o
jornalista
Paulo Markun
une
real
e
ficção
para entrevistar
pessoas
mortas
PÁGINAS
4/5
COBAIAS
CasoRoyal
reabre
debate
sobre
f} uso
de animais
em
uníversldades
PÁGINA
12
.c
Governo
se
mobiliza
para
combater
a
droga
em
Florianópol
is
CURSO
DEJORNALISMO
DAUFSC
•FLORIANÓPOLIS,
DEZEMBRO
DE 2013•ANO
XXXII,
NÚMERO
7...
--_.
Enfermaria
��G"
Vivendo
os
desafios da
reportagem
Para
quem
acompanhou
asedições
do Zero aolongo
dosemestre, a última
edição
deste ano evidencia o cres
cimento de
repórteres
e editores. Emcada
aula,
aspautasetextospassaramdiscussões muitas vezes
divergentes.
Foram
lapidadas
commuitosolhares.Oresultado éa mesmamiscelânea de
temas,commais
profundidade
e com aabrangência
queextrapola
oslimites daUFSCedeFlorianópolis.
São futuros
jornalistas
que discutem a
polêmica
lei quepropõe
aregulamentação
da mídia no Brasil.Aindana
área,
háumaentrevistacom ojornalista
PauloMarkun,
quenaba gagem acumulaaatuação
durante aDitadura Militare10anos afrente do
programaRodaViva. Aos
repórteres
doZero,
Markuncomenta seunovotrabalho: entrevistas apersonagens que
já
morreram.Além
disso,
comojovens
quefazemparteda
geração
queacompanhou
aevolução
da internet, outra reportagemabordaoMarco
Civil,
projeto
queregulamenta
o acesso àinternet,cuja
votação
foi adiadapelos parlamenta
res.
Como a
regulamentação
da mídia ou o Marco
Civil,
a reportagemde capatambém refleteoutro aspecto
importante
daprofissão:
opapel
social dojornalismo.
A discussão sobre os'loucos
infratores',
pessoascomtrans tornosmentaisquecometeramcrimes,
ganha
diversas facetas. Durante maisdeum
século,
ospacientes
ficaramnoshospitais
decustódia,
mantidospelo
sistema
judiciário. Atualmente,
ajusti
çae aSaúde reconhecemquesetratadeum
problema
de saúdepública,
mas osprojetos
caminhamapassoslentosparasolucionaro
impasse. Enquanto
isso, 'loucos' como
Rogério
estão há décadasnoshospitais
eenfrentam,
atémesmo,odesafio denãoserem
acolhi-dos
pela
famílianovamente.Omesmo
impasse
é vividopelos
osusuários de crack da
capital
catarinen se, queaumentaacada diaefazcomqueosgovernosse unampara buscar
soluções,
como demonstra outra reportagem.
O leitor do Zero também vai en
contrar temas como o aumento no
número
jovens
que escolhem ovegetarianismocomo
opção
devida,
alémdeumesportechamado Roller
Derby,
predominantemente feminino,
quejá'
temdoistimesemSanta Catarina.
Aomesmotempo,osdesafios dare
portagemforam
experimentados pelos
alunos atémesmo emBrasília,
ondearepórter
doZeroacompanhou
aConferênciade
Promoção
deIgualdade
Racial,
entreosdias 5e7 denovembro,
paraabordar,
entre outrostemas,adiscussãosobrea
criação
demovimentosde
igualdade
racialparamulheres.E muitomais. Boaleitura!OPINIÃO
ONDE o LEITOR TEM VOZ
PARTICIPEI
Mandecríticas, sugestõese comentários
E-mall-zeroufsc@gmail.com Telefone
-(48}
3721-4833 twitter- @zeroufsc Cartas -DepartamentodeJornalismoCentrodeComunicaçãoeExpressão
UFSC- Trindade
Florianópolis(SC)
CEP:88040-900
Depois
detersidorepórter-aluno
eeditor-colabora dor doZero"continuei leitor assíduo. Tendo feitoparte daprodução
internamenteecompreendendo
as nuan cesdo processo,desejo longa
vidaaojornal
ecapacidade
de
aprendizado
aosrepórteres-alunos
dehoje
edospró
ximossemestres
Victor
Hugo
Bittencourt---..__'"
DMISUtlSfulAN
l.ucio BAGGIO\
!I
I
Faltou
um
pouco mais de
atenção
Comecemos
pelas
boasnotícias,
oprofessor
Ângelo
Ribeiroserecupera bem do
acidente,
mantendoumacompanhamento
constantedaslesões etratando-se apenascom
analgésicos.
Inicio falando denossocolega
decadeira,
pois
devemosgrande
partedoêxitodenossas
edições
àestruturapensada
poreleque,mesmo em suaausência,
permitiu
quemantivéssemosaorientação
constante.Obrigado,
amigo.
Eéisso mesmo,
leitor,
atéafastamento deprofessor
por acidentetivemosnestesúltimosmeses.
Sópara
explicar melhor, pela disciplina,
nestesemestre,passaram quatro
professores
diferentes.Convenhamos,
nãohácronograma quese sustente.Comtodosossobressaltosé
compreensível
quealguns
elos dacorrentesepercamou
fiquem
frouxos duranteoprocesso.É
oargumentono casodo
lapso
maismarcanteda últimaedição:
o"TiroSportivo"
quefoiimpres
so nacartola da chamada de capa.Esseserrinhos de
digitação,
oudefalta deatenção
mesmo,serepetiram
emboapartedaspáginas,
demonstrandodescuidonarevisãoe na
edição.
Nohall deerros,podemos
colocarafalta de umalegenda
napágina
dezeoutrasquenãoidentificamospersonagens, outrazeminformações
óbviaseque nãocolaboramparaaimersãodo leitornaspautastrabalhadas.
Apesar
disso,
sobreaspautas,aqueressaltar aqualidade
dosenquadramentos sugeridos
e aexecução
de várias delas.Foi
apostando
emmaisumasugestão
donossocolega
Ângelo
queconseguimos
nossaprincipal
chamada decapa,sobreavida dos feirantes quetrabalhamno
Largo
daAlfândega.
Umtrabalho defôlego
denossas acadêmicas que ressaltamo
papel
dorepórter
edaurgência
em serepensar oobjetivo
detextospublicados
nessesubestimadosuporte.Observandooconjunto
daspautasdaedição,
elas demonstramumrefinadosensoderesponsabilidade social,
abordandotemasquevãodasdificuldades dajornada
acadêmica, passando
portextosque sãopraticamente
umacrônica docotidiano,
abordandotemasde relevância"eco-nômica"esocial,
parachegar
aassuntosque revelamcontrastesdeumapotência energética
queaindaimpede
odesenvolvimentopleno
desuascrianças.
Gostariade discutirnesteespaçouma
contradição
que, paramim,acada dia ficamais evidente. Atualmentevivemosem um ambientecom
alta densidade de
informação
e ariqueza
destasignifica
aescassezdaqui
lo que elaconsome: a
atenção
da audiência.Noinício da décadade 70pesquisadores já
identificavamessatendênciapela especialização
cadavezmaiordos
produtos disponíveis
nomercadoeditorial.Comocrescimentoexponencial
dosmeiosdigitais
decompartilhamento
de dadosessasituação
beiraainsanidadecom ovolume de
informações geradas multiplicando
-se em
lapsos
detempocadavez menores.Conseguir
atrairaatenção
para umproduto
queaindasuja
osdedosao sermanuseado pareceumatarefa hercúlea.Umadas alternativas énosservimosde técnicas decomposição
queapresentemoconteúdo
jornalístico
deumaformaaaproveitar scripts
mentaisque auxiliama
cognição
atravésdaapresentação
gráfica,
Tivemosbonsavançosem
relação
àprimeira
edição
em setratando doapelo imagético representado pela seleção
dasfotografias.
Frutodaespecia
lização
deumaeditoriadefotografia.
Porémtemosumlongo
caminhoapercorrernoquesetratada
apresentação
dosdadoseinformações
emcomposições
infográficas
oudevisualização.
Sãonesseselementosquepodemos
aproveitar
paracapturaraatenção
do leitorefornecerumainformação
útileque
favoreça
acidadania.LucioBaggio,professordadisciplinadeEdiçãoIIeresponsáveleditorialpelojornallabo ratórioZero.
zlilo
JORNAL
LABORATÓRIO
ZEROAno XXXII - N° 5-setembro de 2013 REPORTAGEM Ana Luísa Funchal, Andressa Prates, Artur Felipe Figueira, Bárbara Cardozo, Beatriz Carrer,
Bruna Andrade, Daniel Lemes, Emanuelle Nunes, Fernanda Costa, Rávio Crispim, luri Barcellos, Jéssica Sant'Ana, João Paulo Fernandes, Karine Lucinda, Luiza Lobo, Maria LuizaBuriham, MarianneTernes, MarniaQuezado,NatáliaPilati,Natália Porto,Patrícia Cim,PatriciaPamplona,Patricia Siqueira,RicardoPessetti, RosângelaMenezes,Sophia
Rischbieter,Taynara Macedo,ThaísJordão,Vanessa Farias
EDiÇÃO
AnaCarolinaCerqueira,AnaLuísaFunchal,RavioCrispim,João PauloFernandes,JuliaLindner,Lilian Koyama,Mariana Petry, Natália Pilati, NicolasQuadro,Patricia Siqueira,Stefanie Damázio,Thayse Stein
PROFESSORES-RESPONSÁVEIS
Ângelo
Augusto Ribeiro,Géssica Valentini, LucioBeggio
MONIT()RIA
Ana PaulaMendes,JuliaAyres
IMPRESSÃO
Gráfica GrafinorteTIRAGEM5 milexemplaresDISTRIBUIÇÃO
NacionalFECHAMENTO25de setembro�
MelhorJornallaboratório
-I. PrêmioFoca Sindicato dosJornalistasdeSC 2000
�
30 melhorJornal-Laboratório doBrasil EXPOCOM 1994
���
....�
MelhorPeçaGráficaSet UniversitárioI PUC-RS1988, 1989,1990, 1991, 1992 e 1998
ZERO,
dezembro de 2013+-i
+1-£ocriação
vira
estratégia
de
negó-cio
Objetivo
é
engajar
funcionários,
clientes
e
fornecedores
em
busca
de
soluções conjuntas
As
organizações
valorizampessoas que possuem habi
lidades
interpessoais,
que conseguem trabalhar emgrupos, como
explica
a consultoraDeborah
Riggenbach:
"As pessoas devem saber trabalhar no coletivo.Comoumaideia vinda deumaúnica
pessoa,sem
interação
com asdemaispara
compartilhamento
deopiniões,
pode
ser considerada umsucesso?",
questiona.
O
auditório mais de 100
empresários
com apenas um
objetivo:
cocriar. AAgência
Cocriação,
de SãoPaulo,
foia
responsável
pororganizar
o eventoe odiretorFrancisco
Albuquerque
explica
que oobjetivo
eraencontrarsoluções
para desenvolver o Google
BusinessGroup,
comunidade de voluntários quedeseja adquirir
ecompartilhar
conhecimento sobreasferramentas do
Google.
Otermo
cocriação
começouaserusado em
2004,
com olançamento
do livro "OFuturo da
Competição",
escrito
pelos professores
C. K.Praha ladeVenkatRamaswamy.
FranciscoAlbuquerque
esclareceque"acoeriação
conceitualmentesedáquando
aempresa consegue trazer seus fun
cionários,
clientes e fornecedorespara pensarem em
soluções
juntos.
Na
prática
isso acontece, porexemplo,
nodesenvolvimento deprodutos,
serviços,
estratégias
denegócio".
Em
Florianópolis,
o Instituto Comunitário GrandeFlorianópolis
usa a
metodologia
comfrequência
para desenvolvernovasideias.Bruno
Evangelista,
assistente decoordena-BrunoEvangelista usa metodologiadecocriaçãoemdinãmicarealizada comgrupoda AiesecFlorianópolis
ção
doICOM,acreditaqueacoeriação
se resume emabundância,
porreunir muitaspessoas em um mes molocal
pensando
em umobjetivo.
"Existe uma variedade de ideias e
issofazcomque
surja
umacolaboração. É
ouso dainteligência coletiva,
juntar
em uma mesmadiscussãoindivíduoscom
expertises
diferentes".A dinâmica da
cocriação
é estruturada através de
ferramentas,
oque adifere deuma discussão con
vencional em que não existe uma
metodologia específica. Albuquerque
destacaquehá todoumcontextoque
distingue
acocriação
deumadiscussãoaberta.
"É preciso
entendero ambienteemquevocê está
trabalhando,
o desafioestratégico
da atividade equais
pessoas você irá selecionar. Existeaindaomediador,
queprecisa
entendercomofuncionaráo proces so eéo
responsável
porconduzirasatividades".
O Seminário Social Good Brasil
2013.foirealizadoemSão
Paulo,
nodia 24 de
setembro,
com oobjetivo
de discutir o uso de
tecnologias
nasolução
deproblemas
sociais. BrunoEvangelista
conta que "oevento foi construído através deumadinâmicade
cocriação.
Nóschamamosum mediador deSão Pauloe
juntamos
em umasalaos colaboradores doICOMe os
parceiros
do evento. Definir oevento usando a
metodologia
fez comquetodossesentissempartedo Social Good Brasil".A
metodologia
dacocriação
é maisampla
evaialém do desenvolvimentode ideias.Nocasoda
Agência
Cocriação,
FranciscoAlbuquerque
explica
queaprincipal
demanda dasorganizações
éparaacriação
de cultura de
inovação
e criatividade emmercados
competitivos.
"Isso porqueasempresas
precisam
inovarcom rapidez
e acocriação
éumaaliada para aaprendizagem
dos funcionários".Durante o processo de coeria
ção
vocênãoé dono desuas ideias.Bruno,do
ICOM,
fala que "épreciso
desapegar,
tudo é direcionado aopropósito,
aoobjetivo
que o grupobusca,
é realmente umamudança
de modelo mental". Poressemotivo, o alinhamento antes da atividade é
Comunidade
traz
benefício
a
pessoas
e
projetos
O
Vilaj Coworking,
em Florianópolis, completou
recentementedois anos de existência e utiliza a
cocriação
paraplanejar
suas estratégias.
Asócia doVilaj
Renata Mi guezexplica:
"dentro desse temponós evoluímos muito, entendemos melhoro que
poderiaser
umespaço de
coworking
ecompreendemos
mais claramente o que fazemos.
Hoje,
nós transcendemosaideiadeserapenasumlocal de
coworking
efocamosnofato desermos umlocal de acolhimento e desenvolvimento
depessoase
projetos".
O termo
coworking
foi criado parBernieDekoven,
em 1999,paradescreverum
tipo
de trabalho colaborativo
suportado pelas
novastecnologias.
BradNeuberg,
cinco anosmais
tarde,
criou a HatFactory,
-l'�
f
mentofoicocriado,
doVilaj
convidamosparao anoosde 2013pareei
f
ros,amigos
para discutiropropósito
I � da empresa.Nãofaria sentido
discu-'"
�
tirmos apenasentreosfuncionários,
porquesomos umacomunidade."
A
principal
motivação
paraacontecera
cocriação
noVilaj
éque "nãoqueremos queoqueagentefaz
seja
só uma visão nossa
(dos
sócios),
queremos que
seja
algo
construídocoletivamente,
com acomunidade".Renatalembraque paratersucesso na
utilização
dametodologia
épre cisotermuitoclaroqual
opropósi
to da
cocriação,
"porque
você está convidando pessoas para discutirem coni você.É
necessário que existaumsistema
ganha-ganha.
Acomunidade
precisa
sebeneficiar dealgu
maforma por contribuir".
�-Encontro decocriaçãopara o planejamentoanual doVilaj Coworking
em São Francisco, um apartamen
to onde residiam três
profissionais
da área detecnologia
que abriamo local durante o dia para outras
pessoas que
desejassem
trabalhare
interagir
com eles. Daíem dianteoconceito de espaço de trabalho
compartilhado ganhou força
e sedisseminou
pelo
mundo. Existemhoje
noBrasilmaisde100locais decoworking.
A
cocriação
noVilaj
aconteceemdois momentos,
segundo
Renata Miguez.
Quando
as pessoas estão trabalhando no espaço, momento em
que elastrocam ideias e
comparti
lham
sugestões,
eentre aequipe
da empresa mesmo. "Todo oplaneja-fundamental,
todosprecisam
entender
qual
omotivodeestaremali.O
design
thinking
é usadocomobase da
metodologia,
é uma ferra;g mentaque funciona para
a
solução
'?
deproblemas
complexos.
Franciscof
Albuquerque
acrescenta, "naAgência
trabalhamos sabendo que
cocriação
tem
início,
meioefim.Aplicamos
técnicas durante oprocesso de acordo com oquedefinimosnoinício".
Aescolha
daqueles
queirãoparticipar
dacocriação
éestratégica.
Odiretor da
Agência
explica
quenemsempre
aorganização
que busca as.soluções
participa.
Muitas vezes asinformações
sãolevadaspara gruposmultidisciplinares.
"A escolha dosparticipantes é,
portanto,fundamental,
elesprecisam
virde'áreasdiferentespara agregarnaatividade."
Quanto
aomercadoe areceptivi-dade das
organizações
paraametodologia,
aindamuitonova.Franciscoenfatiza que "a
cocriação
sófuncionaem ambientes que estão
dispostos
ainovareabertosa
mudanças.
AAgên
cia existehá doisanos e nessetempojá
percebemos
um amadurecimentodo mercado. A
inovação
está sendo super discutida e o conceito de design
thinking
passou porurnboom."Bruno,doICOM,acrescentaque"em
nosso dia-a-diao que vemos muito
é uma escassezde
ideias,
porque aspessoas pensam de maneira muito
isolada,
oqueimpulsiona
umagrande
competitividade.
Acocriação
pode
justamente
ser umasaídapara isso". SophiaRischbietersophia@rischbieter.com.br
Cocriação
-USO da
inteligên
cia coletiva parasolucionarproblemas
edesenvolverplanejamentos. Colaboradores,
fornecedores,
consumidores eoutrosinteressados são convidadospara discussõesestratégicas
Coworking
-Localemque
profissionais
de diferentes áre ascompartilham
seuespaço embuscadeumambienteparatrabalhar,criarepensar. Pela diversidadede
experiên
cias e a
proximidade,
aspes soasacabam trocando ideias ecriando redes decontatoZERO.
dezembro de2011Produção: Felipe FigueiraIEdição:PatriciaSiqueiraIDesign: Felipe Figueira
Desafiado
a
unir
jornalismo
e
ficção
Paulo Markun realiza
pesquisa
histórica
para
entrevistar
personagens
que
já
estão mortos
Detemo
e gravata e com roteiro deperguntas bem estudadas em
mãos,o
repórter
estavaprontoparaentrevistaraícone daGuerradaFarroupilha,
AnitaGaribaldi. Ojornalista
eescritorPaulo Markun�
trouxeaheroína de voltaaSanta
Catarina,
abordandoosdetalhes �.�
reaissobreahistória da
mulher,
em umapeça teatral.Noprojeto
"Retrovisor",
�
Markun
ultrapassa
afronteira do reale daficção
para criarumtalkshow,
&uma conversa compersonagens históricos do
Brasil,
quehoje
sópermanecem vivosnoslivrosou nastelas.Depois
de trabalharcomorepórter
eapresentador
dosprincipais
veículos decomunicação
dopaís,
Markunadquiriu experiência
em entrevista nocomando do programa "RodaViva",daTV
Cultura,
durante dezanos-entre
1998e2008.
Agora,
elesededicaaprodução
de peças,documentários,
séries elivros,
sendo destacadocomofinalista do PrêmioJabuti
com aobra "AnitaGaribaldi:umaheroína brasileira".
Após
aapresentação
quefezemFlorianópolis,
junto
aatriz LucienneGuedes,
Markun concedeu estaentrevista aoZeroefalou sobre odebate dapublicação
debiografias
nãoautorizadas,
fez uma análise da atual coberturajornalística
dapolítica
brasileira e também contou sobre oprograma
"Retrovisor",
que serátransmitido em 13episódios
noCanal
Brasil,
emmarçode2014,
cadaumcom umapersonalidade
diferente.11
Zero: Como
surgiu
aideia derealizaro
projeto
Retrovisor?Paulo Markun- Aideia
surgiu
porque eu estava atrásde umformato
deprograma que
contemplasse
aleiquegaranteespaço paraa
produção
brasileira na TV a cabo. E essa lei
não
permite
queseja
umprogramade
jornalismo.
Entãose eufizesseumprograma de entrevistascomperso
nagens reais nãoatenderiaalei.De
repente,eu medeicontade queen
trevistarpersonagens
históricos,
masque
já
morreram,atendiaaissoe ao mesmotempomecolocava fazendooqueeuseifazer deum
jeito
diferente.Asementedessaideiatema ver com uma
experiência
queeufizem2000,que foi um documentário chamado
AI-5
-O dia que não existiu. Esse documentárioésobreasessãoda câ
merados
deputados
emque osparlamentares negaram a
licença
paraprocessar o então
deputado
Mareio Moreira Alves e que acabou dandodo AI-S.Eu
queria.produzir
essedocumentário,
mas asatasdessasessãodesapareceram,
porque foram confiscadas
pelo
Ministério daJustiça
epassaram muitosanos
desaparecidas.
Nãofoi
publicado
oDiárioOficial,
elenão circulou e, portanto, se
perdeu
o resgatedaquela história, daquele
momento.E eu decidireconstituira
sessão da câmara com atores inter
pretando
osdeputados. Depois
dissoeufiz tambémoutrasériequechama 'Autor porautor', que são atoresin
terpretando
textosdaLygia
Fagundes
Telles,
doJoão
Ubaldo Ribeiro. Aospoucos eu fui entrando nesse cam
po da
dramaturgia
edaficção,
massemprecom um
pé
nojornalismo
e napesquisa
histórica.Depois
de tertidoaideiaeutambémmedeiconta
queesseéumformatoque existeno
mundointeiro. A Guerrados Mundos
I.
"Nesse
projeto
nos
baseamos
rigorosamente
naquilo
que
já
foi
publicado"
éisso,Meia-NoiteemParis doWoo
dy
Allené isso. Temváriosexemplos.
Euradicalizeinosentidode fazerum
talk
show,
sem todosospendurica
lhos que normalmente umtrabalho
como essetem.
o
Programa
Retrovisorfaz simulações
deentrevistascompessoashistóricas que
já
faleceram.Comogarantir
queoque está sendoretratadona
simulação
tenhaumabagagem
históricacorresponden
te à realidade? Vocês realmente buscamessaverdadeno discurso
ouhá muita
ficção?
PM - A
gentenuncavai reconstituir
arealidade talcomoelafoi.O quea
gente procura fazer é se basear em
documentos, livros,
pesquisas
ematerial de
época
quepermita
reconstituir a maneira de pensar do per
sonagem.Não existe
documentação,
por
exemplo,
quediga
queoprimeiro
marido de Anitabatia nelaou não,
entãotodaessahistória docasamen
todelatemumpouco de
ficção.
Masofato équeela foi casadamuito
jovem
eabandonouessemaridopara viver com Garibaldi. Tem uma divisória
queagenteprocuranão
ultrapassar
que énão
mergulhar
100%naficção,
estar
apoiado naquilo
que tempesquisa
histórica consistente por trás.E também não fazertão
rigorosa
areconstituição
que trave o ator. Porexemplo,
namaneira de se expres sar nalinguagem
a nossaAnitafalaMarkunéumjornalistaeatualmentesededicaàproduçãode peçasteatrais,documentários, livroseseriados
como umapessoado séculoXX,mas nocontextodo séculoXIX.Seela fos
sefalarcomo umamulher do século
XIX,
precisaria
detextosnotelepromp
terou
precisaria
decorar.Jamais
teriaessa
naturalidade,
principalmente
em umaentrevistacomoessa, queexige
improvisação.
Então é uma fórmulahíbrida,
mas que eu acho que funciona, porque transmite o mínimo
de
informação
necessária para queaspessoasseinteressemepassemaco
nhecermelhoropersonagem.
Os atores têm liberdade em suas
respostasou
já
têmumafalaa serseguida?
PM - Eles têm certa
liberdade,
masbaseada num material de
pesquisa
e numapautade perguntas,porque eunão
posso'
colocá-losnumasaiajusta.
Além
disso,
muitasvezes osdados historíográficos
estãonasminhasperguntas enãonasrespostasdosatores.Asdatas,
os nomes, essas coisas todas. Isso dá
maisliberdadeparaqueoatorrespon
daoquesepassoucom as
palavras dele,
não
rigorosamente
em cima de umtextopronto.
Quando algum
engano écometido,
nóscorrigimos
paraapróxi
maapresentação.
Iudo éumprocessoque está sendo
desenvolvido,
inclusive de como fazer essapesquisa,
porquenãoé
simples.
Sevocê dermuitomaterial paraoator,elese
perde.
Sevocê der pouco material paraoator,elenão conseguedesenvolver.Temque dar tudomeio
mastigado,
mas ao mesmotempo com apossibilidade
de elepersonificar
essafigura
nopalco
porumahora.Quanto
tempo levou para esseprojeto
ficarpronto?
PM- O
projeto
começouemoutubro do anopassado
ecomeçamosagra var emagostodesteano,semprecom15 dias de intervalo entreum perso
nagemeoutro.Entãoesseéotempo
quetemospara desenvolvera
pesqui
sa sobre um personagem. Estamosachando um
jeito
de resolvernessavelocidade,
queé fundamentalparaproduzir
séries televisivas com os recursos que estãono mercado.Nãoternos uma
grande reconstituição,
é realmenteumtalk show.Comofoi a escolha dos persona
gens?
PM
-Oelencoseestende aCláudio Manoel da
Costa,
FreiCaneca,
Ba rão deMauá, José
doPatrocínio,
LuísGama,
Euclides daCunha,
João
Cândido,
Luís CarlosPrestes,
MarioeOswald de
Andrade,
MariaLacerdaMoura,MonteiroLobatoePlínio Sal
gado,
além daAnitaGaribaldi.Eufizna
primeira
sérieumaespécie
depot
-pourri
defiguras
quetema ver commomentos históricos que acontece
ramhámaisde 70anos,
pela
questão
dos direitosautoraiseportodaessa
polêmica
sobre asbiografias.
Optei
tambémporpersonagens que de al guma forma percorremumterritório
de várias
ideologias,
classes sociais,etnias. Entãohá personagens quese
ligam
aoabolicionismo,
integralis
mo,
comunismo,
feminismo,
Revolução
Farroupilha,
Canudos,
SemanadeArteModema de
1922,
oImpério,
oBarãode Mauá.Buscotambém personagensquenão são tãoconhecidos
assim. Nãotem oDomPedroI,oti
radentes,
oGetúlioVargas
depropó
sito.
Porque
euacho queaspessoasjá
temumaideiamaisoumenosdefini da desses personagens.
Você
já
escreveu diversoslivros,
a maioria de caráterbiográfico.
Qual
asuaopinião
sobreapolê
micada
publicação
debiografias
nãoautorizadas?
PM - Eu
acho que a
polêmica
foi boa para asociedade,
emboraseja
injustificável
tantafumaça
emtomodoassunto. Nãofazo menorsentido
você querer estabelecer uma
lei,
tal como aque existehoje.
Aleiexiste, estáemvigor,
éoCódigo
Civil.Eeleimpede
através de uma frase sobre,fins
comerciais,
que, porexemplo,
tudo issoque agentefeznoespetá
culoseja veiculado,
sealgum
des cendente de Anita Garibaldi ou dequalquer
personagem se opuser: Eportantovocênão vaiconhecerahis
tóriado Brasil. E isso nãoé
questão
de invadiraprivacidade
ounão,
issoéfecharahistória do Brasil.Maseu
tenho certezade queem
função
dapolêmica
quefoi criadapelo
envolvimento destes artistas renomadosno
processo,vaifazer comque atanto
Câmarados
Deputados
e oSupremo
resolvam o
problema.
Oprojeto
delei
já
estálá.Aspessoas falammuitabesteira sobreo assunto também.A
primeira
delas é de queumbiógrafo
ficaricoescrevendo
biografias,
oquenãoéverdade.Esse éum
gênero
muito
trabalhoso,
que noBrasil paga-semuito pouco porele.O queeu
ganhei
com asseteedições
do livro daAnita,nãopagaotempo queeu trabalhei
para fazer. E ainda há outros livros quesão
publicados
apenasumaedição.
Algum
familiar dealgum
dos personagens abordadosjá
veioconversar comvocê?
PM
-Até agoranãoeeuespero que eles nãovenham.Afilha do Plínio
Salgado
e a do Luis Carlos Prestesjá
vieramajudar
commaterial,
o que élegal.
Mas apressaimagi
nar que
conseguirá
bloquear
umaprodução
é um contra-senso. Nesse
projeto,
estamos nos baseandorigorosamente
naquilo
quejá
foipublicado
sobreoassunto e noquetem densidade histórica. Eu não
vou perguntar para o Euclides da
Cunhase amulher deleotraíaou
não. Não é essa a
questão
relevante.Comessepersonagem,vou falar
sobreo
episódio
quando
ele estavanoacampamentodo
Exército,
diante de
Canudos,
umpouco antes da últimainvasão. Parafazerisso,
eutenho como referência o material
que oEuclides da Cunha
produziu
para ojornal
O Estado de S. Paulo,
comocorrespondente,
fora todo omaterial que estáem Os Sertões. Então é umamaneira depersoni
ficaro que elepróprio
escreveu. Oprincipal
objetivo
doprojeto
não éo
comercial,
emboraevidentementeque as pessoas que trabalham são
pagas para fazerisso.
Ninguém
está vivendo da fama deste personagem.Como o senhor analisa a atual cobertura
jornalística
dapolíti
cabrasileira?
PM
-O
jornalismo
político
dehoje
édeclaratório,
no sentido de quevive muitodafofocaeda
briga
entre os
partidos
porquestões
meno res.Questões
importantes
como oMarco Civil da
internet,
ou o fatode o estado de Santa Catarina só
ter 10% do esgoto
tratado,
não sãodiscutidas. Essas
questões
ojorna
lismo
político
nãocobre,
mas simse a Dilma deu bronca nos Minis
tros na reunião, se elavai passear
de moto ou não, a
relação política
entre Eduardo
Campos
e MarinaSilva. Acredito que esse
tipo
decoberturaé muito
superficial,
até porqueopesodos veículos tradicionais
estádiminuindo.Omelhor
exemplo
dissosãoasmanifestações
dejulho:
ninguém
identificou de onde elascomeçaram, nem o que realmente
aconteceu. O que estavam fazendo
aquelas
pessoasnarua? Sehavia alguém
por trásdaquilo ali,
comoissosurgiu
edesapareceu
derepente?
nha
carreira,
eutivemeutrabalho comojornalista
e como cidadão de forma maiscompleta.
Quando
a gente criou a Revista
Imprensa,
por
exemplo,
foi umaexperiência
super
legal.
A RevistaRadar,
quefechou com oito meses também
teveos seusmomentosde
criação.
sãodo dia-a-diae o
jornalismo
dodia-a-dia é absolutamente massa
crante, porque você vive a notícia
24 horas por dia. Tem gente que
vibra porestarno
lugar
emqueestão acontecendo as
coisas,
eu nãotenho essa
agonia.
Atéparticipei,
cobri coisasimportantes,
mas nãoé o que me move. E o Roda Viva, como era
semanal,
davaumoutroritmo. E também demandavauma
pesquisa,
umestudo,
umaprofun
damento sobre
aquele
tema. Esseprojeto "Retrovisor",
maisainda,
porquea
pesquisa precisa
sermuito mais
aprofundada,
ainda queseja
só sobre um personagem ou umepisódio.
Você
já
trabalhou compratica
mente todos os meios
jornalís
ticos:jornal
impresso, revista,
televisão,
internet e documentário.Em
qual
deles vocêsentiuque a sua
função
comojorna
lista e como cidadão foi mais
completa?
PM - Eu
acho que
pode
ser emqualquer
umdeles,
depende
de como você seengaja.
Eujá
traba lhei emlugar
que eu era empregado,
no sentido de que eu ialá,
cumpria
minhafunção,
recebia osalário no fim do mês e ia embo
raparaa casacuidar da vida. Esse nãoéomelhor caminho para que
você tenha prazer
pelo
que faz. Acho que dá paraserempregado
efazerascoisascom
empenho.
Mas,às vezes, você está em um
lugar
emque você não está feliz. Eu fui âncoradoSPTV,
que éotelejornal
local da Globo em São Paulo. De testeie
pedi
demissão,
porquenãoera aminha
praia,
nãofuncionavaeu fazer
aquele papel
do locutor.Na
época,
o modelo do SPTV nãoera
igualo
dehoje,
e eratão quadradoo
papel
doapresentador
queeunãomesentia à
vontade,
ainda quetivesseumaaudiênciaenorme.Mas, em vários momentosda
mi-ZERO.
dezembro de 2013Intelectualtambémfalou sobrea polêmicadasbiografias,coberturajornalísticaeseuspróximosprojetos
E
qual
será o seupróximo
projeto?
PM - Eu
entreguei
ontem umasérie pro SESC TV, que são trezes
documentários e a gente
já
estáacertando de fazeruma novasérie
sobre
arquitetura,
mas uma sérieque vaiterna cena ainternet,para
que os internautas possam
parti
cipar
daprodução,
da escolha dostemas e da
indicação
doslugares
a serem filmados. E na
segunda
-feira
(4/11),
euentreguei
dois volumes da história daditadura,
maisdenovecentas
páginas.
Quero
agora fazer um documentário. Eu
já
tenho 70 horasgravadas
sobreas "Diretas
Já".
Evoucomeçarum novolivro sobreosdocumentossecretosda ditadura. E,
claro,
temacontinuação
doprojeto
do "Retrovisor".
Comofoi trabalharcomo
jorna
lista duranteaditadura?
PM
-Foi muitoruim, porque você
não
podia
fazerascoisas, e opou coqueerafeito,
nãomudava nada.Primeiro,
nem todos resistiam àcensura.
Segundo, aqueles
que resistiam não acrescentavam muita coisa. A gente tentava exercer a nossa
profissão,
mas não tinhacharme,
não tinha graça nisso. Issopode
ser divertido contar depois,
mas não tinha nada de tãoheróico.
Beatriz Carrer
beacarrer@gmail.com
Jésslca Sant'Ana jessicasantana06@hotmail.com Maria Lulza Buriham
marialuizaburiham@gmail.com
"Foi muito
difícil
trabalhar
na
ditadura,
mas
não
tinha nada
de
tão
heróico"
o que acha que aconteceu em
relação
àsmanifestações?
PM - Nãotenho
amenorideia. Eu
fiquei
muito surpreso. Nós estávamos
viajando
para OuroPreto,
emgravações
porlá,
epegamoscongestionamentoem umaestrada distan
te da
capital.
Era uma manifesta.ção
que estavaparando
otrânsito,
em uma pequena cidade de Minas Gerais. Eu nãoentendioqueaconteceu de
fato,
quemfez, qual
era ointuito. Mas aconteceu, só
naquele
dia. Foi umaespécie
de manifestação
espontânea,
pelas
maisvariadasquestões.
Eu acho que atrás disso existegentequerendo
seaproveitar
da
circunstância,
e não sei direito realmenteoporquê.
Realmentenãosei,não é
fugir
dapergunta.Durantemuitosanosvocêficou
no comando deumdos progra masmais
respeitados
da televisão: oRoda
Viva,
umprogramade entrevista.
Qual
aimportân
ciavocê vênesse
gênero?
PM -
É
super
importante,
mas é umapena quesetenha poucos programas desse
tipo
e normalmentesónasemissoras
públicas.
Nenhumoutro programadeentrevistacon
seguiu
manterasignificação
queoRodaVivatematé
hoje.
E é muitodifícilque issoaconteça,porqueas
TVsbuscama
audiência,
têm umalógica
de mercadomuitoforte. Você acha que trabalhar 10anos no Roda Viva o
ajudou
amontaro
projeto
"Retrovisor"?PM - Semdúvidas.Euera
repórter
do
Jornal Nacional,
faziatelevi-Produção:Jéssica Sant'AanaIEdição:PatriciaSiqueiraIDesign:Natália Porto
Regras
para
mídia
ainda
sãe
tabu
Aprovação
da
Ley
de Medios
naArgentina
expõe
motivos da
restrição
do debate sobre
otema
noBrasil
Após
quatro anos de
brigas
judiciais
entre o governo deCristina Kirchner e o
Grupo
Clarín,
aSuprema
Corteargentina
endossou,
naprimeira
semanade
novembro,
otextointegral
daLey
deMedias,
aojulgar
constitucionaisos quatro
artigos
-41, 45,
48 e 161- contestados
pela holding.
Adecisãoobriga
osgrandes
grupos dosetora sedesfazerem departedeseusativos para
respeitar
amargem de 24licenças
deTVacaboe10 para TVabertae
impe
demqueumaempresa de mídia tenha
simultaneamenteumcanalpagoe ou
trodeTVabertana mesmapraça. Para o
Clarín,
issosignifica
livrar-se demaisde 70% deseuscanais porassinatura,
além de vender várias desuasempre sas.
Apesar
da nova lei ter apropostade democratizar a mídia através de uma divisão mais
equitativa
e social doespectroeletromagnético,
intervalo dasfrequências
ondese propagamasondas de rádioeTv,há quem defenda
quea normaéautoritáriaeferealiber
dade de
expressão.
Umadasvozesmaisexpressivas
deste contra-argumentonoBrasil éo
Grupo Globo,
que,como seuequivalente
argentino,
abocanhaamaiorfatia do mercado decomunica
ção
eletrônicanopaís.
Aideia manifes tadapelos
veículos daemissoraé quearegulamentação
éumgolpe
aoClarín,Logo
após
aaprovação
da leipela
Corte
Suprema
daArgentina,
uma reportagemdo
Jornal
Nacional,
daedição
do dia29deoutubro,
diz queadecisãoé uma vitória para aCasa Rosadae
"vai
conseguir
limitar drasticamenteotamanho dogrupo de
comunicação
[
...]
umadaspoucasvozescríticasaogoverno
[de
CristinaKirchner]."
O presidente da
Associação
Internacional deRadiodifusão, ex-vice-presidente
derelações
governamentais
do grupoRBS,
Alexandre
Jobim, complementa,
decla radamentecontraaregra: "a leiquerderrubar um suposto
oligopólio
dealguns
gruposindependentes
que sãoopositores
aogovernoKirchner,
e poroutroladoogoverno vaiestarfazendo
ummovimentocontráriode fazeruma
verdadeira
colonização,
mediantepu blicidadeoficialnosmeiosaliados".Comumfaturamentoque
chega
a sertrêsvezesmaior queodoClarín,
nacifra de
US$ 5,8
bilhõesaoano,oimpé
riodas
Organizações
Globosoma,porexemplo,
cinco emissoraspróprias
e117 afiliadasnatelevisão
aberta,
10,4%
damaiorempresa de
telecomunicações
viacabo da AméricaLatina,aNET,
7% daSKYe amaiorprodutora
deconteúdo destinado aTVpaga da América
Latina,
aGlobosat. Sendoassim,
ore-Jil
C
Projetode leifoideixadode lado para evitar embatecomempresasmidiáticasduranteogovernoLula
conhecimento da
legitimidade
dosartigos
antimonopólicos
nopaís
vizinhorepresentaumadasmaiores ameaças
aogrupo.
Para o
professor
deJornalismo
da Universidade Federal Fluminense
(UFF),
no RiodeJaneiro,
e autordos livrosMídia,
Poder eContrapoder
e Vazei'Abertas da América latina, Dênis deMoraes,"a bateria de críticase
perseguições
aogovernoKirchner,
à Venezuelaedemaispaíses
que enfrentam o
problema,
é umbloqueio
dagrande mídia,
quealém deintencional,
é perversoe
antidemocrático,
porqueamaioriada
população
aindadepende
dosgrandes
canais para se informar.Com isso, as
campanhas [que
debatema
regulamentacao
noBrasil]
não conseguematingir
asociedade,
só osformadores de
opinião".
Segundo ele,
osgovernosargentino
e venezuelanoconseguiram
aprovarleisquetratamdoassuntoporque as
sumiram a
urgência
de enfrentar oproblema.
"[No Brasil]
háumafalta deação
e interessegovernamental
enor me parafazerpassarpela
sociedade aquestão
darevisãoda lei decomunicação
comoalgo estratégico",
afirma.A
pesquisa Democratização
da Mídia realizadaesteanopela
Fundação
PerseuAbramo realizou este ano2400entrevistascombrasileiros de 16
anos oumais,cobrindoasáreasurba
na erural de120
municípios
dascincomacro-regiões
dopaís.
Elamostrouque seteemcada dez brasileirosnãosabemqueasemissorasdeTVabertasãocon
cessões
públicas.
Aindaassim,
mesmoque nãoentendam exatamentecomo
funcionaosistemadeconcessões,71% éafavor demaisregras paraaprogra
mação
veiculadanaTV.Natália Pilati
natt.ufsc@gmail.com
PatriciaPamplona
patipamplona3@gmail.com
Projetos
para
a
democratização
são
vetados
por
falta
de
interesse
O
Projeto
de Lei daMídia Democráticatraz33artigos
para
regulamentar
o quefoiestipulado pela Constituição
Federal de 1988. Confira abaixo
algumas
daspropostas:
1/3
dos canais de televisãoterrestreerádioreservadosao sistema
público,
sendometade
àqueles
de caráterassociativo-com_unitário
Asemissoras mantidas ou vinculadasaoPoder Público devemtemum
órgão
curador.compostoem sua maioriapela
sociedade civilparaparticipar
dasdiscussõesedecisões, zelando
pela independência
editorialCriação
do Fundo Nacional deComunicação
Pública paragarantir
oflnancíamento
das emissoraspúblicas,
composto,dentre outros,
por: verbasdoorçamento
público,
3% da receita depublicidade
veiculadasnasemissoras
privadas
edoações
Os
artigos
14e 16 tratam dosmecanismos paraimpedir
aconcentração
delicenças.
Fica vetado:queo mesmogrupode mídia possua maisdo que cinco emissoras 110
país
eque mantenhasimultaneamente na mesma localidadeuma
licença
paraexplorar
serviços
decomunicação,
se
já
explorar
outroserviço
desse
tipo,
sefor empresajornalística
quepublique
jornal
diárioousemantiverações
com empresas do mesmotipo
Para obteras
licenças,
éproibida
aparticipação
acionária,
operação,
controle ouexercíciodafunção
dedireçãoda
prestadora
porparlamentares
oupessoas que obtêm foroprívileglado
oudeseusparentesem
primeiro grau
Produção:João Paulo FernandesIEdição:AnaLuísa FunchalIDesign:PatriciaPamplona
Diversos
projetos
já
foram feitospara
regulamentar
osartigos
daConstituição
Federal que dizemrespeito
àcomunicação.
O maisrecente, elaborado duranteogoverno
Lula,
mas, acabou sendo deixado de lado paraevitar
oembatecom asempresas decomuni
cação,
segundo
ocoordenador do coletivode
comunicação
socialIntervozes, Pedro Ekman.Em
2009,
entidadescongregadas
na
associação
civil,
Fórum Nacionalpela
Democratização
daComunicação
(FNDC),
apresentaram umprojeto
de lei deiniciativapopular
paradarcontinuidadeapropostade
regulamentação.
O
Projeto
deLeida Mídia Democráticatem 33
artigos
que tem como eixosprincipais:
umadivisãomaisjusta
daslicenças, espelhando-se
no casoargentino,com umterçodelas reservadasao
sistema
público;
estimularaprodução
nacionale
regional;
eestenderaproi
bição
de concessões não apenas para senadores edeputados,
mas tambémparaparentesde
primeiro
grau.(Mais
informações
sobreoprojeto
noboxaolado).
Ekman destaca que, para aregu
lamentação
garantir
TVs e rádios independentes,
épreciso
entenderqueoespaço criadoparaelas é
público
enãoestatal.Outropontofundamentaléque
asdecisões do
quadro
diretivonão pas sempelo
alto escalão dogoverno. "AsTVserádios
públicas
têmqueserindependentes
tantodapublicidade,
quanto dogoverno",
afirma.Parao
professor
deJornalismo
daUFFDênis deMoraes,o
projeto
éumponto de
partida importante,
masprecisa
ainda deaprimoramentos.
Eleexplica
quenaArgentina
alei foiZERO.
dezembro de 2013"Argentina
desferiu
golpe
contra
liberdade
de
expressão
para
atingir
o
Clarín",
Editorial RBSconstruídaa
partir
de discussõescomtodos os grupos que têminteresse e
reforça
que,noBrasil,
partedoproble
maéafalta deinteresse
político.
"Seo governo tivesse interesse, enviava
os burocratas aos outros
países
paraaprender",
afirma. Ocoordenador doIntervozes
complementa
quearegula
mentação
da mídianopaís
aindanãoaconteceutambémporinfluência dos
grandes
grupos de mídia: "são essasempresas quetêm
força
paraimpor
apauta
política."
Poroutro
lado,
aRBS, afiliada da Rede Globo em Santa Catarinae RioGrande do
Sul,
segue a mesmalinha damatriz. Em editorialpublicado
noúltimo dia 31 de outubro em todos
jornais
darede,
ouseja,
quatrono estado
gaúcho
e cinco nocatarinense,
ascríticassãoexplícitas.
Aopinião
da empresa éaque"o governoargentino
desferiuum
golpe
mortalnaliberdade deexpressão
[e]
pretendeu
[
...]
atingir
especificamente
oClarín,
queatuade forma
independente
enãosealinhaaosinteressesdaCasaRosada".
O
posicionamento
da empresa foiquestionado pela
reportagema sua assessoria,
que indicouoeditorialem suaresposta.Aosersolicitadaumanãofoi atentida.