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O regime jurídico dos honorários advocatícios no novo código de processo civil (lei n.º 13.105/2015)

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VANESSA ROBERTA WELTER

O REGIME JURÍDICO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (LEI N.º 13.105/2015)

Ijuí/RS 2018

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VANESSA ROBERTA WELTER

O REGIME JURÍDICO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (LEI N.º 13.105/2015)

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador (a): MSc. César Busnello

Ijuí/RS 2018

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Dedico este trabalho a todos que, direta ou indiretamente, me auxiliaram na sua confecção e me deram o apoio necessário durante estes anos da minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, determinação, força e coragem.

Aos meus pais, Gilmar e Janete, pelos exemplos de garra e persistência diários, me levantando a cada queda e aconselhando durante esta longa caminhada, a qual só se fez possível graças a eles.

Ao meu irmão Vini, por me fazer rir sempre que eu precisei e por entender minha ausência durante todos esses anos da graduação.

Ao meu noivo Luiz Fernando, que pacientemente me auxiliou durante a conclusão deste trabalho, entendendo meus medos, anseios e inseguranças e me confortando quando eu achei que não conseguiria.

Aos meus amigos e colegas do Fórum da Comarca de Santa Bárbara do Sul, onde estagiei, e Delegacia de Polícia de Santa Bárbara do Sul, onde trabalho atualmente, pelos ensinamentos diários e todo o conhecimento o qual me foi pacientemente passado, os quais foram determinantes para a elaboração deste trabalho.

Aos meus professores e demais funcionários da UNIJUÍ, pela parceria, pelos ensinamentos transmitidos e pela convivência diária durante todos esses anos.

Ao meu orientador César Busnello, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

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“A maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.”

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica busca a realização de um estudo acerca dos honorários advocatícios em todas as suas espécies e conceitos, bem como sua evolução durante o decorrer dos anos, haja vista o assunto em questão não ter sido aprofundado após sua alteração. Este trabalho de pesquisa monográfica vem para sanar possíveis dúvidas sobre as alterações feitas pela entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 com relação aos honorários advocatícios, bem como saber se tais alterações no código trouxeram benefícios e se houveram (e quais) pontos negativos. Visa também elucidar as diferenças entre o Código de Processo de 1973 e o em vigência, destacando suas principais alterações e o que isso traz de benéfico e prejudicial para a classe de profissionais na área advocatícia.

Palavras-Chave: Direito Civil. Honorário Advocatícios. Alteração. Benefício.

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ABSTRACT

The follow research project aims an advocative fees study’s in all its kind and concepts, as his evolution among the years, since the subject hasn’t been deepened after its alteration. This research project come to answer possible questions about the civil lawsuit code’ alterations made in 2015 upon the advocative fees, as know if this code’s alterations brought benefits and if there was (and which) negative points. It also aims elucidate the differences between the 1973’ civil lawsuit code and the actual one, pointing its main changes and which benefits and adverses it brings to the advocative area professionals.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...9

1 REGIME JURÍDICO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CICLO DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA...11

1.1 O salário do Advogado no Direito Romano e sua evolução na história...11

1.2 Regime Jurídico dos Honorários Advocatícios... ... ...15

2 CARACTERÍSTICAS DOS REGIMES JURÍDICOS DOS HONORÁRIOSS ADVOCATÍCIOS E INOVAÇÕES TRAZIDAS PELO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ... ...19

2.1 Código de Processo Civil de 1973 ... ...19

2.2 Novo Código de Processo Civil de 2015 ... ...23

2.3 Honorários Advocatícios em fase recursal ... ...29

2.4 Sucumbência recíproca e compensação ... ...31

2.5 Honorários e a Gratuidade da Justiça...35

2.6 Isenção do advogado ao pagamento das custas...35

CONCLUSÃO ... ...40

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho traz um estudo acerca dos honorários advocatícios, sua conceituação, características e formas existentes atualmente, traçando um comparativo entre o Código de Processo Civil de 1973 e o Código de Processo Civil de 2015, apontando as principais alterações, bem como elucidando de que forma a classe advocatícia se beneficiou com tais mudanças. Diante da alteração ainda recente que houve no supramencionado código, se faz mister um estudo aprofundado em uma das principais alterações que o CPC teve, sendo ela a que versa acerca os honorários advocatícios.

Durante o processo de realização deste trabalho foram feitas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também a legislação anterior, bem como a em vigência, com o intuito de trazer um estudo enriquecido acerca das informações pertinentes ao tema em apresso e permitir um aprofundamento no estudo dos honorários, a fim de mostrar que alterações do Código de Processo Civil foram importantes para o operador do direito e como isso trouxe uma valorização para a classe, que já carecia de reconhecimento desde os códigos anteriores.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi realizado uma abordagem sobre o tema honorários advocatícios no tempo, conceituando-o e trazendo suas principais características, bem como comentando acerca de sua evolução desde o Direito Romano até os dias de hoje, elucidando a visível evolução que o tema em estudo teve diante das drásticas mudanças que a legislação sofreu.

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No segundo capítulo é abordado mais profundamente o assunto, comentando separadamente sobre o Código de Processo Civil de 1973, bem como acerca do Código de 2015, analisando as características de cada um e sua aplicação, traçando um comparativo entre os artigos referentes aos honorários que sofreram alterações e como isso influenciou no mundo jurídico, comentando sobre os pontos positivos que as alterações trouxeram.

Ainda no segundo capítulo foi procedido um estudo acerca de algumas mudanças específicas que a alteração do Código de Processo Civil trouxe, sendo elas os honorários na fase de recurso, honorários sucumbenciais e a compensação e honorários advocatícios e a assistência judiciaria gratuita, especificando do que se trata cada um deles e qual o impacto que trouxe para a vida e trabalho do operador do direito.

Com este trabalho se verifica que as mudanças que o Novo Código de Processo Civil trouxeram já se faziam necessárias a muito tempo, tanto para sanar algumas omissões em outras áreas, bem como para, especificamente, trazer maiores direitos aos que utilizam diariamente da máquina judiciária como modo de sobreviver e também mostrar uma maior valorização aos que todos os dias lutam para que a lei seja seguida e os direitos dos outros sejam respeitados, ou seja, a classe advocatícia.

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1 REGIME JURÍDICO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CICLO DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Ao falarmos de honorários advocatícios, estamos falando especificamente do que podemos chamar de salário, a forma como o advogado é remunerado pelos seus préstimos a quem quer que seja que os necessite. O CPC 1973 previa os honorários advocatícios em seu art. 20 e parágrafos, nos trazendo talvez um vago entendimento sobre o tema, sem tratar com a seriedade necessária que o assunto requer. Atualmente o Novo Código de Processo Civil de 2015 apresenta em seu artigo 85 e parágrafos a questão dos honorários com mais clareza e dando-lhe o devido valor.

Sabe-se que em outras épocas o trabalho exercido pelos advogados não era remunerado da forma correta, muitas vezes nem se pagava por seus préstimos. O que, com o passar do tempo e por exigência da classe, aos poucos foi sendo introduzido o que podemos chamar de “costume” de realizar pagamentos pela assistência prestada pelo profissional do direito.

Costume, pois somente com as alterações que a nova legislação trouxe é que o serviço desenvolvido pelos advogados se tornou de caráter alimentar e a remuneração tornou-se realmente suficiente para o trabalho despendido.

Existem três espécies de honorários advocatícios: os convencionados, os fixados por arbitramento judicial e os honorários sucumbenciais, os quais serão estudados com mais profundidade durante o decorrer deste trabalho.

1.1 O salário do advogado no Direito Romano e sua evolução na história

Sabemos que nem sempre o advogado detinha o chamado “poder jurídico”. Analisando historicamente, a maior e mais alta patente nos tempos antigos era o

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Rei, então podemos supor que a este também atribuía o papel de julgador. Como explica João Francisco N. da Fonseca,

No período da Realeza, o direito confundia-se inteiramente com a fé. O rei não aplicava uma lei no sentido que conhecemos hoje, mas sim os costumes religiosos, cujo conhecimento lhe era atribuído exclusivamente por força de sua investidura. Assim, ele instaurava e dirigia o processo e, em seguida, pronunciava a sentença ouvindo apenas seus conselheiros. Nesse contexto, como era de se esperar, não havia espaço para nenhum tipo de defensor para a parte.

Em se tratando de honorários advocatícios, Fonseca explica,

Desde a edição da lex Cincia, a legislação romana manteve-se hostil à remuneração dos advogados. A partir do séc. III d.C., entretanto, a palavra honorarium tornou-se termo técnico para designar a quantia licitamente exigível dos clientes, ainda que dentro de certos limites de valores. Ao lado da proibição de cobrar honorários acima do teto permitido, vedava-se também qualquer forma de associação do advogado com o cliente, seja por meio do pactum de quota litis (honorários sobre um percentual do êxito), do palmarium (honorários só em caso de vitória na demanda), ou da redemptio litis (substituição do constituinte pelo advogado, que assumia integralmente o risco da lide). Por outro lado, se nada tivesse sido oferecido ao advogado, mesmo assim este fazia jus a uma remuneração arbitrada pelo juiz, de acordo com a importância do litígio, do seu talento e do costume do foro, obviamente dentro dos limites permitidos na lei. Note-se, por fim, que esses critérios para arbitramento de honorários pelo juiz romano são muito similares aos parâmetros previstos no atual CPCB (art. 20, § 3º, a-c).

O fato de não ser falado em pagamentos ao advogado vem do pressuposto que não havia o que pagar, ou seriam verbas extremamente irrelevantes, sendo que cada parte arcaria com suas próprias despesas e compareciam pessoalmente em juízo, restando aos advogados receber por seus préstimos com favores políticos ou simplesmente acabar advogando de graça.

Como explica o autor Yussef Said Cahali (1997, p. 23-24):

Durante os três primeiros séculos, desde a fundação de Roma, a profissão de advogado não existiu nem podia existir pois a defesa perante tribunais era munus público, imposto pelas instituições a certa classe de pessoas; durante esse período não se podia falar em honorários. A profissão de advogado resultou da dissolução do patronato, da vulgarização das fórmulas e do desenvolvimento da ciência do direito; dentre os homens frequentando o tribunal, uns fizeram da atividade forense meio de exercício oratório e meio de obter posição, degrau para subir as magistraturas, outros abraçaram-na como profissão; os primeiros patrocinaram, às vezes, gratuitamente, por ambição; os segundos receberam a remuneração do próprio trabalho, muitas vezes sacrificando a honestidade ao desejo de

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fazer fortuna rápida; por isso, encarando a situação de modo parcial e isolado pode-se dizer, ao mesmo tempo, que a profissão de advogado existiu e não existiu na antiga Roma; que a advocacia foi e não foi gratuita.

Conforme os avanços do tempo, diversas formas de efetuar o pagamento, ou suportar as despesas do processo foram sendo criadas, segundo Yussef (1997, p. 24-26)

[...] com o tempo, alguns temperamentos se introduziram. O primeiro, ainda no período das legis actiones: certa quantia era depositada pelos contendores, perdendo-a ao final o sucumbente, conforme tivesse feito valer falsamente o seu direito, ou tivesse negado o direito de outrem. O confisco da importância depositada tinha caráter penal, sem consideração alguma a respeito da temeridade da lide ou da resistência oposta. E era imposto a serviço dos sacerdotes ou do Erário, e não da parte vitoriosa. [...]

Assim, no processo romano, da ação a lei ao período formular, a condenação do sucumbente terá conservado essencialmente a natureza de pena; natureza igualmente mantida no iudicium calumniae. [...]

As limitações da responsabilidade pelas despesas apenas se temerário o sucumbente terá sido abandonada de vez com a Constituição de Zenão, de 487: na sentença, o juiz imporá ao sucumbente a obrigação de pagar todas as despesas do processo, concedida ao juiz a faculdade de acrescentar até o décimo das despesas realmente ocorridas, se convencido da temeridade. Este acréscimo será devolvido ao fisco, desde que o juiz não decida atribuir uma parte ao vencedor, para reparação do dano.

A entrada em vigor da referida Constituição trouxe mudanças significativas, nas palavras de Yussef (1997, p. 26)

[...] a modificação introduzida pela Constituição foi apresentada no fato de que, pela primeira vez, impôs-se ao juiz, pura e simplesmente, a obrigação de condenar o vencido nas despesas (ogni guidicedeve condennare il vinto). Completa-se, com esta lei, a passagem do antigo para o novo sistema: a condenação nas despesas do processo independe da prova de má-fé na conduta do sucumbente, a condenação será acrescida dos danos sofridos pelo vencedor, agravado o vencido com uma verdadeira e própria pena, esta em favor do erário. Daí deduzir-se que o processo romano afirmara nesses termos o principio absoluto e incondicionado da condenação do sucumbente nas despesas do juízo.

Analisando historicamente, nem sempre havia um pagamento justo pela assistência prestada pelos advogados nas resoluções das lides, a referida profissão era pouco, ou quase nada, reconhecida entre a sociedade. Como se fosse dever do advogar trabalhar para o bem de terceiros e receber como pagamento meramente favores, e ao traçar um comparativo entre a legislação vigente e a anterior, é espantoso que o CPC tenha passado por mudanças concretas apenas em 2015.

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Como explica Flávio Cheim Jorge (2017, p.1)

Foram concebidos inicialmente como “honraria” – daí seu sentido terminológico – sem qualquer vinculo com proveitos ou benefícios materiais. É conhecida a Lei Cincia (2005 a.C.), que proibia os advogados de receberem recompensa pelos serviços prestados, merecendo relevo a Lei votada ao tempo do Imperados Augusto que impunha ao transgressor a pena de restituir em quádruplo o pagamento que recebesse.

O inciso 3º do artigo 20 do CPC/73 (BRASIL, 1973) fixa a porcentagem devida de honorários a ser paga ao operador do direito em serviço, e obsta ainda critérios a serem avaliados na hora fixar o valor da condenação, sendo eles: “o grau de zelo do profissional; o lugar da prestação de serviço; e a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço”. Ao analisar tais critérios o valor a ser pago deve ficar entre 10% e 20% do valor da condenação.

A Lei 8.906/94 (BRASIL, 1994) enriqueceu nosso entendimento acerca desse assunto, quando em seu artigo 22, assegurou o direito dos inscritos na OAB ao recebimento de honorários e ainda dividiu-os em três espécies: honorários convencionados, os fixados por arbitramento e os de sucumbência. E, de acordo com o autor Flávio Cheim Jorge (2015) tal lei “estabeleceu que os honorários pertencem ao advogado (Art. 23), constituindo a sentença título executivo a favor do advogado (Art. 24)”.

Com a entrada em vigor do NCPC/15, diversas alterações foram feitas, trazendo mudanças benéficas para a classe, deixando “expresso que os honorários são de titularidade do advogado e as despesas devem ser reembolsadas à parte – ao contrário do que dispunha o art. 20 do CPC/73” (JORGE, 2015). O art. 85 é consideravelmente maior que o anterior, tratando com mais justiça e seriedade o trabalho exercido pelo operador do direito.

Superando alguns anos onde o advogado não era reconhecido economicamente por seus serviços prestados, o Código de Processo Civil de 1973 clareou, mesmo que ainda não suficientemente, os entendimentos acerca desde assunto. Em seu artigo 20 e incisos, elucida as diversas formas de o vencido no processo cumprir com o seu dever de quitar as despesas do advogado.

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Posteriormente a isso, o a lei 13.105/2015 expandiu ainda mais os horizontes no que cerne às custas processuais, trazendo alterações visíveis e melhorias para a classe advocatícia.

1.2 Regime Jurídico dos Honorários Advocatícios

Conforme já mencionado anteriormente, honorários advocatícios são o pagamento ao advogado pelos serviços prestados, tendo como base o proveito econômico almejado pelas partes, bem como o serviço desprendido pelo profissional do direito do decorrer do processo.

Atualmente, o regime jurídico adotado no Brasil é o que dispõe o CPC de 2015, haja vista ser o atualmente em vigor. Segundo o autor Luiz Dellore (2017, p. 324) “com sensíveis modificações e diversas inovações em relação ao CPC/1973, o artigo 85 tem 19 parágrafos, o que o torna o maior artigo do CPC/2015 [...]” ficando atrás apenas do artigo 1.037, o qual não alcança a marca de 15 parágrafos. Tal informação nos mostra uma diferença significativa entre ambos os códigos, principalmente pelo tamanho do seu texto legal.

Isso nos mostra que o legislador se esforçou ao alterar o artigo que versava sobre o tema dos honorários, visto que na versão anterior, a de 1973, o artigo 20 era deveras curto comparado com o artigo atual, o que nos mostra uma tomada de assunto mais abrangente, no que tange aos honorários.

O nosso ordenamento jurídico possui três formas de se arbitrar honorários, sendo elas o arbitramento convencional, do qual se pactua com a parte estipulando a porcentagem devida pela causa; os fixados por arbitramento judicial, onde o magistrado estipulará o valor a ser pago a título de honorários seguindo alguns critérios; e os honorários de sucumbência, os quais serão pagos pela parte que perdeu ao que venceu a demanda.

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Nas relações privadas temos os honorários convencionados ou contratados, que são aqueles estabelecidos entre advogado e cliente objetivando a remuneração do serviço prestado.

Os honorários fixados por arbitramento judicial decorrem, principalmente, da falta de estipulação ou acordo entre o cliente e o advogado. Os honorários são fixados em decorrência de um processo judicial, pelo juiz, que fixará uma remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão [...].

Por fim, temos ainda os honorários de sucumbência, que decorreram da lei, a saber, do art. 85 do CPC/2015, fixando a obrigação do vencido de pagar ao vencedor os honorários advocatícios.

Os honorários convencionados são, conforme Felipe Arthur Monteiro Leal (2016),

chamados, também, de contrato de honorário, são os fixados através de um contrato entre o profissional e seu cliente. Refere-se a uma remuneração resultante do contrato de prestação de serviços relacionados à atuação extrajudicial, agregando desde a assessoria, consultoria, planejamento jurídico, até a representação efetiva em Juízo.

Portanto, por honorários convencionados entende-se que trata de honorários estipulados em contrato, prevendo todos os possíveis atos praticados pelo advogado e atribuindo a cada um deles seu valor. Fixar um contrato traz para o advogado uma certa segurança na hora de receber por seus préstimos.

Diante da grande demanda possível de trabalhos executados pelos profissionais do Direito, a Ordem dos Advogados do Brasil estipulou uma tabela de preços no intuito de estabelecer um piso, dando um preço específico para cada tipo de serviço desprendido pelo advogado, o qual não poderá arbitrar valor menor ao desenvolvê-lo.

Os referidos honorários estão previstos no artigo 35 do Código de Ética da OAB (1994), o qual diz

Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessários, devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de acordo.

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Desta forma, ao fixar em contrato sua pretensão honorária, além de manter certa segurança para si, o advogado ainda estará cumprindo com seus deveres de ética profissional.

Os honorários fixados por arbitramento judicial, como o próprio nome já diz, são aqueles que, em não havendo outra forma de estipula-los (contratual ou divergência entre as partes), serão fixados pelo Juiz, observando também todos os critérios necessários para tanto, como a atuação do advogado em juiz, arbitrando valor pertinente de justo.

Também pode ser causa de arbitramento judicial o advogado que é nomeado para patrocinar demanda de economicamente hipossuficiente, quando a Defensoria Pública não o puder fazer, os quais serão arbitrados baseando-se na Tabela de Honorários e pagos pelo Estado.

Acerca dessas duas hipóteses de honorários arbitrados judicialmente, versa o artigo 22, parágrafos 1º e 2º, do Código de Ética da OAB (194), os quais dizem:

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.

§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. § 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

[...]

Serão arbitrados pelo Juiz, ainda, nos casos onde a parte e seu procurador não entrarem em um consenso quanto a sua valoração, tendo sido a causa concluída ou não, devendo então a parte pagar a quantia que o magistrado entender de direito.

Por fim, temos os honorários sucumbenciais, dos quais, nas palavras de Felipe Arthur Monteiro Leal (2016) em seu artigo, diz que

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Segundo Alberto Nogueira Júnior (In: JUS NAVEGANDI, 2007) os honorários sucumbenciais são aqueles fixados, por ocasião da sentença, em razão do acolhimento, total ou parcial, mas em proporção maior que o reconhecido ao adversário, portanto, não decorrem do direito próprio da parte, mas sim, da vitória desta na causa, graças ao trabalho prestado pelo advogado. Resumindo: é um direito que surge através da sentença proferida pelo juiz e que condena a parte vencida a pagar os honorários da parte contrária, vencedora.

Entende-se então por honorários de sucumbência um pagamento pelo justo e bom trabalho exercido pelo advogado, o qual venceu a causa, ficando a cargo da parte que sucumbiu realizar o seu pagamento. Acerca deste assunto, em específico, será visto com mais profundidade a seguir.

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2 CARACTERÍSTICAS DOS REGIMES JURÍDICOS DOS HONORÁRIOSS ADVOCATÍCIOS E INOVAÇÕES TRAZIDAS PELO NOVO CÓDIGO DEE PROCESSO CIVIL

Analisando as alterações inerentes aos honorários advocatícios podemos encontrar diversas diferenças entre elas, razão pela qual será feito um estudo em separado de cada Código, visando elucidar todos os pontos de cada um e posteriormente traçar um comparativo.

Ao analisarmos a Seção III do Código de Processo Civil de 1973, é possível observar que o mesmo não previa especificamente acerca do tema honorários, o capítulo se intitulava “Das despesas e das multas”, o qual em seu artigo 20 dispunha vagamente acerca do assunto. Tal artigo contava com apenas cinco parágrafos.

É inegável que a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil trouxe consideráveis alterações acerca do assunto ora em estudo, pois além de ter alterado a intitulação da Seção III, a qual passou a se chamar “Das despesas, dos honorários

advocatícios e das multas”, ainda o artigo que versava sobre o tema passou a ser o

85 e conta com 19 parágrafos, adentrando minuciosamente no assunto, com o intuito de regulamentar da melhor forma acerca dos honorários advocatícios.

Desta forma, serão abordados cada artigo do Código de Processo Civil de 1973, bem como o Código de Processo Civil de 2015, comparando-os em todas as formas e apontando suas significativas alterações.

Após estudarmos todas as alterações que o antigo artigo 20 do Código do Processo Civil de 1973 teve, abordaremos nesse capítulo as principais alterações, buscando aprofundar melhor o assunto.

2.1 Código de Processo Civil de 1973

Contando com pouca informação e talvez um vago entendimento, o artigo 20 do Código de Processo Civil de 1973 (BRASIL, 1973) possuía cinco parágrafos, dos quais legislavam acerca do tema honorários advocatícios, sendo eles

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Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. § 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.

§ 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional;

b) o lugar de prestação do serviço;

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.

§ 5º Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2º do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.

Observa-se que o termo despesas era usado frequentemente no artigo em estudo, tal denominação é utilizada para especificar demais gastos necessários no decorrer do processo, não tendo relação com os honorários advocatícios, conforme diz a autora Irene Sayuri Ito (2007)

[...] Os litigantes respondem pelas despesas com os serviços que o Estado lhes presta, ou seja, pelas despesas inerentes aos processos de que são partes. [...]

Despesas envolvem os gastos promovidos para a prática de atos processuais das partes processuais, abrangendo custas dos atos do processo como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do perito e do técnico assistente.

O caput do artigo 20 fala em condenar o vencido, mediante sentença, a pagar as despesas bem como dos honorários advocatícios. Essa máxima a qual diz que o vencido pagará ao vencedor nada mais é do que os chamados honorários sucumbenciais, onde quem sucumbir deve arcar com os gastos de quem foi vencedor.

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Estabelece-se que a parte vencida será condenada a reembolsar a vencedora das custas e despesas processuais, antecipadas pelo vencedor, se for o caso, e os honorários.

A sentença, seja declaratória, constitutiva ou condenatória, condenará o vencido, ainda que não haja pedido formulado neste sentido.

Nas sentenças condenatórias procedentes, os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% e o máximo de 20%, sobre o valor da condenação; nas condenatórias julgadas improcedentes, os honorários terão por base, dentro dos limites, o valor da causa. Já nas sentenças constitutivas e declaratórias, sejam procedentes ou improcedentes, os honorários serão fixados mediante avaliação equitativa do juiz.

Por custas entendem-se os valores pagos pelas partes do qual serão utilizados para remunerar os servidores judiciários, sendo eles os escrivães, contadores, oficiais de justiça, distribuidores, valores estes que estão previstos em lei específica, e, conforme o parágrafo 2º do artigo ora em estudo, ao sucumbente também ficará a cargo do pagamento das custas processuais. Tanto as custas, quando despesas, bem como honorários advocatícios são três coisas distintas, devendo estas ser pagas pela parte vencida.

Acerca do parágrafo 3º do artigo 20 do Código de Processo Civil de 1973, observam-se requisitos necessários na hora de fixar os honorários, dos quais devem ficar entre 10% e 20% do valor da condenação e o magistrado, antes de fixa-los, deve analisar “o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; e a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço” (CPC, 1973).

Nesta mesma lógica, o Código de Ética e Disciplina da OAB (1994) também estabelecem padrões a serem observados antes de fixar os honorários, sendo eles:

Art. 36. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os elementos seguintes:

I. a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;

II. o trabalho e o tempo necessários;

III. a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;

IV. o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele resultante do serviço profissional;

V. o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou permanente;

VI. o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;

VII. a competência e o renome do profissional; VIII. a praxe do foro sobre trabalhos análogos.

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O referido Código é posterior ao Código de Processo Civil de 1973, o que nos mostra que este artigo 36 já surgiu no intuito de melhorar as condições dos honorários advocatícios para o operador do direito, e estabelecer normas para sua fixação mais específicas do que as tratadas no artigo 20 do CPC/73, o qual estabelecia em apenas um parágrafo acerca do assunto, enquanto o Código de Ética e Disciplina da OAB destinou um artigo com oito incisos, dos quais se pode perceber a seriedade e valorização ao trabalho dos advogados que o legislador utilizou para elaborar este artigo.

Observa-se então que algumas coisas já começavam a surgir em 1994 para beneficiar a classe advocatícia, haja vista a simplicidade do artigo 20 em versar sobre honorários advocatícios, fazendo-se necessária uma nova legislação mais justa e séria.

Com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil o parágrafo 4º foi extinto do ordenamento jurídico, motivo pelo qual se comemorou muito. O parágrafo em análise, ao contrario do que versava o parágrafo anterior a este, não previa um valor mínimo a ser analisado na hora de fixar os honorários. Estes obedeceriam a apreciação do juiz, o qual de forma “equitativa” proporia um valor a ser pago pelos préstimos do advogado.

Flávio Cheim Jorge (2015), em seu artigo “Os honorários advocatícios e o Novo CPC: primeiros apontamentos”, explica:

[...]Se tratasse de demanda de natureza condenatória, os honorários eram fixados entre o percentual de 10% a 20% sobre a condenação. Contudo, se fosse demanda declaratória, constitutiva, cautelar, executiva ou mesmo se a sentença fosse de improcedência, esse critério não deveria prevalecer. Deveriam ser arbitrados consoante apreciação equitativa do juiz.

O referido parágrafo acabava gerando certa insegurança para a classe advocatícia, visto tratar com diferença as questões de demandas condenatórias procedentes ou improcedentes, deixando o arbitramento dos honorários à critério do magistrado, sem contar a desvalorização dos préstimos advocatícios que isso configurava.

(23)

Conforme explica Cheim Jorge (2015)

Por óbvio que se trata de disciplina completamente descabida e que não deveria ser prestigiada pela jurisprudência. Não há um só argumento jurídico capaz de justificar o tratamento diferenciado, por exemplo, da sentença de procedência para a sentença de improcedência numa demanda condenatória.

Diante do desagrado que tal parágrafo causava não havia possibilidade de mantê-lo em vigor, diante do fato de que as alterações do CPC vieram, nesse caso, para trazendo maiores direitos e reconhecimentos aos operadores do direito, garantindo o exercício pleno e reconhecido de suas profissões.

2.2 Novo Código de Processo Civil de 2015

Consideráveis alterações no que tange aos honorários advocatícios foram feitas com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil. Tratou-se com mais seriedade o trabalho exercido pelos profissionais e procurou-se trazer o reconhecimento e remuneração justa para dentro das páginas do referido Código.

Contando com 19 parágrafos, o artigo 85 do NCPC/15 (BRASIL, 2015) diz:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais:

I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;

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III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;

IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos;

V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.

§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3o:

I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença;

II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado; III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa;

IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.

§ 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.

§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.

§ 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.

§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º.

§ 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo.

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77.

§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos legais.

§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. § 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14.

§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão.

(25)

§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.

§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.

§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei.

Percebe-se o quanto o legislador se empenhou nas alterações referentes ao Novo Código de Processo Civil de 2015, dado o tamanho do artigo 85, bem como suas especificações onde os incisos foram cuidadosamente divididos e, consequentemente, acrescentados, tornando o artigo ora em questão um dos maiores do NCPC/15.

É possível observar que o parágrafo 3º ainda conta com parte de seu texto legal, sendo incluído incisos do I ao V na intenção de estabelecer percentuais mínimos e máximos de arbitramento dos honorários advocatícios nas lides onde a Fazendo Pública for parte, de acordo com os valores da condenação ou proveito econômico. Sobre isso, os autores Ana Paula Iankilevich Sitnik e Jean Haralambos Bassoukou (2016) explicam que “o transcrito § 3º determina a faixa de percentuais a serem utilizados para fixação dos honorários em casos envolvendo a Fazenda Pública, os quais, frise-se, são bem menores que aqueles previstos para litígios entre particulares”.

Não se encontra mais na íntegra o texto legal do qual versava o parágrafo 4º do Código de Processo Civil de 1973, porém outros dispositivos foram incluídos no intuito de corrigir o erro anterior. Flávio Cheim Jorge (2015) explica:

Visando corrigir esse grave equívoco legislativo e interpretativo, o NCPC enfatizou em dois dispositivos a necessidade de fixação de honorários de forma isonômica para as demandas, independentemente de sua natureza ou resultado:

Art. 85. § 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos (…)

(…)

§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.

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O parágrafo 5º trata também acerca dos honorários em causas que a Fazenda Pública for litigante, estabelecendo faixas inicias a serem observadas nos casos que o valor da ação for superior àqueles descritos no parágrafo 3º, e faixas subsequentes condizentes com a excedência e assim de forma sucessiva. Essas faixas, conforme Ana Paula Iankilevich Sitnik e Jean Haralambos Bassoukou (2016),

são estabelecidas de acordo com o valor da condenação ou do proveito econômico, sendo que a determinação do percentual (se no menor ou no mais alto patamar para a faixa) dependerá da análise do zelo e trabalho dispensados pelo patrono da parte, em observância ao disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal.

No parágrafo 8º podemos observar que seu texto legal se assemelha com o do extinto parágrafo 4º, com a diferença de que o legislador, para não haver mais prejuízos para a classe dos advogados, fez menção ao parágrafo 2º, dizendo que o legislador ainda pode arbitrar os honorários de forma equitativa nos casos descritos no parágrafo 8º, desde que, obedecendo ao parágrafo 2º, este valor não seja inferior a 10% nem superior a 20%. Pode-se dizer que as coisas melhoraram para os advogados, tendo agora uma porcentagem mínima, receberão de forma justa pelos serviços prestados.

No parágrafo 9º vemos outra novidade do Novo Código de Processo Civil, que trata das ações indenizatórias por ato ilícito contra a pessoa, onde o legislador nos traz um novo entendimento acerta dos pagamentos aos advogados, estabelecendo que os honorários nesta modalidade de ação deverão ser pagos incidindo sobre as parcelas vencidas, mais doze parcelas vincendas.

Acerca do parágrafo 11, o qual trouxe uma drástica e benéfica alteração, estabelecendo a majoração dos honorários em grau de recurso, isto é, ao entrar com um recurso em uma demanda, os honorários anteriormente estabelecidos serão aumentados pelo Tribunal que o julgar, observando também os critérios de fixação estabelecidos pelo artigo 85.

(27)

É inegável, pelo que se lê, que o legislador do CPC/2015 quis priorizar aquilo que venho denominando de “justa remuneração”. Se o advogado teve trabalho adicional em grau recursal, ele deve ser devidamente remunerado. Nada mais justo!

Lembre-se – apenas para fazer uma comparação entre as legislações – que em regra, no CPC/73, a sucumbência era fixada uma única vez, na sentença terminativa/definitiva. Eventuais desdobramentos recursais não ensejavam majoração de verba honorária, ainda que representassem maior trabalho ao advogado.

Nada mais justo do que os honorários serem majorados em grau de recurso, haja vista que exige um maior dispêndio de tempo, conhecimento e energia do advogado do que nas ações em primeiro grau.

O parágrafo 11, que versa sobre honorários em grau de recurso será estudado aprofundadamente em um subtítulo próprio e único para este tema, dada sua importância para a classe advocatícia.

Dentre tantas mudanças talvez uma das mais importantes tenha sido a inserção do parágrafo 14 que reconhece que os honorários advocatícios são de natureza alimentar inclusive possuindo privilégios tal qual os dos créditos oriundos da legislação do trabalho, o que em tempos antigos nem se cogitava falar.

Como explica Daniel A. A. Neves (2017, p. 279)

A natureza alimentar dos honorários advocatícios já foi devidamente reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, inclusive com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo a previsão do art. 85 § 14, do Novo CPC nesse sentido apenas a confirmação legislativa desse entendimento. Registre-se que mesmo quando o credor é uma sociedade de advogados a verba não perde sua natureza alimentar.

Ainda acerca deste assunto, Bruno Pereira Macedo (2015) escreve,

Ainda tratando do art. 85, o § 14 ratifica a posição jurisprudencial já adotada, a respeito do caráter alimentar dos honorários advocatícios, de modo que apenas traz uma confirmação legislativa sobre o tema. Mas, a verdadeira mudança prevista nesse parágrafo, digna de elogios, vem em sua parte final, oportunidade em que VEDA a compensação dos honorários em caso de sucumbência parcial.

Sobre compensação, o artigo 21 do CPC/73 versava que ficaria distribuído e compensando entre as partes nos casos de sucumbência reciproca, ou seja, onde

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nenhum deles “ganhou” a causa. Tal entendimento era reforçado pela sumula 306 do STJ. Com a vigência da lei 13.105/2015, o parágrafo 14 revoga qualquer hipótese de compensação nos casos de sucumbência reciproca.

Dar os honorários advocatícios natureza alimentar regulamenta de vez a advocacia como trabalho, profissão, o que, apesar de parecer lógico, não se tratava desta forma anteriormente.

Acerca da sociedade de advogados, o parágrafo 15 do artigo ora em estudo prevê a possibilidade do advogado solicitar que o pagamento da verba honorária que lhe couber seja revertido em favor da sociedade advocatícia a qual integra. Tal medida só é cabível “em decorrência do caráter patrimonial da verba honorária, a qual é renunciável e transacionável, podendo haver previsão contratual entre a sociedade e o advogado a respeito do tema” (PEREIRA, Bruno. 2015).

O parágrafo 16 versa acerca da incidência dos juros moratórios nos casos de se fixar os em que os honorários em quantia certa, sendo que incidirão a partir do trânsito em julgado da decisão.

Algo que permaneceu com a vigência do Novo Código de Processo Civil de 2015 foi o texto legal do parágrafo 17, que tratava da atuação do advogado em causa própria, o qual anteriormente estava descriminado na parte final do caput do artigo 20 do CPC de 1973. E com razão, visto que, atuando em causa própria o advogado além de ser parte é também advogado, o que resulta em um dispêndio de sua atividade profissional, devendo então ser devidamente remunerado.

Outra questão importante trazida pelo Código atual foi o parágrafo 18, que versa sobre a possibilidade do advogado de pleitear seus honorários em causa própria, o que antes não era possível após sentença transitado em julgado onde o magistrado não estabeleceu os honorários.

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Uma significativa alteração que beneficia claramente os advogados é a contida no § 18. Como dito anteriormente, os honorários advocatícios são classificados como “pedidos implícitos”. Ocorre que, antes do Novo CPC, após o trânsito em julgado da decisão que era omissa quanto à fixação dos honorários, o advogado não possuía nenhum meio de pleitear a verba alimentar. Inclusive, o entendimento sumulado do STJ era de que não cabia ação de execução sem título executivo, tampouco ação de conhecimento para cobrança dos honorários esquecidos pela decisão transitada em julgado. Contudo, para alegria da classe, o dispositivo em comento traz a possibilidade do ajuizamento de ação autônoma para definir e cobrar os honorários outrora esquecidos no momento de prolação da decisão, a qual transitou em julgado.

Por fim, o parágrafo 19 também trouxe uma grande conquista para a classe advocatícia, ao tratar sobre a possibilidade dos advogados públicos receberem honorários de sucumbência, porém, de acordo com Bruno Pereira Macedo (BRASIL, 2015), ainda há a necessidade de uma norma regulamentadora para possibilitar o recebimento dos referidos honorários.

2.3 Honorários Advocatícios em fase recursal

Uma das maiores vitórias que o novo CPC trouxe para o operador do direito foram os chamados honorários em grau de recurso. Anteriormente, no CPC de 1973, não havia condenação em nova verba honorária para as ações que necessitassem de recurso, o advogado praticamente trabalhava de graça, pois sabe-se que fazer um recurso não é tarefa fácil, o que requer um maior conhecimento e tempo para formular uma peça nesse grau.

O dispositivo que versa sobre os honorários recursais é o parágrafo 11 do artigo 85, o qual diz que há a possibilidade se se majorar os honorários em grau recursal, isto é, aumentados, baseando-se no trabalho adicional despendido pelo advogado na sua interposição. Conforme Cheim Jorge (BRASIL, 2015) nada mais justo do que a majoração ou nova condenação ao pagamento dos honorários em grau de recurso, haja vista que o processo não se finda com a prolatação da sentença, e em razão do recurso o processo se estende, gerando assim mais trabalho para o advogado, bem como necessita de uma remuneração adequada para se equiparar ao serviço prestado pelo operador do direito.

(30)

A introdução do parágrafo 11 tornou gratificante para o advogado a interposição de recursos, independente de ser ele provido ou não, bem como desestimulou a interposição de recursos meramente protelatórios, haja vista que o recorrente teria uma nova condenação em pagamento de honorários.

O pagamento dos honorários em segundo grau segue a mesma regra do primeiro grau no que tange à parte sucumbente. Isso significa que a parte que sofrer perdas com o resultado útil do recurso, arcará com os honorários da parte vencedora. É importante salientar que, ao ter seu recurso provido, não haverá majoração dos honorários anteriormente fixados, e sim uma nova condenação.

Conforme explica o autor Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes, (p. 595, 2016)

Uma condenação em honorários totalmente nova deverá ser imposta pelo Tribunal, agora em benefício do advogado do recorrente, devendo ser considerado no arbitramento da verba o trabalho realizado pelo advogado no decorrer de todo o processo, inclusive na fase recursal.

Acerca deste assunto, também Flávio Cheim Jorge (BRASIL, 20115) explica

A sucumbência recursal é um dos novos institutos concebidos pelo novo CPC. Até a vigência do CPC/73, a interposição de recursos não fazia surgir o direito à nova verba honorária. Ao prolatar a sentença, deveria o juiz estabelecê-la integralmente. Na seara recursal, exercia-se o controle sobre aquela fixação, mediante impugnação específica do recorrente, ou em caso de omissão, como visto, através da fixação em primeiro momento pelo tribunal.

O novo CPC cria uma situação inovadora porque diz que a interposição da apelação ensejará nova verba honorária. Dessa forma, tem-se os honorários advocatícios tais como concebidos originariamente e, a partir do novo CPC, uma nova condenação honorária que tem como causa o surgimento da instância recursal.

O parágrafo ora em estudo criou um novo direito ao advogado, apesar sempre ter sido merecido, porém antes não havia tal possibilidade. E é dever do juiz fixar novamente a verba honorária em razão do recurso. Acerca disso, Cheim Jorge (BRASIL, 2015) acrescenta

O tribunal fixará os honorários tal como o juiz em primeiro grau. Terá ele, pois, a liberdade de estabelecer os honorários em função do recurso interposto. Buscando estipular um parâmetro racional, prescreveu o legislador que o Tribunal deverá se utilizar dos mesmos critérios de fixação

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que o juiz e obedecer aos limites máximos previstos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.1

O parágrafo 11 deixa claro que, ao arbitrar ou majorar os honorários, o Julgador deve considerar o trabalho que o advogado tem no grau recursal, bem como levar em consideração o disposto nos parágrafos 2º e 6º do artigo 85, os quais versam sobre os critérios de fixação.

Conforme o autor Tiago Figueiredo Gonçalves (p. 368, 2016) há três pontos acerca dessa alteração que devem ser destacados:

[...] o primeiro, de que o tribunal, ao majorar os honorários fixados anteriormente, deve se ater aos limites percentuais previstos nos §§ 2º e 3º do art. 85 do Código. O segundo, de que o tribunal pode majorar a verba honorária independente de recurso interposto pelo recorrido para este fim específico, ou, em outros termos, o dispositivo acaba por ampliar, nesse ponto, a extensão do efeito devolutivo dos recursos. O terceiro, de que a regra é aplicável também aos tribunais superiores, não havendo qualquer incompatibilidade entre o teor da mesma e as disposições constitucionais incidentes em relação àqueles.

Deve-se lembrar também que, os honorários recursais devem ser arbitrados do julgamento de qualquer recurso, sem fazer distinção entre eles, haja vista que a intensão com a majoração ou novo arbitramento de honorários é remunerar o dispêndio de um trabalho, o que é o caso em qualquer recurso. Ou seja, se há trabalho, há que se remunerar.

2.4 Sucumbência recíproca e compensação

Antes de adentrarmos no assunto que se refere este subtítulo, devemos fazer uma distinção entre sucumbência parcial e recíproca, apesar de ser um assunto onde o entendimento não é pacífico entre os doutrinadores. Segundo Gabriela Arenhart (p. 494, 2016), podemos entender que “a sucumbência parcial está ligada à ideia de procedência parcial dos pedidos, enquanto a recíproca refere-se à noção de que a uma mesma decisão pode causar prejuízos em sentido amplo as duas partes”.

Ainda conforme a autora supramencionada, podemos entender que tanto a sucumbência parcial quando a reciproca são independentes, não sendo uma, condição indispensável para a configuração da outra.

(32)

Superado isso, em estudo ao parágrafo 14 do artigo 85 do Novo Código de Processo Civil podemos observar que, como boa parte dos outros parágrafos, este em especial trouxe uma mudança drástica e extremamente necessária no que diz respeito ao pagamento dos honorários ao advogado. A partir do referido parágrafo passamos a tratar os honorários como sendo de caráter alimentar, o que deveria ter acontecido desde os primórdios dos tempos. Ao torna-los de caráter alimentício, assumiu-se assim que o serviço desprendido pelo advogado merecia tratamento de trabalho com a devida remuneração.

O referido parágrafo também trouxe outra inovação ao mundo jurídico, em sua parte final, a qual versa sobre a vedação da compensação dos honorários em casos de sucumbência parcial ou recíproca. Ainda que o parágrafo 14 não mencione especificamente acerca da sucumbência recíproca, a autora Gabriela Arenhart (p.499, 2016) explica que “o dispositivo deve ser analisado sistematicamente para abranger também a hipótese em que a sucumbência reciproca independentemente da parcial”.

O código anterior previa a compensação dos honorários, em seu artigo 21, o qual dizia que sendo as duas partes sucumbentes, seriam as despesas e honorários reciproca e proporcionalmente divididos entre eles, o que significa que cada parte arcaria com as despesas que lhe cabia e nenhum dos advogados receberia honorários sucumbenciais.

Por compensação entende-se também, conforme artigo 368 do Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002), que “se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”. Trata de uma maneira de extinguir a obrigação, o que, logicamente, não deveria se estender aos honorários, visto que é a forma como se remunera o advogado.

Há que se deixar bem claro que a compensação dos honorários ocorria de forma injusta, pois o pagamento dos honorários sucumbências é direito do advogado

(33)

e obrigação da parte contrária, conforme explica Karine Odorizzi (2015), em seu artigo, o qual diz que

a aplicabilidade da compensação era realizada de forma totalmente equivocada e injusta, pois, os honorários advocatícios sucumbenciais são direito do advogado, e devidos pela parte contrária, ou seja, as partes não eram as mesmas, de modo que o mecanismo da compensação era aplicado de forma errônea.

Acerca deste tema também podemos mencionar a Súmula 306 do Superior Tribunal de Justiça, a qual versava o seguinte:

Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte.

Tanto o artigo 21 do Código de Processo Civil de 1973 quanto a referida Súmula iam na contramão ao Estatuto da OAB, o qual em seu artigo 23 já tratava dos direitos do advogado aos honorários de sucumbência. O texto legal do artigo (BRASIL, 1994) diz

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.

Observa-se que já se tentava regulamentar essa questão a tempos, visto que o artigo 23 do Estatuto da OAB de 1994 e o artigo 21 do Código de Processo Civil de 1973 conflitavam, gerando, conforme diz o autor Luciano Vianna Araújo (p. 511, 2016) uma “antinomia entre regras”. De acordo com Tércio Sampaio Ferraz (apud Luciano Vianna Araújo, p. 511, 2016)

Antinomia é a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias (total ou parcialmente), emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativo que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos quadros de um ordenamento dado.

Há vários critérios para a resolução de uma antinomia, porém, com a entrada em vigor do CPC de 2015 encerrou-se esta discussão, pois não há mais a possibilidade de compensação. Ademais, Araújo (p. 511, 2016) ainda acrescenta

(34)

que “do ponto de vista de direito material, descabida a compensação, pois diversos são os devedores da verba de sucumbência”.

Com a entrada em vigor do Novo CPC, alterou-se o antigo texto do artigo 21 do Código de 1973, passando então a estar descrito no artigo 86, o qual o atual dispositivo legal diz que “se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas”. Observa-se que, conforme já explicado anteriormente, a palavra despesas difere da palavra honorários, sendo relacionada com eventuais gastos no decorrer do processo. O atual dispositivo suprimiu de seu texto legal a palavra ‘honorários’, já em decorrência do artigo 85, parágrafo 14.

É visível que o Novo Código de Processo Civil de 2015 trouxe uma grande conquista para a classe advocatícia ao vedar a compensação nos casos de sucumbência por tratar de verba de caráter alimentar. Anteriormente haviam grandes debates e disputas na justiça por parte dos advogados para que seu trabalho fosse remunerado de forma justa, bem como a Súmula 306 do STJ foi questionada em sede de recurso repetitivo.

Segundo Bernardo César Coura (2015):

a sucumbência recíproca não pode retirar do advogado o direito de receber os honorários fixados na sentença. Assim, admitir a compensação em caso de sucumbência recíproca é transmitir responsabilidade pessoal ao advogado pelo ônus do vencido na causa, o que emerge como injusta supressão de direitos.

Entende-se assim que com o advento da Lei 13105 de 2015, superou-se este impasse acerca da compensação dos honorários sucumbências e por fim passou a tratar dignamente o trabalho exercido pelo operador do direito, e conforme Coura (2015), reconheceu-se assim sua importância e indispensabilidade como administrador da justiça.

(35)

2.5 Honorários e a Gratuidade da Justiça

Sabe-se que em nosso país a situação financeira dos brasileiros é desigual, bem como sabe-se que as custas, despesas e honorários não são exatamente de valor acessível para todos. Pensando nisso, e diante da premissa de que o acesso à justiça é direito de todos e dever do Estado providenciar que tais direitos estejam à disposição, encontrou-se uma forma de atender aos necessitados, facilitando seu acesso ao Judiciário e assegurando a igualdade de condições na hora da busca pelos seus direitos.

Conforme o autor Filovalter Moreira dos Santos Júnior, em seu artigo “A história da assistência judiciária gratuita e da Defensoria Pública” (BRASIL, 2014), já na Grécia antiga foram instituídos métodos de assegurar o acesso à justiça aos menos afortunados. Segundo o autor, “eram nomeados anualmente dez advogados para defender os pobres contra os poderosos, diante dos Tribunais civis e criminais, para atender ao princípio de que todo o direito ofendido deve encontrar defensor e os meios de defesa”.

O autor supramencionado explica ainda que no Direito Romano quem implementou o direito de conceder um advogado as pessoas sem condições foi Justiniano. De lá para cá muitas foram as formas de se igualar as condições no povo no que tange ao seu acesso ao judiciário, sendo que no Brasil tal feito somente foi possível com a tomada de poder de Getúlio Vargas, o qual, dentre outras coisas, promulgou uma Constituição com diretrizes sociais, conforme Santos Junior (2014) explica:

Somente com a tomada do Poder realizada por Getúlio Vargas [...] promulga-se uma Constituição com diretrizes sociais, que apresenta como as principais características a constitucionalização dos direitos sociais, a criação do mandado de segurança e da ação popular e notadamente inaugurou no Título III, Capítulo II, Art. 113, n. 32 na história das constituições brasileiras o direito de acesso gratuito à Justiça: A União e os Estados concederão aos necessitados assistência judiciária, para esse efeito, órgãos especiais, e assegurando isenção de emolumentos, custas, taxas e selos.

(36)

Após um período conturbado, com promulgações de diversas leis, enfim em 1988 nasceu a Constituição Federal, a qual, conforme o autor Santos Junior (2014) foi,

Indubitavelmente, o texto constitucional que tratou com a maior riqueza a assistência jurídica, seja porque assegurou sua prestação pelo Estado, conferindo-lhe caráter de compulsoriedade, seja porque está ela inserida no rol dos direitos e garantias individuais, atribuindo a garantia integral à assistência jurídica aos necessitados.

Em seu artigo 5º, inciso LXXIV, a Constituição Federal assegura que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.

Acerca deste assunto também havia a Lei 1.060 de 1950, criada especificamente no intuito de dispor sobre a concessão de assistência judiciária aos necessitados. No entanto, com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil de 2015 a referida lei foi derrogada, tendo sido revogada praticamente em sua integralidade pelo artigo 1072 do NCPC, levando em consideração que o novo código trata da assistência judiciária gratuita nos artigos 98 ao 102. Pode-se dizer que a Lei 1.060/50, tendo permanecido com alguns artigos, pode ser utilizada subsidiariamente ao NCPC.

Outra questão importante a ser esclarecida é a diferença entre “gratuidade da justiça” e “assistência judiciaria gratuita”, os quais não devem se confundir. Conforme o autor Roberto Gonçalves (2015),

a assistência Judiciária Gratuita é o direito da parte de ter um advogado do Estado gratuito, função exercida precipuamente pela Defensoria Pública, mas também encontrada em outros campos, como, por exemplo, nos Núcleos de Prática Jurídica das Faculdades de Direito.

O conceito de Gratuidade da Justiça está disposto no artigo 98, § 1º, o qual explica que se trata da dispensa da pessoa hipossuficiente ao pagamento de taxas, custas judiciais, selos postais; honorários do advogado e do perito; emolumentos cartorários e demais despesas decorrentes do tramite processual.

Referências

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