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Centro comunitário de esportes como agente transformador urbano e social

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

BIANCA ELISA GABARDO

CENTRO COMUNITÁRIO DE ESPORTES COMO AGENTE

TRANSFORMADOR URBANO E SOCIAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2018

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BIANCA ELISA GABARDO

CENTRO COMUNITÁRIO DE ESPORTES COMO AGENTE

TRANSFORMADOR URBANO E SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo do Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo (DEAAU), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador(a): Prof. Ma. Thais Saboia Martins.

CURITIBA 2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

Centro comunitário de esportes como agente transformador urbano e social Por

BIANCA ELISA GABARDO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 20 de novembro de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Rodolfo Sastre UNIVERSIDADE POSITIVO

Prof. Rafaela Fortunato UTFPR

Prof. Gilson Werneck UTFPR

Prof. Thais Martins (orientadora) UTFPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Curitiba - Sede Ecoville

Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo Curso de Arquitetura e Urbanismo

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaria de agradecer aos meus pais, que sempre priorizaram minha educação e, acreditando em mim, ofereceram carinho e amparo capazes de me proporcionar a chance de estudar e me formar em uma universidade federal.

Agradeço aos meus colegas de curso que, em meio a tantas angústias, sempre me fizeram rir nessa caminhada para nos tornarmos arquitetos e urbanistas.

Agradeço à minha professora orientadora que, sempre atenciosa, foi capaz de me acalmar e me ajudar no andamento do trabalho.

Ao meu namorado que em muitos momentos teve que participar desse processo e sempre entendeu minhas ausências para concluir esse objetivo.

À toda a minha família, e, em especial minha avó, que sempre olhou com carinho e me incentivou com cada palavra.

Aos meus amigos de fora da universidade, que cresceram e amadureceram todo esse tempo comigo, sempre conseguindo fazer tudo ser mais leve.

Agradeço ainda à todos aqueles que me ajudaram com as pesquisas, o pessoal da biblioteca do IPPUC e o escritório Gandolfi Arquitetos, por transmitirem informações e conhecimentos.

Enfim, a todos os que estão sempre presentes e que de alguma forma, com um pequeno gesto ou palavra, contribuíram para a realização desta etapa, muito obrigada.

(5)

“Todo ser humano tem o direito fundamental de acesso à educação física e ao esporte que são essenciais para o pleno desenvolvimento da sua personalidade.” (UNESCO, 1978)

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RESUMO

GABARDO, Bianca Elisa. Centro Comunitário de Esportes como agente transformador urbano e social. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.

O presente trabalho busca apresentar conhecimentos e justificativas para a posterior elaboração de um projeto arquitetônico de um novo Centro Comunitário de Esportes, na cidade de Curitiba. Inicialmente foram entendidos conceitos sobre esporte e estudos similares de projetos no Brasil e no exterior. Procurou-se, então, analisar a cidade a fim de verificar a carência de equipamentos esportivos de qualidade em um bairro com alto índice de criminalidade, grande população jovem e de baixo poder aquisitivo. Dessa forma, correlacionando os equipamentos esportivos de relevância, definiu-se um terreno na Vila Nossa Senhora da Luz, no bairro Cidade Industrial de Curitiba. Finalmente foi possível estabelecer diretrizes, partidos e conceitos a serem alcançados na próxima etapa de implantação e desenvolvimento do projeto.

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ABSTRACT

GABARDO, Bianca Elisa. Community Sports Center as an urban and social transformation agent. 2018. Undergraduate Thesis – Bachelor’s degree in Architecture and Urbanism, Federal Technological University of Paraná. Curitiba, 2018.

This undergraduate thesis aims to present knowledge and justifications for the preparation of an architectural project of a new Community Sports Center, in the city of Curitiba. At first, concepts about sports and similar studies of projects in Brazil and abroad were understood. Then, it aimed to analyze the city in order to check the lack of quality sports equipments in a neighborhood with a high crime rate, large young population and low purchasing power. In regard to relevant sports equipments, a land was defined in the Vila Nossa Senhora da Luz, in the neighborhood of Cidade Industrial de Curitiba. Finally it was possible to make guidelines and concepts to be achieved in the next stage of project implementation and development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Reconstrução da cidade de Olímpia antiga. ... 18

Figura 2 – Tríade Vitruviana. ... 21

Figura 3 – 12 critérios de qualidade com respeito à paisagem do pedestre. ... 23

Figura 4 – Parque Biblioteca Espanha, Giancarlo Mazzanti. ... 25

Figura 5 – Parque Explora, Alejandro Echeverri + Valencia arquitetos. ... 25

Figura 6 – Esquema Geral das avenidas que compunham o Plano Agache. ... 27

Figura 7 – Explicação do sistema Trinário... 28

Figura 8 – Projeto Original, Praça Oswaldo Cruz, 1974. ... 30

Figura 9 – Praça Oswaldo Cruz, 1986. ... 31

Figura 10 – Planta Geral da Praça Oswaldo Cruz ... 32

Figura 11 – Acesso CEL Dirceu Graeser, 2018. ... 32

Figura 12 – Planta baixa Pavimento Térreo, CEL Dirceu Graeser. ... 33

Figura 13 – Planta baixa Pavimento Subsolo, CEL Dirceu Graeser. ... 34

Figura 14 – Corte transversal, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. ... 34

Figura 15 – Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. ... 35

Figura 16 – Pilar, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. ... 35

Figura 17 – Interior da área de piscina, CEL Dirceu Graeser. ... 36

Figura 18 – Visão geral do Centro Esportivo Municipal Ciutadella. ... 37

Figura 19 – Planta baixa Pavimento Térreo, CEM Ciutadella. ... 38

Figura 20 – Fachada principal, CEM Ciutadella. ... 38

Figura 21 - Planta baixa Pavimento Subsolo, CEM Ciutadella. ... 39

Figura 22 – Corte Setorial, CEM Ciutadella... 40

Figura 23 – Área interna de piscinas, CEM Ciutadella. ... 40

Figura 24 – Área Interna do ginásio poliesportivo, CEM Ciutadella. ... 41

Figura 25 – CEM Ciutadella ao entardecer. ... 41

Figura 26 – Área Interna de piscinas com ruínas, CEM Ciutadella. ... 42

Figura 27 – Proposta urbanística "Uma Visão Para Mãe Luiza", Arena do Morro. .... 42

Figura 28 – Vista aérea, Arena do Morro. ... 43

Figura 29 – Planta baixa Pavimento Térreo, Arena do Morro. ... 44

Figura 30 – Planta baixa Pavimento Superior, Arena do Morro. ... 44

Figura 31 – Rampa de acesso ao terraço, Arena do Morro. ... 45

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Figura 33 – Corte transversal, Arena do Morro. ... 46

Figura 34 – Bloco de vedação, Arena do Morro. ... 46

Figura 35 – Interior Arena do Morro. ... 47

Figura 36 – Vista da rua, Arena do Morro. ... 47

Figura 37 – Mapa de Renda Média mensal dos responsáveis pelo domicílio ... 52

Figura 38 - Mapa de Densidade Demográfica. Dados de 2010. ... 53

Figura 39 – Unidades esportivas relevantes. 2018. ... 55

Figura 40 – Localização Bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ... 56

Figura 41 – Pirâmide Etária de Curitiba (dados de 2010). ... 57

Figura 42 – Pirâmide Etária do bairro Cidade Industrial (dados de 2010). ... 57

Figura 43 – Vila Nossa Senhora da Luz, 1967. ... 59

Figura 44 – Projeto Vila Nossa Senhora da Luz. ... 60

Figura 45 – Vista aérea da Vila Nossa Senhora da Luz e seu entorno imediato... 61

Figura 46 – Vila Nossa Senhora da Luz e vilas vizinhas. ... 62

Figura 47 – Campo de areia em praça secundária. ... 63

Figura 48 – Academia ao Ar Livre em praça Enoch A. Ramos. ... 63

Figura 49 – Implantação Vila Nossa Senhora da Luz e seu eixo central. ... 65

Figura 50 – Vista aérea com indicação de fotos. ... 66

Figura 51 – Foto Vista A do terreno. ... 66

Figura 52 - Foto Vista B do terreno. ... 67

Figura 53 – Foto Vista C do terreno. ... 67

Figura 54 – Foto Vista D do terreno. ... 68

Figura 55 – Área do terreno. ... 69

Figura 56 – Inserção do terreno no Zoneamento de Curitiba. ... 70

Figura 57 – Mapa Síntese de Aspectos Naturais ... 73

Figura 58 – Topografia do terreno ... 74

Figura 59 – Mapa Síntese de Aspectos Antrópicos ... 76

Figura 60 – Programa de necessidades e pré-dimensionamento do projeto ... 78

Figura 61 – Diagrama representativo do coeficiente máximo do terreno ... 79

Figura 62 – Diagrama representativo de taxa de ocupação máxima do terreno. ... 80

Figura 63 – Organograma e Fluxograma. ... 81

Figura 64 – Esquema de diretrizes e conceitos adotados. ... 83

Figura 65 – Partidos adotados para projeto, em planta. ... 84

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Figura 67 – Inserção do Centro Comunitário de Esportes. ... 87

Figura 68 – Detalhe de vedação - Volume do Ginásio Poliesportivo. ... 90

Figura 69 – Detalhe de vedação – Volume da Natação. ... 90

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Proporção de áreas por setor, Praça Oswaldo Cruz. ... 50

Gráfico 2 – Proporção de áreas por setor, CEM Ciutadella. ... 50

Gráfico 3 – Proporção de áreas por setor, Arena do Morro. ... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Síntese de características observadas nos estudos de caso. ... 48

Tabela 2 – Comparação de áreas dos estudos de caso. ... 49

Tabela 3 – Quadro de Parâmetros de uso e ocupação do Solo. ... 71

Tabela 4 – Dimensionamento Final do projeto. ... 88

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 Problema ... 16 1.2 Hipótese ... 16 1.3 Justificativas ... 16 1.4 Objetivo Geral ... 17 1.5 Objetivos Específicos ... 17 2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA ... 18 2.1 O esporte ... 18 2.1.1 Histórico ... 18 2.1.2 Benefícios do esporte ... 19 2.1.3 Conceitos Relacionados ... 20 2.2 Arquitetura e esporte ... 20

2.3 A vida urbana e os equipamentos urbanos comunitários ... 21

2.3.1 O caso de Medellín ... 24

2.4 Curitiba: alguns traços de sua história ... 26

3 ESTUDOS DE CASO ... 30

3.1 Praça Oswaldo Cruz - Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser ... 30

3.2 Centro Esportivo Municipal Ciutadella ... 36

3.3 Arena do Morro ... 42

3.4 Análise comparativa dos Estudos de Caso ... 48

4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE ... 51

4.1 Curitiba: panorama atual ... 51

4.2 Cidade Industrial de Curitiba ... 56

4.3 Vila Nossa Senhora da Luz ... 58

(14)

4.4 Definição do terreno ... 64

4.4.1 Apresentação ... 68

5 DIRETRIZES GERAIS DO PROJETO ... 72

5.1 Caracterização do terreno ... 72

5.2 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ... 77

5.3 Partidos e conceitos ... 82

6 PROPOSTA ... 87

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 92

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 93

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1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento do número de habitantes nos centros urbanos, a saúde e a prevenção de doenças torna-se elemento fundamental a ser incentivado. No Brasil, o esporte expressa a identidade polissêmica, multicultural e miscigenada do país (DACOSTA, 2005), sendo importante na cultura da população. No entanto, a maioria da população é sedentária, não praticando atividades físicas regularmente.

Em meio a essa realidade, a criação de um Centro Comunitário de Esportes, com estrutura adequada às diversas modalidades, deve proporcionar maior interesse e consequentemente melhorar os índices de prática esportiva, especialmente para a população de menor poder aquisitivo.

Com o propósito de estabelecer um entendimento lógico, a presente monografia inicia no capítulo 2, por meio da conceituação temática, apresentando a origem do esporte, seus benefícios e sua classificação, através da pesquisa exploratória e bibliográfica. Em seguida avança para referências teóricas, de forma descritiva, acerca do entendimento sobre arquitetura esportiva e equipamentos urbanos comunitários, estudando o caso específico de Medellín, como exemplo de sucesso em urbanização. Posteriormente é realizado um histórico do processo de urbanização em Curitiba, sinalizando as consequências do processo de planejamento, divisão e criação das regionais na cidade de Curitiba.

No capítulo 3, o entendimento dos conceitos torna possível a pesquisa analítica dos estudos de caso escolhidos, buscando estabelecer características importantes e comuns aos centros comunitários de esportes no Brasil, com os casos da Praça Oswaldo Cruz em Curitiba e da Arena do Morro em Natal, e no mundo, com o caso de Centro Esportivo Municipal Ciutadella, em Barcelona, na Espanha. Desse modo, compreende-se o funcionamento do equipamento esportivo, de suas dimensões, usos e seus fluxos auxiliando nas Diretrizes Projetuais.

No capítulo 4 é realizada a interpretação da realidade, iniciando com uma análise da cidade de Curitiba na busca por um local para a implantação do projeto e, após encontrar a Vila Nossa Senhora da Luz localizada na porção sul do bairro Cidade Industrial de Curitiba, estuda sua história e suas características. Dessa maneira, ao final do capítulo é estabelecido o terreno para a implantação do equipamento.

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Finalmente, fundamentadas em toda a monografia, no capítulo 5 são estabelecidas as Diretrizes Projetuais, visando orientar a proposta e colaborar para o desenvolvimento do projeto de um novo Centro Comunitário de Esportes.

1.1 Problema

Com o contínuo crescimento da área urbana em Curitiba, o acesso à prática regular de atividades físicas e esportivas não está presente em toda a cidade. Dessa forma, regiões periféricas da cidade, possuindo grande população jovem, ainda não dispõem de edificações que incentivem tal prática e solucionem toda a demanda local. 1.2 Hipótese

Um novo projeto de Centro Comunitário de Esportes, com infraestrutura adequada e podendo abrigar a prática mesmo em dias de chuva, atenderá as necessidades de uma comunidade e oferecerá o esporte como saúde tanto quanto como agente educador, possibilitando a diminuição de índices de criminalidade e tráfico de drogas.

1.3 Justificativas

No Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2015) afirmam que menos da metade da população pratica alguma atividade física regularmente. Quando demonstrada a relação de praticantes com seu grau de instrução e rendimento médio observam-se índices consideravelmente mais baixos àqueles com menor instrução e menor renda, chegando a uma diferença de 35 pontos percentuais na região Sul do país (IBGE, 2015). Quando perguntados sobre os motivos para não praticarem esportes, mais de um terço apontou falta de interesse, com destaque ao público mais jovem.

O esporte é capaz de formar cidadãos, promover ensinamentos e valores (TUBINO, 1999) e dessa forma assegura educação, tendo o potencial de diminuir índices de insegurança em uma comunidade.

No aspecto da saúde, constata-se o crescimento de índices de sobrepeso e obesidade atingindo cerca de 56,9% da população do país e uma semelhante tendência de crescimento em Curitiba (SISVAN, 2012). Consequentemente, aliados ao sobrepeso e ao sedentarismo, encontram-se as ocorrências de diversas doenças

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que podem ser minimizadas ou até mesmo solucionadas com a atividade física adequada.

Para auxiliar em ambas as áreas, educação e saúde, o esporte deve ser promovido pelo poder público, pois esse está inserido em saúde e lazer, direitos fundamentais ao cidadão brasileiro segundo a Constituição Brasileira de 1988.

Deste modo, faz-se necessário maior incentivo à prática esportiva por meio de espaços adequados, atraindo a curiosidade e a vontade da população, principalmente em áreas de adensamento populacional em que a população não tem condições e acesso à atividade física, buscando a democratização do esporte e transformando o ambiente urbano e social.

1.4 Objetivo Geral

O objetivo geral é propor um novo espaço para a prática e o ensino de esportes, buscando torná-lo um local de lazer, educação e segurança, atingindo públicos de diversas faixas etárias, porém, priorizando o público jovem, na cidade de Curitiba. 1.5 Objetivos Específicos

 Entender a origem do esporte como formador social do cidadão;  Esclarecer o que é arquitetura esportiva;

 Compreender o conceito de equipamentos urbanos comunitários e como esses devem ser projetados;

 Estudar o processo de urbanização de Curitiba para melhor escolher a região de implantação do equipamento;

 Elaborar um programa de necessidades adequado à pretensão do projeto;  Criar um espaço atrativo à atividade física, à sociabilidade e à prática esportiva.

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2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

2.1 O esporte

2.1.1 Histórico

Desde os primórdios da humanidade encontram-se registros de atividades físicas como rituais e formas de sobrevivência ao homem. Segundo Godoy (1996), já em tempos antigos, eventos de disputas esportivas, como os Jogos Públicos e, posteriormente, os Jogos Olímpicos, proporcionavam períodos de paz entre as civilizações, interrompendo guerras e harmonizando povos.

Na Grécia Antiga, há registros do esporte como culto ao corpo e com o fim educativo, além de serem importantes meios da formação físico-intelectual (GODOY, 1996). Têm-se, ainda, nesse período, construções com a única finalidade de abrigar práticas esportivas, como o ginásio, o estádio, o hipódromo e a palestra1, presentes em diversas cidades gregas antigas, bem como em Olímpia (Figura 1).

Figura 1 – Reconstrução da cidade de Olímpia antiga. Fonte: Wikimedia Commons, modificado pela Autora.

1 As palestras eram edificações destinadas à prática de modalidades de ataque e defesa, possuindo

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Porém, por muito tempo, em todo o mundo, o esporte teve seu aspecto educacional esquecido e foi compreendido apenas pelo seu aspecto de alto rendimento, fazendo surgir correntes contrárias ao seu treinamento. Inspirado por tais correntes, o ganhador do Nobel da Paz, Philip Noél-Baker, recordou, em 1964, a existência de outras expressões desportivas. Reiniciava, assim, a ideia do esporte ao homem comum e na vida escolar (TUBINO, 1999).

Após algum tempo, em 1978, a Carta Internacional de Educação Física e Esporte, publicada pela Unesco, estabeleceu a atividade esportiva como um direito de todos. Referência em todo o mundo, provocou grandes mudanças no papel do Estado, possibilitando até mesmo a inclusão do esporte como direito fundamental na Constituição Brasileira de 1988.

Atualmente, o esporte tem papel fundamental na vida do brasileiro, visto que é uma manifestação cultural, social, comunitária e, ainda, econômica. Expressa a identidade polissêmica, multicultural e miscigenada do país, refletindo de forma quase completa o povo brasileiro (DACOSTA, 2005).

2.1.2 Benefícios do esporte

Apesar do país ter grande interesse pelo esporte, menos da metade da população pratica alguma atividade física regularmente (IBGE, 2015), deixando de usufruir de suas vantagens.

A vida saudável, definida pela OMS como “um estado de amplo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doenças e enfermidades”, tem ligação direta com a qualidade de vida, abrangendo parâmetros de saúde, lazer, educação e todo o universo ligado ao ser humano e seu meio (ALMEIDA et. Al, 2012).

Para atingir tais parâmetros, a atividade física é bastante eficaz. Na saúde tem inúmeros benefícios, podendo aumentar a autoestima e a capacidade mental, diminuir perigos de doenças cardíacas e reduzir possibilidade de diabetes. Ainda, segundo Wagner Gasparini, ajuda a tardar o envelhecimento, pois fortalece os músculos e a manutenção óssea.

Como fenômeno social e político, aliado à educação, o esporte pode ser motivador do conjunto de transformações culturais de uma sociedade, ensinando diversos valores e socializando o cidadão (BRUEL, M. R. 1989). Pode, ainda, ser percebido como lazer, pois libera hormônios capazes de proporcionar bom humor.

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2.1.3 Conceitos Relacionados

Conceituadas por diversos autores, as concepções acerca dos objetivos do esporte, aqui entendidas segundo M. J. G. Tubino (1999), separam-se em: esporte performance, esporte educação e esporte participação.

O primeiro deles têm o alto rendimento como principal característica, sendo o esporte que conduz espetáculos e quebra recordes. Obedece regras rígidas e objetiva o melhor desempenho através de muito treinamento, desprendendo-se, por vezes, de princípios morais. Exemplos de esporte performance são as grandes competições mundiais, como os jogos olímpicos.

Já o esporte educação, oposto ao esporte de rendimento, é entendido como um processo educacional capaz de formar jovens cidadãos, promover ensinamentos e valores, além do bem-estar. Tal conceito não se atém em regras institucionais, prevalecendo ensinamentos para a vida em sociedade. Geralmente tem como público alvo crianças e jovens, em escolas ou centros esportivos.

Por último, o esporte participação, sendo a prática esportiva como forma de lazer que procura atingir democraticamente todos os agentes da comunidade, promovendo o bem-estar e principalmente a interação, o envolvimento e as relações interpessoais. Ao analisar os três conceitos de esporte, para essa monografia, destacam-se o esporte educação e o esporte participação, pois esses relacionam-se com o caráter comunitário e de mudanças sociais pretendido ao projeto a ser proposto.

2.2 Arquitetura e esporte

A arquitetura esportiva não pode ser entendida tal qual instalação esportiva, segundo Camila Forcellini (2014). O conceito de arquitetura perpassa por diversas áreas do conhecimento e estende-se por toda a história da humanidade.

De forma mais sintética, Carlos Lemos (apud Forcellini, 2014) apresenta a arquitetura como forma de responder às ausências criando novos ambientes propícios a sua atividade e envolvendo intenções plásticas. Desse modo, Lemos recorda Vitrúvio, retomando dois dos três princípios básicos de seu tratado de arquitetura (Figura 2), Utilitas e Venustas2.

2 "De Architectura" ou, em português, “Tratado de Arquitetura”, é datado do século I a.C. Teorizado por

Vitrúvio, define a arquitetura com a tríade básica composta por Venustas (estética e beleza), Firmitas (firmeza e qualidade) e Utilitas (utilitário e funcional).

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Figura 2 – Tríade Vitruviana. Fonte: Autora, 2018.

Considerando tais referências, conclui-se que, por exemplo, uma quadra sozinha em meio ao quarteirão ou a uma praça atende ao aspecto funcional, porém, desconsidera seu aspecto estético e, portanto, não pode ser considerada arquitetura esportiva, mas sim uma instalação esportiva (FORCELLINI, 2014).

Logo, encontra-se como concepção de arquitetura esportiva aquela que atende aos aspectos funcionais, aspectos de qualidade e apresentam procura por uma estética atraente e motivadora da prática esportiva. Dessa maneira, o profissional arquiteto tem grande relevância, cuidando de aspectos técnicos tanto quanto estéticos.

Ainda, como já evidenciado anteriormente, o esporte pode ter caráter educacional e participativo e, da mesma forma, a arquitetura esportiva pode promover tais formas de esporte, possibilitando aspectos importantes à vida da criança, do jovem ou adulto.

Logo, uma boa arquitetura esportiva pode mover barreiras sociais e, ainda, transformar o espaço urbano, tendo seu aspecto de equipamento comunitário aguçado.

2.3 A vida urbana e os equipamentos urbanos comunitários

Nos últimos anos a população saiu das áreas rurais e passou a residir nas cidades. No Brasil, cerca de 84% da população vive atualmente em situação urbana, segundo IBGE. Em busca de atender as demandas desse crescimento, os equipamentos urbanos comunitários desempenham importante papel, funcionando como suporte aos serviços básicos.

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A NBR 9284 (1986) define equipamentos urbanos como todos aqueles de utilidade pública, privados ou públicos, destinados à prestação de serviços fundamentais ao funcionamento da cidade, classificando-os em: circulação e transporte, cultura e religião, esporte e lazer, infraestrutura, sistema de comunicação, sistema de energia, sistema de iluminação pública, sistema de saneamento, segurança pública e proteção, abastecimento, administração pública, assistência social, educação e saúde. A Lei Federal 6766 (1979) apresenta equipamentos urbanos comunitários como aqueles públicos, de educação, cultura, saúde, lazer e similares.

Em tempos de grande preocupação por segurança, o medo é fator comum na vida cotidiana das grandes cidades. Tal insegurança é a causa da baixa ocupação dos espaços públicos e coletivos, enfraquecendo as relações interpessoais. Henry Lefebvre (apud OLIVEIRA, 2011) defende a vida urbana como encontros de diferenças e apropriação do espaço que se vive. Portanto, equipamentos urbanos comunitários, sendo polos de confluência da comunidade, têm sua importância reconhecida e devem ter seu planejamento bem compreendido.

Segundo Jan Gehl, em seu livro “Cidade para as pessoas”, diversos princípios atuam como motivadores do uso do espaço urbano. Considerando equipamentos urbanos comunitários como extensões das ruas, estes devem ser compreendidos de maneira semelhante.

A distribuição das funções da cidade, o espaço convidativo ao pedestre, a existência de lugares de permanência, a garantia da escala humana e da visão desobstruída são alguns dos fundamentos presentes na lista de 12 aspectos de qualidade para a paisagem do pedestre, Figura 3 (GEHL, 2013). Vários desses refletem-se na arquitetura e principalmente nos equipamentos públicos, visto que esses devem servir de exemplos às outras edificações.

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Figura 3 – 12 critérios de qualidade com respeito à paisagem do pedestre. Fonte: GEHL, 2013.

Nesse contexto de cidades e espaços públicos surge o termo Catalisador Urbano, significando locais que promovem a dinâmica e a revitalização de seu entorno com espaços de encontros e experiências abertas ao uso público e compartilhado (SOUZA, 2013). Dessa maneira, praças e equipamentos urbanos comunitários como escolas, teatros e inclusive espaços esportivos são considerados instrumentos catalisadores. Várias cidades do mundo utilizaram do espaço público para a promoção e democratização do acesso à cidade, sendo Medellín, na Colômbia, uma delas.

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2.3.1 O caso de Medellín

Medellín, segunda cidade em importância comercial da Colômbia, apenas atrás da capital Bogotá, deixou de ser referência em violência para tornar-se referência em urbanidade, processos de inclusão e apropriação do espaço público (ECHEVERRI, 2016).

Sua história de segregação se inicia por volta de 1950, quando ocorreu um processo de intensa luta armada, causando a migração da população dessas áreas para os morros da cidade de Medellín que, sem infraestrutura, gerou o crescimento da exclusão social (OLIVEIRA, 2011). Ainda, nos anos de 1980 e 1990, o narcotráfico tomava conta da cidade, evidenciando ainda mais tal aspecto.

O início da estratégia de Urbanismo Social foi o programa do Governo Nacional da Consejería Presidencial de Medellín que, com a ajuda do governo alemão, originou um programa de melhoramento integral de bairros, por volta de 1995. Em 2003, o acadêmico Sergio Fajardo ganhou as eleições e iniciou a transformação mais importante na cidade (ECHEVERRI, 2016).

Tanto o governo de Fajardo (2004-2007) quanto o de seu sucessor, Alonso Salazar (2008-2011), tiveram como base Projetos Urbanos Integrais e sólida intervenção no sistema educacional. Dessa forma, a definição dos locais de intervenção foi fundamentada no IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano), escolhendo como prioridade os bairros com menor índice, para que houvesse transparência e justa distribuição (OLIVEIRA, 2011). A escolha evidencia o aspecto de vulnerabilidade social como fator importante nas ações urbanísticas.

Vários setores da urbanização foram reorganizados, como o saneamento, a pavimentação e iluminação das ruas, além do transporte urbano. Concomitantemente houve a geração e revitalização de equipamentos urbanos, como praças, centros de saúde e espaços esportivos (OLIVEIRA, 2011). As Figuras 4 e 5 são exemplos de equipamentos implantados em meio à população de baixa renda como potencializadores do espaço público como interação, gerando orgulho à comunidade.

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Figura 4 – Parque Biblioteca Espanha, projetado pelo arquiteto Giancarlo Mazzanti. Fonte: Archdaily, 2008.

Figura 5 – Parque Explora, projetado por Alejandro Echeverri + Valencia arquitetos. Fonte: Alejandro Echeverri + Valencia arquitetos, 2008.

Para tornarem-se visíveis todos os programas do governo, a arquitetura e o urbanismo foram as ferramentas fundamentais. Dessa forma, Medellín se transformou em um laboratório vivo e dinâmico de inovação, principalmente nos bairros do norte da cidade, onde estavam os problemas de desigualdade mais fortes (ECHEVERRI, 2016).

Portanto, buscando atuar como transformador e integrador urbano por meio do equipamento comunitário, deve-se entender a história da cidade em questão. Dessa maneira, o próximo capítulo estuda a história da cidade de Curitiba, aonde pretende-se implantar o novo Centro Comunitário de Esportes.

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2.4 Curitiba: alguns traços de sua história

Em 29 de março de 1693, ao ser criada a Câmara Municipal, é fundada a Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, posteriormente, em 1721, chamada de Curitiba (PREFEITURA MNICIPAL DE CURITIBA, 2018).

O município contou com pequenas ações de natureza urbanística, entretanto, o primeiro planejamento urbano aconteceu apenas em 1943, com o Plano de Urbanização de Curitiba, conhecido como Plano Agache, formulado pelo francês Alfred Agache (IPPUC, 2004).

O Plano Agache propunha um conjunto de avenidas perimetrais, radiais e diametrais para a configuração de uma cidade radiocêntrica, organizada conforme Figura 6.

Ainda, compreendia a criação dos Centros Funcionais e do Código de Obras e Zoneamento, a distribuição dos espaços livres e a previsão de extensão da cidade.

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Figura 6 – Esquema Geral das avenidas que compunham o Plano Agache. Fonte: DUDEQUE, 2010.

Suas principais contribuições para a paisagem hoje configurada em Curitiba foram o Sistema Viário Radiocêntrico e os Centros Funcionais abrangendo o Centro Cívico, o Centro Comercial e Industrial, os Centros Residenciais e os Centros Educativos.

Em relação à atividade esportiva, o plano propôs a criação de um estádio como Centro Esportivo Principal (CURITIBA, 1943). No entanto, o estádio tinha a intenção de concentração popular e contato com as massas proeminente ao seu aspecto esportivo, característica comum à política mundial das décadas de 30 e 40 (DUDEQUE, 2010).

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O Plano Agache foi parcialmente implantado e após vinte anos, por volta de 1960, a cidade exibiu vestígios de rápido crescimento que, sem ter sido previsto, configurou-se de modo desordenado fazendo-se necessário um novo planejamento urbano (IPPUC, 2004). A administração municipal de Curitiba define então, em 1965, um concurso com o propósito de escolher o novo plano urbanístico para a cidade.

Jorge Wilheim Arquitetos Associados juntamente com a Sociedade SERETE de Estudos e Projetos elaboraram a proposta vencedora, que, após passar por modificações pelo IPPUC, se tornaria o novo Plano de Urbanismo de Curitiba.

O Plano Wilheim-SERETE demarca o crescimento da cidade de forma linearizada, definindo setores estruturais que se estendem nos sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste (IPPUC, 2004). Tais setores passaram a ter semelhanças em funções urbanas com a área central, criando uma estrutura polarizadora nos bairros periféricos e aliviando o centro principal (SERETE, WILHEIM,1965).

Os setores estruturais contam com três eixos viários: a via central, possuindo transporte público coletivo em canaletas exclusivas, com vias de tráfego lento de transporte individual e duas vias paralelas à via central, com tráfego rápido, uma para cada sentido (SERETE, WILHEIM, 1965), conforme Figura 7.

Figura 7 – Explicação do sistema Trinário. Fonte: www.ippuc.org.br.

Outras estratégias do plano baseiam-se na presença de serviços públicos e equipamentos comunitários, estimulando o policentrismo e o adensamento ao longo dos eixos estruturais. Dessa forma, evidencia-se que o modelo monofuncional modernista não era viável para a cidade, revelando a distribuição de diferentes funções como fundamental à vida urbana (BARBOSA, 2005).

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Já na década de 1970, implanta-se, em Curitiba, o sistema de transporte público BRT3. Até 1971, a cidade estava afastada dos centros nacionais de urbanismo, no entanto, meia década depois já havia sido reconhecida por seu sucesso em planejamento urbano e por introduzir novas soluções urbanas (DUDEQUE, 2010).

Na década de 1980 surgem novos pensamentos acerca da cidadania e de espaços de convivência, intensificando o desenvolvimento social e objetivando atingir a parcela da população com menor poder aquisitivo (IPPUC, 2004).

É por volta do início da década de 1990 que a prefeitura subdivide-se em administrações regionais apresentadas como novos centros referenciais dos bairros, contendo atendimentos a respeito de serviços públicos, áreas esportivas e espaços culturais, localizados, em sua maioria, junto à terminais de transporte coletivo (BARBOSA, 2005). Apenas em 1999, com a construção das Ruas da Cidadania4 que faltavam, tal processo de regionalização administrativa se concretiza (WALTER, 2004).

Nas Ruas da Cidadania o esporte foi incentivado, uma vez que a SMELJ5 obteve espaços para atividades físicas, com quadra poliesportiva.

Todo esse movimento de descentralização provocou mudanças. Os principais eixos estruturais tornaram-se bem servidos de infraestrutura e serviços, porém, em sua maioria, ocupados por edifícios de alto padrão e população de alto poder aquisitivo, obrigando a população de baixa renda a migrar para as periferias da cidade e permanecer, assim, com carência de infraestrutura. Dessa forma, Curitiba deve atender demandas das regiões mais periféricas, buscando a democratização do acesso à cidade.

3 BRT – Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus é um tipo de sistema de transporte coletivo,

implantado de forma pioneira em Curitiba, em que os ônibus possuem via exclusiva, proporcionando maior eficiência.

4 Ruas da Cidadania são centros de bairros da cidade de Curitiba, com objetivo principal de promover

o acesso da comunidade proveniente da periferia da cidade aos serviços urbanos, procurando estabelecer condições de igualdade e de atendimento a suas necessidades (BARBOSA, 2005).

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3 ESTUDOS DE CASO

Com o objetivo de obter embasamentos necessárias para dimensionar e desenvolver o projeto proposto foram selecionados e estudados alguns projetos de diferentes características e com diferentes qualidades, ajudando assim a compreender diferentes soluções à vários aspectos referentes ao projeto a ser concebido.

Dessa maneira, foram escolhidos: Praça Oswaldo Cruz (Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser), sendo um projeto local, como referência de funcionamento de equipamentos esportivos públicos na cidade de Curitiba;Centro Esportivo Municipal Ciutadella, um projeto internacional, como referência de boa arquitetura esportiva; Arena do Morro, um projeto em território brasileiro, com semelhança em seu contexto urbano, além de ser referência como boa arquitetura esportiva e multifuncional. 3.1 Praça Oswaldo Cruz - Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser

Inaugurada em 1974, a Praça Oswaldo Cruz localiza-se no bairro Centro, em Curitiba, entre as Ruas Lamenha Lins e Brigadeiro Franco e as Avenidas Visconde de Guarapuava e Sete de Setembro.

O projeto original, de autoria do arquiteto Roberto Luiz Gandolfi, possuía playground, pista de salto, piscina aberta, ginásio coberto, salto em altura e pista de atletismo, conforme projeto em Figura 8 (XAVIER, 1986).

Figura 8 – Projeto Original, Praça Oswaldo Cruz, 1974. Fonte: XAVIER, 1986.

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Denominada Centro de Esporte e Lazer (CEL) Dirceu Graeser, os equipamentos esportivos sempre tiveram grande uso da população, como mostra a Figura 9, da década de 1980.

Figura 9 – Praça Oswaldo Cruz, 1986. Fonte: www.i.pinning.com.

Após 5 anos de obras, o centro foi reinaugurado em março de 2018, tornando-se o maior espaço esportivo público do município, com capacidade para atender aproximadamente três mil pessoas por mês (Prefeitura de Curitiba, 2018).

O projeto da reforma foi desenvolvido pelo escritório Gandolfi Arquitetos e executado pelo IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Assim, foram executadas a nova cobertura da piscina com instalações de vestiários, além da reforma no ginásio poliesportivo, com reparos na cobertura e troca do piso de madeira na quadra.

Dessa forma, a Praça Oswaldo Cruz se apresenta, hoje, como desenho apresentado na Figura 10, possuindo cerca de 15.800m², com pista de caminhada e de atletismo, playgrounds, quadra descoberta, academia ao ar livre, posto policial, ginásio poliesportivo e piscina coberta com instalações de vestiários, salas multiuso e áreas de apoio.

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Figura 10 – Planta Geral da Praça Oswaldo Cruz

Fonte: Arquivo disponibilizado por Galdolfi Arquitetos, modificado pela Autora.

Seu acesso principal acontece pela Rua Brigadeiro Franco (Figura 11), frente a frente com o Shopping Curitiba.

Figura 11 – Acesso CEL Dirceu Graeser, 2018. Fonte: Autora, 2018.

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O CEL Dirceu Graeser foi escolhido como estudo de caso por se tratar de uma referência municipal de funcionamento de equipamento esportivo, com escala próxima ao projeto a ser concebido, e pela qualidade arquitetônica de seus espaços internos. Dessa forma, o estudo será feito principalmente nos ambientes cobertos, como o ginásio poliesportivo e a piscina.

O acesso às edificações ocorre pelo eixo principal de entrada da praça (Figura 12), ao nível do pavimento térreo, acessando hall, vestiários e a piscina, além da arquibancada e salas multiuso que costumam abrigar aulas de ginástica, dança e musculação.

Figura 12 – Planta baixa Pavimento Térreo, CEL Dirceu Graeser.

Fonte: Arquivo disponibilizado por Galdolfi Arquitetos, modificado pela Autora.

A construção da piscina apresenta apenas o pavimento térreo, porém, o ginásio poliesportivo apresenta subsolo (Figura 13) que abriga salas multiusos e de apoio, vestiários e a quadra, rebaixada em torno de 2 metros do nível da praça, garantindo, assim, continuidade visual ao conjunto (XAVIER, 1986).

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Figura 13 – Planta baixa Pavimento Subsolo, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. Fonte: Arquivo disponibilizado por Galdolfi Arquitetos, modificado pela Autora.

O ginásio poliesportivo corresponde ao ponto focal de maior interesse do conjunto, por possuir uma estrutura em treliça espacial de 45 x 50 metros (Figuras 14 e 15), apoiada em apenas quatro pilares de concreto armado, apresentados na Figura 16.

Figura 14 – Corte transversal, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. Fonte: XAVIER, 1986, modificado pela Autora.

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Figura 15 – Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. Fonte: Autora, 2018.

Figura 16 – Pilar, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser. Fonte: Autora, 2018.

Assim, sua estética é voltada à estrutura aparente que impressiona o usuário, sem vedações laterais, provocando amplitude e total conexão do interior com o exterior.

Diferentemente, a piscina, alvo principal da última revitalização, apresenta um volume de fechamento bastante sólido, isolando-se em seu interior, como mostra a Figura 17.

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Figura 17 – Interior da área de piscina, CEL Dirceu Graeser. Fonte: Autora, 2018.

O funcionamento do Centro de Esportes e Lazer acontece de segunda a sexta, das 8h às 21h, com aulas de natação, pólo aquático, ginástica, vôlei, basquete, futsal, handebol e musculação. A população pode, ainda, reservar o ginásio para a prática de esportes ao final de semana.

Os equipamentos como pistas de caminhada e atletismo, academia ao ar livre, quadra descoberta e playgrounds ficam à disposição todos os dias até as 21horas, com segurança do posto policial.

Dessa maneira, o CEL Dirceu Graeser é um exemplo de como a cidade oferece o esporte à população, além de ser uma referência local de projeto de equipamento esportivo.

3.2 Centro Esportivo Municipal Ciutadella

Localizado no distrito de Ciutat Vella, um dos mais povoados da cidade de Barcelona, o Centro Esportivo Municipal (CEM) Ciutadella é um equipamento urbano integrado e utilizado como fechamento do Parque da Ciutadella (Figura 18).

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Figura 18 – Visão geral do Centro Esportivo Municipal Ciutadella. Fonte: BATLLE I ROIG ARQUITECTES,2018.

Na revisão do plano diretor decidiu-se propor uma área significativa à criação de um equipamento esportivo que melhorasse a prática esportiva pela população (ARCHDAILY, 2014). Dessa forma, o CEM Ciutadella foi projetado em 2005 e inaugurado em 2009, com autoria do escritório Batlle I Roig Arquitetos, formado por uma equipe multidisciplinar de engenheiros, arquitetos e urbanistas.

Com terreno de aproximadamente 4.300m² e área construída de cerca de 2.300m², o edifício foi escolhido como estudo de caso por sua dimensão e programa semelhantes ao projeto a ser proposto, sua planta funcional, sua intenção plástica voltada ao cuidado com a escala do pedestre e seus aspectos de qualidade espacial, como o tratamento para o conforto acústico.

Seu acesso principal acontece pelo pavimento térreo (Figura 19), onde pode-se acessar o hall de entrada, sanitários e arquibancadas com vista ao ginásio poliesportivo.

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Figura 19 – Planta baixa Pavimento Térreo, CEM Ciutadella. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014, modificado pela Autora.

Situado cerca de 50cm acima do nível da rua, o térreo apresenta fechamento em vidro, buscando a conexão visual entre o exterior e o interior do edifício. O pavimento superior, por sua vez, alterna a transparência com um fechamento em brise de madeira, deslocado da fachada, de forma a proteger os ambientes do aquecimento excessivo e buscando, visto de fora, misturar-se com as árvores e o seu entorno (Figura 20).

Figura 20 – Fachada principal, CEM Ciutadella. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

O ginásio poliesportivo e as piscinas encontram-se no subsolo, cerca de 3,5m enterrados em relação ao nível da rua. Acompanhando tais espaços existem dois

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vestiários (um masculino e um feminino) com áreas de sanitários, banho e troca de roupas, além de áreas técnicas, depósitos, suporte médico e salas administrativas (Figura 21).

Figura 21 - Planta baixa Pavimento Subsolo, CEM Ciutadella. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014, modificado pela Autora.

O pavimento subsolo do projeto surge com a intenção de não ultrapassar em altura edifícios do entorno. A organização dos espaços aproveita a diferença de pé direito entre a piscina e a quadra poliesportiva, de forma a posicionar um pavimento acima das piscinas a fim de igualar o pé direito maior, do ginásio. Assim, as salas multiuso encontram-se de acordo com o corte setorial apresentado na Figura 22, em que pode-se observar também as dimensões do pé direito livre das piscinas, dos vestiários e da circulação horizontal de entrada.

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Figura 22 – Corte Setorial, CEM Ciutadella.

Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014, modificado pela Autora.

Construído em estrutura metálica, o CEM Ciutadella possui pilares em perfil I, revestidos e de dimensões próximas a 30x30cm. Transversalmente existem três grandes vãos de aproximadamente 19m, 6m e 12m, enquanto que longitudinalmente acontece menores vãos, de 4m, repetidos de forma a criar a malha para o projeto.

A qualidade do projeto é observada, por exemplo, com as Figuras 23 e 24, onde observa-se o forro rebaixado e o cuidado com o conforto acústico em todos os ambientes internos, além do aproveitamento da luz natural por meio da utilização de grandes vidros.

Figura 23 – Área interna de piscinas, CEM Ciutadella. Fonte: BATLLE I ROIG ARQUITECTES, 2018.

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Figura 24 – Área Interna do ginásio poliesportivo, CEM Ciutadella. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

Além de proporcionar a visão interna do edifício e desfrutar da luz natural durante o dia, a transparência dos vidros valoriza a edificação no período noturno, com sua iluminação amarelada revelando-se de forma expressiva, conforme observado na Figura 25.

Figura 25 – CEM Ciutadella ao entardecer. Fonte: BATLLE I ROIG ARQUITECTES, 2018.

Uma particularidade interessante do projeto são as ruínas das muralhas da cidadela antiga, construída por Filipe V em 1714, encontradas no terreno e incorporadas ao projeto, como visto na Figura 26 (Batlle i Roig Arquitectes, 2018). A possibilidade de sua visibilidade e visitação demonstra o respeito da arquitetura ao valor arqueológico, além de o protegê-lo da degradação.

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Figura 26 – Área Interna de piscinas com ruínas, CEM Ciutadella. Fonte: BATLLE I ROIG ARQUITECTES, 2018.

Assim, pela análise, conclui-se que o projeto do Centro Esportivo Municipal Ciutadella é um exemplo de boa arquitetura e auxiliará o projeto a ser feito tanto em aspectos técnicos quanto plásticos.

3.3 Arena do Morro

Localizado na comunidade Mãe Luiza, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, o ginásio Arena do Morro é parte de um projeto urbanístico intitulado "Uma Visão Para Mãe Luiza", do escritório suíço Herzog & de Meuron em parceria com o Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição (ARCHDAILY, 2014).

A proposta inclui um eixo renovado de edifícios e intervenções, criando uma sequência de atividades públicas, perpendicular à rua principal de Mãe Luiza, chegando de encontro ao mar, como apresentado na Figura 27.

Figura 27 – Proposta urbanística "Uma Visão Para Mãe Luiza", Arena do Morro. Fonte: ARCOWEB.

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O projeto foi escolhido como estudo de caso por estar implantado em uma comunidade carente (Figura 28) e possuir escala semelhante ao projeto a ser proposto, além de apresentar grande qualidade estética, funcional e de conforto ambiental.

Figura 28 – Vista aérea, Arena do Morro. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

O ginásio contém uma quadra poliesportiva envolvida por arquibancadas para aproximadamente 420 pessoas, além de salas multiuso, vestiários e banheiros em seu pavimento térreo (Figura 29). É possível acessá-lo da rua e, ainda, diretamente da escola, no terreno vizinho.

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Figura 29 – Planta baixa Pavimento Térreo, Arena do Morro. Fonte: AREA, 2014, modificado pela Autora.

Seu pavimento superior compõem-se de um terraço com vista para o mar e áreas técnicas (Figura 30). Para alcançá-lo existe uma rampa que circunda um dos volumes do edifício, criando um pequeno promenade architecturale6, visto na Figura 31.

Figura 30 – Planta baixa Pavimento Superior, Arena do Morro. Fonte: AREA, 2014, modificado pela Autora.

6 Promenade architecturale ou passeio arquitetural é um conceito de Le Corbusier, em que a arquitetura

deve ser compreendida em movimento e, portanto, caminhos devem ser criados, de forma a pontuar a experiência arquitetônica com surpresas constantes (MACIEL, 2002).

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Figura 31 – Rampa de acesso ao terraço, Arena do Morro. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

O ponto de partida para o projeto foi uma estrutura existente do antigo ginásio que, estendida ao longo de toda área do terreno, trouxe uma nova escala para a comunidade, tornando-se um símbolo local (ARCHDAILY, 2014).

Sua estrutura metálica é simples, mostrada na Figura 32, possuindo pórticos que vencem vãos de até 30 metros, distanciados 5 metros entre si, alcançando um pé direito livre de 9 metros ao centro (Figura 33).

Figura 32 – Estrutura, Arena do Morro. Fonte: HERZOG & DE MEURON.

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Figura 33 – Corte transversal, Arena do Morro. Fonte: AREA, 2014, modificado pela Autora.

Os dois limites da cobertura de duas águas convidam as pessoas a entrarem, pois abrem-se para o bairro. Uma parede única estabelece o perímetro interno, seguindo as arquibancadas em volta da quadra e as curvas dos volumes circulares que abrigam os espaços mais privados.

As formas circulares são independentes da cobertura, evidenciam o caráter comunitário de todo o espaço e são formadas de blocos de concretos manufaturados particularmente desenvolvidos para o projeto. Cada bloco possui lâminas verticais arredondadas, dispostas diagonalmente e pode ser girado em diferentes orientações, criando vários níveis de privacidade (Figura 34). Dessa forma, as paredes permitem que a brisa fresca do mar adentre o edifício e expulse o ar quente, ao mesmo tempo que filtra a luz natural e provoca um jogo de luz e sombra em todo o edifício (ARCHDAILY, 2014).

Figura 34 – Bloco de vedação, Arena do Morro. Fonte: HERZOG & DE MEURON.

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A cobertura é formada por telhas onduladas de alumínio com isolamento, sobrepostas umas às outras, permitindo aberturas para iluminação e ventilação natural, ao mesmo tempo que abrigam da chuva. O piso é de material local, o granilite, e configura uma continuidade com o restante do edifício, observado na Figura 35.

Figura 35 – Interior Arena do Morro. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

Ao aproximarmos do edifício, a sua escala visual se dissolve por meio da sua materialidade e de seus detalhes arquitetônicos, como pode-se observar na Figura 36.

Figura 36 – Vista da rua, Arena do Morro. Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2014.

Desse modo, conclui-se, pela análise, que a Arena do Morro transforma o seu ambiente natural e urbano em um destino público, integrando toda uma comunidade em uma arquitetura esportiva de qualidade, que pode ainda receber atividades culturais e de lazer. Portanto, o estudo ajudará na conceituação, concepção e detalhamento do projeto.

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3.4 Análise comparativa dos Estudos de Caso

A partir dos estudos de caso realizados foi possível entender diversas soluções aplicadas que ajudarão no processo de criação do projeto a ser proposto. A Tabela 1, logo abaixo, apresenta uma síntese das principais características compreendidas em cada estudo:

Tabela 1 – Síntese de características observadas nos estudos de caso. Fonte: Autora, 2018.

A fim de auxiliar posteriormente na criação e no dimensionamento do programa, obteve-se a comparação das áreas dos três estudos de caso, na Tabela 2, e, por meio dessa, foram gerados os gráficos 1, 2 e 3, para melhor visualização dos dados.

A partir do exposto percebe-se que, mesmo com diferenças no programa, há diversas similaridades entre os dimensionamentos dos projetos, como a proporção de área de ginásio poliesportivo e piscina, chegando bem próximas nos estudos que as possuem. Observa-se também como a proporção de circulação (vertical e horizontal) varia de 14% à 25% do projeto, pois essas podem possuir diferentes características, e apresentar áreas de saguão de entrada, espera e interação. Com isso, a análise do

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local, presente no próximo capítulo, faz-se necessária para a posterior elaboração do programa de necessidades.

Tabela 2 – Comparação de áreas dos estudos de caso. Fonte: Autora, 2018.

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Gráfico 1 – Proporção de áreas por setor, Praça Oswaldo Cruz. Fonte: Autora, 2018.

Gráfico 2 – Proporção de áreas por setor, CEM Ciutadella. Fonte: Autora, 2018.

Gráfico 3 – Proporção de áreas por setor, Arena do Morro. Fonte: Autora, 2018.

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4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

4.1 Curitiba: panorama atual

Segundo dados do IBGE do ano de 2010, Curitiba possuía 1.751.907 habitantes, apresentando densidade demográfica de 40,30 habitantes por hectare, sendo caracterizada como um município totalmente urbano. Apesar de ser conhecida por inovações urbanísticas na década de 70, como citado anteriormente, ainda apresenta grandes desigualdades sociais.

Para a escolha da área a atuar nessa monografia foram analisados diversos fatores como a renda média da população (Figura 37), a densidade demográfica (Figura 38) e índices de violência e homicídios. Os fatores foram comparados com locais de existência de unidades esportivas relevantes (Figura 39) em toda a cidade.

A Figura 37 mostra um mapa de renda média de Curitiba em que é possível observar diversos aspectos relevantes. O primeiro deles é a maior concentração de renda nos bairros centrais e ao norte da cidade.

As Regionais Matriz e Santa Felicidade possuem um bom rendimento médio e quase toda a sua população com mais de 3,1 salários mínimos. A Regional Boa Vista, apesar de apresentar áreas periféricas com baixo rendimento, ainda mantém parte de sua população com bom poder aquisitivo. A Regional Portão é bastante heterogênea, ao norte assemelha-se às características da matriz, enquanto à oeste apresenta partes com rendimento médio inferior à um salário mínimo.

Bastante expressivas no mapa, as Regionais Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e Tatuquara, por serem quase que totalmente preenchidas por população de renda inferior à um salário mínimo, provocam interesse de estudo. De maneira geral, constata-se como a população de menor renda continua ocupando os pontos mais distantes do centro.

A respeito da densidade demográfica, com a Figura 38 é possível observar como a Regional Matriz apresenta grande densidade, por ser a região central e mais antiga de Curitiba. Ainda, as Regionais Portão e Cajuru apresentam áreas bastante densas. A Regional Bairro Novo, periférica e ao sul, apresenta o bairro Sítio Cercado como principal área relevante de população. As Regionais CIC e Tatuquara, significativas no mapa de renda, também apresentam áreas com alta densidade.

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Figura 37 – Mapa de Renda Média mensal dos responsáveis pelo domicílio. Dados de 2010. Fonte: “A cidade que queremos” – Diagnóstico das Regionais, modificado pela autora.

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Figura 38 - Mapa de Densidade Demográfica. Dados de 2010.

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Com base na análise de segurança pública de 2010, elaborada pelo IPPUC, maior número de homicídios acontece em bairros com concentração de ocupações irregulares e SEHIS (Setores Especiais de Habitação de Interesse Social).

Coincidência preocupante, bairros com tal presença acentuada, como CIC, Tatuquara e Sítio Cercado são considerados bastante inseguros. Baixa renda e grande população menor de 14 anos são características comuns à esses, atentando a importância do acompanhamento nessas áreas.

Sobrepondo os mapas de renda e densidade, nota-se diversas áreas de baixo poder aquisitivo e alta densidade, como os bairros Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara e CIC. Acrescentando o terceiro mapa com os equipamentos esportivos relevantes (Figura 39), temos um panorama de lugares de população significativa, carente e não atendida com relação ao acesso ao esporte educação.

Conclui-se, com esses dados, a escolha do bairro CIC como área de estudo da presente monografia, visto que é um bairro de grande extensão territorial, possuindo predominantemente população de baixa renda e apenas duas unidades esportivas de relevância, ambas localizadas em sua porção norte.

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Figura 39 – Unidades esportivas relevantes. 2018. Fonte: IPPUC, 2018, modificado pela Autora.

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4.2 Cidade Industrial de Curitiba

O local onde hoje está localizado o bairro Cidade Industrial de Curitiba era denominado Prado de São Sebastião e no início do século XX sua ocupação era marcada por chácaras e lotes agrícolas (IPPUC, 2015).

Na década de 1960, antes mesmo da existência do que hoje chamamos de CIC, foi implantada a Vila Nossa Senhora da Luz, primeiro adensamento populacional da região. Em 1973, por meio do Decreto nº30, resultado de convênio entre a URBS e o Governo do Estado do Paraná, foi determinado os limites para a Cidade Industrial de Curitiba (IPPUC,2015), inaugurada em março de 1975, segundo o Boletim Casa Romário Martins intitulado “Cohab Curitiba: 41 anos de planejamento e realizações”.

Hoje, o bairro CIC (Figura 40) é o maior bairro de Curitiba. Com área de 4.431 hectares, representa cerca de 10% do território da cidade (IPPUC,2015) e é subdividido, de maneira informal, em mais de 80 vilas.

Figura 40 – Localização Bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) Fonte: Autora, 2018.

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Com densidade demográfica de 39 habitantes por hectare, sua população representa cerca de 9% da população do município (IBGE, 2010).

A idade média dos habitantes é de vinte e seis anos, enquanto no município é de quase trinta anos. Analisando, também, as pirâmides etárias (Figuras 41 e 42), observa-se a proporção da população com idade entre 0 e 39 anos sendo maior no CIC, enquanto em Curitiba é maior a proporção da população com mais de 40 anos. Dessa maneira, a Cidade Industrial caracteriza-se por ser um bairro de habitantes jovens, crianças e adolescentes.

Figura 41 – Pirâmide Etária de Curitiba (dados de 2010). Fonte: IPPUC.

Figura 42 – Pirâmide Etária do bairro Cidade Industrial (dados de 2010). Fonte: IPPUC.

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Tendo em vista a caracterização da faixa etária como predominantemente jovem, a avaliação dos índices de educação devem ser observados.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) foi criado em 2007 e resume, variando de zero a dez, a performance das escolas brasileiras com relação ao fluxo escolar e ao desempenho dos alunos (INEP, 2018). As escolas presentes no bairro CIC apresentam valores de IDEB entre 4,8 e 6,1, e, portanto, ainda não atendem a meta nacional 6, estipulada pelo Plano de Desenvolvimento da Educação, para 2022.

Como visto anteriormente, a Cidade Industrial apresenta altos índices de insegurança, com cerca de 80% a mais em números de homicídios e ocorrências registradas, se comparado à Curitiba (IPPUC, 2015). Tais casos estão relacionados à ocorrência do tráfico e uso de drogas, além das rixas entre grupos rivais.

Tendo visto, o bairro CIC, mais especificamente sua porção sul, foi a região escolhida para a implantação do equipamento esportivo, sendo esse um equipamento que atenda principalmente a população mais jovem, de maneira a transformar o futuro do bairro.

4.3 Vila Nossa Senhora da Luz

A Vila Nossa Senhora da Luz (Figura 43)foi o conjunto habitacional pioneiro da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB-CT). Inaugurada em 11 de novembro de 1966, a cerimônia contou com a presença do presidente Mar. Humberto de Alencar Castelo Branco (Boletim Casa Romário Martins, 2006).

O título “COHAB – Curitiba: 41 anos de planejamento e realizações” relata a importância da Vila, entendida como marco brasileiro na questão habitacional popular. O projeto do conjunto ocupava mais de 70 hectares, à 15 quilômetros de distância do centro de Curitiba, promovendo em torno de 2150 habitações e significando, na época, uma quantia de aproximadamente dez mil moradores.

Com autoria dos renomados arquitetos Alfred Willer e Roberto Gandolfi, juntamente com Cyro Correa Lyra e Lubomir Ficinski, o projeto, por ter sua implantação em local tão isolado, contava com diversos equipamentos urbanos, dentre eles escolas, igreja, centro de saúde e praças (MARTINS, 2016).

O projeto das residências previa dois padrões, um com 22m² e outro com 50m² e possui como marca registrada a estrutura em alvenaria de tijolos e o sótão em madeira. Acessível aos moradores, o baixo custo das casas e a prestação mais baixa

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do Brasil, na época, só foram possíveis por meio da escolha por técnicas e materiais econômicos (MARTINS, 2016).

Figura 43 – Vila Nossa Senhora da Luz, 1967. Fonte: Boletim Casa Romário Martins, 2006.

Também projetado pelos arquitetos, a escola, até hoje existente, em funcionamento e bem preservada, é um espaço de grande qualidade arquitetônica. O diferencial é a utilização de claraboias que deixam a iluminação natural entrar nos espaços de convivência e nas salas de aula, além das janelas que também funcionam como portas, com a possibilidade de abrir para aumentar a ventilação e proporcionar o acesso ao ar livre (PREFEITURA DE CURITIBA, 2014).

A Figura 44 mostra a implantação do projeto e demarca o eixo central destinado aos equipamentos comunitários, incluindo a escola, e as 12 praças secundárias.

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Figura 44 – Projeto Vila Nossa Senhora da Luz.

Fonte: Boletim Casa Romário Martins, 2006, modificado pela Autora.

Atualmente, a Vila Nossa Senhora da Luz se encontra incorporada à malha urbana da cidade e situa-se próxima ao Terminal de Transporte CIC e à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), conforme Figura 45.

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Figura 45 – Vista aérea da Vila Nossa Senhora da Luz e seu entorno imediato. Fonte: GOOGLE MAPS, modificado pela Autora.

A Vila Nossa Senhora da Luz e as vilas vizinhas são caracterizadas através do conceito de Unidade de Vizinhança (UV). Elaborado por Clarence Arthur Perry, em 1929, a UV é uma área residencial que possui certa autossuficiência em relação às necessidades diárias de consumo de bens e serviços, dispondo também de espaços públicos e áreas institucionais, com escala de deslocamento para o pedestre (BARCELLOS, 2001).

Tal conceito foi muito questionado e é considerado, por diversos autores, como ultrapassado. Desse modo, com o crescimento da demanda social e o ressurgimento do debate pelo lugar público, as soluções de distribuição e localização de equipamentos públicos coletivos devem ser bem planejados de forma a atingir não somente o público da unidade de vizinhança, mas também a população dos arredores (BARCELLOS, 2001).

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Portanto, o objetivo é atingir a população da Vila Nossa Senhora da Luz, tanto quanto os habitantes das vilas vizinhas, como Oswaldo Cruz I, Oswaldo Cruz II, Venezia A, Resistência, Nossa Senhora Aparecida, Ilha do Sol e o Conjunto Residencial Parque Verde, localizados de acordo com a Figura 46, criando um ponto de convergência das comunidades.

Figura 46 – Vila Nossa Senhora da Luz e vilas vizinhas. Fonte: GOOGLE MAPS, modificado pela Autora.

A Vila N. Sra. Da Luz foi escolhida como ponto central de implantação do equipamento esportivo por diversos motivos. Dentre esses, sua importância histórica, seu processo de planejamento revolucionário para a época e sua posição próxima ao terminal de transporte CIC e à UTFPR, a qual possui o curso de Bacharelado em Educação Física, indicando um potencial de interação e aprendizado entre alunos e sociedade.

4.3.1 Áreas esportivas existentes

Toda a região, por seguir o conceito de unidade de vizinhança, apresenta grande quantidade de praças, e muitas dessas apresentam equipamentos de esportes, conforme Figuras 47 e 48.

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Figura 47 – Campo de areia em praça secundária. Fonte: Autora, 2018.

Figura 48 – Academia ao Ar Livre em praça Enoch A. Ramos. Fonte: Autora, 2018.

Entretanto, os equipamentos esportivos existentes são academias ao ar livre e quadras de areia, sem cobertura, sem iluminação adequada e sem a busca plástica.

Portanto, dispondo do conceito de arquitetura esportiva já apresentado, de Camila Forcellini (2014), pode-se classificar tais equipamentos como instalações esportivas, e não arquitetura esportiva de qualidade, cuja ambiência é atrativa à prática.

Logo, com objetivo de atingir a arquitetura esportiva, será projetado um equipamento esportivo de qualidade, com espaços seguros, adequados e de uso

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integral, atendendo às necessidade de encontros da população infantil, jovem e adulta da região.

4.4 Definição do terreno

Com base no exposto anteriormente, a Vila N. Sra. Da Luz possui um eixo de equipamentos comunitários em sua área central. Tal eixo possui igreja, farol do saber, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), duas escolas municipais e a praça Enoch Araujo Ramos (Figura 49).

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Figura 49 – Implantação Vila Nossa Senhora da Luz e seu eixo central. Fonte: Autora, 2018.

Próximo à praça, há duas construções abandonadas, apresentadas na Figura 50, cujas existência e história dessas se mostraram perdidas no tempo, por não serem reconhecidas pela população e pela bibliografia. Com fechamentos e muros para o

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passeio, tais edificações causam o estreitamento da calçada e consequentemente são geradoras de insegurança e de desaparecimento da escala do pedestre (Figuras 51, 52, 53 e 54).

Figura 50 – Vista aérea com indicação de fotos. Fonte: GOOGLE MAPS, modificado pela Autora.

Figura 51 – Foto Vista A do terreno. Fonte: Autora, 2018.

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Figura 52 - Foto Vista B do terreno. Fonte: Autora, 2018.

Figura 53 – Foto Vista C do terreno. Fonte: GOOGLE STREET VIEW, 2017.

Referências

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