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Efeitos da certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos índices de ecoeficiência das propriedades suinícolas cooperativistas

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CENTRO SOCIOECONÔMICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE

Kátia Dalcero

Efeitos da Certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos Índices de Ecoeficiência das Propriedades Suinícolas Cooperativistas

Florianópolis 2020

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Kátia Dalcero

Efeitos da Certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos Índices de Ecoeficiência das Propriedades Suinícolas Cooperativistas

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre em Contabilidade.

Orientador: Profª. Denize Demarche Minatti Ferreira, Drª.

Florianópolis 2020

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Dalcero, Kátia

Efeitos da Certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos índices de Ecoeficiência das Propriedades Suinícolas Cooperativistas / Kátia Dalcero; orientador, Denize Demarche Minatti Ferreira, 2020.

59 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Programa de Pós-Graduação em Contabilidade, Florianópolis, 2020.

Inclui referências.

1. Contabilidade. 2. Ecoeficiência. 3. Propriedades Suinícolas. 4. Cooperativas Agropecuárias. 5.

Sustentabilidade. I. Minatti Ferreira, Denize Demarche. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós Graduação em Contabilidade. III. Título.

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Kátia Dalcero

Efeitos da Certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos Índices de Ecoeficiência das Propriedades Suinícolas Cooperativistas

O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Alexandre Meira de Vasconcelos, Dr. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Prof. Hans Michael van Bellen, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. José Alonso Borba, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de mestre em contabilidade.

____________________________ Prof. (a) Ilse Maria Beuren Dr.(a) Coordenação do Programa de Pós-Graduação

____________________________

Prof.(a) Denize Demarche Minatti Ferreira, Dr.(a) Orientador(a)

Florianópolis, 2020 Documento assinado digitalmente Denize Demarche Minatti Ferreira Data: 22/04/2020 09:10:01-0300 CPF: 898.985.407-53

Assinado de forma digital por Ilse Maria Beuren:23018194004 Dados: 2020.04.22 15:43:48 -03'00'

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Dedico este trabalho a minha família, em especial aos meus pais.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer principalmente aos meus pais, Deonir e Lourdes, pelo apoio, carinho nesta caminhada e por sempre impulsionar na busca dos meus sonhos. Aos meus irmãos Douglas e Cristina, pelo auxílio e por sempre me incentivarem. A minha prima Simone por todo o apoio e incentivo. Além disso, quero agradecer pela compreensão de vocês pela ausência em momentos importantes neste período.

Agradeço em especial a minha orientadora, amiga e conselheira professora Denize Demarche Minatti Ferreira, por todo o conhecimento transmitido, críticas, incentivo, cuidado e momentos compartilhados, os quais contribuíram para o meu crescimento profissional e pessoal. Você tornou-se uma inspiração e exemplo para mim. Espero que nossa amizade se fortaleça a cada dia.

A Cooperativa A1, em especial: aos técnicos da suinocultura (Jaison, Régis, Vantuir e Jucenir) pelo tempo disponibilizado em acompanhar nas propriedades rurais para a realização desta pesquisa, aos produtores integrados dos municípios de Caibi, Palmitos e Riqueza que aceitaram participar da pesquisa. Ao gerente administrativo Clovanir e ao vice-presidente Lauri, pela atenção e disponibilização das informações necessárias para o desenvolvimento desta pesquisa.

Aos meus amigos da Linha Aparecida Caibi, pelos momentos de diversão proporcionados. As minhas amigas Crislei e Elaine, pelas conversas e pelo incentivo neste período. A Denise, Marília, Renata e ao grupo das “Merendinhas” pelos momentos e sorrisos compartilhados, a maioria deles envolvendo lanchinhos, jantas e passeios.

Aos membros do grupo de pesquisa do NECC, em especial Fábio, Lucas, Manuela, Jean e Sarah, pela convivência, risadas, ajuda e discussões de trabalhos e outros assuntos aleatórios, que tornaram a convivência diária especial e agradável. Ainda a Kelly, Sara, Emanuelle, Janaína, Juliane, Gerson e Jacó pelo apoio e por dividirem momentos de risadas, cafezinhos, angústias, conselhos nestes dois anos de caminhada. Vocês são pessoas especiais e tornaram-se uma família para mim.

Aos professores Dr. Alexandre Meire Vasconcelos, Dr. Hans Michael van Bellen e Dr. José Alonso Borba, por aceitarem participar da banca de avaliação e por todas as contribuições realizadas para o desenvolvimento desta pesquisa. A mestra Alessandra Rodrigues Machado de Araújo pelas contribuições no desenvolvimento do projeto de dissertação.

Aos professores e coordenação do PPGC-UFSC, por todo o conhecimento transmitido, apoio e incentivo fornecidos durante está trajetória. A Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC) pelo auxílio financeiro proporcionado neste período.

Por fim, quero agradecer a todos que de alguma forma contribuíram direta e indiretamente nesta trajetória dos dois anos de mestrado.

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O homem sensato adapta-se ao mundo. O homem insensato persiste em tentar adaptar o mundo a ele mesmo. Portanto, todo o progresso depende do homem insensato. (George Bernard Shaw)

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RESUMO

O estudo busca verificar a influência da certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável, nos índices de ecoeficiência no período de 2015 a 2018 das propriedades suinícolas cooperativistas catarinenses. Em relação a metodologia, a amostra do estudo é formada pelas propriedades rurais vinculadas a Cooperativa A1, localizada na região Oeste do estado de Santa Catarina. O cálculo dos índices de ecoeficiência foi realizado, por meio da utilização da Análise Envoltória de Dados (DEA), modelo CCR orientado pelos outputs. Além disso, para analisar a influência de outros determinantes de indicadores econômicos e socioambientais nos índices de ecoeficiência e, responder as hipóteses desenvolvidas no estudo é utilizada o modelo regressão de dados em painel (pooled). Os resultados demonstram que as propriedades possuem níveis considerados altos de ecoeficiência para o período de 2015 a 2018. E, as variáveis (receita, consumo hídrico, conversão alimentar e produção de dejetos) apresentam correlação alta/moderada com os índices de ecoeficiência. Os resultados rejeitam a hipótese nula de que as propriedades certificadas e não certificadas possuem o mesmo índice de ecoeficiência.

Palavras-chaves: Ecoeficiência; Propriedade Suinícolas; Cooperativas Agropecuárias;

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ABSTRACT

The study seeks to verify the influence of certification by the Sustainable Rural Property Program, on the eco-efficiency indexes in the period from 2015 to 2018 of the Santa Catarina cooperative pig properties. Regarding the methodology, the study sample consists of rural properties linked to Cooperativa A1, located in the western region of the state of Santa Catarina. The calculation of eco-efficiency indexes was performed using Data Envelopment Analysis (DEA), a CCR model guided by the outputs. In addition, to analyze the influence of other determinants of economic and socioenvironmental indicators on eco-efficiency indexes, and to answer the hypotheses developed in the study, the paneled data regression model (pooled) is used. The results demonstrate that the properties have levels considered high for ecoefficiency for the period from 2015 to 2018. And, the variables (revenue, water consumption, feed conversion and waste production) have a high / moderate correlation with the eco-efficiency indexes. The results reject the null hypothesis that certified and non-certified properties have the same eco-efficiency index.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Propriedades Certificadas ... 44 Figura 2: Propriedades não certificadas ... 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Propriedades certificadas CooperA1 ... 33

Tabela 2: Amostra da pesquisa ... 33

Tabela 3: Variáveis do estudo ... 34

Tabela 4: Critérios de classificação do índice de ecoeficiência ... 37

Tabela 5: Índices de Ecoeficiência 2015 ... 40

Tabela 6: Índices de Ecoeficiência 2016 ... 41

Tabela 7: Índices de Ecoeficiência 2017 ... 42

Tabela 8: Índices de Ecoeficiência 2018 ... 43

Tabela 9: Correlação de Pearson (ano de 2015) ... 45

Tabela 10: Correlação de Pearson (ano de 2016) ... 46

Tabela 11: Correlação de Pearson (ano de 2017) ... 46

Tabela 12: Correlação de Pearson (ano de 2018) ... 47

Tabela 13: Estatística descritiva ... 48

Tabela 14: Testes dos pressupostos da regressão ... 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA – Conversão Alimentar KG CH – Consumo Hídrico

DEA – Análise Envoltória de Dados ECO – Índice de Ecoeficiência ESC – Escolaridade

PD – Produção de dejetos

REC – Valor recebido por carcaça TAM – Tamanho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 OBJETIVOS ... 17 1.2 JUSTIFICATIVA ... 17 1.3 ESTRUTURA ... 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 20

2.1 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ... 20

2.2 ECOEFICIÊNCIA: ESTUDOS RELACIONADOS ... 23

2.3 COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS ... 26

2.3.1 Pensamento Cooperativista ... 26

2.3.2 Organizações Cooperativas ... 27

2.4 PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL ... 29

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 32

3.1 DELIMITAÇÃO ... 32

3.2 AMOSTRA DA PESQUISA ... 32

3.3 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS DO ESTUDO ... 34

3.4 CÁLCULO DA ECOEFICIÊNCIA ... 35

3.4.1 Análise da Influência da Certificação nos Índices de Ecoeficiência ... 38

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 40

4.1 ÍNDICES DE ECOEFICIÊNCIA ... 40

4.2 TESTES DA HIPÓTESE DO ESTUDO... 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 50

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1 INTRODUÇÃO

As discussões sobre sustentabilidade estão presentes no meio acadêmico e profissional por serem importantes para a preservação do capital natural, desenvolvimento dos múltiplos setores da economia e melhoria da qualidade de vida (Goodland, 1995; van Cauwenbergh et al., 2007). As preocupações sobre os desafios do futuro acerca do desenvolvimento sustentável, as mudanças climáticas, a escassez dos recursos naturais e, o aumento da demanda social por alimentos fizeram com que gestores agropecuários tomassem decisões para uma produção mais sustentável, uma vez que o capital natural é essencial para a continuação da atividade (Coteur, Marchand, Debruyne, Dalemans, & Lauwers, 2016; E. Galdeano-Gómez, Aznar-Sánchez, Pérez-Mesa, & Piedra-Muñoz, 2017; Nevens et al., 2008).

Além das preocupações ambientais para a continuidade da atividade, o agronegócio desempenha papel fundamental para a economia brasileira, beneficiando diferentes grupos da sociedade de maneira direta ou indireta (Cohen, 2019). Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA, 2019), o agronegócio apresentou participação no PIB de R$1.552.995 milhões em 2019 e, o ramo pecuário representa R$494.756 mil, que corresponde a 31,90% do PIB agropecuário brasileiro, também no ano de 2019.

A produção de carne suína no Brasil referente ao quarto trimestre de 2019 abateu 11,87 milhões de suínos, configurando um aumento de 6,1% em relação ao quarto trimestre de 2018 (IBGE, 2020). A região Sul do país destaca-se neste setor, pois é responsável por 65,3% dos abates, sendo o estado de Santa Catarina líder nacional com 26,8% (IBGE, 2019). Lopes, (2019, p. 2) destaca que “pesaram para esse aumento os reflexos positivos para a demanda e preços da epidemia de peste suína africana na China e sobre o mercado global de carnes”.

Este aumento influencia diretamente na demanda pelos recursos naturais (Lassaletta et al., 2019) e, os mercados precisam aprimorar os critérios para extração desses recursos. Assim, surge a necessidade de implementar práticas e programas de manejo sustentável, tendo como principal objetivo incentivar os produtores na busca de inovação que ocasionem benefícios econômicos, ambientais e socias integrados, viabilizando a continuidade da atividade e o desenvolvimento sustentável (Lubell, Hillis, & Hoffman, 2011).

A implantação de programas que visem a gestão ambiental e produção mais sustentável nas pequenas e médias propriedades agropecuárias é incentivada pelas cooperativas. As organizações cooperativas buscam contribuir para o bem-estar socioeconômico de seus cooperados, impulsionam a economia e, o desenvolvimento local das comunidades que estão

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inseridas (Lauermann, Moreira, Souza, & Piccoli, 2018). Os autores destacam ainda que o desempenho das cooperativas agropecuárias precisa ser avaliado, considerando os aspectos econômico-financeiro e socioambientais. Para garantir a continuidade da organização, estes aspectos precisam ser analisados de maneira integrada (Bialoskorski Neto, Barroso, Francini, & Rezende, 2012) visto que estes instrumentos de avaliação da sustentabilidade podem auxiliar diferentes setores (indústria, varejo e agronegócio) da economia.

Um dos conceitos que afere a relação entre os três aspectos da sustentabilidade (econômicos, ambientais e sociais) é denominado “ecoeficiência” que auxilia as organizações na busca do desenvolvimento sustentável e criação de valor de suas atividades. Este conceito é prioritariamente utilizado para avaliar a sustentabilidade e o uso eficiente dos recursos naturais nas atividades produtivas em diferentes setores da economia (Huppes & Ishikawa, 2005).

As discussões sobre a ecoeficiência começaram na década de 1970 (Figge & Hahn, 2004b), quando se utilizava o termo “eficiência ecológica” ou “eficiência ambiental” e referiam-se especificamente ao uso eficiente dos recursos naturais (Freeman, Haveman, & Kneese, 1973). A investigação da relação entre geração de benefícios econômicos, utilização dos recursos naturais e os impactos ambientais gerados pelas atividades produtivas iniciou ainda na década de 1970, com os estudos de McIntyre e Thornton (1974, 1978) que analisaram a relação das pressões ambientais e o valor econômico gerado pelas atividades.

A operacionalização do conceito ocorreu na década de 1990, com as pesquisas de Schaltegger e Sturm (1990) e Schaltegger (1996), permitindo a adoção das práticas de sustentabilidade para a avaliação da ecoeficiência dos sistemas produtivos. Este conceito foi popularizado no ano de 1992, por intermédio da World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) para que as organizações se tornassem mais competitivas e ambientalmente responsáveis (Figge & Hahn, 2004b; Picazo-Tadeo, Gómez-Limón, & Reig-Martínez, 2011).

A medida de ecoeficiência é um meio de avaliação da sustentabilidade orientada pela teoria dos capitais para a sustentabilidade, que inclui os capitais: manufaturado (produzido pelo homem), humano (conhecimentos e habilidades), social (relações entre indivíduos e instituições) e natural (recursos naturais) A teoria classifica, conforme a regra do capital constante, os meios de avaliação como relativos da sustentabilidade, onde os estoque de capitais precisam permanecer constantes e não podem ser substituídos um pelos outros (Figge & Hahn, 2004a; van Passel, Nevens, Mathijs, & van Huylenbroeck, 2007). A utilização dos estoques de capitais é bastante visível nas atividades produtivas nos diferentes setores da economia, dentre

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os quais, o que mais consome esses recursos é o agronegócio (Ferreira & Braga, 2004). As organizações agropecuárias utilizam a avaliação da ecoeficiência para estimar seus processos produtivos, implantar novas tecnologias e desenvolver políticas que visem o crescimento sustentável em diferentes setores (Burritt, Herzig, & Tadeo, 2009; Schaltegger & Burritt, 2010; van Passel et al., 2007).

O avanço das discussões sobre a operacionalização do conceito de sustentabilidade nas organizações, a criação de mecanismos de avaliação da sustentabilidade nos sistemas de produção ainda é lenta e não possui estrutura definida para análise (van Passel et al., 2007). Assim, é necessário medidas que verifiquem a contribuição das organizações para a sustentabilidade e, nesse sentido, van Passel et al. (2007) afirmam que as organizações contribuem para a sustentabilidade quando os benefícios gerados (econômicos, sociais e ambientais) excederem a soma dos custos internos e externos de sua atividade. A implantação de mecanismos de avaliação da sustentabilidade nas organizações produtivas agropecuárias, em especial nas propriedades rurais é incentivada pelas cooperativas, uma vez que são responsáveis pela inserção dos pequenos e médios produtores nos mercados agropecuários. Deste modo, as cooperativas agropecuárias desempenham papel importante em muitas regiões do país para o desenvolvimento econômico, social e ambiental (Ferreira & Braga, 2004).

Os programas de certificações propiciam benefícios financeiros, econômicos e melhorias ambientais para as propriedades agropecuárias (Tran & Goto, 2018). O Programa Propriedade Rural Sustentável, desenvolvido no ano de 2016 por uma agroindústria da região Oeste de Santa Catarina busca de maneira integrada com as cooperativas filiadas e produtores rurais cooperativistas a implantação de manejo produtivo sustentável. No referido programa, as propriedades certificadas recebem incentivos financeiros por aplicar boas práticas de manejo introduzidas na propriedade conforme estabelecido no manual por eles desenvolvido. O certificado foi conferido a 16 propriedades no ano de 2016, 53 propriedades em 2017 e, no ano de 2018, 128 propriedades (Business, 2019).

É importante verificar a ecoeficiência do processo produtivo de criação de suínos, principalmente na região Oeste catarinense para auxiliar em pesquisas que avancem no desenvolvimento de políticas que visem cooperar para o crescimento econômico e a preservação dos recursos naturais. Além disso, busca contribuir para as discussões que levem a criação de um instrumento de medição da sustentabilidade mais padronizado para as atividades produtivas.

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Diante do exposto surge a pergunta da pesquisa: Quais os efeitos da certificação nos

índices de ecoeficiência das propriedades suinícolas cooperativistas catarinenses certificadas pelo Programa Propriedade Rural Sustentável?

1.1 OBJETIVOS

Com base no contexto exposto, o objetivo geral da presente dissertação é: Analisar os

efeitos da certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável nos índices de ecoeficiência das propriedades suinícolas cooperativistas catarinenses.

Para atender o objetivo geral do estudo têm-se os seguintes objetivos específicos: a. Calcular o índice de ecoeficiência das propriedades suinícolas cooperativistas

catarinenses;

b. Comparar os níveis de ecoeficiência entre propriedades cooperativistas catarinenses certificadas e não-certificadas pelo Programa Propriedade Rural Sustentável e sua influência nos índices de ecoeficiência;

c. Verificar se as propriedades certificadas pelo Programa Propriedade Rural Sustentável possuem índices melhores do que as propriedades não certificadas, com o intuito de demonstrar a importância da certificação para a melhoria da ecoeficiência das propriedades suinícolas.

1.2 JUSTIFICATIVA

A crescente preocupação com as questões ambientais e, principalmente, a utilização eficiente dos recursos naturais fez necessário o desenvolvimento de mecanismos de análise integrada da sustentabilidade para verificar a utilização eficiente deste capital pelas diferentes atividades econômicas. Assim, as medidas de avaliação da sustentabilidade estimam se as práticas e ações contribuem simultaneamente para as três dimensões: ambiental, social e econômica (Figge & Hahn, 2004a).

O setor agropecuário, é um dos setores que mais consomem recursos naturais e contribuem para a geração de impactos ambientais negativos: desmatamento, emissões de gases de efeito estufa, poluição e desperdício dos recursos hídricos, entre outros. Além de ser

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dependente destes para manutenção e crescimento das atividades, sendo essencial o uso eficiente dos mesmos (Galdeano-Gómez et al., 2017).

Um dos setores que mais consomem recursos e geram impactos ambientais negativos no agronegócio é a produção de suínos. No Brasil a maior produção de suínos, encontra-se no estado de Santa Catarina, concentrada na Região Oeste, com maior número de propriedades agropecuárias de suinocultura e frigoríficos.

A produção de suínos consiste principalmente no modelo de cooperação entre frigoríficos, cooperativas e produtores rurais (Talamini, Martins, Arboit, & Wolozsyn, 2006) onde cooperação e inovação possuem papel importante no desenvolvimento de programas de extensão para a melhoria da sustentabilidade (Lubell et al., 2011). Justifica-se assim, a importância de se avaliar a sustentabilidade das propriedades suinícolas, utilizando medida de ecoeficiência, as quais possibilitam contribuir para o desenvolvimento e aplicação de novos processos produtivos, que ocasionam benefícios econômicos, ambientais e sociais.

A alocação dos estoques de capitais para a criação de valor sustentável das atividades (van Passel et al., 2007) deve ser mensurada, uma vez que a produção de suínos gera significativas quantidades de gases de efeito estufa e consome elevada quantidade de recursos hídricos (FAO, 2019). Além disso, contribui para a formulação de políticas que visem a redução das pressões ambientais, mais fáceis de serem implementadas do que as medidas drásticas de redução dos impactos ambientais, que podem restringir os níveis da atividade econômica (Picazo-Tadeo et al., 2011).

Ainda, justifica-se a escolha de propriedades suinícolas vinculadas a uma cooperativa agropecuária pela influência que elas exercem na implantação dos processos de produção mais sustentáveis e pela alta comercialização da produção para as agroindústrias (Ostroski, Petry, & Galina, 2006).

O presente estudo também busca contribuir com as discussões acadêmicas, empresariais e sociais sobre a ecoeficiência como instrumento de avaliação da sustentabilidade, no setor do agronegócio, principalmente na produção de suínos. Já que são poucos os instrumentos de avaliação da sustentabilidade nos sistemas produtivos (van Passel et al., 2007; Veleva & Ellenbecker, 2001) que estimam a alocação eficiente dos estoque de capitais na atividade econômica (Figge & Hahn, 2004a; Huppes & Ishikawa, 2005).

Como contribuição prática, destaca-se a importância de verificar o consumo dos recursos naturais e em relação a geração de benefícios econômicos provenientes da atividade de produção de suínos. A implementação de boas práticas de manejo auxilia também no

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desenvolvimento sustentável da atividade, uma vez que o agronegócio é dependente principalmente do capital natural e busca auxiliar na formulação de políticas de incentivos ao demonstrar os efeitos da certificação para melhoria da sustentabilidade desenvolvidas nos níveis microeconômicos.

O estudo busca cooperar com a sociedade, auxiliando a discussão e implantação de práticas que melhorem a preservação dos recursos naturais, por meio de seu uso eficiente, e ao mesmo tempo gerem benefícios econômicos de curto, médio e longo prazo. A implementação dessas práticas e sua avaliação contribuem para a garantia e aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável, além da preservação dos recursos naturais essenciais para a vida humana.

1.3 ESTRUTURA

A dissertação está estruturada da seguinte forma: no primeiro tópico é apresentada a introdução com a contextualização do estudo, problema da pesquisa, objetivos gerais e específicos, justificativa e as contribuições do estudo.

O tópico dois traz a fundamentação teórica, abrangendo três tópicos que abordam a os instrumentos de avaliação da sustentabilidade, a ecoeficiência e estudos relacionados, organizações cooperativistas e, por fim, o sistema de produção de suínos no Brasil.

O terceiro tópico apresenta os procedimentos metodológicos da pesquisa, com o enquadramento, população e amostra do estudo, as variáveis consideradas e o período do estudo, além de desmembrar os modelos dos cálculos de ecoeficiência aplicados.

O quarto tópico corresponde a apresentação e análise dos resultados obtidos na pesquisa, e, o quinto e último tópico com as conclusões do estudo, seguido das referências.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A presente seção está dividida em quatro temas principais: Instrumentos de avaliação da sustentabilidade, ecoeficiência e estudos relacionados, cooperativas agropecuárias e a produção de suínos.

O primeiro apresenta os instrumentos de avaliação da sustentabilidade conforme as perspectivas da teoria dos capitais e da sustentabilidade (fraca e forte). O segundo descreve ecoeficiência, conceito utilizado neste estudo para verificar a sustentabilidade das propriedades suinícolas cooperativistas. O terceiro tema identifica a formação do pensamento cooperativista e as principais diferenças da gestão e da estrutura de governança das organizações cooperativas para as demais organizações. E, o quarto demonstra os modelos de produção de suínos implementados no Brasil

2.1 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

Figge e Hahn (2004) afirmam que nas discussões sobre sustentabilidade em nível macroeconômico, no que tange a utilização dos recursos naturais das atividades produtivas se utiliza a abordagem da teoria dos capitais, adotada inicialmente por Harte (1995), Stern (1997) e Prugh et al. (1999). Conforme Stern (1997, p. 149), “a definição de capital que satisfaz as condições da teoria, deve incluir todos os ativos produtivos disponíveis para a economia”. Figge e Hahn (2004b, p. 174) destacam “os capitais artificiais (bens produzidos), capital humano (conhecimentos e habilidades), capital natural (recursos naturais) e capital social (indivíduos e instituições)” e, salientam que o desenvolvimento pode ser considerado sustentável, quando assegura o estoque e/ou serviço de todos os capitais ao longo do tempo.

Conforme a teoria, o conceito de sustentabilidade pode ser dividido entre “fraca e forte” de acordo com a substituição dos capitais, que caracteriza-se segundo Norton e Toman (1997) e Stern (1997) como a principal diferença entre as duas. A sustentabilidade fraca aborda todos os capitais e, a falta de um deles pode levar a substituição por qualquer outro excedente. Enquanto que a sustentabilidade forte determina que os capitais não são substituíveis, assim têm-se a necessidade da preservação dos mesmos, onde os capitais se complementam entre si (Figge & Hahn, 2004a).

Assim, se induz as organizações para um novo modelo de negócio, onde os gestores precisam considerar no processo de tomada questões relacionadas com as dimensões ambientais, sociais e econômicas. Neste caso, para a empresa ser considerada sustentável

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necessita aprimorar as condições de vida das comunidades, gerar lucro aos acionistas e preservar o meio ambiente (Savitz & Weber, 2007).

A geração de riqueza para os stakeholders e o meio ambiente evidenciam a aplicação no âmbito acadêmico e nas estratégias empresariais do conceito Triple Bottom Line (TBL), que abrange as três dimensões da sustentabilidade (ambiental, social e econômica) no desenvolvimento de processos inovadores e aplicação de novas tecnologias, aumentando a eficiência dos processos produtivos e a diminuição dos impactos ambientais (Elkington, 1998). Porém, autores enfatizam a dificuldade da operacionalização do conceito de sustentabilidade, principalmente nos métodos utilizados para sua aplicação e avaliação (Barbosa & Caleman, 2016; Coteur et al., 2016; Gómez-Limón & Sanchez-Fernandez, 2010; van Dijk, Mount, Gibbons, Vardon, & Canadell, 2014).

Callens e Tyteca (1999) sugerem duas das abordagens mais utilizadas para a medição da sustentabilidade, as medidas absolutas e relativas. As medidas absolutas verificaram a contribuição das organizações subtraindo os custos socioambientais dos benefícios gerados pelas atividades, podendo estar relacionados aos custos informados pela contabilidade (Gray, 1992). Assim, uma organização contribui para a sustentabilidade no momento em que os benefícios excederem os custos socioambientais internos e externos, constituindo o “valor agregado líquido”, onde o valor econômico agregado é ajustado pelos custos ambientais externos causados pelas atividades da organização, em que custos e benefícios precisam ser expressados na mesma unidade de medida, ou seja, é necessário monetizar os impactos socioambientais (Figge & Hahn, 2004a; Hahn, Figge, Liesen, & Barkemeyer, 2010).

As medidas absolutas de sustentabilidade do ponto de vista teórico, conseguem sintetizar as exigências dos capitais do nível macro para medidas de avaliação em níveis micros, porém podem apresentar limitações: (i) monetizar os impactos socioambientais (Callens & Tyteca, 1999); (ii) não evidenciar se a organização alcançou contribuição máxima para a sustentabilidade (Figge & Hahn, 2004a) e, (iii) as medidas resultarem da fraca sustentabilidade, as quais levam em consideração a substituição dos capitais nas decisões individuais ou institucionais relacionadas as dimensões de sustentabilidade e não da análise de maneira integrada (Feindt, 2000; Figge & Hahn, 2004a).

As medidas relativas permitem verificar a contribuição das organizações para a sustentabilidade ao avaliar a geração dos benefícios econômicos por unidade de impacto ambiental e, a ecoeficiência é uma das medidas relativas mais utilizadas para a avaliação da sustentabilidade (Figge & Hahn, 2004a, 2013; van Passel et al., 2007).

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A teoria dos capitais para a avaliação da sustentabilidade sugere duas formas de aplicações referentes a (i) análise dos impactos ambientais causados pela atividade e (ii) a orientação pelo ônus ou pelo valor. A primeira se concentra em analisar os custos e danos causados pela atividade econômica em detrimento a outro conjunto de impacto ambiental, por considerar que os recursos dos capitais são substituídos um pelos outros. A segunda analisa quando de valor é criado por um conjunto de impactos ambientais, essa abordagem adota a análise da utilização dos recursos dos capitais em comparação a outras organizações, os quais precisam ser alocados de maneira eficiente (Figge & Hahn, 2004b).

Estas medidas precisam combinar indicadores das três dimensões da sustentabilidade, e ainda combinar os níveis macro e microeconômicos (Kaufmann e Cleveland 1995; Jollands Lermit e Petterson, 2004). No últimos anos foram propostas medidas para avaliação da sustentabilidade, porém mais concentradas nos níveis macroeconômicos, por exemplo: pegada ecológica, economia genuína, índice de bem-estar econômico sustentável e painel de sustentabilidade (van Passel et al., 2007). Sendo, portanto, necessário avançar na avaliação em níveis organizacionais e principalmente em verificar qual é a contribuição das empresas para a sustentabilidade, já que é nas organizações que ocorrem as atividades produtivas que mais consumem recursos dos diferentes capitais.

Van Passel et al. (2007) afirmam que é importante medir a sustentabilidade das propriedades agropecuárias, a fim de fornecer adequada orientação para a tomada de decisões, sendo fundamental para a garantia da continuidade da atividade (Dantsis, Douma, Giourga, Loumou, & Polychronaki, 2010). De acordo com Lewandowski, Härdtlein e Kaltschmitt (1999), sustentabilidade agropecuária é a forma de manejo e utilização do recursos naturais e manutenção da diversidade dos ecossistemas, com integração econômica, ambiental e social nos níveis locais, nacionais e global sem causar prejuízos aos ecossistemas.

A implementação de práticas e processos de produção sustentáveis e sua avaliação, necessitam da interação entre propriedades agropecuárias e a sociedade, criando mecanismos de avaliação pelos agricultores/pecuaristas e stakeholders (Coteur et al., 2016), sendo impulsionadas pelos padrões de qualidade das agroindústrias e seus clientes (Meynard et al., 2017).

A avaliação da sustentabilidade agropecuária representa um processo complexo com variáveis inter-relacionadas com o propósito de auxiliar a tomada de decisão e aprimorar políticas que incentivem práticas de manejos produtivos menos agressivas ao meio ambiente pelas propriedades rurais (Dantsis et al., 2010; E. Galdeano-Gómez et al., 2017; Sala, Ciuffo,

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& Nijkamp, 2015). O referido processo leva em consideração as análises dos sistemas produtivos agropecuários (unidade de produção e localização) para avaliação da sustentabilidade (Gómez-Limón & Sanchez-Fernandez, 2010).

2.2 ECOEFICIÊNCIA: ESTUDOS RELACIONADOS

A ecoeficiência é um dos instrumentos mais utilizados nas pesquisas acadêmicas para análise da sustentabilidade em diferentes setores da economia (Huang, Xia, Yu, & Zhang, 2018; Huppes & Ishikawa, 2005) considerada uma medida relativa de sustentabilidade (Figge & Hahn, 2004a). Maciel, Khan e Rocha (2018) salientam que o conceito de ecoeficiência possui raízes no desenvolvimento sustentável com o intuito de determinar o uso dos recursos.

O conceito de ecoeficiência começou a ser abordado na década de 1970, nas pesquisas de Freeman, Haveman e Kneese (1973), com o intuito de verificar a eficiência ambiental dos negócios (Mu, Kanellopoulos, van Middelaar, Stilmant, & Bloemhof, 2018), devido à escassez dos recursos naturais e da necessidade da sua utilização de maneira eficiente (Figge & Hahn, 2013).

Esta abordagem foi novamente discutida e agregou a relação entre o desempenho econômico e os impactos ambientais negativos das atividades, por meio das pesquisas de Schaltegger e Sturn (1990) e Schaltegger (1996). O conceito de ecoeficiência tornou-se mais popularizado pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) com intuito de criar um filosofia de gestão para incentivar as organizações na busca integrada de benefícios econômicos com melhorias ambientais (Bonfiglio, Arzeni, & Bodini, 2017). Do ponto de vista da tomada de decisão gerencial no contexto ambiental, a ecoeficiência é considerada por Figge e Hahn (2013) como “padrão-ouro” por relacionar o uso eficiente do capital natural na geração de benefícios econômicos.

Van Passel et al. (2007, p. 151) definem “ecoeficiência como a razão do valor criado por unidade de impacto ambiental”. A medição da ecoeficiência é referenciada nos estudos por duas linhas de aplicação, a primeira é a “máxima ecoeficiência”, que determina a diminuição dos impactos ambientais negativos (DeSimone & Popoff, 1997) e a segunda que consiste em evidenciar a proporção do benefício econômico (criação de valor) por impacto ambiental adicionado (Callens e Tyteca (1999), Figge e Hahn (2013a) Picazo-Tadeo et al. (2011) e Schaltegger e Sturm (1990)).

Hahn et al. (2010) afirmam que a ecoeficiência pode ser melhorada em três aspectos: (i) quando houver aumento do valor econômico em relação ao impacto ambiental gerado, (ii)

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diminuição do impacto ambiental causado pela geração do mesmo valor econômico adicionado e, (iii) ou em ambos os fatores, quando aumenta o valor econômico e diminui o impacto ambiental gerado. Schaltegger e Burritt (2000) salientam que as fortes melhorias de ecoeficiência correspondem a um aumento do valor econômico e diminuição simultânea do impacto ambiental.

A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards os Accounting and Reporting (ISAR), desenvolveu um manual que auxilia as organizações na implementação de mecanismos de avaliação da ecoeficiência. Tal manual relaciona os mecanismos de avaliação da ecoeficiência com a estrutura conceitual dos relatórios de contabilidade, sustentabilidade e divulgações voluntárias com o intuito de facilitar a compreensão, aplicação e padronização dos dados das organizações (ISAR, 2004).

Nos estudos sobre ecoeficiência é comum a utilização dos indicadores econômicos de lucro e valor adicionado e, no caso dos indicadores da dimensão ambiental, os mais aplicados são: emissões de gases de efeito estufa, resíduos, consumo energético e hídrico (Huang et al., 2018; Mu et al., 2018; Passetti & Tenucci, 2016).

Figge e Hahn (2004a) destacam três fragilidades na medida de ecoeficiência em relação a análise da contribuição das organizações para a sustentabilidade: (i) é uma medida relativa não fornecendo informações sobre a eficácia, (ii) os avanços do progresso da ecoeficiência de uma organização, em relação a diminuição de consumo de recursos, podem ser “absorvidos” por outra organização menos ecoeficiente e, (iii) a medida de ecoeficiência não leva em consideração todos os impactos ambientais e sociais simultaneamente.

Programas que combinam um forte desempenho econômico com o uso eficiente dos recursos naturais está cada vez mais presente nas propriedades agropecuárias, desenvolvidos por instituições públicas e privadas (van Passel et al., 2007). Esses programas tem por objetivo, é incentivar os produtores adotem praticas que gerem benefícios econômicos, sociais e ambientais de maneira integrada (Lubell et al., 2011).

Picazo-Tadeo et al. (2011) analisaram a ecoeficiência agrícola no processo de produção de cereais em 171 propriedades espanholas, por meio da Análise Envoltória de Dados (DEA). Os autores utilizaram como indicadores: (i) inputs: sementes, nitrogênio, fosforo, pesticidas, energia; (ii) outputs: vendas, subsídios, pagamentos agroambientais; indicadores de pressões ambientais: especialização, balanço de nitrogênio, equilíbrio de fosforo, risco de pesticidas, índice de energia; e as variáveis socioeconômicas: idade, renda da atividade, terra e superfície

(25)

de pagamentos agroambientais, e de educação: grau de escolaridade e participação em treinamentos. Os resultados apontam que as fazendas são ecoineficientes, principalmente na questão do superávit de nitrogênio e, apresentaram pouca diferença entre as pressões ambientais analisadas. Os autores destacam três razões principais para a ineficiência das fazendas analisadas: práticas de manejo ineficientes de insumos, conscientização das externalidades ambientais pelos agricultores e, suposição de uma estrutura de multicritérios referente a tomada

de

decisão

nas fazendas.

You e Zhang (2016) utilizaram a DEA para medir a ecoeficiência da produção agrícola intensiva de 31 províncias da China. Além disso, os autores desenvolveram três critérios para identificar a ecoeficiência: total, técnica e por escala. Estes critérios possuem níveis quatro níveis: (1) Máxima (1,00), (2) Alta eficiência (> 0,5), (3) Eficiência moderada (0,3 – 0,5) e (4) baixa eficiência (< 0,3). Os resultados apontam que no critério da eficiência total apenas seis províncias obtiveram o nível máximo. Além disso, observou-se que a eficiência de escala possui índices inferiores ao da eficiência técnica.

Bonfiglio et al. (2017) avaliaram os índices de ecoeficiência de propriedades italianas de 2011 a 2014. A análise foi efetuada em duas fases: (i) cálculo dos índices de ecoeficiência foram por meio da DEA e, em seguida análise de regressão robusta, com o intuito de identificar a influência dos fatores econômicos, sociais e políticos nos índices de ecoeficiência. Os resultados do estudo evidenciam que a maioria das propriedades possuem índices modestos de ecoeficiência. Além disso, a ecoeficiência é maior se os gestores forem jovens agricultores e participarem de cooperativas agroalimentares. Sendo, que as propriedades possuem potencial alto de melhorias no desempenho ambiental, sem diminuir o valor econômico adicionado das atividades.

Godoy-Durán, Galdeano-Gómez, Pérez-Mesa e Piedra-Muñoz (2017) analisaram os índices de ecoeficiência em fazendas familiares produtoras de horticultura espanholas. Os índices de ecoeficiência foram calculados utilizando a DEA e foi analisada a influência dos aspectos socioeconômicos e ambientais das propriedades no índice de ecoeficiência utilizando modelos de regressões truncadas e técnicas de bootstrapping. Os resultados da pesquisa demonstram ineficiência nos aspectos de gerenciamento de resíduos. Porém existe uma ineficiência menor em relação ao consumo hídrico e balanço de nitrogênio. Além disso, a adoção de programas de certificação e pertencimento a cooperativas possuem influência positiva para a ecoeficiência.

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Mu et al. (2018) analisaram a ecoeficiência em 55 propriedades de produção leiteira de diferentes regiões europeias propondo um modelo de DEA difuso que verifica as incertezas do modelo. Foram utilizados os indicadores de ambientais: superávit de nitrogênio, superávit de fósforo, uso da terra, uso de energia e como indicador econômico: a margem bruta. Os resultados demonstram a importância de considerar as incertezas para o cálculo da ecoeficiência.

Em âmbito nacional são poucos estudos sobre ecoeficiência no agronegócio. Os estudos sobre a temática são de análise dos indicadores nas esferas empresariais e ecoeficiência em setores produtivos de frango utilizando a avaliação do ciclo de vida para verificar as pressões ambientais e o Valor Econômico Agregado como indicador econômico (Carvalho, 2018).

2.3 COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS

2.3.1 Pensamento Cooperativista

O desenvolvimento do cooperativismo teve seu marco no século XIX, juntamente com a revolução industrial, por conta dos questionamentos de alguns pensadores em relação ao liberalismo econômico, sendo seu principal defensor, Adam Smith. Os pensadores criticavam a detenção do capital e dos meios de produção nas mãos de uma minoria e, na mesma época, a maioria da população sofria com a baixa valorização da mão-de-obra e da ausência de recursos para a compra de itens básicos, levando a revolta dos pensadores econômicos (Bialoskorski Neto, 2012; Ortman & King, 2007).

Em 1835, Robert Owen, fundou na Inglaterra a “Association of all Classes of all Nations”, onde nos estatutos consta a instituição da primeira cooperativa central a nível mundial, auxiliando para a formação da opinião pública e contribuindo para a disseminação das ideias de cooperação (Bialoskorski Neto, 2012).

A primeira cooperativa de consumo foi criada em 1844 por 28 trabalhadores após não conseguirem, por meio de greve, aumentar a valorização do trabalho, quando se uniram e fundaram a primeira cooperativa, denominada “Rochdale Society of Equitable Pionners” (SistemaOCB, 2019) influenciados por Robert Owen (Ortman & King, 2007; SistemaOCB, 2019). O estatuto desta cooperativa serviu como marco orientador para a elaboração dos princípios adotados pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e são utilizados até os dias atuais (Bialoskorski Neto, 2012).

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Nesta época, o cooperativismo cresceu em nível mundial e, em 1854 foram criadas as primeiras cooperativas de crédito na Alemanha e Itália. Cropp & Ingalsbe (1989) evidenciaram os três principais fatores para desenvolvimento das cooperativas ao longo do tempo: as condições econômicas (guerras, depressão, política econômica do governo e acesso à tecnologia), a organização social (liderança, motivação) e, as políticas públicas (interesse do governo, iniciativa do legislativo e interpretações judiciais).

No ano de 1895, foi criada a ACI, com o objetivo unificar o movimento cooperativista mundial, estabelecendo alguns princípios: a) democracia; b) adesão livre e voluntária; c) neutralidade política e religiosa da organização; d) fomento a educação; e) retorno pro rata das sobras das operações e; f) intenção de modificar a ordem econômica. Esses princípios são influenciados pela corrente de pensamento dos socialistas utópicos associacionistas e pelos pensamentos de fraternidade, igualdade e solidariedade presentes na época (Bialoskorski Neto, 2012).

Para Pies, Baggio e Romeiro, (2016), os princípios do cooperativismo consistem em um mecanismo de orientação das bases constituídas em: diretrizes, planejamento e controles. Os autores destacam ainda o princípio da gestão democrática como indicativo da participação dos associados na gestão, por meio do processo de tomada de decisão, garantido a legitimidade das decisões.

2.3.2 Organizações Cooperativas

No Brasil, a cooperação é conhecida antes mesmo do descobrimento, por conta dos sistemas coletivos das aldeias indígenas, com a chegada dos portugueses ganhou importante contribuição com a criação da “República dos Guaranis” pelos padres jesuítas. Porém, a introdução do cooperativismo moderno ocorreu a partir da chegada dos imigrantes europeus, principalmente alemães e italianos (Bialoskorski Neto, 2012).

A criação da primeira cooperativa no Brasil ocorreu em 1889, em Minas Gerais, a Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, tendo foco principal no consumo dos produtos agrícolas (SistemaOCB, 2019). Em 1969 houve a fundação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e, dois anos depois, foi aprovada a Lei 5.764/71 que as disciplinou como instituições de regime jurídico próprio, porém, possui a limitação de que estas organizações eram gerenciadas pelo estado. A autonomia das

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organizações ocorreu com a Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, estabelecida, portanto, a autogestão do cooperativismo (SistemaOCB, 2019).

No ano de 2018, o Brasil apresentava 6.828 cooperativas com 14,6 milhões de associados. Sendo o ramo do agronegócio com 1.613 cooperativas, com 1.021.019 cooperados e resultado de R$3,1 bilhões de sobras liquidas no ano de 2018. O estado de Santa Catarina tem 258 cooperativas, com 2.460.456 cooperados, destas 236 cooperativas pertencem ao agronegócio, com 562.908 associados no período de 2018.

De acordo com a Lei nº 5.764/71, as cooperativas são sociedades jurídicas de atividade econômica comum, sem objetivo de lucro, caracterizadas pela adesão voluntária, variabilidade do capital social (quotas-parte), singularidade do voto, retorno das sobras líquidas e a neutralidade política-religiosa e, tais características, estão presentes deste a criação da primeira instituição no mundo.

Franke (1982) afirma que nas diferentes unidades econômicas quando os custos de manutenção de suas atividades individualmente se tornam elevados, onde essas unidades se reúnem em comunidades de cooperação, com organização administrativa especial, transferindo determinados custos individuais para tarefas de modo agregado, tornando-se organizações mais competitivas.

Na visão neoclássica, estas organizações, se encontram situadas entre economias particulares dos associados e o mercado, constituindo-se como estruturas, com objetivo de fornecer serviços que atendam a necessidades de seus associados, relação denominada como ato cooperativo e não comercial (Bialoskorski Neto, 2012). Uma das principais características está conexa ao direito de propriedade e a forma de controle, em que os mecanismos de controle e gestão são exercidos pelos associados e em relação ao direito de propriedade cada associado possui uma cota-parte, onde possui direito a voto, vinculado ao indivíduo e não ao capital (Pies et al., 2016; Siqueira & Bialoskorski Neto, 2014).

A National Cooperative Business Association (NCBA, 2005) aponta algumas características das cooperativas em comparação aos outros negócios, com visão voltada para o investidor: (i) são controladas pelos cooperados, por meio do voto; (ii) a distribuição das sobras aos membros, de modo proporcional a sua contribuição para a geração das receitas ou participação acionária; (iii) são motivadas pela prestação de serviço e não pelo lucro; (iv) existem para servir seus cooperados, e, (v) pagam impostos sobre a renda retida para investimentos e reservas.

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Conforme Cropp e Ingalsbe (1989), as cooperativas agropecuárias podem ser classificadas em três categorias de acordo com sua atividade principal: cooperativas de marketing, que auxiliam na negociação de preços, processamento, fabricação e venda dos produtos agropecuários. As cooperativas de suprimentos, responsáveis pela compra, fabricação, processamento e ou distribuição de grande volume de insumos agropecuários (sementes, fertilizante, ração) e, de serviço, que fornecem serviços de transporte, armazenagem, moagem, secagem, assistência técnica, entre outros.

Helmberger e Hoos (1962) apresentam em seu estudo, a teoria neoclássica das empresas para desenvolver um modelo para explicar o comportamento das empresas cooperativistas. (Levay, 1983; Ortman & King, 2007; Sexton, 1986). Os autores apresentaram em seu modelo que o objetivo central das cooperativas é de maximizar o benefício econômico de seus cooperados por meio da utilização do preço médio distribuído aos cooperados em proporção à sua contribuição para a geração das receitas da cooperativa. Além disso, Lauermann, Moreira, Souza, e Piccoli (2018) destacam que a principal fonte de riqueza e o desempenho econômico-financeiro das cooperativas está atrelado às atividades de prestação de serviço para seus cooperados.

Destaca-se que as organizações cooperativas diferem das demais organizações econômicas pela estrutura de governança, que influencia no processo de tomada de decisão, que é representado pela Assembleia Geral, o órgão máximo das cooperativas e responsável por tomar as decisões relacionadas aos objetivos sociais da organização. O Conselho de Administração e os comitês auxiliares, são responsáveis pela direção estratégica da cooperativa e o Conselho Fiscal é responsável pela supervisão dos atos administrativos das cooperativas (Lauermann et al., 2018; OCB, 2019).

2.4 PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL

De acordo com Ostroski e Galina (2006), a suinocultura vêm passando por transformações em seus processos produtivos pela introdução de novas tecnologias que acompanham o progresso industrial para o aumento da lucratividade e diminuição dos custos. Os autores ainda evidenciam que na atividade suinícola há mecanismos que garantam melhor qualidade da carne, porém necessitam de altos valores de investimentos, capacitações técnicas, gestão de custos, controles sanitários e de produção, melhoramento genético e nutrição animal.

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A produção de suínos contribui de forma significativa para a economia do estado de Santa Catarina, sendo o ano de 2017, responsável por 28,38% do abate total de suínos do Brasil. De acordo com Guimarães et al. (2017), o sistema agroindustrial da produção de suínos compreende as indústrias produtoras de insumos (ração, vacinas, medicamentos, equipamentos e genética,), as granjas (criação dos animais), agroindústrias (abatedouros e frigoríficos), indústria de alimentos e distribuidores (atacado e varejo) e consumidores finais.

Carvalho e Viana (2012) destacam que o sistema de produção de suínos difere para em sistemas extensivos e intensivo. O sistema extensivo possui dois modelos: o sistema extensivo ou solto e o sistema semiextensivo, o primeiro é aplicado em pequenas propriedades agropecuárias, voltado para o autoconsumo dos agricultores e em outras atividades como pomares de frutas (Souza, Amaral, Morés, Treméa, & Miele, 2011). O segundo, possui a aplicação de instalações para a criação, as quais funcionam como abrigos sujeitos a fatores climáticos e piquetes de contenção com os animais separados por idade, sexo, peso e tamanho que proporciona melhorias na taxa de crescimento e sanidade resultando em superior qualidade do produto (Souza et al., 2011).

Os sistemas intensivos possuem dois modelos: criação ao ar livre e em confinamento. O primeiro possui origem nos anos 50 nos países europeus, sendo introduzido no Brasil na década de 80, e exige pouco investimento de recursos financeiros na implementação e manutenção, pela pouca exigência de instalações e utilização de medicamentos (Souza et al., 2011) . Porém, este modelo é inviável na perspectiva ambiental, social e econômica, pois ocasiona problemas ecológicos e sanitários que refletem no resultado da atividade (Carvalho & Viana, 2012).

O sistema intensivo de confinamento busca máximo ganho de peso em curto espaço de tempo (Carvalho & Viana, 2012). Isso é possível, pois em cada fase de produção os suínos recebem quantidade e tipos de rações especificas, além da presença constante do melhoramento genético dos animais, possui ainda, auxílio de assistência técnica e mão-de-obra qualificada. O ponto negativo é o alto custo de implantação e manutenção, impactos ambientais negativos e bem estar animal (Talamini et al., 2006). Os autores salientam, que nesse sistema a produção suinícola é considerada um empreendimento, exigindo que o produtor efetue o planejamento da atividade no curto, médio e longo prazo.

Os sistemas apresentados ocorriam com ciclo completo que abrange da reprodução ao abate. Porém, com a busca da melhoria genética, qualidade da carne e segurança alimentar, a produção passou a ser dividida em unidades de produção de leitões (UPL) e terminação,

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permitindo a melhoria no gerenciamento das etapas (Martins, Talamini, Arboit, & Wolozsyn, 2006). Os autores salientam que a UPL é responsável pela criação de leitões até mais ou menos 65 dias e 24,5 kg de peso que é enviado as unidades de terminação pelo período médio de 120 dias com peso de abate de aproximadamente 118 kg.

A integração desses mecanismos é de responsabilidade não apenas do suinocultor, mas principalmente da agroindústria que detém os pacotes tecnológicos, os fatores de produção e a comercialização dos produtos (Ostroski et al., 2006). Nos últimos anos, a produção de suínos está passando da produção individual para a integrada entre suinocultores e agroindústria (Talamini et al., 2006), modelo de parceria, onde a agroindústria possui responsabilidade na coordenação das operações, do fornecimento de insumos (rações, medicamentos) e da assistência técnica (Martins et al., 2006).

Talamini et al. (2006) afirmam que os sistemas integrados de produção estão presentes nas cooperativas agropecuárias e o principal custo está na prestação de serviço de assistência técnica e transporte da produção de suínos. Além disso, as cooperativas desempenham papel central na implantação de mecanismos de gestão das propriedades produtoras com intuito para a melhoria do retorno da atividade e redução dos custos (Martins et al., 2006).

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem é quantitativa, pois utiliza-se de análise de modelos estatísticos para verificar a influência da certificação na melhoria dos índices de ecoeficiência. A coleta dos dados foi realizada por meio de visitas a Cooperativa A1 (CooperA1) e em algumas propriedades para verificar as principais diferenças entre aquelas certificadas e as não certificadas.

Para os cálculos dos índices de ecoeficiência e análise adicionais serão utilizados a ferramenta de análise de dados solver em planilhas de Excel e o software estatístico Stata13 para o cálculo da regressão e correlação.

3.1 DELIMITAÇÃO

A dissertação está delimitada na investigação da contribuição da certificação por meio do cálculo dos índices de ecoeficiência das propriedades suinícolas cooperativistas catarinenses vinculadas a cooperativa agropecuária CooperA1. As propriedades estão situadas nos municípios de Caibi, Palmitos e Riqueza, onde foram avaliadas propriedades certificadas e não-certificadas pelo Programa Propriedade Rural Sustentável.

As informações analisadas serão coletadas, por meio do relatório de fechamento de lote disponibilizado pela agroindústria do período de 2015 a 2018, além de visita e observações junto as propriedades com o acompanhamento do técnico responsável pela atividade.

3.2 AMOSTRA DA PESQUISA

A população é composta pelas propriedades suinícolas integradas à cooperativa agropecuária CooperA1. A CooperA1 possui sua matriz localizada no município de Palmitos (SC), com 18 filiais nas regiões Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul, contando com aproximadamente 8.686 cooperados, com faturamento no ano de 2019 de R$ 1.330.082.993. Destaca-se ainda que é uma das 12 cooperativas associadas a Cooperativa Central Aurora Alimentos (AURORA) responsável pela industrialização dos produtos de leite, aves e suínos produzidos pelas propriedades cooperadas (CooperA1, 2020).

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A cooperativa participa do Programa Propriedade Rural Sustentável, desenvolvido pela AURORA que incentiva as práticas de produção sustentável em todas as atividades (leite, suínos, aves e grãos) desenvolvidas pelas propriedades agropecuárias filiadas às cooperativas. A CooperA1 possui 26 propriedades na atividade de produção de suínos certificadas pelo programa, localizadas nas diferentes filiais de sua atuação (Tabela 1: Propriedades

certificadas CooperA1).

Tabela 1: Propriedades certificadas CooperA1

Filiais Número de Propriedades Certificadas

Caibi 2 Descanso 1 Iporã do Oeste 3 Itapiranga 3 Mondai 1 Palmitos 6 Riqueza 5 São João 1 Tunapólis 2 Total 24

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

O critério de opção pelas propriedades certificadas e não-certificadas nos municípios de Caibi, Palmitos e Riqueza para a avaliação da ecoeficiência sustenta-se em Galdeano-Gómez et al. (2017) que afirma que para verificar a sustentabilidade agropecuária, é necessário que as propriedades estejam localizadas em regiões similares para que seja possível efetuar a comparação entre elas (Tabela 2).

Tabela 2: Amostra da pesquisa

Filiais Propriedades Certificadas Propriedades Não-certificadas

Caibi 2 (J e K) 2 (P e R)

Palmitos 5 (B, F, N, Q, U) 4 (C, G, I, Y)

Riqueza 5 (D, H, A, L, T) 5 (V, M, O, W, X)

Total 12 11

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

Optou-se por utilizar o mesmo número de propriedades certificadas e não-certificadas, observando os seguintes critérios: (i) pertencentes a mesma região ou município e, (ii) tamanho (hectares). Assim, pode-se efetuar a comparação dos índices de ecoeficiência entre as propriedades agropecuárias.

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3.3 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS DO ESTUDO

A coleta de dados ocorreu por meio de visitas nas propriedades selecionadas, além disso, algumas variáveis serão coletadas de fontes secundárias nos relatórios de fechamento de lote por propriedade fornecidos pela agroindústria do período de 2015 a 2018.

Inicialmente realizar-se-á a escolha dos indicadores (das dimensões ambientais, sociais e econômicas), presentes na literatura para os cálculos das pressões ambientais, valor econômico agregado e análises adicionais sobre as variáveis de ecoeficiência (Tabela 3).

Tabela 3: Variáveis do estudo

Indicadores Descrição Estudos Variável

ECO 𝑅𝐸𝐶𝑉

(EGEE + CH + CAM) Dependente

EGEE Quantidade de dejetos produzidos (Baum & Bieńkowski, 2020) variável dependente (índice de Utilizada para o cálculo da Ecoeficiência)

CH utilizada e/ou valor total Quantidade de água pago Bonfiglio et al. (2017); ISAR (2004); Kuosmanen e Kortelainen (2005); Mu et al. (2018); Picazo-Tadeo et al. (2011)

Utilizada para o cálculo da variável dependente (índice de

Ecoeficiência)

QSA Capacidade de alojamento da pocilga variável dependente (índice de Utilizada para o cálculo da Ecoeficiência)

QSV entregues a agroindústria Quantidade de suínos variável dependente (índice de Utilizada para o cálculo da Ecoeficiência)

RECV

Receita total da venda de suínos, considera os valores recebidos de subsídios Bonfiglio et al. (2017); Kuosmanen e Kortelainen (2005); Mu et al. (2018); Picazo-Tadeo et al. (2011)

Utilizada para o cálculo da variável dependente (índice de

Ecoeficiência)

CAM ração/KG por suíno Média de consumo

Utilizada para o cálculo da variável dependente (índice de

Ecoeficiência) CER Variável Dummy 0- Não possui certificação 1- Possui certificação Independente

TAM Quantidade de hectares da propriedade

Mu et al. (2018); Picazo-Tadeo et al. (2011); van Passel et al. (2007; 2009).

Grzelak et al. (2019)

Controle

ESC Ensino Médio e Ensino Ensino Fundamental; Superior

Picazo-Tadeo et al. (2011); van Cauwenbergh et al.

(2007) Controle

MDO Quantidade de pessoas que trabalham na atividade van Passel et al. (2007; 2009) Controle

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CAP Total do capital da propriedade van Passel et al. (2007; 2009) Controle

Legenda: ECO- Índice de ecoeficiência da propriedade EGEE – Emissão de gases de efeito estufa; CH – Consumo hídrico; QSA – Quantidade de suínos alojada; QSV- Quantidade de suínos vendidas; RECV- Receita total de vendas (R$); CAM- Conversão alimentar média; CER – Certificação pelo Programa Propriedade Rural Sustentável; REC – Receita por unidade de carcaça CAP – Capital; TAM- Tamanho (hectares); MDO – Mão-de-obra; ESC – Escolaridade

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

Os estudos que sustentam a avaliação com base em ecoeficiência são os de Kuosmanen e Kortelainen (2005), Mu et al. (2018) e Picazo-Tadeo et al. (2011). Como informações econômico-financeiras se destacam: (i) o preço recebido por carcaça, (ii) vendas e (iii) subsídios, como indicadores socioambientais: (i) idade do produtor, (ii) emissão de gases de efeito estufa e, (iii) consumo hídrico.

3.4 CÁLCULO DA ECOEFICIÊNCIA

Para o cálculo de ecoeficiência foi utilizada a Análise Envoltória de Dados (DEA) caracterizada por ser um modelo não-paramétrico desenvolvido por Charnes et al. (1978) que avalia a eficiência relativa das unidades de tomada de decisão (DMUs) integrando indicadores de entradas e saídas mencionados na seção anterior. Este modelo é aceito internacionalmente nas pesquisas sobre avaliação da ecoeficiência dos sistemas produtivos agropecuários (Mu et al., 2018).

No estudo será utilizado o modelo CCR, orientado pelas saídas, para verificar o maior retorno econômico referente ao consumo dos recursos naturais. Serão realizadas análises dos índices de ecoeficiência pela soma de todas as pressões ambientais que estão diretamente relacionados a atividade de suínos e, identificar quais fatores contribuem para o aumento ou diminuição da ecoeficiência das propriedades analisadas. You e Zhang (2016) demonstraram que o modelo DEA CCR mede a eficiência total das atividades agropecuárias.

Ao verificar a literatura sobre análise dos índices de ecoeficiência no setor do agronegócio, é possível observar que a análise é efetuada em etapas (Bonfiglio et al., 2017; Picazo-Tadeo et al., 2011; You & Zhang, 2016), (i) calcular o índices de ecoeficiência e, (ii) verificar os determinantes do índice de ecoeficiência obtidos na primeira etapa.

Ao observar a relação entre o valor econômico adicionado () e as pressões ambientais () de cada propriedade agropecuária (i), nota-se um conjunto de Tecnologias de Geração de Pressões Ambientais (TGP) representado pela combinação das variáveis de valor econômico adicionado e pressões ambientais descritas no modelo:

(36)

TGP = (ν, ρ)

[∈ R1+N+ |valor econômico adicionado () pode ser gerado com pressões ambientais () (1)

O índice de ecoeficiência que determina a relação entre o valor econômico adicionado gerado pelas diferentes pressões ambientais das propriedades e é representado pela função: 𝐸𝑐𝑜𝑖 =𝑃(𝑖

𝑖)

(2) Onde:

𝑖 – representa o valor econômico adicionado da propriedade agropecuária. 𝑃(𝑖) – o índice de todas as pressões ambientais da propriedade agropecuária. O valor econômico adicionado é calculado pela equação:

i = VEi+ SBi (3)

Onde:

𝑉𝐸𝑖 – vendas da propriedade. 𝑆𝐵𝑖 – recebimentos de subsídios;

Observa-se que as propriedades agropecuárias (i), geram um conjunto n = 1, … , N de pressões ambientais. O índice total das pressões ambientais é calculado pela equação:

𝑃(𝑖) = ∑ 𝒲𝑛𝑖𝑛𝑖 𝑁

𝑛=1

(4) Onde:

𝒲𝑛𝑖 – determina os pesos que o índice de cada pressão ambiental (n) representa no cálculo da pressões ambientais totais.

𝑛𝑖 – representa o índice da pressão ambiental.

O índice da ecoeficiência de uma propriedade agropecuária (i) em detrimento a outra propriedade agropecuária (Kuosmanen & Kortelainen, 2005; Picazo-Tadeo et al., 2011) é obtido por meio da equação matemática, orientada pelos outputs:

𝑀𝑎𝑥.𝒲𝑛𝐸𝑐𝑜𝑖𝑗 = 𝑖𝑗 ∑𝑁𝑛=1𝑤𝑛𝑖𝑗𝜌𝑛𝑖𝑗 (5) 𝑖 ∑𝑁𝑛=1𝑤𝑛𝜌𝑛𝑖 ≤ 1 𝑖 = 1, … , 𝐼 (i) 𝑤𝑛𝑖𝑗 ≥ 0 𝑛 = 1, … , 𝑁 (ii) Onde:

Max.𝒲nEcoki- índice de ecoeficiência da propriedade agropecuária;

(37)

∑𝑁𝑛=1𝑤𝑛𝑖𝑗𝜌𝑛𝑖𝑗 – escore de pressões ambientais totais da propriedade.

𝑤𝑛𝑖𝑗 – determina os pesos que a pressão ambiental (n) representa no cálculo das pressões ambientais totais.

A equação (5) é uma equação não linear, portanto, é possível que se depare com problemas computacionais na operacionalização (Bonfiglio et al., 2017; Kuosmanen & Kortelainen, 2005; Picazo-Tadeo et al., 2011), formula-se a equação linear, por meio da inversão da razão da ecoeficiência:

𝑀𝑖𝑛.𝑤𝑛𝐸𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑖𝑗 = 𝜃𝑖𝑗 (6) ij ≤ ∑ zii I i=1 (i) 𝜃𝑖𝑗𝑃𝑛𝑖𝑗 ≥ ∑ 𝑧𝑖𝑃𝑛𝑖 𝐼 𝑖=1 𝑛 = 1, … , 𝑁 (ii) 𝑧𝑖 ≥ 0 𝑖 = 1, … , 𝐼 (iii) Onde:

𝑧𝑖 – conjunto médio das variáveis de intensidade das pressões ambientais de uma propriedade (i) na composição da fronteira de ecoeficiência.

𝜃𝑖𝑗 – mede as reduções proporcionais de todas as pressões ambientais, mantendo o valor

econômico agregado.

A equação (6) avalia as reduções do índice de pressões ambientais necessárias para alcançar a ecoeficiência, porém não identifica se as propriedades agropecuárias podem ainda ser submetidas a mais pressões ambientais e, ainda manter o valor econômico adicionado.

Para classificar a intensidade dos índices de ecoeficiência, é utilizada a abordagem desenvolvida por You e Zhang (2016) que classifica a ecoeficiência em quatro níveis: máxima (1,00), alta (> 0,5), moderada (0,3 – 0,5) e baixa (<0,3) (Tabela 4).

Tabela 4: Critérios de classificação do índice de ecoeficiência

Descrição Índice

Máxima 1,00

Alta > 0,5

Moderada 0,3 – 0,5

Baixa <0,3

Referências

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