• Nenhum resultado encontrado

FACULDADE TUIUTI DO PARANÁ LUCIANO FRANCIS MALANOWSKI CONSIDERAÇÕES SOBRE A PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR DE IMPEDIMENTO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FACULDADE TUIUTI DO PARANÁ LUCIANO FRANCIS MALANOWSKI CONSIDERAÇÕES SOBRE A PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR DE IMPEDIMENTO"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

FACULDADE TUIUTI DO PARANÁ LUCIANO FRANCIS MALANOWSKI

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR DE IMPEDIMENTO

PONTA GROSSA 2013

(2)

LUCIANO FRANCIS MALANOWSKI

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR DE IMPEDIMENTO

Artigo Científico apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica como requisito parcial à conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu - Direito Administrativo Disciplinar II do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Prof. Guilherme Amaral Alves

PONTA GROSSA 2013

(3)

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR DE IMPEDIMENTO

Luciano Francis Malanowski1

lufranmala@yahoo.com.br

Orientador: Prof. Guilherme Amaral Alves. 2

RESUMO

A Polícia Militar do Paraná, na ausência de regulamento disciplinar próprio, utiliza-se do Regulamento Disciplinar do Exército - RDE, Decreto número 4.346 de 26 de agosto 2002. Neste regulamento estão previstas as possíveis faltas disciplinares, a sua apuração, e quais as sanções aplicáveis. Dentre estas sanções está a do impedimento. Analisando as características desta punição, observa-se que existem conflitos entre alguns princípios constitucionais e militares. Para ser preservada a disciplina interna, o instituto da punição disciplinar de impedimento afeta o direito de ir e vir, princípio preservado constitucionalmente. Serão analisados diversos princípios constitucionais e especiais e suas nuances e contradições na aplicação no Direito Disciplinar Militar. Por meio de pesquisa bibliográfica, buscar-se-á observar as características essenciais dos princípios afetados por este instituto corretivo, e ao final, serão mostradas as contradições entre princípios disciplinares e princípios constitucionais. O objetivo do presente estudo é observação crítica de sanções disciplinares que afetam direitos fundamentais, em afronta à Lei Máxima pátria. Palavras-chave: Impedimento. Regulamento Disciplinar. Conflito de Princípios.

ABSTRACT

The Military Police of Paraná, in the absence of disciplinary regulation itself, it uses the Disciplinary Regulations of the Army - RDE, Decree number 4346 of August 26, 2002. In this regulation the possible disciplinary offenses, their determination, and what the penalties are provided. Among these sanctions is the impediment. Analyzing the characteristics of this punishment, it is observed that there are some conflicts between constitutional principles and military. To be preserved internal discipline, the institution of disciplinary punishment impediment affects the right to come and go, principle constitutionally preserved. And many special constitutional principles and its nuances and contradictions in applying the Disciplinary Law Military will be analyzed. By means of literature, will seek to observe the essential characteristics of the principles affected by this correction institute, and in the end, will show the contradictions between disciplinary principles and constitutional principles. The aim of this study is critical observation of disciplinary sanctions that affect fundamental rights, in violation of the Act Maximum homeland.

Keywords: Prevention. Disciplinary Regulations. Conflict of Principles.

      

1

Oficial da Polícia Militar do Paraná, graduado em Licenciatura em Música pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.

2

Professor Titular da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Assessor da Procuradoria

(4)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 DESENVOLVIMENTO ... 6

2.1 DIREITO PENAL MILITAR ... 6

2.2 DIREITO DISCIPLINAR MILITAR ... 7

2.3 REGULAMENTO DISCIPLINAR DO EXÉRCITO ... 9

2.3.1 Punições ... 9 2.4 IMPEDIMENTO ... 10 2.5 CONFLITO DE PRINCÍPIOS ... 11 2.5.1 Legalidade ... 11 2.5.2 Hierarquia e Disciplina ... 11 2.5.3 Liberdade ... 12

2.5.4 Dignidade da Pessoa Humana ... 13

2.5.5 Proporcionalidade ... 14

2.5.6 Discricionariedade ... 14

3 CONCLUSÃO ... 15

REFERÊNCIAS ... 17

(5)

1 INTRODUÇÃO

O Direito Penal Militar é um ramo especial do Direito Penal, pois trata de assuntos específicos relacionados a crimes militares e à classe militar.

O Direito Penal Militar é ancorado em dois princípios constitucionais conforme prediz o artigo 42 da Constituição Federal.

Sobre hierarquia e disciplina, BULOS (2007, p. 720), define-as:

Hierarquia é relação de subordinação escalonada, pela qual se afere a graduação superior ou inferior.

Disciplina é o poder que tem o superior hierárquico de impor ao subordinado comportamentos, através de ordens e mandamentos. Para poder efetivar o controle desta disciplina, a Polícia Militar, que é um órgão da Administração Pública, estabelece este controle por meio, principalmente, do Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), da apuração da falta disciplinar por meio do Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar (FATD), Código de Ética, Leis dos Processos Disciplinares e outros.

O objetivo para o desenvolvimento do presente estudo é a observação dos meios coercitivos de controle da disciplina interna, principalmente as penalidades aplicadas aos militares que transgridem alguma determinação apenável. Especificamente será analisada a punição disciplinar do Impedimento, que é considerada penalidade aplicada às sanções leves, porém com cerceamento de liberdade. Questiona-se então: o que tem maior relevância: a manutenção da hierarquia e da disciplina, ou o direito constitucionalmente garantido à liberdade. O princípio da proporcionalidade estará sendo observado, por uma transgressão leve, ser apenada com cerceamento da liberdade?

A metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica em matérias relacionados com o tema. Foram realizadas consultas em livros, revistas, jornais e internet.

O método escolhido foi o indutivo, pois, segundo MEZZAROBA (2003, p. 63) “o propósito do raciocínio indutivo é chegar a conclusões mais amplas do que o conteúdo estabelecido pelas premissas nas quais está fundamentado”.

Este método permitirá observar se a gravidade da transgressão exigiria uma penalidade de cerceamento de liberdade, porém sem “macular” a ficha

(6)

disciplinar, é um benefício ou o princípio da proporcionalidade estará sendo agredido.

Sobre a escolha deste tema – considerações sobre a punição disciplinar militar de impedimento - procuramos observar o descrito por LEITE (2006, p. 154), que repassa que “a grande maioria dos autores que se ocuparam com a questão [escolha do assunto] conclui que a tese deve ser original, importante e viável”. Quanto a originalidade, sabemos que o estudo da punição disciplinar de impedimento, sob este aspecto - conflito de princípios - é tema inédito. E também, após a pesquisa bibliográfica realizada, e uma análise crítica, observando-se possíveis conflitos entre princípios e garantias, talvez possa contribuir para que outros pesquisadores aprofundem-se neste estudo, e também a utilização como embasamento na aplicação de futuras decisões disciplinares. A importância do assunto revela-se pela reflexão sobre o que existe de maior importância: se a manutenção da disciplina, ou a garantia à liberdade. A viabilidade do presente trabalho mostra-se pela acessibilidade à pesquisa bibliográfica, bem como a pesquisa na internet.

Os dados pesquisados foram: observações sobre direito penal militar e seu sistema disciplinar, a punição disciplinar militar do impedimento, e também os aspectos principais de vários princípios constitucionais relacionados ao tema.

Ao final, observar-se-á a graduação dos princípios estudados, para concluir-se pelo que poderia ser considerado verdadeiro princípio constitucional aplicável em um Estado Democrático de Direito.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DIREITO PENAL MILITAR

O Direito Penal Militar é a diversificação especial do Direito Penal, abrangendo a categoria dos crimes militares definidos em lei específica, e que atingirá tanto militares quanto civis.

(7)

Desde épocas remotas, os antigos povos civilizados (Esparta, Macedônia), já aplicavam o Direito Penal Militar de forma aleatória. Até nos assentos bíblicos são encontradas passagens em que foram utilizados dispositivos militares para controle da disciplina dos exércitos. Porém, o Direito Penal Militar consolidou-se em Roma. O Império Romano somente se formou graças à aplicação de normas disciplinares nas tropas combatentes, bem como sua ruína teria sido causada pelo afrouxamento da rigidez de controle dos soldados.

No Brasil, assim como muitos costumes, tradições, legislações, herdou-se também a Justiça Militar de Portugal. Desde o ano de 1808, com a chegada da família real ao Brasil, estava implantada e organizada a Justiça Militar.

O Código Penal Militar (Decreto-lei nº 1001), datado de 21 de outubro de 1969, é utilizado pela Justiça Militar para julgar crimes ali relacionados, praticados por membros das Forças Armadas, Marinha, Exército ou Aeronáutica, e também pela Polícia Militar e Corpos de Bombeiros Militares (considerados constitucionalmente como forças auxiliares e reservas do Exército), ou praticados até mesmo por civis. É composto de Parte Geral e Parte Especial, este onde estão descritos os Crimes Militares em Tempo de Paz e em Tempo de Guerra.

O Direito Penal Militar é autônomo e considerado “especial”, porque seu alvo é direcionado a uma classe especial: a militar. As penas são especiais, têm influência sobre o caráter administrativo, e especiais são os órgãos julgadores: Tribunais Militares Federais e Estaduais.

Os bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal Militar são a hierarquia e a disciplina, fatores condicionantes para o controle e direcionamento das atitudes da Corporação.

2.2 DIREITO DISCIPLINAR MILITAR

Existem diferenciações entre Crime Militar e Transgressão Disciplinar, sendo as principais:

a. O crime militar é previsto pela lei penal militar como fato típico, com pena específica e irrevogável e a transgressão disciplinar o é genericamente, quer

(8)

quanto ao fato, quanto á sanção, revogada e eleita discricionariamente pelos chefes militares;

b. Só jurisdicionalmente (através de decisão dos Tribunais da Justiça Militar), com trânsito em julgado, pode ser punido o crime militar, cuja prática não é exclusiva dos militares, enquanto a falta disciplinar militar é privativa dos militares e sancionada pelo poder disciplinar dos chefes militares;

c. O crime militar resulta exclusivamente da Lei Federal, a falta disciplinar de decretos e regulamentos do Poder Executivo.

É pacífico o princípio de que, ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato, tanto na esfera administrativa quanto penal. Nada impede, porém, que pelo mesmo fato, o militar possa sofrer tanto sanções disciplinares como penais. Cada jurisdição tem sua substância própria: a Penal, o delito, enquanto que a disciplinar, a falta. Portanto, o Órgão Ministerial não deixará de propor a ação penal tendo em vista que o indiciado foi punido pelo fato disciplinarmente, e nem o Comandante deixará de punir o indiciado disciplinarmente na expectativa de uma manifestação do Órgão Ministerial, seja na propositura da ação penal, seja no pedido de arquivamento do Inquérito Policial Militar. O Direito Penal Militar conclui que ambas as jurisdições atuam em áreas distintas, não havendo a ocorrência do bis in idem.

Na ausência de regulamento específico, algumas Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, decidiram adotar o Regulamento Disciplinar do Exército – RDE – como norma reguladora das condutas de seus integrantes, para que sejam mantidas a hierarquia e a disciplina, indispensáveis para o ordenamento militar dessas instituições.

De acordo com COSTA (2008, P. 168)

Quer seja pelo seu aspecto potencial (preventivo) ou pelo turno da atuação efetiva (repressivo), a sanção disciplinar tem como escopo primordial a desenvoltura normal e regular do serviço público. Como também se predestina a resguardar o prestígio da administração pública perante a coletividade beneficiária dos seus serviços.

(9)

2.3 REGULAMENTO DISCIPLINAR DO EXÉRCITO

DI PIETRO (2009, p. 610), fala sobre direito administrativo disciplinar, ao qual enquadra-se o presente trabalho. Diz ela que no direito administrativo, é diferente do direito penal, pois naquele deve haver estrita correlação entre ação e tipicidade, enquanto que no direito administrativo, abre-se para uma certa discricionariedade do aplicador, pois não está precisamente descrito o fato.

Não há, com relação ao ilícito administrativo, a mesma tipicidade que caracteriza o ilícito penal. A maior parte das infrações não é definida com precisão, limitando-se a lei, em regra, a falar em falta de cumprimento dos deveres, falta de exação no cumprimento do dever, insubordinação grave, procedimento irregular, incontinência pública;

A Polícia Militar do Paraná adotou o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) para a utilização em seu sistema disciplinar. Algumas corporações policiais militares de outros Estados brasileiros desenvolveram seu próprio regulamento disciplinar, porém, não têm muitas diferenças substanciais em relação ao RDE.

O RDE, regulado pelo Decreto Federal n. 4.346/2002, apresenta sua finalidade no art. 1º: especificar as transgressões disciplinares e estabelecer normas relativas a punições disciplinares, comportamento militar das praças, recursos e recompensas.

Ainda, em seu anexo I, prescreve uma relação de 113 ações que caracterizam transgressões disciplinares. Se após apuração em FATD, for observado que o militar faltoso incidiu em uma dessas ações, será ele devidamente punido pela autoridade competente, também prevista pelo RDE.

2.3.1 Punições

Os objetivos da punição disciplinar, conforme art. 23 do RDE, seria a preservação da disciplina interna e ter em vista o benefício educativo ao punido e da coletividade a que ele pertence.

(10)

As punições disciplinares militares elencadas no Regulamento Disciplinar do Exército são as seguintes:

I - a advertência;

II - o impedimento disciplinar; III - a repreensão;

IV - a detenção disciplinar; V - a prisão disciplinar; e

VI - o licenciamento e a exclusão a bem da disciplina.

Tais punições têm suas graduações conforme a gravidade da transgressão. Vão desde uma simples admoestação verbal, até a exclusão das fileiras militares.

2.4 IMPEDIMENTO

A punição disciplinar de Impedimento é aplicada em transgressões consideradas de natureza leve, conforme preceitua o art. 37 do RDE.

A aplicação da punição disciplinar deve obedecer às seguintes normas:

I - a punição disciplinar deve ser proporcional à gravidade da transgressão, dentro dos seguintes limites:

a) para a transgressão leve, de advertência até dez dias de impedimento disciplinar, inclusive;

b) para a transgressão média, de repreensão até a detenção disciplinar; e

c) para a transgressão grave, de prisão disciplinar até o licenciamento ou exclusão a bem da disciplina;

Ainda, o artigo 26 relata o que é a punição disciplinar do Impedimento e suas particularidades na aplicação, conforme:

Art. 26. Impedimento disciplinar é a obrigação de o transgressor não se afastar da OM, sem prejuízo de qualquer serviço que lhe competir dentro da unidade em que serve.

Parágrafo único. O impedimento disciplinar será publicado em boletim interno e registrado, para fins de referência, na ficha disciplinar individual, sem constar das alterações do punido.

(11)

Depreende-se, portanto, que o Impedimento disciplinar, o punido ficará restrito a certa área, no caso, a Unidade Militar a que serve, não podendo dela se afastar, e ainda, cumprindo qualquer serviço que a ela se destinar.

Também o Impedimento Disciplinar não afetará a ficha disciplinar do punido, somente constando em seus registros, porém não interferindo em casos de mudança de comportamento, permanecendo o militar na situação em que se encontra, não correndo riscos de ter direitos preteridos, como concessão de medalhas ou direito de realizar cursos e concursos internos.

2.5 CONFLITO DE PRINCÍPIOS

A ideia geral de princípio, segundo BULOS (2007, p. 71) pode-se dizer que ele é o enunciado lógico extraído da ordenação sistemática e coerente de diversas disposições normativas, postando-se como uma norma de validez geral, cuja abrangência é maior do que a generalidade de uma norma particularmente tomada.

2.5.1 Legalidade

A máxima deste princípio é que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. Ao administrador é ainda mais rígida esta obrigação, pois não poderá fazer nada além do que está escrito.

Nesta linha de pensamento, observamos que esta legalidade é relativa ao aplicar a penalidade administrativa. Pois ao deixar certa margem de discricionariedade na aplicação da sanção, mesmo dentro da legalidade, a escolha por determinada sanção pode privilegiar alguns amigos e prejudicar os inimigos. Mesmo dentro da legalidade.

2.5.2 Hierarquia e Disciplina

Estes dois princípios são os pilares do militarismo. Não que em instituições civis eles não existam, porém, na área militar, eles são levados ao máximo grau,

(12)

como forma de manter a disciplina dos integrantes, pois, fundamenta-se que deve ser bem mais disciplinada/controlada, pois é tropa armada, braço direito do Estado, e que tem necessidade deste rigor no seu controle interno.

BULOS (2007, p. 720) diz

Ambos os termos se correlacionam, pois, como notou Miguel Seabra Fagundes, “Onde há hierarquia, com superposição de vontades, há, correlativamente, uma relação de sujeição objetiva, que se traduz na disciplina, isto é, no rigoroso acatamento, pelo elementos dos graus inferiores da pirâmide hierárquica, às ordens, normativas ou individuais, emanadas dos órgãos superiores. A disciplina é, assim, um corolário de toda organização hierárquica.”

Observa-se que o próprio legislador opôs situação especial à classe militar, pois está em Seção especial da Constituição Federal. Existem direitos e deveres específicos a esta classe, sendo que hierarquia e disciplina foram elevados à categoria de princípios constitucionais, e como todos os outros, as normas e regulamentos infraconstitucionais, devem basear-se neles, sob pena de flagrante inconstitucionalidade, e todas as suas consequências.

2.5.3 Liberdade

Faz parte dos direitos fundamentais de primeira geração, garantindo-se as liberdades clássicas. O poder estatal tem seus limites perante o particular.

É garantia de todos poder ir, vir, ficar, parar, permanecer, continuar, seguir, etc, não podendo por autoritarismo, o poder público limitá-la.

Somente poderá ser limitada pelo Estado, em casos comprovados de maior interesse público sobre o particular.

Se houver esta limitação, e por ser ato administrativo, deve apresentar todos os pressupostos deste: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Grande importância dá-se aqui para a fundamentação. Pois é na fundamentação que será descrito o porquê daquele ato.

Se não houver a devida fundamentação com a exposição dos motivos para a supressão (ou restrição) da liberdade de alguém, este ato é nulo.

(13)

O cerceamento da liberdade é medida extrema, tanto que os institutos processuais penais recentes, por meio da Lei 12.403/2011, aumentaram seu rol de alternativas ao encarceramento.

2.5.4 Dignidade da Pessoa Humana

É um dos fundamentos constitucionais elencados no artigo 1º da Constituição Brasileira de 1988. Ele reúne todos os outros direitos, tais como a vida, a liberdade, a honra, a intimidade, etc.

Sobre os direitos fundamentais, BONAVIDES (2012, p. 579) cita Carl Schmidt, que fala que numa acepção estrita são unicamente os direitos da liberdade, da pessoa particular, correspondendo de um lado ao conceito do Estado burguês de Direito, referente a uma liberdade, em princípio ilimitada diante de um poder estatal de intervenção, em princípio limitado, mensurável e controlável.

BULOS (2007, p 83) discorre que:

A dignidade da pessoa humana é o valor constitucional supremo, que agrega em torno de si a unanimidade dos demais direitos e garantias fundamentais do homem, expressos nesta Constituição. Daí envolver o direito à vida, os direitos pessoais tradicionais, mas também os direitos sociais, os direitos econômicos, os direitos educacionais, bem como as liberdades públicas em geral.

(...)

Seja como for, a dignidade da pessoa humana é o carro-chefe dos direitos fundamentais na Constituição de 1988. Esse princípio conferiu ao Texto uma tônica especial, porque impregnou-lhe com a intensidade de sua força. Nesse passo, condicionou a atividade do intérprete.

Portanto, nenhuma norma infraconstitucional poderá violar algum destes direitos abrangidos pelo fundamento principal do Estado Democrático de Direito.

(14)

2.5.5 Proporcionalidade

BONAVIDES (2012, p. 409), discorre sobre os elementos do Princípio Constitucional da Proporcionalidade. São eles: pertinência ou aptidão (o mais certo para se levar a cabo um fim baseado no interesse público); necessidade (a medida não deve exceder os limites indispensáveis à conservação do fim legítimo que se almeja); e proporcionalidade stricto sensu (a escolha recairá sobre o meio que leve em conta o conjunto de interesses em jogo).

Também é conhecido como princípio da proibição do excesso.

FERREIRA (2009, P. 57) citando Canotilho diz que o princípio da proporcionalidade dizia primitivamente respeito ao problema da limitação do poder executivo, sendo considerado como medida para as restrições administrativas da liberdade individual.

BONAVIDES (2012, p. 439) questiona-se se o princípio da proporcionalidade seria um princípio de interpretação.

Uma das aplicações mais proveitosas contidas potencialmente no princípio da proporcionalidade é aquela que o faz instrumento de interpretação toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e se busca desde aí solução conciliatória, para o qual o princípio é indubitavelmente apropriado.

2.5.6 Discricionariedade

O poder discricionário do administrador lhe permite que escolha a gradação e a melhor opção em aplicação ou não de penalidade administrativa. A melhor escolha deve ter base em razões de oportunidade e conveniência. Porém, adstrita ao princípio da legalidade, não podendo condenar ao arredio do que a lei lhe obriga. Deve estar dentro deste limite, sujeitando-se ao controle pelo poder judiciário caso extrapole este poder.

DI PIETRO (2009, P. 217), fala que com relação ao ato discricionário, o Judiciário pode apreciar os aspectos da legalidade e verificar se a administração não ultrapassou os limites da discricionariedade.

(15)

DOS SANTOS (2003, P. 205), reforça que a autoridade judiciária poderá concluir que, a despeito de fazer uso de competência discricionária, a decisão tomada não foi a mais eficiente, ou seja, a que melhor se ajustava ao escopo legal.

3 CONCLUSÃO

Neste trabalho, onde a finalidade foi expor sobre a especialidade do Direito Disciplinar Militar, especificamente sobre a punição disciplinar de Impedimento, que foi instituída pelo Regulamento Disciplinar do Exército - RDE, e é aplicada pelas instituições policiais e bombeiros militares que não possuem regulamento disciplinar próprio.

A pesquisa foi realizada em diversas obras bibliográficas que tratam sobre o tema, e também na Constituição Federal de 1988, Regulamento Disciplinar do Exército e artigos na internet, para um melhor embasamento teórico.

As punições disciplinares militares contidas no RDE, ao serem aplicadas pelo agente competente, devem ser observadas algumas variantes, para o final concluir se é de natureza leve, média ou grave. Estas variantes tem semelhança com o princípio da individualização da pena do processo penal.

A punição disciplinar de impedimento é aplicada a transgressões consideradas leves. Conforme Art. 37 do RDE

A aplicação da punição disciplinar deve obedecer às seguintes normas:

I - a punição disciplinar deve ser proporcional à gravidade da transgressão, dentro dos seguintes limites:

a) para a transgressão leve, de advertência até dez dias de impedimento disciplinar, inclusive;

Porém, conforme se observa do próprio texto do Regulamento, a figura do Impedimento implica em restrição de liberdade. O punido deverá cumprir até

(16)

dez dias de impedimento em interior de área militar, não podendo se ausentar desta.

Analisando-se os princípios constitucionais da legalidade, hierarquia e disciplina, liberdade, dignidade da pessoa humana, proporcionalidade e discricionariedade, chegamos à conclusão que cercear a liberdade por uma transgressão de natureza leve, está próximo ao abuso do poder estatal.

A liberdade do indivíduo, um dos bens de maior valor que existe, não deve ser-lhe retirado, por não observância de regras disciplinares de pequena extensão. Estas seriam facilmente sanáveis com a aplicação de outras penalidades, como por exemplo, a advertência, ou mesmo a instituição de multa ao faltoso.

Ao decidir sobre a punição a que deverá ser submetido o faltoso, o agente competente, utilizando-se de sua discricionariedade, optará pela punição que ele acha correta para a situação. Estas autoridades deveriam ser estudiosas de direito constitucional, e interpretar o direito disciplinar, conforme os mandamentos constitucionais. Pois este grau de discricionariedade pode ocorrer punições diferentes para fatos iguais. Por um lado um militar pode receber uma advertência, enquanto por outro poderá ver sua liberdade cerceada.

No direito disciplinar militar, como no direito penal, deveria prevalecer a regra de que o cerceamento da liberdade seria a última instância e para casos graves, de extrema necessidade para a garantia da disciplina interna. A dignidade da pessoa humana pode ser aplicada como fundamentação para aplicação de institutos punitivos que não o cerceamento da liberdade, por transgressão considerada leve.

A proporção entre bens jurídicos devem ser observados em qualquer instância. No presente trabalho, procurou demonstrar que falta disciplinar considerada leve, que pode ser apenada com simples advertência verbal ou escrita, também pode ser punida com o cerceamento da liberdade, ficando a cargo do agente estatal punitivo, pelo poder discricionário, optar qual das duas aplicará ao caso concreto. Nem sempre esta escolha é acompanhada de fundamentação adequada, ficando o punido ao arbítrio do Estado. Às vezes por simples descumprimento de uma ordem, de menor importância, o faltoso vê-se

(17)

obrigado a ficar vários dias longe da convivência de seus familiares pelos quais é responsável.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. – 27ª ed. atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2012.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. - 7. ed. rev. e atual. até a Emenda Constitucional n. 53/2006. - São Paulo: Saraiva, 2007.

COSTA, José Armando da. Direito Disciplinar: temas substantivos e

processuais. - Belo Horizonte: Fórum, 2008.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. - 22. ed. - São Paulo: Atlas, 2009.

DOS SANTOS, Alvacir Correa dos Santos. Princípio da Eficiência da

Administração Pública. –São Paulo: LTr, 2003.

FERREIRA, Daniel. Teoria geral da infração administrativa a aprtir da

Constituição Federal de 1988. – Belo Horizonte: Fórum, 2009.

LEITE, Eduardo de Oliveira. Monografia Jurídica. 7. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.

MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Claudia Servilha. Manual de Metodologia

da pesquisa no direito. São Paulo: Saraiva, 2003.

Referências

Documentos relacionados

As avaliações destas atividades serão executadas por todos os professores dos respectivos semestres, de forma colegiada, resultando em nota uniforme para cada trabalho em todas

Como implícito na teoria, as observações são uma forma muito importante de se coletar dados, de modo a centralizar os processos interacionais, quer de uma criança com os pais, quer

This study evaluated specifically the sensitivity of primordial follicles to in vitro preservation conditions and showed that the storage of ovarian fragments in 0.9% saline

São detalhados a formulação matemática da estrutura de controle assim como os procedimentos adotados para gerar a trajetória desejada e para identificar em tempo real o modelo

Ara bé: sé del cert que jo existeixo i sé també que totes les imatges (i, en general, totes les coses que es refereixen a la naturalesa dels cossos) potser són només somnis

Também pode parar de tomar os comprimidos activos e tomar os 7 comprimidos de placebo, brancos, (antes desta semana de placebo, deve iniciar um intervalo sem comprimidos de 7

O efeito da recuperação do sistema está relacionado com vários parâmetros como: concentração de sais dissolvidos na água de alimentação, a qual dimensiona o valor da

Pressione as teclas CIMA/BAIXO para selecionar a opção e pressione a tecla DIREITA/ESQUERDA para ajustar aquela configuração1. Pressione SAIR para sair