• Nenhum resultado encontrado

Aplicabilidade do método Gaia a hospitais de Cooperativas Médicas Unimed

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aplicabilidade do método Gaia a hospitais de Cooperativas Médicas Unimed"

Copied!
165
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ –

DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

APLICABILIDADE DO MÉTODO GAIA A HOSPITAIS DE COOPERATIVAS MÉDICAS UNIMED

CINTIA MELARA

Ijuí – RS 2014

(2)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ –

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Linha de Pesquisa Gestão Empresarial

APLICABILIDADE DO MÉTODO GAIA A HOSPITAIS DE COOPERATIVAS MÉDICAS UNIMED

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto

Sensu em Desenvolvimento da Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí – para obtenção do título de mestre em Desenvolvimento.

CINTIA MELARA

Orientador: Professor doutor Martinho Luis Kelm

Ijuí 2014

(3)

M517a Melara, Cintia.

Aplicabilidade do método GAIA a hospitais de cooperativas médicas Unimed / Cintia Melara. – Ijuí, 2014. –

164 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Martinho Luis Kelm”.

1. Gestão ambiental. 2. Método Gaia. 3. Hospital – Cooperativas médicas. 4. Unimed. I. Kelm, Martinho Luis. II. Título.

CDU: 504 504:615.478.1 615.478.1 Catalogação na Publicação

Tania Maria Kalaitzis Lima CRB10/1561

(4)

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

A APPLLIICCAABBIILLIIDDAADDEEDDOOMMÉÉTTOODDOOGGAAIIAAAAHHOOSSPPIITTAAIISSDDEE C COOOOPPEERRAATTIIVVAASSMMÉÉDDIICCAASSUUNNIIMMEEDD elaborada por CINTIA MELARA

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

(5)

Gracias a la vida que me ha dado tanto

Me ha dado el sonido y el abecedario

Con él, las palabras que pienso y declaro... Gracias a la vida, gracias a la vida... Violeta Parra (1917-1967).

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço às Organizações que me permitiram efetuar esta pesquisa e seus colaboradores que, gentilmente, se dispuseram a responder a mesma.

Agradeço a meus colegas da Unimed Noroeste/RS pelo apoio e compreensão sempre despendido quando de minha ausência e à Organização pelo apoio na realização do Mestrado.

Externo meus agradecimentos de forma especial à equipe do Departamento Contábil da Unimed Noroeste/RS pelo apoio recebido; sem vocês não teria conseguido; obrigada por nossas reuniões e discussões por e-mail, pelo trabalho e empenho realizado por todos e pela compreensão de minha ausência.

Meus agradecimentos à enfermeira Dulce Maboni, pela dedicação na revisão do questionário; suas contribuições foram essenciais para a realização da mesma.

Obrigada Rose, Maria Bernadete e Sônia, pelo acolhimento, pelo amor, pela amizade, pelo carinho, os quais me sustentaram nos momentos de solidão e angústia. Obrigada por esta amizade que ainda me sustenta.

Obrigada Ana Claudia Leite e Barbara Gündel, pela presença em minha vida, sem o carinho e o apoio de vocês não teria conseguido chegar até aqui. Há encontros que se tornam eternos, vocês SÃO ETERNAS EM MINHA VIDA...

Obrigada à amiga Claudia Maria Huber, pelo incentivo, pelas palavras que me cativaram, pelo apoio sempre dispensado, se não fosse por você eu não teria feito este Mestrado; obrigada por ter chegado à minha vida; como diz Carlos Drummond de Andrade, “as pessoas que amamos são eternas até um certo ponto, duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade”.

Obrigada a Elisa Eickhoff Ledermann e Denise Dobler da Costa, pela eterna disposição em ajudar e fazer além do que deveriam.

Agradeço ao professor doutor Alexandre de Avila Leripio, autor da Tese sobre o Método Gaia, por, gentilmente, a ter me encaminhado com votos de sucesso em meus estudos.

Obrigada aos amigos e familiares, a quem simplesmente abandonei neste período.

Meu obrigada de forma muito carinhosa e especial ao meu orientador, professor doutor Martinho Luis “de Bourbon e Bragança” Kelm, pela ajuda, paciência, pela escuta e, principalmente, pelos ensinamentos passados.

(7)

RESUMO

Esta Dissertação aborda o tema “Aplicabilidade do Método Gaia a hospitais de Cooperativas Médicas Unimed”. O trabalho inclui o estudo em dois hospitais de cooperativas do segmento saúde no Estado do Rio Grande do Sul, por meio do uso do Método Gaia – Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais –, desenvolvido pelo doutor Alexandre de Avila Leripio em 2001, como resultado de sua Tese de Doutorado. O método, segundo seu autor, é um meio para se alcançar o objetivo maior almejado que é a melhoria do desempenho ambiental das organizações e o alcance da sustentabilidade plena, seja do empreendimento numa visão micro ou do planeta como um todo. Trata-se de uma pesquisa exploratória, com base em estudo de caso de dois hospitais. Para a concretização da investigação foram realizadas pesquisas sobre os seguintes temas: cooperativismo médico, problemática ambiental na gestão empresarial e o Método Gaia, sendo buscados na literatura subsídios para a pesquisa sobre a questão ambiental em âmbito geral e, principalmente, a causada por hospitais, pois os mesmos diferem em relação aos impactos que requerem cuidados especiais, pois têm como característica diferencial o fato de que são operados 24 horas por dia, 365 dias no ano, possuem equipamentos diversos para a produção de alimentos, consomem óleo combustível ou lenha para a geração de energia, usam uma variedade de outros recursos comuns em quantidades consideráveis, incluindo borracha, plásticos e papel, bem como o grande consumo de produtos médico-hospitalares descartáveis, que são usados para impedir a transmissão de doenças entre os profissionais, pacientes e empregados. Atualmente os hospitais podem ser considerados as organizações de maior complexidade administrativa, pois necessitam administrar uma gama muito grande de profissionais que trabalham nestas entidades e pessoas que usufruem de seus serviços, dando uma atenção à prestação deste serviço desde a entrada do paciente até sua alta hospitalar. O Método Gaia é uma excelente ferramenta para o gerenciamento de aspectos e impactos ambientais, mas, no caso das organizações hospitalares, ele requer adaptações quanto aos aspectos próprios deste tipo de organização. O mesmo mostrou ser eficiente como ferramenta de análise. O método aparenta ser de fácil aplicação e entendimento para o exercício de início da instalação de um sistema de gerenciamento ambiental. Como resultado da pesquisa, identificou-se que as organizações possuem um bom desempenho ambiental, mas estão restritas ainda ao que determinam as questões legais impostas pelos órgãos que regulam o setor

(8)

ABSTRACT

This Dissertation addresses the topic " The applicability of the method GAIA in cooperatives hospitals Unimed" .The work includes the study of two cooperative’s hospitals in the health segment in the State of Rio Grande do Sul, through the use of Gaia’s Method - Management of Environmental Aspects and Impacts - developed by Dr. Alexander Avila Leripio in 2001 as a result of his Doctoral Thesis. The method, according to its author, it is a way to achieve greater desired goal which is to improve the environmental performance of organizations reaching fully sustainability, this way the enterprise in a micro vision or of the planet as a whole. This is an exploratory research, based on two hospitals as case of study. For achievement of the investigation, it was performed researches about the following topics: medical cooperative, environmental issues in the business management and the Gaia’s Method, being sought grants in the literature for research about environmental issues in a general scope and, mainly, caused by the hospitals, even the hospitals differ according to the impacts that require special care, as they have a distinguishing feature that is the fact that they are operated 24 hours a day, 365 days in a year, having several equipments for food production, consuming as fuel oil or wood for the energy generation, using a large amount of other common resources in considerable quantities, including rubber, plastics and paper, as well as the large consumption of disposable medical products, which are used to prevent the transmission of diseases among professionals, patients and employees. Currently the hospitals can be considered the organizations of greater complexity administrative, because they need managing a wide range of professionals that are working in these organizations and people who enjoy their services, giving a special attention in the providing this service since the patient enters it until it is discharge from the hospital. The GAIA’s Method is an excellent tool for management environmental aspects and impacts, but in the case of hospital organizations it requires adjustments to specific aspects of this kind of organization. It proved effective as an analysis tool. The method has easy application and shows understanding for the exercise as a beginning installation of an environmental management system. As a result of the research, it was identified that organizations have good environmental performance, but are still restrictions to the determined legal issues imposed by governing bodies that regulates the sector.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Escala de prioridades no gerenciamento de resíduos ... 46

Figura 2 – Manejo de resíduos ... 47

Figura 3 – Fluxograma de ações de minimização ... 53

Figura 4 – Processos x departamentos ... 56

Figura 5 – Hierarquia de processos numa organização ... 58

Figura 6 – Fluxograma do processo em uma organização hospitalar ... 61

Figura 7 – Macroprocesso hospitalar ... 64

Figura 8 – Elementos da cadeia de valor no setor de saúde do Brasil ... 66

Figura 9 – Modelos de cadeia produtiva na medicina suplementar ... 67

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Demonstrativo dos impactos gerados pela atividade hospitalar ... 41

Quadro 2 – Fontes geradoras de resíduos ... 46

Quadro 3 – Origem dos resíduos sólidos ... 49

Quadro 4 – Classificação e identificação do RSS ... 51

Quadro 5 – As três categorias de processos empresariais ... 57

Quadro 6 – Comparativo entre as características dos processos nos serviços, indústria e organizações hospitalares ... 63

Quadro 7 – Fases e atividades do Método Gaia ... 74

Quadro 8 – Citações do método Gaia em trabalhos científicos ... 80

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Métodos para minimização de alguns resíduos perigosos ... 52

Tabela 2 – Lista de verificação da sustentabilidade da organização ... 75

Tabela 3 – Referencial para classificação da sustentabilidade do negócio ... 79

Tabela 4 – Lista de verificação da sustentabilidade para organização hospitalar ... 88

Tabela 5 – Cenários de organizações de acordo com seu desempenho ambiental ... 92

Tabela 6 – Referencial para classificação da sustentabilidade do negócio – Escala Likert ... 93

Tabela 7 – Fases e atividades do Método Gaia – Fase 1: sensibilização ... 94

Tabela 8 – Fases e atividades do Método Gaia – Fase 2: conscientização ... 95

Tabela 9 – Operadoras em atividade por porte, segundo modalidade ... 96

Tabela 10 – Receita de contraprestações das operadoras de planos privados de saúde, segundo modalidade da operadora ... 97

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Beneficiários de plano de assistência por modalidade da operadora ... 97

Gráfico 2 – Critério 1 – Percepção dos gestores no critério fornecedores ... 105

Gráfico 3 – Ecoeficiência do processo produtivo ... 108

Gráfico 4 –Aspectos e impactos ambientais do processo ... 110

Gráfico 5 – Indicadores gerenciais e contábeis ... 112

Gráfico 6 – Recursos humanos da organização ... 114

Gráfico 7 – Disponibilidade de capital ... 115

Gráfico 8 – Utilização do produto/serviço ... 117

Gráfico 9 – Produto pós-consumidor/serviço pós-venda ... 118

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

WBCSD World Business Council for Sustainable Development Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

Gaia Método de Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais OCB Organização das Cooperativas Brasileiras

Ocergs Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul ONA Organização Nacional de Acreditação

NBR 9050 Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaço e Equipamentos Urbanos NBR 5410 Instalações Elétricas de Baixa Tensão

NBR 14039 Instalações Elétricas de Média Tensão

NBR 13534 Instalações Elétricas em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde NBR 5413 Iluminâncias de Interiores

NBR 5626 Instalações Prediais de Água Fria NBR 7198 Instalações Prediais de Água Quente NBR 10844 Instalações Prediais de Águas Pluviais NBR 8160 Instalações Prediais de Esgoto Sanitário

NBR 12209 Instalações de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário NBR 6401 Instalações de Centrais de Ar Condicionado para Conforto Unimed União de Médicos

UTI Unidade de Tratamento Intensivo RDC Resolução de Diretoria Colegiada RNR Recurso natural renovável RNNR Recurso natural não renovável

Sicogea Sistema Contábil Gerencial Ambiental RSS Resíduos de Serviços de Saúde ETE Estação de Tratamento de Efluentes ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar BSC Balanced Score Card

(14)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 15

CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 18

1.1 Apresentação do Tema ... 18

1.2 Problema de Pesquisa ... 19

1.3 Objetivos ... 23

1.3.1 Objetivo Geral ... 23

1.3.2 Objetivos Específicos ... 23

1.4 Definição dos Termos ... 24

1.5 Justificativa ... 25

CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO ... 28

2.1 Cooperativismo Médico ... 28

2.1.1 Histórico ... 28

2.1.2 Conceito e Características ... 30

2.2 Problemática Ambiental na Gestão Empresarial ... 31

2.2.1 Contextualização Histórica ... 31

2.2.2 As Necessidades dos Gestores de Informações Ambientais ... 34

2.2.3 Impactos Ambientais Gerados pela Atividade Hospitalar ... 37

2.2.4 Contaminação Ambiental Pelos Resíduos de Serviços de Saúde ... 48

2.2.5 Modelagem de Processos... 54

2.3 Informações Contábeis e Gestão Ambiental ... 68

2.4 Método Gaia ... 72

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ... 82

3.1 Classificação da Pesquisa ... 82

3.2 Universo e Amostra da Pesquisa ... 83

(15)

14

3.4 Design da Pesquisa ... 85

3.5 Escalas Sociais – Escala Likert ... 86

3.6 Adequação do Método Gaia ao Segmento Hospitalar ... 87

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 94

4.1 Caracterização das Organizações Objeto da Pesquisa ... 95

4.1.1 Sistema Unimed ... 95

4.1.2 Organização “A” ... 99

4.1.3 Organização “B” ... 100

4.2 Resultado da Pesquisa ... 103

4.2.1 – Análise dos Critérios ... 104

4.2.2 – Critério 1 – Fornecedores ... 104

4.2.3 – Critério 2 – Processo Produtivo ... 107

4.2.3.1 – Subcritério Ecoeficiência do Processo Produtivo ... 107

4.2.3.2 – Subcritério: Aspectos e Impactos Ambientais do Processo ... 109

4.2.3.3 – Subcritério: Indicadores Gerenciais e Contábeis ... 111

4.2.3.4 – Subcritério: Recursos Humanos da Organização ... 113

4.2.3.5 – Subcritério: Disponibilidade de Capital ... 115

4.2.4 – Critério 3 – Utilização do Produto/Serviço ... 116

4.2.5 – Critério 4 – Produto Pós-Consumidor/Serviço Pós-Venda ... 118

4.2.6 – Sustentabilidade Geral das Organizações ... 119

4.2.7 – Sistematização dos Critérios ... 119

4.3 Comprometimento da Alta Administração ... 123

4.4 Conscientização ... 135

4.5 – Considerações Finais ... 119

CONCLUSÃO ... 140

REFERÊNCIAS ... 147

(16)

INTRODUÇÃO

Estudos recentes no campo da administração enfatizam as significativas mudanças no ambiente das empresas, relacionando-as com as transformações políticas e econômicas que estão ocorrendo em âmbito mundial (TACHIZAWA, 2011).

Para Tachizawa (2011), os novos tempos caracterizam-se por uma rígida postura de clientes, voltados à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável.

Durante muito tempo as organizações preocuparam-se apenas com a eficiência dos sistemas produtivos. Esta noção, porém, revelou-se insuficiente, pois ficou evidente que o contexto de atuação tornava-se mais complexo e que o processo decisório sofreria restrições cada vez mais severas (KRAEMER; TINOCO, 2011). Um dos componentes importantes dessa reviravolta nos modos de pensar e agir, segundo Kraemer e Tinoco (2011), foi o crescimento da consciência ecológica na sociedade, no governo e nas próprias empresas, que passaram a incorporar essa orientação em suas estratégias.

As evidências que vivenciamos contemporaneamente – com uma grave problemática ambiental – são contundentes, convocando toda a sociedade a discutir sobre o tema e a agir em prol da preservação do planeta (CAMPONOGARA; RAMOS; KIRCHHOF, 2009).

Para Rodolfo Araújo de Moraes Filho (2009), a proteção ambiental passou a ser uma necessidade e, ao mesmo tempo, uma fonte de lucro para os negócios.

Segundo Barbieri (2011), na atualidade o meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, e faz parte do vocabulários de políticos, empresários e cidadãos de um modo geral. Conforme este autor, para a maioria das empresas essa preocupação ainda não se transformou em práticas administrativas e operacionais efetivas, pois, se isso já estivesse ocorrendo, o acúmulo de problemas ambientais que põe em risco os seres vivos não seria visto com tanta intensidade. A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as empresas estão, desde a sua origem, no centro do processo (BARBIERI, 2011).

(17)

16

Para Demajorovic e Junior (2006), pressionados por uma legislação mais rigorosa e pelo aumento de custos com o uso dos recursos naturais, um número cada vez maior de empresas têm superado o paradigma, que prevaleceu até a década de 80, de que meio ambiente e competitividade seriam variáveis antagônicas. O contínuo avanço tecnológico vem propiciando mudanças em processos e produtos que conciliam o aumento da eficiência econômica e ambiental das empresas. Ainda que o discurso empresarial atual reconheça a gestão ambiental como ferramenta primordial para a sustentabilidade dos empreendimentos no cenário contemporâneo, tal preocupação tem se concentrado no setor industrial (DEMAJOROVIC; JUNIOR, 2006).

Ainda na visão de Demajorovic e Junior (2006), os setores de serviço, dentre eles os hospitais, apresentam uma variedade de aspectos ambientais que, dependendo da atividade, podem se transformar em menores ou maiores impactos ambientais. Seus usuários estão diariamente consumindo uma enorme quantidade de recursos, como energia e água, e gerando grande quantidade de resíduos sólidos e efluentes.

Para que se possa administrar as questões ambientais nas organizações, desenvolveram-se métodos para o gerenciamento ambiental, dentre eles o Método Gaia (LERIPIO, 2001). Segundo Pfitscher et al. (2007), o Gaia surgiu para valorizar o meio ambiente, mostrando aos administradores das empresas o desempenho ambiental dos setores das organizações, conscientizando e sensibilizando a área de recursos humanos nela inserida, além de valorizar o público consumidor, uma vez que, ao verificar o impacto ambiental, atua na sociedade.

O estudo tem com objetivo aplicar o método Gaia: Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais em ambiente hospitalar tendo como base dois hospitais de cooperativas médicas Unimed no Estado do Rio Grande do Sul. O método em sua origem é composto de três fases: sensibilização, conscientização e capacitação. Para esta pesquisa foram utilizadas somente as duas primeiras fases.

Procura-se discutir no presente estudo questões ligadas à gestão ambiental, ao surgimento do cooperativismo médico no Brasil e à problemática ambiental na gestão empresarial, passando por uma contextualização histórica. Trabalha-se também com as necessidades dos gestores em relação a informações de cunho ambiental, dando ênfase aos impactos criados pela atividade hospitalar e a contaminação ambiental gerada pelos resíduos

(18)

17

de serviços de saúde. Trabalha-se também modelagem de processos no âmbito destas organizações como fundamento para a pesquisa sobre a aplicabilidade do método Gaia, e também sobre o método em si.

A presente Dissertação está organizada em quatro Capítulos. No primeiro é efetuada a contextualização do estudo, e apresentados o tema, o problema da pesquisa, os objetivos e a sua justificativa.

O quadro teórico corresponde ao segundo Capítulo, que embasa a Dissertação, apoiando-se em estudiosos sobre o tema, apresentando também o Método Gaia.

A descrição da metodologia compreendendo a classificação da pesquisa, definição da organização objeto de estudo, sujeitos da pesquisa, coleta de dados, análise e interpretação dos dados, é realizada no terceiro Capítulo.

O quarto Capítulo refere-se à apresentação dos resultados da pesquisa.

Por fim, as considerações finais e recomendações para futuros trabalhos, as referências bibliográficas e os anexos.

(19)

CAPÍTULO 1

CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Este capítulo tem o propósito de apresentar o tema estudado bem como desenvolver o problema que motivou a pesquisa. Na sequência, apresenta-se a justificativa do estudo e os objetivos que se pretende alcançar com ele.

1.1 Apresentação do Tema

A responsabilidade social apresenta-se como um tema cada vez mais importante no cotidiano das organizações, exercendo um impacto muito forte no direcionamento dos objetivos e estratégias da administração (LOURENÇO; SCHRODER, 2012).

Em todos os países avançados, os padrões de produção e consumo devem ser considerados não desvinculados em respeito a certos ônus “externos”, mas também como visão de proteção ambiental (BALESTRIERI; CARROZZA, 2008).

Este conjunto de fatores, vinculados à sustentabilidade e ligados ao meio ambiente, em todas as dimensões tem um caráter estratégico nas organizações, pois o cunho social e a concepção de sustentabilidade socioambiental têm levado a que a sociedade contemporânea eleja este tema como um dos prioritários para a constituição de um contexto de vida de maior qualidade. Neste estudo, a questão será tratada a partir do arcabouço teórico da responsabilidade social corporativa, tomando como objeto de investigação uma entidade hospitalar. Tendo como pano de fundo a responsabilidade social corporativa, o tema central do presente estudo é a gestão ambiental e seus desdobramentos para as organizações cooperativas do segmento de saúde médica que possuem hospital próprio.

(20)

19

1.2 Problema de Pesquisa

Em conjunto com outros atores sociais e econômicos, as empresas são responsáveis por muitos dos problemas ambientais percebidos atualmente, pois produzem e comercializam a maioria de bens e serviços postos à disposição da sociedade (BARBIERI, 2011). Ainda conforme o mesmo autor, a preocupação ambiental não é um tema recente, mas foi somente nas ultimas três décadas do século 20 que ele entrou definitivamente na agenda do governo de muitos países e de diversos segmentos da sociedade civil organizada.

No âmbito empresarial, essa preocupação é ainda recente, embora nunca tenha faltado empresas e entidades empresariais que buscassem práticas ambientalmente saudáveis,1 mesmo quando o assunto apenas começava a despertar interesse fora dos círculos restritos de especialistas e das comunidades afetadas diretamente pelos problemas ambientais. Na atualidade, o meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, os auditórios, a imprensa e faz parte do vocabulário de políticos, empresários, administradores, líderes sindicais, dirigentes de ONGs e cidadãos de modo geral. Porém, para a maioria das empresas, essa preocupação ainda não se transformou em práticas administrativas e operacionais efetivas, pois, se isso já estivesse ocorrendo, o acúmulo de problemas ambientais que coloca em risco todos os seres vivos certamente não seria visto com tanta intensidade. A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as empresas estão, desde sua origem, no centro desse processo (BARBIERI, 2011).

Conforme Balestrieri e Carrozza (2008), a questão ambiental também foi introduzida na agenda das organizações, que nem sempre escolhiam uma intervenção ativa, muitas vezes preferindo tomar posturas passivas, limitadas à busca de conformidade com as orientações estabelecidas pelo Legislativo e que, muitas vezes, eram evasivas em relação aos problemas ambientais, enquanto os estímulos externos eram considerados uma espécie de “ruído” as suas atividades.

Para Souza (2002), há três razões para que as empresas busquem melhorar a sua performance na arena ambiental: primeiro, o regime regulatório internacional, que está mudando em direção ao aumento das exigências da proteção ambiental; segundo, o mercado, que está mudando, tanto quanto a fatores como quanto a produtos (diferenciação e questão

1

Jose Carlos Barbieri não cita em sua obra o que seriam práticas ambientalmente saudáveis. Para a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio do Grande do Sul: “a expressão ‘boas práticas ambientais’ é utilizada para denominar formas mais adequadas de realizar determinadas tarefas do cotidiano sem que as mesmas prejudiquem o meio ambiente”. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/conteudo.asp?cod_menu=71>. Acesso em: ago. 2014.

Entende-se por práticas ambientalmente saudáveis, ações que procurem minimizar o impacto ambiental causado por operações das organizações.

(21)

20

concorrencial); e, terceiro, o conhecimento sobre as causas e consequências dos danos ambientais também está mudando. Estes são alguns fatores que acabam forçando os administradores a incorporar, em suas decisões, práticas de proteção ao meio ambiente, seja pela pressão das regulações, dos acionistas, dos investidores, dos consumidores ou pela própria concorrência que, ao tomar a dianteira em iniciativas de proteção ambiental, faz com que todo um segmento busque um ajustamento.

De acordo com Faria (2008), as empresas são organizações econômicas particulares, públicas ou mistas, que oferecem bens e/ou serviços, tendo, em geral, o lucro como objetivo (em uma visão mais moderna, o lucro é uma consequência, ou retorno esperado pelos investidores, do processo produtivo e, para as empresas públicas ou “entidades sem fins lucrativos”, é representado pela “rentabilidade social”).

Apesar desta caracterização clássica, existem diversos modelos de empresas, ou, melhor dizendo, organizações, que podem ter objetivos que suplantam o conceito de lucro, ou, no mínimo, avançam no modo de sua determinação ou distribuição. Um exemplo disto são as organizações cooperativas que, nos anos 70 e 80 do século 20, tiveram no Brasil um grande crescimento, que constituiu uma base instalada deste modelo organizacional bastante consistente (OCERGS, 2012)2 e que hoje possuem uma representação significativa em vários segmentos da sociedade.

No segmento de saúde, muitas cooperativas optaram em ampliar sua estrutura operativa de intervenção constituindo unidades hospitalares próprias, modificando sua forma de atuação e ampliando seus modos de intervenção social. Ao adentrarem nesta área, mantendo sua característica de sociedade de pessoas, estas unidades hospitalares trouxeram uma nova preocupação que começa a exigir um equacionamento prático e ideológico destas organizações, que é o encaminhamento das questões ambientais decorrentes deste tipo de atividade em consonância com as preocupações sociais deste modelo organizativo.

Como parte de um ambiente ecologicamente em transformação, cabe às empresas grande parcela de responsabilidade para que se alcance o desenvolvimento sustentável,3 pois o impacto ambiental está relacionado com a quantidade da população consumidora e o processo produtivo. Resta, pois, à empresa, garantir que seus produtos tenham um processo de fabricação mais limpo e com o menor impacto ambiental possível (JABBOUR; SANTOS, 2008).

2

Disponível em: <http://www.ocergs.coop.br>.

3

Expressão utilizada pelo senso comum a partir do conceito desenvolvido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ver conceito no item 1.4 – Definição de termos.

(22)

21

A questão ambiental na empresa tem dimensões econômicas (redução de custos, riscos de perdas, melhoria de eficiência, diferenciação dos produtos) e também simbólicas (melhoria na imagem e reputação), que se entrelaçam para prover as condições necessárias à sobrevivência e ao crescimento das organizações (BARBIERI, 2011).

Para Machado e Oliveira (2009), dependendo de como a empresa atua em relação aos problemas ambientais decorrentes de sua atividade, ela pode desenvolver diferentes abordagens, que podem ser também compreendidas como estágios evolutivos de um processo de instituição de gestão ambiental. Embora as empresas ainda tenham como motivador a questão legal no que concerne aos problemas ambientais, fatores como redução de custos, melhoria da imagem e concorrência, têm também motivado as organizações a se preocuparem com o tema.

Na visão de Barbieri (2011), a expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. Na sua origem estão as ações governamentais para enfrentar a escassez de recursos. Com o tempo, outras questões foram sendo consideradas por outros agentes e com alcances diferentes. Qualquer proposta de gestão ambiental inclui no mínimo três dimensões: (1) a dimensão espacial que concerne à área na qual se espera que as ações de gestão tenham eficácia; (2) a dimensão temática que delimita as questões ambientais às quais as ações se destinam; e (3) a dimensão institucional relativa aos agentes que tomam as iniciativas de gestão.

No entendimento de Barbieri (2011), uma questão ambiental pode ser tratada por meio de iniciativas diferentes, cada qual visando a alcançar efeito sobre determinada dimensão.

A essas dimensões, segundo Barbieri (2011), pode-se acrescentar a dimensão filosófica que trata da visão de mundo e da relação entre o ser humano e a natureza, questões que sempre estiveram entre as principais preocupações humanas como mostram obras artísticas, filosóficas e científicas.

Para Pfitscher et al. (2007), o mercado competitivo e o atual padrão de consumo conduzem a problemática ambiental existente também às unidades de saúde. Existem ainda exigências dos órgãos fiscalizadores de preservação do meio ambiente e uma legislação que rege e dita normas e procedimentos adequados às atividades dessas instituições.

(23)

22

Neste ambiente de pressões surge a necessidade de a organização possuir políticas voltadas para o gerenciamento4 dos aspectos e impactos ambientais decorrentes de sua atividade, a fim de obedecer à legislação, evitar os impactos negativos ao meio ambiente e melhorar a qualidade do atendimento. Para que a organização possa desenvolver e melhorar políticas ambientais, sensibilizar e conscientizar seus empregados, bem como identificar soluções para os problemas ambientais, há a necessidade de se ter um método de identificação destes problemas.

Na percepção de Barbieri (2011), os estudos dos impactos ambientais constituem um instrumento de gestão ambiental sem o qual não seria possível promover a melhoria dos sistemas produtivos. Ainda no entendimento do autor, tais estudos podem ser efetuados a qualquer momento, antes ou depois de realizar ações, ou seja, para produtos, atividades e empreendimentos existentes e propostos.

Já para Valle (2012), a identificação dos aspectos ambientais inerentes às atividades da empresa e a avaliação dos possíveis impactos ambientais e de suas consequências, constituem os passos iniciais para estabelecer um sistema de gerenciamento de riscos.5 Segue o autor afirmando que isso se alcança pela avaliação, em cada uma das unidades da organização, dos diferentes tipos de falhas que podem ocorrer em suas instalações, quantificando-se as descargas que podem ser lançadas no meio ambiente em caso de acidentes.

Para Valle (2012), riscos incorporam dois componentes: probabilidades de ocorrência e gravidade dos danos potenciais. Para avaliar um risco6 é necessário estimar a probabilidade de que o evento venha a ocorrer e a extensão dos danos que ele pode causar. Dano é uma perda ou prejuízo causado a alguém, ou seja, é consequência de um risco. O risco é passível de gerenciamento, pois, a partir do momento que se tem conhecimento, há condições de a organização tomar medidas de controle para minimização dos mesmos, sendo, portanto, até mais econômico este gerenciamento do que a reparação do dano.

4

Para Barbieri (2011, p. 19), administração ou gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental, são as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras, realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, tanto reduzindo, eliminando ou compensando os danos ou problemas causados pelas ações humanas quanto evitando que surjam. Para Sánchez (1994, p. 65-75), gerenciamento ambiental é o conjunto de operações técnicas e atividades gerenciais que visa a assegurar que um empreendimento opere dentro dos padrões legais ambientais exigidos, minimize seus impactos ambientais e atenda a outros objetivos empresariais, como manter um bom relacionamento com a comunidade.

5

Para Castro et al. (2005, p. 12), risco pode ser tomado como uma categoria de análise associada a priori às noções de incerteza, exposição ao perigo, perda e prejuízos materiais, econômicos e humanos em razão de processos de ordem “natural”, e/ou daqueles associados ao trabalho e às relações humanas.

(24)

23

Como ajuda para esta questão foi desenvolvida pelo professor Alexandre de Avila Leripio a metodologia Gaia, que consiste em um método de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais. Este método foi produto de sua Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina em 2001.

Segundo Leripio (2001), este método tem como objetivo promover a compreensão dos problemas ambientais e seus efeitos adversos para a organização e para a sociedade, estimular as partes interessadas a perceberem e assumirem sua responsabilidade ante os problemas ambientais e se conscientizarem da necessidade de mudança de filosofia de produção ou consumo, bem como oportunizar a identificação de soluções para os problemas ambientais por intermédio do estudo e da avaliação de seus processos produtivos e dos impactos ambientais associados aos mesmos.

Considerando este conjunto de variáveis, a questão central deste estudo pode ser assim definida: Qual o grau de alinhamento do gerenciamento ambiental nos hospitais de cooperativas médicas segundo o método Gaia em suas fases de sensibilização e conscientização?

1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o processo de gestão ambiental de dois hospitais de cooperativas médicas segundo o método Gaia, em suas fases de sensibilização e conscientização.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Elaborar um diagnóstico da situação atual das questões ambientais, objetivando a avaliação do estágio em que os hospitais das cooperativas se encontram, bem como suas necessidades gerenciais.

b) Adequar e sistematizar o Método Gaia de modo a permitir a análise das questões ambientais e seu inter-relacionamento com as necessidades legais, sociais e de gestão hospitalar.

c) Contribuir para a elaboração dos informes de Responsabilidade Social e Ambiental da empresa para as tomadas de decisão estratégicas.

(25)

24

1.4 Definição dos Termos

Este tópico tem por finalidade esclarecer os conceitos básicos do tema e os assuntos que a pesquisa está tratando, situando, assim, o cenário proposto.

a) Responsabilidade Social Corporativa: segundo o Instituto Ethos,7 a responsabilidade social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governos e meio ambiente) e incorporá-los nos planejamentos de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários.

b) Contabilidade Ambiental nas organizações: para Carvalho (2009), Contabilidade

Ambiental pode ser definida como o destaque dado pela ciência aos registros e evidenciações da entidade referentes aos fatos relacionados com o meio ambiente. Não se configura em nenhuma nova técnica ou ciência, a exemplo da auditoria ou da análise de balanços, mas em uma vertente da contabilidade, a exemplo da Contabilidade Comercial ou Industrial, que estuda fatos mais específicos de uma determinada área. Representa o elo que liga a empresa a seus diversos usuários, inclusive à sociedade, no que respeita às informações contábeis.

c) Gestão Ambiental de organizações: de acordo com Kraemer e Tinoco (2011), é o sistema

que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, instituir, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos provocados no ambiente por suas atividades.

d) Impacto Ambiental: de acordo com a Resolução número 001 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente (Conama) de 23/1/1986, em seu artigo 1º,8 considera-se impacto ambiental “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais.”

7

Disponível em: <www.ethos.org.br>.

8

(26)

25

e) Desenvolvimento Sustentável: conforme a Comissão Mundial sobre meio Ambiente e

Desenvolvimento, desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

f) Meio Ambiente: a Lei n° 6.938/1981, que define a Política Nacional do Meio Ambiente,

concebe o meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Para Barbieri (2011, p. 1), meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. Segue o autor colocando que a palavra ambiente vem do latim e o prefixo ambi denota “ao redor de algo”, ou “ambos os lados”; o verbo latino ambio, ambire, significa “andar em volta ou em torno de alguma coisa”.

g) Gaia: Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais. Conforme Leripio (2001), é o

conjunto de instrumentos e ferramentas gerenciais com foco no desempenho ambiental aplicável aos processos produtivos de uma dada organização.

h) Beneficiário: segundo o Glossário Temático Saúde Suplementar (GLOSSÁRIO..., 2009),

é toda pessoa física, titular ou dependente que possui direitos e deveres definidos em legislação e em contrato assinado com a operadora de plano privado de assistência à saúde, para garantia da assistência médico-hospitalar e/ou odontológica.

i) Desenvolvimento: segundo Barbieri (2011), desenvolvimento é entendido como um

processo que objetiva a melhoria qualitativa das condições de vida da população de um país, de uma região ou de um local específico qualquer.

j) Aspecto Ambiental: para Leripio (2001, p. 77), aspecto ambiental está relacionado a um

elemento de uma atividade, produto ou serviço da organização, o qual pode ter um impacto benéfico ou adverso sobre o meio ambiente.

1.5 Justificativa

O assunto tem interesse para a pesquisadora devido a vivências pessoais e profissionais relativas ao tema da contabilidade e gestão ambiental; pessoais no que se refere a ter vivido a infância no ambiente rural, na crença de que o ser humano é uma parte do meio ambiente e que se o mesmo se degradar irá, com certeza, propiciar condições indignas de vida ao homem; profissionais por ter como formação principal o Bacharelado em Ciências

(27)

26

Contábeis e na trajetória profissional ter atuado por 19 anos em sistema cooperativo médico, vivenciando a cada dia a evolução da necessidade de informação contábil e observando a condição que a Ciência Contábil tem de prestar ajuda no desenvolvimento da empresa como fonte de informação e tomadas de decisão por parte dos gestores. Atualmente, atuando em cooperativa médica que possui hospital, sinto a necessidade de ajudar na melhoria das informações ambientais e sociais disponibilizadas aos gestores da entidade, no intuito de mensurar no que efetivamente a empresa está contribuindo para a mitigação dos impactos ambientais decorrentes de sua atividade.

Para a entidade pesquisada há possibilidade de identificação, alinhamento e melhoria de suas políticas socioambientais, que poderão ajudar a estabelecer estratégia concorrencial, melhorar a qualidade dos processos internos e a imagem perante a sociedade, uma vez que a mesma, sendo uma empresa que trabalha com a saúde, neste caso deve propiciar a saúde de uma forma mais integral e preventiva. Pensar a saúde inclui integrar o desenvolvimento sustentável, e uma organização de saúde que falta com suas responsabilidades ambientais e sociais não passa despercebida entre os consumidores, pois a sociedade está exigindo cada vez mais qualidade na prestação dos serviços por meio de programas de acreditação.

Para o Mestrado em Desenvolvimento o estudo contribui como forma de ajudar a sociedade a entender mais sobre a questão ambiental, pois busca formar profissionais para terem uma visão integrada da realidade local em suas diferentes dimensões e com espírito crítico em relação à análise da realidade, profissional esse que deve aprender a identificar e potencializar no seu território de vivência as oportunidades dadas por um mundo que vive em rede, bem como identificar e se precaver de possíveis riscos da globalização que terão efeito local, pois é com pequenas ações e atitudes que se melhora o meio onde se vive.

Estudar como a contabilidade pode ajudar a gestão ambiental se demonstra oportuno, pois a contabilidade, enquanto ciência, investiga a evolução do patrimônio da sociedade e contribui com informações relevantes no que diz respeito aos custos das atividades quando mensuráveis em termos monetários.

A gestão ambiental congrega o estudo de atividades econômicas e sociais como forma de utilizar de maneira racional os recursos naturais renováveis ou não, que visam o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem de matérias-primas e a redução do impacto ambiental causado pelas atividades humanas que,

(28)

27

quando introduzidas no planejamento empresarial, permitem a redução de custos, principalmente no ambiente hospitalar, onde o consumo de recursos naturais é bastante intenso, pois os mesmos prestam serviços 24 horas por dia, sete dias por semana, o que demanda um consumo permanente.

Essa situação gera um estímulo ao estudo como forma de busca ou proposição de soluções para que os gestores tenham condições de contribuir para a manutenção da entidade, e ajuda no desenvolvimento local, gerando menos impacto no meio ambiente e atração e retenção de clientes, fazendo com que os mesmos não saiam de sua cidade para buscar atendimento em outros centros clínicos.

O estudo se viabiliza, pois há material teórico disponível para a pesquisa que permite sua sistematização no que diz respeito às perspectivas legal, empresarial e social; também favorece a questão de a pesquisadora trabalhar em uma das organizações, o que possibilita mais facilidade no acesso ao material e aos gestores.

(29)

CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico é uma etapa fundamental na construção do estudo, posto que implica revisão e interpretação das literaturas existentes, e seleção, leitura e análise de documentos importantes ao tema, possibilitando, com isto, associar os conhecimentos gerais aos específicos, permitindo maior clareza nos dados e formulação de comparações com aplicação prática.

Serão abordados na revisão de literatura para este estudo os seguintes temas: cooperativismo médico, problemática ambiental na gestão empresarial e o método Gaia.

2.1 Cooperativismo Médico 2.1.1 Histórico

As raízes do cooperativismo remontam à Antiguidade, pois na Babilônia já se arrendavam terras para exploração com o objetivo de prover a sociedade com gêneros alimentícios, apesar de a forma como o conhecemos hoje ter surgido em meados do século 19, na Europa. No Brasil, as primeiras experiências vieram pelas ações de padres jesuítas no sul do país no início de século 17, por meio da fundação das Reduções Jesuítas (OCERGS, 2012).9

Para Pinho (1973), as bases da doutrina cooperativa delinearam-se, no início do século 19, como parte de um conjunto de reações que procurava atenuar ou suprimir os desequilíbrios econômicos e sociais resultantes do liberalismo econômico.

9

(30)

29

No Brasil, as primeiras cooperativas surgiram no fim do século 19, como a Associação Cooperativa dos Empregados da Companhia Telefônica, em Limeira, no Estado de São Paulo (1891) e a Cooperativa Militar de Consumo no Rio de Janeiro (1894). Alguns anos mais tarde foram organizadas as cooperativas para a zona rural – as primeiras Caixas Rurais Raiffeisen – pelo trabalho de Theodor Amstadt no Rio Grande do Sul a partir de 1902 (PINHO, 1982).

A Aliança Cooperativa Internacional – ACI – considera como marco do nascimento do cooperativismo a união de 28 tecelões de Rochdale, na Inglaterra, que criaram uma cooperativa de consumo para fazer frente às condições de trabalho degradantes que castigavam os operários em 1844, conhecida como Rochdale Society of Equitable Pioneer. No Brasil, a experiência chega com o padre Theodor Amstadt em 1902 no Estado do Rio Grande do Sul (OCERGS, 2012).10

Segundo Polonio (2004), o movimento cooperativo teve início na Inglaterra no século 19 com a fundação da Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale em 1844, fundada por 28 tecelões com o objetivo de enfrentar a crise industrial da época. Após, na França, na mesma época, teve início o movimento cooperativista de produção. Na Alemanha, no mesmo século, foram constituídas as cooperativas de crédito e consumo. Já naquela época os movimentos cooperativistas eram estruturados em determinados princípios que perduram até hoje, sendo eles: adesão livre de qualquer pessoa; administração praticada pelos próprios associados; juros módicos do capital social (no Brasil é permitido 12% ao ano); divisão das sobras por todos os associados; neutralidade política, social e religiosa; cooperação entre as cooperativas, no plano local, nacional e internacional e constituição de um fundo de educação (POLONIO, 2004).

A definição e o modus operandi de uma sociedade cooperativa, no entanto, subordinam-se à regência da legislação do país onde a mesma opera. No Brasil, a legislação define as cooperativas como sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias de natureza civil, não sujeitas à falência, constituída para prestar serviços aos seus associados, informações também trazidas por Polonio (2004).

A cooperativa, sendo então nada mais que uma intermediária entre os associados e suas relações com o mercado, tendo como principais características a racionalização dos gastos comuns, tornando mais eficiente o seu resultado, reforça o poder de barganha com o mercado ao unir a capacidade econômica e financeira dos cooperados numa só entidade, com

10

(31)

30

eliminação dos intermediários, pois reduz o custo de aquisição de produtos de consumo possibilitando a colocação destes ou dos serviços no mercado por preços mais competitivos, funcionando, por assim dizer, numa “filial” de cada cooperado (POLONIO, 2004).

Este modelo assumiu um grande protagonismo na área rural com a constituição das cooperativas de produção e as cooperativas agropecuárias ou de serviços, para mencionar alguns exemplos (OCERGS, 2012).11 No meio urbano, talvez o segmento com uma participação mais contundente seja o setor da saúde que, conforme a Unimed do Brasil,12 surgiu no ano de 1967 com a fundação da Unimed Santos (SP), liderada por Edmundo Castilho e um grupo de médicos que não estava contente com as condições de atendimento oferecidas pelo sistema público de saúde e também com a atuação das empresas de medicina de grupo, que desencadearam um processo de mercantilização do setor da saúde no Brasil, surgindo, então, a primeira cooperativa médica do Brasil, administrada nos moldes de uma empresa, porém sem fins lucrativos. A partir de 1969 mais de 30 Unimeds são fundadas no Estado de São Paulo. Na década de 70 mais cooperativas são fundadas no Brasil e surgem as Federações, com o objetivo de padronizar os procedimentos operacionais e trocar experiências.13

Em 1975 é criada a Unimed do Brasil – Confederação Nacional das Cooperativas Médicas –, que congrega as Unimeds de todo o país. Hoje, reúne 112 mil médicos cooperados, detendo 38% do mercado nacional de planos privados de saúde.14

2.1.2 Conceito e Características

A ideia do cooperativismo veio da constatação de que a cooperação e o fazer em conjunto com outras pessoas, era a melhor maneira para encontrar as soluções que interessavam a determinado grupo de indivíduos. Ricciardi e Lemos (2000, p. 58) destacam que:

O cooperativismo utiliza um método de trabalho conjugado, ao mesmo tempo em que pode ser visto como um sistema econômico, peculiar, em que o trabalho comanda o capital. É que as pessoas que se associam cooperativamente são as donas do capital e as proprietárias dos demais meios de produção (terras, máquinas, equipamentos, instalações e outros), além de serem a própria força de trabalho.

11

Disponível em: <http://www.ocergs.coop.br>.

12

Disponível em: <www.unimed.com.br>).

13

Disponível em: <www.unimed.com.br>).

14

(32)

31

Como essa disposição de se associarem tem o objetivo de realizar um empreendimento que venha a prestar serviços mútuos, é óbvio que essa união busca a elevação dos padrões de qualidade de vida desses associados.

Para Miranda (apud BECHO, 2005),15 a cooperativa é a sociedade em que a pessoa do sócio passa à frente do elemento econômico e as consequências da pessoalidade são profundas, a ponto de torná-la uma espécie de sociedade.

A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 10.8 –, que versa sobre entidades cooperativas, apresenta o seguinte conceito de cooperativa:

Entidades Cooperativas são aquelas que exercem as atividades na forma de lei específica, por meio de atos cooperativos, que se traduzem na prestação de serviços diretos aos seus associados, sem objetivo de lucro, para obterem em comum melhores resultados para cada um deles em particular. Identificam-se de acordo com o objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus associados.16

Nos termos no artigo 6º da Lei 5.764/71, as sociedades cooperativas são consideradas:

I – singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos;

II – cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais;

III – confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.17

2.2 Problemática Ambiental na Gestão Empresarial 2.2.1 Contextualização Histórica

Na concepção de Barbieri (2011), é comum apontar a Revolução Industrial como um marco importante na intensificação dos problemas ambientais, pois, a partir da Revolução Industrial, surge uma diversidade de substâncias e materiais que não existiam na natureza; afinal, a era industrial alterou a maneira de produzir degradação ambiental, pois trouxe técnicas produtivas intensivas em material e energia para atender mercados de grandes

15

A autora não teve acesso à obra original de Miranda, apenas à menção feita no livro de Becho, 2005.

16

Disponível em: <www.cfc.org.br>. Acesso em: 2012.

17

(33)

32

dimensões, de modo que a escala de exploração de recursos e das descargas de resíduos cresceu a ponto de ameaçar a possibilidade de subsistência de muitos povos, da atualidade e das gerações futuras.

Em termos de preocupações com o tema, Pereira (2007) comenta que na década de 60 ocorre a chamada conscientização do problema ambiental. Nessa década surgem os primeiros movimentos ambientalistas e se chega à conclusão que resíduos dispostos incorretamente podem entrar na cadeia alimentar e causar danos à saúde do homem e de todos os seres vivos.

Na década seguinte, os anos 70, conforme lembram Kraemer e Tinoco (2011), foram marcados por um grande incêndio numa indústria de pesticidas localizada em Seveso, Itália, e, pelas estatísticas da época, aproximadamente 5.000 italianos teriam sido vítimas do acidente, o que fez com que a sociedade ficasse alarmada e cobrasse das autoridades planos de evacuação emergencial para casos de acidentes semelhantes, que gerariam gastos ao governo com o tratamento de saúde das pessoas atingidas. A década de 70 é também marcada pela crise do petróleo, demonstrando que estas reservas estariam começando a se esgotar (PEREIRA, 2007).

Também na visão de Carvalho (2009), desde a década de 70, essencialmente após a I Conferência Internacional sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, ocorrida em 1972, a sociedade vêm percebendo mais efetivamente que as alterações no Planeta, relacionadas ao clima, vegetação, poluição, efeito estufa e outros, não são meros blefes dos ambientalistas.

No Brasil, nesta mesma década, o professor José Lutzenberger já propunha ideias e desencadeava o movimento ecológico brasileiro com a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Meio Ambiente Natural (Agapan). Também tem início o Greenbelt Movement no Quênia, cujo objetivo era plantar árvores para auxiliar na luta contra a desertificação, e a Alemanha torna-se a pioneira na rotulagem ambiental, criando o Anjo Azul para certificação de produtos ambientalmente superiores.

Na sequência, Kraemer e Tinoco (2011) lembram que os anos 80 foram marcados por eventos, como o vazamento acidental do gás metil isocianato nas instalações da multinacional Union Carbide, em Bhopal. Também na Basileia, Suíça, em 1986, um incêndio em uma fábrica de produtos químicos derramou 30 toneladas de pesticida no Rio Reno. Em 1985 é descoberto o buraco na camada de ozônio da Antártida e, segundo os mesmos autores, 42 mil toneladas de petróleo espalharam-se, formando uma imensa mancha no Alasca em virtude do choque do petroleiro Exxon Valdez com rochas no estreito Canal Príncipe Wiliam,

(34)

33

contabilizando 23.000 patos e aves aquáticas mortas. Mais de 200 águias foram atingidas e mais de 1.000 lontras marinhas sufocadas, sem contar o envenenamento de peixes e camarões, que ameaçou a sobrevivência de muitos pescadores. Nesta mesma linha, Pereira (2007) afirma que a década de 80 é marcada pela globalização das preocupações com a conservação do meio ambiente.

Ainda segundo Kraemer e Tinoco (2011), no ano de 1983 a Assembleia Geral da ONU aprovou a criação da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela então primeira ministra da Noruega Gro Harlme Brundtland, sendo emitido o relatório Nosso Futuro Comum, que apontava a pobreza como uma das principais causas dos problemas ambientais, contribuindo para disseminar o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

De acordo com Kraemer e Tinoco (2011), neste período foi formalizada no Brasil a realização de Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impactos sobre o Meio Ambiente (EIA-Rima), com audiências públicas e aprovações dos licenciamentos ambientais em diferentes âmbitos de organizações do governo.

Ainda para Kraemer e Tinoco (2011), nos anos 90 uma gigantesca nuvem de fumaça, misturada com uma densa neblina que cobriu o sudeste asiático em razão de incêndios nos bosques, foi a causadora da queda de um avião em setembro de 1997. Conforme Pereira (2007), ganha relevo a qualidade ambiental. Em 1992 tem lugar a Conferência do Rio de Janeiro, que trata sobre a temática de alterações climáticas e de conservação da biodiversidade.

Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais número 9.605/1998, a sociedade brasileira, os órgãos ambientais e o Ministério Público passaram a contar com um mecanismo para punição aos infratores do meio ambiente.18 Tanto o Ibama quanto os órgãos estaduais de meio ambiente atuam na fiscalização e na concessão de licença ambiental antes da instalação de qualquer empreendimento ou atividade que possa vir a poluí-lo ou degradá-lo. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – Ibama – atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura que envolvam impactos em mais de um Estado e nas atividades do setor de petróleo e gás da plataforma continental. Os Estados cuidam dos licenciamentos de menor porte (IBAMA, 2012).

18

(35)

34

Para Pfitscher et al. (2007), as tomadas de decisão pelos gestores quanto ao desempenho ambiental de suas instituições, leva em consideração também a importância dos ecossistemas, que passam a ser uma preocupação constante pela cobrança da sociedade, fazendo com que essa opção pela proteção ao meio ambiente seja referenciada nos objetivos e metas, sendo, ainda, constantemente discutida pelos administradores.

Na visão de Barbieri (2011), adiantar-se às exigências legais pode trazer vantagens a uma empresa, como, por exemplo, facilitar o seu relacionamento com os órgãos ambientais e governamentais, diferenciar-se de seus concorrentes, etc. Para este autor, a empresa não deve se preocupar com o meio ambiente apenas para atender os requisitos legais a que está sujeita, mas também para alcançar objetivos econômicos compatíveis com padrões sustentáveis de desenvolvimento.

Barbieri (2011) destaca que para a empresa passar a tratar o meio ambiente dentro de uma perspectiva estratégica, implica considerá-lo entre as prioridades máximas desta envolvendo todas as suas áreas funcionais. A empresa que atua com esta perspectiva procura reduzir sistematicamente os custos via produção mais limpa, e aproveitar as oportunidades proporcionadas pelo crescimento da consciência ambiental.

Ainda segundo Barbieri (2011), o crescimento do contingente de consumidores que prefere comprar produtos e serviços que respeitem a natureza é outro fator que impulsiona o tratamento estratégico das questões ambientais.

Para este autor, por estratégia pode-se entender o estabelecimento de objetivos e ações que alcancem efeitos no ambiente de negócio em que a empresa atua ou pretende atuar, com o objetivo de colocá-la numa posição de vantagem. Barbieri (2011) explica que as ações de uma empresa para atender a uma nova legislação do tipo comando e controle não são estratégicas, pois não trazem vantagens competitivas específicas para a empresa no seu ambiente de negócio, uma vez que as organizações concorrentes estarão igualmente obrigadas a atender a mesma legislação.

2.2.2 As Necessidades dos Gestores de Informações Ambientais

A preocupação com o meio ambiente apresenta-se como uma questão estratégica e diferenciada nas organizações, posto que o mercado não aceita mais o descaso com o tratamento dos recursos naturais. Adequar-se às exigências ambientais dos mercados, governos e sociedade, apesar de levar a empresa a despender recursos financeiros, traz benefícios do ponto de vista financeiro e vantagem competitiva (KRAEMER, 2007).

(36)

35

É importante que os gestores tenham conhecimento das leis e normas aplicáveis à atividade da empresa, que tenham detalhado os planos de expansão e impactos ambientais que irão causar, e também informações, como valores relativos a custos e despesas com a criação de projetos, valores de ativos e passivos ambientais, receitas ambientais, resultados de pesquisas da imagem da empresa junto a sociedade, e saber sobre a necessidade de capital para futuros empreendimentos ou custos com multas decorrentes de infração à legislação. Um mecanismo de auxílio às tomadas de decisão é a contabilidade (KRAEMER; TINOCO, 2011).

Na visão de Basso (2011), contabilidade é uma ciência que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades, seus fenômenos e variações, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira.

Não obstante um grande avanço no grau de conscientização dos gestores empresariais sobre as questões socioambientais, ainda existem empresas que se preocupam exclusivamente com o seu sistema produtivo, desprezando outras áreas que poderão causar transtornos se não forem adequadamente observadas, como é o caso da área ambiental (KRAEMER; TINOCO, 2011).

Para ajudar neste gerenciamento é necessário que a empresa tenha um sistema de controle e também utilize informações que a contabilidade pode gerar, informações estas que estão no escopo da denominada Contabilidade Ambiental (CARVALHO, 2009). Conforme Kraemer e Tinoco (2011), a Contabilidade Ambiental surgiu em 1970, quando as empresas passaram a dar mais atenção aos problemas do meio ambiente. A Contabilidade Ambiental tem então como função a contabilização dos prejuízos e benefícios que o desenvolvimento de um produto ou serviço pode trazer para o meio ambiente. O marco teórico está contido no Capítulo 8, letra “d” da Agenda 21.

Segundo Carvalho (2009), no Brasil tem-se como marco teórico da Contabilidade Ambiental a edição em 1996 da NPA 11 – Balanço e Ecologia pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon –, que tem como objetivo estabelecer os liames entre a Contabilidade Ambiental e o meio ambiente.

No entendimento de Marion e Costa (2007), a Contabilidade Ambiental busca mensurar qual é o patrimônio ambiental e com qual eficiência é utilizado, fornecendo informações econômicas e financeiras sobre a proteção, preservação e recuperação ambiental.

(37)

36

Segundo os autores, a Contabilidade Ambiental, sob o ponto de vista do governo, visa a atender aos propósitos sociais mais amplos, como o bem-estar da sociedade, a qualidade de vida da população, a preservação e manutenção dos recursos naturais, etc.

Já para Junior (1999), a Contabilidade Financeira Ambiental tem o objetivo de registrar as transações da empresa que impactam no meio ambiente e os efeitos das mesmas que afetam, ou deveriam afetar, a posição econômica e financeira dos seus negócios.

A Contabilidade Ambiental, de uma maneira genérica, pode ser conceituada como o sistema de informações já adotado pela contabilidade tradicional para a mensuração e evidenciação do impacto ambiental no patrimônio da entidade e da conduta da mesma em relação ao meio ambiente.

Os gestores têm necessidades de informações para o gerenciamento da gestão ambiental, como qual o nível de custos que isso está gerando e como está a imagem da empresa perante a sociedade.

Neste contexto, Kraemer e Tinoco (2011) argumentam sobre o gerenciamento ambiental que permite o controle e redução dos impactos ambientais, emprego de tecnologias limpas, eliminação ou redução dos riscos ao meio ambiente e melhoria do relacionamento entre a comunidade e o governo, bem como a antecipação de questões ambientais que possam causar problemas ao meio ambiente e particularmente à saúde humana.

Desta discussão preliminar depreende-se que a questão ambiental é efetivamente um tema complexo que envolve várias dimensões da existência humana, principalmente desta em relação à sociedade (BARBERI, 2011). Como decorrência do conjunto de transformações espontâneas ou produzidas no meio ambiente terrestre, este tema recebe atenção especial a partir de três enfoques: o social, que envolve o modo como a sociedade é impactada, reage e comporta-se ante as questões ambientais; o segundo enfoque envolve o modo como esta mesma sociedade normatiza um conjunto de procedimentos em seu estamento legal de modo a regular o comportamento dos indivíduos e organizações nas questões ambientais; em terceiro lugar tem-se as organizações que, considerando o modo de percepção da sociedade sobre estas temáticas e dos limites legais, busca atuar e constituir diferenciais estratégicos competitivos sobre a questão. Esta ação empresarial vai desde o fortalecimento de aspectos vinculados à legitimidade social da organização, que pode ser denominada como sua reputação, até a construção de diferenciais competitivos objetivos que buscam alavancar seus objetivos de retorno.

Referências

Documentos relacionados

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

This highly sensitive approach permits identification and quantification of a wide variety of amino acid misincorporations, but does not produce a comprehensive view of

A reinserção, nesta perspectiva, convoca um papel mais activo da sociedade e, nesta medida, é preferível, enquanto conceito que encerra um programa de acção para a

Como corolário deste resultado obtemos o Teorema 5.2.10 que conclui acerca da existência genérica de ramos de soluções espacialmente periódicas por uma rede hexagonal e com

The focus of this thesis was to determine the best standard conditions to perform a laboratory-scale dynamic test able to achieve satisfactory results of the

​ — these walls are solidly put together”; and here, through the mere frenzy of bravado, I rapped heavily with a cane which I held in my hand, upon that very portion of

O trabalho de Silva (2006) estendeu o estudo e a avaliação do comportamento de ligações parafusadas viga-coluna, com base em seções transversais constituídas