Trabalho para a Unidade Curricular de “Práticas Jurídicas
Interdisciplinares”
Docente: Mestre Helena Tomaz
Isabel Melro, Armando Travassos, Miguel Correia, Vanderlei Badoletti
LISBOA
MARÇO – 20122 Antes de passarmos à apresentação, propriamente dita, do nosso trabalho, começaremos, como convém, relembrando os factos que consideramos mais relevantes, tendo presente os fins em vista dos trabalhos já apresentados pelos outros grupos de advogados e a estratégia por nós adoptada, a qual julgamos melhor servir os interesses dos nossos clientes.
Assim, a nossa estratégia assenta numa defesa coligada dos réus Carlos, Duarte e Eduardo, tendo presente a relação contratual que os une, a qual lhes interessa preservar.
Nesta decorrência, deter-nos-emos, unicamente nos factos, que em sede de contestação, consideramos essenciais, e por isso, passamos a relembrá-los:
a) Alfredo e Belmira são proprietários de dois prédios contíguos (um rústico e outro misto) denominados Várzea, localizados na freguesia de Santa Maria, concelho de Odemira.
b) Carlos é proprietário de um prédio misto denominado Vale de Batata, situado na mesma freguesia.
c) No dia 19 de Junho de 2006, pelas 14.00 h, ocorreu um incêndio florestal em Vale de Batata, que consumiu uma área de 318 hectares.
3 d) Duarte e Eduardo, à data dos acontecimentos, mantinham uma
relação de trabalho com Carlos.
Com fundamento na factualidade acabada de narrar, Alfredo e Belmira instauraram contra Carlos, Duarte e Eduardo uma acção declarativa.
Nessa decorrência,
O Réu Carlos contestou,
Carlos e Duarte também contestaram.
Antes de passar a palavra aos meus colegas, que irão apresentar o nosso trabalho de contestação, convém recordar o que é, afinal, uma
CONTESTAÇÃO
Prevista no Artigo 486º do Código do Processo Civil, define-se como sendo a manifestação por excelência do Princípio do Contraditório. Pode ser produzida, nos termos do artigo 487º, também do CPC, como defesa por impugnação e como defesa por excepção.
Dentro de determinados condicionalismos, pode, também, ser feita em forma de contra ataque, por dedução de RECONVENÇÃO, nos termos previstos no artigo 500º do citado CPC.
4 “o réu defende-se por impugnação quando contradiz os factos articulados na petição ou quando afirma que esses factos não podem produzir o efeito jurídico pretendido pelo autor; defende-se por excepção quando alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção ou que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor, determinam a improcedência total ou parcial do pedido.”
O articulado da contestação deve, pois, ser objectivo, sem dúvidas nem suposições, sendo, como já se disse, uma das mais amplas manifestações do contraditório.
Em resumo,
Terá de combater a PETIÇÃO INICIAL.
Daqui decorre que a Contestação deve ser feita em articulado sucinto e concreto, com ideias claras e compreensíveis, contradizendo, pela fórmula de FALSO, NÃO VERDADEIRO, IMPOSSÍVEL, etc, o articulado da Petição Inicial, provando, de forma clara, que as teses apresentadas na Petição, não correspondem à verdade dos factos.
Neste contexto, somos de opinião que as contestações, anteriormente apresentadas, são frágeis na sua argumentação e, em alguns casos, lançaram-se entre si na concorrência da obtenção de UMA verdade material. Esqueceram-se, que estavam a contestar a PETIÇÃO INICIAL.
5 nossa opinião, carregada de suposições não provadas.
Nesta decorrência, a nossa contestação é proporcionada em coligação de réus, apresentada pelo mesmo escritório de advogados e com um objectivo comum:
A CONTESTAÇÃO da pretensão dos autores.
Esta solução permite, também, uma significativa economia processual e uma melhoria da interligação das peças da defesa, dando-se, assim, eficácia ao Princípio da aquisição processual.
Como terão oportunidade de verificar, através da nossa CONTESTAÇAO, que o Colega A. Travassos vai passar a apresentar, este nosso trabalho será mais um contributo para o enriquecimento académico da TURMA.
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Exm.º Senhor
Juiz de Direito do Tribunal de Comarca do Alentejo Litoral - Juízos de Odemira
1º Juízo Cível
Proc. Nº 3620/12.0DM
Acção Declarativa de Condenação Forma Processo Ordinária
Vª Ref. 2171962
Carlos Rio, casado, contribuinte fiscal 213456887,residente em Vale da
Batata, Santa Maria, 7630-000 Odemira
Duarte Lago, solteiro, contribuinte fiscal nº213456789 Residente em Alto
de Moinho, Santa Maria, 7630-000 Odemira
Eduardo Prado, divorciado, contribuinte fiscal nrº 216543456, residente
em Leziria, Santa Maria 7630-000, Odemira.
Réus nos autos à margem identificados, tendo sido notificados da P.I. em que são autores;
Alfredo Costa, residente em Várzea de Baixo, Santa Maria, 7630-000
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Belmira Monte, residente em Várzea de Cima, Santa Maria, 7630-000
Odemira
vêm apresentar a sua
CONTESTAÇÃO/ RECONVENÇÃO
O que fazem nos seguintes termos e fundamentos: I
POR EXCEPÇÃO
A ILEGITIMIDADE PASSIVA DO RÉU CARLOS RIO
1º
Nos termos da alínea e) do artigo 494º do C.P.C, é dilatória entre outras, a excepção seguinte:
e) A ilegitimidade de alguma das partes.
2º Nos termos do nr.º 1 do art.º 26 do CPC,
O autor é parte legítima quando tem interesse directo em demandar; o Réu é parte legítima quando tem interesse directo em contradizer.
8 Ora, no caso concreto, o Réu Carlos Rio é parte ilegítima na acção, uma vez que não tem qualquer responsabilidade nos eventuais danos causados pelo incêndio.
4º
O Réu Carlos Rio, desconhece em absoluto a causa do incêndio.
5º
No entanto, dúvidas não têm, que em nada contribuiu para esse facto.
6º
A ser verdade o alegado pelos autores de que a causa do incêndio terá tido origem nas faúlhas provocadas pelas alfaias agrícolas que estavam a ser manuseadas pelos Réus Duarte e Eduardo.
7º
Hipótese que se coloca por mera exposição de raciocínio, mas que de modo algum se aceita.
8º
Deveria a presente acção ser interposta apenas contra os Réus Duarte e Eduardo.
9º
Uma vez que o ora Réu, celebrou contrato de empreitada com os Réus Duarte e Eduardo, sobre quem, a existir responsabilidades, deveria recair a obrigação de indemnizar os autores; (Tudo Conforme Docº nrº zzz que se junta e se dá como reproduzido para todos os efeitos legais).
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Nos termos do artigo 495º do CPC, a excepção em causa é de conhecimento oficioso do Tribunal.
11º
Nos termos do artigo 288º do CPC
O Juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver o Réu da instância
d)Quando considere ilegítima alguma das partes
De acordo com o exposto deve a presente excepção ser considerada procedente por provada, devendo o ora Réu Carlos Rio ser absolvido da instância.
II
DA EXCEPÇÃO POR PRESCRIÇÃO
12º
Os Réus Duarte Lago e Eduardo Prado, reconhecem que efectivamente celebraram com o Réu Carlos Rio um contrato de empreitada.
13º
Também reconhecem, que com a assinatura do contrato em causa, assumiram os riscos inerentes à execução do referido contrato.
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Responsabilidade essa, assumida contratualmente, pelo risco próprio bem como pelos prejuízos causados a terceiros.
15º
No entanto, como decorre da própria PI os factos ocorreram em 19 de Junho de 2006.
16º
A presente acção deu entrada em tribunal, em Março de 2012.
17º
O direito de indemnização por responsabilidade contratual, prescreve no prazo de (3) anos , a contar da data dos factos, alegadamente lesivos dos direitos invocados
18º
De acordo com o exposto, dúvidas não há que o direito dos autores
prescreveu.
19º
As excepções peremptórias, como a prescrição, têm como consequência a
absolvição dos Réus do pedido.
Assim, nestes termos e nos mais de direito, devem os Réus Duarte e Eduardo serem absolvidos do pedido, com as legais consequências.
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NO ENTANTO, E Á CAUTELA, SEMPRE SE IMPUGNA O ALEGADO PELOS AUTORES, NOS SEGUINTES TERMOS E FUNDAMENTOS:
POR IMPUGNAÇÃO
20º
É verdade o alegado nos artigos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º da P.I.
21º
É parcialmente verdade o alegado no artigos 6º da P.I.
a) É verdade que os Réus Duarte e Eduardo se encontravam com os seus tractores a proceder ao corte de mato e alargamento de acessos na propriedade do ora Réu Carlos.
b) É falso que agissem segundo as ordens e direcção, e no interesse do
Réu Carlos.
22º
Como já foi referido no presente articulado, o aqui Réu Carlos Rio em 2 de Junho de 2006, celebrou um contrato de empreitada com os RÉUS Duarte e Eduardo.
23º
Nos termos do artigo 1207º do CC – “Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço”.
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resultado material, compreendendo não só a construção ou a criação, como também a reparação, modificação ou demolição de uma coisa (RP, 29-7-18«982:CJ CJ, 1982 4º -227.”
25º
Pelo que, nos termos desse contrato os RÉUS Duarte e Eduardo não
trabalhavam por conta e sob direcção e no interesse do ora Réu Carlos.
26º
Mas sim, em cumprimento do contrato estabelecido entre ambos.
27º
Pelo que, a provar-se que existiram danos causados a terceiros, neste caso aos AA no âmbito da execução do contrato, estes seriam da responsabilidade dos RÉUS Duarte e Eduardo.
28º E não do Réu Carlos Rio.
29º
A característica fundamental deste contrato é o facto de nele se prometer o resultado de uma actividade, sem subordinação à direcção da outra parte.
30º
Logo o empreiteiro não é um subordinado do dono de obra, mas antes um contratante que actua segundo a sua própria vontade, embora obrigado ao resultado ajustado, o empreiteiro actua autonomamente.
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E não sob a direcção ou instruções do dono de obra, mas este pode todavia fiscalizar a execução da obra – Artº 1209 do C. Civil.
32º
O dono de obra não é um comitente do empreiteiro, no sentido do art º 500 do C. Civil.
33º
Num contrato de empreitada, o dono da obra tem o direito de
"fiscalizá-la, com o fim de averiguar da conformidade do que se vai fazendo com o acordo estabelecido, de modo a aperceber-se prontamente de eventuais vícios e procurar que sejam ultrapassados em tempo oportuno.”
34º
A parte técnica de execução dos trabalhos é da iniciativa e disponibilidade e responsabilidade do empreiteiro, no caso concreto dos RÉUS Eduardo e Duarte.
35º
Foram estes Réus que dirigiram os trabalhos seguindo a técnica da "sua
arte" e que superintenderam, portanto, nas condições de segurança dos
seus trabalhadores e de terceiros.
36º
Aos RÉUS Eduardo e Duarte competia, assim, seguir determinada ordem na execução, distribuir o serviço pelos profissionais, estabelecer os meios adequados a concretizar a tarefa para que foram contratados e, além disso, zelar por que se não criem situações de risco, seja para quem for.
14 regime de responsabilidade civil, com atribuição desta à empreiteira, excluída fica a responsabilidade do Réu Carlos por acidente surgido durante a execução dos trabalhos que prejudique por qualquer modo, um terceiro.
38º
No entanto, conforme já referido no presente articulado, os ora Réus Eduardo e Duarte na presente data, não podem ser responsabilizados por
qualquer dano, uma vez que o eventual direito dos autores à indemnização prescreveu.
39º
É verdade o alegado nos artigos 7º e 8º da PI
40º
No que se refere ao alegado nos artigos 10º, 11º, 12º e 13º da PI, têm os
Réus a dizer o seguinte:
- Efectivamente os Réus Duarte e Eduardo estiveram nesse dia a proceder ao corte de mato e alargamento de acessos, na propriedade do Réu Carlos Rio.
41º
É verdade que estava um tempo quente e seco.
42º
É verdade que dois RÉUS Eduardo e Duarte foram almoçar às 12h30m e regressaram cerca das 13h30m.
15 É verdade que quando saíram da propriedade, não havia quaisquer vestígios de incêndio.
44º
Quando regressaram do almoço, reiniciaram os trabalhos, nomeadamente o alargamento dos acessos no local onde, da parte da manhã cortaram o mato e não havia quaisquer sinais de incêndio.
45º
Ou seja, ao contrário do alegado pelos autores, nunca o incêndio poderia ter sido causado pelos tractores que estavam em bom estado.
46º
As eventuais faúlhas cairiam no máximo, a 50 cm, em zona de terra batida.
47º
Pelo que nunca poderiam ter dado origem a qualquer incêndio.
48º
E ainda, porque os Réus Duarte e Eduardo são pessoas experientes neste
tipo de trabalho.
49º
Antes de saírem para almoço, por uma questão de precaução, verificaram toda a área envolvente do local onde estiveram a executar os trabalhos e não havia quaisquer vestígios de fogo.
16 50º
E mesmo que lhes tivesse escapado uma faúlha, hipótese que se coloca por mera exposição de raciocínio mas que de modo algum se aceita, e essa faúlha tivesse iniciado o incêndio durante a hora de almoço, o mesmo seria visível quando regressaram.
51º
Mas quando chegaram não existia qualquer de incêndio.
52º
Nunca poderiam ser os Réus a dar origem ao incêndio após a hora de almoço, porque nessa altura deram inicio ao alargamento de acessos em terra batida.
53º
E foi quando estavam a fazer esse trabalho, que avistaram ao longe a coluna de fumo junto a um acesso da propriedade do Réu Carlos Rio.
54º
Pelo que não poderiam ser os Réus Eduardo e Duarte, ainda que de forma involuntária, a dar causa ao incêndio.
55º
No dia em que ocorreu o incêndio esteve no local o chefe da corporação de Bombeiros de Odemira, que transmitiu aos ora Réus a sua opinião sobre o incidente, que claramente contrasta com o alegado na PI.
17 lançado uma ponta de cigarro para a berma.
57º
Ou por alguém, com intenções duvidosas, que tivesse propositadamente ateado o incêndio.
58º
As peritagens efectuadas ao local pelas entidades competentes foram inconclusivas.
59º
No que se refere ao alegado nos artigos 14º,15º, e 16º da PI têm os Réus a dizer que os sobreiros adultos não eram nem nunca foram cinquenta e
quatro.
60º
Os sobreiros dos autores, contados no local, são (20) vinte.
61º Eram muito velhos.
62º
A sua cortiça não era retirada, porque tinham sido infectados pela bactéria “corticex”.
63º
18 64º
Também devido à seca extrema e às pragas de insectos que afectam os montados na região e ainda a falta de tratamento adequado por parte dos AA.
65º
Os sobreiros em causa não tinham qualquer valor.
66º O seu abate teria custos para os autores.
67º
Também não corresponde à verdade que existissem vinte e dois sobreiros jovens. As terras dos autores à muito estão abandonadas, e não tinham sido feitas quaisquer renovações do montado.
68º
Aliás, se as terras estivessem tratadas como as do Réu Carlos, nada teria acontecido, porque o incêndio não teria encontrado caminho de propagação, e seria facilmente controlado.
69º.
Os autores há anos que não procedem à limpeza das suas terras nem abrem acessos, motivo pelo qual foi difícil aos bombeiros combater o incêndio.
19 “faleceram”.
71º
Nem se a morte dos animais é causa directa do incêndio.
72º Ou se ocorreu na sequência do mesmo.
73º
Noutras propriedades vizinhas, na mesma altura, morreram animais vítimas de doença infecciosa comprovada.
74º
No entanto, sempre se dirá que todos os valores peticionados referentes aos supostos animais mortos pelo incêndio são exorbitantes.
75º
O valor peticionado pelos Autores é mais do dobro do valor real dos animais no mercado.
76º
No que se refere ao alegado no artigo 21º da PI, têm os Réus a dizer, que a vedação e o barracão eram feitos de tábuas velhas e palha.
77º
20 O barracão destinado à recolha de animais, encontravam-se em péssimo estado de conservação.
79º
A vedação estava destruída em várias zonas, motivo pelo qual os animais andavam à deriva pelas propriedades vizinhas e também pelas do Réu Carlos Rio
80º
E o sistema de rega, devido ao seu não uso à vários anos estava, velho, estragado e obsoleto.
81º
Pelo que nunca tais bens, valeriam mais do que quinhentos euros.
82º
Quanto ao alegado nos artigos 22º, 23º,24º,25º, da PI, os Réus lamentam que os autores e os seus animais tenham sofrido.
83º
No entanto, não tiveram quaisquer responsabilidades no incêndio.
DO DIREITO .
Referem os autores no artigo 26 º, 27º e 36 º da PI que o incêndio ficou a dever-se a culpa dos Réus porque estes sabiam que ao manobrar as
21 84º
A procedência de uma ação de responsabilidade civil depende da alegação e prova artº 342 nrº 1 do CC, de uma conduta, e de factos que consubstanciem a sua ilicitude , da culpa do agente, dos danos causados e do nexo de causalidade entre os danos e o facto .
85º
Ora, o Réu Carlos.
a) não manobrou qualquer máquina .
b) celebrou um contrato de empreitada com pessoas especializadas em limpezas de terrenos e alargamento de caminhos
c) um dos tratores era seu e estava e está em bom estado de funcionamento .
Os RÉUS Duarte e Eduardo
d) Há mais de quinze anos que fazem este trabalho e nunca tiveram qualquer problema.
e) Para além de muita experiência, são pessoas muito cuidadosas na execução dos seus trabalhos.
f) Pelo que lhe foi transmitido pelo chefe dos Bombeiros de Odemira e pela Policia Judiciária não se pode afirmar, como fazem os AA, que a causa do incêndio foi uma faúlha provocada pelas máquinas.
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86º
Não estabelece a lei qualquer presunção de causalidade entre a atividade perigosa e o dano , competindo aos autores a respectiva prova (Artº 342 nrº 1 CC)
87º
Os artigos 28º a 35 º da PI são matéria de direito , e não se aplicam ao caso concreto, porque como já se referiu no presente articulado, os Réus não tiveram qualquer responsabilidade na origem do incendio.
88º
No que se refere ao alegado nos artigos 37º e 38 º da PI têm os Réus a dizer que não tentaram resolver o assunto extrajudicialmente, porque não têm qualquer culpa ou obrigação de indemnizar os AA.
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O principal fundamento da reconvenção é a economia processual, e ao mesmo tempo, como dizia Napoleão, a melhor defesa é o ataque, no caso concreto da reconvenção o contra-ataque.
Estabelece o Artigo 274ºdo C.P. CIVIL Admissibilidade da reconvenção
1. O réu pode, em reconvenção, deduzir pedidos contra o autor.
2. A reconvenção é admissível nos seguintes casos:
a) Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento à acção ou à defesa;
b) Quando o réu se propõe obter a compensação ou tornar efectivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas à coisa cuja entrega lhe é pedida;
c) Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se propõe obter.
3. Não é admissível a reconvenção, quando ao pedido do réu corresponda uma forma de processo diferente da que corresponde ao pedido do autor, salvo se a diferença provier do diverso valor dos pedidos ou o juiz a autorizar, nos termos previstos nos nºs 2 e 3 do artigo 31º, com as necessárias adaptações.
4. Se o pedido reconvencional envolver outros sujeitos que, de acordo com os critérios gerais aplicáveis à pluralidade de partes, possam associar-se ao reconvinte ou ao reconvindo, pode o réu suscitar a respectiva intervenção principal provocada, nos termos do disposto no artigo 326º.
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deduzido, salvo quando este seja dependente do formulado pelo autor.
-São duas acções independentes, que poderiam ser propostas separadamente, no entanto acabam por ser dois em um, ou seja duas acções numa só.
Sendo as partes ao mesmo tempo autores e Réus.
Para simplificar e evitar confusão com o Autor e Réu inicial, quando há reconvenção o Réu passa a ser identificado como reconvinte e o Autor passa a ser identificado como reconvindo.
A reconvenção não se confunde com a contestação, já que tem de estar expressamente identificada pelo reconvinte na sua contestação, e inclui uma pretensão que não se limita a impugnar o pedido do autor mas invoca um novo pedido contra o autor.
Artigo 501º C .P. Civil.
Dedução da reconvenção
1. A reconvenção deve ser expressamente identificada e deduzida separadamente na contestação, expondo-se os fundamentos e concluindo-se pelo pedido, nos termos das alíneas c) e d) do nº 1 do artigo 467º.
2. O reconvinte deve ainda declarar o valor da reconvenção; se o não fizer, a contestação não deixa de ser recebida, mas o reconvinte é convidado a indicar o valor, sob pena de a reconvenção não ser atendida.
3. Quando o prosseguimento da reconvenção esteja dependente da efectivação de registo ou de qualquer acto a praticar pelo reconvinte, será
25 Estabelece o artigo 274º do C.P. Civil prevê, na alínea b) do seu nr.º 1, que
a reconvenção é admissível quando o Réu se propõe obter a compensação.
Ou seja, nos termos dessa alínea, o pedido reconvencional pode ter
como fundamento a compensação de créditos.
Como o colega Miguel vai demonstrar O Réu Carlos, pode pedir compensação aos autores pela viatura danificada.
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90º
Dão-se por integralmente reproduzidos todos os factos anteriormente alegados.
91º
Na sequência do incêndio referido pelos autores/reconvindos.
92º
E talvez devido ao pânico que sentiram, os reconvindos lançaram água de forma descontrolada, sobre a viatura Ford do ora Reconvinte Carlos.
93º
Ora, o veículo em causa, nem sequer corria o risco de ser danificado pelo fogo, uma vez que se encontrava estacionado à beira do Caminho.
94º
Devido ao calor, o veículo encontrava-se de vidros abertos e em local seguro.
95º
O excesso de água, a forma descontrolada ou até intencional como foi lançada pelos reconvindos, destruiu a viatura na sua totalidade.
96º
Conforme pode ser constatado pelas fotografias e relatório da perícia efectuada pela marca, a perda é total. (Tudo conforme docs nrº -xxxx e yyyyy que se juntam e se dão como reproduzidos para todos os efeitos legais).
27 O Valor de mercado o veículo em causa é de 35.000,00€.
98º
De acordo com o exposto, devem os reconvindos ser condenados a pagar ao reconvinte o montante de 35,000,00€ ou a entregarem ao Reconvinte uma viatura nova igual a viatura danificada.
Nestes termos e nos mais de direito, deve a exceção de ilegitimidade do Réu Carlos ser considerada procedente por provada, devendo o Réu ser absolvido da instância.
Deve a exceção de prescrição ser considerada procedente por provada devendo os Réus Duarte e Eduardo serem absolvidos do pedido com as legais consequências .
Caso assim se não entenda, deve a acção ser considerada improcedente por não provado, devendo os Réus ser absolvidos do pedido.
Deve a Reconvenção ser considerada Procedente por Provada , devendo os Reconvindos ser condenados a pagar ao reconvinte o montante de 35.000,00€
Valor da reconvenção: 35.000,00€
Junta: Procuração Forense, 1 Documento e comprovativo de pagamento de taxa de justiça.