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O USO DE TECNOLOGIAS COMPUTACIONAIS PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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Academic year: 2021

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O USO DE TECNOLOGIAS COMPUTACIONAIS PARA UMA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Jusciel Kvan Gomes de Souza

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UFT- Universidade Federal do Tocantins

juscielkvan@gmail.com Misleine Andrade Ferreira Peel2

UFT- Universidade Federal do Tocantins

misandrade22@gmail.com

Resumo:

Este trabalho foi desenvolvido pensando em uma metodologia para trabalhar com crianças com necessidades especiais, baseando-se nos estudos realizados por Maria Montessori, para isso, nós nos apropriamos de uma das tendências em Educação Matemática, a saber, a tecnologia computacional para o ensino da Matemática, promovendo uma interação da criança com o computador, pensando na utilização deste instrumento em atividades educativas, com foco na matemática escolar. É fácil perceber que hoje em dia o uso de tecnologias está presente em nosso cotidiano, tornando-se até mesmo uma necessidade, então por que não usar isto como instrumento facilitador de ensino? Entendemos que o uso da tecnologia computacional deve estar cada vez mais inserido nas metodologias de ensino, pois abre um leque de inovações, que podem ser aplicadas em uma educação inclusiva. O jogo o qual desenvolvemos, foi criado na linguagem de programação do Software Scratch com intuito de aprimorar a capacidade motora e ao mesmo tempo ensinar conceitos matemáticos dos números inteiros .

Palavras-chave: Educação inclusiva. Educação Matemática. Ensino. Tecnologia

computacional.

Uso de Tecnologias no Ensino da Matemática

O uso da tecnologia está tão presente em nosso dia-a-dia, então por que ela não é utilizada com frequência nas escolas? Essa pergunta não é tão fácil de ser respondida, afinal essa inutilização, se deve a diversos fatores, um deles que queremos considerar neste trabalho é o fato de que os professores, geralmente, não tem uma formação adequada para utilizar as inovações tecnológicas em sala de aula, como um instrumento

1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Tocantins. 2 Mestre em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais, Especialista em Educação Matemática

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de ensino. Esta falta de preparo adequado acaba por prejudicar tanto o docente quanto os discentes, pois o professor tende a ficar preso a métodos tradicionais, limitando as aulas apenas a utilização dos materiais didáticos usuais como a lousa e o pincel. Isso tem consequências na forma que os alunos aprendem.

É sabido que a educação tem muitos problemas no processo de ensino e de aprendizagem, nos queremos, aqui evidenciar os métodos tradicionais de ensino, que ainda se fazem presente em boa parte das aulas de matemática, conforme observamos em nossa própria vivência escolar. Acreditamos que o processo de ensino deve ser repensado, defendemos um ensino reestruturado, que esteja em constante movimento, promovendo o aprimoramento e o desenvolvimento integral dos sujeitos, entendemos que a sociedade evoluiu e o perfil dos estudantes de hoje em dia é diferente dos estudantes de vinte anos atrás, devido a metamorfose social. As estruturas escolares também devem adequar-se as inovações que tendem a surgir com o avanço tecnológico. Mas apenas mudanças estruturais não bastam. Segundo Prado:

No entanto, não basta a escola adquirir recursos tecnológicos e outros materiais pedagógicos sofisticados e modernos. É preciso ter professores capazes de atuar e de recriar ambientes de aprendizagem. Isso significa formar professores críticos, reflexivos, autônomos e criativos para buscar novas possibilidades, novas compreensões, tendo em vista contribuir para o processo de mudança do sistema de ensino. (PRADO, 1999, p. 14)

No ensino da matemática o conservadorismo é bastante visível, pois grande parte dos professores continuam utilizando metodologias ultrapassadas, em que os estudantes apenas copiam e reproduzem o que o professor faz. Isso interfere na aprendizagem desses estudantes, pois aprendem apenas como fazer uma determinada operação matemática e não o porque de fazê-la, tendo apenas um aprendizado superficial em torno dos conteúdos matemáticos abordados, sem explorar e desmembrar todo o conhecimento por traz daquilo, deixando assim um déficit de conhecimento.

Educação Inclusiva

Além de haver mudanças na metodologia utilizada pelo docente em sala de aula, também deve haver mudanças na forma que os alunos são tratados, pois os alunos que possuem facilidades de compreensão do conteúdo abordado, são, em muitos casos, os que obtêm mais atenção do professor em sala de aula, enquanto que os estudantes que possuem dificuldades de compreensão do conteúdo são deixados de lado, podemos dizer que são “excluídos”. Sendo que a dificuldade que eles possuem deveria ser o

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motivo pelo qual o professor deveria dar mais atenção para estes alunos, para entender os motivos que levam a dificuldade na compreensão do conteúdo.

A presença de crianças portadoras de necessidades especiais na escola é garantida por lei, percebemos que historicamente, esses estudantes não são excluídos apenas do ambiente escolar, mas também a exclusão ocorre no meio social em que o indivíduo vive, algumas vezes causada pela própria família. A família acha que protegendo, “escondendo” a criança portadora de necessidades especiais, está ajudando em seu desenvolvimento, mas o que ocorre é o contrário pois, isso deixa o indivíduo cada vez mais dependente. Acreditamos ser papel do professor possibilitar a inclusão tanto no ambiente social quanto no ambiente escolar. Afinal, a pessoa com necessidades especiais é um ser humano como qualquer outro; e precisa ser atendida em suas necessidades educacionais.

Percebemos que a má formação dos professores como uma das barreiras que devem ser quebrada, para darmos mais um passo em direção a uma educação inclusiva, que, de fato, inclua o máximo de pessoas possíveis. Este debate sobre inclusão não é algo novo, pois vem se discutindo sobre isso desde do século passado. Pois segundo Mendes:

Os movimentos sociais pelos direitos humanos, intensificados basicamente na década de 1960, conscientizaram e sensibilizaram a sociedade sobre os prejuízos da segregação e da marginalização de indivíduos de grupos com status minoritário, tornando a segregação sistemática de qualquer grupo ou criança uma prática intolerável (MENDES, 2006, p.388)

Movimentos como este tiveram grande importância na luta contra o preconceito social com os indivíduos portadores de necessidades especiais. Esta luta também teve reflexos no ambiente escolar.

Em nossa experiência de formação no curso de licenciatura em Matemática percebemos que é bem discreto o tratamento do tema, percebemos que pouca importância é dada a este problema, e a falha na formação é fácil de ser percebida quando estamos na regência do estágio. Uma graduanda Marlene Alves de Alecrim Soares, do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Tocantins (UFT) campus de Araguaína, escreveu um relato sobre sua experiência no estágio. Descrevendo o seguinte:

Durante o meu período de estágio, observei uma grande deficiência de planejamento no decorrer das aulas. Em uma sala do sexto ano havia uma aluna com necessidades especiais, e a única atividade que observei que ela realizava era pintar, naquele local havia folhas e lápis de cor para ela ficar

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pintando durante o decorrer das aulas.

Também em poucas vezes que acompanhei o planejamento do professor, não houve atividades desenvolvidas voltadas para esses alunos. O professor de estágio ainda comentou sobre a inclusão escolar e as atividades pedagógicas que devem ser desenvolvidas, mas, ainda está no papel, a sala de recursos que deverá estar apta a receber esses alunos especiais não tem nenhum material didático.

Observando este relato fica evidente o despreparo das escolas, para receber estes alunos que participam do programa de inclusão escolar. Como base na lei N° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 no Art. 59, observamos que os professores do ensino regular precisam estar capacitados para a integração desses alunos com deficiência nas classes comuns. No capítulo V, onde relatam sobre a Educação Especial, destacamos dois pontos que consideramos muito importante para esse momento de inclusão escolar que vivemos, por isso achamos necessário introduzi-lo neste trabalho. O capítulo diz o seguinte:

CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. […]

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:

I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II - Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; […]

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). (BRASIL, 1996)

A citação acima nos faz indagar sobre o que está ocorrendo no sistema atual de educação, afinal os professores da educação básica, em sua grande maioria, não estão preparados para lidar como esses tipos de alunos, tendo consequências na forma que este estudante é tratado dentro da sala de aula. Para reverter essa situação os docentes devem se especializar-se ou capacitar-se nesta área de ensino, dessa forma saberá como lidar com esse tipo de situação, defendemos que a formação inicial do professor deve

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abordar essa problemática com mais atenção.

Defendemos também que em meio ao mundo modernizado que vivemos hoje, devemos utilizar as tecnologias computacionais como ferramenta de ensino da matemática, utilizando-a de forma que inclua todos os estudantes de uma determinada turma. O uso de tecnologias computacionais pode vir a despertar o interesse dos estudantes em geral pela Matemática.

Uso do Scratch na Educação Inclusiva

Pensando na educação inclusiva, durante as aulas de Tendências em Educação Matemática desenvolvemos um jogo criado no software Scratch. Este jogo criado, nós chamamos de ‘Chuva das Operações’, pois através dele é possível trabalhar com os estudantes, operações básicas como ‘soma’ e ‘subtração’. O Scratch é segundo Sápiras, Vecchia e Maltempi:

O Scratch é um software livre desenvolvido no MIT (Massachustts Institute of Technology) que se constitui como uma linguagem de programação visual e permite ao usuário construir como uma linguagem de programação visual e permite ao usuário construir interatividade, música e arte. Para manuseio do Scratch, o usuário necessita expressar seu pensamento na forma de comandos. Toda ação de qualquer objeto deve ser programado e explicitada. (SÁPIRAS; VECCHIA; MALTEMPI, 2015, p. 979)

Este jogo é direcionado, principalmente, a crianças com necessidades especiais, psicomotoras, pois possibilita atividades motoras, tendo como objetivo aperfeiçoá-la, o jogador se sentirá estimulado a movimentar os braços. Além disso pode também proporcionar um desenvolvimento mental, já que ajudará em sua concentração e percepção matemática.

O jogo criado no software Scratch teve como base as pesquisas Maria Montessori. A ideia é tornar o cálculo de operações mais presentes no nosso dia-a-dia de forma divertida e dinâmica para o estudante, para que aprendam se divertindo. No jogo temos como cenário uma sala de aula, o personagem principal é uma mochila chamada ‘Edi’, além do personagem principal outros componentes são alguns números como sinais de operações e o placar que mostra a quantidade de pontos obtidos.

O jogo funciona como uma calculadora, em que o jogador recolherá alguns números que caem aleatoriamente, cada número vem acompanhado de um sinal, esses sinais são o de adição representado por (+) e o de subtração representado por (-). Se o jogador pegar um número que venha acompanhado do sinal de adição, ele terá o valor

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do número adicionado à pontuação da rodada, porém se o número estiver acompanhado de do sinal da subtração, o valor correspondente ao número será retirado de sua pontuação.

Uma das principais propostas deste jogo é que a criança se desenvolva em seu próprio ritmo, de forma que apenas quando ela se sentir preparada para avançar de nível no jogo, é quando o jogo irá avançar, isso é claro como a ajuda de um acompanhante, este acompanhante irá apenas observar o desenvolvimento da criança sem interferir diretamente.

Conclusão

A realização deste trabalho esteve voltado para a inclusão escolar de crianças portadoras de necessidades especiais, em que discutiu-se sobre formas de contornar este problema aparente em nossa sociedade. Buscando formas de incluir esses estudantes, utilizando a tecnologia computacional, utilizando o método montessoriano como norteador.

Apesar de haver várias barreiras que impedem a utilização dessas tecnologias, os docentes devem tentar o máximo possível utilizá-las, pois possibilitará uma experiência diferenciada para os estudantes, e pode ajudar no desenvolvimento da aprendizagem.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição (1996). Dos níveis e das modalidades de educação e ensino. Brasília: 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm Acesso em: 16 fev. 2018

MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no

Brasil. Revista Brasileira de Educação, pp. 387-405, v. 11, n. 33, set/dez. 2006

PRADO, M. E. B. B. O uso do computador na formação do professor: um enfoque

reflexivo da prática pedagógica. São Paulo: USP e Estação Palavra, 1999.

SÁPIRAS, Fernanda Schuck; VECCHIA, Rodrigo Dalla; TEMPI, Marcus Vinicius.

Utilização do Scratch em sala de aula. Educ. Matem. Pesq. São Paulo, v.17, n. 5, pp.

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