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Riscos ocupacionais, ações para minimizá-los, condutas frente a acidentes na voz de trabalhadores de enfermagem

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Academic year: 2021

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RISCOS OCUPACIONAIS, AÇÕES PARA MINIMIZÁ-LOS, CONDUTAS FRENTE A ACIDENTES NA VOZ DE TRABALHADORES DE ENFERMAGEM.

PÂMELA DE BORBA COPETTI Orientadora: Marli Maria Loro

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PÂMELA DE BORBA COPETTI

RISCOS OCUPACIONAIS, AÇÕES PARA MINIMIZÁ-LOS, CONDUTAS FRENTE A ACIDENTES NA VOZ DE TRABALHADORES DE ENFERMAGEM.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação de Enfermagem, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeira.

Orientadora: Marli Maria Loro

Ijuí (RS) 2011

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SUMÁRIO RESUMO ... 03 ABSTRACT ... 03 1 INTRODUÇÃO ... 04 2 METODOLOGIA ... 05 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 06

Tema I: Riscos ocupacionais no contexto da enfermagem na atenção básica ... 06

Tema II: Medidas adotadas pela equipe de enfermagem na perspectiva de minimizar os riscos ocupacionais ... 13

Tema III: Compreendendo a conduta de acidentes de trabalho pela enfermagem ... 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 18

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RISCOS OCUPACIONAIS, AÇÕES PARA MINIMIZÁ-LOS, CONDUTAS FRENTE A ACIDENTES NA VOZ DE TRABALHADORES DE ENFERMAGEM.

OCCUPATIONAL RISKS, ACTIONS TO MINIMIZE THEM, CONDUCT ACCIDENT IN FRONT OF WORKERS VOICE OF NURSING.

RESUMO

O estudo objetivou analisar o conhecimento de uma equipe de enfermagem atuante em uma Unidade de Atenção à Saúde referente a riscos ocupacionais, bem como a conduta frente à ocorrência de acidentes de trabalho. Estudo qualitativo, descritivo, do qual participaram quatorze profissionais de enfermagem. A coleta de dados foi por meio de entrevista semi-estruturada, e os dados foram ponderados através da técnica de analise temática, na qual resultou em três categorias denominadas, riscos ocupacionais no contexto da enfermagem na atenção básica; medidas adotadas pela equipe de enfermagem na perspectiva de minimizar os riscos ocupacionais e compreendendo a conduta de acidentes de trabalho pela enfermagem. Os riscos apontados pelos depoentes são inerentes ao processo de trabalho e estão divididos em biológicos, ergonômicos, físicos e psicossociais. Os trabalhadores os identificam, possuem ciência quanto às medidas de proteção a serem utilizadas, porém, por vezes os negligenciam. Assim faz-se importante que se estabeleça ações de educação permanente e protocolos para estratégia de prevenção da saúde do trabalhador.

Descritores: Enfermagem, Riscos Ocupacionais, Equipamento de Proteção individual

ABSTRACT

The study aimed to analyze the knowledge of a nursing team active in a Unit of Health Care related to occupational hazards, and the Management of the occurrence of accidents. Qualitative study, descriptive, attended by fourteen nurses. Data collection was through semi-structured interview, and data were weighted using the technique of thematic analysis, which resulted in three categories called, occupational hazards in the context of nursing in primary care, measures adopted by the nursing staff in view to minimizing occupational hazards and accidents including the conduct of work by nurses. The risks mentioned by respondents are inherent in the work process and are divided into biological, ergonomic, physical and psychosocial. Workers to identify, have knowledge about the protective measures to be used, but sometimes neglect them. So it is important to establish permanent education actions and protocols for preventive health strategy of the worker

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1 INTRODUÇÃO

O serviço de saúde tem como principal finalidade a prevenção e recuperação da saúde de sua clientela. Entretanto, atuar em unidades de saúde, implica em laborar em ambiente com inúmeros riscos ocupacionais, fato que favorece a exposição do trabalhador da saúde a diversos malefícios ao longo da vida profissional.

Isso decorre das peculiaridades da atividade e ao fato da presença do risco ocupacional ser inerente a determinados processos de trabalho, como é o caso do profissional de enfermagem. Entende-se por risco ocupacional situações que podem pôr fim ao equilíbrio físico, mental e social dos trabalhadores e não apenas as situações oriundas de acidentes e doenças (MIRANDA e STANCATO, 2008).

Para tanto, o risco ocupacional decorre do fato de o processo de trabalho da equipe de enfermagem, diariamente, estar exposta a agentes com potencial de causar prejuízos ao bem estar físico e mental, em especial aos profissionais que atuam em unidades de urgências. Isso decorre das características da unidade, uma vez que a mesma é a porta de entrada do cliente ao serviço de saúde. Assim, todo individuo que acessa o serviço deve ser considerado potencialmente de risco, uma vez que em sua maioria não possui um diagnóstico clinico (FILHO et.al, 2005). Isso implica na necessidade de a equipe de saúde manter vigilância e na adoção de normas de segurança de trabalho, haja vista que o risco de contaminação deve ser sempre interpretado pelo trabalhador como presente ao seu meio (GIR et.al, 2004).

Segundo Balsamo e Felli (2006), as instituições de saúde são consideradas locais tipicamente insalubres na medida em que propiciam a exposição de seus trabalhadores a inúmeros riscos inerentes ao trabalho nessa instituição. Esses são caracterizados em fatores químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, ao quais podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho Neves et.al (2011). Sendo assim, é necessário que a enfermagem reconheça o processo de trabalho e os riscos potenciais a que está exposto. Segundo Mastroeni (2004) as doenças e acidentes derivados do trabalho compõem um relevante problema de saúde pública em todo o mundo, sendo necessário direcionar a atenção para a prevenção dos mesmos e o acompanhamento pós-exposição ocupacional.

Contudo, trata-se de profissionais que desenvolvem suas praticas em meio a múltiplos riscos disseminadores de doenças (RODRIGUES e PASSOS, 2009). Nesse contexto, se faz necessário investir na adoção de medidas preventivas com o intuito de diminuir a exposição do trabalhador a estes riscos. Mediante a estes fatores, revela-se importante o uso de

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dispositivos de segurança preconizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego como, luvas, jalecos, óculos e protetores respiratórios, dentre outros, com o intuito de minimizarem contínuas ameaças a segurança e saúde do trabalhador (BRASIL, 2004).

Perante o exposto a pesquisa objetivou fazer uma analise do conhecimento de uma equipe de enfermagem atuante em uma Unidade de Atenção Básica à Saúde referente a riscos ocupacionais e condutas frente a ocorrência de acidentes de trabalho.

2 METODOLOGIA

Estudo de abordagem qualitativa, com caráter descritivo, realizado com trabalhadores do serviço de enfermagem da Unidade de Atenção Básica, de um município da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Os critérios de inclusão dos sujeitos do estudo foram: aceitar participar da pesquisa; idade igual ou superior a 18 anos; atuar no local por no mínimo seis meses e ser efetivo do quadro de funcionários da instituição.

A coleta de dados foi realizada no mês de outubro de 2011, por meio de entrevista semi-estruturada composta por duas perguntas abertas e fechadas: Como se dá o uso de Equipamentos de Proteção Individual? Fale-me sobre os riscos do seu trabalho? As mesmas foram realizadas em local e horário de preferência dos sujeitos, gravadas em MP4, transcritas na íntegra e, posteriormente, analisados, interrompidas a partir do momento em que as informações começaram a se repetir, ou seja, pela saturação dos dados Assim, a amostra foi composta por 14 indivíduos. Ao final das entrevistas fez-se a escuta para que o entrevistado tomasse conhecimento e aprovasse ou alterasse os relatos conforme sua conveniência.

Os aspectos éticos foram observados conforme prevê a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a pesquisa com seres humanos (BRASIL, 2000). Avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado, mediante Parecer Consubstanciado n°222.1/2011. Objetivando manter o anonimato dos participantes optou-se por identificá-los pela letra E, seguida do número da ordem de realização da entrevista, ou seja, E1 a E14.

Considera-se importante, ainda uma breve caracterização dos sujeitos da pesquisa. Dos 14 entrevistados dois são enfermeiros, oito técnicos em enfermagem e quatro auxiliares de enfermagem. Em relação à idade seis possuem entre 20 e 30 anos de idade; cinco entre 31 a 40 anos de idade e três de 41 a 50 anos e um entre 51 a 60 anos de idade, sendo a maioria do

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sexo feminino (doze). Em relação ao tempo de trabalho na instituição este variou de um ano a vinte e sete anos. Quanto a capacitações acerca dos riscos ocupacionais e quanto à utilização de medidas de proteção e segurança, apenas três sujeitos (20%) afirmam ter recebido treinamentos na instituição em estudo. No que se refere à ocorrência de acidentes de trabalho há registro de apenas um acidente com material perfurocortante.

Para analise das informações coletadas utilizou-se a ordenação dos dados, classificação e análise final dos mesmos, de acordo com o que preconiza Minayo (2008). Posteriormente, a análise dos dados coletados utilizou-se a técnica de analise temática, na qual resultou em três temas denominados: Os riscos ocupacionais no contexto da enfermagem na atenção básica, Medidas adotadas pela equipe de enfermagem na perspectiva de minimizar os riscos ocupacionais e Compreendendo a conduta de acidentes de trabalho pela enfermagem.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisar e avaliar as condições a que os trabalhadores da saúde estão expostos em seu ambiente de trabalho, com relação aos riscos ocupacionais é imprescindível para articular ações de promoção, proteção e recuperação da saúde destes trabalhadores. Nesse sentido, é fundamental que o trabalhador conheça os agentes que tem potencial de lhe causar dano a saúde e integridade física, bem como as medidas necessárias para minimizar os possíveis malefícios.

Tema I: Riscos ocupacionais no contexto da enfermagem na atenção básica

Para Bessa et.al. (2010) os riscos ocupacionais são condições que derivam de sua natureza, ou seja, das próprias funções e em resultado de ações ou fatores externos, o que aumenta a probabilidade de ocorrência de lesão física, psíquica ou patrimonial. Ainda Freitas e Passos (2010) pontuam que os riscos ocupacionais são fatores diretamente ligados à área e o exercício de atuação de cada profissional. E a equipe de saúde, em especial a enfermagem, está exposta a riscos que emergem das mais variadas exposições, diretamente ligada a assistência aos clientes, bem como ao tempo empregado ao realizá-las junto ao mesmo.

Nesse contexto, com vistas a buscar adequadas condições de trabalho, os profissionais de enfermagem necessitam conhecer e intervir na qualificação dos seus processos de trabalho. Para Balsamo e Felli (2006) os profissionais não são meros prestadores de serviços

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assistenciais, mas pessoas que podem e devem colaborar com a identificação de situações geradoras de riscos ocupacionais, vislumbrando, assim alternativas que acresçam a preservação de sua saúde.

Neste sentido, embora existam políticas públicas direcionadas à manutenção e preservação da saúde do trabalhador, como é o caso da Portaria nº 3214/78 do Ministério do Trabalho, em sua NR 32, por vezes, quando se fala em trabalho, ainda reporta-se somente a realização de tarefas e se esquece dos riscos da atividade e seu cotidiano de trabalho, bem como das medidas de precaução padrão preconizadas.

Nesse contexto, é importante o contínuo aprimoramento dos profissionais de saúde no sentido de reconhecer os riscos de sua atividade. A partir das falas dos sujeitos percebe-se que avaliam o aprimoramento técnico - cientifico como uma forma de prevenção, o qual elucida medidas de proteção, a fim de evitar os perigos que o cercam em meio à organização do ambiente de trabalho, conforme expresso por E1 e E2:

“A segurança no local de trabalho esta relacionada com [...] a disponibilidade de treinamentos [...] por parte da secretaria, no sentido de evitar os acidentes e de esclarecer as doenças que podem vir a acontecer [...] acho que é toda medida que for tomada para proteção dos funcionários. (E1)”.

“A segurança do local de trabalho ela começaria desde a organização do ambiente de trabalho [...], a disponibilidade de EPI’s [...], a capacitação dos próprios profissionais [...], quanto à conscientização ao uso do EPI para sua própria segurança [...] (E2)”.

Ações que favoreçam condições ocupacionais seguras em ambiente de trabalho são indispensáveis (BALSAMO e FELLI, 2006). Principalmente quando se almeja um espaço desconstituído de ameaças à vida e saúde em todas suas acepções. Assim, faz-se importante um ambiente de trabalho bem estruturado e apropriado para ações de recuperação e promoção de saúde. Tal menção se faz presente nas falas de alguns sujeitos da pesquisa, os quais relacionam o significado de segurança no local de trabalho aos aspectos organizacionais, conforme expresso nas seguintes elocuções:

“[...] segurança de trabalho é toda infra-estrutura que a unidade oferece [...] (E13)”.

“Para mim segurança do trabalho é conseguir trabalhar sem tornar esse trabalho um risco para saúde, então ter segurança é conseguir fazer todas as tarefas, todos os seus trabalhos sem se prejudicar [...] (E6)”.

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Assim, o profissional de saúde necessita de estrutura organizacional e espaço para a execução do labor de forma adequada, haja vista que as condições de trabalho influenciam o comportamento do mesmo (BARBOSA et.al (2009) apud BULHÕES (1998). A cotidianidade do trabalho e a constante exposição aos riscos ocupacionais agregam a possibilidade de o profissional acidentar-se e/ou adquirir agravos de origem ocupacional. Isto decorre da exposição a agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, os quais acrescem as possibilidades da aquisição de doenças (NEVES et. al, 2011).

No que concerne ao risco biológico, autores evidenciam que tal exposição é preocupante, uma vez que são causadores de muitos problemas de saúde entre os trabalhadores da área da saúde. Isso por que os trabalhadores da enfermagem desenvolvem assistência direta ao paciente, bem como pelo constante exposição a sangue e fluidos corpóreos (ALMEIDA et.al 2009).

Assim, o risco biológico é o de maior evidência para os profissionais da unidade de saúde em estudo. Neste sentido, conforme a alusão dos depoentes torna-se perceptível, na totalidade dos relatos dos sujeitos, que os mesmos relacionam o referido risco a procedimentos invasivos, com materiais perfurocortantes, que envolvam sangue e fluidos orgânicos como os que mais lhe proporcionam riscos. Citam também, atividades que envolvem contato físico direto com pacientes e possibilidade de disseminação de microorganismos por vias áreas, potencialmente contaminadas, conforme os relatos que seguem:

“[...] como fizemos parte da enfermagem e estamos em contado direto com as pessoas. Corremos grandes riscos de adquirir doenças contagiosas, como tuberculose, [...] e também a contaminação com o manuseio de substâncias como sangue na realização de punções venosas, em auxilio de suturas e em todos os procedimentos que tiverem secreções [...] (E1)”.

“Todo trabalho realizado pela enfermagem por si só pode desenvolver riscos, pela exposição a materiais biológicos, sangue e secreções, então, acho que esse é o risco maior ao profissional de enfermagem devido à realização de procedimentos (E2)”. “Existem vários riscos na área da saúde, lidar com materiais cortantes como agulhas, pacientes com doenças contagiosas e sangue (E5)”.

A enfermagem é uma das principais profissões sujeitas a exposição à material biológico. Para Almeida et.al, (2009) isso relaciona-se ao fato de serem em número maior no serviço de saúde, estar em contato direto na assistência e, também, ao tipo e freqüência de procedimentos realizados. Deste modo, Simão et al, (2010) enfatizam que a equipe de

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enfermagem por realizar a assistência ao paciente se expõe à situações de acidentes inerentes ao contato com material biológico, podendo assim, desencadear doença ocupacional.

Para o mesmo autor outro risco evidenciado no processo de trabalho da enfermagem relaciona-se ao ritmo acelerado de trabalho e a sobrecarga na realização excessiva de tarefas, o que pode determinar estresse influenciando o aparecimento de problemas de ordem física e mental. Corroborando Mauro et.al (2010), o acúmulo de funções estabelece o ritmo intenso no cotidiano da equipe de enfermagem atribuindo grande consumo de energia para a realização de atividades, o que determina sobrecargas que se manifestam física e psiquicamente.

Neste sentido, Bessa et.al (2010), pontuam que os riscos ergonômicos se caracterizam pelo levantamento e transporte manual de cargas e peso, repetitividade, ritmo excessivo de trabalho e posturas inadequadas, por vezes, desempenhadas sem noção de princípios ergonômicos.

Em congruente relevância o risco ergonômico é relatado por alguns sujeitos da pesquisa, reportam-se à realização de atividades que exijam esforços físicos excessivos.

“[...] levantamento de peso, existem técnicas e tem muitas pessoas que não sabem usá-las corretamente e isso com certeza com o passar dos anos vai trazer riscos para saúde do trabalhador [...] (E13)”.

“[...] e também esforço físico, pois retiramos pacientes do carro quando ele chega mal, nós os retiramos, para fazer mudança de uma maca para outra [...] (E7).” “[...] nos temos que colocar pacientes em macas, isso é muito peso que temos me carregar [...] (E4)”.

Pondera-se que vinculada aos aspectos ergonômicos, está a sobrecarga do trabalhador, a qual pode ser uma condição que facilita a ocorrência de acidentes de trabalho, pois a mesma influencia a vida deles determinando, por vezes em esgotá-los e, conseqüentemente, lhes expor a outros riscos (GALLAS e FONTANA, 2010). Tal fato é evidenciado nas falas dos sujeitos.

“[...] fazer o transporte de paciente [...] fazer força [...] o problema é a sobrecarga (E8)”.

“[...] também, caminhadas excessivas, porque 12 horas durante o dia é muito cansativo, são 12 horas sem parar [...] erguendo peso, colocando paciente em macas, [...] a rotina de trabalho é muito cansativa acho que isso nos prejudica [...] (E9)”.

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Para Elias e Navarro (2006), a sobrecarga de trabalho é vivenciada pelo trabalhador de enfermagem como um fato inevitável. Que emana de ações repetitivas que necessitam de elevado gasto de energia, tais como: andar excessivamente, transportar doentes e levantar cargas em posturas nocivas, ou seja, quanto maior o nível de dependência dos pacientes, maior será a sobrecarga do trabalhador e a exigência de posturas nocivas (ABEn, 2006).

Os sujeitos do estudo revelam também preocupação com o risco de origem psicossocial o qual integra, pela legislação trabalhista, o risco ergonômico. Eles o relacionam a possibilidades concretas de manifestações a diversos problemas de saúde. O ritmo acelerado de trabalho, múltiplas cargas horárias e os elevados números de atendimentos, agregado a redução do numero de trabalhadores, resulta na carga excessiva de trabalho pelo acumulo de atividades, com potencial de aumentar o desgaste físico e mental do trabalhador. Logo, por conseqüência, se inviabiliza uma assistência qualificada o que, por vezes, coloca a saúde do paciente em risco (SALOMÉ et.al, 2008).

“[...] o pessoal esta trabalhando bastante, aqui não temos a questão de carga horária especifica para trabalhar, em fim, acabamos fazendo muito mais horas do que deveríamos o que também expõem e aumento o risco de erros pela enfermagem (E11).”

“[...] porque na verdade estamos cada vez com menos funcionários, [...] então isso acaba desgastando muito o profissional porque acabamos trabalhando toda a nossa carga horária e mais hora extra [...], é só olhar a nossa escala, trabalhamos todos os dias 12 horas ou 6 horas [...] (E10)”.

“[...] geralmente atendemos 100 pacientes durante o dia sendo uma demanda grande e às vezes existem poucos funcionários, é um risco que se têm (E8)”.

O Acúmulo de atividades e o insuficiente quadro de funcionários são fatores que podem levar ao esgotamento físico e mental dos trabalhadores. Para tanto, as situações de atividades ininterruptas e habituais das práticas de assistência relacionadas a rotatividades de pacientes, gera-se no cotidiano da enfermagem uma intensa agitação, pelas jornadas cansativas e longas cargas horárias a serem cumpridas, o que tem potencial de determinar cansaço físico e psíquico (CAETANO et.al, 2006).

Outro fator gerador de risco agregado para a enfermagem deve-se à sobrecarga da dupla jornada de trabalho, comum na categoria profissional. Isto se relaciona a necessidade de garantir a sobrevivência do trabalhador (CAETANO et al 2006). Entretanto, nesta pesquisa, somente um entrevistado identifica a dupla jornada de trabalho como um risco ocupacional presente em seu cotidiano de trabalho.

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“[...] trabalhamos doze horas por dia praticamente em pé e quase todos nós trabalhamos em outros locais, e assim vem o cansaço e a desatenção (E1)”.

A duplicação da jornada de trabalho faz-se necessário, pois a remuneração, por vezes, é insuficiente para manutenção do sustento do trabalhador. Entretanto ao vivenciar a dupla jornada de labor, o trabalhador acaba por diminuir sua qualidade de vida e sua atenção no desenvolvimento do trabalho, lhe coagindo assim, a influências físicas e emocionais (PAFARO e MARTINO, (2004); RIBEIRO e SHIMIZU, (2007).

Outro fator de risco evidenciado pelos sujeitos relaciona-se ao medo de agressão física e psicológica, pelos pacientes, bem como, seus acompanhantes. Risco este que para Ribeiro e Shimizu (2007) reporta as ameaças à saúde mental dos trabalhadores em seu cotidiano de serviço.

“[...] muitas vezes as pessoas nos agridem verbalmente e temos que acabar ficando quietos (E3)”.

“[...] os riscos vão desde uma agressão, porque tem pacientes que chegam [...], muito exaltados que chegam muito nervosos, e os acompanhantes muitas vezes também, (E8)”.

“[...] hoje [...] a pessoa tem que estar preparada para o trabalho, não deve absorver problemas, tem pacientes que te provocam, acho que, se a pessoa estiver mal preparada terá sim, um risco psicológico [...] (E13)”.

A violência faz-se presente em inúmeros espaços de trabalho, constituindo-se assim, em grave ameaça para a saúde. No entanto, os trabalhadores nem sempre estão preparados para lidar com o risco de violência. Cesar e Marziele (2006) aludem que é necessário desenvolver ações com vistas à prevenção de atos violentos tal como: habilitar o trabalhador a contornar situações embaraçosas e possíveis atos violentos de pacientes e seus familiares.

Os trabalhadores da unidade de saúde em estudo, se reportam ainda, ao risco relacionado à exposição a agentes físicos. Estes para Brasil (2004) podem ser desencadeados pelas condições físicas decorrentes do ambiente de trabalho, tais como, ruídos, vibrações, calar, frio, radiações ionizastes, dentre outros. Bessa et.al, (2010), pontuam que as cargas físicas podem derivar da iluminação precária o que dificulta a realização de procedimentos, tornando-se o ambiente um local impróprio para a realização do trabalho em saúde. Da mesma forma a exposição a equipamentos elétricos, fato que propicia a ocorrência de acidentes de trabalho. Situações reveladas por E6 e E8.

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“[...], por exemplo, usando o desfibrilador, existe risco de um choque elétrico [...] (E6)”.

“[...] a iluminação é fraca [...] acho que teríamos que ter mais claridade, principalmente no setor onde fizemos punções [...] (E8)”.

Faz-se mister destacar que os riscos que cercam o trabalho da equipe de enfermagem são inúmeros e acrescem de acordo com a infra-estrutura do local em que os procedimentos são desenvolvidos. Em vista disso, a adaptação originada da ausência de melhores condições de trabalho também se mostra geradora de irritação e frustração ao trabalhador (FARIAS et. al (2007), RIBEIRO e SHIMIZU (2007). Neste sentido, ao desempenhar tarefas em ambientes inadequados, o trabalhador pode tornar-se vitima dos riscos, fato este explicitado por E10.

“[...] então a [...] iluminação não é boa principalmente na parte onde os pacientes ficam na observação para serem medicados, de dia ainda vai, mas a noite é uma vergonha não podemos enxergar as veias e sim temos que senti-las [...] (E10)”.

Os riscos inerentes ao processo de trabalho estão presentes continuamente e diretamente relacionados ao fluxo operacional e organizacional do serviço. Conglomerado a estes fatores a saúde do trabalhador pode comprometer-se física e psicologicamente na medida em que o trabalhador não dispõe de ambientes adequados para a efetivação de suas tarefas. Para tanto, embora importante à temática para a categoria da enfermagem, ainda são insuficientes os estudos que ressaltam os riscos físicos que os contemplam (CASTRO e FARIAS, 2008).

Contudo, torna-se importante que as instituições de saúde implementem políticas de precaução, que visem manter atuais os conhecimentos técnicos–científicos, bem como as praticas de proteção ao trabalhador da enfermagem. Para que ações de saúde, efetivas aos mesmos sejam apoiados pelo senso de responsabilidade pessoal e não somente por ações que lhes sejam impostas (GIR et.al, 2004).

Assim, faz-se necessário que os investimentos voltados a tornar mínimo, os riscos ocupacionais sejam consolidados pela adoção de condutas preventivas por parte da instituição e do trabalhador.

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Tema II: Medidas adotadas pela equipe de enfermagem na perspectiva de minimizar os riscos ocupacionais

Diversos são os fatores relacionados à ocorrência de agravos na enfermagem, assim faz-se necessário a adoção de medidas preventivas com vistas a sua redução. Para Silva e Zeitoune (2009) a analogia em meio às exposições ocupacionais e o advento de doenças são reconhecidos desde a antiguidade, os quais podem ter maior ou menor freqüência de acordo com o uso medidas de proteção, segurança e do modelo de labor exercido pelos trabalhadores. Nesse sentido, faz-se importante a doção de medidas de proteção coletivas e individuais com vistas à prevenção de agravos ao trabalhador de enfermagem.

Entende-se por medida de proteção coletiva todas as ações que visam proteger à saúde de uma ou mais pessoas no ambiente de trabalho. Já o uso do equipamento de proteção individual, segundo a Norma reguladora NR N° 6, visa proteger a saúde e segurança individual do trabalhador contra riscos e ameaças. Assim, para Brasil (2004) tornar o uso obrigatório das mediadas de proteção é compromisso de todas as instituições baseadas na disponibilidade e fornecimento de dispositivos de segurança adequados aos riscos e de boa qualidade.

Os profissionais de enfermagem em ambiente de trabalho, freqüentemente permanecem em situações de riscos com potencial de acidentes. Daí a necessidade em adotar as precauções padrões preconizadas pelo Ministerio do Trabalho e Emprego para assim, minimizá-los. De tal modo, recomenda-se o uso do Equipamento de Proteção Individual adotada pelos trabalhadores envolvidos na assistência a saúde do paciente, independente da patologia diagnosticada ou suspeitada (FILHO et.al, 2005). Neste contexto, quando questionados os sujeitos acerca das medidas de segurança utilizadas para minimizar a exposição aos riscos ocupacionais, por eles identificados no seu ambiente de trabalho, relatam fazer uso dos EPI’s, como se evidencia nas falas a seguir:

“Para minimizar os riscos, o uso de EPIs é um dos principais (E6)”. “Usamos os EPIs que a secretaria nos oferece [...] (E1)”.

De acordo com Brasil (2004) quando as medidas de proteção coletivas se mostram insuficientes e não oferecem completa proteção contra as ameaças à saúde dos trabalhadores, o empregador deve fornecer e garantir outro meio de proteção, de forma imediata, dispondo neste sentido, os dispositivos individuais de segurança. Neste contexto, Balsamo e Felli

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(2006) ponderam que se faz imprescindível proporcionar ao trabalhador condições ocupacionais, livres de ameaças, bem como avigorar subsídios acerca da compreensão em relação à importância na adoção de medidas protetoras no ambiente trabalho.

No entanto, observa-se por estudos, que mesmo existindo medidas de prevenção e, ainda que o trabalhador as conheça, por vezes, não as põem em pratica na realização dos procedimentos, fato que aumenta a exposição aos riscos (RIBEIRO e SHIMIZU, (2007); DAMASCENO et. al, 2006). Para tanto, pode-se inferir que o trabalhador não prioriza a sua proteção. No entanto, a não aderência ao uso dos EPIs evidencia que ao negligenciá-lo o trabalhador não expõe somente a si, mas também a outrem. (GALLAS e FONTANA, 2010).

“[...] eu uso EPI, dificilmente me veriam puncionar sem luvas é raro, só em uma emergência ou alguma coisa assim [...] (E13)”.

“O que mais fizemos aqui é o uso de EPI, quando possível, [...] (E7)”.

“Eu Procuro sempre usar luvas, uma vez não tínhamos o costume de usar, [...] (E9)”.

A equipe de enfermagem continuamente deve fazer uso dos Equipamentos de Proteção Individuais, listados no Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, de acordo com os riscos de suas atividades, e em todas as situações, mesmo em emergências. Uma vez que os riscos podem estar presentes no ambiente de trabalho. No entanto, enquanto não estabelecido um diagnóstico, por vezes, este é oculto e o fato do trabalhador, muitas vezes, não possuir conhecimento suficiente sobre estes riscos, faz com que ele coloque em perigo sua saúde (BULHÕES apud MAURO et.al, 2010).

Entre os equipamentos de proteção individual listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, coloca-se o uso do calçado fechado como uma das medidas destinadas a proteção e resguardo dos pés (BRASIL, 2010).

“[...] a questão do calçado fechado, hoje eu tento cuidar, [...] uma vez, eu vim de chinelinho e puncionei um paciente quando eu vi estava respingando sangue no meu pé, deus me livre nunca mais [...] (E9)”.

Não basta que o trabalhador modifique seus costumes e condutas em função de imposição legal ou por meio da fiscalização da vigilância à saúde, mas espera-se que o mesmo modifique condutas e posturas por meio de ações educacionais e de reflexões acerca das práticas que se reflete sobre os mesmos (GALLAS e FONTANA, 2010). Neste sentido, por meio de informações com relação à necessidade da adoção de medidas protetoras, o

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trabalhador perceberá que a importância em realizar suas atividades com segurança, esta diretamente relacionada com a conservação e manutenção de sua própria saúde.

“[...] eu procuro usar luvas [...] até porque realmente é para minha segurança [...] (E12)”.

No entanto, evidencia-se que para alguns dispositivos de segurança o trabalhador ainda demonstra resistência em seu uso, como é o caso da mascara protetora. Para Brasil (2010) este dispositivo de segurança deve ser adotado como uma indispensável medida de proteção, utilizada em meio a riscos que envolvam ameaças a saúde do trabalhador, como a exposição a substancia tóxica e patógenos ao organismo.

“[...] mascara temos, mas, [...] é muito difícil usá-las, apenas por causa dos maus odores, mas não para proteção [...] (E12)”.

O emprego apropriado dos equipamentos de proteção individual é necessário para a realização de um trabalho seguro. E mesmo que os profissionais possuam determinada consciência sobre os riscos que os cercam, muitas vezes, acabam por negligenciá-los e, por vezes, banalizá-los devido à não utilização habitual de medidas de proteção (POLO, 2004; ZAPPAROLI, 2005).

Importante salientar que embora o trabalhador de enfermagem predispõe-se a inúmeros riscos observa-se que a adesão as proteções recomendas, por vezes, se faz incontínua e até mesmo incongruente (GIR et. al, 2004). Fato este, também explicitado por E14.

“Em relação à [...] luva, eu não uso, nunca usei, [...] perco a sensibilidade para puncionar [...] e nunca me contaminei [...] minha técnica é bem aprimorada, mas sei que mesmo assim o certo seria usar [...] mascara tem, mas não é usado, [...] óculos têm, mas só um para os médicos [...] eu sei que é errado (E14)”.

A confiança demasiada nas habilidades e tempo de trabalho atrapalha a equipe de enfermagem na adesão as medidas protetoras universais (GALLAS e FONTA, 2010). Para Neves (2011) o pensamento de que o uso de equipamentos de proteção interfere na habilidade e execução dos procedimentos, faz com que os profissionais subestimem a função de proteção e escolham por não utilizá-las. Tornando-se assim vulneráveis aos riscos ocupacionais e acidentes de trabalho.

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Neste contexto, Schuh e Krabbe (2007) inferem que os acidentes ocupacionais são possíveis de ser evitados, por meio da adoção de medidas de precaução, ou seja, o uso de EPI’s como, luvas, aventais, máscaras, protetores oculares, botas entre outros.

Apesar do fornecimento dos equipamentos de proteção para o trabalhador da referida equipe de enfermagem, percebe-se que o seu emprego acontece de forma aleatória conforme relatos anteriormente evidenciados. Porém, o fato dos trabalhadores terem ciência dos riscos do seu labor, nem sempre garante a adesão ao uso de medidas protetoras. Assim, conhecer as medidas de segurança e equipamentos de proteção é importante, porém sua disponibilização não é garantia de que os mesmos serão utilizados pelo trabalhador. Nesse sentido, faz-se necessário que os gestores invistam no desenvolvimento de as ações educativas permanentes junto a seus trabalhadores.

Tema III: Compreensão de conduta de acidentes de trabalho pela enfermagem

Avaliar os fatores relacionados aos acidentes de trabalho é vital para que se planeje e desenvolva medidas que possa tornar mínimo o risco de acidentes ocupacionais pela equipe de enfermagem, o que inclui a efetivação de programas de educação permanente, bem como protocolos indispensáveis na estratégia de preservação a saúde do trabalhador (BALSAMO e FELLI, 2006). Neste sentido, a educação permanente necessita ser desenvolvida, a partir do acesso a informações claras e precisas, com relação às questões que envolvam a segurança do trabalhador em relação à minimização de ocorrências de acidentes de trabalho (MARZIALE e RODRIGUES, 2002). Assim, faz-se importante que as instituições criem protocolos para as intercorrências que possam advir do processo de trabalho.

Para Balsamo e Felli, (2006) todas as instituições devem ser contempladas com esta implementação, na medida em que estes norteiam as ações imediatas em acidentes de trabalho, em especial posterior ao risco contato com biológico. Nesta exposição deve se ter clareza e agilidade na assistência ao trabalhador acidentado, bem como recomendações profiláticas e acompanhamento do trabalhador.

Importante ainda que a conduta a ser tomada seja de conhecimento de todos os trabalhadores, pois a mesma deve ser prestada de forma imediata. Entretanto, os participantes da pesquisa, quando indagados acerca da conduta adotada pela instituição a acidentes de trabalho, em sua maioria, reconheceram que as informações referentes ao tema não estão

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suficientemente claras, demonstram dúvidas acerca da conduta a ser tomada, como é evidenciado nas falas de E15 e E10:

“[...] teria que ter uma coisa mais certa mais explicada, se acontecesse comigo eu não saberia o que fazer, procuraria as enfermeiras, mas eu sei que elas [...] tem duvidas quanto a isso, quanto aos procedimentos a serem tomados [...] (E15)”. “[...] aqui na verdade é complicado, porque não temos protocolo se sofre acidente [...] aqui ninguém sabe de nada [...] eu não sei como funciona, aqui não tem saúde do trabalhador (E10)”.

A análise do conteúdo das entrevistas permite evidenciar controvérsias no que se refere à conduta pós exposição ocupacional. Na medida em que alguns sujeitos relatam não as conhecer e outras conhecer, afirmam que a unidade de saúde possui um protocolo para acidente, conforme segue:

“Nós temos um protocolo de encaminhamentos para acidentes de trabalho, onde hoje a unidade 24 horas é referencia para todo município [...] o primeiro atendimento é feito aqui, tanto para servidor quanto para outros profissionais [...] teste rápido ainda não temos [...] a anti-retroviral se for à hora de expediente é encaminhado para o SAE [...] quando é a noite ou finais de semana vai para o HCI referencia regional para dispensa da anti-retroviral[...] (E11)”

“A secretaria no momento [...] esta utilizando um protocolo de atendimento [...] hoje a referencia é o pronto atendimento 24 horas [...] tudo está estruturado e funcionando, toda equipe foi orientada e esta preparada para isso (E6)”.

“[...] se for perfuro cortante, material biológico, se tem paciente fonte a gente deveria ter o teste rápido que a secretaria ainda não tem [...] o plantonista [...] irá preencher a documentação solicitará o exame [...] não disponibilizamos da retro viral aqui na secretaria [...] mas o médico diz que deveríamos tomar em até duas horas se a fonte é desconhecida, como não temos teste rápido [...] não tem uma definição bem certa [...] (E2)”.

Não conhecer o protocolo implica em atraso no inicio da medicação profilática, se necessário, a qual dever ser disponibilizada o mais cedo possível. Isso nos reporta a necessidade de o trabalhador estar orientado e informado acerca dos procedimentos a serem tomados em caso da ocorrência de um acidente de trabalho com material biológico. Para tanto, o reconhecimento da implantação de protocolos deve ser feita a partir da reflexão dos gerentes de trabalho e, incorporada ao fluxograma da instituição para que haja seguridade no atendimento adequado a esses profissionais (BALSAMO e FELLI, 2006).

No entanto, a pesar das divergências evidencias pelos relatos dos sujeitos da pesquisa em relação à conduta a ser tomada em acidente de trabalho, evidencia-se que esta unidade

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possui normas referentes ao acidente de trabalho, no entanto há deficiência na forma de divulgação, na medida em que estas informações não são de conhecimento da totalidade dos trabalhadores.

Ainda na análise das falas dos sujeitos fica evidente que a unidade de pronto atendimento não dispõe do Kit de teste rápido para HIV bem como a medicação profilática para imediato atendimento aos trabalhadores acidentados. Neste contexto, Balsamo e Felli, (2006) pontuam a importância em recordar que a medicação profilática para HIV pós exposição ocupacional, para ação efetiva deve ser preferencialmente realizada em um período de 2 horas, podendo estender-se até 72 horas após a exposição. Ou seja, o trabalhador de saúde vítima de acidente de trabalho com material biológico, potencialmente contaminado, deve ser tratado como uma emergência medica, uma vez que as intervenções para sua profilaxia devem ser iniciadas precocemente para obter maior eficácia (VIEIRA e PADILHA (2008) apud CIESIELSKI et.al, (2003).

Cabe ressaltar que integra esta rede de atenção básica do município o Serviço Atendimento Especializado, o qual se localiza a poucos metros da unidade de estudo e em caso de acidente com material biológico este serviço é referência para o primeiro atendimento e disponibiliza a medicação profilática, se necessário. Porém, não se pode esquecer que há risco da aquisição de hepatites virais na exposição com risco biológico, entre outros patógenos, e o trabalhador necessita atendimento imediato e acompanhamento posterior de até 90 dias pós acidente, o qual é de responsabilidade do empregador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidencia-se que os sujeitos da pesquisa possuem conhecimento sobre os riscos ocupacionais existentes em seu local de labor. Estes enfatizam os riscos biológicos como o contato com sangue e outros fluidos corporais, seguido dos riscos ergonômicos e psicossociais evidenciados, por vezes, como uma conseqüência da sobrecarga do labor e do esgotamento mental. Ainda neste contexto, porém em menor dimensão referenciam os riscos físicos como iluminação precária e riscos de choques elétricos.

Em relação aos riscos ocupacionais e as medidas adotadas para minimizá-las, evidencia-se que os participantes da pesquisa possuem conhecimento acerca dos riscos que os cercam, porém esta informação por si só não se torna uma ação segura para a adesão aos equipamentos de proteção individual. Isso decorre do fato de que alguns trabalhadores da

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equipe de enfermagem empregam estes equipamentos apenas nos momentos em que é de sua percepção e relevância, ou seja, quando se tem conhecimento de que o paciente é realmente portador de doenças.

Quanto à conduta a ser tomada acerca da exposição a acidentes ocupacionais, na unidade básica de saúde, analisa-se que os entrevistados não possuem total conhecimento, quanto ao tema, evidenciando assim, contradições e deficiências nas formas de divulgacão, das informações, ou seja, as mesmas não são de total conhecimento dos trabalhadores.

Neste contexto, faz-se importante instituir ações de segurança e de educação permanente que abordem de forma clara e precisa temas direcionados à saúde do trabalhador, estando estas, adequadas às rotinas e hábitos dos trabalhadores, com intuito de prevenir e minimizar acidentes relacionados ao trabalho com a perspectiva de resguardar a integridade física e psíquica do mesmo.

Toda via, foi possível aprofundar o conhecimento sobre a necessidade de reconhecer os possíveis geradores de riscos, bem como a necessidade do uso rotineiro de proteção individual incorporado ao cotidiano do profissional e a qualificação da equipe de enfermagem no desenvolvimento diário de seu aprimoramento técnico – científico.

Assim, espera-se com este estudo que o conhecimento dos riscos implique na tomada de medidas de proteção e segurança, inerentes ao processo de trabalho, para vislumbrar desta forma ações de melhoria e qualidade aos trabalhadores da equipe de enfermagem.

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