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FRONTEIRAS DA LIBERDADE: ALFORRIAS EM ALEGRETE ( )

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FRONTEIRAS DA LIBERDADE: ALFORRIAS EM ALEGRETE (1832-1871)

Marcelo Santos Matheus Mestrando do PPGH da Unisinos, bolsista CNPq

Resumo: A presente comunicação tem por finalidade analisar o processo de passagem

da escravidão para a liberdade, tendo as Alforrias como principal fonte do corpo documental, no município de Alegrete entre os anos de 1832 e 1871. A metodologia utilizada foi a quantitativa, baseada nos pressupostos da História Serial. A principal influência teórica deste trabalho foi a nova historiografia referente à escravidão no Brasil, que surgiu nos anos 1980 e consolidou-se na década de 1990, a qual entende a ação dos cativos como elemento fundamental para compreensão das relações escravistas. Assim, de acordo com os resultados parciais encontrados, já que esta é uma pesquisa que está em seu início, percebeu-se que as mulheres eram as que mais alcançavam a liberdade. Este resultado enseja um aprofundamento do estudo, por três razões: os dados referentes aos censos populacionais existentes para o período indicam uma presença maior de homens entre a população escrava; a região da Campanha, onde está inserido o município de Alegrete, tinha como principal atividade econômica a pecuária (trabalho exercido essencialmente pelos homens); por fim, a região foi palco de diversos conflitos bélicos, os quais também abriam a possibilidade de se chegar a liberdade.

Palavras-chave: Alegrete; Alforrias; Liberdade.

Introdução

Em 28 de julho de 1832 foi registrada a primeira carta de alforria da vila de Alegrete. A mulata Cipriana Maria de Jesus pagou 12 doblas mais a sisa pela sua manumissão a José Antônio da Silva.1 Com isso, ela se tornou o primeiro escravo a alcançar a liberdade através da alforria naquele município, prática costumeira tanto no Brasil colonial, quanto no imperial, mesmo sem uma lei específica que a contemplasse.

A carta de alforria foi concedida em 03 de março de 1831, sendo registrada quase um ano e meio depois, provavelmente quando Cipriana efetuou, ou completou, o pagamento. Mesmo pagando pela sua liberdade, ela ficou obrigada a “manter-se obediente, respeitando ao senhor” por mais cinco anos. Como veremos, este tipo de alforria, paga com condição, não foi uma prática muito comum em Alegrete - bastante

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rara na verdade. Contudo, a complexa negociação que envolveu este processo, esta sim permeou grande parte das manumissões.

No Brasil, conforme Manoela Carneiro da Cunha, a concessão da alforria, ou seja, a possibilidade de um cativo alcançar o mundo dos livres, era uma prerrogativa que “competia exclusivamente ao senhor conceder” (1986, p. 126). Isto pelo menos até 1871, ano da promulgação da Lei do Ventre Livre, que tornou oficial o direito a manumissão ao escravo que conseguisse juntar o valor necessário para a compra da sua liberdade, embora o direito a este pecúlio ainda dependesse da anuência do senhor. Mesmo assim, a conquista da liberdade mediante a carta de alforria foi uma tônica na história brasileira.

Compreender como este processo - a passagem da escravidão para a liberdade, ocorria em Alegrete, município inserido em uma sociedade com fortes traços sociais e políticos de Antigo Regime, onde a desigualdade natural entre as pessoas era a norma e “os laços de solidariedade e de submissão” desempenhavam “um papel decisivo no posicionamento dos indivíduos na sociedade”, é o que buscamos responder em nossa pesquisa de mestrado (ENGEMANN, 2005, p. 173). Para isto, iremos utilizar uma série de fontes, como os registros de casamento e batismos, processo-crime, inventários post-mortem e as próprias manumissões.2

Aqui, neste texto (que embasará nossa comunicação), o objetivo é mais específico. Iremos realizar uma análise quantitativa das cartas de alforria, entre 1832, ano do registro da primeira manumissão, e 1871, data da Lei do Ventre Livre, que trouxe profundas transformações ao sistema escravista. Nela, destacaremos duas variáveis para apreciação: o sexo e a forma da alforria.3

Nossa intenção é que, com os resultados da quantificação destes dois aspectos, aliada a alguns outros elementos acerca da localidade foco do nosso estudo, consigamos demonstrar como compreendemos o processo de passagem da escravidão para liberdade na fronteira oeste da província do Rio Grande, região que tinha como características a endemia bélica e o espaço fronteiriço e, com isso, apresentar a hipótese de trabalho da nossa pesquisa de mestrado.

2 A pesquisa que desenvolvemos sob orientação do Prof. Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira tem um

recorte temporal mais amplo, indo até 1888.

3 Iremos utilizar alguns dados de nossa pesquisa anterior: MATHEUS, Marcelo Santos. Alforrias em Alegrete (1832-1871). Santa Maria: TFG/UNIFRA, 2009. (Monografia de Conclusão de Graduação).

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Feitas estas ponderações, passamos agora a uma rápida apresentação do município de Alegrete. Conhecer a relevância demográfica que tinha a população escrava ao longo do período aqui analisado, assim como a característica econômica do município, auxiliará na apreensão das particularidades desta localidade, pois são “as especificidades que tornaram o comportamento das manumissões, nos diferentes contextos, irredutíveis a um único esquema explicativo” (GONÇALVES, 2008, p. 74).

A Vila de Alegrete: características da população, da economia e da presença escrava em Alegrete

“Em Alegrete, quem não é fazendeiro é boi”! Essa frase, atribuída ao poeta Mário Quintana, nascido na mesma cidade, revela muito sobre uma ideia-força que permaneceu tanto no imaginário popular, quanto na historiografia por muito tempo. Agregado a ela, estava o pensamento de que estes estancieiros eram quase todos grandes proprietários rurais, com enormes quantidades de cabeças de gado e também militares.

Nas últimas duas décadas, novos estudos, todos com forte aporte empírico, vêm demonstrando que a composição social da província do Rio Grande, inclusive das regiões rurais, era mais diversificada do que a apresentada até então (ZARTH, 2002; OSÓRIO, 2008; FARINATTI, 2007; ARAÚJO, 2008). Luís A. Farinatti, em seu estudo acerca da elite alegretense do século XIX, analisando 205 inventários post-mortem, entre 1831 e 1870, evidenciou que a população e a economia da região eram muito mais complexas que a simples dualidade peão-estancieiro/militar. Apesar da elite econômica ter na produção pecuária sua principal atividade, o autor mostrou que esse grupo tentava ao máximo diversificar seus negócios, se não diretamente, pelo menos ligando sua família através do matrimônio a outras famílias de outros ramos (2007, pp. 52-58; GARCIA, 2005, pp. 58-67).

Por sua vez, o autor apontou que a mão-de-obra escrava tinha um papel estrutural naquela economia. Durante o período de análise de nosso estudo, existem somente dois censos para Alegrete: o Mapa de Famílias de 1858 e o Censo Geral de 1872. Além deles, há um levantamento das características dos escravos presentes nos inventários post-mortem feito por L. Farinatti, o que possibilita uma comparação entre estes dados, emprestando mais fidedignidade às informações (FARINATTI, 2005).

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TABELA 2.1 – População de Alegrete segundo a condição jurídica, 1858

- Livres % Escravos % Libertos %

Homens 4.191 52,6 1.339 53 104 49,8

Mulheres 3.774 47,4 1.186 47 105 50,2

Total 7.965 100 2.525 100 209 100

Fonte: “Mappa Statístico da População da Província classificada por idades, sexos, estados e condições com o resumo total de livres libertos e escravos” In: FEDERAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA,

De Província de São Pedro a Estado do RS, 1981, p.65.

Neste panorama, os escravos representavam 23,5% do total de habitantes da localidade, bem parecido com a porcentagem de escravos para toda a província, que era de 25,5%. Somados aos libertos, este número sobe para mais de 25%, bastante significativo para uma região onde se acreditava que os cativos tinham sido pouco importantes numericamente (CARDOSO, 2003; FREITAS, 1980; MAESTRI FILHO, 1984). Como o censo de 1858, ao contrário de outras fontes, como os registros de batismo, por exemplo, não traz a cor das pessoas, é de se imaginar que entre os 7.965 livres, nem todos fossem brancos. Além disso, não há entre os números a quantidade de guaranis, que deveria ser bastante representativa.

Segundo o censo de 1858, 47,3% dos cativos eram mulheres, números não muito diferentes dos encontrados por Farinatti (2005, pp. 4-8).4 De acordo com os inventários, entre 1831 e 1860, as escravas representavam apenas 40%. Esta diferença pode ser explicada em razão dos inventários sobre-representam as camadas mais abastadas da população. Isto é tanto mais verdade quando vemos que os africanos perfaziam 42,4% dos escravos dos inventários, ou seja, os senhores ali representados eram de envergadura suficiente para adquirir escravos no mercado.

No Censo de 1872, equiparou-se a porcentagem entre homens e mulheres:

TABELA 2.2 – – População escrava de Alegrete segundo o sexo, 1872

- Números absolutos %

Mulheres 1163 50,4

Homens 1145 49,6

Total 2308 100

Disponível em: www.ibge.gov.br

Novamente os dados são parecidos com os encontrados a partir dos inventários. Segundo estes documentos, entre 1861 e 1870, havia 52% de homens e 48% de

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mulheres escravas, números bem parecidos com os do Censo - 49,6% e 50,4% (FARINATTI, 2005, p. 8).

Em relação a posse de cativos, é interessante notar que naquela diversificação social notada por L. Farinatti, mesmo parte dos grupos subalternos tinha acesso à mão-de-obra escrava. O autor evidencia que no caso dos criadores de gado em Alegrete, dos 15 inventários analisados dos produtores até 100 reses, praticamente metade eram detentores de escravos; dez dos quatorze com mais de 101 e menos de 500 reses; acima destes, todos eram senhores de cativos (FARINATTI, 2007, p. 317). Deste modo, conhecidas as principais características do município, passa-se então a análise das alforrias.

A liberdade em números

As cartas de alforria, por se repetirem ao longo do tempo e, de igual forma, por serem homogêneas quanto ao seu conteúdo, possibilitam o emprego deste tipo de método (quantitativo). Outra importante característica das alforrias é o fato delas dizerem respeito a um grupo populacional, os escravos, pouco representados na grande maioria das fontes documentais legadas por aquele período. Os alforriados, sobremaneira, são a parte mais importante deste documento - embora ela também possa nos revelar o nome dos senhores dos cativos, sendo que em alguns poucos casos, o nome do cônjuge, dos filhos ou mesmo dos padrinhos dos libertos.

Entre 1832 e 1871, encontramos 230 cartas de alforria, onde aparecem 243 libertos (em algumas há mais de um). À elas foram agregadas 6 manumissões ocorridas na pia batismal, perfazendo um total de 249 manumissos.

É fundamental salientar que qualquer generalização cometida resultante da quantificação das alforrias deve restringir-se ao lugar e ao tempo do estudo, não servindo como respostas para outras localidades ou períodos diversos. Neste sentido, nossa intenção não é elaborar uma regra geral, ou mesmo uma lei de como os escravos agiram, ou deveriam agir, para conquistar a liberdade. Ou seja, não é o de encontrar um “padrão-modelo da ciência social”, explicando de forma estática e simples, comportamentos fluídos e complexos que podem “mudar ao longo do tempo” (GADDIS, 2003, p. 74). Como lembra Stuart Schwartz, é impossível compreender apenas através da quantificação das alforrias a “complexa interação de considerações

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culturais e econômicas” existentes nas relações escravistas e na produção da liberdade (SCHWARTZ, 2001, p. 196). Acreditamos que cada experiência, individual ou coletiva, é única e a explicação de cada processo que resultou na alforria e na liberdade de um ou mais escravos, apesar de talvez se encaixar em um quadro geral decorrente da quantificação, não se explica exclusivamente por essa relação. Daí o porquê de Paulo Moreira salientar com precisão que “as alforrias mostram-se reticentes a um levantamento objetivo estatístico, exigindo certa dose de arbitrariedade” na composição de suas tipologias (2003, p. 186).

Dito isto, passa-se agora para a quantificação das manumissões. Como foi mencionado, as categorias escolhidas para análise foram sexo e a forma da alforria. Em algumas tabelas elas aparecerão juntas, dentro de recortes temporais, para que seja possível vislumbrar uma paisagem mais completa da produção da liberdade ao longo do tempo.

3.1 Gênero dos alforriados

O primeiro elemento a ser destacado é o percentual de homens e mulheres alforriados ao longo de todo o período:

TABELA 3.1.1 – Alforriados em Alegrete segundo o sexo, 1832-1871

Homens Mulheres Total

Total 97 152 249

% 39 61 100

Livros Notariais de Transmissão e Notas, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros Notariais de Registros Diversos, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros de Batismos da Capela de Alegrete, 1816-1840, Diocese de Uruguaiana.

Inicialmente, o que chama atenção é a porcentagem de cativas que alcançaram a liberdade. No Mapa de Famílias de 1858 e no Censo de 1872, as mulheres representavam 47% e 50,4% dos cativos, respectivamente, números diferentes das alforrias, onde elas perfazem 61%. Este último número é bastante parecido com o que Gabriel Aladrén encontrou para Porto Alegre - para um período um pouco anterior (1800-1835), que foi o de 59% de libertas, e Jovani Scherer para Rio Grande – entre 1835 e 1865, que foi de 61,3%, mas um tanto diferente do que Thiago Araújo localizou

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para Cruz Alta entre 1834 e 1869 – aproximadamente 52,4% (ALADRÉN, 2009, p. 44; ARAÚJO, 2008, p. 196; SCHERER, 2008, p. 84).5

Dando continuidade, os números das alforrias por sexo e no tempo são estes:

TABELA 3.1.2 - Alforrias em Alegrete conforme o sexo e dividido por décadas, 1832-1871

Homens % Mulheres % Total %

1832-1849 37 38,1 60 61,9 97 39

1850-1859 25 33,3 50 66,7 75 30,1

1860-1871 35 45,5 42 55,5 77 30,9

Livros Notariais de Transmissão e Notas, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros Notariais de Registros Diversos, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros de Batismos da Capela de Alegrete, 1816-1840, Diocese de Uruguaiana.

Em primeiro lugar, é preciso apontar como a porcentagem de alforrias era uma constante. Se no primeiro recorte há 39%, é por que nele foram agregadas as 20 manumissões da década de 1830, mais seis concedidas na pia batismal.6 Sem elas, os números seriam extremamente parecidos com os dos outros decênios. Outro elemento é de que as mulheres sempre foram a maioria, chegando a representar 66,7% dos libertos entre os anos 1850-59. Os homens são mais representativos apenas no último período, onde alcançam 45,5% das alforrias.

Entre 1834 e 1850, T. Araújo localizou 55,8% das alforrias para mulheres, sendo esta a maior diferença entre elas e os homens, os quais entre 1860 e 1869 chegam a 50% no município estudado pelo autor, ou seja, tanto em Alegrete quanto em Cruz Alta há um aumento significativo de homens forros na década de 1860 (ARAÚJO, 2008, p. 205). Isto é tanto mais impressionante quando pensamos que, nesta época, a população escrava tendia apresentar uma razão mais equilibrada entre os sexos - 52% de cativos e 48% de cativas de acordo com os inventários (FARINATTI, 2005, p. 8).

Dessa forma, até 1859, quando havia mais homens, se alforriava mais mulheres. Depois, quando os números estavam equilibrados e já era difícil conseguir escravos

5 O município de Porto Alegre tinha características - econômicas, por exemplo, diferentes de Alegrete

(outra peculiaridade era o fato de ser uma cidade mais urbanizada, embora este termo, para o século XIX, seja problemático). Contudo, dadas as limitações de espaço deste texto, optou-se por dialogar apenas com trabalhos voltados para cidades da mesma província, dentre outras razões, por que elas guardavam algumas semelhanças, como estar longe da principal área econômica do país, ou seja, serem parte de uma economia periférica e voltada para o mercado interno. (FRAGOSO, 1990, pp. 173-174). Esta mesma ressalva vale para o estudo de Paulo Moreira, também para Porto Alegre, Thiago Araújo sobre Cruz Alta e Jovani Scherer para Rio Grande, cada qual com suas especificidades.

6 Os registros de batismo foram analisados apenas até o ano de 1840, ou seja, possíveis libertos desta

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homens no mercado, as alforrias tendem ao equilíbrio. Não deixando de levar em conta a influência dos interesses dos senhores nas transformações dos padrões das manumissões, qual a razão das mudanças nas estratégias dos escravos? Por que antes de 1860 as mulheres, minoria na população cativa, eram mais alforriadas? E por que na década 1860, ou seja, período onde o filho de uma escrava ainda nascia nesta mesma condição, há uma elevação no número de homens libertos, apesar dele ainda não ultrapassar o de libertas? Uma das possíveis respostas seria a liberdade concedida para ir lutar na guerra, já que é nesta década que ocorre o conflito com o Paraguai. Na província do Rio Grande, muitos escravos receberam a alforria para ir lutar, às vezes substituindo seu senhor ou algum filho dele. Paulo Moreira, para Porto Alegre, encontrou uma grande quantidade destas manumissões, o que explica os homens representarem a maioria dos libertos entre 1865 e 1870 naquela cidade (2003, p. 194).

Entretanto, em Alegrete nenhum cativo foi alforriado para ir lutar na Guerra do Paraguai, portanto, esta alternativa não é válida para responder a esta questão (MATHEUS, 2010). Talvez a estratégia dos cativos estivesse mudando, mesmo antes da Lei do Ventre Livre, em função do tráfico interno de escravos. Neste sentido, as famílias cativas estariam tentando libertar seu entes do sexo masculino, antes deles serem vendidos.7

Por sua vez, como se explica o processo no qual, em uma região de economia baseada na agropecuária como Alegrete, em que as tarefas mais valorizadas são, por excelência, exercidas por indivíduos do sexo masculino (os escravos peões e campeiros), e onde a proporção de homens escravos segundo o censo de 1858 e também conforme os inventários, sempre esteve acima do percentual de cativas, um maior número de alforriados ser do sexo feminino?8

Acreditamos que qualquer processo histórico do século XIX, ainda permeado por elementos de Antigo Regime, só pode ser analisado levando-se em conta uma instituição de grande importância no período: a família. Com isso, de acordo com os números encontrados aqui referentes ao sexo dos manumissos, é possível imaginar que os escravos construíram complexas redes de relacionamento que extrapolavam os

7 Agradeço a Nikelen Witter por essa sugestão, quando de sua participação em minha banca de TFG. 8 Vários trabalhos vêm demonstrando a importância dos peões escravos como mão-de-obra (ZARTH,

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limites de suas famílias,9 e mesmo de suas escravarias, com o intento de colocarem em prática uma estratégia própria que tinha como objetivo “diminuir as incertezas do mundo social” (LEVI, 200, p. 125). Da mesma forma, às vezes, estes projetos podiam ter como foco a liberdade de algum de seus integrantes, o que recaia mais sobre as mulheres em razão destas, depois de livres, gerarem filhos livres.

De tal modo, tendemos a compreender a conquista da alforria como uma estratégia coletiva em que o (a, no caso de Alegrete para o devido período) escolhido para a liberdade era, em grande medida, uma escolha dos cativos. Esta hipótese ganhará mais corpo se nas manumissões pagas as cativas tiverem uma representação significativa, e também se no corpo dos textos das alforrias, ou mesmo no cruzamento delas com os registros de batismo, for encontrado parentes tendo protagonismo neste processo.

3.2 Forma da alforria

O segundo elemento analisado aqui é a forma pela qual ocorreu a alforria. Este item foi dividido em 5 categorias, de acordo com os textos dos registro - gratuita, gratuita com condição, na pia batismal, paga e paga com condição:

TABELA 3.2.1 - Formas das alforrias de Alegrete segundo o sexo, 1832-1871

- Mulheres Homens Total %

Gratuita 75 39 114 45,8 Gratuita com Condição 28 34 62 24,9 Na pia batismal 5 1 6 2,4 Paga 40 20 60 24,1 Paga com condição 4 3 7 2,8

Livros Notariais de Transmissão e Notas, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros Notariais de Registros Diversos, Alegrete, 1832-1871, APERS. Livros de Batismos da Capela de Alegrete, 1816-1840, Diocese de Uruguaiana.

Como mostra a “tabela 3.2.1”, a mulata Cipriana Maria de Jesus que pagou pela sua liberdade e ainda ficou obrigada a servir por mais cinco anos ao seu senhor, foi um

9 Trabalhamos aqui com o mesmo conceito de família de Giovanni Levi, qual seja, aquele que vai “além

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dos poucos 7 casos em que a forma da manumissão combinou pagamento com uma futura condicionalidade. Em um deles, os africanos João e Januária (ele congo e ela mina), casados, pagaram 810$ mil réis ao Barão de Cambaí, além de ficarem obrigados a trabalhar para o senhor por mais um ano.10 De acordo com o que vimos argumentado, o fato de serem casados pode ter contribuído para que agissem conjuntamente para alcançar seus objetivos, pois tiveram a oportunidade de unir esforços na hora de juntar o pecúlio.

Por outro lado, as alforrias pagas e as gratuitas com condição representam, cada uma, por volta de ¼ para todo o período.11 A grande diferença é que nas primeiras as mulheres foram absoluta maioria (66,6%), enquanto nas condicionais os homens foram os que mais aparecem (54,8%). Assim, enquanto para todo o período as cativas representam 61% de todos os alforriados, dentre as pagas este percentual aumenta para 66,6%. Com isso reforça-se a hipótese da conquista coletiva da alforria, pois como em um contexto agropecuário tantas cativas conseguiam formar pecúlio?12 Acreditamos que agregando outras fontes e diminuindo a escala de análise, será possível responder a esta questão com maior rigor. Por ora, através dos textos de algumas alforrias que nos fornecem um número maior de informações, tentaremos argumentar já neste sentido.

Das 60 manumissões pagas, em 50 há referência direta de quem fez o pagamento. Na grande maioria, 37, foi o próprio escravo quem o efetuou. Em dois casos, a mãe pagou pela alforria do filho; em outro, o pai fez o pagamento; finalmente, em dois registros, num a madrinha e em outro o padrinho foi quem pagaram. Neste último, o padrinho João de Quadros teve o zelo de pagar pela liberdade do afilhado José para que ele “fosse batizado livre”, revelando a importância simbólica daquele rito para

10 Livros Notariais de Transmissões e Notas, 2º Tabelionato de Alegrete, livro 4, p. 51v, APERS.

11 Nas alforrias pagas (24,1%) o número é bastante parecido com o encontrado por Araújo (25,8%), entre

1834 e 1869, e bem inferiores aos localizados por Scherer para Rio Grande entre 1831 e 1865 (49,8%), e Paulo Moreira para Porto Alegre entre 1829 e 1868 (40,6%), o que mostra que nestas duas últimas cidades, mais urbanizadas (a segundo, inclusive, portuária), as condições de pecúlio eram maiores, bem como a exigência dos senhores que a alforria ocorresse dessa forma. Já as condicionais em Cruz Alta (38,2%) e Porto Alegre (38,8%) foram de superiores as de Alegrete (24,9%) e muito maiores do que em Rio Grande (10,7%). Jovani Scherer separa as alforrias notariais das testamentárias. Aqui, para comparação, utiliza-se apenas os percentuais do autor referentes às notariais (ARAÚJO, 2008, p. 219; MOREIRA, 2007, pp. 23-24; SCHERER, 2008, p. 62).

12 Para o Rio de Janeiro colonial, Antonio Sampaio também encontrou mais homens no cômputo geral

dos escravos, mas mais mulheres recebendo as alforrias. Apesar de contextos absolutamente diferentes, consideramos sua explicação, derivada de uma opinião de Mary Karash, pouco complexa: a razão deste fenômeno seria em função do senhor escolher quem seria liberto (SAMPAIO, 2005, p. 311).

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aquelas pessoas.13 Todavia, João de Quadros teve o cuidado de registrar a alforria, mostrando que o simples ato de batizar não servia como prova de liberdade. Isto revela-se também no caso da mulata Feliciana, filha da africana Catarina, que teve sua carta registrada em 9 de novembro de 1853

[...] por “não estar em forma o assento de batismo da mulata Feliciana [...] que minha finada filha Úrsula Mariana de Oliveira no ano de 1838 fez batizar nessa Paróquia, e declarar por liberta no assentamento de dito batismo, e como esta circunstância pode prejudicar a dita mulata, resolvo por isso por esta confirmar a sobredita declaração de liberta feita por minha mencionada filha afim de poder a referida mulata gozar de sua plena e inteira liberdade livre de clausula alguma”.14

Um caso interessante é o da africana Catarina, 30 anos, que pagou 400$ mil réis à Antônio José Gomes pela sua liberdade. Deste montante, 230$800 mil réis foram pagos pelo escravo Antônio, do mesmo senhor. Qual a relação entre Catarina e Antônio? No momento, impossível saber. Outro exemplo curioso é o da africana Maria, a qual pagou (não consta o valor) pela sua liberdade.15 Contudo, o registro revela que ela é casada, podendo esta relação ter contribuído na hora de fazer economias objetivando a liberdade.

Por sua vez, em 56 alforrias, dentre as pagas e pagas com condição, o cativo pagou com algum tipo de moeda, o que demonstra uma significativa capacidade de acumulação em um contexto de pouca circulação monetária. O registro mais curioso é o da crioula Gabriela, de “mais de 30” anos, que pagou a Serafim de Oliveira Jam “400$ e duas carretas novas”, indicando mais uma vez que mais pessoas podiam estar envolvidas no processo de conquista da liberdade de um indivíduo, além do acesso a produção própria.16

Outro caso revelador da importância que os escravos davam para a liberdade e da complexa negociação que teciam para alcançá-la, bem como do valor simbólico que

13 Livros Notariais de Registro Diversos, 2º Tabelionato de Alegrete, livro 1, p. 37r, APERS.

14 Livros Notariais de Registro Diversos, 1º Tabelionato de Alegrete, livro 3, p. 52v, APERS. O registro

de batismo de Feliciana não foi encontrado.

15 Livros Notariais de Registro Diversos, 1º Tabelionato de Alegrete, livro 1, p. 122r, APERS.

16 Livros Notariais de Registro Diversos, 1º Tabelionato de Alegrete, livro 3, p. 29r, APERS.. Segundo

Farinatti, as carretas “eram indispensáveis ao transportes de cargas nos campos da fronteira”. Assim, mesmo se as carretas servissem para transporte da própria produção, ou mesmo para prestar este serviço a outrem, é de se imaginar que Gabriela não estava envolvida nesta (s) atividade (s) sozinha (FARINATTI, 2006, p. 149).

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tinha o momento do batismo, é a alforria da crioula Romoalda.17 Sua carta foi concedida também por Antônio José Alves em 04 de março de 1835, sendo registrada somente dois anos depois, em 10 de fevereiro de 1837. Neste meio tempo, ela batizou sua filha Constancia, fruto do casamento com o crioulo Damazio, também escravo de Antônio José.18 A menina foi batizada com 18 meses de vida, e o intrigante é que neste registro consta como se ela fosse forra e escrava ao mesmo tempo, o que pode ter sido apenas um lapso do pároco. Constancia não aparece no conjunto das alforrias, podendo ser que ela já fosse livre, tendo o batismo como prova disso. O certo é que ela nasceu enquanto a mãe era cativa, e esta esperou a concessão da sua manumissão para batizar a menina.

Como vimos argumentando até este momento, pensamos que são as relações construídas pelos escravos, inclusive ainda durante o cativeiro, que ajudam a explicar da melhor forma a passagem da escravidão para a liberdade. Exemplo disso é a alforria da parda Inácia, que teve sua liberdade paga em 4 de julho de 1837, quando tinha seis anos, pela madrinha Cipriana.19 Está pagou 300$ mil réis a Joaquim dos Santos Prado Lima. A madrinha, que no registro de batismo de Inácia consta como Sipriana Maria da Conceição, apadrinhou a menina juntamente com Jacinto, pardo e escravo.20 Até onde pôde ser verificado, Jacinto, entre os anos de 1830-32, foi padrinho de mais 3 crianças escravas (além de Inácia), pertencentes a dois senhores diferentes, o que demonstra que ele era um indivíduo bastante requisitado e inserido numa extensa rede de relações, podendo apresentar atributos (materiais e simbólicos) que auxiliavam outras pessoas a alcançar a liberdade.21

Por fim, um último exemplo da importância de terceiros na produção da liberdade. Em 15 de novembro de 1848 ela pagou 300$ mil réis ao Major Antônio Guterres Alexandrino pela manumissão. No documento aparece o nome de seu marido – Antônio, negro e escravo de José Gonçalves Pereira. É bem possível que a relação de Maria e Antônio fosse mais longa, pois em 1832 uma cativa de nome Maria, também do

17 Livros Notariais de Registro Diversos, 1º Tabelionato de Alegrete, livro 1, p. 55v, APERS.

18 Livros de Batismo da Capela Curada Nossa Senhora Aparecida de Alegrete. Livro 2, folha 272.

Arquivo da Diocese de Uruguaiana, 1816-1840.

19 Livros Notariais de Registro Diversos, 1º Tabelionato de Alegrete, livro 1, p. 73v, APERS. 20 Livro de Batismo, op. cit., folha 375. Arquivo da Diocese de Uruguaiana, 1816-1840. 21 Livro de Batismo, op. cit., folhas 358 e 364. Arquivo da Diocese de Uruguaiana, 1816-1840.

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Major Antônio Guterres, aparece batizando a filha Faustina, de pai incógnito.22 Dois escravos, Francisco e Maria, de dois senhores diferentes, apadrinham Faustina, ou seja, se a Maria de 1832 for a mesma que conquista a alforria em 1848, estaremos diante da mais completa rede de relacionamentos por nós encontrada, envolvendo quatro cativos de quatro escravarias.

Para Engemann essa “proliferação” de alianças parentais produzia a “formação de uma identidade mais abrangente: a comunidade” (ENGEMANN, 2005, p. 182).23 Concordamos com o autor, entendendo que com o avanço deste processo, formavam-se poderosas estruturas sócio-políticas, as quais tinham mais possibilidade de ação frente a sufocante estrutura social. Contudo, não entendemos esta comunidade formada apenas por escravos, mas sim por um grupo mais amplo de indivíduos, como ex-escravos e homens livres pobres que nunca foram cativos, inclusive.

Considerações finais

É uma pena as cartas de alforria silenciarem em relação à ocupação dos escravos. Como lembra Schwartz, antes de partir para o estudo de como os escravos definiram estratégias para buscar a liberdade, é importante conhecer o tipo de trabalho que eles realizavam, já que “quem trabalhava na pecuária [...] tinha oportunidades diferentes daqueles que trabalhavam em grupos nas minas de ouro” (2001, pp. 89-90). Para Alegrete, em míseros cinco registros aparecem a especialidade do cativo (um carpinteiro, um oficial de ferreiro, dois oficiais de pedreiro e somente um peão).

Por fim, é fundamental enfatizar a importância de duas características da região da Campanha: a guerras e o espaço fronteiriço. Não vamos nos alongar, pois já analisamos estes elementos de forma mais pormenorizada em outro artigo (MATHEUS, 2010). Entretanto, é importante lembrar que eles também dotavam os escravos de recursos (materiais e simbólicos), influenciando seu cotidiano e sua possibilidade de alcançar a liberdade. Contudo, os conflitos bélicos, por exemplo, abriam a oportunidade

22 Segundo Manolo Florentino, era recomendação da Igreja Católica somente registrar o nome do “pai se

este fosse casado” (2005, p. 214). Portanto, se em 1832, Maria e Antônio não tivessem ainda contraído o matrimônio sob as normas da igreja, era regra aparecer apenas o nome dela no registro de batismo.

23 Apesar de Engemann desenvolver este raciocínio referindo-se a escravos pertencentes a grandes

plantéis, acreditamos que este processo poderia acontecer em grupos onde seus integrantes pertencessem a diferentes escravarias, já que “o compadrio católico unia escravos e unia plantéis” (FLORENTINO, 2005, p. 215).

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de homens (que se engajavam na guerra, sobreviviam e, além disso, que o senhor cumprisse a promessa) conquistassem a alforria.

Portanto, agrega-se mais um elemento ao que vimos argumentado desde o início neste texto, pois nos parece que as explicações que a historiografia fornece do porque mais mulheres recebiam a alforria não explicam, totalmente, este processo para a fronteira oeste da província do Rio Grande.24 Esperamos que, com o aprofundamento da pesquisa, possamos complexificar a explicação para este processo, bem como verificar de forma mais concreta a hipótese que aqui apresentamos, qual seja, que o grupo social em que o escravos estava inserido era fundamental para a produção da liberdade.

5 Fontes Primárias

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Livros de Batismos da Capela Curada de Nossa Senhora Aparecida de Alegrete.

1816-1840. Arquivo da Diocese de Uruguaiana.

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6 Referências bibliográficas

24 Grosso modo, a explicações giram em torno destas ideias: a cativa tinha um preço menor que o homem;

ela realizava atividades próximas ao senhor/senhora; e o trabalho feminino na cidade oportunizaria a formação do pecúlio.

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Referências

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