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Apresentação
Sonia M. Vanzella Castellar
Paula Cristiane Strina Juliasz
Estevolume propõe uma análise do uso de diferentes linguagens imagé-ticas, em sala de aula, fundamentada em bases teóricas que permitem desenvolver propostas de atividades envolvendo diferentes imagens, fixas ou não, para estimular a construção dos saberes escolares e desenvolver a capacidade leitora e escritora dos alunos.
A intenção é explorar e discutir como é possível, a partir de aportes dos princípios da construção do conhecimento, estimular crianças, jovens e adultos a se envolver com a construção do seu próprio conhecimento.
O uso das diferentes linguagens imagéticas como estratégia didática faz parte das metodologias ativas e contribui para desenvolver a capacidade leitora e escritora dos alunos.
Os atos relativos à construção do conhecimento que serão apresentados por meio das metodologias ativas com o uso
de linguagens imagéticas estão fundamentados em uma
perspectiva socioconstrutivista, compreendendo que a
aprendizagem ocorre na interação entre os indivíduos do processo, com o objetivo de torná-Ia significativa.
Em um dia, quantas imagens podem ser observadas?
O fato é que se vive hoje num contexto de inúmeros e
constantes estímulos visuais: são casas, sobrados, prédios etc. em diversos estilos; carros de diferentes modelos; pessoas vestidas de várias maneiras e usando adereços diversificados; a poluição visual das cidades, com seus muros pichados, cartazes, anúncios publicitários expostos nos mais variados portadores, imagens da televisão e da internet, sem esquecer das revistas e jornais. Alguns des-ses elementos visuais sensibilizam mais, enquanto outros
passam despercebidos. A verdade é que, na sociedade
atual, a imagem vem ocupando um espaço cada vez mais
privilegiado, e isto vem se ampliando a cada dia, graças às novas tecnologias, que permitem a criação de imagens aprimoradas e a sua divulgação de forma instantânea.
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Isso acontece também no contexto escolar, uma vez que as imagens -esculturas, pinturas, cartazes, mapas, fotografias, anúncios publicitários etc. - fazem parte do cotidiano dos alunos. Esses elementos visuais que constituem, juntamente com outros, as chamadas linguagens imagéticas têm muito a ensinar, uma vez que estão carregados de informações sobre acultura eo mundo. Cabe, portanto,à
escola levar o cotidiano para a sala de aula e trabalhar a experiência dos alunos, bem como sua realidade, garantindo o desenvolvimento das habilidades de leitura de imagens para promover a alfabetização visual. É importante que os alunos compre -endam as imagens em seus contextos e tenham condições de conhecer melhor a sociedade em que vivem; e nesse processo poderão despertaro olhar observador, curioso e investigador para fazer descobertas acerca de suas próprias concepções e emoções ao observar uma imagem. Além disso, cabe
à
escola contribuir para a formação de leitores autônomos e críticos de todos os textos que os cercam, inclusive os imagéticos.Você já deve ter ouvido falar que uma imagem vale mais que mil palavras, não é mesmo? No entanto, é necessário compreender o contexto em que a imagem está inserida e o que ela revela ou comunica, ou seja, é preciso dar sentido ao recurso imagético. Analisar, de forma significativa, fotografias, pinturas, objetos, esculturas, mapas, grafites, charges etc., relacionando os recursos neles contidos aos assuntos estudados, instiga a observação e a percepção dos alunos.
Isabel Calado afirma que:
[... ] se ainda há bem pouco tempo uma imagem valia por mil
pa-lavras (admitamos que o estado de raridade que cria o valor), hoje
em dia, em muitos casos, a desmultiplicação imediata de cada
imagem retira-lhe essa possibilidade de valer (de valor) (CALADO,
2000, p. 734).
Diante disso,como entender as pinturas corporais das diferentes tribos indígenas
sem visualizar uma fotografia? Como compreender as vestimentas usadas pela família real na chegada ao Rio de Janeiro, em 1808, sem observar uma pintura
que retrata a época? Como entender o surgimento de um
tsunami
sem analisarum esquema gráfico ou observar como estão dispostas as placas tectônicas em uma ilustração?
Uma pintura, um gráfico, uma fotografia ou qualquer outra imagem podem
permitir ao aluno a compreensão de um fato ou de um fenômeno com
mais objetividade. No contexto do processo de ensino-aprendizagem, essas
diferentes linguagens podem ser tratadas como conteúdos, como fontes de
informação, como fontes documentais, demandando uma observação
cui-dadosa para prosseguir com uma descrição e análise. Essasanálises podem ter cunho histórico, que revelem situações sociais e culturais de uma época; podem levar os alunos a imaginar, por exemplo, a vida das pessoas a quem
pertenceu um determinado objeto, como e para que era usado, bem como
a localização geográfica dessas pessoas e objetos. Esse tipo de
questiona-mento introduz o pensaquestiona-mento histórico a partir da ideia de um objeto como
documento de uma comunidade e de um estilo de vida. Compreender as
fontes documentais como objetos, fotografias, documentos etc. é muito
importante para conhecer a memória de um lugar e de um tempo, em uma
investigação histórica.
No contexto do estudo das diferentes linguagens imagéticas, podem-se
explorar também capas de revistas,
outdoors,
propagandas, quadrinhos,cinema, grafites etc., pois isso propicia ao aluno deparar-se com diversas
linguagens, cada uma com sua configuração, qualidade de definição de
imagem, uso de cores, ou seja, tudo o que contribui para que os objetivos
na produção da imagem sejam atingidos.
Éimportante saber e questionar oque se ensina, para que se ensina, para
quem se ensina, comose ensina, a fim de entender a dinâmica dos processos
educativos e o papel da imagem na metodologia ativa. A imagem, seja fixa
ou móvel, deve ser um elemento problematizador e não uma mera ilustração
para um aluno passivo observá-Ia. Ela deve estar atrelada ao conteúdo a ser
trabalhado e propiciar ao aluno o levantamento de hipóteses, a reflexão,
a apreciação e até a produção, a partir da análise, seja contextualizando o
conteúdo, seja desenvolvendo conceitos fundamentais como ângulo,
com-posição, foco, luz, movimento, perspectiva etc.