste produto. Além disso a verticalização torna-se interessante pois percebe-se a questão de redução dos espaços residenciais.Nesse exato ponto que o designer entra como um agente de mudança, trazendo ideias para o maior conforto e maior funcionalidade para os usuários.

Para uma melhor visualização dos requisitos do projeto elaborou-se uma tabela (Tabela 02) baseada no livro 'Como se cria', da autora Ana Veronica Pazmino, trazendo uma avaliação dos requisitos e uma ordem de importância.

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Tabela 02: Avaliação dos requisitos

Requisitos Objetivos Classificação

Permitir a reciclagem de resíduos orgânicos

Compostagem Necessário

Permitir a utilização do produto final da compostagem (Adubo)

Horta Necessário

Adaptação em diferentes espaços Modularidade Desejável Menor impacto ambiental negativo

possível

Materiais alternativos Necessário

Praticidade e simplicidade Não necessitar de muitos processos no uso

Desejável

Durabilidade Materiais adequados para as possíveis intempéries

Necessário

Economia de espaço Verticalização e compactação Desejável Reutilização de materiais Reciclagem Necessário Conscientização acerca do uso e

benefícios do produto

Material escrito Necessário

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6 RESULTADOS DA FASE DE CRIAÇÃO

Nesta etapa aplicou-se a segunda fase do HCD, a fase de criação:

6.1 ALTERNATIVAS GERADAS

Uma vez estabelecidos os requisitos para guiar o desenvolvimento do produto, foram realizados métodos de criatividade. Os métodos escolhidos foram a matriz morfológica e o mapa mental. Foi estipulado que o produto será um kit que parte da compostagem até o plantio. O conjunto será composto por uma composteira já desenvolvida pela Brotei, uma base de apoio para a horta, vasos para o cultivo da horta, e um material impresso para auxiliar o usuário, tanto na utilização do produto, quanto na conscientização.

Após filtrar os resultados dos métodos de criatividade foram desenvolvidas cinco alternativas:

Figura 19: Alternativa 01

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A alternativa de número um (Figura 19) dispõe de uma composteira central onde duas plataformas arqueadas de tamanhos distintos se encaixam na lateral. A plataforma maior contém quatro cavidades que formam a horta. Já a plataforma menor tem apenas duas cavidades para plantar. Caso a composteira fosse colocada em um canto, basta apenas o usuário girar uma das plataformas criando um ângulo de 90º graus para adaptar a composteira ao local desejado. Na frente de cada cavidade há um espaço para escrever uma identificação de qual vegetal ou tempero está plantado no local.

Figura 20: Alternativa 02

Fonte: Autoria própria, 2017

A alternativa número dois (Figura 20) traz o princípio de verticalização baseada em varais retráteis. O usuário adequaria o tamanho da horta à parede abrindo ou fechando a grade de apoio. Os vasos possuem furos na parte traseira

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onde ganchos se adaptam para prender na base. A ideia é conter formatos diferentes de vasos, para o usuário customizar o produto da maneira que quiser e que melhor se adeque ao local.

Figura 21: Alternativa 03

Fonte: Autoria própria, 2017

A terceira alternativa (Figura 21) é composta de dois apoios de madeira paralelos, onde estruturas cilíndricas são apoiados nos rebaixos. Os vasos possuem três modelos diferentes e sua fixação à base se dá através de ganchos. O modelo principal seria composto de duas peças de madeira e três cilindros. Caso o usuário necessite de uma horta maior, basta comprar outras peças e combiná-las de acordo com o espaço disponível.

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Figura 22: Alternativa 04

Fonte: Autoria própria, 2017

A alternativa de número quatro (Figura 22) é composta de diversos painéis de madeira provindos de pallets. Os tamanhos variam para que cada usuário possa comprar a que melhor se adapte na sua residência ou comprar mais de um para formar uma composição. A fixação dos vasos é feita através de ganchos onde encaixam em furos dispostos ao longo do painel de madeira.

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Figura 23: Alternativa 05

Fonte: Autoria própria, 2017

A última alternativa gerada (Figura 23) parte do mesmo princípio da alternativa dois (Figura 20), o varal retrátil. O varal é composto por varas de bambu articuladas e uma base metálica para fixar na parede. O tamanho e a distância entre as barras é designada pelo usuário, ao puxar para baixo o varal aumenta de comprimento.

6.2 ALTERNATIVA ESCOLHIDA

Para determinar quais alternativas melhor se encaixam na proposta do projeto foi elaborada uma matriz onde se atribuiu uma nota de 1 à 5 para cada requisito atingido

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pela alternativa (Tabela 03).

Tabela 03: Requisitos e avaliação alternativas Requisitos Alternativa 01 Alternativa 02 Alternativa 03 Alternativa 04 Alternativa 05 Permitir a utilização do produto final da compostagem (Adubo) 5 5 5 5 5 Adaptação em diferentes espaços 3 5 4 4 4

Menor impacto ambiental negativo possível 3 5 4 4 4 Praticidade e simplicidade 4 4 4 4 5 Economia de espaço 3 5 4 4 5 Reutilização de materiais 3 5 5 4 5 Total 21 29 26 25 28

Fonte: Autoria própria, 2017

As alternativas que melhor se adaptaram ao requisitos foram as alternativas dois e cinco (Figura 24).

Figura 24: Alternativas selecionadas

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Ao comparar os requisitos e as alternativas, a solução que melhor contempla-os é a alternativa dois, pois possibilita maior adequação ao espaço, uma vez que se molda tanto na vertical quanto na horizontal.Já a alternativa cinco molda-se à necessidade do usuário apenas na vertical. Além disso o apelo estético presente na alternativa dois supera o da alternativa cinco.

A solução gerada apresenta algumas precipitações, como na escolha de materiais, necessitando de um maior aperfeiçoamento. No tópico seguinte será analisada a alternativa escolhida com o intuito de refina-la, tornando-a mais adequada ao projeto. Nessa etapa há a análise de praticabilidade do método HCD.

Referências

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