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A lei e o mais forte: (pedagogia da sobrevivência).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE HUMANIDADES

CURSO DE MESTRADO EM SOCIOLOGIA

A LEI E O NAIS FORTE

( P e d a g o g i a da sobrevivência)

MARIA DO SOCORRO CARVALHO BEZERRA

Campina Grande - Paraíba

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A LEI E 0 M A I S F O R T E ( p e d a g o g i a d a sobrevivência) dissertação de m e s t r a d o a p r e s e n t a d a no C u r s o de M e s t r a d o em S o c i o l o g i a do D e p a r t a m e n t o de S o c i o l o g i a e A n t r o p o l o g i a da U n i v e r s i d a d e Federal da Paraíba - Campina G r a n d e . novembro de 198 4 -ORIENTADOR: E l i m a r P i n h e i r o do N a s c i m e n t o C0-0R1ENTADOR: Rómulo de Araújo Lima

Campina Grande - Paraíba Novembro - 19 84

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A L E I E 0 M A I S F O R T E ( P E D A G O G I A D A S O B R E V I V Ê N C I A )

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para meus filhos d a n , saul e lucas pela centelha mantida

para yehudi

pela força de toda vida

em memoria de ce li na pelo amor maior

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Sem a colaboração de algumas pessoas este t r a b a l h o s e r i a r e a l i z a d o , mas e x i g i r i a muito mais de mim.

Sou imensamente g r a t a a

Yehudi Bezerra Elimar P. Nascimento Rolando P i n t o Contreras Jackson Sampaio

Rómulo de Araújo Lima Peruando Gabe i r;i

Grupo Semeadura de Teatro Popular

l'undação Estadual do Bcm-listar do Menor do Ceará

Agradeço aos colegas c professores da III;Pb, aos amigos de cada d i a e a todos aqueles que acabaram por ensinar-me alguma coisa.

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1 D I V I S A M a i s i m p o r t a n t e d o q u e a c i ê n c i a é o s e u r e s u l t a d o , U m a r e s p o s t a p r o v o c a u m a c e n t e n a d e p e r g u n t a s . M a i s i m p o r t a n t e do q u e a p o e s i a é o s e u r e s u l t a d o , Um p o e m a i n v o c a u m a c e n t e n a d e a t o s h e r ó i c o s . M a i s i m p o r t a n t e do q u e o r e c o n h e c i m e n t o é o s e u r e s u l t a d o , 0 r e s u l t a d o é d o r e c u l p a . M a i s i m p o r t a n t e d o q u e a p r o c r i a ç ã o é a c r i a n ç a M a i s i m p o r t a n t e d o q u e a e v o l u ç ã o da c r i a ç ã o é a e v o l u ç ã o d o c r i a d o r Em l u g a r d e p a s s o s i m p e r a t i v o s , o i m p e r a d o r Em l u g a r de p a s s o s c r i a t i v o s , o c r i a d o r . Um e n c o n t r o d e d o i s : o l h o s n o s o l h o s , f a c e a f a c e E q u a n d o e s t i v e r e s p e r t o , a r r a n c a r - t e - e i o s o l h o s e c o l o c a - l o s - e i no l u g a r d o s m e u s ; E a r r a n c a r e i m e u s o l h o s p a r a c o l o c á - l o s no l u g a r d o s t e u s ; E n t ã o v e r - t e - e i c o m os t e u s o l h o s E tu v e r - m e - ã s c o m o s m e u s . A s s i m , a t é a c o i s a c o m u m s e r v e o s i l ê n c i o E n o s s o e n c o n t r o p e r m a n e c e u a m e t a s e m c a d e i a s : 0 l u g a r i n d e t e r m i n a d o , n u n t e m i n d e t e r m i n a d o , A p a l a i n d e t e r m i n a d a p a r a o H o m e m i n d e t e r m i n a d o .

Traduzido de "Eiuladuvy zu lineu Begegneung", por J . L . Moreno pg. 3 publicado em Viena 1914.

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"Por todo esse tempo e em todos os tempos ficam a espera as palavras

dos poemas de verdade:

as palavras dos poemas de verdade não apenas agradam,

os poetas de verdade

não são acompanhantes da beleza e sim augustos mestres da beleza A g r ai í de za dos f i l h os

e o que t r a n s p i r a do que têm de grande as mães c os pa i s :

as palavras dos poemas de verdade são o buquê e o aplauso f i n a l da ciência".

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O Brasil tem atualmente 30 milhões de meno res abandonados (chamados c a r e n t e s ) . Para fa zer frente a este imenso problema e s t r u t u r a l , foram criados órgãos de prevenção e de repres são ã m a r g i n a l i d a d e , onde vale tudo - desde a educação formal e tentativas artificiais de reintegração social até a prisão e eliminação física. Â vista de tal quadro - resultante de todos os desequilíbrios que o geram - os meno res marginais criam estratégias de sobreviver^ cia tais que acabam por tornar-se uma contra ordem ao sistema de forças que os mantém. Es sas e s t r a t é g i a s , essas práticas são o que cha mo PEDAGOGIA DA SOBREVIVÊNCIA.

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i

SUMÁRIO

. I N V E N T A N D O O C A M I N H O ( U M A R E C E I T A M E T O D O L Ó G I C A ? ) 0 1

. P A R T E 1 - A S D I M E N S Õ E S D O P R O B L E M A

O menor m a r g i n a l : um duende dissociado? ." ()(> A trajetória do marginal nas sociedades capitalistas 0 9 Poder e contra-poder: um jogo de cartas marcadas 13 Correspondência encontrada nos túneis do País do Medo 19

. P A R T E 2 - C O M O E S T Á A C R I A N Ç A B R A S I L E I R A ?

0 índice do sistema 2 3 •"A rua: do abandono ao crime 2 8

0 trabalho e o decurso da Lei 30

• P A R T E 3 - I N V E N T A N D O U M A S A Í D A P A R A 0 B E C O

A estrutura jurídico-política: o discurso do mais forte? 36

A instituição vista por dentro 39 0 confronto inevitável e a vez do outro 4 3

. A P Ê N D I C E - D I Á R I O D E M O N T A G E M ( A N D A N Ç A S : D O S S E R T Õ E S D O S I N H A M U N S A O P A Í S D O M E D O )

Primeira porta: Jucás 51 Segunda porta: Fortaleza....^ 61

Terceira porta: Maracanaú ()!>

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\

»

I N V E N T A N D O O C A M I N H O ( U M A R E C E I T A M E T O D O L Ó G I C A ? )

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0 2 .

O ostucb é um jogo. Sorver em haustos o pensanento do mundo, u n i v e r s a l i z a r - s e t a l v e z s e j a a forma s o f i s t i c a d a do estudo c i e n , tífico. Sonos "caçadores". Não estamos, p o r t a n t o , interessados

na desmitificação da inteligência acadêmica, mas estamos tentan do d e s c o b r i r um c a m i n h o um t a n t o m a i s c a p a z de n o s r e s p o n d e r aos n o s s o s i n t e r e s s e s . Do mesmo modo, s o r v e m o s em h a u s t o s , n a condição de n o s s o fôlego, o p e n s a m e n t o do mundo. "Não tenho dúvidas. Quando os cientistas compreende-rem que eles pertencem ao mesmo clube que os caçadores, pescado-res e detetives, descobrirão que o seu trabalho é muito mais ex-citante do que pode parecer. Além disso, poderão ganhar uma dose extra de sabedoria, paciência e humildade. Caçando, pescando, quando não lendo aventuras de Shcrlock llolmes. Teorias são redes, somente aqueles que as lançam pescarão alguma coisa."

fALVES.

R u b e n s , I ílosofla da Clêncj^\:

I

ni.i-rnlin;.~iri

ao Jogo a Buaa regras, 3a.

a d i ç ã o .

E d . B r a s i l i e n s e , São P a u l o , 1982.)

A r e s p o n s a b i l i d a d e de um c u r s o acadêmico c o n f e r e -nos a relação de s a b e r do mundo q u e n o s f o i d a d o . A r e s p o n s a b i l i d a d e de n o s s a condição de gênero humano o u mesmo de s e r s o c i a l c o n f e r e - n o s a relação de n o s s a b e r mos n o mundo com o mundo q u e n o s damos.

Concedam-nos as e n t i d a d e s científicas e filosóficas já instituídas, o p o d e r de s e g u r a r as idéias-chave d a s d e s c o b e r t a s do u n i v e r s o e f a r e m o s as n o s s a s próprias i n v e s t i d a s no mundo da s a b e d o r i a . Com i s s o , o mundo se rã um véu a m a i s , q u e s e d e s c o r t i n a no p a l c o onde "dan çamos" através de c o n c e i t o s como marginalização, s o b r e vivência, revolução, e t c .

Se o e s t u d o é um j o g o , então, no t a b u l e i r o das idéias, temos q u e c o l o c a r as peças de n o s s o raciocínio d i s p o s t a s de t a l m a n e i r a q u e a peça-rainha - peça-trunfo - s e j a capaz de se d e s l o c a r e de se i m p o r como f u l c r o de n o s s a intenção de j o g a r . T a l v e z d e v a m o s p a r t i r d a s i n g u l a r i d a d e S i t u a m o s o n o s s o e s t u d o numa p e d a g o g i a própria ãs c a madas s o c i a i s d e s l o c a d a s de um d e t e r m i n a d o s i s t e m a p r o -d u t i v o e q u e l h e s f o r n e c e m e i o s -de s u p e r a r as forças ge r a d a s p o r e s s e mesmo s i s t e m a no s e n t i d o de esmagá-las, ou até mesmo "integrá-las. Seguimos as associações, as

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p i s t a s f r a g m e n t a d a s das d i v e r s a s histórias de v i d a dos d i v e r s o s indivíduos a n a l i s a d o s . R e f e r i m o s n o s ao p r o c e s s o de marginalização i n s t i t u c i o n a l i z a d a , e s t i g m a t i -zada n o / p e l o c a p i t a l i s m o a t u a l .

03

Serio interessante observar se existe uma lei p e s s o a l , ú n i c a , que promove o e-quilíbrio em ruptura desses indivíduos marginalizados numa sociedade "integrada" capitalisticamente."/1 marginalidade é o lugar onde se podem ler 08 pontos de

rup-tura nas estrurup-turas sociais e os esboços da problemática nova no campo da economia desejante. Trata-se de analisar a margina l idade, não como uma manifestação psicopa to lógica, mas como a parte mais viva, a mais móvel das coletividades humanas nas suas tentativas de encontrar respostas ~ãs mudanças nas estruturas sociais e mate

riais. "(GUATTARI. Félix, A Revolução V\o l a -c u l o r , t u . B r a s i l i e n s e , São P a u l o , 1082.)

Necessário a n a l i s a r a pedagogia i n s t i t u c i o n a l p r a t i c a d a por i n s tituições a s s i s t e n c i a i s que trabalham com o menor marginal. Neces-sário compreender o m a r g i n a l , sua produção e reprodução s o c i a l . Ne cessário perceber os mecanismos que e l e é levado a desenvolver,nos seus diversos enfrentamentos - s o c i a i s e i n d i v i d u a i s - na aventura sempre inédita de compor um c a m i n h o único p a r a c o n t i n u a r v i v o .

0 que mantém um marginal vivo? I n s t i -tucionalizar-se pode ser uma s i t u a ç ã o , uma o p ç ã o , uma n e c e s s i d a d e . Ou nada disso.

C e r t a m e n t e um e s t u d o d e s s a n a t u r e z a , mesmo que a i n d a embrionário, r e f l e t e a preocupação com a e s t r u t u r a de c o m p o r t a m e n t o do indivíduo. T a l v e z s e j a necessário " d i s s e c a r " s u a s histórias p e s s o a i s e c o n d u z i - l o ( o u c o n d u z i r n o s ) ao f i o da meada da expansão c a p i t a l i s t a e s u a c o n s e q u e n t e m a r c a nos indivíduos i s o l a d a m e n t e . T a l v e z b u s -c a r auxílio n a p s i -c o l o g i a -como sustentá-culo (orientação) s o b r e um método de t r a b a l h o q u e p a r t e do indivíduo o p r i

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m i d o em situações s o c i a i s d e t e r m i n a n t e s , d o m i n a n t e s , mas que um mecanismo d i f e r e n c i a d o r c o l o c a como único no s e u p r o c e s s o v i t a l . "A sociedade onde predomine a cisão social cor — responde necessariamente o homem marginal e corrompido que pode so-breviver talvez unicamente (...) peia infâmia ... existem homens in fomes, moralmente condenáveis, porque a sociedade dividiu-se social mente e permitiu à sua camada inferior um único recurso: a corrupção.

(BORGES. Jorge Luis, História Universal da Infâmia) ensaio introdu-tório de Regina L. Zilberman e Ana Marize R. F i l i p o u s k i , Porto Ale-gre, fid. Globo, 1975.)

O c a p i t a l i s m o que p r o d u z o m a r g i n a l n e c e s s i t a de s u a s i n g u l a r i d a d e . P r e t e n d e m o s p r o c u r a r o s indícios d e s s a ne c e s s i d a d e e as consequências do que se e n v o l v e no s e u m i s tério.

Nesse p r o c e s s o não podemos e s q u e c e r a t o t a l i d a d e , c o -mo já d i s s e m o s , o " t o t u m " u n i v e r s a l que n o s r e d u z ã e s c a

l a de u n i d a d e . I s s o i m p l i c a n e c e s s a r i a m e n t e , no r e c o n h e -c i m e n t o das p e q u e n a s "totalizações p a r -c i a i s " ( a i n d a que não e x i s t a i s s o ) , as relações díspares que i m p l i c a m n a formação d o que chamamos uma PEDAGOGIA DA SOBREVIVÊNCIA, t a n t o d e n t r o da lógica do c a p i t a l i s m o como d e n t r o dos d e s l o c a m e n t o s d o PODER. Levamos em c o n t a os d a d o s g e r a i s e f u n d a m e n t a i s p a r a m o n t a r m o s as peças.

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P A R T E 1

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1 O M E N O R M A R G I N A L : U M D U E N D E D I S S O C I A D O ? Colocamos em questão o m a r g i n a l , ( * ) e s s a f i g u r a c o n t r o v e r t i d a , i n q u i e t a d o r a e c o n t u n d e n t e . Pensamos s u a gênese, o d e s e n v o l v i m e n t o de s u a miséria endêmica e o n i p r e s e n t e , a violência do s e u c o t i d i a n o , s u a inerência ao p r o c e s s o g l o b a l de produção e a c o n s e q u e n t e e p a r a d o x a l carência de s e u c o n t r o l e , s u a prevenção, s u a repressão, s u a r e c u p e r a ção. Nesse j o g o de forças, a problemática se e s t e n d e d e s -de a necessária formação -de um "exército -de r e s e r v a " no p r o c e s s o p r o d u t i v o até a criação de instituições c a p a z e s ilo r e a l i z a r a "terapêutica" necessária ao fenômeno. E a i n da s u r g e o p r o c e s s o de estigmatização do m a r g i n a l d e n t r o do c o n t r o l e e x e r c i d o p e l o Estado»,

0 E s t a d o engendra t o d o um repertório de mecanismos j u rídicopolíticos que l h e c o n f e r e a n e c e s s i d a d e e o d i r e i -t o de e x e r c e r o c o n -t r o l e do fenômeno marginalização. G a contrafação do próprio s i s t e m a . E x i g e - s e p r o c e s s o s próprios ao E s t a d o (e p o r e l e j u s t i f i c a d o s com amparo no D i r e i t o )

(*) Sabemos o q u a n t o o t e r m o " m a r g i n a l " c o m p o r t a i n t e r -pretações as m a i s v a r i a d a s . R e f e r i m o - n o s , a q u i , ao m a r g i n a l menor i n s t i t u c i o n a l i z a d o , o que poderá tam bém s e r e x p r e s s o em t e x t o .

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0 7 .

do prevenção o escrutínio do s u a d e n s i d a d e , de repressão e eliminação de s u a ameaça, de recuperação e reinteqração ao mesmo s i s t e m a que o p r o d u z i u . A operacionalização d e s -ses p r o c e s s o s f a z - s e de modo i n s t i t u c i o n a l (também com a n p a r o jurídicopolítico) e c o n f e r e uma orqanização i n s t r u -m e n t a l i z a d a p a r a o exercício do p o d e r , e, p o r t a n t o , do c o n t r o l e da trajetória e do d e s t i n o d o s indivíduos r e c o n h e c i dos e i d e n t i f i c a d o s como m a r g i n a i s menores ( a s s i m como de técnicos e s p e c i a l i z a d o s nas d i v e r s a s c a t e g o r i a s a s e u s e r v i ç o ) .

*0 mesmo E s t a d o c r i a mecanismos de proteção ao m a r g i n a l menor através de c e r t a s instituições e c o n t r i b u i p a r a s u a reprodução em o u t r a s . N o t e - s e o c a s o da E s c o l a , que lança mão de métodos s e l e t i v o s / e x c l u d e n t e s , q u e s i m p l e s m e n t e e x p u r g a o s chamados "menos c a p a z e s " e a l i m e n t a o g r u p o d o s

s e m - o p o r t u n i d a d e s . P o r o u t r o l a d o , c r i a m - s e os c e n t r o s de l a z e r o u Núcleos P r e v e n t i v o s p a r a f r e j a r ( p r e v e n i r ) n e s s e s indivíduos os f u t u r o s delinqüentes, os f u t u r o s c r i m i n o s o s -que-ameaçam-a-segurança-a-e s t abilidade-da-famí l i a-e-da-so-c i e d a d e .

A paz social passa a ser a bandeira da ideologia que busca amortecer as lutas de classes e acaba por acirrar as contradições sociais.

Que é um m a r g i n a l ? P o r q u e e x i s t e ? Onde se e n c o n t r a ? Como v i v e ? Como c o n s e g u e s u a " c a r o n a " no p r o c e s s o de p r o dução de uma d e t e r m i n a d a formação econômico-social? Q u a l a s u a p e r s o n a l i d a d e jurídico-política? Sua gênese e s t a r i a r e a l m e n t e l i g a d a a um p r o c e s s o d e t e r m i n a n t e de s u a n e c e s s i d a d e e reprodução?. P o r q u e e l e se e n c o n t r a nos mesmos s e g m e n t o s da s o c i e d a d e , como c a s t a s ao revés?•Favelado o u g u e t i z a d o e l e t e m sempre uma s i m i l i a r i d a d e de gênese e p e r f o r m a n c e - p o r quê?

As instituições q u e amparam o m a r g i n a l menor f u n c i o n a m d e n t r o da s o c i e d a d e c i v i l . Servem de m o d e r a d o r a s d o s p r o b l e m a s s o c i a i s . Mesmo q u a n d o se propõem " a g e n t e m o d i f i c a d o r " da r e a l i d a d e s o c i a l n u n c a conseguem e s c l a r e c e r dev.t damente a população q u a n t o ao q u e s e j a uma condição "mar g i n a l " ao s i s t e m a . O t r a b a l h o i n s t i t u c i o n a l r e a l i z a - s e

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0 8 .

no s e n t i d o de a j u s t a r o m a r g i n a l ãs condições s o c i a i s q u e e l e r e j e i t a . Fundamentado numa e s c a l a de v a l o r e s , d e t e r m i xiada p e l a e q u i p e técnica d a instituição, que p e r c e b e o

m a r g i n a l p o r s u a própria ótica e não p e l a d e l e , p r o j e t a e p l a n e j a t o d o t i p o de a t i v i d a d e com o d e s e j o de t o r n a r o m a r g i n a l menor uma c o i s a que e l e não é. P o r o u t r o l a d o , c r i a - s e o " e s t i g m a " do m a r g i n a l de t a l modo que t o r n a o p r o c e s s o irreversível. É c l a r o que e s s a i r r e v e r s i b i l i d a d e não d i z r e s p e i t o aos v a l o r e s de q u a l q u e r o u t r o modo de com preensão da r e a l i d a d e que não a q u e l e s p r e c o n i z a d o s n o s d i s c u r s o s o f i c i a i s d a s instituições e s t a t a i s .

Cria-se a "vindita" E s t a d o / m a r g i n a l , onde se coloca sempre a questão da lei e do mais la^ d i n o , do mais f o r t e , o u , como se diz na lingua jjem p o p u l a r , "quem for podre que se q u e b r e " .

O d e s e n v o l v i m e n t o do c a p i t a l i s m o p r o d u z um c o n t i n g e n t e de t r a b a l h a d o r e s que f i c a excluído do p r o c e s s o p r o d u t i v o . Essa população r e p r o d u z s e através de empregos i n t e r m i t e n -t e s , p e q u e n o s negócios, ocupações o u -t r a s que b a r a -t e i a m a reprodução da força de t r a b a l h o i n s e r i d a nos s e g m e n t o s avançados da produção, compondo a s s i m um exército de r e s e r -va a serviço do c a p i t a l , m a r g i n a l ao s i s t e m a econômico e, no e n t a n t o , i n e r e n t e a e l e . Não e x i s t e e s s a c o i s a " m a r g i -n a l " como a l g o f o r a , mas " i -n t e g r a d o " . Margi-nalização e "integração" compõem as d u a s f a c e s de uma mesma r e a l i d a d e a s s u s t a d o r a : a marginalização assume o " c o r p u s " de uma e s -tratégia de sobrevivência, uma v e z q u e no c o n t e x t o da c r i a ção dos exércitos de r e s e r v a s u r g e m as tensões s o c i a i s , a-g r a v a d a s p e l a f a l t a de a t e n d i m e n t o ãs n e c e s s i d a d e s básicas d e s s a população. Até! o menor e n t r a n e s s e p r o c e s s o , como força de t r a b a l h o m a i s b a r a t a e ê c o n t r o l a d o p e l o s i s t e m a de e m p r e g o s q u e se g e r a d o s a c o r d o s e n t r e as e m p r e s a s e a instituição que o i n s c r e v e no p r o c e s s o .

Essa exploração a c o n t e c e s o b a máscara de "empregos" -a t i v i d -a d e s que não f e r e m o c o n t e x t o d-as l e i s de t r -a b -a l h o do menor, mas q u e não a t e n d e m ãs exigências das chamadas

" l e i s s o c i a i s " c o n s t a n t e s da relação de t r a b a l h o . O menor r e c e b e salário m a i s b a i x o e não t e m d i r e i t o aos "benefí -c i o s " da previdên-cia, FGTS, e t -c . P o r o u t r o l a d o , e n q u a n t o o c u p a d o no s e u "emprego" ( i n s t i t u c i o n a l i z a d o ) , o menor não

(19)

()!).

r e a l i z a o a p r e n d i z a d o ( p e l o menos de modo tão i n t e n s i v o ) da v i d a de m a l a n d r o , do p u n g u i s m o , da a t i v i d a d e s e x u a l p r e c o c e , da violência - e n f i m , do que compõe o chamado c o m p o r t a m e n t o m a r g i n a l ^ I s s o ê o que se p r e t e n d e , m u i t o embora e s s a válvula-de-escape de d e s e m p r e g o s disfarçados g e r e novas insatisfações e, c o n s e q u e n t e m e n t e , p a s s e a se mear o u t r a s tensões s o c i a i s , como v e r e m o s a d i a n t e .

A T R A J E T Ó R I A D O M A R G I N A L N A S S O C I E D A D E S C A P I T A L I S T A S

Uma discussão s o b r e o m a r g i n a l d e v e , n e c e s s a r i a m e n t e , p a s s a r p e l a discussão s o b r e a produção o u p e l a discussão da f o r m a como os indivíduos são i n s e r i d o s no p r o c e s s o p r o d u t i v o , como e l e s se p r o d u z e m m a t e r i a l m e n t e , ao nível das relações s o c i a i s de produção. 0 d i s c u r s o da i g u a l d a d e e n t r e os homens, da "justiça s o c i a l " d a s mesmas o p o r t u n i d a d e s de v i d a á o d i s c u r s o i -deológico do p r o g r e s s o . E n t r e t a n t o as relações de c l a s s e que o c a p i t a l i s m o p r o m u l g a , a c a b a p o r p r o m o v e r o desempre g o , o s u b e m p r e g o , o m a r g i n a l .

A marginalidade é inerente ao sistema; é produzida por ele dentro de determinadas condições histõricopolíticas que o l e g i t i -mam como ordem.

Com a usurpação das t e r r a s c o m u n a i s , os c a m p o n e s e s , e x p u l s o s de s u a s t e r r a s , se v i r a m o b r i g a d o s a se d e s l o c a r e m p a r a as c i d a d e s o n d e , sem d i r e i t o s e sem t r a b a l h o , não c o n seguem o u t r a m f o r m a de sobrevivência se não v e n d e r e m s u a f o r c a de t r a b a l h o em péssimas condições, com l o n a a s i o r n a das e t o d a uma leaislacão r e p r e s s i v a aue l e g i t i m a v a a n o v a o r d e m p r o d u t i v a . Os q u e não se s u b m e t i a m eram e s p a n c a d o s e t o r t u r a d o s e, m u i t a s v e z e s c o n d e n a d o s à m o r t e .

"Mendigos sem Licença e com mais de 14 anos serão flagelados severamente e lerão suas orelhas marcadas a ferro, se ninguém quiser toma-los a

serviço por dois anos; em caso de reincidência , se têm mais de 18 anos serão enforcados, se nin-guém quiser tomá-los a serviço por dois anos; na

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1 0 .

traidores". (MARX. K a r l , U C a p i t a l , v o l . I , l i v r o 2, Cd. Civilização U r a s i l e i r a . R i o do J a n e i r o , s / d , )

D e n t r o de t a l s i s t e m a a vagabundagem e r a infração g r a v e e sempre p u n i d a . E x i s t i a m as " c a s a s do t e r r o r " , l o c a i s o n -de eram m a n t i d o s o s v a g a b u n d o s e m e n d i g o s . A l i , além das t o r t u r a s , os e s p e r a v a uma espécie de t r i a g e m : uns e r a m f o r çados ao t r a b a l h o , e n q u a n t o o u t r o s , a q u e l e s c o n s i d e r a d o s m a i s i n t e l i g e n t e s e m a i s c a p a z e s , e r a m e n v i a d o s às fábri-c a s , onde e n f r e n t a r i a m t r a b a l h o d u r o e um o r d e m r e p r e s s i v a b a i x o salários e nenhum d i r e i t o .

"Assim, a população rural, expropriada e expulsa de suas terras, compelida à vagabunda_ gem, foi enquadrada na disciplina exigida

pe-lo sistema de trabalho assalariado, por meio de um grotesco terrorismo legalizado que em-pregava o açoite, o ferro em brasa e a~ tortu-ra." (MARX. K a r l , 0 C a p i t a l . v o l . i , l i v r o 2, t d . Civilização B r a s i l e i r a , Rio de Janeir o s / d ) .

O a d v e n t o do comércio p r o m o v e o d e s e n v o l v i m e n t o dos mer cados a p a r t i r d a s t r o c a s de m e r c a d o r i a s e do e n r i q u e c i m e n t o de m e r c a d o r e s . Surgem c i d a d e s e m a i s c i d a d e s e o homem se d e s l o c a do campo p a r a as r u a s . As c i d a d e s se t o r n a m p a j . co do comércio l i v r e , n a s c e a t r o c a de m e r c a d o r i a s , começa a i m p o r - s e o u s o da moeda, rompe-se a a n t i g a o r d e m f e u d a l . Os m e r c a d o r e s assumem d e s t a q u e s o c i a l , há uma c o m p l e t a mu-dança em t o d a a e s t r u t u r a s o c i a l : o u t r o s c o n c e i t o s , o u t r a s idéias, o u t r a s concepções de v i d a e de mundo, o u t r a s f o r -mas de t r a b a l h o (o q u e i m p l i c a d i z e r o u t r o s modos de expro-priação do t r a b a l h o h u m a n o ) . I n s t i t u i - s e uma n o v a o r d e m . Surgem o salário, o l u c r o e o preço - t r i e d r o do c a p i t a l i s mo e m i n e n t e . A " m a i s v a i i a " n a s fábricas a s s e g u r a o e n r i

-q u e c i m e n t o de u n s p o u c o s , -q u e detém a p r o p r i e d a d e d o s m e i o s de produção, em d e t r i m e n t o de multidões e x p r o p r i a d a s

em s u a força de t r a b a l h o , g e r a d o r a s da " c a n a l h a " , d o s " m i seráveis", dos " m a r g i n a i s " . A e x t r e m a p o b r e z a dos t r a b a

l h a d o r e s , em v i s t a de salários baixíssimos e d a s l o n g a s j o r -nadas q u e os e x a u r i a m , c r i a v a a n e c e s s i d a d e de u t i l i z a r to-dos os braços da família p a r a p r o d u z i r e m a sobrevivência,

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11

o que e r a reforçado p e l a c a d a v e z m a i o r carência de operár i o s que h a v i a nas fáboperáricas e x i s t e n t e s e em expansão. As -s i m , m u l h e r e -s e criança-s eram e n q a j a d a -s na produção, m u i t a -s v e z e s r e c r u t a d a s ã f o r c a , p o r c o n t a de uma leqislação d e -sumana e sempre p u n i t i v a , que d e s c o n s i d e r a v a a h u m a n i d a d e de t a i s c r i a t u r a s . A f i n a l , o c a p i t a l i s m o n a s c e n t e a i n d a não s e d e r a c o n t a de q u e o operário e r a i m p o r t a n t e p a r a sua pujança e o t r a t a v a como o r e b o t a l h o da s o c i e d a d e . Na divisão s o c i a l do t r a b a l h o , então p r o m u l g a d a de modo " n a t u r a l " , o proprietário dos m e i o s de produção f i c a v a de um l a do e o proletário ( b a s i c a m e n t e , o operário que t r a b a l h a v a p a r a o s u s t e n t o de s u a família, sem q u a i s q u e r o u t r o s d i r e i t o s ) de o u t r o l a d o . 0 artesão e o m e s t r e d e s a p a r e c e r a m , d a n do l u g a r a um n o v o p e r s o n a g e m , m u i t o m a i s c o n d i z e n t e com as n e c e s s i d a d e s m o d e r n a s : o a s s a l a r i a d o , o q u e não tem m a i s nada de s e u p a r a g e r a r produção e que nada m a i s pode f a z e r do que v e n d e r s u a força de t r a b a l h o , única v i a de s o b r e v i -vência que l h e r e s t a .

A posse dos meios de produção a partir da expropriação dos trabalhadores transforma d i -nheiro em capital no processo de acumulação capitalista. P e r c e b e - s e , e n t ã o , outras visões de m u n d o , diversas daquelas habitualmente pre conizadas pelo direito canónico e pelo poder da Igreja - sempre de mãos dadas com a coroa.

A l t e r a m - s e os c o s t u m e s e o i m p a c t o da máquina a r r a s a com a a n t i g a o r d e m . As consequências s o b r e as concepções de v i d a das p e s s o a s são irreversíveis, a p a r t i r d a fragmentação do t r a b a l h o e da educação já v o l t a d a u n i c a m e n t e p a r a a produção. Crianças são e n v o l v i d a s " num p r o c e s s o de aceitação e r e p r o d u -ção das distinções de c l a s s e - l e g i t i m i d a d e de normas e l e i s m a n e j a d a s como coerção.

A colonização f o i o m o t o r dicotômico na divisão i n t e r n a -c i o n a l do t r a b a l h o . 0 -c r e s -c i m e n t o das -colônias d e p e n d i a das exportações, mas c u l m i n a v a na pauperização dos p o v o s c o l o n i

-zados e das c l a s s e s t r a b a l h a d o r a s em e s p e c i a l . N e s t a época, após a l a . Revolução I n d u s t r i a l , o B r a s i l , como p a r t e da

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12.

f r a n j a do s i s t e m a , t e n d e a se e s p e c i a l i z a r na produção de cunho t i p i c a m e n t e c a p i t a l i s t a . Seus c i c l o s de m o n o c u l t u r a vã© c o n s t i t u i n d o uma b u r g u e s i a agrária, que c u l m i n a com a abolição dos e s c r a v o s e a introdução do t r a b a l h a d o r l i v r e , num m e r c a d o onde a força de t r a b a l h o e r a cada d i a m a i s ex c e d e n t e .

F u n d a - s e u m a e s p é c i e de " a c u m u l a ç ã o p r i m i t i v a " expressa no campesinato e com a apropriação do excedente da circulação de m e r cadori a s .

0 N o r d e s t e B r a s i l e i r o e s t a b e l e c e u - s e como uma d a s p r i n c i p a i s áreas de exportação de matéria-prima: o s latifúndios onde a cana-de-açúcar o u o algodão são e x p l o r a d o s com as características de um modo de produção pré-capitalista,com p o u c a s alterações tecnolóqicas. As relações de p o d e r são d e t e r m i n a d a s p e l o p o d e r d a s o l i g a r q u i a s , que. até h o j e p e r s i s t e com o s g r a n d e s proprietários ( a p e s a r d a s m o d e r n i z a -ções do p r o c e s s o ) d e s d e o e s t a b e l e c i m e n t o d a s concessões de s e s m a r i a s , p o r p a r t e da c o r o a ( c a r a c t e r i z a n d o o a b a n d o no d a s t e r r a s d o s sertões n o r d e s t i n o s e f a v o r e c e n d o a p r e -potência dos q u e r e c e b i a m g r a n d e s extensões de t e r r a . ) Na divisão r e g i o n a l do t r a b a l h o e s s e a b a n d o n o t e m o p o d e r de r e v e s t i r - s e em reservatório de força de t r a b a l h o , onde a p r o p r i e d a d e , as relações de produção, a m o r a l , a justiça, como l e g a d o s dos "coronéis" n o s c o n f e r e m a c e r t e z a de que a d e s i g u a l d a d e a b i s s a l e n t r e a consciência do homem l e t r a d o , s o c i a l m e n t e bem s i t u a d o , v i a j a d o , c h e i o de o p o r t u n i d a -des e a " i n g e n u i d a d e " d o homem d o campo e das c i d a d e s , se d e v e a e s s a herança histõrico-política do " c o r o n e l i s m o " .

F. da lógica do capital: setores avançados da produção frente aos setores t r a d i c i o n a i s , num mesmo bloco c o n j u n t u r a l , com desenvolvimen

tos d e s i g u a i s , mas c o m b i n a d o s , onde tudo se eri caixa: boi soes da miséria e relações capitalis_ tas a v a n ç a d a s , tudo dentro de mesmo espaço n a -c i o n a l , -com o mesmo "destino" mas -configurações

Idiversas.

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13.

Nesse p r o c e s s o , um c o n t i n g e n t e de t r a b a l h a d o r e s f i c a excluído d o p r o c e s s o p r o d u t i v o . Sua reprodução se r e a l i z a através de empregos i n t e r m i t e n t e s , p e q u e n o s negócios d e n -t r o da divisão s o c i a l d o -t r a b a l h o . Esses -t r a b a l h a d o r e s são c o l o c a d o s / s e c o l o c a m como m a r g i n a i s .

Essa fração d a c l a s s e t r a b a l h a d o r a , excluída do p r o c e s so p r o d u t i v o e, ao mesmo t e m p o , i n t e g r a n t e d e l e , s o b r e v i -ve e se a r t i c u l a s o b r e condições o b j e t i v a s : há t o d a uma c a t e g o r i a de t r a b a l h a d o r e s ( b i s c a t e i r o s , p r e s t a d o r e s de serviço) q u e mantêm o p r o c e s s o p r o d u t i v o em c o n t i n u i d a d e , sem, e n t r e t a n t o , n e c e s s i t a r de t o d o o p r o c e s s o de m o n t a -gem de e q u i p a m e n t o s de produção o u do c u m p r i m e n t o d a s l e i s s o c i a i s , ao mesmo tempo em q u e e s t e s t r a b a l h a d o r e s a g u a r dam, um d i a , a o p o r t u n i d a d e de s e r e m a b s o r v i d o s p e l o p r o c e s s o de produção i n d u s t r i a l , e n g r o s s a n d o a s s i m as f i l e i -r a s do "exé-rcito i n d u s t -r i a l de -r e s e -r v a " ( * ) . De f a t o , é necessária e s t a participação m a r g i n a l , a f i m de g a r a n t i r sua reprodução, b a r a t e a n d o a reprodução da força de t r a b a l h o i n c o r p o r a d a p e l o c a p i t a l i s m o ; b a r a t e a n d o a reprodução a m p l i a d a d o c a p i t a l ; g a r a n t i n d o p o d e r e s pré-históricos t r a d i c i o n a i s , c a u s a s , v a l o r e s ; a l i m e n t a n d o d i s c u r s o s n a s c e n -t e s do n e o - f a s c i s m o na aparência do comba-te ã violência e ã c r i m i n a l i d a d e .

P O D E R E C O N T R A - P O D E R : U M J O G O D E C A P T A S M A R C A D A S

Toda s o c i e d a d e o r g a n i z a d a p r o d u z , n e c e s s a r i a m e n t e , ordem e d e s o r d e m , l e i e a n a r q u i a , produção e c a o s . E s t a ambivalên c i a é o s u p o r t e e a m e d i d a de s u a p o s s i b i l i d a d e e e q u i l i b r a ção. Toda t e n t a t i v a de u n i l a t e r a l i z a r e s s a organização l e v a rã ã criação de p r o c e s s o s r e p r e s s i v o s e a uma conseqüente e xacerbação do q u e se t e n t a r e l i m i n a r , p o r m a i s " j u s t o " que p o s s a p a r e c e r t a l a t i t u d e . T a l v e z s e j a possível p e n s a r em t e r m o s de g e r a r uma relação " c r i a d o r a " s u p e r a n d o e s s e s c o n -trários. " C r i a d o r a " , não no s e n t i d o e s p e t a c u l o s o do m i l a g r e filosófico o u político, mas no s e n t i d o d o d e s a f i o do homem

(*) - V e r KOWARICK. Lúcio, C a p i t a l i s m o e M a r g i n a l i d a d e na América L a t i n a , Ed. Paz e T e r r a , R i o de J a -n e i r o , 1975 .

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p a r a que e l e p o s s a c o b r a r - s e um " c o n t i n u u m " de c r e s c i m e n t o humano, e n q u a n t o f o n t e v i v a da própria organização s o c i a l .

\A i d e o l o g i a campo de práticas e idéias d a s s o c i e d a des c a p i t a l i s t a s , q u e e s t a b e l e c e uma ordem d o m i n a n t e , p r o -move t o d o s o s mecanismos através d o s q u a i s e s s a o r d e m v a i s e r c o n t e s t a d a e t r a n s f o r m a d a . No momento em q u e se e x i g e um c o m p o r t a m e n t o padrão d o s indivíduos de uma s o c i e d a d e de t e r m i n a d a , mesmo q u e com a intenção de e s t a b e l e c e r uma c o -letivização c o m p o r t a m e n t a l , começa-se a g e r a r um princípio de r u p t u r a com a l g u n s p r o c e s s o s i n d i v i d u a i s , dando l u g a r ao s u r g i m e n t o da transgressão.

A singularidade da ordem é a gênese de

uma contra-ordem."0 bandido, e não o herói

é que c a figura trágica da época capita-lista, de um sistema cujo espxri.ío c emi-nentemente 'anti-heróico '. Julgam sua men te, sua escolha mais que a sua heresia." ~

(MISSE. M i c h e l , M O T A . G i l s o n , C r i m e : o s o c i a l p e l a c u l a t r a . E d . Achimé/Socii, t e x -t o s p a r a l e l o s . R i o de J a n e i r o , 107D.)

As s o c i e d a d e s c a p i t a l i s t a s , p e l a própria n a t u r e z a de suas relações de c l a s s e , c r i a m o s p o n t o s de r u p t u r a de s u a ordem constituída q u a n d o g e r a m , no b o j o de s u a s relações de produção e na centralização da p r o p r i e d a d e d o s m e i o s de p r o dução, as camadas s o c i a i s q u e se s u b t r a e m ao p r o c e s s o g l o -b a l e q u e se c o l o c a m involuntária e c o e r c i t i v a m e n t e como "e xércitos de r e s e r v a " , como " l u m p e n s " como m a r g i n a i s ao s i s -tema .

Essa camada de d e s e r d a d o s não p r o d u z e m e não consomem,(*) d e n t r o do p r o c e s s o de circulação de m e r c a d o r i a s . Não t r a b a -l h a m , p o r q u a n t o o s i s t e m a , que o s p r o d u z i u e i m p u -l s i o n o u as relações de t r a b a l h o , d e t e r m i n a a n e c e s s i d a d e d a limitação de u s o da força de t r a b a l h o disponível a f i m de m a n t e r uma relação satisfatória e n t r e a produção e circulação de m e r c a d o r i a s e o s e u c u s t o .

(*) Colocamos "consumo" como a apropriação de b e n s e s e r viços e não a e x t r e m a n e c e s s i d a d e da reprodução s o -brevivência.

(25)

Um m a i o r número de t r a b a l h a d o r e s levará ã carência de m e n o r e s j o r n a d a s , com salários m a i s a l t o s (em relação ao c u s t o de reprodução da força de t r a b a l h o ) e menor t a x a de

" m a i s - v a l i a " . D e n t r o do p r o c e s s o c a p i t a l i s t a de produção, t u d o i s s o é um g r a n d e dispêndio a que o " c i c l o p e " não se pode s u b m e t e r . M e l h o r e m a i s fácil é c r i a r um s i s t e m a de valorização do t r a b a l h o através de sua fragmentação e c o n s e q u e n t e reificação do t r a b a l h a d o r , do d e s e n v o l v i m e n t o d a s forças p r o d u t i v a s que p o u p a força de t r a b a l h o , da criação i n g e n t e dos "exércitos de r e s e r v a " que p r e s s i o n a m o t r a b a l h a d o r no s e n t i d o de se m a n t e r e n g a j a d o na produção e sa -t i s f e i -t o com s u a condição e, f i n a l m e n -t e , da ideologização que c o n f u n d e o t r a b a l h o com p a t r i o t i s m o e dignificação do homem.

Essa formação s o c i a l que e s t a b e l e c e t a l b a s e econômica, pressupõe a n e c e s s i d a d e , a formação de uma e n t i d a d e s u p e r e s t r u t u r a ] q u e t e n h a sob s u a égide e direção t o d o o p r o c e s so o r d e n a d o em t a l s e n t i d o de relações. E n t i d a d e e s t a ' q u e não s u r g e d i r e t a m e n t e p e l a força de organização da p r o d u -ção, mas que e s c a p a a um momento empírico da fundação o u de autoformação: o p o d e r de d e f i n i r um s i s t e m a de produção e direção ê simultâneo ao mesmo p r o c e s s o que o g e r a como p o d e r , s e n d o impossível d e t e r m i n a r o momento empírico da formação do p o d e r político. T r a t a - s e de uma relação de d i _ v e r s o s p o d e r e s l o c a l i z a d o s c u j o f i o c o n d u t o r são as dou

-t r i n a s i n v e s -t i d a s nas ins-ti-tuições. 0 p o d e r se c o n f u n d e com a v i d a política e s o c i a l em v i s t a de sua e s t r e i t a r e lação de r e c i p r o c i d a d e . As relações de p o d e r q u e fundamen tarn a b a s e econômica e v e i c u l a m o"modus f a c i e n d i " do s i s -tema p r o d u t i v o , agem na direção hegemônica de p r o c e s s o s políticos, e n g e n d r a d o s no t o d o s o c i a l : o p o d e r de E s t a d o .

»

"... o voder não pode apenas ser descrito como passividade e submissão de grande parce_

la da população a um pequeno^ grupo que masca_ ra, esconde, exclui, etc... Seu objetivo fi-nal não é só econômico (extrair o máximo de sua qualidade econômica como força de traba-lho) , mas também político. Importa minar sua resistência, desacreditar sua capacidade de

(26)

16.

luta, de revolta, dome s ti aã- la politica-meti te. Pretende sempre não só aumentar ^ sua possibilidade de realização

econômi-ca quanto diminuir a níveis minvmoo, fá-ceis de controle, sua força política."

ILIAKIIIY. A h l a c i r | j r a s i l , P o d e r u llugemo-n i a : um e s t u d o i llugemo-n Serviço S o c i a l & S o c i e dade Nv 7. C o r t e z E d i t o r a , São P a u l o , 1 9 8 1 ) .

A l e g i t i m i d a d e da ação do E s t a d o g e r a uma ação r e v e r s a . Os s e r e s i n f a m e s a t u a m como p e r s o n a g e n s c e n t r a i s de um drama c u j o f i m se d e s c o n h e c e . O e p i c e n t r o da r o d a - v i v a que o r e p r o d u z e i m p u l s i o n a em s u a s a t i t u d e s se l o c a l i z a f o r a de sua influência. O p o d e r que o c o n t r o l a g e r a o p o d e r da transgressão, sistemática de c o n t i n u i d a d e do c o n f r o n t o e n -t r e ins-ti-tuições e m a r g i n a i s : c e r -t a m e n -t e o p o d e r de c o n -t r o l e i m p l i c a em aceitação do c o n t r o l e , mas num j o g o de c a r -t a s m a r c a d a s não se pode e v i -t a r o l o g r o , o b l e f e .

0 marginal "aceita" o controle institu-cional sobre sua v i d a , mas cria seus próprios mecanismos de d e f e s a , a fim de se suprimir ao controle. Essa aceitação não se faz de modo p a s s i v o , nem é mesmo uma aceitação de f a t o , é mais um submetimento consentido, algo como uma trama pessoal da qual se sabe o roteiro e se desconhece as razoes.

A construção imaginária do r e a l é o r g a n i z a d a a p a r t i r da seriação t e m p o r a l . O c o n t r o l e de n o s s a i d e n t i d a d e é f e i t o a través dos d i v e r s o s c a m i n h o s da c o n t i n u i d a d e e através das transformações que vamos s o f r e n d o . 0 tempo,como uma n e c e s s i dade de organização d a ação d e n t r o de propósitos, nos c o n -duz ao s a l t o na imaginação de um p r o j e t o de f u t u r o , n a p o s s i b i l i d a d e de p r o j e t a r uma saída, um amanhã. Nos i n s t a n t e s de c r i s e a vivência de um f u t u r o v a z i o não o p e r a c i o n a l i z a n e -nhuma ação c o n c r e t a de resistência. D e n t r o das instituições o tempo ê s e g m e n t a d o e o menor tem o u t r a vivência t e m p o r a l , daí "... interioriza esse consentimento só na proporção em que

parti-lha a crejiça na ascenção social via trabalho e na legitimidade das instituições (vistas como necessárias). No entanto, como e uma crença interiorizada de forma contraditória, já que seu pensamento se

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organi-1 7 .

za "fora" do que denominamos de lógica do tempo capitalista, não adqui re a estrutura cognitiva e emocional que permitiria a subordinação de seuè desejos e espectativas... " (ARRUDA. Sérgio, Pequenos Bandidos,São P a u l o , Ed. G l o b a l , 1 9 0 3 . )

A dominação é realizada ideologicamente através das normas , do poder p o l í t i c o , da "educação", onde se verificam os ninhos do poder que justificam as d e s i g u a l d a d e s , os c o n f l i t o s , a exploração como "justos".

O r e c o n h e c i m e n t o das transgressões dos m a r g i n a i s m e n o r e s como prática política de sobrevivência, como p a r t e das l u t a s de c l a s s e , onde o e n f r e n t a m e n t o e n t r e o n o r m a l e a n o r m a l , l e i e infração, o r d e m e d e s o r d e m é d e f i n i d o a p a r t i r de uma ótica d o m i n a n t e , f a z o d i s c u r s o i n s t i t u c i o n a l d e s c o n h e c e r as c o n t r a dições r e a i s i m p i n g i d a s aos m e n o r e s m a r g i n a i s i n s t i t u c i o n a l i -zados .

O j o g o binário do p o d e r / c o n t r a p o d e r nas instituições c o l o -ca sempre o que ê c r i a t i v o / c r i a d o r nas demonstrações de l u t a dos m e n o r e s que se b a t e m n e s s e s círculos s e t o r i z a d o s das c a -sas c o r r e c i o n a i s (reeducação). O j o g o se r e a l i z a a p a r t i r mesmo do c o r p o de funcionários que se vêem lançados no proces_ so hierárquico das a t i v i d a d e s de c o n t r o l e , onde o tempo de serviço c o n f e r e níveis de ação, o salário que c o n o t a " s t a t u s " s o c i a l e a posição política d i s c r i m i n a d o r a são e l e m e n t o s c i a s s i f i c a d o r e s de prestígio e competência.

A instituição tem um corpo sistemático de normas que são passadas aos diversos s e -tores para ensinar a a g i r , sem explicar com preensivãmente de onde surgem os menores mar g i n a i s , suas determinações histÕrico-polítj_ cas e sem referir sua posição entre as diver sas faces do saber e da ideologia.

O t r a b a l h o de c o n s t r u i r um teõrico-racional s o b r e o s a b e r a i n d a i n s t i t u i n t e b u s c a uma determinação, a s s u m i n d o a f o r m a de c o n h e c i m e n t o , ã p r o c u r a de d e t e c t a r as i d e o l o g i a s s u b j a c e n t e s ãs d i v e r s a s concepções imaginárias dos indivíduos, com

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1 8 .

suas r e a i s condições de existência. É a l g o a s s i m como uma e n e r g i a c o n s e r v a d o r a que t e n d e , através de d i s c u r s o s e prá tiças, a i n t r o d u z i r n o r m a s instituídas p e l o c o n h e c i m e n t o o f i c i a l dos t r a b a l h o s d e s e n v o l v i d o s nas c a s a s c o r r e c i o n a i s e d e m a i s instituições de c o n t r o l e dos m a r g i n a i s m e n o r e s . 0 c o n t r o l e a m e d r o n t a , com s u a vigilância ao n o v o , ao incomum, ao excêntrico e c r i a um o u t r o espaço-tempo, o u t r a l i n g u a g e m v i v e n c i a l , o u t r a s c e n a s , p o r onde p e r s o n a g e n s m a l d i t o s c i r -c u l a m e vão se traçando s u a s próprias t e i a s no emaranhado s o c i a l . A o r d e m como b a n d e i r a a b s o r v e os c o m p o r t a m e n t o s d i -r i g i d o s p a -r a a culminância de o b -r a s s o c i a i s f u n d a d a s no d i s c u r s o do amor p e l o s m a r g i n a i s m e n o r e s e num c o r p o de r e p r e -sentações que modelam o s a b e r o o a g i r .

A dinâmica do poder traça o seu caminho nas relações mantidas com os indivíduos d e n -tro da instituição: poder/contrapoder - as relações internas entre o sujeito e a p r a t i -ca do saber confrontadas politi-camente com a luta dos menores marginais por melhores con-dições de vida e pelo reconhecimento de sua humani d a d e . A " P e d a g o g i a da Sobrevivência", c o n j u n t o de práticas d e -s e n v o l v i d a -s p a r a e n f r e n t a r a opre-s-são - d e n t r o do um movimon t o i m p u l s i o n a i m u i t o f o r t e - c o n s t i t u i e s s a b u s c a i n t e r i o r p o r um c a m i n h o d e c i d i d o e d e c i s i v o p a r a c r i a r p u l s a r e s polí-t i c o s d e polí-t e r m i n a n polí-t e s na conspolí-trução do homem n o v o em n o s s o s há b i t o s e em n o s s a s consciências. T o r n a s e necessária à a t u a ção política e n g a j a d a n e s s a l u t a de ( q u a s e ) t o d o s os o p r i m i -dos p o r m e l h o r e s condições de v i d a e p o r p r o f u n d a s alterações na o r d e m instituída. S,ua r e a l i d a d e m a n i f e s t a a carência de uma s o c i e d a d e c i v i l m a i s f o r t e e m a i s capaz de a f r o n t a r o p o d e r a p a r t i r dos s u j e i t o s o p r i m i d o s e a repressão i n s t i -tuída. E c r i a uma o u t r a f o r m a de v e r o mundo.

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C O R R E S P O N D Ê N C I A E N C O N T R A D A N O S T O N E I S D O P A Í S D O M E D O

Fontaleza, ... de ... 198...

amigo:

Tenho seu fie.tfw.to na mão. Quantas vezes pensei que senia lida pofi ti., que te consenvo pneso no meu cofiação. \Jou te contan como é a vida, mi-nha mãe &oi assassinada, meu pai ^icou com a gente, que ena um monte. de. menino, ena 1 filhos pna ele. sozinho cuidan. Hás monava no inteni.on,daÍ. ele espaühou a gente pelas casas dos tios. Ena um, in&enno. Val HJLQÃ me

mandãfiam tnabalhan como doméstica na casa de Vuna Bãnbana que só me co-nhecia um pouco. Vepois ela facou muito doente. Aliás \oi lã que eu te vT pela pnimeina vez. Soube depoiò que você. se intene^sava pelos me.no -nes da ELBLMCE, os meno-nes abandonados. Eu tô aqui sozinha, neÁSe quan-to que eles chamam de tniagem e me lembno do dia que cheguei aqu-i me.u deus o tempo que fiquei sozinha eu ainda não te. conhecia pana poden ten pon pento o conação. Eu que no é sain daqui. Véus me. ajude. Essa a-gon-ia que cai na gente, nos menones também a gente não tem mais nada no mundo só a n&volta e a vontade dc sain. Eu estou com pnessão baixa

também hoje eles me denam aquele nemêdio ai eu não neagi tive que. {,azen faonça demais pana não me lombnan. ktê que deu pna ^azen uma viagem mas manquei bobeina e fiquei no maion baixo astnai. kgona eJ>tou melhon. E eles me pnemetenam uns tnampos mas eu não acnedito isso só vendo não acnedito que ele* sejam tão bonzinhos, Acho que alguma coisa podenia sen ^eita talvez se o amon faoise inventado e a gente não chonasse tan

to como eu chonei naquele dia que vi que. meu destino é confien de casa

cm casa de viven pelos connedones da EEBEMCE sem ninguém que. queina me

cuidan pelos menos dunante esses seis anos. lenho 15 anos amigo uma idade muito boa. Sei que as meninas e taüvez tuas filhas tivenam fes-tas com pnesentes banquetes eu sei que existe tsso e também sei que sou eu que queno ^ican aqui panada espenando sem sen capaz de. vencen . Sinto uma noiva dentno de mim que vai me ajudan que vai me dan fionça pna sain deste bunaco. Acho que a gente pode se sentin bem no mundo que vive. Acho que a gente anda tão despnotegida aqui dentno dessas panudes ameaçadonas mas acnedito nessa luz que vem de longe.

"lulmina de Souza" Fontaleza, ... de ... 19&...

tenho 15 anos e gosto de puxan um "baseado". Esta é a minha segunda entnada na FEBCMCT sou &ilho de um senvente de pedneino que vive sempne desempnegado e que e chegado a um pé-de-balcão. Tenho mais quatno inmãos

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2 0 .

meiioifi que eu. Fumo maoon/ia deóde OÍ 13 awoi c estudei até o tehceino ano poiquc minha mãe me obiigava a in pna escola, depois eia deixou de CtcjcVt pfux mim c eu deixei de estudai. Comecei a vive* na nua onde apnen di o descuido pKa faatuian alguma gnana que me Sílvia tanto pna ajudan em casa como pia eomphaA "fctmu". Hoje estou aqui dentno onde levei pon

toda dos vigilantes e de onde vuu sai* o mais bneve possível seja de que manei na fan.

"Velano"

Fontaleza, ... de ... 198...

eu vivi muito tempo sozinha. Minha mãe monneu quando minha inmã mais nova nasceu, mamãe já tinha pouca fança das suhAas que ela levava dele, aquele homem honnonoso que nunca consegui. chamoA de pai. Ele bebia todo dia e levava uns amigos esquisitos lã na nossa casa. Eles enam ladAÔes. Entnam na caia dos outnos e levam tudo iogão, televisão, vitnola, jóias loupas tudo que desse pana eles levanem eles levavam, mas o dinheiAo a gente nunca via, aquele homem gastava tudo com as putas imundas e com os amigos. a gente até achegava a passaA fome, e isso quando mamãe não con-seguia lavaA umas noupas pana lona ou lazen limpeza na casa dos nicos, a gente vivia se mudando ponque sempne ficava virado quando ficava muito

(empo em algum lugan. 0 pessoal da vizinhança via aquela tapena cheia de televisão, geladei.na, faogão de 6 bocas e achava que ena tudo noubado e ena mesmo, ficavam com medo de chegan pe.nto da gente e então a gente ti nha que SaiA de lã. Pois é, quando a minha mãe monneu nos cinco ficamos jogaiios. Meu inmão mais velho que tentava cuidan da gente. Mesmo assim ele sõ tinha 13 anos. Foi quando uma mulhe.n fioi dai pante. na policia que a gente estava a ponto de monn.cn pois aquele homem fiazia. uma semavia que não apanecia e nem pna compnan um pedaço de pão a gente tinha. Eu tinha

11 anos. Fomos pno Juizado e depois de algum tempo, como ninguém ne.cla-masse a falta da gente cada um ftoi encaminhado pana um seton da Febemce quando eu cheguei lã, chona\ia o tempo todo. aquelas pessoas gnandonas, com a cana nuim me assustavam, e quanto mais eu chonava, mais eu me se.nti.a mal. eles diziam não chone, veja tudo vai se nesolven a tempo, tenha calma, ai me deixanam donmin tnancada num quanto, uma cela, pnesa, até que a as-sistente social chegou e lalou comigo, penguntou ponque eu não havia a-pnendido algum o^Zcio se eu sabia lazen alguma coisa? ona eu fiui de pouca escola, o que posso lazeAl como se meu pai. não panava em lugan nenhum e eu nem sei pon onde ele anda metido agona. eu me lembno que ele me disse, vou

te mandan pna febemce lã vão te. dan um oficio e al tu vai apnenden a fiazen alguma coisa na vida, e me batia, batia, hatia, e eu não conseguia lican de

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pé. Passei tÁès anos nessa vida de. levaA poinada todo dia na ^ebcmce tam-bém são todos uns monstjws, semana passada eu e umas ouVias seis colegas tentamos fagin. SÓ que eles peganam a gente, denam tanto muhAo, soco, pon tape, so hoje conse.gui me levayita*.

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4

P A R T E 2

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Numa p o p u l a ç ã o t o t a l de 1 1 9 . 0 7 0 . 8 6 5 b r a s i l e i r o s , ( c e n s o 1 9 8 0 ) 48,5% s ã o m e n o r e s de 19 a n o s . Nas z o n a s u r b a n a s v i v e m 6 7 , 5*b d e s t e t o t a l . Nas z o n a s r u r a i s e s t ã o o s d e m a i s 3 2 , 5 % . De t o d a e s t a p o p u l a ç ã o o s que se e n q u a d r a m como e c o n o m i c a m e n t e a t i v o s , a p a r -t i r d o s 10 a n o s de i d a d e c o n -t a m 8 . 2 6 3 . 1 8 7 p e s s o a s , s e n d o q u e 7 1 * e n c o n t r a m - s e n a s z o n a s r u r a i s . 0 r e s t a n t e e s t á n a s c i d a d e s , a m a i o r i a p o r t a n t o t r a b a l h a em a t i v i d a d e s a g r í c o l a s . Os í n d i c e s de m o r t a l i d a d e i n f a n t i l o c o r r e m , um F o r t a l e z a , com 1 2 3 , 5 p o r 1000 n a s c i d o s com v i d a . A c a u s a b á s i c a é a d e s n u t r i ç ã o . O a t e n d i m e n -t o e s c o l a r é p r e c á r i o e a e s c a s s e z de a l i m e n -t o s l e v a a c r i a n ç a a _ e j i f r j e j i t a j i _ Q _ m e r c a d o - d e - _ t r a b a l h o a n t e s do t e m p o , ( ^ e n c o n t r a n d o o c u p a ç õ e s m a r g i n a i s , que o empurram sempre p a r a a d e l i n q u ê n c i a . 0 e n c a r c e r a m e n t o d o s m e n o r e s f e c h a o c i c l o com a s d i f i c u l d a d e s de r e e d u c a ç ã o e a s r e l a ç õ e s de p o d e r e s o c i a l i z a ç ã o d o s e n f r e n -t a m e n -t o s s ó c i o - i n d i v i d u a i s . A s s i m , g r a v i t a m p o r e s s e i n f a m e mundo d a p r o d u ç ã o um q u a n t i -d a -d e enorme -de m e n o r e s em s i t u a ç ã o i r r e g u l a r que o A r t . 2 9 -d o C õ d i g o de M e n o r e s c o n s i d e r a : 1. p r i v a d o de c o n d i ç õ e s e s s e n c i a i s à s u a s u b s i s t ê n c i a , s a ú d e e i n s t r u ç ã o o b r i g a t ó r i a , a i n d a q u e e v e n t u a l m e n t e em r a z ã o d e :

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2 4 . a . f a l t a , a ç ã o o u o m i s s ã o d o s p a i s o u r e s p o n s á v e i s ; b. m a n i f e s t a i m p o s s i b i l i d a d e d o s p a i s ou r e s p o n s á v e i s 1. p a r a p r o v ê - l o s ; c . s e r v í t i m a de maus t r a t o s ou c a s t i g o s i m o d e r a d o s im-p o s t o s im-p e l o s im-p a i s o u r e s im-p o n s á v e i s ; 2 . P e r i g o m o r a l d e v i d o a : a . e n c o n t r a r s e , de modo h a b i t u a l , em a m b i e n t e c o n t r á -r i o a o s b o n s c o s t u m e s ; b. e x p l o r a ç ã o em a t i v i d a d e s c o n t r á r i a a o s b o n s c o s t u m e s ; 3. S e r p r i v a d o de r e p r e s e n t a ç ã o o u a s s i s t ê n c i a l e g a l p e l a f a l t a e v e n t u a l d o s p a i s o u r e s p o n s á v e i s ; 4. D e s v i o de c o n d u t a , em v i r t u d e de g r a v e i n a d a p t a ç ã o fami\ l i a r ou c o m u n i t á r i a ; 5 . S e r a u t o r de i n f r a ç ã o p e n a l : a . c r i m e c o n t r a o p a t r i m ô n i o ; b . t ó x i c o s ; c . c r i m e c o n t r a a p e s s o a ; d . c r i m e c o n t r a o s c o s t u m e s ; e . c o n t r a v e n ç õ e s (*) A s o c i e d a d e c i v i l s e m o v i m e n t a no s e n t i d o de e x i g i r p r o v i d ê n c i a s d a s a u t o r i d a d e s c o m p e t e n t e s , a f i m de q u e s e p o s s a e v i t a r a b u s o s do p o d e r q u e a m e a ç a o b e m - e s t a r d a s p e s s o a s . Quem d i z que s o u o q u e s o u ? V i v ê n c i a s s o c i a i s e p o l í t i c a s o p r e s s o r a s me p r o d u z i r a m ? S o b r e v i v e r n e s s e a f u n d a r d i á r i o , n e s s a c o n s u m i ç ã o , b u s c a r a l t e r n a t i v a s s o c i a i s c r i a t i v a s é r e g r a p a r a o s m a r g i n a i s i n s t i t u c i o n a l i z a d o s . A i n s t i t u i ç ã o 6 i m p o r t a n t e s o c i a l m e n t e ? O que s i g n i f i c a i s s o a n í v e l e m p r e s a / E s t a d o ? R e c u p e r a r o s m a r g i -n a i s ê a s a í d a sem " b e c o " , p o r q u e -n ã o h ã como p e -n s a r q u e o s do m i n a n t e s q u e t ê m o p o d e r j a m a i s c o m p r e e n d e r ã o a s r e a i s n e c e s s i _ d a d e s do p o v o c a r e n t e , p o r q u e n ã o s a o e l e s . E a í , como p e n s a r no povo sem a d m i t i r s u a n e c e s s i d a d e h i s t ó r i c a de c o n q u i s t a r e-f e t i v a m e n t e um p o d e r ? D e v e r á s u r g i r uma o u t r a p e d a g o g i a , uma o u t r a p r á t i c a p a r a n o s d e s v e n c i l h a r m o s d o s s i g n o s d o m i n a n t e s . (*) - O L I V E I R A . J u a r e z , ACQUAVIVA. M a r c u s , ( o r g . ) B r a s i l , l e i s d e c r e t o s , e t c . C ó d i g o de M e n o r e s , l e i s n 9 6.697 de 10 de o u t u b r o de 1 9 7 9 , 3 a . e d i ç ã o , E d . S a r a i v a , S . P a u l o , 1 9 8 1 .

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25*

Ê preciso que educadores tenham uma pratica e compreendam que uma determi-nada lógica da singularidade tem formas próprias de expressão e que existem mj_ lhões de possibilidades de se abordar uma questão, diversas linguagens, m ú l -tiplos códigos. A c o m p r e e n s ã o m e c â n i c a d o s c o n d i c i o n a m e n t o s p o s i t i v i s t a s , onde t u d o t e n h a um e s t i m u l o e uma r e s p o s t a em f a c e d a s l u t a s s o c i a i s e m a n i p u l a ç õ e s i d e o l ó g i c a s e a c o n s e q ü e n t e p r á t i c a e n t r e o s e d u c a d o r e s (quem e d u c a o s e d u c a d o r e s ? ) n ã o n o s i n s -t r u m e n -t a l i z a n a c o m p r e e n s ã o do f e n ô m e n o do c o n h e c i m e n -t o e nem n o s c o l o c a num p r o c e s s o de a m p l i a ç ã o e p i s t e m o l ó g i c a que i n c l u i c o m p o n e n t e s s e n s o r i a i s , m o t o r e s , i n t e l e c t u a i s , e s p i r i _ t u a i s , t u d o ao n í v e l do s o c i a l , que é a p e n a s um d e s l o c a m e n t o de t u d o , a l é m do p o l í t i c o e do e c o n ô m i c o , como um i n c o n s c i e n t e s o c i a l c o l e t i v o .

As i n s t i t u i ç õ e s e s t ã o m a i s p r e o cupadas com os problemas de conduta. Com a disciplina, a ordem, a submissão. Para se verificar se o menor esta "socializado", verifica-se se ele anda bem, sem colocar problemas em cima dos rituais determinados pela instituição. Os indivíduos são sujei-tos aos signos dominantes e a mecanismos pessoais de sobrevivência. A p a r t i r d a í , p e r c e b e s e que a f o r m a de p r o d u ç ã o e s t á d e n -t r o d a s e s c o l a s , d a s i n s -t i -t u i ç õ e s que -t ê m o p o d e r de m o d e l a r , p l a n i f i c a r , p r o g r a m a r o s s e g m e n t o s s o c i a i s , c o n f o r m a n d o - o s a o s i d e a i s d a s o c i e d a d e c a p i t a l i s t a - o E s t a d o i n t e g r a l . Q u e r d i z e r : t u d o tem a v e r com t u d o . A " i n t e g r a ç ã o " c a p i t a l i s t a p r o c e s s a m e c a n i s m o s de i m p r e g n a ç ã o p s i c o l ó g i c a / i d e o l ó g i c a (ma n i p u l a ç ã o de i n f o r m a ç õ e s , c o m u n i c a ç ã o de m a s s a ) a t r a v é s d a s r e l a ç õ e s f a m i l i a r e s , c o n j u g a i s , d o m é s t i c a s ; a t r a v é s da e d u c a ç ã o , da j u s t i ç a , d a a s s i s t ê n c i a s o c i a l c o n c o r d a n d o p a r a l i -g a r t u d o e n t r e s i , a t e n d e n d o a s e x i -g ê n c i a s do s i s t e m a . A t r a v é s do l a z e r e do d e s e j o , d a c a b e ç a e do s e x o : t u d o tem a v e r com

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t u d o . A q u i n ã o e x i s t e e x t e r i o r i d a d e . 0 e x t e r i o r 5 o i n i m a g i -n á v e l / i -n e x p r i m í v e l , i -n e x i s t e -n t e . A l é m d a f r o -n t e i r a do r e a l p e r e c í v e l . P a r a a f u n c i o n a m e n t o e q u i l i b r a d o do s i s t e m a , a s i n s t i t u i ç õ e s a s s i s t e n c i a i s t ê m que a s s u m i r a " m a r g i n a l i z a ç ã o " j u s t i f i c a n d o s u a s m i s e r á v e i s c o n d i ç õ e s de v i d a e p r o p o n d o uma " c -d u c a ç ã o p a r a o t r a b a l h o " e p a r a o " r e s p e i t o " ( s u b m i s s ã o ) . A i n s t i t u i ç ã o é i m p e s s o a l : r e p a r t e o t e m p o , c o i s i f i c a a c r i a n -ç a . 0 a s s i s t e n c i a l i s m o p r e v ê uma a d a p t a -ç ã o do menor ã s normas da i n s t i t u i ç ã o , que tem como m a d r i n h a a P r i m e i r a Dama do E s -t a d o .

Sempre uma coisa de frente para a

outra: a pobreza/miséria e o luxo/exploração.

A t e n s ã o e a c r i s e s ã o o f i o c o n d u t o r da t r a m a s o c i a l no d i s c u r s o s o b r e a m a r g i n a l i z a ç ã o , t e n d o como r e g i s t r o i d e o l ó -g i c o m e d i d a s r e p r e s s i v a s p a r a c o n t e r a t e n d ê n c i a â d e s o r d e m que e s s e s momentos c o n t ê m , r e f o r ç a n d o o c o n t r o l e do E s t a d o i n t e g r a l s o b r e a p e s s o a .

Com uma força contraria ao projeto glo-bal de atuação, os menores marginais começam a compreender que acima de tudo ê preciso criar um processo de resistência, na tentatj va de organizar um outro estado de coisas,on de a discussão passa pela realidade de um mo-do como eles, marginais, pretendem que seja.

Os i n t e l e c t u a i s a s e r v i ç o d a Ordem t a n t o podem d e f e n d e r o s i n t e r e s s e s d a s c l a s s e s d o m i n a n t e s como o s i n t e r e s s e s do p r o l e t a r i a d o (de onde g e r a o " l u m p e n a t o " a t r a v é s d a p a u p e r i z a ç á o ) . Na v e r d a d e , o c e r n e de s u a s i t u a ç ã o s e o r i e n t a numa p r á t i c a a s s i s t e n c i a l p a r a a " e d u c a ç ã o d a s m a s s a s " , com um t r a b a l h o i -d e o l õ g i c o que t e n t a a m o r t e c e r o s p r o b l e m a s s o c i a i s . Assume a l u t a de c l a s s e s t e n t a n d o e s c a m o t e á - l a a t r a v é s de p r á t i c a s de d o m i n a ç ã o , sem p e n e t r a r f u n d o a q u e s t ã o d a m a r g i n a l i z a ç ã o s o -c i a l . É i n d i s p e n s á v e l r e p r e s e n t a r , f a l a r p o r , em nome d e .

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Se tomarmos o conceito de revolução, deslo cando aos microorganismos sociais, nos espaços onde a luta deve ser travada, passamos pelas re 1 ações cotidianas dos homens, das mulheres, dos homossexuais, dos marginais, dos guardiães da ordem - na fabrica, na produção, na escola, na Igreja, nos esquemas mentais dos trabalhadores e dos proprietários.

O que s e r i a uma e d u c a ç ã o que t i v e s s e p o r b a s e uma i d é i a r e

-volucionaria?

S i n g u l a r i d a d e e a u t o n o m i a d e v e s e r o p o n t o de p a r t i d a , p a r a a s e n s i b i l i z a ç ã o d o s n í v e i s de c o n s c i ê n c i a , do r i t m o e da p r o d u ç ã o de n o v a s f o r m a s de l u t a . Ê p r e c i s o compre e n d e r a c a s t r a ç ã o i d e o l ó g i c a que p e n e t r a o s s e g m e n t o s s o c i a i s i m p e d i n d o de a g i r , m i l i t a r , a v a n ç a r . iA d e s i g u a l d a d e s o c i a l n o s p a r e c e uma p i s t a p a r a c o m p i e e n -dermos o s c o m p o n e n t e s h i s t õ r i c o - p o l í t i c o s d a m a r g i n a l i z a ç ã o . Em d e t e r m i n a d o s momentos o s m a r g i n a i s assumem o d e s r e s p e i t o ã s l e i s , promovem a d e s o r d e m . E a í t a m b é m o m a r g i n a l s e i n d i v i d u a l i z a no s e u c a m i n h o como ú n i c o .

0 marginal é um investimento social, políti-co, econômipolíti-co, antes de ser objeto da sociologia, do direito, da pedagogia. 0 problema do marginal é coletivo: ê necessário politizar o marginal des

locar a analise para as relações de poder institu cionalizado, localizado, construir pequenas tota-lizações parciais para que se compreenda o seu fe nÔmeno. Fragmentar para depois unir.

No g r a n d e t e a t r o s o c i a l c o l o c a m - s e , de um l a d o , o s r i t u a i s b u r g u e s e s , com t o d o o s e u a p a r a t o e , de o u t r o l a d o , o s e u com p l e m e n t o : o s " d e s v i a d o s " , a p o b r e z a , a s f á b r i c a s , a s i n s t i t u i ç õ e s a s s i s t e n c i a i s . Uma c o i s a n ã o s o b r e v i v e sem a o u t r a . Nes-s a t r a m a o E Nes-s t a d o a p a r e c e como uma r e l a ç ã o m e d i a t i z a d o r a no j o g o de i n t e r e s s e s e pode a t é , de r e p e n t e , a s s u m i r c e r t o s i n -t e r e s s e s da c l a s s e d o m i n a d a - h e g e m o n i a e d o m i n a ç ã o . O r i e n -t a e d i r i g e a s o c i e d a d e com a c o e r ç ã o e o c o n s e n s o . D e s t x ó i os c o n f l i t o s . D e s l o c a , r e d e f i n e . A i g u a l d a d e é uma b a n d e i r a masca

Referências

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