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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo refere-se à apresentação e discussão dos resultados da pesquisa de campo e está organizado em cinco tópicos: Caracterização das Organizações Objeto da Pesquisa, Resultado da Pesquisa, Comprometimento da Alta Administração, Conscientização e Considerações Finais.

As fases estudadas do método Gaia foram a “Sensibilização” e a “Conscientização” Na primeira fase – a sensibilização – foram considerados os seguintes elementos, segundo Leripio (2001):

Tabela 7 – Fases e atividades do método Gaia – Fase 1: Sensibilização

FASES OBJETIVO ATIVIDADES RESULTADOS

ESPERADOS 1. Sensibilização Proporcionar a adesão 1.1 Avaliação da Conhecimento do nível

e o comprometimento sustentabilidade do atual do desempenho da alta administração negócio ambiental da

com a melhoria organização pela alta

contínua do administração

desempenho ambiental

1.2 Análise estratégica Comparação do ambiental desempenho atual com

aquele apresentado por filosofias defensivas, reativas, indiferentes e inovativas de

gerenciamento 1.3 Comprometimento Definição da Missão, da alta administração Valores, Visão, Política

e Objetivos Organizacionais 1.4 Programa de Sensibilização dos sensibilização de partes colaboradores, interessadas fornecedores,

comunidade,órgãos ambientais, clientes

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Conforme se denota na Tabela anterior, esta fase da pesquisa do método está dividida em quatro atividades, cada uma com um resultado esperado e tem como objetivo proporcionar a adesão e o comprometimento da alta administração na busca da melhoria contínua no que se refere ao desempenho ambiental.

Já na segunda fase de conscientização, o objetivo é identificar a cadeia de produção e consumo e os principais aspectos ambientais, especialmente o processo produtivo da organização, que tem a seguinte concepção:

Tabela 8 – Fases e atividades do método Gaia – Fase 2: Conscientização

2.1 Mapeamento da cadeia de Identificação da produção e consumo cadeia de ciclo de

vida do produto, desde a extração de matérias-primas até a destinação final do produto pós- consumido 2.2 Mapeamento do Identificação das Identificar a cadeia de macrofluxo do processo etapas do processo produção e consumo e os produtivo da 2.Conscientização principais aspectos organização-alvo

ambientais, especialmente 2.3 Estudo de entradas e saídas Identificação o processo produtivo da dos processos qualitativa das

organização-alvo matérias-primas, insumos utilizados, produtos, resíduos, efluentes e emissões de cada etapa do processo 2.4 Inventário de aspectos e Identificação dos impactos ambientais principais aspectos e

impactos ambientais do processo

produtivo Fonte: LERIPIO (2001, p. 67).

4.1 Caracterização das Organizações Objeto da Pesquisa 4.1.1. Sistema Unimed

A Unimed27 é um sistema de trabalho cooperativo médico que está presente em 83% do território nacional, sendo formado por 360 cooperativas médicas que prestam assistência para mais de 19 milhões de clientes.

27

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O sistema conta com, aproximadamente, 110 mil médicos cooperados e 3.033 hospitais credenciados, detendo 32,2% do mercado nacional de plano de saúde.28

São cooperativas singulares independentes entre si, com administração própria e autonomia em suas decisões. Podem oferecer produtos (planos de saúde) com abrangência regional (que abarca somente a área de ação da singular) ou produtos nacionais, com direito a atendimento em qualquer município do Brasil que possua serviços credenciados com a Unimed. Esta operação é efetuada por meio de acordo operacional entre as singulares via Federação de cada Estado e Unimed do Brasil (confederação nacional).

O sistema Unimed opera no segmento de saúde suplementar sob a supervisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Nem todas as cooperativas Unimeds precisam estar registradas na ANS, pois as mesmas podem operar como prestadoras de serviços vinculadas a uma operadora de planos de saúde com registro na ANS.

A Tabela a seguir mostra a quantidade de operadoras no segmento da saúde suplementar.

Tabela 9 – Operadoras em atividade por porte, segundo modalidade

Fonte: CADERNO... (2013).

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Pode-se observar, pela Tabela 9, que do total de 1.538 operadoras registradas até o mês de dezembro/2012, há um total de 325 cooperativas médicas operando no país, as quais são responsáveis por 18,2 milhões de beneficiários dos 47,9 milhões vinculados a planos de assistência médica (ANS, 2014), conforme podemos analisar no Gráfico a seguir.

Gráfico 1 – Beneficiários de plano de assistência por modalidade da operadora

Fonte: CADERNO... (2013).

O mercado de saúde suplementar movimentou uma receita total de cerca de R$ 93.122.000.000 milhões no ano de 2012, sendo as cooperativas médicas responsáveis por 36,47% e as operadoras de medicina de grupo por 29,78% do total desta receita, conforme demonstra a Tabela 10.

Tabela 10 – Receita de contraprestações das operadoras de planos privados de saúde, segundo modalidade da operadora

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De acordo com a Unimed/RS,29 no Rio Grande do Sul o sistema possui a seguinte estrutura:

Tabela 11 – Sistema Unimed no Rio Grande do Sul

Federação

Central de Serviços – RS

27 cooperativas de primeiro grau filiadas 497 municípios cobertos 1.958.191 beneficiários 13.913 médicos cooperados 8.801 colaboradores 06 hospitais-dias próprios 07 hospitais próprios

96 serviços de atendimento e diagnósticos próprios 18 SOS

25 pronto-atendimentos

2.775 hospitais e serviços credenciados Uniair Transporte Aeromédico

Uniair Táxi Aéreo Instituto Unimed

Fonte: <www.unimed.coop.br>.

Cada cooperativa singular do sistema Unimed possui uma área de ação (grupo de municípios) na qual pode efetuar a comercialização de seus planos de saúde, de acordo com as decisões tomadas em conjunto com a Federação que as representam. No Estado do Rio Grande do Sul são 27 cooperativas singulares que abrangem 497 municípios, abarcando 13.913 médicos cooperados e 1.958.191 de usuários.

O sistema Unimed no Rio Grande do Sul conta 18 Serviços de Urgência e Emergência denominados de SOS, prestados por equipe médica e de enfermagem dentro de um perímetro urbano determinado conforme legislação específica. Possui um serviço de Transporte aeromédico que oferece direito à remoção aeromédica aos usuários de plano de saúde, além de oferecer acesso a 2.775 serviços credenciados como laboratórios, clínicas e hospitais.30

No Estado do Rio Grande do Sul existem sete hospitais pertencentes a cooperativas médicas Unimed localizados nos municípios de Ijuí (Unimed Noroeste/RS), Caxias do Sul (Unimed Nordeste/RS), Guaíba (Unimed Porto Alegre), Santo Ângelo (Unimed Missões), Montenegro (Unimed Vale do Caí), Cachoeira do Sul (Unimed Centro/RS) e Santa Maria

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Disponível em: <www.unimed.coop.br>.

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(Unimed Santa Maria). Para a realização desta pesquisa o hospital deveria possuir uma complexidade que abarcasse de modo integral e permanente todas as atividades de um complexo hospitalar. Dos hospitais que atendiam a este critério foram, então, escolhidos dois em razão da acessibilidade e autorização da gestão para a condução da presente pesquisa.

As duas entidades investigadas concederam liberdade à pesquisadora com relação à obtenção dos dados e consecução das entrevistas, ressalvando, entretanto, que elas não fossem identificadas nominalmente. Desta sorte, as cooperativas foram chamadas de Organização “A” e Organização “B” para fins de apresentação e discussão dos resultados.

4.1.2. Organização “A”

A organização “A” foi fundada em 1971 e possui uma área de ação que abrange 52 municípios, operando com 70.000 beneficiários de planos de saúde e um hospital próprio. É considerada uma operadora de médio porte de acordo com os critérios adotados pela ANS.

Esta organização está presente em 52 municípios na Região Noroeste do Estado. Possui 29 hospitais, 55 clínicas e 15 centros de diagnósticos credenciados, contendo em seu quadro 372 médicos cooperados de várias especialidades.

Seu hospital próprio foi inaugurado em maio de 2005 e possui serviços de pronto- atendimento e emergência, centro cirúrgico, centro obstétrico, quimioterapia, centro de tratamento intensivo, centro de diagnóstico por imagem, laboratório de análises clínicas e um heliporto. Conta com 120 leitos.

Em sua estrutura organizacional apresenta 33 enfermeiras, 2 coordenadores de laboratório, 3 supervisores, 7 gerências, 8 diretores técnicos, 2 diretores, 1 vice-presidente, 1 presidente.

A organização “A” tem, em seu planejamento, referenciais estratégicos com base no negócio definido como soluções em saúde.

Esta mesma organização possui a missão de:

– oferecer soluções em saúde, valorizando o trabalho médico e a satisfação dos clientes e colaboradores de forma sustentável e comprometida com os princípios cooperativistas e com a responsabilidade socioambiental;

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Tem como característica os seguintes princípios: – valorização da relação médico-paciente;

– cooperação e comprometimento; – ética institucional e interpessoal; – excelência organizacional;

– gestão profissional, participativa e transparente; – saúde com qualidade e valorização da vida.

Como diretrizes corporativas a organização A apresenta:

– desenvolver uma organização integrada aos propósitos de uma medicina cuidadora e que tenha nas ações cooperativas responsáveis a base de sustentação do projeto institucional; – promover o crescimento institucional sustentável, com profissionalismo, comprometimento

e valorização das pessoas;

– ofertar produtos e serviços diferenciados com foco na qualidade, na resolubilidade e na promoção à saúde.

Como objetivos estratégicos, a organização se propõe a:

1 – aumentar a receita da cooperativa com equilíbrio econômico-financeiro; 2 – melhorar a remuneração do médico;

3 – prestar serviços de qualidade;

4 – ampliar a rede de serviços na área de ação da cooperativa;

5 – alcançar a excelência organizacional nos sistemas e processos da cooperativa; 6 - qualificar, desenvolver e valorizar o capital humano da cooperativa;

7 – desenvolver cultura de sinergia, respeito, comprometimento e integração na cooperativa

4.1.3 Organização “B”

A organização “B” foi fundada em 1972 e possui uma área de ação que abrange 16 municípios na região da serra gaúcha. Conta atualmente com mais de 350 mil beneficiários. Sua estrutura engloba casas do cliente, pronto-atendimento Unimed 24 horas, laboratório,

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assistência domiciliar, SOS emergência, saúde ocupacional, medicina preventiva, centro de diagnóstico por imagem, hemodinâmica e hospital próprio. É considerada Unimed de grande porte, conforme parâmetros da ANS.

Seu hospital próprio opera com serviços de internação, UTI, centro cirúrgico, emergência, laboratório, centro de diagnóstico por imagem, hemodinâmica e endoscopia, centro obstétrico, agência transfusional e heliporto. Entrou em funcionamento em dezembro de 2004 e conta com 90 leitos.

Sua estrutura organizacional está dividida em quatro enfermeiras monitoras, cinco enfermeiras coordenadoras, um diretor técnico do hospital e o presidente da cooperativa.

A organização B tem as seguintes características quanto ao seu planejamento estratégico, de acordo com o Relatório de Sustentabilidade:

– visão estratégica: a excelência à gestão de saúde, por meio de qualidade, inovação e resultados, deve nos identificar como referencial no Sistema Unimed do Brasil. Já como negócio é ser a solução em saúde. Saúde é vida.

– missão: esta possui a seguinte declaração: assegurar a satisfação dos clientes pela promoção da saúde e prevenção de doenças, com soluções fundamentadas nos princípios cooperativistas.

– valores: são descritos como tal a ética; qualificação médica; criatividade e habilidade individual cooperativadas; competências competitivas; responsabilidade social; comprometimento com os princípios cooperativistas; comprometimento com o sucesso; flexibilidade para mudanças e inovações; orientação para o resultado; e autossustentabilidade.

– política de qualidade: esta prescreve oferecer promoção, prevenção e tratamento da saúde de forma qualificada e segura, aprimorada continuamente, visando à satisfação dos clientes e ao atendimento aos requisitos aplicáveis.

Em relação à política de responsabilidade social, a organização tem as seguintes situações:

– como missão, educar, esclarecer e informar os indivíduos sobre os cuidados com a sua saúde, por meio de programas preventivos e assistenciais;

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– como visão, ser modelo de gestão em saúde, conduzindo as pessoas à transformação social, e traz como princípios éticos: respeito ao semelhante, transparência nas ações e nas informações, interesse e comprometimento com a causa e respeito à cultura local, tendo como objetivo geral desenvolver ações norteadas pelas metas do milênio, visando à melhoria da qualidade de vida do público interno e externo.

Em relação ao Balanced Score Card, a organização apresenta como objetivos, na perspectiva Aprendizado e Crescimento, o seguinte: responsabilidade socioambiental e aprimorar ações socioambientais.

Esta organização faz publicação de relatórios de sustentabilidade em seu endereço eletrônico na internet e, a partir do ano de 2012, passou a utilizar o modelo de publicação do Global Report Initiative (GRI). O hospital é certificado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), em seu nível Acreditação com Excelência, certificado NBR ISO 9001:2000, e conta também com as seguintes certificações, RDC, NBR 9050, NBR 5410, NBR 14039, NBR 13534, NBR 5413, NBR 5626, NBR 7198, NBR 10844, NBR 8160, NBR 12209, NBR 6401

A estrutura de ambas as organizações são semelhantes, mas diferem na quantidade de cargos. A Organização “B” apresenta somente 10 pessoas ligadas a lideranças, e a organização “A” um total de 57 pessoas.

Conforme descrito na metodologia, para obtenção dos dados desta pesquisa foi efetuado um questionário-teste com base na revisão das perguntas originais do método Gaia, sendo o mesmo revisado pela coordenadora da Comissão de Infecção Hospitalar e responsável pelo gerenciamento de resíduos de uma das organizações. Este questionário não foi utilizado na pesquisa final.

Para se chegar ao questionário final aplicado nas organizações foram efetuados os seguintes passos:

estudo do questionário do método Gaia;

análise preliminar entre a autora e o orientador sobre os questionamentos no método com base na literatura sobre a questão ambiental em hospitais e o método Gaia;

análise das sugestões da banca de qualificação na apresentação do projeto de pesquisa;

3 – 1 – 2 –

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4 – substituição das cores, utilizadas pelo autor do método, pela escala likert, usando as seguintes nomenclaturas: Nunca (1); Raramente (2); Algumas vezes (3); Na maioria das vezes (4); Sempre (5);

5 – análise do instrumento realizada por técnico de Gestão de Resíduos e Controle de infecção hospitalar;

6 – elaboração da versão final do questionário.

Após o transcurso das etapas supracitadas, foi efetuada a aplicação da pesquisa nas Organizações para a obtenção dos resultados, que são comentados a seguir.

4.2 Resultado da Pesquisa

Este tópico apresenta os resultados da pesquisa, que tem como objetivo analisar o processo de gestão ambiental de dois hospitais de cooperativas médicas segundo o método Gaia em suas fases de sensibilização e conscientização. Os questionários foram direcionados para pessoas que ocupam cargos de lideranças nas Organizações – diretores, gerentes, supervisores e coordenadores.

Os questionários na organização “A” foram aplicados e entregues aos gerentes de forma presencial, e às demais lideranças a entrega foi feita pela enfermeira coordenadora geral, que também fez o recolhimento da devolução de sua grande maioria nos meses de outubro e novembro, sendo todos recolhidos pela pesquisadora no dia 20/11/2013. Aos coordenadores de laboratório e farmácia foram entregues e recebidos pela pesquisadora, sendo também efetuado desta maneira para alguns enfermeiros.

Os questionários da organização “B” foram entregues em formulário à coordenadora geral de gestão de resíduos e enviada uma cópia por e-mail à enfermeira de capacitação e desenvolvimento, e os mesmos retornaram por e-mail no período de 1º a 20 de dezembro de 2014.

Foram aplicados dez questionários na Organização “B”, com retorno de 60% de respostas, enquanto na organização “A” foram aplicados 57 questionários, sendo obtido um retorno de 61%.

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4.2.1 – Análise dos Critérios

Para o Método Gaia, cada critério apresenta uma série de questões que, no seu conjunto, buscam identificar elementos considerados fundamentais no desempenho ambiental da organização (LERIPIO, 2001). O autor adotou quatro critérios: fornecedores, processo produtivo, utilização do produto e destinação do produto pós-consumido.

Uma maior ênfase no método foi dada ao processo produtivo. O autor coloca, ainda, ao fundamentar o modelo, que esta ênfase no processo produtivo reflete-se na adoção de seis subcritérios para analisar o mesmo: Ecoeficiência, Nível de Tecnologia Utilizada, Aspectos e Impactos Ambientais, Indicadores Gerenciais, Recursos Humanos na Organização e Disponibilidade de Capital.

O destaque ao produtivo deve-se ao fato de a própria organização constituir-se de um elo da cadeia de produção sujeita à ingerência das lideranças internas (da organização), e as demais etapas encontrarem-se apenas sob influência da organização, não tendo esta condições de efetuar mudanças significativas no processo.

A seguir é apresentada a análise de cada um dos critérios no escopo das organizações hospitalares.

4.2.2 – Critério 1 – Estrutura e Comportamento dos Fornecedores

Este critério analisa o conhecimento da organização sobre os fornecedores, que envolve desde as ações relacionadas ao meio ambiente, certificações pelas normas ISO 14001, BS 8800 e OHSAS 18001, os processos de compra e a preocupação das organizações na procura de produtos que sejam passíveis de reciclagem, e ainda o uso de insumos que gerem um menor impacto ao meio ambiente.

A norma ISO 14001 estabelece critérios para um sistema de gestão ambiental, não indicando os requisitos para desempenho, mas traçando um quadro de referência que uma organização pode seguir para criar um sistema de gestão ambiental eficaz.

A norma OHSAS 18001 especifica sistemas de gestão da segurança e da saúde no trabalho, buscando garantir que a organização assuma o compromisso com a redução dos riscos ambientais, com a saúde ocupacional e a segurança dos trabalhadores da empresa (PEREIRA; SOUZA; VIEIRA, 2006).

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Segundo Pereira, Souza e Vieira (2006), a norma BS 8800 refere-se ao sistema de gestão da segurança e da saúde no trabalho, também seguindo um conjunto de princípios de minimização dos riscos para os trabalhadores.

Gráfico 2 – Critério 1 – Percepção dos gestores no critério fornecedores

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A análise deste critério deu-se a partir de sete questionamentos envolvendo a observação da legislação relativa ao processo hospitalar, ações proativas em relação à legislação ambiental, ações impactantes dos fornecedores hospitalares quanto ao meio ambiente, alternativas para o tratamento de resíduos, observação por parte das organizações pesquisadas em relação à certificação pelas normas ISO 14001, BS 8800 e OHSAS 18001 por parte dos fornecedores, se os fornecedores da organização são certificados pelas normas de saúde e segurança, e se o hospital procura adquirir produtos passíveis de reciclagem ou que tenham origem em produtos reciclados, desde que esses procedimentos não prejudiquem a prestação do serviço.

Observou-se que a percepção dos entrevistados com relação ao processo hospitalar é de que este segue a legislação pertinente à área, pois as respostas ficaram entre “na maioria das vezes” e “sempre”.

No que respeita à existência de ações proativas das organizações quanto a questões ambientais, as respostas ficaram em sua maioria entre “na maioria das vezes” e “sempre”.

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Referente à verificação se o hospital observa o cumprimento ou certificação das normas ISO 14001, BS 8800 e OHSA 18001 por parte de seus fornecedores, constatou-se que na organização “A” estes critérios não são observados “sempre” para 51,43% dos entrevistados enquanto na organização “B” este critério é adotado para 66,67%, segundo a percepção dos gestores.

Quanto aos fornecedores, quando se procura verificar a relação da organização pesquisada relacionada aos critérios que ela adota perante os mesmos, desde a observação da legislação hospitalar às ações impactantes ao meio ambiente por parte destes e a certificação dos fornecedores pelas normas ISO 14001, BS 8800 e OHSAS 18001, assim como a aquisição de produtos que gerem menor impacto ao meio ambiente, as organizações estão com uma “boa” sustentabilidade.

A percepção dos entrevistados é convergente com a análise apresentada por Barbieri e Machline (2009), que apuraram que a avaliação de fornecedores tem sido colocada como um item importante em diversas normas voluntárias de gestão, pois os impactos ambientais de fornecedores devem ser objetos de preocupação conforme a norma ISO 14001, e também como parte da responsabilidade das empresas em promover e assegurar o manejo responsável e ético de produtos e processos do ponto de vista da saúde, segurança e do meio ambiente.

Segundo estes autores, os impactos ambientais significativos de fornecedores e prestadores de serviço devem ser objetos de preocupação, pois a contribuição das organizações produtoras de bens e serviços, inclusive os hospitais, para o estado em que a Terra vive hoje, é, sem dúvida, muito expressiva (BARBIERI; MACHLINE, 2009).

Para tanto, a relação com os fornecedores, e não somente quanto ao recebimento dos insumos adquiridos, e, principalmente, nas formas de monitoramente direto ou indireto do modo como estes fornecedores produzem os materiais para o hospital, é relevante.

Na mesma linha, Vital de Oliveira Ribeiro Filho (2009), ao impor critérios ambientais aos contratos de fornecimento de produtos ou serviços, afirma que os hospitais investem na qualidade do serviço que prestam e melhoram sua imagem perante o público e os usuários. Além disso, lideram e motivam o alinhamento de toda a cadeia produtiva, difundindo as práticas ambientais saudáveis. Outro benefício observado é a redução dos custos com gerenciamento e destinação de resíduos e tratamento de efluentes, assim como a redução dos riscos de acidentes e de multas.

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Outro fator que deve ser considerado na análise do critério fornecedores é justamente o conjunto de regramentos legais que cercam o tema e que, inclusive, condicionam vários elementos da própria atuação do hospital ou de alguns de seus setores.

4.2.3 – Critério 2 – Processo Produtivo

A inserção do processo produtivo como critério de análise justifica-se pelo fato de que a própria organização constitui-se na etapa da cadeia de produção sujeita à maior ingerência das lideranças internas (LERIPIO, 2001). Este critério foi subdivido em cinco subtópicos,

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