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Zero, 2013, ano 32, n.7, dez.

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(1)

o

jornalista

Paulo Markun

une

real

e

ficção

para entrevistar

pessoas

mortas

PÁGINAS

4/5

COBAIAS

CasoRoyal

reabre

debate

sobre

f} uso

de animais

em

uníversldades

PÁGINA

12

.

c

Governo

se

mobiliza

para

combater

a

droga

em

Florianópol

is

CURSO

DE

JORNALISMO

DA

UFSC

FLORIANÓPOLIS,

DEZEMBRO

DE 2013•

ANO

XXXII,

NÚMERO

7

...

--_.

Enfermaria

��G"

(2)

Vivendo

os

desafios da

reportagem

Para

quem

acompanhou

as

edições

do Zero ao

longo

do

semestre, a última

edição

deste ano evidencia o cres­

cimento de

repórteres

e editores. Em

cada

aula,

aspautasetextospassaram

discussões muitas vezes

divergentes.

Foram

lapidadas

commuitosolhares.

Oresultado éa mesmamiscelânea de

temas,commais

profundidade

e com a

abrangência

que

extrapola

oslimites daUFSCede

Florianópolis.

São futuros

jornalistas

que dis­

cutem a

polêmica

lei que

propõe

a

regulamentação

da mídia no Brasil.

Aindana

área,

háumaentrevistacom o

jornalista

Paulo

Markun,

quenaba­ gagem acumulaa

atuação

durante a

Ditadura Militare10anos afrente do

programaRodaViva. Aos

repórteres

do

Zero,

Markuncomenta seunovotra­

balho: entrevistas apersonagens que

morreram.

Além

disso,

como

jovens

quefazem

parteda

geração

que

acompanhou

a

evolução

da internet, outra reporta­

gemabordaoMarco

Civil,

projeto

que

regulamenta

o acesso àinternet,

cuja

votação

foi adiada

pelos parlamenta­

res.

Como a

regulamentação

da mí­

dia ou o Marco

Civil,

a reportagem

de capatambém refleteoutro aspecto

importante

da

profissão:

o

papel

social do

jornalismo.

A discussão sobre os

'loucos

infratores',

pessoascomtrans­ tornosmentaisquecometeram

crimes,

ganha

diversas facetas. Durante mais

deum

século,

os

pacientes

ficaramnos

hospitais

de

custódia,

mantidos

pelo

sistema

judiciário. Atualmente,

ajusti­

çae aSaúde reconhecemquesetrata

deum

problema

de saúde

pública,

mas os

projetos

caminhamapassoslentos

parasolucionaro

impasse. Enquanto

isso, 'loucos' como

Rogério

estão há décadasnos

hospitais

e

enfrentam,

até

mesmo,odesafio denãoserem

acolhi-dos

pela

famílianovamente.

Omesmo

impasse

é vivido

pelos

os

usuários de crack da

capital

catarinen­ se, queaumentaacada diaefazcom

queosgovernosse unampara buscar

soluções,

como demonstra outra re­

portagem.

O leitor do Zero também vai en­

contrar temas como o aumento no

número

jovens

que escolhem ovege­

tarianismocomo

opção

de

vida,

além

deumesportechamado Roller

Derby,

predominantemente feminino,

que

já'

temdoistimesemSanta Catarina.

Aomesmotempo,osdesafios dare­

portagemforam

experimentados pelos

alunos atémesmo em

Brasília,

ondea

repórter

doZero

acompanhou

aConfe­

rênciade

Promoção

de

Igualdade

Ra­

cial,

entreosdias 5e7 de

novembro,

para

abordar,

entre outrostemas,adis­

cussãosobrea

criação

demovimentos

de

igualdade

racialparamulheres.E muitomais. Boaleitura!

OPINIÃO

ONDE o LEITOR TEM VOZ

PARTICIPEI

Mandecríticas, sugestõese comentários

E-mall-zeroufsc@gmail.com Telefone

-(48}

3721-4833 twitter- @zeroufsc Cartas -DepartamentodeJornalismo

CentrodeComunicaçãoeExpressão

UFSC- Trindade

Florianópolis(SC)

CEP:88040-900

Depois

detersido

repórter-aluno

eeditor-colabora­ dor doZero"continuei leitor assíduo. Tendo feitoparte da

produção

internamentee

compreendendo

as nuan­ cesdo processo,

desejo longa

vidaao

jornal

e

capacidade

de

aprendizado

aos

repórteres-alunos

de

hoje

edos

pró­

ximossemestres

Victor

Hugo

Bittencourt

---..__'"

DMISUtlSfulAN

l.ucio BAGGIO

\

!

I

I

Faltou

um

pouco mais de

atenção

Comecemos

pelas

boas

notícias,

o

professor

Ângelo

Ribeiroserecu­

pera bem do

acidente,

mantendoum

acompanhamento

constante

daslesões etratando-se apenascom

analgésicos.

Inicio falando denosso

colega

de

cadeira,

pois

devemos

grande

partedoêxitode

nossas

edições

àestrutura

pensada

poreleque,mesmo em sua

ausência,

permitiu

quemantivéssemosa

orientação

constante.

Obrigado,

amigo.

isso mesmo,

leitor,

atéafastamento de

professor

por acidentetivemosnestes

últimosmeses.

para

explicar melhor, pela disciplina,

nestesemestre,passaram qua­

tro

professores

diferentes.

Convenhamos,

nãohácronograma quese sus­

tente.Comtodosossobressaltosé

compreensível

que

alguns

elos dacorren­

tesepercamou

fiquem

frouxos duranteoprocesso.

É

oargumentono caso

do

lapso

maismarcanteda última

edição:

o"Tiro

Sportivo"

quefoi

impres­

so nacartola da chamada de capa.Esseserrinhos de

digitação,

oudefalta de

atenção

mesmo,se

repetiram

emboapartedas

páginas,

demonstrando

descuidonarevisãoe na

edição.

Nohall deerros,

podemos

colocarafalta de uma

legenda

na

página

dezeoutrasquenãoidentificamospersonagens, outrazem

informações

óbviaseque nãocolaboramparaaimersãodo lei­

tornaspautastrabalhadas.

Apesar

disso,

sobreaspautas,aqueressaltar a

qualidade

dos

enquadramentos sugeridos

e a

execução

de várias delas.

Foi

apostando

emmaisuma

sugestão

donosso

colega

Ângelo

quecon­

seguimos

nossa

principal

chamada decapa,sobreavida dos feirantes que

trabalhamno

Largo

da

Alfândega.

Umtrabalho de

fôlego

denossas aca­

dêmicas que ressaltamo

papel

do

repórter

eda

urgência

em serepensar o

objetivo

detextos

publicados

nessesubestimadosuporte.Observandoo

conjunto

daspautasda

edição,

elas demonstramumrefinadosensoderes­

ponsabilidade social,

abordandotemasquevãodasdificuldades da

jornada

acadêmica, passando

portextosque são

praticamente

umacrônica doco­

tidiano,

abordandotemasde relevância"eco-nômica"e

social,

para

chegar

aassuntosque revelamcontrastesdeuma

potência energética

queainda

impede

odesenvolvimento

pleno

desuas

crianças.

Gostariade discutirnesteespaçouma

contradição

que, paramim,a

cada dia ficamais evidente. Atualmentevivemosem um ambientecom

alta densidade de

informação

e a

riqueza

desta

significa

aescassez

daqui­

lo que elaconsome: a

atenção

da audiência.Noinício da décadade 70

pesquisadores já

identificavamessatendência

pela especialização

cadavez

maiordos

produtos disponíveis

nomercadoeditorial.Comocrescimento

exponencial

dosmeios

digitais

de

compartilhamento

de dadosessa

situação

beiraainsanidadecom ovolume de

informações geradas multiplicando­

-se em

lapsos

detempocadavez menores.

Conseguir

atraira

atenção

para um

produto

queainda

suja

osdedosao sermanuseado pareceumatarefa hercúlea.Umadas alternativas énosservimosde técnicas de

composição

queapresentemoconteúdo

jornalístico

deumaformaa

aproveitar scripts

mentaisque auxiliama

cognição

atravésda

apresentação

gráfica,

Tivemosbonsavançosem

relação

à

primeira

edição

em setratando do

apelo imagético representado pela seleção

das

fotografias.

Frutoda

especia­

lização

deumaeditoriade

fotografia.

Porémtemosum

longo

caminhoa

percorrernoquesetratada

apresentação

dosdadose

informações

emcom­

posições

infográficas

oude

visualização.

Sãonesseselementosque

podemos

aproveitar

paracapturara

atenção

do leitoreforneceruma

informação

útil

eque

favoreça

acidadania.

LucioBaggio,professordadisciplinadeEdiçãoIIeresponsáveleditorialpelojornallabo­ ratórioZero.

zlilo

JORNAL

LABORATÓRIO

ZEROAno XXXII - N° 5

-setembro de 2013 REPORTAGEM Ana Luísa Funchal, Andressa Prates, Artur Felipe Figueira, Bárbara Cardozo, Beatriz Carrer,

Bruna Andrade, Daniel Lemes, Emanuelle Nunes, Fernanda Costa, Rávio Crispim, luri Barcellos, Jéssica Sant'Ana, João Paulo Fernandes, Karine Lucinda, Luiza Lobo, Maria LuizaBuriham, MarianneTernes, MarniaQuezado,NatáliaPilati,Natália Porto,Patrícia Cim,PatriciaPamplona,Patricia Siqueira,RicardoPessetti, RosângelaMenezes,Sophia

Rischbieter,Taynara Macedo,ThaísJordão,Vanessa Farias

EDiÇÃO

AnaCarolinaCerqueira,AnaLuísaFunchal,RavioCrispim,João PauloFernandes,JuliaLindner,Lilian Koyama,

Mariana Petry, Natália Pilati, NicolasQuadro,Patricia Siqueira,Stefanie Damázio,Thayse Stein

PROFESSORES-RESPONSÁVEIS

Ângelo

Augusto Ribeiro,Géssica Valentini, Lucio

Beggio

MONIT()RIA

Ana PaulaMendes,Julia

Ayres

IMPRESSÃO

Gráfica GrafinorteTIRAGEM5 milexemplares

DISTRIBUIÇÃO

NacionalFECHAMENTO25de setembro

MelhorJornallaboratório

-I. PrêmioFoca Sindicato dosJornalistasdeSC 2000

30 melhorJornal-Laboratório doBrasil EXPOCOM 1994

���

....�

MelhorPeçaGráficaSet UniversitárioI PUC-RS1988, 1989,1990, 1991, 1992 e 1998

ZERO,

dezembro de 2013

(3)

+-i­

+1-£ocriação

vira

estratégia

de

negó-cio

Objetivo

é

engajar

funcionários,

clientes

e

fornecedores

em

busca

de

soluções conjuntas

As

organizações

valorizam

pessoas que possuem habi­

lidades

interpessoais,

que conseguem trabalhar em

grupos, como

explica

a consultora

Deborah

Riggenbach:

"As pessoas devem saber trabalhar no coletivo.

Comoumaideia vinda deumaúnica

pessoa,sem

interação

com asdemais

para

compartilhamento

de

opiniões,

pode

ser considerada um

sucesso?",

questiona.

O

Google

Brasil reuniu em um

auditório mais de 100

empresários

com apenas um

objetivo:

cocriar. A

Agência

Cocriação,

de São

Paulo,

foi

a

responsável

por

organizar

o even­

toe odiretorFrancisco

Albuquerque

explica

que o

objetivo

eraencontrar

soluções

para desenvolver o Goo­

gle

Business

Group,

comunidade de voluntários que

deseja adquirir

e

compartilhar

conhecimento sobreas

ferramentas do

Google.

Otermo

cocriação

começouaser

usado em

2004,

com o

lançamento

do livro "OFuturo da

Competição",

escrito

pelos professores

C. K.Praha­ ladeVenkat

Ramaswamy.

Francisco

Albuquerque

esclareceque"acoeria­

ção

conceitualmentesedá

quando

a

empresa consegue trazer seus fun­

cionários,

clientes e fornecedores

para pensarem em

soluções

juntos.

Na

prática

isso acontece, porexem­

plo,

nodesenvolvimento de

produtos,

serviços,

estratégias

de

negócio".

Em

Florianópolis,

o Instituto Comunitário Grande

Florianópolis

usa a

metodologia

com

frequência

para desenvolvernovasideias.Bruno

Evangelista,

assistente de

coordena-BrunoEvangelista usa metodologiadecocriaçãoemdinãmicarealizada comgrupoda AiesecFlorianópolis

ção

doICOM,acreditaqueacoeria­

ção

se resume em

abundância,

por

reunir muitaspessoas em um mes­ molocal

pensando

em um

objetivo.

"Existe uma variedade de ideias e

issofazcomque

surja

umacolabora­

ção. É

ouso da

inteligência coletiva,

juntar

em uma mesmadiscussãoin­

divíduoscom

expertises

diferentes".

A dinâmica da

cocriação

é es­

truturada através de

ferramentas,

o

que adifere deuma discussão con­

vencional em que não existe uma

metodologia específica. Albuquerque

destacaquehá todoumcontextoque

distingue

a

cocriação

deumadiscus­

sãoaberta.

"É preciso

entendero am­

bienteemquevocê está

trabalhando,

o desafio

estratégico

da atividade e

quais

pessoas você irá selecionar. Existeaindao

mediador,

que

precisa

entendercomofuncionaráo proces­ so eéo

responsável

porconduziras

atividades".

O Seminário Social Good Brasil

2013.foirealizadoemSão

Paulo,

no

dia 24 de

setembro,

com o

objetivo

de discutir o uso de

tecnologias

na

solução

de

problemas

sociais. Bruno

Evangelista

conta que "oevento foi construído através deumadinâmica

de

cocriação.

Nóschamamosum me­

diador deSão Pauloe

juntamos

em umasalaos colaboradores doICOM

e os

parceiros

do evento. Definir o

evento usando a

metodologia

fez comquetodossesentissempartedo Social Good Brasil".

A

metodologia

da

cocriação

é mais

ampla

evaialém do desenvolvi­

mentode ideias.Nocasoda

Agência

Cocriação,

Francisco

Albuquerque

explica

quea

principal

demanda das

organizações

éparaa

criação

de cul­

tura de

inovação

e criatividade em

mercados

competitivos.

"Isso porque

asempresas

precisam

inovarcom ra­

pidez

e a

cocriação

éumaaliada para a

aprendizagem

dos funcionários".

Durante o processo de coeria­

ção

vocênãoé dono desuas ideias.

Bruno,do

ICOM,

fala que "é

preciso

desapegar,

tudo é direcionado ao

propósito,

ao

objetivo

que o grupo

busca,

é realmente uma

mudança

de modelo mental". Poressemotivo, o alinhamento antes da atividade é

Comunidade

traz

benefício

a

pessoas

e

projetos

O

Vilaj Coworking,

em Floria­

nópolis, completou

recentemente

dois anos de existência e utiliza a

cocriação

para

planejar

suas estra­

tégias.

Asócia do

Vilaj

Renata Mi­ guez

explica:

"dentro desse tempo

nós evoluímos muito, entendemos melhoro que

poderiaser

umespa­

ço de

coworking

e

compreendemos

mais claramente o que fazemos.

Hoje,

nós transcendemosaideiade

serapenasumlocal de

coworking

e

focamosnofato desermos umlocal de acolhimento e desenvolvimento

depessoase

projetos".

O termo

coworking

foi criado parBernie

Dekoven,

em 1999,para

descreverum

tipo

de trabalho cola­

borativo

suportado pelas

novastec­

nologias.

Brad

Neuberg,

cinco anos

mais

tarde,

criou a Hat

Factory,

-l'�

f

mentofoi

cocriado,

do

Vilaj

convidamosparao anoosde 2013

pareei­

f

ros,

amigos

para discutiro

propósito

I � da empresa.Nãofaria sentido

discu-'"

tirmos apenasentreos

funcionários,

porquesomos umacomunidade."

A

principal

motivação

paraacon­

tecera

cocriação

no

Vilaj

éque "não

queremos queoqueagentefaz

seja

só uma visão nossa

(dos

sócios),

queremos que

seja

algo

construído

coletivamente,

com acomunidade".

Renatalembraque paratersucesso na

utilização

da

metodologia

épre­ cisotermuitoclaro

qual

o

propósi­

to da

cocriação,

"porque

você está convidando pessoas para discutirem coni você.

É

necessário que exista

umsistema

ganha-ganha.

Acomu­

nidade

precisa

sebeneficiar de

algu­

maforma por contribuir".

�-Encontro decocriaçãopara o planejamentoanual doVilaj Coworking

em São Francisco, um apartamen­

to onde residiam três

profissionais

da área de

tecnologia

que abriam

o local durante o dia para outras

pessoas que

desejassem

trabalhar

e

interagir

com eles. Daíem dian­

teoconceito de espaço de trabalho

compartilhado ganhou força

e se

disseminou

pelo

mundo. Existem

hoje

noBrasilmaisde100locais de

coworking.

A

cocriação

no

Vilaj

aconteceem

dois momentos,

segundo

Renata Mi­

guez.

Quando

as pessoas estão tra­

balhando no espaço, momento em

que elastrocam ideias e

comparti­

lham

sugestões,

eentre a

equipe

da empresa mesmo. "Todo o

planeja-fundamental,

todos

precisam

enten­

der

qual

omotivodeestaremali.

O

design

thinking

é usadocomo

base da

metodologia,

é uma ferra­

;g mentaque funciona para

a

solução

'?

de

problemas

complexos.

Francisco

f

Albuquerque

acrescenta, "na

Agência

trabalhamos sabendo que

cocriação

tem

início,

meioefim.

Aplicamos

téc­

nicas durante oprocesso de acordo com oquedefinimosnoinício".

Aescolha

daqueles

queirãopar­

ticipar

da

cocriação

é

estratégica.

O

diretor da

Agência

explica

quenem

sempre

a

organização

que busca as.

soluções

participa.

Muitas vezes as

informações

sãolevadaspara grupos

multidisciplinares.

"A escolha dos

participantes é,

portanto,fundamen­

tal,

eles

precisam

virde'áreasdiferen­

tespara agregarnaatividade."

Quanto

aomercadoe a

receptivi-dade das

organizações

paraameto­

dologia,

aindamuitonova.Francisco

enfatiza que "a

cocriação

sófunciona

em ambientes que estão

dispostos

a

inovareabertosa

mudanças.

A

Agên­

cia existehá doisanos e nessetempo

percebemos

um amadurecimento

do mercado. A

inovação

está sendo super discutida e o conceito de de­

sign

thinking

passou porurnboom."

Bruno,doICOM,acrescentaque"em

nosso dia-a-diao que vemos muito

é uma escassezde

ideias,

porque as

pessoas pensam de maneira muito

isolada,

oque

impulsiona

umagran­

de

competitividade.

A

cocriação

pode

justamente

ser umasaídapara isso". SophiaRischbieter

sophia@rischbieter.com.br

Cocriação

-USO da

inteligên­

cia coletiva parasolucionar

problemas

edesenvolver

planejamentos. Colaboradores,

fornecedores,

consumidores eoutrosinteressados são convidadospara discussões

estratégicas

Coworking

-Localemque

profissionais

de diferentes áre­ as

compartilham

seuespaço embuscadeumambiente

paratrabalhar,criarepensar. Pela diversidadede

experiên­

cias e a

proximidade,

aspes­ soasacabam trocando ideias ecriando redes decontato

ZERO.

dezembro de2011

Produção: Felipe FigueiraIEdição:PatriciaSiqueiraIDesign: Felipe Figueira

(4)

Desafiado

a

unir

jornalismo

e

ficção

Paulo Markun realiza

pesquisa

histórica

para

entrevistar

personagens

que

estão mortos

Detemo

e gravata e com roteiro deperguntas bem estudadas em

mãos,o

repórter

estavaprontoparaentrevistaraícone daGuerrada

Farroupilha,

AnitaGaribaldi. O

jornalista

eescritorPaulo Markun

trouxeaheroína de voltaaSanta

Catarina,

abordandoosdetalhes �

.�

reaissobreahistória da

mulher,

em umapeça teatral.No

projeto

"Retrovisor",

Markun

ultrapassa

afronteira do reale da

ficção

para criarumtalk

show,

&

uma conversa compersonagens históricos do

Brasil,

que

hoje

permanecem vivosnoslivrosou nastelas.

Depois

de trabalharcomo

repórter

e

apresentador

dos

principais

veículos de

comunicação

do

país,

Markun

adquiriu experiência

em entrevista no

comando do programa "RodaViva",daTV

Cultura,

durante dezanos

-entre

1998e2008.

Agora,

elesededicaa

produção

de peças,

documentários,

séries e

livros,

sendo destacadocomofinalista do Prêmio

Jabuti

com aobra "Anita

Garibaldi:umaheroína brasileira".

Após

a

apresentação

quefezem

Florianópolis,

junto

aatriz Lucienne

Guedes,

Markun concedeu estaentrevista aoZeroefalou sobre odebate da

publicação

de

biografias

não

autorizadas,

fez uma análise da atual cobertura

jornalística

da

política

brasileira e também contou sobre o

programa

"Retrovisor",

que serátransmitido em 13

episódios

no

Canal

Brasil,

emmarçode

2014,

cadaumcom uma

personalidade

diferente.

11

Zero: Como

surgiu

aideia derea­

lizaro

projeto

Retrovisor?

Paulo Markun- Aideia

surgiu

por­

que eu estava atrásde umformato

deprograma que

contemplasse

alei

quegaranteespaço paraa

produção

brasileira na TV a cabo. E essa lei

não

permite

que

seja

umprograma

de

jornalismo.

Entãose eufizesseum

programa de entrevistascomperso­

nagens reais nãoatenderiaalei.De

repente,eu medeicontade queen­

trevistarpersonagens

históricos,

mas

que

morreram,atendiaaissoe ao mesmotempomecolocava fazendoo

queeuseifazer deum

jeito

diferente.

Asementedessaideiatema ver com uma

experiência

queeufizem2000,

que foi um documentário chamado

AI-5

-O dia que não existiu. Esse documentárioésobreasessãoda câ­

merados

deputados

emque ospar­

lamentares negaram a

licença

para

processar o então

deputado

Mareio Moreira Alves e que acabou dando

do AI-S.Eu

queria.produzir

essedo­

cumentário,

mas asatasdessasessão

desapareceram,

porque foram con­

fiscadas

pelo

Ministério da

Justiça

e

passaram muitosanos

desaparecidas.

Nãofoi

publicado

oDiário

Oficial,

ele

não circulou e, portanto, se

perdeu

o resgate

daquela história, daquele

momento.E eu decidireconstituira

sessão da câmara com atores inter­

pretando

os

deputados. Depois

disso

eufiz tambémoutrasériequechama 'Autor porautor', que são atoresin­

terpretando

textosda

Lygia

Fagundes

Telles,

do

João

Ubaldo Ribeiro. Aos

poucos eu fui entrando nesse cam­

po da

dramaturgia

eda

ficção,

mas

semprecom um

no

jornalismo

e na

pesquisa

histórica.

Depois

de ter

tidoaideiaeutambémmedeiconta

queesseéumformatoque existeno

mundointeiro. A Guerrados Mundos

I.

"Nesse

projeto

nos

baseamos

rigorosamente

naquilo

que

foi

publicado"

éisso,Meia-NoiteemParis doWoo­

dy

Allené isso. Temvários

exemplos.

Euradicalizeinosentidode fazerum

talk

show,

sem todosos

pendurica­

lhos que normalmente umtrabalho

como essetem.

o

Programa

Retrovisorfaz simu­

lações

deentrevistascompessoas

históricas que

faleceram.Como

garantir

queoque está sendore­

tratadona

simulação

tenhauma

bagagem

histórica

corresponden­

te à realidade? Vocês realmente buscamessaverdadeno discurso

ouhá muita

ficção?

PM - A

gentenuncavai reconstituir

arealidade talcomoelafoi.O quea

gente procura fazer é se basear em

documentos, livros,

pesquisas

ema­

terial de

época

que

permita

recons­

tituir a maneira de pensar do per­

sonagem.Não existe

documentação,

por

exemplo,

que

diga

queo

primeiro

marido de Anitabatia nelaou não,

entãotodaessahistória docasamen­

todelatemumpouco de

ficção.

Maso

fato équeela foi casadamuito

jovem

eabandonouessemaridopara viver com Garibaldi. Tem uma divisória

queagenteprocuranão

ultrapassar

que énão

mergulhar

100%na

ficção,

estar

apoiado naquilo

que tempes­

quisa

histórica consistente por trás.

E também não fazertão

rigorosa

a

reconstituição

que trave o ator. Por

exemplo,

namaneira de se expres­ sar na

linguagem

a nossaAnitafala

Markunéumjornalistaeatualmentesededicaàproduçãode peçasteatrais,documentários, livroseseriados

como umapessoado séculoXX,mas nocontextodo séculoXIX.Seela fos­

sefalarcomo umamulher do século

XIX,

precisaria

detextosno

telepromp­

terou

precisaria

decorar.

Jamais

teria

essa

naturalidade,

principalmente

em umaentrevistacomoessa, que

exige

improvisação.

Então é uma fórmula

híbrida,

mas que eu acho que fun­

ciona, porque transmite o mínimo

de

informação

necessária para queas

pessoasseinteressemepassemaco­

nhecermelhoropersonagem.

Os atores têm liberdade em suas

respostasou

têmumafalaa ser

seguida?

PM - Eles têm certa

liberdade,

mas

baseada num material de

pesquisa

e numapautade perguntas,porque eu

não

posso'

colocá-losnumasaia

justa.

Além

disso,

muitasvezes osdados histo­

ríográficos

estãonasminhasperguntas enãonasrespostasdosatores.As

datas,

os nomes, essas coisas todas. Isso dá

maisliberdadeparaqueoatorrespon­

daoquesepassoucom as

palavras dele,

não

rigorosamente

em cima de um

textopronto.

Quando algum

engano é

cometido,

nós

corrigimos

paraa

próxi­

ma

apresentação.

Iudo éumprocesso

que está sendo

desenvolvido,

inclusive de como fazer essa

pesquisa,

porque

nãoé

simples.

Sevocê dermuitoma­

terial paraoator,elese

perde.

Sevocê der pouco material paraoator,elenão conseguedesenvolver.Temque dar tudo

meio

mastigado,

mas ao mesmotempo com a

possibilidade

de ele

personificar

essa

figura

no

palco

porumahora.

(5)

Quanto

tempo levou para esse

projeto

ficar

pronto?

PM- O

projeto

começouemoutubro do ano

passado

ecomeçamosagra­ var emagostodesteano,semprecom

15 dias de intervalo entreum perso­

nagemeoutro.Entãoesseéotempo

quetemospara desenvolvera

pesqui­

sa sobre um personagem. Estamos

achando um

jeito

de resolvernessa

velocidade,

queé fundamentalpara

produzir

séries televisivas com os recursos que estãono mercado.Não

ternos uma

grande reconstituição,

é realmenteumtalk show.

Comofoi a escolha dos persona­

gens?

PM

-Oelencoseestende aCláudio Manoel da

Costa,

Frei

Caneca,

Ba­ rão de

Mauá, José

do

Patrocínio,

Luís

Gama,

Euclides da

Cunha,

João

Cândido,

Luís Carlos

Prestes,

Mario

eOswald de

Andrade,

MariaLacerda

Moura,MonteiroLobatoePlínio Sal­

gado,

além daAnitaGaribaldi.Eufiz

na

primeira

sérieuma

espécie

de

pot­

-pourri

de

figuras

quetema ver com

momentos históricos que acontece­

ramhámaisde 70anos,

pela

questão

dos direitosautoraiseportodaessa

polêmica

sobre as

biografias.

Optei

tambémporpersonagens que de al­ guma forma percorremumterritório

de várias

ideologias,

classes sociais,

etnias. Entãohá personagens quese

ligam

ao

abolicionismo,

integralis­

mo,

comunismo,

feminismo,

Revo­

lução

Farroupilha,

Canudos,

Semana

deArteModema de

1922,

o

Império,

oBarãode Mauá.Buscotambém per­

sonagensquenão são tãoconhecidos

assim. Nãotem oDomPedroI,oti­

radentes,

oGetúlio

Vargas

de

propó­

sito.

Porque

euacho queaspessoas

temumaideiamaisoumenosdefini­ da desses personagens.

Você

escreveu diversos

livros,

a maioria de caráter

biográfico.

Qual

asua

opinião

sobrea

polê­

micada

publicação

de

biografias

nãoautorizadas?

PM - Eu

acho que a

polêmica

foi boa para a

sociedade,

embora

seja

injustificável

tanta

fumaça

emtomo

doassunto. Nãofazo menorsentido

você querer estabelecer uma

lei,

tal como aque existe

hoje.

Aleiexiste, estáem

vigor,

éo

Código

Civil.Eele

impede

através de uma frase sobre

,fins

comerciais,

que, por

exemplo,

tudo issoque agentefezno

espetá­

culo

seja veiculado,

se

algum

des­ cendente de Anita Garibaldi ou de

qualquer

personagem se opuser: E

portantovocênão vaiconhecerahis­

tóriado Brasil. E isso nãoé

questão

de invadira

privacidade

ou

não,

isso

éfecharahistória do Brasil.Maseu

tenho certezade queem

função

da

polêmica

quefoi criada

pelo

envolvi­

mento destes artistas renomadosno

processo,vaifazer comque atanto

Câmarados

Deputados

e o

Supremo

resolvam o

problema.

O

projeto

de

lei

estálá.Aspessoas falammuita

besteira sobreo assunto também.A

primeira

delas é de queum

biógrafo

ficaricoescrevendo

biografias,

oque

nãoéverdade.Esse éum

gênero

mui­

to

trabalhoso,

que noBrasil paga-se

muito pouco porele.O queeu

ganhei

com assete

edições

do livro daAnita,

nãopagaotempo queeu trabalhei

para fazer. E ainda há outros livros quesão

publicados

apenasumaedi­

ção.

Algum

familiar de

algum

dos personagens abordados

veio

conversar comvocê?

PM

-Até agoranãoeeuespero que eles nãovenham.Afilha do Plínio

Salgado

e a do Luis Carlos Prestes

vieram

ajudar

com

material,

o que é

legal.

Mas apressa

imagi­

nar que

conseguirá

bloquear

uma

produção

é um contra-senso. Nes­

se

projeto,

estamos nos baseando

rigorosamente

naquilo

que

foi

publicado

sobreoassunto e noque

tem densidade histórica. Eu não

vou perguntar para o Euclides da

Cunhase amulher deleotraíaou

não. Não é essa a

questão

relevan­

te.Comessepersonagem,vou falar

sobreo

episódio

quando

ele estava

noacampamentodo

Exército,

dian­

te de

Canudos,

umpouco antes da últimainvasão. Parafazer

isso,

eu

tenho como referência o material

que oEuclides da Cunha

produziu

para o

jornal

O Estado de S. Pau­

lo,

como

correspondente,

fora todo omaterial que estáem Os Sertões. Então é umamaneira de

personi­

ficaro que ele

próprio

escreveu. O

principal

objetivo

do

projeto

não é

o

comercial,

emboraevidentemente

que as pessoas que trabalham são

pagas para fazerisso.

Ninguém

está vivendo da fama deste personagem.

Como o senhor analisa a atual cobertura

jornalística

da

políti­

cabrasileira?

PM

-O

jornalismo

político

de

hoje

é

declaratório,

no sentido de que

vive muitodafofocaeda

briga

en­

tre os

partidos

por

questões

meno­ res.

Questões

importantes

como o

Marco Civil da

internet,

ou o fato

de o estado de Santa Catarina só

ter 10% do esgoto

tratado,

não são

discutidas. Essas

questões

o

jorna­

lismo

político

não

cobre,

mas sim

se a Dilma deu bronca nos Minis­

tros na reunião, se elavai passear

de moto ou não, a

relação política

entre Eduardo

Campos

e Marina

Silva. Acredito que esse

tipo

deco­

berturaé muito

superficial,

até por­

queopesodos veículos tradicionais

estádiminuindo.Omelhor

exemplo

dissosãoas

manifestações

de

julho:

ninguém

identificou de onde elas

começaram, nem o que realmente

aconteceu. O que estavam fazendo

aquelas

pessoasnarua? Sehavia al­

guém

por trás

daquilo ali,

comoisso

surgiu

e

desapareceu

de

repente?

nha

carreira,

eutivemeutrabalho como

jornalista

e como cidadão de forma mais

completa.

Quando

a gente criou a Revista

Imprensa,

por

exemplo,

foi uma

experiência

super

legal.

A Revista

Radar,

que

fechou com oito meses também

teveos seusmomentosde

criação.

sãodo dia-a-diae o

jornalismo

do

dia-a-dia é absolutamente massa­

crante, porque você vive a notícia

24 horas por dia. Tem gente que

vibra porestarno

lugar

emquees­

tão acontecendo as

coisas,

eu não

tenho essa

agonia.

Até

participei,

cobri coisas

importantes,

mas não

é o que me move. E o Roda Viva, como era

semanal,

davaumoutro

ritmo. E também demandavauma

pesquisa,

um

estudo,

um

aprofun­

damento sobre

aquele

tema. Esse

projeto "Retrovisor",

mais

ainda,

porquea

pesquisa precisa

sermui­

to mais

aprofundada,

ainda que

seja

só sobre um personagem ou um

episódio.

Você

trabalhou com

pratica­

mente todos os meios

jornalís­

ticos:

jornal

impresso, revista,

televisão,

internet e documen­

tário.Em

qual

deles vocêsentiu

que a sua

função

como

jorna­

lista e como cidadão foi mais

completa?

PM - Eu

acho que

pode

ser em

qualquer

um

deles,

depende

de como você se

engaja.

Eu

traba­ lhei em

lugar

que eu era empre­

gado,

no sentido de que eu ia

lá,

cumpria

minha

função,

recebia o

salário no fim do mês e ia embo­

raparaa casacuidar da vida. Esse nãoéomelhor caminho para que

você tenha prazer

pelo

que faz. Acho que dá paraser

empregado

e

fazerascoisascom

empenho.

Mas,

às vezes, você está em um

lugar

emque você não está feliz. Eu fui âncorado

SPTV,

que éo

telejornal

local da Globo em São Paulo. De­ testeie

pedi

demissão,

porquenão

era aminha

praia,

nãofuncionava

eu fazer

aquele papel

do locutor.

Na

época,

o modelo do SPTV não

era

igualo

de

hoje,

e eratão qua­

dradoo

papel

do

apresentador

que

eunãomesentia à

vontade,

ainda quetivesseumaaudiênciaenorme.

Mas, em vários momentosda

mi-ZERO.

dezembro de 2013

Intelectualtambémfalou sobrea polêmicadasbiografias,coberturajornalísticaeseuspróximosprojetos

E

qual

será o seu

próximo

pro­

jeto?

PM - Eu

entreguei

ontem uma

série pro SESC TV, que são trezes

documentários e a gente

está

acertando de fazeruma novasérie

sobre

arquitetura,

mas uma série

que vaiterna cena ainternet,para

que os internautas possam

parti­

cipar

da

produção,

da escolha dos

temas e da

indicação

dos

lugares

a serem filmados. E na

segunda­

-feira

(4/11),

eu

entreguei

dois volumes da história da

ditadura,

maisdenovecentas

páginas.

Quero

agora fazer um documentário. Eu

tenho 70 horas

gravadas

sobre

as "Diretas

Já".

Evoucomeçarum novolivro sobreosdocumentosse­

cretosda ditadura. E,

claro,

tema

continuação

do

projeto

do "Retro­

visor".

Comofoi trabalharcomo

jorna­

lista duranteaditadura?

PM

-Foi muitoruim, porque você

não

podia

fazerascoisas, e opou­ coqueera

feito,

nãomudava nada.

Primeiro,

nem todos resistiam à

censura.

Segundo, aqueles

que re­

sistiam não acrescentavam muita coisa. A gente tentava exercer a nossa

profissão,

mas não tinha

charme,

não tinha graça nisso. Isso

pode

ser divertido contar de­

pois,

mas não tinha nada de tão

heróico.

Beatriz Carrer

beacarrer@gmail.com

Jésslca Sant'Ana jessicasantana06@hotmail.com Maria Lulza Buriham

marialuizaburiham@gmail.com

"Foi muito

difícil

trabalhar

na

ditadura,

mas

não

tinha nada

de

tão

heróico"

o que acha que aconteceu em

relação

às

manifestações?

PM - Nãotenho

amenorideia. Eu

fiquei

muito surpreso. Nós estáva­

mos

viajando

para Ouro

Preto,

em

gravações

por

lá,

epegamosconges­

tionamentoem umaestrada distan­

te da

capital.

Era uma manifesta­

.ção

que estava

parando

o

trânsito,

em uma pequena cidade de Minas Gerais. Eu nãoentendioqueacon­

teceu de

fato,

quem

fez, qual

era o

intuito. Mas aconteceu,

naquele

dia. Foi uma

espécie

de manifesta­

ção

espontânea,

pelas

maisvariadas

questões.

Eu acho que atrás disso existegente

querendo

se

aproveitar

da

circunstância,

e não sei direito realmenteo

porquê.

Realmentenão

sei,não é

fugir

dapergunta.

Durantemuitosanosvocêficou

no comando deumdos progra­ masmais

respeitados

da televi­

são: oRoda

Viva,

umprograma

de entrevista.

Qual

a

importân­

ciavocê vênesse

gênero?

PM -

É

super

importante,

mas é umapena quesetenha poucos pro­

gramas desse

tipo

e normalmente

sónasemissoras

públicas.

Nenhum

outro programadeentrevistacon­

seguiu

mantera

significação

queo

RodaVivatematé

hoje.

E é muito

difícilque issoaconteça,porqueas

TVsbuscama

audiência,

têm uma

lógica

de mercadomuitoforte. Você acha que trabalhar 10

anos no Roda Viva o

ajudou

a

montaro

projeto

"Retrovisor"?

PM - Semdúvidas.Euera

repórter

do

Jornal Nacional,

fazia

televi-Produção:Jéssica Sant'AanaIEdição:PatriciaSiqueiraIDesign:Natália Porto

(6)

Regras

para

mídia

ainda

sãe

tabu

Aprovação

da

Ley

de Medios

na

Argentina

expõe

motivos da

restrição

do debate sobre

o

tema

no

Brasil

Após

quatro anos de

brigas

judiciais

entre o governo de

Cristina Kirchner e o

Grupo

Clarín,

a

Suprema

Cortear­

gentina

endossou,

na

primeira

semana

de

novembro,

otexto

integral

da

Ley

de

Medias,

ao

julgar

constitucionais

os quatro

artigos

-41, 45,

48 e 161

- contestados

pela holding.

Adecisão

obriga

os

grandes

grupos dosetora se

desfazerem departedeseusativos para

respeitar

amargem de 24

licenças

de

TVacaboe10 para TVabertae

impe­

demqueumaempresa de mídia tenha

simultaneamenteumcanalpagoe ou­

trodeTVabertana mesmapraça. Para o

Clarín,

isso

significa

livrar-se demais

de 70% deseuscanais porassinatura,

além de vender várias desuasempre­ sas.

Apesar

da nova lei ter aproposta

de democratizar a mídia através de uma divisão mais

equitativa

e social doespectro

eletromagnético,

intervalo das

frequências

ondese propagamas

ondas de rádioeTv,há quem defenda

quea normaéautoritáriaeferealiber­

dade de

expressão.

Umadasvozesmais

expressivas

deste contra-argumento

noBrasil éo

Grupo Globo,

que,como seu

equivalente

argentino,

abocanhaa

maiorfatia do mercado decomunica­

ção

eletrônicano

país.

Aideia manifes­ tada

pelos

veículos daemissoraé quea

regulamentação

éum

golpe

aoClarín,

Logo

após

a

aprovação

da lei

pela

Corte

Suprema

da

Argentina,

uma re­

portagemdo

Jornal

Nacional,

da

edição

do dia29de

outubro,

diz queadecisão

é uma vitória para aCasa Rosadae

"vai

conseguir

limitar drasticamente

otamanho dogrupo de

comunicação

[

...

]

umadaspoucasvozescríticasao

governo

[de

Cristina

Kirchner]."

O pre­

sidente da

Associação

Internacional de

Radiodifusão, ex-vice-presidente

dere­

lações

governamentais

do grupo

RBS,

Alexandre

Jobim, complementa,

decla­ radamentecontraaregra: "a leiquer

derrubar um suposto

oligopólio

de

alguns

grupos

independentes

que são

opositores

aogoverno

Kirchner,

e por

outroladoogoverno vaiestarfazendo

ummovimentocontráriode fazeruma

verdadeira

colonização,

mediantepu­ blicidadeoficialnosmeiosaliados".

Comumfaturamentoque

chega

a sertrêsvezesmaior queodo

Clarín,

na

cifra de

US$ 5,8

bilhõesaoano,o

impé­

riodas

Organizações

Globosoma,por

exemplo,

cinco emissoras

próprias

e

117 afiliadasnatelevisão

aberta,

10,4%

damaiorempresa de

telecomunicações

viacabo da AméricaLatina,a

NET,

7% daSKYe amaior

produtora

deconte­

údo destinado aTVpaga da América

Latina,

aGlobosat. Sendo

assim,

o

re-Jil

C

Projetode leifoideixadode lado para evitar embatecomempresasmidiáticasduranteogovernoLula

conhecimento da

legitimidade

dosar­

tigos

antimonopólicos

no

país

vizinho

representaumadasmaiores ameaças

aogrupo.

Para o

professor

de

Jornalismo

da Universidade Federal Fluminense

(UFF),

no Riode

Janeiro,

e autordos livros

Mídia,

Poder e

Contrapoder

e Vazei'Abertas da América latina, Dênis deMoraes,"a bateria de críticas

e

perseguições

aogoverno

Kirchner,

à Venezuelaedemais

países

que enfren­

tam o

problema,

é um

bloqueio

da

grande mídia,

quealém de

intencional,

é perversoe

antidemocrático,

porquea

maioriada

população

ainda

depende

dos

grandes

canais para se informar.

Com isso, as

campanhas [que

deba­

tema

regulamentacao

no

Brasil]

não conseguem

atingir

a

sociedade,

só os

formadores de

opinião".

Segundo ele,

osgovernos

argentino

e venezuelano

conseguiram

aprovar

leisquetratamdoassuntoporque as­

sumiram a

urgência

de enfrentar o

problema.

"[No Brasil]

háumafalta de

ação

e interesse

governamental

enor­ me parafazerpassar

pela

sociedade a

questão

darevisãoda lei decomunica­

ção

como

algo estratégico",

afirma.

A

pesquisa Democratização

da Mídia realizadaesteano

pela

Funda­

ção

PerseuAbramo realizou este ano

2400entrevistascombrasileiros de 16

anos oumais,cobrindoasáreasurba­

na erural de120

municípios

dascinco

macro-regiões

do

país.

Elamostrouque seteemcada dez brasileirosnãosabem

queasemissorasdeTVabertasãocon­

cessões

públicas.

Ainda

assim,

mesmo

que nãoentendam exatamentecomo

funcionaosistemadeconcessões,71% éafavor demaisregras paraaprogra­

mação

veiculadanaTV.

Natália Pilati

natt.ufsc@gmail.com

PatriciaPamplona

patipamplona3@gmail.com

Projetos

para

a

democratização

são

vetados

por

falta

de

interesse

O

Projeto

de Lei daMídia Democráticatraz33

artigos

para

regulamentar

o quefoi

estipulado pela Constituição

Federal de 1988. Confira abaixo

algumas

das

propostas:

1/3

dos canais de televisãoterrestre

erádioreservadosao sistema

público,

sendo

metade

àqueles

de caráter

associativo-com_unitário

Asemissoras mantidas ou vinculadasaoPoder Público devemtemum

órgão

curador.compostoem sua maioria

pela

sociedade civilpara

participar

das

discussõesedecisões, zelando

pela independência

editorial

Criação

do Fundo Nacional de

Comunicação

Pública para

garantir

o

flnancíamento

das emissoras

públicas,

composto,dentre outros,

por: verbasdoorçamento

público,

3% da receita de

publicidade

veiculadas

nasemissoras

privadas

e

doações

Os

artigos

14e 16 tratam dosmecanismos para

impedir

a

concentração

de

licenças.

Fica vetado:que

o mesmogrupode mídia possua maisdo que cinco emissoras 110

país

eque mantenhasimultaneamente na mesma localidade

uma

licença

para

explorar

serviços

de

comunicação,

se

explorar

outro

serviço

desse

tipo,

sefor empresa

jornalística

que

publique

jornal

diárioousemantiver

ações

com empresas do mesmo

tipo

Para obteras

licenças,

é

proibida

a

participação

acionária,

operação,

controle ouexercícioda

função

de

direçãoda

prestadora

por

parlamentares

oupessoas que obtêm foro

prívileglado

oudeseusparentesem

primeiro grau

Produção:João Paulo FernandesIEdição:AnaLuísa FunchalIDesign:PatriciaPamplona

Diversos

projetos

foram feitos

para

regulamentar

os

artigos

daCons­

tituição

Federal que dizem

respeito

à

comunicação.

O maisrecente, elabora­

do duranteogoverno

Lula,

mas, aca­

bou sendo deixado de lado paraevitar

oembatecom asempresas decomuni­

cação,

segundo

ocoordenador do cole­

tivode

comunicação

socialIntervozes, Pedro Ekman.

Em

2009,

entidades

congregadas

na

associação

civil,

Fórum Nacional

pela

Democratização

da

Comunicação

(FNDC),

apresentaram um

projeto

de lei deiniciativa

popular

paradarconti­

nuidadeapropostade

regulamentação.

O

Projeto

deLeida Mídia Democrática

tem 33

artigos

que tem como eixos

principais:

umadivisãomais

justa

das

licenças, espelhando-se

no casoargen­

tino,com umterçodelas reservadasao

sistema

público;

estimulara

produção

nacionale

regional;

eestendera

proi­

bição

de concessões não apenas para senadores e

deputados,

mas também

paraparentesde

primeiro

grau.

(Mais

informações

sobreo

projeto

noboxao

lado).

Ekman destaca que, para aregu­

lamentação

garantir

TVs e rádios in­

dependentes,

é

preciso

entenderqueo

espaço criadoparaelas é

público

enão

estatal.Outropontofundamentaléque

asdecisões do

quadro

diretivonão pas­ sem

pelo

alto escalão dogoverno. "As

TVserádios

públicas

têmqueserinde­

pendentes

tantoda

publicidade,

quanto do

governo",

afirma.

Parao

professor

de

Jornalismo

da

UFFDênis deMoraes,o

projeto

éum

ponto de

partida importante,

mas

precisa

ainda de

aprimoramentos.

Ele

explica

quena

Argentina

alei foi

ZERO.

dezembro de 2013

"Argentina

desferiu

golpe

contra

liberdade

de

expressão

para

atingir

o

Clarín",

Editorial RBS

construídaa

partir

de discussõescom

todos os grupos que têminteresse e

reforça

que,no

Brasil,

partedo

proble­

maéafalta deinteresse

político.

"Se

o governo tivesse interesse, enviava

os burocratas aos outros

países

para

aprender",

afirma. Ocoordenador do

Intervozes

complementa

quea

regula­

mentação

da mídiano

país

aindanão

aconteceutambémporinfluência dos

grandes

grupos de mídia: "são essas

empresas quetêm

força

para

impor

a

pauta

política."

Poroutro

lado,

aRBS, afiliada da Rede Globo em Santa Catarinae Rio

Grande do

Sul,

segue a mesmalinha damatriz. Em editorial

publicado

no

último dia 31 de outubro em todos

jornais

da

rede,

ou

seja,

quatrono es­

tado

gaúcho

e cinco no

catarinense,

ascríticassão

explícitas.

A

opinião

da empresa éaque"o governo

argentino

desferiuum

golpe

mortalnaliberdade de

expressão

[e]

pretendeu

[

...

]

atin­

gir

especificamente

o

Clarín,

queatua

de forma

independente

enãosealinha

aosinteressesdaCasaRosada".

O

posicionamento

da empresa foi

questionado pela

reportagema sua as­

sessoria,

que indicouoeditorialem sua

resposta.Aosersolicitadaumanãofoi atentida.

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